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RESUMO EXPANDIDO-MATERIAIS ALTERNATIVOS PARA CONSTRUÃO CIVIL

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERIAS
CAMPUS CURVELO
KELLY LUANE SILVA SOUSA
Utilização da fibra de sisal e componentes em blocos de concreto
CURVELO
2021
Utilização da fibra de sisal e componentes em blocos de concreto
RESUMO
O presente trabalho tem como enfoque principal a apresentação de novos materiais alternativos para uma construção sustentável, o que reforça grande interesse já que a obtenção de produtos de baixo custo, alta disponibilidade e consumo de energia reduzido para o setor na construção civil é sempre viável. A fibra de sisal é uma das alternativas baratas de ampliar a resistência de blocos de concreto, o que foi validado a partir de estudos e pesquisas, ora por seu uso ampliar o mercado da construção civil, ora por ser um material biodegradável e natural. 
Dessa maneira, o objetivo é avaliar as condições e propriedades da fibra de sisal na fabricação de blocos de concreto e elementos de alvenaria. Foi possível, por fim, concluir que que os blocos de concretos produzidos com esse material apresentaram uma qualidade compatível com o que o setor da construção civil exige.
Palavras-Chave: Fibra de sisal. Construção civil. Material biodegradável. Blocos de concreto.
INTRODUÇÃO
O destino dos resíduos é um dos temas mais discutidos quando o assunto é construção sustentável. Afinal, a atividade gera muitos impactos prejudiciais ao meio ambiente, desde a produção dos materiais e equipamentos que são utilizados na obra e em empreendimentos até o momento de descarte dos rejeitos da construção. Para tentar minimizar este impacto, muitos recursos podem ser usados, como, por exemplo, materiais biodegradáveis e naturais. A enorme variedade de produtos e a percepção dos benefícios em se usar os materiais biodegradáveis que estão disponíveis no mercado são pontos positivos para o desenvolvimento da sustentabilidade. 
Nos últimos anos, o estudo de novos materiais alternativos que podem ser implantados e utilizados como agregados em diversos setores da construção civil vem crescendo gradativamente. A utilização da fibra de sisal para a fabricação de blocos de concreto se dá ao baixo custo, alta disponibilidade e o consumo de energia reduzido em seu processo de produção e transporte. 
Atualmente o Brasil é o maior produtor e o maior exportador de sisal do mundo, com aproximadamente 245 mil toneladas de fibra vegetal por ano, sendo o estado da Bahia o maior responsável pela produção com mais de 95% e cerca de 700 mil pessoas vivem direta ou indiretamente do sisal. Os estudos que torna o sisal como uma das fibras naturais mais estudadas se dá por ela apresentar boas propriedades como isolante, térmico e acústico, além da alta tenacidade, resistência a abrasão e ao baixo custo.
OBJETIVO 
O objetivo principal deste trabalho é avaliar a incorporação de fibras de sisal na produção de blocos de concreto e comparar a viabilidade do uso dessas unidades na execução de elementos de alvenaria estrutural e outros.
METODOLOGIA
O passo primordial para a elaboração desse presente trabalho foi realizar uma extensa pesquisa a fim de estudar todas as características físicas e químicas, abordando possíveis interações com outros materiais, a fim de observar se os resultados seriam satisfatórios e se seria viável o uso parcial ou total na fabricação e produção dos blocos de concreto.
Inicialmente foi estudado como é o meio de produção do sisal, a história do uso das fibras, classificações, microestrutura, etapas de preparação da fibra e o tratamento final para a sua utilização. Para a produção do blocos de concreto é necessário considerar alguns fatores: natureza dos materiais, umidade dos materiais, proporção dos materiais, graus de compactação e método de cura. Com uma alta tecnologia a fabricação dos blocos de concreto é um processo altamente automatizado, diminuindo assim seus custos e melhorando a sua qualidade. 
Os principais materiais utilizados na fabricação dos blocos são cimento, agregados graúdos e miúdos e água, sendo depois moldado e analisado se é viável empregar outros componentes, tais como as fibras e outros aditivos. A resistência dos blocos é a que possui maior influência na resistência a compreensão de alvenaria, ou seja, quanto mais resistente o bloco, mais resistente será a alvenaria, uma vez que essa resistência pode ser avaliada de diversas formas a partir de diferentes métodos e procedimentos.
MATERIAIS UTILIZADOS
Os blocos de concretos foram fabricados com cimento e os agregados empregados foram pedrisco, areia, pó de pedra, água, argamassa e fibra de sisal. A fibra de sisal usada foi caracterizada por ser uma fibra seca, bem batida, com um bom estado de maturação, com brilho e resistência normal, desembaraçadas, isentas de impurezas. A ordem de colocação e adição dos materiais segui uma sequência adequada aos equipamentos utilizados. 
