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1 1. Caracterizar o ciclo menstrual (ciclo, hormônios, fisiologia) a) Fases ovarianas b) Fases uterinas c) Feedbacks (inibina, ativina) d) Relacionar com muco e temperatura (filancia) e) Explicar a teoria das duas células f) Fatores que interferem na ovulação 2. Qual a composição do sangramento menstrual? a) Por que sangra e por que para de sangrar b) O sangue menstrual coagula? 3. Conceituar tipos de alteração: números de dias, volume e número de ciclos 4. Descrever a síndrome menstrual e explicar o porquê dos sintomas (edema, mastalgia, irritação, cólica, enxaqueca, desejo por chocolate, acne) 5. Caracterizar o muco cervical quanto: células produtoras. Composição 6. Caracterizar os métodos contraceptivos: a) Tipos b) Eficácia c) Indicação e contra indicação d) Efeitos adversos e) Mecanismo de ação Reprodução e sexualidade 2 Inclui a produção de esteroides sexuais (estrogênio, progesterona e testosterona) e de peptídeos (inibinas). ESTROGÊNIO Apenas 3 estrogênios estão presentes em quantidade significativa no plasma feminino: β-estradiol, estrona e estriol, sendo o principal secretado pelos ovários o β-estradiol. Pequenas quantidades de estrona também são secretadas, mas grande parte é formada nos tecidos periféricos de androgênios secretados pela adrenal e células tecais ovarianas. O estriol, por sua vez, é um estrogênio fraco; é um produto oxidativo derivado do estradiol e da estrona, e sua conversão se dá, principalmente no fígado. A potência do β-estradiol é 2X a da estrona e 80X vezes o do estriol; Síntese: depende da atividade enzimática coordenada entre as células da granulosa e da teca do folículo ovariano, sendo que, processo esse conhecido como TEORIA DAS DUAS CÉLULAS: Teca: converte colesterol em andrógeno, mas não converte andrógeno em estradiol (por não possuir aromatase); Granulosa: faz o processo contrário, convertendo andrógeno em estradiol, mas sem conseguir converter colesterol em andrógeno (por não possuir as enzimas da estereidogênese); Ou seja, os androgênios sintetizados na teca são aromatizados em estradiol na granulosa!!! Lembrando que a aromatase na granulosa é produzida pelo estímulo do FSH via proteína Gs, enquanto que o colesterol é convertido em androstenediona na teca pelo estímulo do LH via proteínas Gs e Gq. PROGESTERONA 3 Dentre as progestinas, sem dúvida, a mais importante é a progesterona. Entretanto, pequenas quantidades de 17-α- hidroxiprogesterona também são secretadas e possuem, essencialmente o mesmo efeito; Síntese: é feita pela teca e pela granulosa do corpo lúteo após a estimulação do LH (luteinização), sendo que o corpo lúteo apresenta algumas diferenças quanto à concentração enzimática em comparação com o folículo ovariano, resultando em: ↑P450scc e ↑3β-HSD → ↑progesterona; ↓17β-hidroxilase e ↓aromatase → ↓testosterona e estrogênio. ANDROGÊNIOS Derivam: Glândulas suprarrenais: DHEA e androstenediona; Ovários: androstenediona e testosterona; Conversão periférica: da androstenediona e da DHEA em testosterona; No entanto, a maior parte da testosterona provém da conversão periférica da androstenediona pela 17β-HSB. Obs.: a conversão de dht nos tecidos periféricos é limitada pela ↑globina e pela conversão periférica em estrogênio pela aromatase, evitando a virilização. INIBINA Inibina A: produzida pelas células da granulosa do corpo lúteo, é responsável por inibir seletivamente a liberação de FSH durante a fase lútea Inibina B: produzida pelas células da granulosa dos folículos ovarianos, é responsável por inibir a liberação de FSH e LH durante a fase folicular. Regulada por: FHS e LH, fatores de crescimento (EGF, TGF e IGF) e hormônios (androstenediona, ativina e folistatina). ATIVINA Síntese: pelas células da granulosa: Função: possui função parácrina sobre a granulosa, promovendo: Atua como antagonista fisiológico da inibina → ↑FSH; O aumento do número de receptores de FSH → proliferação da granulosa; Estereidogênese na teca e na granulosa. FOLISTATINA Síntese: produzida pelas células da granulosa; Função: aumenta a proliferação celular pela neutralização da inibina. 4 A maior parte do estrógeno e progesterona é transportada no sangue ligados à albumina ou à globulina de ligação dos hormônios sexuais (SHBG); essa ligação é fraca o suficiente para que ambos sejam liberados aos tecidos em aproximadamente 30 minutos; Apenas 2-3% circula na sua forma livre Estrógeno: os estrogênios são conjugados pelo fígado formando glucoronídeos e sulfatos, e cerca de 1/5 desses produtos é liberado pela bile; grande parte do restante é liberado na urina. Além disso, o fígado também converte o estradiol e a estrona quase totalmente em estriol → a redução da função hepática aumenta a atividade dos estrogênios no corpo, podendo causar hiperestrinismo; Progesterona: pouco minutos após ter sido excretada, é quase toda degradada em outros esteroides, principalmente pelo fígado; o principal produto final é o pregnanediol, sendo cerca de 10% excretado na urina nessa forma (é possível estimar a formação de progesterona a partir dessa excreção). – A função ovariana é regulada pelos hormônios GnRH, FSH e LH: GnRH: liberado em pulsos pelo hipotálamo, é responsável por estimular a produção de gonadotrofos na adeno- hipófise por meio das proteínas Gs e Gq; FSH e LH: são liberados em pulsos de 28 dias (caracterizando os ciclos menstruais regulares) pela adeno-hipófise e atuam sobre o folículo ovariano, estimulando a produção de estradiol e progesterona por meio de proteínas Gs: • FSH: atua na fase folicular induzindo a proliferação e crescimento das células da granulosa assim como a síntese de estrogênio e de aromatase; ao mesmo tempo, o acúmulo de AMPc que produz leva ao ↑receptores de LH, permitindo ao LH atuar como substituto do FSH nas células da granulosa; • LH: responsável por estimular a produção de androstenediona pelas células da teca na fase folicular e, também, por estimular a ovulação e a manutenção do corpo lúteo durante a fase lútea, fazendo com que o mesmo passe a secretar progesterona e estrogênio. A retroalimentação depende da fase do ciclo, sendo realizada pelo estradiol, a progesterona e as inibinas A e B. Sistema de retroalimentação do ciclo ovariano Fase folicular - O estradiol produzido pelas células foliculares (da granulosa e da teca) faz a retroalimentação negativa nas células da adeno-hipófise → ↓FSH e LH; - Ao mesmo tempo, a inibina B produzida pela granulosa contribui para a ↓FSH, apresentando queda na sua secreção antes do pico de LH. Meio do ciclo – ovulação - O acúmulo de estradiol o hipotálamo e na hipófise leva a pulsos de menor amplitude e maior frequência (a cada 90 minutos) de LH, resultando em um SURTO DE LH!!! (caracteriza um quadro de retroalimentação positiva). 