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Resumo Gineco

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1 
 
 
1- Descrever o processo embrionário até a gástrula 
a) Até quando fica o corpo lúteo gravídico 
b) Como ocorre a nutrição? 
2- Caracterizar a produção do líquido amniótico e sua função 
A) Composição 
3- Caracterizar a formação da placenta 
a) Quando se forma e quando está completa 
b) Suas funções 
c) Permeabilidade (nutrientes, excreção, troca gasosa) 
d) Hormônios produzidos 
4- Caracterizar a diferenciação e determinação sexual 
a) Em que momento é possível ver no ultrassom? 
5- Caracterizar o pré natal de baixo risco (ms) 
a) Quando encaminhar para o de alto risco? 
b) Exames (como solicitar?) 
c) Vacinas 
d) Ganho de peso da grávida 
e) Suplementação 
6- Conceituar abortamento quanto a lei e definição médica 
a) Condições de legalidade 
b) Até que idade gestacional é permitido 
c) Tipos de aborto 
d) Técnicas e medicamentos para aborto 
e) Complicações do abortamento 
7- Descrever a menopausa 
a) Diferenciar climatério de menopausa e relacionar com idade (pré, perimenopausa e pós) 
b) Manifestações clínicas a curto e longo prazo, relacionando com hormônios 
 
 
Reprodução e 
sexualidade 
 
2 
 
 
FERTILIZAÇÃO 
A fertilização, processo pelo qual os gametas masculino e feminino se fundem, ocorre na região ampular da tuba uterina – porção mais 
larga da tuba e próxima ao ovário. Os espermatozoides podem permanecer viáveis no sistema genital feminino por vários dias. Apenas 
1% do esperma depositado na vagina penetra o colo do útero, onde os espermatozoides podem sobreviver por muitas horas. O 
movimento deles do colo do útero para a tuba uterina ocorre pelas contrações musculares do útero e da tuba uterina, e muito pouco 
por sua própria propulsão. 
 A viagem desde o colo do útero até o oviduto pode ocorrer rapidamente, em 30 min ou até 6 dias. Após alcançarem o istmo, os 
espermatozoides se tornam menos móveis e param sua migração. Na oocitação, eles se tornam móveis novamente, talvez por causa 
dos quimiotáticos produzidos pelas células do cúmulo que cercam o oócito e nadam pela ampola, onde a fertilização normalmente 
ocorre. Os espermatozoides não são capazes de fertilizar o oócito imediatamente após a chegada ao sistema genital feminino; em vez 
disso, eles devem sofrer capacitação e reação acrossômica para adquirirem essa capacidade. 
A capacitação é um período de condicionamento no sistema genital feminino que, nos seres humanos, dura aproximadamente 7 horas. 
Assim, chegar logo à ampola não é uma vantagem, uma vez que a capacitação ainda não ocorreu e esses espermatozoides não 
conseguem fertilizar o oócito. A maior parte desse condicionamento durante a capacitação acontece na tuba uterina e envo lve as 
interações epiteliais entre os espermatozoides e a superfície mucosa da tuba. Durante esse período, uma camada de glicoproteínas e 
proteínas plasmáticas seminais é removida da membrana plasmática que recobre a região acrossômica do espermatozoide. Apenas 
os espermatozoides capacitados podem passar pelas células da coroa radiada e sofrer a reação acrossômica. A reação acrossômica, 
que ocorre após a ligação à zona pelúcida, é induzida por proteínas da mesma. Essa reação culmina na liberação das enzimas 
necessárias para a penetração da zona pelúcida, incluindo substâncias semelhantes à acrosina e à tripsina 
As fases da fertilização incluem: 
 Fase 1: penetração da coroa radiada 
 Fase 2: penetração da zona pelúcida 
 Fase 3: fusão entra as membranas do oócito e do espermatozoide. 
Os principais resultados da fertilização são: 
 Restauração da quantidade diploide de cromossomos, metade do pai e metade da mãe. Assim, o zigoto contém uma nova 
combinação cromossômica diferente de ambos os pais 
 Determinação do sexo do novo indivíduo. Um espermatozoide carregando um X produz um embrião feminino (XX), e um 
espermatozoide carregando um Y produz um embrião masculino (XY). Assim, o sexo cromossômico do embrião é 
determinado na fertilização 
 Início da clivagem. Sem a fertilização, geralmente o oócito degenera 24 h após a oocitação. 
CLIVAGEM 
 Uma vez que o zigoto tenha alcançado o estágio de duas células, ele passa por uma série de divisões mitóticas, aumentando o número 
de células. Essas células, que se tornam menores a cada divisão de clivagem, são conhecidas como blastômeros. Até o estágio de 
oito células, elas formam um grupo sem associações entre si. Entretanto, após a terceira clivagem, os blastômeros maximizam seus 
contatos uns com os outros, formando uma bola compacta de células mantidas unidas por junções de oclusãoE. sse processo, a 
compactação, segrega as células internas, que se comunicam intensamente por junções comunicantes, das células externas. 
Aproximadamente 3 dias após a fertilização, as células do embrião compactado se dividem novamente, formando uma mórula de 16 
células (que lembra uma amora). As células internas da mórula constituem a massa celular interna, e as células circunjacentes 
compõem a massa celular externa. A massa celular interna origina os tecidos do embrião em si e a massa celular externa forma o 
trofoblasto, que mais tarde contribui para a formação da placenta. 
 
3 
 
 
FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO 
Cerca de 4 dias após a fecundação, a mórula alcança o útero. O fluido da cavidade uterina passa pela zona pelúcida para forma r a 
cavidade blastocística; esse fluido acaba por separar os blastômeros em 2 partes: 
 Trofoblasto: delgada camada celular externa que formará a parte embrionária da placenta; 
 Embrioblasto: grupo de blastômeros centrais que darão origem ao embrião. 
Nesse momento, o concepto passa a ser chamado de BLASTOCISTO, que permanece livre e suspenso na cavidade uterina por cerca 
de 2 dias, durante os quais a zona pelúcida se degenera e desaparece (permite o aumento de tamanho do blastocisto); enquanto está 
flutuando no útero, o embrião inicial obtém nutrição das glândulas uterinas. 
GASTRULAÇÃO 
O evento mais característico durante a terceira semana de gestação é a gastrulação, o processo que estabelece as três camadas 
germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma) no embrião. A gastrulação começa com a formação da linha primitiva na superfície 
do epiblasto. Inicialmente, a linha é sutil, mas, no embrião de 15 a 16 dias, ela é bem visualizada como um sulco estreito entre regiões 
levemente protrusas. A parte cefálica da linha, o nó primitivo, consiste em uma área levemente elevada que cerca a fosseta primitiva. 
As células do epiblasto migram para a linha primitiva. Quando chegam à região da linha, elas adotam um formato de frasco, 
desprendem-se do epiblasto e deslizam para baixo dele. Esse movimento para dentro é conhecido como invaginação. A migração e a 
especificação celulares são controladas pelo fator de crescimento de fibroblastos 8 (FGF8), que é sintetizado pelas próprias células da 
linha primitiva. Esse fator de crescimento controla o movimento celular por infrarregulação da caderina E, uma proteína que 
normalmente mantém as células epiblásticas unidas. O FGF8 controla a especificação celular no mesoderma ao regular a expressão 
de BRACHYURY (T). Após a invaginação das células, algumas deslocam o hipoblasto, criando o endoderma embrionário, e outras 
ficam entre o epiblasto e o endoderma recém-criado, formando o mesoderma. As células que permanecem no epiblasto formam, então, 
o ectoderma. Assim, o epiblasto, por meio do processo de gastrulação, é a fonte de todas as camadas germinativas; células dessas 
camadas darão origem a todos os tecidos e órgãos do embrião. 
As regiões do epiblasto que migram e ingressam pela linha primitiva foram mapeadas, e seus destinos finais, determinados. As células 
que migram pela região cranial do nó, por exemplo, tornam-se a placa precordal e a notocorda; as que migram nas extremidades 
laterais do nó e a partir da parte cranial da linha se tornam o mesoderma paraxial; as células que migram pela região média da linha 
se tornam o mesoderma intermediário;as que migram pela parte caudal da linha formam o mesoderma da placa lateral; e as células 
que migram na parte mais caudal da linha contribuem para o mesoderma extraembrionário (a outra fonte desse tecido é a vesícula 
vitelínica primitiva [hipoblasto]) 
NIDAÇÃO 
Cerca de 6 dias após a fertilização (20º dia do ciclo menstrual de 28 dias), o blastocisto se adere ao endométrio (normalmente pelo 
polo embrionário, região onde fica o embrioblasto), evento este também conhecido como nidação. Nesse momento, o epitélio superficial 
da mucosa uterina “aprisiona” o blastocisto em um meio extracelular que contém receptores para colágeno, laminina, fibronectina, ácido 
hialurônico e heparan sulfato; as células do trofoblasto possuem integrinas que se unirão a esses componentes. Uma vez aderido, o 
trofoblasto produz outras proteínas, como colagenase, estromelisina e ativador de plasminogênio, responsáveis pela digestão da matriz 
extracelular do endométrio, permitindo que o blastocisto penetre nele; 
Ao mesmo tempo, o trofoblasto se diferencia em: Citotrofoblasto: camada interna de células; Sinciciotrofoblasto: massa celular 
multinucleada em rápida expansão na qual nenhum limite celular por ser observado. Em torno de 6 dias, os prolongamentos digit iformes 
do sinciciotrofoblasto se estendem para o epitélio endometrial e invadem o tecido conjuntivo, produzindo enzimas que erodem os 
tecidos maternos e possibilitam ao blastocisto se implantar dentro do endométrio, sendo altamente invasivo e se expandindo 
rapidamente → no fim da primeira semana, o blastocisto encontra-se parcialmente implantado e obtém sua nutrição a partir dos tecidos 
maternos erodidos. 
O sincicitrofoblasto é o responsável pela produção do hormônio hCG, que mantém a atividade hormonal do corpo lúteo e é o principal 
hormônio dos testes de gravidez. Além da ação enzimática do embrião, é importante o comportamento do próprio endométrio: A 
diminuição do pH parece produzir perda de adesividade entre as células endometriais, o que facilita a nidação; Também é impor tante 
 