Inicialmente foi feita a dosagem de todos os agregados, depois a introdução do cimento e das fibras, e assim realizada a mistura. Depois foi feito o acréscimo da água e novamente realizada a mistura. Depois de todo o processo de mistura, os materiais foram colocados em formas, onde deu início a vibração que permiti o melhor preenchimento das mesmas. Logo após foram colocadas contra-moldes nas formas, a fim de comprimir o material e atingir a altura desejada. 
A moldagem os blocos foi realizada pelos ajustes de tempos que foi bem definida a partir do alto conhecimento do operador de moldagem. Essas mesmas formas foram encaminhadas para câmaras de cura e depois dispostas em pallets, sendo assim, enumeradas de acordo com o tipo de bloco em função do teor e comprimento das fibras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para validar os estudos e pesquisas foram realizados ensaios construindo algumas mini paredes com os blocos, uns que possui fibra de sisal e outros não, a fim de avaliar as propriedades que a fibra de sisal pode oferecer, em relação a resistência, compreensão e deformação. 
Os blocos com fibras apresentaram diminuição da resistência à compressão em relação aos blocos de referência. As fibras, além de diminuir a densidade, de provocar maior absorção e de aumentar o número de vazios no concreto; também permite a formação de mais uma zona de interface entre as fibras e a pasta de cimento, além da interface agregado/pasta. Dessa forma, existe no concreto reforçado maior número de regiões porosas, frágeis e microfissuradas com relação ao concreto sem fibras, provocando pior desempenho do material. 
Devido ao fato da argamassa ser menos rígida que os blocos, ela tem a tendência de deformar-se mais do que as unidades. Essa deformação acaba sendo impedida pela aderência entre os componentes, o que provoca o surgimento de algumas tensões de tração ao eixo vertical de compreensão. Durante os ensaios foi observado que alguns blocos com as fibras sofreram rupturas dúcteis, enquanto em alguns blocos sem a fibra sofreram rupturas bruscas. 
As paredes reforçadas com as fibras tiveram menor deformação com relação a um concreto menos denso e resistente, elas também apresentaram uma diminuição da resistência a compressão pouco significativa. Observamos que nas paredes as fibras tiveram melhor desempenho porque provavelmente foram desenvolvidas maiores tensões de tração nas unidades, além de apresentarem ganho na capacidade de deformação.
As pequenas paredes são os corpos de prova que melhor representam o modo de ruptura na alvenaria, no qual surgem maiores tensões de tração nas unidades devido às juntas verticais defasadas, por sua vez as fibras atuam como reforço eficiente e podem efetivamente contribuir para melhorar a dissipação de energia por meio de pequenas fissuras dispersas por todo o material. 
CONCLUSÕES
	O trabalho teve como principal objetivo estudar o comportamento da incorporação das fibras de sisal em concretos destinados a produção de blocos estruturais e comparar a sua viabilidade de uso. Basicamente foi dividido em três etapas: primeiro a produção dos blocos, depois a caracterização dos materiais e a última a realização de testedos blocos. 
Constatou-se então que, em relação as propriedades físicas das fibras, elas apresentaram baixa massa especifica e elevada absorção de agua. Foi diagnosticada também uma desvantagem em seu uso devido ser um material natural, que é a alta variabilidade de suas propriedades já que elas não possuem processos industriais, que faz com que elas não seguem uma padronização. 
Constatamos que a utilização de resíduos, como a fibra de sisal e outros na fabricação de blocos de concretos podem gerar diversos benéficos sociais pelo fato de gerar empregos e gerar renda como um todo, abordando a sustentabilidade como um todo uma vez que traz benefícios ambientais enormes. Esse reaproveitamento pode deixar de causar problemas e se tornar fonte de material alternativo a ser empregado com muito sucesso na construção civil.
REFERÊNCIAS
______. NBR 6136: blocos vazados de concreto simples para alvenaria - requisitos. Rio de Janeiro, 2014
______. NBR 8522: concreto - determinação do módulo estático de elasticidade à compressão. Rio de Janeiro, 2008
______. NBR 15812-2: alvenaria estrutural - blocos cerâmicos, parte 2: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro, 2010. 
______. NBR 15961-1: alvenaria estrutural - blocos de concreto, parte 1: Projetos. Rio de Janeiro, 2011.
USO DA FIBRA NATURAL DE DISAL EM BLOCOS DE CONCRETO PARA ALVENARIA ESTRUTURAL. Izquierdo, I.S. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-05042011-164738/publico/2011ME_IndaraSotoIzquierdo.pdf>.
ECODEBATE. Site de informações, artigos e notícias socioambientais. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br/2011/05/18/fibra-produzida-de-forma-ambientalmente-correta-sisal-e-alternativa-de-baixo-custo-para-compor-alvenaria/>.

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