5 Fase lútea - A progesterona secretada pelo corpo lúteo (pelo estímulo do LH) é responsável por medidas que impedem um outro surto de LH, e outra consequente ovulação: Bloqueio dos surtos de GnRH; Downregulation dos receptores hipofisários de GnRH; ↓ expressão gênica das subunidades α e β do FSH e LH. - Nesse momento, a inibina B permanece baixa enquanto a inibina A contribui para a regulação negativa da secreção de FSH e LH, apresentando queda de sua concentração durante a regressão lútea (juntamente com o estradiol e a progesterona. 6 Divide-se em duas fases: folicular e lútea. FASE FOLICULAR Essa fase caracteriza-se pelo crescimento do folículo ovariano e a produção de estradiol em resposta ao estímulo do FSH e do LH; Inicia-se no 1º dia do ciclo (1º dia da menstruação) e corresponde à fase de desenvolvimento e crescimento do folículo dominante, o qual, para se formar, deve passar por 2 fases: 1) Período independente de gonadotrofinas: ocorre durante a vidafetal e a lactância, e engloba o crescimento folicular primordial; 2) Período dependente de gonadotrofinas: período no qual se formam os folículos secundários (células da granulosa + receptores de FSH e hormônios esteroidais + células da teca + antro) e os folículos terciários (antro rico em estrogênio + teca com receptores para FSH e LH). Todo o processo de formação do folículo dominante dura em torno de 85 dias, sendo que apenas o período dependente de gonadotrofinas dura 10-14 dias; A seleção do folículo é determinada pela sua sensibilidade á ação do FSH, que é modulada pelo AMH: o AMH é expresso nas células da granulosa dos folículos primordiais e continua sendo produzido pelos folículos em crescimento, mas que NÃO foram recrutados para serem dominantes; ou seja: Folículo primário (↑AMH) → folículo em crescimento recrutado, mas não selecionado → continua com ↑AMH; Folículo primário (↑AMH) → folículo em crescimento e selecionado → apresenta ↓AMH → torna-se sensível ao FSH. Por apresentar expressão nos folículos primordiais, o AMH é considerado um bom marcador da reserva ovariana!!! OVULAÇÃO Ocorre após o surto de Lh provocado pelo acúmulo de estradiol, levando à ruptura folicular e à liberação do oócito + coroa radiata; consequentemente, a ovulação acaba pro gerar um processo inflamatório com liberação de COX-2, ativador de plasminogênio e MMPs. FORMAÇÃO DO CORPO LÚTEO O corpo lúteo se forma a partir da reorganização do folículo, sendo composto por células da teca, da granulosa, edoteliais e imunes; ocorre também sangramento na cavidade antral, que resulta na invasão de macrófagos e células mesenquimais; O corpo lúteo pode ser descrito como uma GLÂNDULA ENDÓCRINA TEMPORÁRIA, pois: Produz: progesterona e estradiol; Inibe: a liberação de FSH e LH pela inibição do GnRH. Possui dois possíveis destinos: Em caso de fertilização: cresce e funciona por 2-3 meses em resposta ao estímulo do hCG produzido pelo sinciciotrofoblasto, mantendo a produção de progesterona, estrogênio, inibina A e relaxina pelas células luteínicas da granulosa (a relaxina regula a síntese e a liberação de MMPs, resultando no crescimento e remodelagem tecidual do 7 canal de crescimento, glândulas mamárias etc.); depois do 1º semestre, o corpo lúteo regride e a placenta assume a biossíntese hormonal; Luteólise: caracteriza-se pela lise e regressão do corpo lúteo 1-2 dias após a ovulação, marcando o declínio da progesterona; resulta na formação de uma pequena cicatriz, o corpo albicans. 8 Quadro síntese das variações hormonais: 1) No início de cada ciclo menstrual normal os níveis de esteroides sexuais são baixos e estiveram diminuídos desde o fim da fase lútea do ciclo anterior; 2) Com o desaparecimento do corpo lúteo, os níveis de FSH começam a aumentar e um grupo de folículos em crescimento é recrutado; 3) Níveis crescentes de estrogênio (secretados pela granulosa dos folículos) produzem feedback negativo sobre a secreção hipofisária de FSH, que começa a diminuir no meio da fase folicular; além disso os folículos também produzem inibina-B, que também suprime o FSH; 4) No final da fase folicular, há receptores para LH induzidos pelo FSH nas células granulosas e, com a estimulação do LH, modulam a secreção de progesterona; 5) Após um grau suficiente de estimulação estrogênica, é deflagrado o pico de LH (por feedback positivo), que é a causa imediata da ovulação, que ocorre 24-36 horas depois; 6) O nível de estrogênio diminui no início da fase lútea desde logo antes da ovulação até o meio da fase lútea, quando começa a aumentar novamente, em virtude da secreção do corpo lúteo; dessa forma, a inibina-A é produzida pelo corpo lúteo; 7) Os níveis de progesterona aumentam subitamente após a ovulação, e podem ser usados como sinal presuntivo de que houve ovulação; 8) A progesterona, estrogênio e inibina-A atuam em nível central para suprimir a secreção de gonadotrofinas e o crescimento de novos folículos; esses hormônios permanecem elevados durante toda a vida do corpo lúteo e depois diminuem com a sua extinção, estabelecendo o estágio para o próximo ciclo.Obs.: folículogênese O folículo ovariano é a unidade funcional do ovário que possui funções endócrinas e gametogênicas. O mesmo apresenta os seguintes estágios de crescimento: a) Folículo primordial quiescente; b) Folículo pré-antral (primário e secundário) em crescimento; c) Folículo antral (terciário) em crescimento; d) Folículo dominante (pré-ovulatório, graaf ano); e) Folículo dominante no período periovulatório; f) Corpo lúteo (da menstruação ou da gestação); g) Folículos atrésicos. a) Folículo primordial quiescente 9 Estrutura folicular mais precoce e simples do ovário que aparecem durante a metade da gestação; Células germinativas primordiais presente nas gônadas sofrem divisões mitóticas até o quinto mês de gestação. Depois disso, essas oogonias entram em meiose tornando-se oócitos primário, os quais são circundados por um epitélio simples de células foliculares somáticas: Quantidade: 7 milhões → 300mil na maturidade sexual; Ovula apenas 450 na menacme; Na menopausa restam menos de 1000 folículos primordiais no ovário. As células foliculares representam um epitélio avascular circundado por lâmina basal e as células granulosas estão intimamente ligadas aos oócitos fornecendo-lhes nutrientes como ácidos nucleicos, aminoácidos e piruvato para sustentar sua maturação; As gonadotrofinas hipofisárias mantêm uma reserva ovariana normal pela promoção da saúde geral do ovário. Entretanto, a velocidade com que os folículos primordiais quiescentes entram no processo de crescimento parece ser independente das gonadotrofinas hipofisárias; A decisão de um folículo em descanso de entrar na fase inicial de crescimento é principalmente dependente de fatores parácrinos intraovarianos, que são produzidos tanto pelas células foliculares como pelos oócitos. b) Folículos primários (pré- antrais) Primeiro estágio de