4 
 
 
a liberação de histamina, com consequentes vasodilatação e edema. Além disso, em torno de 7 dias, uma camada de células, o 
hipoblasto (endoderma primitivo), surge na superfície do embrioblasto voltada para a cavidade blastocística. 
TÉRMINO DA IMPLANTAÇÃO E CONTINUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO 
A implantação do embrião se completa a partir do final da segunda semana: O sinciciotrofoblasto invade o tecido conjuntivo 
endometrial; O blastocisto se aprofunda no endométrio; As células endometriais sofrem apoptose por meio de enzimas proteolíticas 
produzidas pelo sinciciotrofoblasto, como a prostaciclina (derivada do COX-2) e Fas ligante. Ao mesmo tempo, as células do tecido 
conjuntivo em torno do sítio de implantação acumulam glicogênio e lipídios, (assumindo aspecto poliédrico), sendo denominadas 
CÉLULAS DECIDUAIS. O sinciciotrofoblasto engloba essas células, resultando em uma rica fonte de nutrição embrionária. 
O hCG produzido pelo sinciciotrofoblasto entra no sangue materno presente nas lacunas (cavidades ocas do sinciciotrofoblasto que, 
ao se comunicarem com os capilares endometriais rompidos, estabelecem a circulação uteroplacentária primitiva) e mantém a atividade 
hormonal do corpo lúteo durante a gravidez; no final da segunda semana, há quantidade suficiente de hCG para produzir um teste 
positivo para a gravidez. 
Obs.: “Até quando fica o corpo lúteo?” A fase lútea dura em média 11 a 16 dias e caso não ocorra uma gravidez, o corpo 
lúteo acaba por degenerar e diminuir de tamanho, dando origem ao corpo hemorrágico e posteriormente a um tecido 
cicatricial chamado de corpo branco. 
“Como ocorre a nutrição?” Durante as primeiras 8 semanas de gestação, o embrião obtinha a sua nutrição a partir das células 
deciduais, no endométrio, uma vez que ainda não tem capacidade para se nutrir a partir do fluxo sanguíneo materno porque 
a placenta não está formada até às 9 semanas. 
O processo de desenvolvimento sexual nos mamíferos se inicia no momento da fertilização com o estabelecimento do sexo 
cromossômico do zigoto e é determinado pela interação de genes, fatores transcricionais, hormônios e receptores hormonais. 
Neste processo a determinação sexual e a diferenciação sexual ocorrem como etapas distintas e seqüenciais. O evento primário 
consiste na determinação do sexo gonadal que define o desenvolvimento da gônada embrionária indiferenciada no sentido masculino 
ou feminino. 
A organização da crista urogenital primitiva é controlada por proteínas do grupo homeodomain (LIM1) e por fatores transcricionais como 
os da família dos receptores nucleares (SF-1 e WT1). O padrão temporal e topográfico da expressão de genes como SF-
1 e WT1 sugerem que eles participam da preparação do tecido gonadal bipotencial para a etapa de determinação do sexo gonadal. O 
gene LIM1 parece desempenhar um papel semelhante. 
A identificação da região determinante do sexo no cromossomo Y (gene SRY) constituiu uma etapa crucial na compreensão da 
determinação do sexo gonadal masculino. Além do SRY, o gene SOX9 tem também um papel importante na indução da formação 
testicular. Outros genes localizados nos cromossomos sexuais (DAX1, ATRX) e em autossomos (DMRT, WNT4) também participam 
de etapas críticas do processo de determinação gonadal. As interações dos vários genes envolvidos no complexo mecanismo da 
cascata da determinação sexual estão sendo gradualmente esclarecidas. Mais recentemente, tem sido observado que a dose gênica 
também desempenha um papel muito importante no processo normal de formação e desenvolvimento gonadal. 
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL 
A diferenciação sexual em mamíferos envolve uma cascata de genes que atuam desde a diferenciação da gônada bipotencial em 
testículo ou ovário (determinação sexual) até a diferenciação dos genitais internos e externos também bipotenciais em masculinos ou 
femininos nas primeiras semanas de vida intrauterina. A diferenciação das genitálias externa e interna no sexo masculino é um processo 
dependente da produção de hormônios sexuais pelo testículo, enquanto que no sexo feminino esse processo independe dos hormônios 
ovarianos. Portanto a diferenciação sexual é gônada-dependente apenas nos homens. 
 
5 
 
 
O desenvolvimento do fenótipo masculino (incluindo descida testicular até a bolsa escrotal) requer a produção normal de três hormônios 
testiculares: HAM (hormônio anti-mülleriano), andrógenos e Insl3. Por outro lado, no sexo feminino, a ausência da produção desses 
hormônios determina a diferenciação sexual feminina. 
Neste complexo processo de diferenciação sexual estão envolvidas numerosas enzimas, hormônios e seus receptores e fatores de 
transcrição. Defeitos nos genes que codificam a síntese de quaisquer destas substâncias determinam o aparecimento das anomalias 
da diferenciação sexual. 
GENES ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DOS GENITAIS EXTERNOS 
Os genitais externos, assim como as gônadas também se desenvolvem de precursores comuns: o tubérculo genital, as pregas 
urogenitais, pregas lábio-escrotais e o seio urogenital. 
No homem, a testosterona secretada pelos testículos é transformada perifericamente em dihidrotestosterona (DHT) através da enzima 
5a-redutase. A dihidrotestosterona age sobre os genitais externos indiferenciados, promovendo sua diferenciação em genitais externos 
masculinos. 
Sob a ação da dihidrotestosterona, o tubérculo genital se diferencia em glande do pênis, as pregas urogenitais em corpo do pênis, as 
pregas lábio-escrotais em bolsa escrotal e o seio urogenital em próstata. 
Na mulher, aparentemente sem ação hormonal conhecida, e mesmo na ausência de ovários, o tubérculo genital se diferencia em 
clitóris, as pregas genitais em pequenos lábios, as pregas lábio-escrotais em grandes lábios e o seio urogenital na porção inferior da 
vagina. 
Obs.: A partir de 20 semanas, os médicos costumam pedir uma ultrassonografiamais detalhada, conhecida como 
ultrassom morfológico do segundo trimestre. Nesse período, como já comentamos, com mais facilidade 
é possível descobrir de fato o sexo do bebê, pois os órgãos genitais já estão formados. 
A cavidade amniótica é preenchida por um líquido claro e aquoso que é produzido em parte pelas células amnióticas, mas é derivado 
principalmente do sangue materno. O volume líquido aumenta de aproximadamente 30 mℓ em 10 semanas de gestação para 450 mℓ 
em 20 semanas, e de 800 para 1.000 mℓ em 37 semanas. Durante os meses iniciais da gravidez, o embrião fica suspenso pelo 
cordão umbilical no líquido, que funciona como amortecedor protetor. 
O líquido absorve solavancos, evita a adesão do embrião ao âmnio e possibilita os movimentos fetais. O volume de líquido amniótico 
é reposto a cada 3 horas. A partir do início do quinto mês, o feto engole seu próprio líquido amniótico e estima-se que ingira cerca de 
400 mℓ por dia, quase metade do volume total. A urina fetal soma-se diariamente ao líquido amniótico no quinto mês, mas ela é 
composta principalmente por água, já que a placenta funciona como meio de troca para as escórias metabólicas. Durante o parto, a 
membrana amniocoriônica forma uma cunha hidrostática que ajuda a dilatar o canal cervical. 
O líquido amniótico (LA) é composto por água (98%) e elementos sólidos orgânicos e inorgânicos (2%). Os mecanismos envolvidos 
em sua produção e reabsorção variam de acordo com a idade gestacional e dependem intimamente das relações entre concepto, 
placenta e organismo materno. No primeiro trimestre, o LA é isotônico em relação aos sangues fetal e materno, representando um 
transudato do trofoblasto. A principal fonte de LA, nesta fase, é a membrana amniótica. No segundo e no terceiro trimestres, os rins 
fetais são a maior fonte de produção, enquanto a deglutição fetal é responsável por praticamente toda a reabsorção do LA. 
Os principais componentes presentes neste líquido estão em suspensão e em dissolução. Entre os elementos em suspensão 
encontram-se células esfoliadas do âmnio, principalmente do feto, assim como lanugem e gotículas de gordura. Como elementos de 
dissolução são encontradas substâncias orgânicas e inorgânicas. Os eletrólitos representam as substâncias inorgânicas, sendo alguns 
relacionados com a idade gestacional. Entre os compostos orgânicos estão as proteínas, os aminoácidos, a alfa-fetoproteína, as 
 
6 
 
 
substâncias nitrogenadas não-protéicas, os lipídios, os carboidratos, as vitaminas, as enzimas, a bilirrubina, os hormônios e as 
prostaglandinas 
O LA representa um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento do concepto, possibilitando sua movimentação, protegendo-
o contra traumatismos e favorecendo seu equilíbrio térmico. Participa também da homeostase de fluidos e eletrólitos, auxilia no 
desenvolvimento do pulmão fetal, distribui homogeneamente a pressão resultante das metrossístoles durante o trabalho de parto, além 
de revelar importantes informações concernentes à vitalidade e à maturidade do feto 
O âmnio é um grande saco contendo líquido amniótico no qual o feto fica suspenso por seu cordão umbilical. O líquido absorve 
solavancos, possibilita os movimentos fetais e evita a aderência do embrião aos tecidos circunjacentes. O feto engole líquido amniótico, 
que é absorvido por seu intestino e depurado pela placenta. O feto adiciona urina ao líquido amniótico, mas ela é basicamente água. 
Um volume aumentado de líquido amniótico (hidrâmnio) está associado a anencefalia e atresia esofágica, enquanto um volume 
diminuído (oligodrâmnio) está relacionado com agenesia renal. 
Em resumo... 
. 
 