crescimento; Desenvolvimento antes da formação de uma cavidade antral preenchida por líquido; Células granulosas se proliferam e tornam-se cuboides, formando um epitélio com múltiplas camadas. c) Folículo secundário Quando o folículo secundário adquire três a seis camadas de células granulosas, ele secreta fatores parácrinos, que induzem as células do estroma adjacente a se diferenciarem em células epitelioides da teca (células achatadas ao redor do folículo); Inicia-se a formação da cavidade antral. d) Folículo pré-antral maduro O desenvolvimento folicular está associado a uma movimentação do folículo do córtex externo para o córtex interno, próximo à vasculatura da medula ovariana; Os folículos secretam fatores angiogênicos que induzem o desenvolvimento de uma a duas arteríolas, que formam uma coroa vascular ao redor do folículo; O oócito inicia a secreção de glicoproteínas da matriz extracelular, denominadas ZP1, ZP2 e ZP3 formam a zona pelúcida; Função endócrina: neste período, as células granulosas expressam receptores para FSH, mas são primariamente dependentes de fatores do oócito para crescer; não há produção de hormônios ovarianos. As células de teca , assim como as células de Leydig expressam receptores para LH e produzem andrógenos, porém seu principal produto é a androstenediona e não a alfa-testosterona, por conta da ausência de altos níveis de 17beta- HSD. divide-se em 3 fases: proliferativa, secretora e menstrual. 10 FASE PROLIFERATIVA Ocorre durante a fase folicular e caracteriza-se por: Crescimento mitótico progressivo da decídua basal em resposta aos níveis circulantes crescentes de estrogênio; ↑ expressão de receptores de estradiol e progesterona. A alteração predominante nessa fase é a transformação das glândulas endometriais inicialmente retas, estreitas e curtas em estruturas alongadas e tortuosas; histologicamente,essas glândulas possuem múltiplas células mitóticas, e sua organização modifica-se de um padrão colunar baixo para um padrão pseudo-estratificado. FASE SECRETORA Corresponde à fase lútea e ocorre após o 14º dia do ciclo menstrual (em um ciclo regular), ao iniciar a secreção de progesterona 48-72 horas depois; é responsável pela: Diferenciação das células endometriais em secretoras pela ação da progesterona: ocorrem modificações histológicas endometriais que envolvem a secreção de material rico em proteínas eosinofílicas na luz glandular (por isso o nome da fase) → as glândulas formam vacúolos característicos contendo glicogênio que, por fim, sofrem secreção apócrina para a luz glandular, muitas vezes no 19º-20º dia do ciclo; no 7º dia pós-ovulatório, a atividade costuma ser máxima, exibindo preparo ideal para implantação do blastocisto; Diminuição progressiva do número de receptores de estrogênio nas células endometriais; consequentemente, há um antagonismo na síntese de DNA induzida por estrogênio e mitose celular. MENSTRUAÇÃO Caracteriza-se pela descamação do endométrio na ausência de implantação, que decorre da destruição do corpo lúteo e da queda na produção de estrogênio e progesterona: 1. A secreção glandular cessa e ocorre uma deposição irregular da decídua funcional; 2. Ocorre um profundo espasmo vascular da artéria espiral pela falta dos esteroides sexuais (lembrando que o estrogênio é vasodilatador e estimula a angiogênese) → resulta em isquemia endometrial; 3. Simultaneamente, há ruptura dos lisossomos e liberação de enzimas proteolíticas → resulta na destruição adicional do tecido; 4. A camada funcional do endométrio é então eliminada, deixando apenas a decídua basal intacta para que, assim, possa-se iniciar a reparação da camada funcional. As PROSTAGLANDINAS são produzidas durante todo o ciclo menstrual e têm sua maior concentração durante a menstruação, sendo as responsáveis pela vasoconstrição miometrial. Dentre elas, destaca-se a PGF2: É um potente vasoconstritor, causando espasmo arteriolar adicional e isquemia do endométrio; Também produz contrações do endométrio que diminuem o fluxo sanguíneo local na parede uterina e podem servir para expelir fisicamente o tecido endometrial que descama o útero. A menstruação normalmente dura de 4-5 dias (ou 2-6 dias), e o volume varia de 25-25ml (20-60ml por outros autores). OUTROS EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS HORMÔNIOS OVARIANOS Estrogênio: seus efeitos genômicos são mediados por receptores que atuam como fatores de transcrição: Receptor de estrogênio α: receptor clássico, encontrado no endométrio, células do câncer de mama e estroma ovariano; Receptor de estrogênio β: localizados nas células da granulosa, rim, mucosa intestinal, parênquima pulmonar, medula óssea, ossos, células endometriais e próstata. OU SEJA... O fluxo menstrual para como resultado dos efeitos combinados da vasoconstricção prolongada, colapso tecidual, estase vascular e reparação induzida pela ação 11 Progesterona: também exerce seus efeitos gênicos por receptores específicos, cuja expressão aumenta na 2ª ½ do ciclo menstrual e diminui na fase lútea: Possui 2 proteínas receptoras, A e B, localizadas em tecidos-alvo: mama, útero, SNC e cardiovascular; Sua expressão é: • Upregulated pelos estrogênios; • Downregulated pela própria progesterona. Local Ação ESTRÓGENO* E fe ito s ge nô m ic os Útero - Proliferação do endométrio; - Sensibilização do músculo liso à ocitocina pelo aumento do número de receptores; - ↑produção de muco aquoso pelas glândulas do colo uterino Ovário - ↑mitose das células da granulosa → proliferação folicular Mama - Proliferação do epitélio dos ductos; - Crescimento do tecido conectivo; - Induz receptores de progesterona Fígado - Provoca a melhora dos perfis de lipoproteínas circulantes: • ↑expressão de receptores de LDL (> eliminação de partículas de LDL pelo fígado); • ↑ níveis circulantes de HDL. - Regula a produção hepática de proteínas de transporte: TBG, CBG e SHBG; - Regula a expressão gênica de proteínas relacionadas à coagulação: ↓fibrinogênio, antitrombina III e PAI- 1 Órgãos cardiov. - Promove a vasodilatação pelo aumento da produção de NO → relaxa a musculatura lisa e inibe a ativação plaquetária SNC - Possui efeito neuroprotetor: inibe a morte celular neural em resposta à hipóxia ou a outros insultos; pode estar relacionado aos efeitos positivos da angiogênese que o estrógeno produz - Responsável pelo fechamento das placas epifisárias e maturação óssea; 12 Ossos - O 17β-estradiol possui efeito anabólico e calcitrópico, estimulando a absorção intestinal de Ca2+; - ↑OPGN (osteoprotegerina), inibindo a diferenciação de osteoclásticos (↓reabsorção óssea) Tegume nto - Juntamente com a progesterona, mantem a pele saudável e lisa: • Estimula a proliferação e inibe a apoptose de queratinócitos; • Aumenta a síntese de colágeno e inibem a sua quebra pelas MMPs; • Aumenta a produção de glicosaminoglicanos e sua