 
7 
 
 
A placenta é o órgão que realiza a troca de nutrientes e gases entre os compartimentos materno e fetal. Ao iniciar a nona semana de 
desenvolvimento, a demanda do feto por fatores nutricionais aumenta, fazendo com que ocorram grandes mudanças na placenta. A 
primeira delas é uma elevação na área superficial entre os componentes materno e fetal para facilitar a troca. A disposição das 
membranas fetais também se altera conforme aumenta a produção de líquido amniótico.também é um órgão fetomaterno que separa 
o feto do endométrio; é o local onde ocorrem as trocas gasosas e de nutrientes entre mãe e feto. Ela e o cordão umbilical funcionam 
como um sistema de transporte dessas substâncias: nutrientes e oxigênio passam pela placenta da mãe para o feto, enquanto que o 
dióxido de carbono e excretas passam do feto para a mãe; 
A placenta, suas membranas fetais e o cordão umbilical são estruturas temporárias que serão expelidas/retiradas após o 
parto. A placenta possui três funções principais: 
 Metabolismo placentário: a placenta é responsável, principalmente na fase inicial da gravidez, pela síntese 
de glicogênio, colesterol e ácidos graxos, utilizados como fontes de energia e nutrientes para o embrião/feto; 
 Transporte de substâncias (transferência placentária): ocorre nos sentidos feto-materno e materno-fetal, por 
meio de um dos quatro mecanismos: difusão simples (transporte passivo), difusão facilitada, transporte ativo 
e pinocitose. As substâncias transportadas são gases (troca gasosa de oxigênio, dióxido de carbono e 
monóxido de carbono por difusão simples), substâncias nutritivas (como água, glicose, aminoácidos e 
vitaminas), hormônios, eletrólitos, anticorpos maternos, produtos de excreção, agentes infecciosos, 
drogas/fármacos e metabólitos; 
 Secreção endócrina: hormônios proteicos sintetizados na placenta são o hcg, scg (somatotropina coriônica 
humana ou lactogênio placentário humano), tireotropina coriônica humana e corticotropina coriônica humana: 
• A glicoproteína hcg é detectada pelo exame de sangue βhcg utilizado para o diagnóstico de 
gravidez já após o 6º dia de gestação, uma vez que este hormônio começa a ser sintetizado 
pelo sinciciotrofoblasto durante a nidação. O hcg tem como função manter a funcionalidade 
do corpo lúteo dentro do ovário, sintetizando ininterruptamente a produção de progesterona, 
impedindo a retomada do ciclo menstrual. Com a formação da placenta, esta assume a síntese 
de hcg e também da progesterona e estrogênio. 
A placenta é constituída por: 
 Uma porção fetal, originária do saco coriônico – córion viloso (frondoso); 
 Uma porção materna, derivada do endométrio – decídua basal. 
A decídua refere-se à camada funcional do endométrio de uma mulher grávida (endométrio gravídico) que se 
separa do restante do útero ao nascimento. É dividida em 3 regiões: 
 Decídua basal: parte que fica abaixo do concepto, formando o componente materno da placenta; 
 Decídua capsular: parte superficial da decídua que recobre o concepto; 
 Decídua parietal: todas as outras partes restante da decídua. 
As células deciduais são formadas quando as células do estroma (ou tecido conjuntivo) da decídua aumentam de tamanho 
por conta do acúmulo de glicogênio e lipídios em seu citoplasma como resposta aos níveis crescentes de progesterona 
no sangue da mãe → reação decidual: 
 Muitas células da decídua degeneram próximo ao sinciciotrofoblasto, e, juntamente com a circulação materna 
e as secreções uterinas, fornecem uma fonte nutricional rica para o embrião; 
 Dados recentes sugerem que esta reação decidual proteja o tecido uterino contra uma invasão descontrolada 
do sinciciotrofoblasto e podem estar envolvidas na produção hormonal; 
As regiões da decídua, identificáveis na usg, são importantes no diagnóstico precoce da gravidez. 
FORMAÇÃO DA PLACENTA 
O desenvolvimento inicial da placenta conta com a rápida proliferação do trofoblasto, cupom desconto bem como com o 
desenvolvimento do saco coriônico e das vilosidades coriônicas: 
 Final da 3ª semana: já se encontra estabelecido o arranjo anatômico necessário para as trocas fisiológicas; 
 Final da 4ª semana: a rede vascular já se estabeleceu na placenta, facilitando as trocas materno-
embrionárias de gases, nutrientes e produtos de excreção. 
As vilosidadescoriônicas cobrem inteiramente o saco coriônico até o início da 8ª semana do desenvolvimento: 
 As vilosidades coriônicas associadas à decídua capsular são comprimidas com o crescimento do saco 
coriônico até degenerarem → córion liso, uma estrutura relativamente avascular; 
 
8 
 
 
 Com a formação do córion liso, as vilosidades associadas à decídua basal proliferam, ramificam e crescem → 
Córion viloso (porção fetal da placenta). 
O crescimento do feto faz com que o útero, o saco coriônico e a placenta aumentem de tamanho. A placenta mantém o 
crescimento até o feto atingir 18 semanas de idade, e quando completamente formada, cobre de 15% a 30% da decídua, 
pesando aproximadamente 1/6 do peso do feto; 
Ainda durante o desenvolvimento da placenta e com o crescimento do concepto, observamos que: 
 O saco amniótico cresce mais rápido do que o saco coriônico, resultando na fusão entre o âmnio e o córion liso 
 Membrana amniocoriônica; posteriormente esta também fusiona com a decídua capsular; 
 A decídua capsular, por vez, aproximando-se da decídua parietal no lado oposto, e se fusionando com esta, 
o que acarreta a obliteração da cavidade uterina; a falta de circulação na decídua capsular entre a 22ª e a 
24ª semanas do desenvolvimento, leva à sua degeneração e desaparecimento, fazendo com que a 
membrana amniocoriônica se fusione com a decídua parietal. 
É a membrana amniocoriônica que se rompe no trabalho de parto e leva à expulsão do líquido amniótico através do colo e da 
vagina em direção ao exterior. A ruptura precoce desta membrana é o evento mais comum que ao parto prematuro. 
OBS.: DESENVOLVIMENTO DAS MEMBRANAS NO FETO: 
 Fusão do âmnion com o córion liso (membrana amniocoriônica ) + degeneração da decídua capsular (fusão com a 
parietal) 
 Fusão da membrana amniocoriônica com a decídua capsular → oblitera a cavidade uterina 
ESTRUTURAS DA PLACENTA 
A placenta apresenta duas porções: um componente fetal, formado pelo córion viloso, onde suas vilosidades coriônicas 
projetam-se para o espaço interviloso, derivado da rede lacunar desenvolvida no sinciciotrofoblasto durante a segunda 
semana do desenvolvimento, que contém o sangue materno; e um componente materno, formado pela decídua basal, 
parte do endométrio de uma gestante. Ao final do quarto mês, a decídua basal está praticamente toda substituída pelo 
componente fetal da placenta. A porção materna – decídua basal e porção fetal – córion viloso, encontram-se fortemente 
aderidos pela capa citotrofoblástica, uma camada de células trofoblásticas na superfície materna da placenta, ancorando 
o saco coriônico à decídua basal. 
Com a invasão das vilosidades coriônicas na decídua basal, formam-se os septos placentários que são projeções da 
decídua basal em direção à placa coriônica (parte da parede do córion relacionado à placenta), que é formada por 
mesoderma extraembrionário e ramificações dos vasos umbilicais, formando o teto dos espaços intervilosos: 
 O desenvolvimento dos septos resulta na formação dos cotilédones, áreas convexas na porção fetal da 
placenta que apresentam dois ou mais troncos vilosos, suas muitas ramificações (vilosidades terminais) e 
também o espaço interviloso → a expressão do fator de transcrição gcm 1 (ausência de células gliais 1) 
pelas células-tronco dos trofoblastos regula o processo de ramificação das vilosidades-tronco; 
 Os septos placentários não alcançam a placa coriônica, mantendo a comunicação entre os cotilédones. 
O espaço interviloso, por sua vez, é um grande espaço contendo sangue materno e origina-se da coalescência e 
crescimento da rede de lacunas: 
 É dividido em compartimentos incompletos, pelos septos placentários; 
 O sangue materno chega aos espaços vindo das artérias espiradas do endométrio da decídua basal; as 
artérias passam por fendas da capa citotrofoblástica e lançam o seu sangue no espaço interviloso, o qual é 
também drenado pelas veias endometriais; ou seja, as vilosidades coriônicas são continuamente banhadas 
por sangue materno do espaço interviloso, realizando-se, assim, as trocas de materiais nutritivos e das 
excretas do feto. 
 
CIRCULAÇÃO UTEROPLACENTÁRIA 
MÃE E FETO 
 As artérias e veias endometriais da decídua basal, se abrem diretamente na capa citotrofoblástica através de fendas, 
fazendo com que o sangue materno chegue, ou seja drenado, do espaço interviloso. Cerca de 80 a 100 artérias 
endometriais espiraladas da decídua basal se abrem na capa citotrofoblástica, onde o fluxo sanguíneo é pulsátil e lançado 
em jatos por força de pressão; 
 O sangue arterial, possuindo pressão mais alta que a do espaço interviloso, é jorrado em direção à placa 
 
9 
 
 
coriônica. Com a diminuição gradativa dessa pressão, o sangue flui lentamente ao redor das vilosidades, 
garantindo a troca de produtos metabólicos e gasosos com o sangue fetal; 
 Das vilosidades coriônicas, o sangue segue por vasos cada vez mais calibrosos, passando pela placa 
coriônica e chegando ao feto através de uma veia umbilical. 
FETO E MÃE 
• O sangue pouco oxigenado e rico em excretas deixa o feto através do cordão umbilical e é transportado por 
duas artérias umbilicais; 
• Na região onde o cordão umbilical se une à placenta, essas artérias se dividem em vários ramos dispostos 
radialmente, as artérias coriônicas, se ramificando livremente na placa coriônica antes de entrar na vilosidade; 
• Os vasos sanguíneos formam um extenso sistema artério-capilar-venoso dentro das vilosidades coriônicas, 
mantendo o sangue fetal extremamente próximo do sangue materno e fornecendo uma grande área para que 
ocorram troca gasosas e metabólicas. Geralmente, não há mistura entre o sangue materno e o fetal, mas 
pequenas quantidades de sangue fetal podem passar para o sangue materno por pequenos defeitos que vez 
ou outra acontecem na membrana placentária; 
• O sangue fetal então, passa dos capilares das vilosidades coriônicas para o espaço interviloso, sendo 
captado pelas veias endometriais que se abrem na capa citotrofoblástica e retornando para a circulação 
materna; 
• Ao mesmo tempo, o sangue arterial é captado a partir do espaço interviloso para as veias das vilosidades 
coriônicas, convergindo para a veia umbilical. 
Obs.: o espaço interviloso da placenta madura contém cerca de 150 ml de sangue, que é substituído de 3-4x/minuto; as 
contrações intermitentes do útero durante a gravidez reduzem levemente o fluxo sanguíneo uteroplacentário, mas não 
expulsam quantidade significativa de sangue do espaço interviloso → a transferência de oxigênio diminui durante as 
contrações, mas não cessa. 
 
MEMBRANA PLACENTÁRIA 
A membrana placentária é uma estrutura responsável em separar o sangue materno do fetal. É composta, até a 20ª semana, 
pelo: sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto, tecido conjuntivo das vilosidades e endotélio dos capilares fetais; 
Após a 20ª semana: ocorrem algumas alterações celulares que fazem com que o citotrofoblasto desapareça de grandes áreas 
de vilosidades, deixando apenas o sinciciotrofoblasto, e consequentemente, a membrana placentária passa a ser formada por 
três camadas, tornando-se atenuada e fina → nesses locais, o sinciciotrofoblasto entra em contato direto com o endotélio dos 
capilares fetais, formando a membrana placentária vasculossincicial: 
 No 3º trimestre: numerosos núcleos de sinciciotrofoblastos se agregam formando agregações multinucleadas 
→ os nós sinciciais; alguns nós destacam-se continuamente e são removidos do espaço interviloso, caindo 
na circulação materna, podendo se alojar em capilares pulmonares, onde são rapidamente destruídos por 
enzimas locais 
 Próximo ao fim da gravidez: forma-se material fibrinoide na superfície das vilosidades, que resulta 
principalmente do envelhecimento e parece reduzir as transferências placentárias. 
A membrana placentária age como barreira somente quando a molécula é de tamanho, configuração e carga específicos: 
 Alguns metabólitos, toxinas e hormônios, embora presentes na circulaçãomaterna, não atravessam a 
membrana placentária em quantidades suficientes para afetarem o embrião/feto; 
 No entanto, a maioria das drogas e outras substâncias presentes no plasma materno ultrapassa a membrana 
Placentária, atingindo o plasma fetal. 
Com o avanço da gestação, a membrana placentária torna-se progressivamente mais fina de modo que o sangue presente em 
diversos capilares fetais se torna extremamente próximo ao sangue materno no espaço interviloso. 
 
 
10 
 
 
CALENDÁRIO DE CONSULTAS 
De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem - Decreto nº 94.406/87 -, o pré-natal de baixo risco pode ser 
inteiramente acompanhado pela enfermeira 
O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36° semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 
15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos 
batimentos cardiofetais. 
 Realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4° mês da gestação; 
 Realização de, no mínimo, 06 (seis) consultas de acompanhamento pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no primeiro 
trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre da gestação, seguindo o esquema de: 
• Até 28ª semana – mensalmente; 
• Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; 
• Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. 
 Realização de 01 (uma) consulta no puerpério, até 42 dias após o nascimento; 
GANHO DE PESO DA GRÁVIDA 
 Se a gestante conhece seu peso habitual pré-gravídico, o aumento de peso será controlado tomando como referência os valores do 
gráfico abaixo. Conhecendo a semana de gestação, diminui-se do peso atual da gestante o peso pré-gravídico, obtendo-se o 
aumento de peso para essa idade gestacional. O valor será registrado no gráfico do cartão da gestante. Os limites máximos p90 e 
mínimos p25 também são apresentados na fita obstétrica e no gestograma (CLAP). 
 
11 
 
 
 
INTERPRETAÇÃO PARA UMA DETERMINADA IDADE GESTACIONAL 
Normal: quando o valor do aumento de peso estiver entre o percentil 25 e 90. 
 Anormal: quando o valor do aumento de peso for maior que o percentil 90 ou estiver abaixo do percentil 25. Os dados para o 
aumento de peso materno para cada idade gestacional podem ser obtidos rapidamente observando-se o verso do disco obstétrico ou 
o reverso da fita obstétrica. Muitas gestantes não conhecem seu peso habitual antes da gestação. Nesses casos, pode-se fazer o 
controle do aumento de peso registrando os aumentos semanais, aceitando como normal um aumento médio de 400 g por semana 
no segundo trimestre e de 300 g no terceiro trimestre. 
Avaliação do aumento ponderal materno 
O aumento excessivo de peso materno predispõe à macrossomia fetal, e o aumento insuficiente está associado ao crescimento intra-
uterino retardado. Deve-se suspeitar de desnutrição materna quando o aumento de peso for inferior a p25 ou o peso para altura for 
menor que o p10 dos respectivos padrões. Se algum valor for maior que o p90 do seu padrão, deve-se suspeitar de excesso de 
ingestão ou de retenção hídrica. Deve-se suspeitar de crescimento intra-uterino retardado (CIUR) quando os valores do aumento de 
peso materno forem inferiores aos que correspondem ao p25 (peso para altura menor que p10) 
De acordo com a situação nutricional inicial da gestante (baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade) há uma faixa de ganho de 
peso recomendada por trimestre. É importante que na primeira consulta a gestante seja informada sobre o peso que deve ganhar. 
Pacientes com baixo peso devem ganhar 2,3 kg no primeiro trimestre e 0,5 kg/semana nos segundo e terceiro trimestre. Da mesma 
forma, gestantes com IMC adequado devem ganhar 1,6 kg no primeiro trimestre e 0,4 kg/semana nos segundo e terceiro trimestres . 
Gestantes com sobrepeso devem ganhar até 0,9 kg no primeiro trimestre e gestantes obesas não necessitam ganhar peso no 
primeiro trimestre. Já no segundo e terceiro trimestre as gestantes com sobrepeso e obesas devem ganhar até 0,3 kg/semana e 0 ,2 
kg/semana, respectivamente 
 
 
 
 
 
 
 
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EXAMES LABORATORIAIS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL E CONDUTAS 
Solicitar na primeira consulta os seguintes exames de rotina: 
 Hemograma; 
 Tipagem sanguínea e fator Rh; 
 Coombs indireto (se for Rh negativo); 
 Glicemia de jejum; 
 Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; 
 Teste rápido diagnóstico anti-HIV; 
 Anti-HIV; 
 Toxoplasmose IgM e IgG; 
 Sorologia para hepatite B (HbsAg); 
 Urocultura + urina tipo I; 
 Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; 
 PCCU (se necessário); 
 Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); 
 Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); 
 Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar 
história de anemia crônica). 
 
2º trimestre: 
 Teste de tolerância à glicose (TTOG) de 75g: se a glicemia estiver > 85mg/dl ou se houver fator de risco (realize este exame 
preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana); 
 Coombs indireto (se for Rh negativo). 
 
3º trimestre: repetir todos o do 1º 
 
 
 
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ULTRASSOM 
USG morfológica de 1º trimestre com perfil bioquímico → entre 11ª-14ª semanas (de preferência na 12ª), com o objetivo de 
detectar a síndrome de Down e a trissomia do 18; nessa avaliação incluímos a idade materna, a translucência nucal, a 
betagonadotrofina coriônica humana livre (β-hCG livre) no soro materno e a proteína A plasmática associada à gravidez (PAPP-A). 
USG morfológica de 2º trimestre com Dopplerfluxometria das aa. uterinas maternas e avaliação do colo uterino por via 
vaginal → entre 20ª-24ª semana (preferencialmente na 22ª semana), tendo como finalidade avaliar problemas físicos, cardíacos e 
renais; o objetivo de avaliar a medida do colo uterino é estimar o risco de parto prematuro. Um colo de tamanho normal tem mais de 
25 mm; valores abaixo disso aumentam o risco relativo de parto prematuro em 7,7 vezes; 
USG obstétrica com Dopplerfluxometria → entre 34ª-36ª semanas e tem como objetivo avaliar o crescimento fetal, a quantidade 
de líquido amniótico e a placenta de acordo com o tempo de gestação; Para a avaliação objetiva, utilizamos o índice de líquido 
amniótico (ILA): a técnica consiste na divisão imaginária do abdome materno em quatro quadrantes, realizando a maior medida 
vertical de líquido amniótico livre de partes fetais ou do cordão umbilical. De forma geral, considera-se o ILA normal quando tem entre 
8 e 18 cm. 
O Ministério da Saúde recomenda apenas uma USG, que deve ser realizada entre a 20ª e a 22ª semana de gestação; 
O USG de 1º trimestre só é necessário em casos de incerteza sobre a IG; 
Se for realizado USG para detecção do sexo fetal, este deve ser solicitado a partir da 18ª semana; 
• Para mulheres em que a placenta se estende através do orifício cervical interno, oferecer novo USG; 
• Na ausência de indicações clínicas específicas, não há motivo para realizar USG a partir da 24ª semana de 
gestação; 
Caso a mulher demande a realização de USG morfológica, o profissional deve fornecer as seguintes orientações: 
• Esse exame deve ser realizado entre 18 e 22 semanas; 
• Ele não faz parte da rotina de pré-natal de baixo risco, por não apresentar impacto nos desfechos da gestação; 
VACINAÇÃO NA GRÁVIDA 
Vacinas obrigatórias 
• dT e dTpa: a dTpa deve ser realizada à cada gestação a partir da 20ª semana até no máximo 20 dias antes do parto: 
 
Gestantes com calendário incompleto devem completá-lo o mais rapidamente possível e Gestantes com 2 doses ou mais de dT há 
menos de 5 anos devem receber apenas a dTpa. 
• Influenza (fragmentada): é recomendada em qualquer IG, seguindo o esquema de 1 dose anual durante período de 
campanha. 
• Hepatite B (recombinante): devem ser realizadas 3 doses obedecendo o esquema de 0, 1 e 6 meses, iniciando-se após o 1º 
trimestre:1ª dose - dT 2ª dose - dT 3ª dose – dTPa 
Precoce 30-60 dias após a 1ª 30-60 dias após a 2ª 
Precoce 60 dias após a 1ª dose 60 dias após a 2ª dose 
 
 
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Gestantes com esquema completo não devem ser vacinadas; se incompleto, deve-se completar o esquema. 
Outras vacinas 
• Raiva: deve ser administrada somente em caso de exposição ao vírus; 
• Febre amarela: é contraindicada, porém seu uso pode ser liberado em situações de surto, se a gestante reside ou em caso 
de viagem inevitável para áreas endêmicas, devido à alta morbidade da doença na gestação; o MS ressalta que lactantes 
que amamentam crianças < seis meses também não devem ser vacinadas. 
SUPLEMENTAÇÃO 
As gestantes devem ser suplementadas com ácido fólico no período preconcepção para prevenção de DTN e durante toda a 
gestação para a prevenção da anemia. A recomendação de ingestão é de 400 µg de ácido fólico, todos os dias. Essa quantidade 
deve ser consumida pelo menos 30 dias antes da data em que se planeja engravidar até o final da gestação. 
A suplementação de ferro e ácido fólico durante a gestação é recomendada como parte do cuidado no pré-natal para reduzir o risco 
de baixo peso ao nascer da criança, anemia e deficiência de ferro na gestante. Ressalta-se que a suplementação com ácido fólico 
deve ser iniciada pelo menos 30 dias antes da data em que se planeja engravidar para a prevenção da ocorrência de defeitos do tubo 
neural e deve ser mantida durante toda a gestação para a prevenção da anemia. 
Importante salientar que o ferro deve ser mantido no pós-parto e no pós-aborto por 3 meses. 
 