deposição na derme; • Promove a cicatrização de ferimentos Tecido adiposo - Reduz a atividade da lipoproteína lipase + aumenta a atividade da lipase sensível ao hormônio → efeito lipolítica; - Sua perda resulta no acúmulo de tecido adiposo, especialmente no abdome E fe ito s nã o ge nô m ic os Vasodil atação - ↑liberação de NO e prostaciclinas; - ↑abertura de canais de Ca2+ mediados pelo GMPc; - Inibe a apoptose endotelial; - Resulta na proteção contra aterosclerose Fatores de crescim ento - Responsável por ativar vias de sinalização relacionadas a fatores de crescimento: • Pelas cascatas de proteínas-quinase; • Atua em tecidos como: osteoblastos, células endoteliais, neurônios e células cancerígenas de mama *Seus efeitos são implicados no desenvolvimento do câncer de mama e endometrial PROGESTERONA Úte ro - Diferenciação do estroma; - ↑secreções glandulares; - Produz enzimas para a lise da zona pelúcida; - Contribui para a ↓contratilidade do útero, induzindo um estado de quiescência do endométrio: ↓influxo de Ca2+ e ↑potencial de repouso; Bloqueia a capacidade do estradiol de induzir a expressão de receptores α-adrenérgicos; ↓prostaglandinas e ↑inativação de prostaglandinas; 13 Oposição aos efeitos do estrógeno (ver observação a seguir); Mantém os níveis de relaxina (remodelação tecidual e ↓contração) Ma ma - Estimula o desenvolvimento lobular-alveolar; - Antagoniza a prolactina (PRL) da ½ até o final da gravidez → impede a síntese de proteínas do leite antes do parto Tegu ment o - Juntamente ao estrogênio, aumenta a síntese de colágeno e diminui a sua quebra ao suprimir as MMPs SN C - Atua no hipotálamo para aumentar o ponto de termorregulação, elevando a temperatura corporal (base para a utilização da TCB para determinar a ovulação → progesterona se eleva 48-72 após a ovulação); - Depressor do SNC: a queda da progesterona pela morte do corpo lúteo é a base da disforia pré-menstrual (síndrome pré-mesntrual); - Também atua no tronco encefálico, sensibilizando a resposta ventilatória ao PCO2 → aumento da ventilação OBS.: AÇÃO ANTIESTROGÊNICA DA PROGESTERONA – FEEDBACK NEGATIVO SOBRE O ESTROGÊNIO A progesterona se opõe às ações proliferativas do 17β-estradiol: Diminui (down-regulates) a expressão do receptor de estrógeno (ER); Induz isoformas inativadoras de 17β-HSD, desta forma convertendo o 17β-estradiol ativo em estrona inativa. Esta oposição às ações mitogênicas de 17β-estradiol pela progesterona é importante para proteger o endométrio uterino do câncer uterino induzido pelo estrógeno. Em contraste, a administração de "estrógeno sem oposição" para mulheres aumenta significativamente o risco de câncer uterino. Sistema Límbico: exerce influência sobre o perfeito funcionamentodo hipotálamo. As emoções (estresse, depressão, ansiedade, fobias) podem influenciar a liberação pulsátil do GnRH hipotalâmico, culminando por alterar todo o eixo neuroendócrino determinando alteração do ciclo menstrual; Dopamina: inibe a síntese de prolactina, sendo o hormônio tireotrófico (TRH) considerado o maior estimulador da síntese de PRL; Serotonina e Melatonina: são neurotransmissores que influenciam negativamente a secreção de gonadotrofinas; a melatonina é sintetizada na glândula pineal e, se produzida de forma elevada na infância, pode inibir o amadurecimento sexual; Ácido Gama-aminobutírico e ACh: parecem estimular a síntese e liberação de gonadotrofinas; Opioides endógenos: são peptídeos com ação semelhante à morfina que parecem inibir a secreção de gonadotrofinas, modulando o ciclo menstrual; opiodes endógenos podem aumentar ainda mais a secreção dessas substâncias, reduzindo ainda mais os niveis de gonadotrofinas. Endorfinas: são produzidas no hipotálamo a partir do POMC (precursor pró-opiomelanocortina) e possuem atividades diversas, incluindo controle de temperatura, humor e comportamente: 14 • Estudos sugerem que as beta-endorfinas inibem a liberação de FSH e LH pela hipófise → mulheres atletas têm níveis mais elevados de endorfinas cerebrais, as quais podem constituir um dos mecanismos responsáveis pela ocorrência de amenorreia nestas pacientes; • Os níveis de endorfina variam muito durante o ciclo menstrual, com nível máximo na fase lútea e mínimo durante a menstruação. Essa variação pode contribuir para sintomas ciclo-específicos apresentados por mulheres ovulatórias; p.ex.: a disforia pré-menstrual (síndrome pré-menstrual - PMS) experimentada por algumas mulheres na fase pré-menstrual do ciclo pode estar associada à abstinência de opiáceos endógenos. • Encefalinas: funcionam basicamente na regulação do SNA. A pró-encefalina A é o precursor de duas encefalinas de importância primária: metionina- encefalina e leucina-encefalina; • Dinorfinas: produzidos a partir do precursor pró-encefalina B, que tem função semelhante àquela das endorfinas, produzindo efeitos comportamentais e alta potência analgésica. Ácido aracdônico (AA): é precursor das prostaglandinas e outras substâncias. Estudos mostram que o ácido aracdônico e as prostaglandinas favorecem a liberação de gonadotrofinas e o uso de substâncias inibidoras destes ácidos graxos produz efeito contrário; Substância P: é um aminoácido encontrado no intestino, cérebro e nervos periféricos e tem ação de neurotransmissora dos impulsos dolorosos. Sua elevação no SNC está associada à hiperprolactinemia e à consequente diminuição das gonadotrofinas hipofisárias, que pode resultar em distúrbio menstrual. Fatores de crescimento locais interferem na atividade do FSH, tanto positivamente quanto negativamente: • Fatores que aumentam a atividade do FSH: fatores insulina símile (IGFs), fator de transformação beta (TGF beta), fator de crescimento dos fibroblastos (FGF) e ativina; • Fatores que inibem as ações do FSH: estão relacionados à atresia folicular; incluem inibina, fator de crescimento epidérmico (EGF), fator de transformação alfa (TGF alfa) e proteínas de ligação do IGF (IGF-BP). 