Obs.: FOLATO! 
Na população geral, a reposição de 0,4 mg/dia três meses antes da concepção é capaz de reduzir a incidência de defeitos do tubo 
neural e abortamento, enquanto para grupos de alto risco, como usuárias de anticonvulsivantes ou pacientes com história prévia 
deste tipo de defeito, a dose necessária é dez vezes maior (4 mg/dia); 
Estas dosagens, no entanto, dificilmente são encontradas comercialmente e o MS recomenda iniciar a dose de 5 mg/dia 3 meses 
antes da gestação, mantendo a reposição até o fim do 1º trimestre; 
• Vitamina D, C e zinco: não necessária suplementação 
• Vitamina A: ter cuidado, em excesso é teratogênica 
• Cálcio: aumentar ingestão de leites e derivados, não necessita obrigatoriamente de suplementação 
• Proteínas: aumentar a ingestão 
“Quando encaminhar para o pré-natal de alto risco?” 
Pacientes com suspeita de acretismo placentário, história de tromboembolismo prévio, hipertireoidismo, anemia grave, diabetes 
prévio à gestação, pré-eclâmpsia atual (após avaliação em emergência) ou histórico de pré-eclâmpsia em gestações anteriores, 
histórico ou incompetência istmocervical atual ou outras comorbidades maternas graves devem ter preferência no encaminhamento 
ao PréNatal de Alto Risco, quando comparado com outras condições clínicas. 
 
 
1ª dose 2ª dose 3ª dose 
Após o 1ª trimestre 30 dias após a 
1ª 
180 dias após a 1ª 
 
 
15 
 
 
Segundo a OMS: abortamento é definido como a interrupção da gestação com feto < 500 gramas ou com IG < 20 semanas. O 
abortamento pode ser: 
 Subclínico: quando ocorre antes da próxima falha menstrual; 
 Clínico: quando ocorre após gravidez confirmada pela dosagem de beta-hCG ou ultrassonografia; ocorre entre 10 e 15% 
das gestações diagnosticadas. 
Segundo a Legislação Brasileira: o aborto é entendido como a expulsão do produto da concepção antes do parto. 
Os termos abortamento e aborto algumas vezes são empregados como sinônimos, porém abortamento refere-se ao 
processo e aborto ao produto eliminado 
SITUAÇÕES DE ABORTAMENTO LEGAL NO BRASIL 
Segundo o Código Penal, Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário: 
I - se não há outro meio de salvar a vida 
da gestante; Aborto no caso de gravidez 
resultante de estupro: 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 
de seu representante legal. 
• Abortamento em situações de risco para a gestante (abortamento terapêutico): quando há doenças graves em que a 
gestação pode conduzir a risco de vida para a paciente. Para sua realização, deve haver a anuência por escrito de 
dois médicos. Importante notificar à Comissão de Ética do hospital onde será realizado o procedimento; 
• Abortamento para gravidez decorrente de violência sexual: segundo orientação do MS (Norma Técnica para 
Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, 2012), a 
paciente deverá, caso queira interromper a gravidez, dirigir-se a uma unidade de saúde, informar a ocorrência de 
violência sexual e solicitar a interrupção da gestação, através do preenchimento de formulários específicos. O Código 
Penal não exige a apresentação do boletim de ocorrência policial para a realização do procedimento. No entanto, é 
permitido ao médico da unidade recusar-se a realizar o procedimento se não se julgar capaz técnica ou moralmente 
(objeção de consciência) para realizá-lo, desde que a paciente seja referenciada a outro profissional ou a outra 
unidade que esteja apta a realizá-lo. Caso, posteriormente, fique provado que a gravidez não foi resultado de violência 
sexual, o profissional que realizou o procedimento não poderá ser penalizado (artigo 20 do Código Penal). 
 
DO CONSENTIMENTO 
O consentimento da mulher é necessário para o abortamento em quaisquer circunstâncias, salvo em caso de eminente risco 
de vida estando a mulher impossibilitada para expressar seu consentimento. De acordo com o Código Civil arts. 3º, 4º, 5º, 
1631, 1690, 1728 e 1767 – Código Civil: 
• A partir dos 18 anos: a mulher é capaz de consentir sozinha; 
• A partir dos 16 e antes dos 18 anos: a adolescente deve ser assistida pelos pais ou por seu representante legal, 
que se manifestam com ela; 
• Antes de completar 16 anos: a adolescente ou criança deve ser representada pelos pais ou por seu 
representante legal, que se manifestam por ela. 
A outra circunstância em que é necessário o consentimento de representante legal (curador/a ou tutor/a) refere-se à mulher 
que, por qualquer razão, não tenha condições de discernimento e de expressão de sua vontade. 
 
 
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DO SIGILO PROFISSIONAL 
Diante de abortamento espontâneo ou provocado, o(a) médico(a) ou qualquer profissional de saúde não pode comunicar o 
fato à autoridade policial, judicial, nem ao Ministério Público, pois o sigilo na prática profissional da assistência à saúde é um 
dever legal e ético, salvo para proteção da usuária e com o seu consentimento. O não cumprimento da norma legal pode 
ensejar procedimento criminal, civil e ético-profissional contra quem revelou a informação, respondendo por todos os danos 
causados à mulher. 
• É crime: “revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão de função, min istério, ofício 
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem” (Código Penal, art. 154); 
• Constituição Federal: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização material ou moral decorrente de sua violação” (Art. 5º, X). 
 
Ainda assim, podemos classificar o abortamento quanto à idade gestacional de ocorrência e quanto à sua periodicidade. 
 Abortamento precoce: interrupção da gestação até a 12ª semana gestacional; 
 Abortamento tardio: quando ocorre após a 12ª semana gestacional. 
 Abortamento habitual: ocorrência de três ou mais episódios consecutivos de abortamento. Sua importância 
reside na etiologia, visto que se distingue daquela dos abortamentos esporádicos. Pode ser classificado em: 
• Primário: quando todas as gestações se interromperam; 
• Secundário: quando as interrupções consecutivas foram antecedidas por gestações a termo. 
 
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO 
Idade materna avançada, uso de álcool, uso de gás anestésico, uso excessivo de cafeína, tabagismo maternoe paterno, uso de 
cocaína, nova gestação nos primeiros três meses após o parto anterior, uso de DIU, medicações: misoprostol (Cytotec®), retinoides, 
metotrexate, aines (exceto acetoaminofen), múltiplos abortamentos provocados prévios, abortamento espontâneo prévio, radiação 
em altas doses, peso materno (IMC < 18.5 ou > 25 kg/m2), doença celíaca. 
 
TIPOS DE ABORTAMENTOS 
AMEAÇA DE ABORTAMENTO : Como o nome sugere, é “quase” um abortamento, mas ele ainda não ocorreu e pode não 
acontecer. O quadro é de uma paciente com sangramento vaginal de pequena intensidade associado a cólicas leves ou ausentes. O 
colo, no entanto, persiste fechado, a vitalidade ovular está preservada e o tamanho uterino é compatível com a IG. 
ABORTAMENTO INEVITÁVEL : Considera-se uma progressão da ameaça de abortamento: não foi expelido ainda nenhum 
material pelo colo, mas é certo de ocorrer o abortamento. Caracteriza-se, portanto, pela presença de um ovo íntegro, porém inviável. 
Ao exame, o colo do útero está aberto e a bolsa amniótica pode estar herniada pelo canal cervical. Há presença de sangramento 
vaginal, que pode ser intenso, e dor em cólica cíclica em baixo ventre e região lombar. O volume uterino pode ocasionalmente ser 
incompatível com o período gestacional. O valor do beta-hCG normalmente encontra-se positivo, porém diminuído e decrescente; 
À USG, normalmente observa-se sinais de descolamento decidual com formação de hematoma retrocorial, saco gestacional irregular, 
com presença ou não de BCF. 
ABORTAMENTO INCOMPLETO: Neste caso, já ocorreu a expulsão espontânea e total do feto e dos anexos; 
Clinicamente, caracteriza-se pela parada ou diminuição súbita do sangramento e das cólicas, sendo mais frequente antes de 8 
semanas de gestação. Ao toque, o útero encontra-se contraído e pequeno para a idade gestacional, com o colo fechado na maioria 
das vezes. À anamnese, a paciente ocasionalmente é capaz de referir eliminação de material amorfo pela vagina; 
 
17 
 
 
À USG, podem-se observar imagens compatíveis com coágulos. A espessura endometrial inferior a 15 mm ao corte longitudinal da 
ultrassonografia transvaginal tem sido considerada indicativa de abortamento completo por alguns autores. 
Dois quadros clínicos distintos são compatíveis com o diagnóstico: abortamento incompleto com colo fechado e abortamento 
incompleto com colo aberto; Em alguns casos, percebe-se a presença de material ovular ao toque e o colo aberto, com sangramento 
moderado e cólicas moderadas. É aquele caso em que a paciente chega ao atendimento eliminando o material, porém ainda não o 
fez por completo, também chamado por alguns de abortamento em curso; Contrariamente, em alguns casos, ocorre a eliminação 
quase total dos produtos ovulares. As cólicas e o sangramento regridem substancialmente e o diagnóstico é feito exclusivamente 
pelo encontro de restos ovulares à USG. 
Em ambos os casos, o útero é menor do que o esperado para a IG e a conduta deve ser o esvaziamento uterino, A dosagem de 
beta-hCG é normalmente negativa e na ultrassonografia, visualizam-se ecos endometriais amorfos e mal definidos. 
ABORTAMENTO INFECTADO : É uma complicação do abortamento incompleto, associada frequentemente à manipulação da 
cavidade uterina em tentativas de provocar o abortamento; Inicia-se pela endometrite e, se não tratada adequadamente, pode 
progredir para peritonite, choque séptico, insuficiência renal, coagulopatia, síndrome de angústia respiratória e morte materna; 
Geralmente, são infecções polimicrobianas a partir da ascensão de germes que normalmente fazem parte da flora que coloniza o 
trato genital inferior, produzindo infecção local ou sistêmica; os agentes mais envolvidos são germes encontrados na flora genital e 
intestinal, como cocos anaeróbios (peptococcos e peptoestreptococcos), Gram-negativos (E. coli), Clostridium perfingrens (ou 
welchii) e bacteroides; 
O quadro clínico pode variar de acordo com a extensão da infecção: 
 Infecção é limitada à cavidade uterina e miométrio: a febre normalmente é baixa, com a paciente em bom estado geral, 
com dores discretas e contínuas, com algumas cólicas. Não há sinais de abdome agudo e o sangramento é escasso; 
 Infecção abrange o miométrio, paramétrio, anexos e peritônio pélvico: o sangramento normalmente está associado a um 
líquido de odor fétido, devido à presença de anaeróbios. A febre geralmente é alta (maior que 39°C), acompanhada de 
taquicardia, desidratação, paresia intestinal, anemia, dores constantes e espontâneas com defesa à palpação pélvica. 
ABORTAMENTO RETIDO : Consiste na interrupção da gravidez com retenção do ovo morto por período prolongado. Também 
denominado missed abortion, ou seja, “gestação interrompida”. Alguns autores definem um período mínimo de quatro semanas, 
classificando o abortamento diagnosticado antes desse período como oculto; 
Pode ocorrer pequeno sangramento vaginal, o colo está fechado, mas em geral a paciente é assintomática. Caracteriza-se por 
regressão dos sintomas da gravidez, como sonolência, náuseas, polaciúria e sialorreia. O volume uterino se estabiliza ou involui; 
Em USG transvaginal, a ausência de batimento cardíaco em embrião com comprimento cabeça-nádega maior ou igual a 5 mm indica 
interrupção da gestação. 
Obs.: ovo anembrionado: também denominado “ovo cego”. Consiste na ausência de embrião no saco gestacional íntegro em 
gestação com mais de seis semanas de evolução, idade gestacional na qual já se espera poder visualizá-lo. 
 
 
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MÉTODOS DE ESVAZIAMENTO UTERINO 
ABORTAMENTO ELETIVO PREVISTO EM LEI : Deve ser oferecida à mulher a opção de escolha da técnica a ser empregada: 
abortamento farmacológico, procedimento aspirativo (Amiu) ou a dilatação e curetagem; 
A escolha do tipo de procedimento deverá ocorrer depois de adequados esclarecimentos das vantagens e desvantagens de cada 
método, suas taxas de complicações e efeitos adversos. Devem-se adotar critérios que considerem e respeitem: 
 A disponibilidade de métodos em cada serviço de saúde; 
 A capacitação, habilidade e rotinas dos serviços de saúde para cada método; 
 As condições clínicas, sociais e psicológicas da mulher. 
Durante o 1º trimestre: consideram-se métodos aceitáveis a aspiração intrauterina (manual ou elétrica), abortamento 
farmacológico e a curetagem uterina; 
No 2º trimestre: o abortamento farmacológico constitui método de eleição, podendo ser complementado, após a expulsão fetal, 
com curetagem ou aspiração uterina, segundo as condições clínicas da mulher; 
IMPORTANTE! A INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ POR MEIO DE MICROCIRURGIA OU MICROCESARIANA DEVE 
SER RESERVADA PARA CONDIÇÕES EXCEPCIONAIS. 
Abortamento farmacológico 
No Brasil tem-se disponível o misoprostol e a ocitocina, conforme a Portaria MS/GM nº 1.044, de 5 de maio de 2010. As drogas 
utilizadas para interrupção da gravidez não devem ser usadas nos casos de conhecida intolerância. Nos casos de gestação molar, 
não devem ser primeira opção e somente devem ser usadas excepcionalmente e sob estrita vigilância. Para mulheres portadoras de 
distúrbios da coagulação, incluindo uso de anticoagulantes, e entre as cardiopatas graves, deve-se manter vigilância rigorosa durante 
o uso das drogas; 
O possível risco de sangramento excessivo e o eventual efeito psicológico de observar a expulsão do conteúdo uterino devem ser 
discutidos com a mulher, devendo a paciente permanecer internada até a finalização do processo. O MISOPROSTOL é um análogo 
da prostaglandina E1 que foi inicialmente utilizado para o tratamento de úlcera gástrica, lançado com o nome comercial de 
Cytotec®. 
 
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ESVAZIAMENTO UTERINO NO 1º TRIMESTRE GESTACIONAL ( ABORTO LEGAL OU ABORTO RETIDO) 
• 1ª opção: Misoprostol 4 cápsulas de 200mcg via vaginal a cada 12 horas. (3 doses – 0,12 e 24 horas); 
• 2ª opção: Misoprostol 2 cápsulas de 200mcg via vaginal a cada 8 horas (3 doses – 0,8 e 16 horas); 
• 3ª opção: Misoprostol 1 cápsula de 200mcgvia vaginal a cada 6 horas (4 doses – 0,6,12 e 18 horas). 
OBS.: Os últimos trabalhos científicos têm demonstrado que a 1ª opção apresenta maior eficácia, com expulsão do produto da 
concepção dentre as primeiras 24 horas podendo alguns casos demorarem 48 ou 72 horas, sem aumento dos efeitos colaterais. 
ESVAZIAMENTO UTERINO NO 2º TRIMESTRE GESTACIONAL (ÓBITO FETAL INTRAUTERINO) 
• De 13 a 17 semanas – misoprostol 1 cápsula de 200mcg via vaginal cada 6 horas.(4 doses); 
• De 18 a 26 semanas – misoprostol 1 cápsula de 100mcg via vaginal cada 6 horas.(4 doses). 
OBS.: Se necessário repetir após 24 horas. 
ESVAZIAMENTO UTERINO NO 3º TRIMESTRE GESTACIONAL (ÓBITO FETAL INTRAUTERINO) 
- Se o colo não está maduro, colocar misoprostol 1 cápsula de 25mcg via vaginal e repetir a dose se necessário após 6 horas; 
- Se não houver resposta utilizar misoprostol 2 cápsulas de 25mcg via vaginal de 6/6 horas até 4 doses. Não usar mais de 50mcg por vez; 
- Não administrar uma nova dose se já houver atividade uterina; 
- Não usar ocitocina dentro das seis horas após o uso do misoprostol. 
INDUÇÃO DO PARTO COM FETO VIVO 
- Misoprostol 1 cápsula (25mcg) via vaginal a cada 6 horas. Recomendado utilizar as doses durante o dia (7, 13 e 19 horas). Se não 
houver resultado repetir as doses no dia seguinte. 
AMOLECIMENTO DE COLO UTERINO PRÉVIO A AMIU OU CURETAGEM 
- Misoprostol 2 cápsulas de 200mcg via vaginal, 3 a 4 horas antes do procedimento. 
Contraindicações do uso de misoprostol: 
 Cesárea anterior; 
 Cirurgia uterina prévia; 
 Paciente asmática; 
 Uso concomitante com ocitocina; 
 Placenta prévia. 
Efeitos colaterais do uso de misoprostol: diarreia, que deve ser tratada apenas com hidratação oral, vômitos, controlados com 
antieméticos, e sangramento genital excessivo, tratado com esvaziamento uterino, preferentemente por meio de aspiração manual 
ou elétrica. 
 
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PERFUSÃO VENOSA DE OCITOCINA: pode ser utilizada até a expulsão do feto, seguida de posterior esvaziamento 
uterino cirúrgico, ou paralelamente ao tratamento cirúrgico, de forma a diminuir o risco de perfuração uterina e hemorragia. 
Apresenta melhor resultado para os casos com > 16 semanas e colo favorável. Uma vez que o número de receptores 
miometriais de ocitocina aumenta com a IG, em IG precoce é necessário o uso de altas doses para obter o efeito desejado. 
MÉTODOS CIRÚRGICOS PARA ESVAZIAMENTO UTERINO 
Aspiração manual uterina (Amiu) 
- Procedimento desenvolvido para ser realizado ambulatorialmente, sem necessidade de anestesia geral ou internação. Apresenta menor 
risco de perfuração uterina, de necessidade de dilatação cervical e risco de sinéquias; é menos traumática que a curetagem uterina; 
- Procedimento que utiliza cânulas de Karman, com diâmetros variáveis, de 4 a 12mm, acopladas a seringa com vácuo, promovendo a 
retirada dos restos ovulares através da raspagem da cavidade uterina e por aspiração; 
• Utilizada em gestações com < 12 semanas, em função do tamanho uterino, pois há necessidade do colo uterino ser justo à 
cânula para que o vácuo seja transferido da seringa para a cavidade uterina; 
• Nos casos de abortamento infectado Amiu é a técnica de eleição. 
- A aspiração manual intrauterina (Amiu) é o procedimento de escolha para tratamento do abortamento, sendo recomendada pela 
Organização Mundial da Saúde e pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo). 
Aspiração a vácuo 
- Semelhante à AMIU, porém necessita de sistema de vácuo para sua realização. 
Curetagem uterina 
- Estando o colo uterino aberto, ou dilatado previamente pelos dilatadores de Deninston ou velas de Hegar, introduz-se a cureta e promove-
se uma raspagem da cavidade uterina, extraindo-se o material desprendido pelo instrumental: 
• Por ter diâmetro variável e ser de material rígido (aço) pode provocar acidentes, tal como perfuração do útero; 
• Nos casos do colo uterino estar fechado ou pouco dilatado, pode-se promover sua abertura por meio da dilatação cervical, 
embora esse procedimento não esteja isento de riscos; 
• Nas gestações > 12 semanas deve-se promover a indução farmacológica com misoprostol. Então, após a expulsão fetal, faz- se 
a curetagem uterina. 
- Por ser de utilização mais antiga, ainda é muito usada no Brasil. 
Microcesariana 
- Esvaziamento do útero por via alta; reservada aos raros casos que não se resolveram por via vaginal e que apresentam 
hemorragias volumosas 
MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NA REALIZAÇÃO DE ABORTOS CLANDESTINOS 
Medicamentos: muitas mulheres informaram ter utilizado, previamente ao atendimento em uma unidade de saúde, o medicamento 
misoprostol (Cytotec®) em doses de dois comprimidos por via oral e intravaginal, para tentativas de autoaborto; por ser análogo da 
 