15 Composto por sangue, restos do endométrio (mucosa, secreções, glândulas, vasos sanguíneos), muco cervical etc.; O sangue menstrual é predominantemente arterial, e apenas 25% é de origem venosa. Ele contém restos teciduais, protaglandinas e relativamente grandes quantidades de fibrinolisina do tecido endometrial, impedindo que o sangue menstrual tenha coágulos, a não ser que o fluxo seja muito intenso. DISTÚRBIOS DA MENSTRUAÇÃO DISTÚRBIOS MENSTRUAIS Quando à duração Hipomenorreia Período menstrual < 3 dias Hipermenorreia Período menstrual > 8 dias Quando à quantidade Oligomenorreia Ciclos com intervalos > 35 dias, resultando em ↓quantidade de sangue Menorragia Perda > 80 ml Quanto ao intervalo Polimenorreia Ciclo menstrual a cada 15 dias Proiomenorreia Ciclo menstrual a cada 21 dias Opsomenorreia Ciclo menstrual a cada 30 a 40 dias Espaniomenorreia Ciclo menstrual a cada 2 a 3 meses 16 Menostase: parada brusca da menstruação (influência do SNC sobre o endócrino); Metrorragia: fluxo menstrual irregular e, algumas vezes, prolongado entre períodos menstruais normais; Dismenorreia: períodos menstruais dolorosos; Amenorreia: ausência de períodos menstruais: Primária: a mulher nunca menstruou; Secundária: depois da menarca + ausência de 3 ciclos. OBESIDADE A leptina é uma proteína, produto do gene ob, secretada pelo tecido adiposo, que parece ser a ligação entre o tecido gorduroso periférico e o controle central da puberdade; Na consideração do eixo HHG, geralmente a obesidade não está associada a alterações nos níveis das gonadotrofinas. No entanto, a obesidade parece estar relacionada com: Diminuição da concentração de LH, pelo efeito da obesidade diminuir a amplitude dos pulsos de LH e resposta do gonadotropo ao GnRH; A maior produção de estrogênios, sendo este aumento associado ao peso corporal e proporção de gordura e à diminuição de SHBG como resultado do hiperisulinismo → resultada em maior exposição tissular ao estrogênio livre. Na obesa há menor 2-hidroxilação e maior produção de estrona, substrato de estrogênios mais ativos. Estas modificações resultam na elevação da proporção entre estrogênios ativos e inativos. A obesidade interfere de maneira múltipla no eixo HHG, resultando em alterações puberais, alterações menstruais, anovulação hiperandrogênica, hiperinsulinismo, diminuição na taxa de fecundidade, menopausa precoce, esterilidade e abortamento; Ainda que a maioria das pacientes obesas não manifeste hiperandrogenismo, as pacientes com anovulação crônica hiperandrogênica/síndrome dos ovários policísticos (ACH/SOP) tendem a ser obesas. PERCENTUAL DE GORDURA Estima-se em torno de 22% a quantidade de gordura corporal necessária para manutenção do ciclo menstrual e 17% seria a quantidade mínima de gordura para desencadear a menarca. EXERCÍCIO FÍSICO A prática de exercícios extenuantes, particularmente corridas de longa distância, tem sido associada com vários distúrbios do ciclo menstrual, incluindo retardo puberal, defeitos na fase lútea, anovulação e amenorreia; A secreção de GnRH no núcleo arqueado é controlada pelo sistema catecolaminérgico: noradrenalina estimulando e dopamina inibindo, além de outros neurotransmissores como a serotonina, melatonina e as endorfinas; As β-endorfinas são consideradas neurotransmissores, neuro-hormônios e neuromoduladores. Elas podem influenciar uma variedade de funções hipotalâmicas, incluindo regulação da reprodução, com efeito inibitório na liberação de GnRH, temperatura, função cardiovascular e respiratória, bem como funções extra hipotalâmicas, tais como percepção dolorosa e humor; - O TREINAMENTO FÍSICO PARECE ESTAR ASSOCIADO COM DOIS TIPOS DE CICLOS ANOVULATÓRIOS: O primeiro tipo seria decorrente de uma insuficiência estrogênica, impedindo o pico de LH no meio do ciclo, imprescindível para a ovulação; 17 No segundo o estrógeno é normal, mas haveria uma insensibilidade hipofisária ao mesmo, com perda da retroalimentação positiva do estrógeno, cujo pico não seria sucedido pela elevação de LH. COMPOSIÇÃO O muco cervical é produzido pela atividade biossintética das células de secreção do cérvix, e contém 3 componentes importantes: Moléculas de muco: apresentam 2 propriedades importantes: (1) podem se unir para formar polímeros ou uma ampla cadeia tridimensional (gel); e, como são glicoproteínas, (2) suas propriedades podem variar bastante; Água; Componentes químicos e bioquímicos: NaCl, cadeias de proteínas, enzimas etc. Ao mesmo tempo, o cérvix apresenta 4 tipos de criptas diferentes (G, L, S e P) que produzem 4 tipos de muco: G, L, S e P, que possuem funções específicasno processo reprodutivo. Além disso, entre as aberturas das criptas há células (células F) que não são diferenciadas e produzem o muco F, provavelmente sem qualquer função fisiológica. Assim, diferentes tipos de muco são produzidos (p.ex.: G, L, S e P) por formarem-se diferentes cadeias ou tipos de gel; Há também duas reentrâncias vaginais na parte distal da vagina (bolsas de Shaw), responsáveis por reabsorver água e matéria de baixo peso molecular influencia na viscosidade do muco produzido pelas criptas. Biossíntese: sua biossíntese é complexa, sendo que as células epiteliais podem ser estimuladas pelo estrogênio (células S, L ou P) ou pela progesterona (células G): 1) O hormônio liga-se a um receptor no citoplasma e a seguir é transportado para o núcleo da célula; 2) O complexo receptor + hormônio ativa partes do DNA, produzindo RNA que leva a mensagem genética para um local da célula onde os aminoácidos serão organizados na sequência correta para formar o núcleo de proteína da molécula; 3) Ligam-se ao núcleo proteico carboidratos e enzimas; 18 4) Pode resultar em diferentes composições, dependendo da célula que foi acionada pelo hormônio. A resposta celular aos estímulos hormonais é relativamente lenta (várias horas), mas as células S e P parecem ter acesso a um mecanismo muito mais rápido, a partir do estímulo da NA que age sobre receptor beta localizado na membrana celular, responsável por uma reposta “instantânea” (alguns minutos) que algumas mulheres sentem quando submetidas a alguma grande tensão ou distúrbio emocional repentino; Outras substâncias (íons, cadeias de proteínas, enzimas) podem alterar a interação das moléculas de muco e, consequentemente, suas propriedades biofísicas; TIPOS DE CRIPTA/MUCO Muco G Estimulado pela progesterona (na primeira fase não-fértil, o nível de progesterona permanece baixo, mas suficiente para estimular as criptas G de forma fraca – muco G-; após a ovulação, os níveis altos de progesterona estimulam fortemente as criptas, produzindo um muco muito denso – G+); Apresenta muita viscosidade e forma um tampão no canal cervical durante o período não-fértil; Não mostra nenhum cristal, mas apresenta células epiteliais (50%), leucócitos (25%) e linfócitos (25%) em quantidades variáveis (inflamações locais podem influenciar nas proporções); Durante a gravidez, o muco G+ é mais viscoso, e é chamado de muco Gp. Muco L É estimulado por níveis médios de estrogênio que aos poucos vão aumentando, causando no início uma leve sensação de umidade; Apresenta viscosidade média, e atrai espermatozoides com más-formações ou que se movem lentamente. Muco S É estimulado por altos níveis de estrogênio e, também, pela NA, resultando em sensação escorregadia ou de lubricidade que continua até o dia de pico (nesse dia, o estrogênio já está baixando, mas a NA causa estimulação do muco S); Muito fluido, se associa à água a fim de facilitar o transporte de espermatozoides pelo canal cervical, que ocorre muito rapidamente; - Forma cristais com configuração de agulhas pequenas e estreitas. Muco P (pico) Costuma estar presente no dia ovulação, e apresenta uma enzima mucolítica associada a grânulos (descrita como secreção Z) que se aderem ao muco; É provavelmente produzida pelas glândulas ou criptas do istmo do cérvix; Tem como função facilitar o movimento de subida do espermatozoide; Seus cristais formam ramificações hexagonais finíssimas. Muco F (fundamental) Assemelha-se ao muco G, e é provavelmente produzido por células fetais remanescentes que recobrem a parede do endocérvice, entre as aberturas das criptas: A teoria de sua origem é reforçada pelo fato de que quanto mais jovem é a mulher, mais abundante é a quantidade de muco desse tipo. Apresenta cristais finíssimos, com a forma de folhas retangulares. Periodicidade da produção do muco: 1) Em dias não férteis: são produzidos os mucos G e quantidade mínimas de F, assim como fluido vaginal, havendo reabsorção ativa nas bolsas de Shaw, contribuindo para a secura vaginal: a. Algumas vezes, na mulher jovem, o muco F é muito abundante e, como os processos de reabsorção ainda não se desenvolveram totalmente, tem-se a sensação de secura; b. Em mulheres na menopausa, uma situação semelhante ocorre, já que a reabsorção diminui nesse período. 2) Em dias de possível fertilidade: os níveis elevados de estrogênio estimulam as criptas L, resultando em uma sensação de umidade e viscosidade. Com frequência, há também secreção do muco P que possui atividade mucolítica, e o muco G é desalojado e expelido; 3) Após 2-3 dias: os níveis de estrogênio estimulam as criptas S, e há sensação de umidade e melado, dependendo da presença de muco L e 19 S; o último dia da sensação escorregadia é o ápice (coincide com a ovulação em 80% dos casos): a. Essa fase é geralmente mais longa em mulheres jovens ou em mulheres maduras que já tiveram filhos; 4) Essa sensação é mais curta em mulheres que já atingiram a menopausa ou que tomaram anticoncepcionais por vários anos. Nos dias de infertilidade tardios (que começa no 4º dia após o ápice): o muco G é produzido e forma uma barreira impenetrável no cérvix; nesse momento há pouco muco F e a secreção vaginal é mínima. Ocorre também reabsorção ativa pelas bolsas de Shaw → situação muito semelhante à da primeira fase da infertilidade, Essa observação do muco cervical compõe o MÉTODO DE OVULAÇÃO DE BILLINGS (MOB) ou método do muco cervical, que consiste em registar diariamente a consistência do muco cervical assim como os dias em que tenha relações sexuais, sendo recomendado: Ter relações sexuais em dias alternados durante os dias em que a mulher sente que sua vulva está seca, o que geralmente acontece nos dias finais da menstruação e nos primeiros dias após a menstruação; Ter relações durante a menstruação porque neste período, normalmente, não há risco de engravidar; Não ter relações quando se sentir muito molhada e até 4 dias após o início da sensação molhada. - IDADE, GRAVIDEZ E ANTICONCEPCIONAIS: Jovens púberes: apresentam criptas S bastante numerosas, que normalmente são substituídas por criptas L (processo fisiológico); também pode haver transformação das criptas G → L, assim como a substituição de células secretórias pelo epitélio estratificado que avança de forma centrípeta até a abertura do cérvix; Pré-menopausa: a quantidade de criptas S é bastante reduzida; As transformações L→S e G→L são parcialmente revertidas por alterações: • Durante a gravides: uma gravidez “rejuvenesce” o cérvix em 2-3 anos; • Uso de anticoncepcionais: a cada ano que se toma anticoncepcional, o cérvix “envelhece” um ano; se uma mulher tomar anticoncepcionais durante 10- 15 anos e o suspende para engravidar, pode ter certa dificuldade → a quantidade de criptas S é pequena, e o canal cervical fica muito estreito REGULAÇÃO HORMONAL DO MUCO CERVICAL AO LONGO DO CICLO MENSTRUAL É produzido pelo epitélio glandular do canal endocervical (endocérvice) que é revestido por epitélio colunar; está sujeito às mudanças cíclicas em relação aos níveis plasmáticos hormonais: Estrógeno: estimula a produção de quantidade abundante de muco fino, aquoso (↑H2O) e levemente alcalino, que forma ambiente ideal para o espermatozoide: 20 • Filância: o muco cervical torna-se mais fluido, comparável à clara de ovo, e adquire a capacidade de filância (capacidade de ser distendido entre duas lâminas), tornando-se elástico (uma gota pode ser distendida até 8-12 cm); • Cristalização: baseia-se na propriedade que o muco cervical tem de formar cristais. A cristalização começa a aparecer em torno do 8º dia do ciclo menstrual e se torna típica no período periovulatório; possui como fator determinante o aumento da mucina e de NaCl no muco cervical, que ocorre por ação estrogênica. A cristalização típica em folha de samambaia é característica, quandose notam, ao exame microscópico, cristais apresentando três ramificações ou formações dendríticas terciárias; • O estrógeno também é responsável por aumentar o diâmetro do orifício cervical externo. Progesterona: estimula a produção de muco espesso e levemente ácido, que é prejudicial para o espermatozoide. Durante o ciclo, as condições do muco cervical no momento da ovulação são ideais para penetração e viabilidade dos espermatozoides. FUNÇÕES DO MUCO CERVICAL O muco cervical apresenta como função durante a fase de ovulação: Proteger o espermatozoide do pH ácido da vagina; Filtrar os componentes não espermáticos do sêmen, formando canais que ajudam a direcionar o espermatozoide para dentro do útero; O muco do meio do ciclo também cria um reservatório de espermatozoides, permitindo a sua liberação durante as 24-72 horas seguintes, estendendo o período potencial de fertilização DEFINIÇÃO Caracteriza-se por mulheres na fase reprodutiva que apresentam sintomas no final da fase lútea do seu ciclo menstrual (quando ocorre queda dos níveis de progesterona), sendo essas queixas chamadas de síndrome pré-menstrual (SPM) ou tensão pré-menstrual (TPM). É acompanhado de sintomatologia rica e diversa: Quase 300 sintomas foram relatados e costumam incluir queixas psiquiátricas e físicas; Para a maioria das mulheres, esses sintomas são autolimitados. Entretanto, quase 15% relatam sintomas moderados a intensos e que causam algum grau de incapacidade ou requerem consideração especial. Por outro lado, o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) e a disforia pré-menstrual (DPM) são condições clínicas independentes caracterizadas por incapacidade psicossocial ou funcional concomitante; o TDPM caracteriza-se por sintomas tão intensos que provocam incapacidade funcional significativa (3-5% das mulheres que ovulam apresentam estes sintomas): Depressão do humor, desesperança, alto-depreciação; Ansiedade, tensão; Labilidade afetiva; Raiva, irritabilidade, conflito interpessoal; Diminuição do interesse em atividades habituais; Dificuldade de concentração; Diminuição da energia; Alteração do apetite ou desejos; Alterações no sono; Sensação de estar sobrecarregado ou descontrolado; Sintomas físicos como dor à palpação das mamas, cefaleia, distensão abdominal. Os sintomas da SPM devem começar no mínimo 5-7 dias antes da menstruação, e desaparecer no prazo de até 4 dias após o início da menstruação. FISIOPATOLOGIA Suas causas exatas são desconhecidas, embora vários fatores biológicos tenham sido sugeridos. Entre eles, estrogênio, progesterona e os neurotransmissores, ácido gama-aminobutírico (GABA) e serotonina, têm sido pesquisados com frequência ESTEROIDES SEXUAIS Os sintomas começam após a ovulação e cessam com a menstruação, e são menos comuns nas mulheres com ooforectomia cirúrgica ou com hipofunção ovariana induzida por medicamento, como os agonistas GnRH. Por essa razão, as pesquisas sobre a fisiopatologia da SPM são focadas nos esteroides sexuais. 