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prostaglandina, induz contrações uterinas e a expulsão do feto. As quininas e a cloroquina (derivado da 4-aminoquinolona) são 
medicamentos utilizado no tratamento de malária e doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico; no entanto, são 
teratogênicas e podem provocar aborto; 
Curetagem: muitas vezes usada sem anestesia, tem sido utilizada como técnica clandestina para extração do feto até 12 semanas; 
realizada por leigos e curiosos, pode ser fatal se promover complicações como perfuração uterina, hemorragia e infecção agravadas 
ou perfuração da alça do intestino; 
Introdução de permanganato de potássio: método perigoso e ineficaz que tem sido utilizado para tentar abortamento por corrosão da 
mucosa uterina e hemorragia; frequentemente o comprimido não alcança o útero, não promove o aborto e causa corrosão, 
sangramento e lesão vaginal, com grande risco de infecção; 
Sonda: responsável por muitas mortes devido à contaminação e falta de habilidade na colocação da chamada sonda, um cateter para 
vias urinárias que tem um balão em sua extremidade. O balão é colocado dentro do colo do útero; ao ser inflado gera pressão, o que 
leva à dilatação e expulsão do feto. É o mesmo princípio da laminaria, objeto estranho na forma de o.b., de material vegetal que dilata 
com a umidade local. Ambos eram usados antigamente em hospitais para retirada de fetos mortos; 
Injeções: é realizada anestesia local num ponto situado entre o umbigo e a vulva; com esta seringa aspira-se o fluído amniótico, no 
qual será substituído por uma solução salina (causando envenenamento do concepto) ou uma solução de prostaglandina. Após um 
prazo de 24 à 48 horas, por efeito de contrações, o feto é expulso pela vagina, como num parto normal. O risco apresentado por este 
tipo de aborto é a aplicação errada da anestesia, e a solução ter sido injetada fora do âmnio, causando a morte instantânea; 
Objetos estranhos: prática do desespero que pode perfurar o útero e levar à morte. A tentativa de aborto é feita com a introdução de 
agulhas, talos de mamona, cabides e até canetas no colo do útero para causar dilatação, contrações e expulsão do feto; 
Trauma voluntário: tentativa mais frequente nas classes mais pobres. Na maioria das vezes as mulheres chegam ao hospital 
alegando queda involuntária. De fato, elas se jogam de árvores ou degraus ou recebem chutes na região do baixo ventre. Nem 
sempre causam aborto, e sim acentuadas lesões no útero e ovo. 
COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS 
COMPLICAÇÕES IMEDIATAS DO ABORTO 
Laceração do colo uterino provocada pelo uso de dilatadores: 
 Consequências: insuficiência do colo uterino, favorecendo abortos sucessivos no primeiro e no segundo trimestre 
(10% das pacientes); partos prematuros, na 20ª ou 30ª semana de gestação. 
Perfuração do útero: acontece quando é usada a colher de curetagem ou o aspirador; mais frequentemente, através do histerômetro 
(instrumento que mede a cavidade uterina): 
 Consequências: infecção e obstrução das trompas, provocando esterilidade; intervenção para estancar a hemorragia 
produzida; perigo de lesão no intestino, na bexiga ou nas trompas; a artéria do útero, nesses casos, frequentemente, 
é atingida,criando a necessidade de histerectomia (extirpação do útero), se não for possível estancar a hemorragia. 
Hemorragias uterinas: perda de sangue ou fortes hemorragias causadas pela falta de contração do músculo uterino; as perdas de 
sangue são mais intensas se a gravidez for avançada. 
 Consequências: necessidade de transfusão de sangue; ablação do útero, se a hemorragia não for estancada. 
Endometrite (inflamação) pós-aborto (infecção uterina secundária, decorrente do aborto): apesar dos antibióticos administrados antes 
do aborto; há grande incidência de infecções e obstrução de trompas: 
 Consequências: esterilidade; gravidez ectópica (fora do lugar apropriado). 
Evacuação incompleta da cavidade uterina. Necessidade de prolongar a sucção e de fazer uma curetagem imediata: 
 
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 Danos e consequências: possibilidade de extração do endométrio (mucosa uterina); formação de aderências no 
interior do útero e, como consequência, esterilidade, frequentemente amenorréia (ausência de menstruação); 
possibilidade de placenta prévia na gravidez seguinte, criando a necessidade de cesariana. 
COMPLICAÇÕES TARDIAS DO ABORTO 
 Insuficiência ou incapacidade do colo uterino; 
 Aumento da taxa de nascimentos por cesariana; 
 Danos causados às trompas por possível 
infecção pós-aborto: causando infertilidade (em 
18 % das pacientes). Maior número de 
complicações em mulheres grávidas que 
anteriormente provocaram aborto (67,5% entre 
as que abortaram e 13,4 entre as que não 
abortaram); 
 Hemorragia: é a complicação mais grave, que 
transforma a nova gravidez em gravidez de alto 
risco; 
 Complicações placentárias novas (placenta 
prévia), tornando necessária uma cesariana, 
para salvar a vida da mãe e da criança; 
 O aborto criou novas enfermidades: síndrome 
de ASHERMAN e complicações tardias, que 
poderão provocar necessidade de cesariana ou 
de histerectomia; 
 Isoimunização em pacientes Rh negativo: 
aumento, consequentemente, do número de 
gravidez de alto risco; 
 Partos complicados: aumento do percentual de 
abortos espontâneos nas pacientes que já 
abortaram. 
 
 
 
O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, caracterizado por uma gama de 
modificações endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo parte da menacme até a menopausa. Essa, por sua vez, é definida 
como o último período menstrual, identificado retrospectivamente após 12 meses de amenorreia. O intervalo, do início dos sintomas 
de irregularidade menstrual até o final do primeiro ano após a menopausa, é chamado de perimenopausa. 
A menopausa é um evento fisiológico e inevitável que ocorre devido ao envelhecimento ovariano e sua consequente perda 
progressiva de função. Usualmente, ocorre de forma natural no final da quarta e início da quinta década de vida com variações 
devidas a diferenças étnicas, regionais, ambientais e comportamentais, como o tabagismo. Conforme dados de uma metanálise 
envolvendo os seis continentes mundiais, a idade média geral da menopausa no mundo foi descrita como 48,78 anos, variando entre 
46 e 52 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
MENARCA---------------------------------------------------------------------------- ÚLTIMA MENSTRUAÇÃO------------------------------------------ 
 
 Pré-menopausa: inicia-se, em geral, aos 40 anos, em mulheres com ciclos menstruais regulares com padrão menstrual 
similar ao que tiveram durante sua vida reprodutiva; há também diminuição da fertilidade por diminuição das reservas 
ovarianas; 
 Perimenopausa: ou transição menopausal, começa 2 anos antes da última menstruação e se estende até 1 ano após; as 
mulheres apresentam ciclos menstruais irregulares e alterações endócrinas; 
 Pós-menopausa: começa 1 ano após o último período menstrual e vai até os 65 anos, e pode ser subdividida em precoce 
(até 5 anos da última menstruação) ou tardia (mais de 5 anos). 
 Menopausa: é definida como a última menstruação devido à falência ovariana. No entanto, esta “última menstruação” só 
pode ser chamada de menopausa após um ano de seu término (diagnóstico retrospectivo). A idade média de ocorrência da 
menopausa é de 51 anos, com ampla variação dos 35 aos 59, sendo que 10% das mulheres apresentam seu último fluxo 
menstrual antes dos 45 anos. 
ALTERAÇÕES HORMONAIS NA MENOPAUSA 
A menopausa sinaliza apenas o fim da função ovulatória, o que não significa que o ovário não se encontre mais ativo. Os 
níveis dos hormônios, a forma como são produzidos e suas funções se modificam, sendo que as alterações clinicamente mais 
significativas envolvem o estrogênio, a progesterona, os androgênios e as gonadotrofinas (FSH e LH). 
 
ESTROGÊNIO 
O fim da função ovulatória compromete a produção de estrogênio pelo ovário, que se torna desprezível; 
Os níveis de estradiol e estrona são mantidos devido à capacidade de tecidos periféricos em aromatizar os 
androgênios suprarrenais e ovarianos: 
 Estrona: é o principal estrogênio produzido após a menopausa, a qual deriva da conversão periférica 
de androgênios, como a testosterona e, sobretudo, a androstenediona (produzida pelas adrenais e pelo 
estroma ovariano) no tecido muscular, hepático, cerebral e, principalmente, no tecido adiposo; 
 Estradiol: continua a ser produzido através da conversão periférica da estrona; seus níveis, entretanto, 
são muito menores que durante a vida reprodutiva (10-20 pg/ml), sendo também mais baixos que os de 
 
3 
 
 
estrona. 
As alterações dos níveis de estrogênio são responsáveis pela maior parte da morbidade da mulher após a menopausa: 
 Mulheres obesas apresentam, com frequência, níveis aumentados de estrogênio circulantes sem a 
oposição fisiológica da progesterona, o que leva à formação de um endométrio proliferativo, aumentando 
a chance de hiperplasia endometrial e câncer de endométrio; 
 Por outro lado, mulheres magras possuem níveis estrogênicos mais baixos, o que lhes confere um menor 
risco de câncer de endométrio, mas aumenta o risco de osteoporose. 
Após a instalação da menopausa, os níveis de estradiol permanecem baixos, mas 
nos primeiros anos pode haver algumas elevações transitórias esporádicas, 
reflexos de atividade de folículos residuais. 
 