21 INTERAÇÃO COM SNC O estrogênio e a progesterona influenciam os neurotransmissores do SNC: serotonina, norepinefrina e GABA: O ESTROGÊNIO É PREDOMINANTEMENTE UM ESTIMULADOR; Os progestogênios têm ação inibidora; Especificamente, supõe-se que a SPM esteja, em parte, associada a metabólitos neuroativos da progesterona. Dentre os metabólitos, a alopregnanolona é um modulador potente dos receptores de GABA, e seus efeitos são semelhantes àqueles observados com doses baixas de benzodiazepínicos, barbitúricos e álcool; contudo, os sintomas de mau humor nas mulheres com TDPM talvez sejam causados por um efeito paradoxal da alopregnanolona mediado via receptor GABA. No entanto, esse achado não foi confirmado de forma consistente. SEROTONINA Há evidências a sustentar um papel para a desregulação do sistema serotonérgico na fisiopatologia da SPM. Observou- se redução da atividade serotonérgica na fase lútea. Além disso, ensaios de tratamentos serotonérgicos demonstraram redução dos sintomas nas mulheres com SPM. SRAA – Sistema renina-angiotensina-aldosterona - Os esteroides sexuais também interagem com o SRAA para alterar o equilíbrio hidroeletrolítico; - As propriedades antimineralocorticoides da progesterona e a possível ativação do SRAA pelo estrogênio podem explicar sintomas como inchaço e ganho de peso na SPM. Obs.: lembrando que os níveis de endorfina variam muito durante o ciclo menstrual, com nível máximo na fase lútea e mínimo durante a menstruação. Essa variação pode contribuir para sintomas ciclo-específicos apresentados por mulheres ovulatórias; p.ex.: a disforia pré- menstrual TRATAMENTOS Têm como foco a redução dos sintomas e a modificação do desequilíbrio hormonal subjacente; Varias alterações do estilo de vida e outras intervenções benignas aliviam os sintomas de pacientes com SPM: Eliminação da cafeína da dieta; Abandono do tabagismo; Prática regular de exercícios físicos; Refeições regulares e nutritivas; Sono adequado; Redução do estress. Médicos devem considerar as opções de tratamento em casos leves a moderados, mas se o tratamento falhar é possível que haja indicação para tratamento psiquiátrico. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA ( ISRSS) São considerados o tratamento primário para os sintomas psicológicos de SPM, podendo ser utilizada estratégia de TRATAMENTO INTERMITENTE (DURANTE A FASE LÚTEA) OU DE ESQUEMA CONTÍNUO; Aparentemente a fluoxetina (Prozac) é eficaz no tratamento do TDPM quando administrado durante 1-2 semanas antes da menstruação; Além disso, o uso em curto prazo de ansiolíticos, como alprazolam ou buspirona, produz benefícios para algumas mulheres com ansiedade proeminente (VER TABELA). ESTROGÊNIO E PROGESTERONA Apesar de o desequilíbrio hormonal gonadal estar envolvido na gênese dos sintomas da SPM, a eficácia dos tratamentos envolvendo esteroides sexuais mostrou-se variável: A eficácia mostrou-se altamente variável com a progesterona e, de certo modo, com o estrogênio; Alguns estudos que avaliaram a administração de estrogênio, progesterona e de agente bloqueador da progesterona durante a fase lútea relataram até mesmo piora nos sintomas da SPM. Portanto, é difícil predizer quais pacientes teriam maior probabilidade de serem beneficiadas com a administração exógena desses hormônios; Além disso, são insuficientes os dados que corroboram o uso de ACO combinados com essa indicação. Entretanto, determinados ACO, contendo o progestogênio semelhante à espironolactona, drospirenona, mostraram-se capazes de produzir benefícios terapêuticos em casos com sintomas de SPM e foram aprovados pela FDA para tratamento de TDPM. 22 OUTROS AGENTES Inibidores de prostaglandina: ibuprofeno e naproxeno produzem benefícios em razão dos seus efeitos anti- inflamatórios, melhorando cólicas e cefaleias associadas á SPM; Diuréticos: a espironolactona ou a associação de hidroclorotiazida trianterato, podem ser prescritos para reduzir a retenção hídrica e o edema de MMII; é essencial monitorar possíveis efeitos colaterais, como hipotensão ortostática e hipocalemia; Agonistas do GnRH e androgênicos sintéticos: como o danazol, aliviam os sintomas suprimindo a ovulação; entretanto, seus efeitos colaterais importantes devem ser ponderados contra os possíveis benefícios produzidos em mulheres com distúrbios pré-menstruais; Dieta: pode agravar a SPM, e é possível que alimentos e bebidas com alto teor de açúcar e cafeína piorem os sintomas; Vitaminas: a piroxidina (vitamina B6) e a vitamina E podem agregar benefícios: A piridoxina é um cofator da triptofano-hidroxilase, a enzima-chave na síntese de serotonina. A dose recomendada de piridoxina é 50 a 100 mg/dia, VO, mas devem-se evitar doses acima de 100 mg/dia para prevenir toxicidade por piridoxina. Minerais: a administração de Ca2+ e Mg2+ mostraram benefícios: O magnésio combinado coma vitamina B6 parece reduzir os sintomas pré-menstruais de ansiedade; É provável que os benefícios do cálcio estejam relacionados à melhora de sintomas causados por sua deficiência, como espasmos musculares. A OMS divulga regularmente atualizações do documento “Critérios Médicos de Elegibilidade para Uso de Métodos Anticoncepcionais”, onde cita a relação de critérios clínicos orientar os profissionais de saúde e as usuárias a escolha do método contraceptivo, especificando as situações em que cada método deve ser evitado; a última versão é de 2015; 23 - Basicamente, os métodos são divididos em: Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições; Categoria 2: o método pode ser usado com restrições; deve ser usado com precaução nas situações descritas. As vantagens superam os riscos, mas o acompanhamento médico deve ser mais frequente; Categoria 3: os riscos decorrentes do uso, em geral, superam os benefícios. Quando há uma condição da categoria 3, este método deve ser a última escolha e, se usado, o acompanhamento médico deve ser rigoroso. O uso desse método não é geralmente recomendado a menos que outros métodos mais apropriados não estejam disponíveis ou não sejam aceitáveis; Categoria 