ANDROGÊNIOS 
 Durante a vida reprodutiva, os ovários produzem cerca de 1/3 da androstenediona 
circulante e 25% da testosterona, sendo o restante secretado pelas suprarrenais ou oriundo 
da conversão periférica de androstenediona em testosterona; no entanto, após a menopausa a produção total de 
androgênios diminui, tanto por queda da produção ovariana quanto da suprarrenal (há uma redução de 25% na produção 
de testosterona e cerca de 50% de androstenediona); 
Apesar na queda da produção, os ovários ainda são responsáveis por 20% da androstenediona circulante e por 40% 
da testosterona, graças ao aumento relativo do estroma ovariano em razão da diminuição progressiva do número de 
folículos (ocorre reincorporação das células da teca dos folículos atrésicos), cujas células se tornam as principais 
produtoras de esteroides após a menopausa
PROGESTERONA 
Não há produção de progesterona após a menopausa; 
Durante a vida reprodutiva, a progesterona protege o endométrio da estimulação estrogênica excessiva através da regulação 
de seus receptores e também por efeitos intranucleares inibitórios diretos; no entanto, durante a menopausa esse efeito 
contrarregulatório é perdido, podendo resultar em: 
 Estímulo endometrial pelo estrogênio que ainda é produzido: sem a oposição da progesterona, pode tornar-
se excessivo e resultar em hiperplasia endometrial e câncer de endométrio; 
 Estimulação mamária estrogênica: foi sugerida a hipótese de que a estimulação mamária estrogênica sem 
oposição da progesterona poderia estar relacionada à proliferação do tecido mamário, podendo levar ao 
câncer de mama. Esta relação, porém, não é tão clara quanto à observada no tecido endometrial. 
GONADOTROFINAS 
As gonadotrofinasse elevam consideravelmente pela ausência do feedback negativo exercido sobre a hipófise pelos 
hormônios ovarianos: 
 Níveis de FSH: podem chegar a 10-20 vezes os valores da pré-menopausa; 
 Níveis de LH: aumentam cerca de 3 vezes → são menores devido à meia-vida mais curta em relação ao FSH. 
O pico hormonal acontece cerca de 1 a 3 anos após o último período menstrual e, após estes níveis serem atingidos, 
ocorre declínio gradual das concentrações de gonadotrofinas. 
 
INIBINAS 
A inibina é produzida pelas células da granulosa de folículos maduros, sendo responsável pela inibição da secreção de 
FSH e LH. O declínio da função ovariana é responsável pelo declínio na liberação de inibina B, o que contribui ainda 
mais para o aumento de FSH 
 
AMH – HORMÔNIO ANTIMÜLERIANO 
Seus níveis caem acentuadamente e progressivamente ao longo da transição menopáusica e pode ser utilizado como marcador da 
reserva ovariana 
Lembrando quer, o principal androgênio 
produzido pelo ovário é a androstenediona. 
 
Mesmo sendo os androgênios os principais 
produtos ovarianos após a menopausa, eles 
são secretados em quantidades menores 
que no período reprodutivo. 
 
4 
 
 
 
OPIOIDES 
Os peptídeos opioides parecem estar envolvidos na modulação de grande variedade de funções psicológicas, 
neurológicas e comportamentais, sendo que, durante a menopausa, ocorre perda da atividade opioide hipotalâmica 
em decorrência do déficit agudo de estrogênios. Sabe-se que a retirada dos opiaceos exógenos em humanos 
cronicamente habituados a estes produtos provoca sintomas como rubor quente e frio, perspiração, pulso aumentado, 
insônia, ansiedade, depressão, nervosismo, irritabilidade, dores musculares e nas articulações, queixas que são 
notavelmente similares àquelas exprimidas por mulheres climatéricas. 
 
FISIOLOGIA DA MENOPAUSA 
A menopausa, apesar de poder ser influenciada pelo eixo hipotálamo hipofisário, é um evento ovariano secundário à atresia 
fisiológica dos folículos primordiais; sua ocorrência pode ser natural ou artificial, após procedimentos clínicos ou cirúrgicos que levem 
à parada da produção hormonal ovariana. 
A produção de folículos ovarianos pelas mulheres se inicia a partir da oitava semana de vida intrauterina por meio da rápida 
multiplicação mitótica das células germinativas. Já o envelhecimento do sistema reprodutivo inicia-se pouco tempo depois, ativando o 
processo de apoptose celular após atingir o número máximo de folículos primordiais – cerca de 7 milhões –, por volta da vigésima 
semana de gestação. Até o nascimento, cerca de 70% do pool folicular será perdido por meio desse processo, e ao chegar à 
puberdade, fase em que os ovários se tornarão funcionalmente ativos, restarão em média 300 a 500 mil folículos. 
 Até que seu número se esgote na pós-menopausa, os folículos crescem e sofrem atresia de forma contínua. Esse processo é 
irrecuperável e ininterrupto, independentemente de situações como gravidez ou de períodos de anovulação. Dos milhões de folículos 
formados na vida intraútero, apenas 400 terão seu crescimento resultando em ovulação durante o menacme; o restante é perdido 
pelo processo de atresia. O declínio paralelo da quantidade e qualidade dos folículos contribui para a diminuição da fertilidade. Além 
disso, o consumo do pool folicular com o passar dos anos determina alterações hormonais importantes, responsáveis pelas 
alterações fisiológicas características do período peri e pós-menopáusico. 
A transição menopausal é caracterizada pela irregularidade do ciclo menstrual devido à variabilidade hormonal e ovulação 
inconstante. A diminuição maciça do número de folículos ovarianos resulta na queda gradual da inibina B, que, por sua vez, desativa 
o feedback negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH na tentativa de aumentar o recrutamento folicular. O resultado 
dos níveis elevados de FSH é a aceleração da depleção folicular até o seu esgotamento. 
Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação ainda é mantida e os níveis de estradiol permanecerão dentro da normalidade. A 
contínua perda da reserva folicular diminui os níveis de estradiol que não são mais suficientes para estimular o pico de hormônio 
luteinizante (LH), encerrando, assim, os ciclos ovulatórios. Sem a ovulação propriamente dita, não há produção de corpo lúteo e 
consequentemente de progesterona, além de os níveis de estradiol não serem suficientes para estimular o endométrio, levando à 
amenorreia. Na pós-menopausa, na tentativa de estimular uma adequada produção de estradiol pelos ovários, a hipófise é ativada 
por picos de hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e secreta grandes quantidades de gonadotrofinas, levando as mulheres a 
um estado de hipogonadismo hipergonadotrófico. 
Devido à redução da resposta ovariana às gonadotrofinas, os níveis de FSH e LH são marcadamente elevados nos primeiros anos 
após a menopausa, decrescendo com o envelhecimento O AMH, marcador do número de folículos ovarianos em crescimento, 
diminui para níveis indetectáveis na pós-menopausa. Em estudos recentes, o AMH tem-se mostrado um ótimo preditor do 
envelhecimento ovariano. Com a diminuição da massa folicular, ocorre relativo aumento no estroma ovariano, porção responsável 
pela produção de testosterona e androstenediona. De maneira geral, a síntese dos esteroides androgênicos está diminuída, porém a 
produção remanescente é suficiente para manter os ovários ativos.Esses androgênios, principalmente a androstenediona, servem 
como substrato para a aromatização periférica 
Ausência de menstruação associada a níveis elevados de FSH e LH é diagnóstico de falência ovariana. 
 
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A mulher pós-menopáusica não é totalmente desprovida de estrogênio, que segue sendo sintetizado em níveis muito menores. No 
ovário, a produção de estradiol é quase nula. Já, por meio da aromatização periférica da androstenediona no tecido adiposo, a 
produção da estrona é mantida e, mesmo em pequenas concentrações circulantes, passa a ser o principal estrogênio na pós-
menopausa. Quanto à progesterona, não há mais produção. O diagnóstico do climatério é clínico, não havendo necessidade de 
dosagens hormonais para confirmá-lo quando há irregularidade menstrual ou amenorreia e quadro clínico compatível. 
Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e estradiol (E2) menores do que 20 pg/mL são característicos do período pós-
menopáusico 
CONSEQUÊNCIAS DO HIPOESTROGENISMO 
Receptores estrogênicos existem em diferentes concentrações em vários locais do organismo – como pele, ossos, vasos, coração, 
diversas regiões do cérebro, mama, útero, vagina, uretra e bexiga – e a redução nos níveis de estrogênio circulante gera efeitos 
diferentes para cada mulher. As características individuais determinam perfis diferentes de biodisponibilidade de estrogênios com 
repercussões próprias no metabolismo e quadro clínico-laboratorial de cada paciente, podendo resultar no comprometimento da 
qualidade de vida. Apenas em torno de 15% das mulheres não apresentarão sintomas no período do climatério 
 
ALTERAÇÕES NO CICLO MENSTRUAL : A queixa mais frequente na transição menopausal é a irregularidade menstrual, com 
alteração na intensidade do fluxo, na duração ou frequência da menstruação. Essa irregularidade reflete os ciclos anovulatórios cada 
vez mais comuns e, por consequência, as alterações no padrão de secreção tanto do estrogênio quanto da progesterona tendem a 
se iniciar com encurtamento dos ciclos e progredir para períodos de amenorreia cada vez mais longos até a parada total. A 
amenorreia prolongada é característica da deficiência de estrogênio. O padrão de fluxo menstrual também pode variar, sendo comum 
ocorrer sangramento aumentado 
SINTOMAS VASOMOTORES: Compreende os episódios de fogachos e suores noturnos, resultando no sintoma mais comum da 
transição menopausal e pós-menopausa inicial, sendo referido por mais de 80% dessas mulheres. O fogacho se manifesta

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