4: o método não deve ser usado, pois apresenta um risco inaceitável. - A letra I se refere a iniciar o método em paciente portadora de determinada condição, enquanto a letra C se refere à continuação do método em paciente que desenvolveu tal condição durante sua utilização. Como regra geral, a gravidez é contraindicação para o início de qualquer método, exceto os de barreira e comportamentais, o que torna fundamental a exclusão de gravidez antes de seu início (ver tabelas em anexo). CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANTICONCEPTIVOS EM FUNÇÃO DO TIPO DE CONTRACEPÇÃO Métodos comportamentais Também chamados de métodos de abstinência periódica, resumem-se na observação dos sinais e sintomas que caracterizam as diversas fases do ciclo menstrual, com consequente abstinência sexual periódica; Devem ser abolidos na perimenopausa e junto à menarca, devido à maior prevalência de ciclos irregulares observados nesses períodos; Mulheres com ciclos muito curtos (menores que 26 dias) ou muito longos(maiores que 32 dias) devem evitar estes métodos por sua menor efetividade; O casal deve abster-se de relações sexuais no período fértil, pois a taxa de falha pode chegar a 20% no primeiro ano; Uma vez que o tempo médio de vida de um espermatozoide dentro do trato genital feminino é de 72 horas e o óvulo possui tempo médio de vida de 48 horas, o casal deve permanecer em abstinência por três a quatro dias antes da data presumida da ovulação e por três dias após. Resumidamente, classifica-se os métodos em: Categorias 1 e 2: podem ser utilizados; Categorias 3 e 4: não devem ser utilizados 24 A) MÉTODO OGINO-KNAUS (RITMO, TABELINHA, CALENDÁRIO) A mulher deve ser orientada a registrar a duração do seu ciclo menstrual por, pelo menos, 6 meses; a partir daí, deve ser calculada a diferença entre o ciclo mais longo e o ciclo mais curto. Caso a diferença seja > 10 dias, o método não deve ser usado; O período fértil é calculado pela subtração de 18 do ciclo mais curto e 11 do ciclo mais longo (quando a diferença for < 10 dias); fora deste período, o ato sexual é permitido; P.ex.: paciente registrou seus ciclos menstruais nos últimos oito meses. O ciclo mais curto durou 26 dias e o mais longo 32 dias: Diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto: 32 – 26 = 6 → O método pode ser usado; Cálculo do período fértil: Subtrai-se 18 do ciclo mais curto: 26 – 18 = 8 → Início do período fértil; Subtrai-se 11 do ciclo mais longo: 32 – 11 = 21 → Término do período fértil; O casal deve abster-se de relações sexuais entre o 8º dia e o 21º dia do ciclo menstrual. B) MÉTODO DA TEMPERATURA CORPORAL BASAL (TCB) Baseia-se no aumento da temperatura corporal basal (entre 0,3-0,8oC) que ocorre devido ao aumento dos níveis sérios de progesterona, a qual interfere no centro termorregulador do hipotálamo; A ovulação ocorre geralmente 1 dia antes da elevação e permanece por 11-16 dias: A elevação por pelo menos 11 dias sugere a insuficiência do corpo lúteo, e por mais de 16 sugere gravidez; Na ausência de ovulação não há corpo lúteo, a secreção de progesterona não ocorre e a temperatura se mantém estável → gráfico monofásico; O registro da TCB deve ser diário, pela manhã, após repouso de pelo menos 5 horas, podendo ser realizado por via oral (permanecer debaixo da língua por 5 minutos), retal ou vaginal, com termômetro comum; a mesma via de aferição deve ser utilizada durante todo o período; Críticas ao método: • Vários fatores podem interferir, como infecções (virais ou bacterianas) e insônia; • A aferição diária acarreta ansiedade; • O método não permite prever a ovulação, o que dificulta a contracepção nos dias que a precedem; • Mulheres que apresentam um gráfico claramente bifásico apresentam certamente ciclos ovulatórios, mas traçados monofásicos, quando presentes, requerem a confirmação do estado ovulatório da paciente por outros métodos. Período de abstinência: a mulher deverá se manter em abstinência durante a 1ª fase do ciclo até a manhã do 4º dia, assegurando que o óvulo não é mais fecundável (48 horas de vida média). C) MÉTODO DE BILLINGS OU DO MUCO CERVICAL - Baseia-se na modificação das características do muco cervical ao longo do ciclo menstrual em decorrência da influência hormonal do estrógeno e da progesterona: d) Início da primeira fase do ciclo: o muco não éMétodo sintotérmico - Combinação entre as observações da TCB, o muco cervical e outros parâmetros subjetivos que possam indicar ovulação (dor pélvica, enxaqueca); - A associação visa aumentar a eficiência. E) EJACULAÇÃO EXTRAVAGINAL (COITO INTERROMPIDO) - Baseia-se na interrupção da relação sexual antes da ejaculação; - NÃO deve ser recomendada como método sistemático, pois: Requer grande controle por parte do homem (o que nem sempre ocorre); A ejaculação já ser precedida pela liberação de muco, que pode conter espermatozoides; Apresenta elevado índice de falhas: índice de Pearl > 25%. - Apesar de não recomendada, pode ser útil em situações atípicas, quando não estão disponíveis outros métodos; - Antes do ato sexual, o homem deve urinar e retirar restos de esperma de uma eventual relação anterior. 4.1.1 MÉTODOS DE BARREIRA - Possuem como mecanismo de ação a interposição de uma barreira mecânica ou química que impeça a ascensão de espermatozoides da vagina para o útero. A associação dos dois tipos de métodos aumenta sua eficácia. A)PRESERVATIVO MASCULINO (CONDOM – CAMISA DE VÊNUS) Corresponde a um envoltório de látex que deve ser colocado com o pênis ereto, antes do ato sexual; o mecanismo de ação ancora-se na retenção do esperma perceptível; quando a mulher começa a percebê-lo, o mesmo é espesso e pegajoso → influência da progesterona; 2) À medida que a ovulação se aproxima: o muco vai se tornando elástico, filante, comparável à clara de ovo → influência do estrogênio no meio do ciclo; 3) Após a ovulação: o muco volta a ficar espesso, turvo e perde a distendibilidade. Período de abstinência: da percepção do muco (ou lubrificação vaginal) até 4 dias após a sua percepção máxima; Este método envolve vários fatores subjetivo: a presença de uma infecção vaginal, por exemplo, influencia a percepção das características do muco; Apresenta índices de falha de até 39 em 100 mulheres por ano, sendo as principais causas do insucesso: Ausência de abstenção na fase fértil; Fluxo tardio de muco; Ápice do muco muito precoce; Ausência de percepção da presença de muco; Avaliação precária do muco devido à leucorreia ou sêmen. no preservativo, coibindo seu contato com a vagina, devendo o usuário ser orientado a retirar o ênis da vagina logo apósa ejaculação a fim de evitar que seu conteúdo saia do reservatório após a diminuição da ereção; A curva de temperatura pode ser: - Bifásica: normal; - Monofásica: geralmente anovulatória; - Trifásica, ou com uma segunda fase curta: neste último caso sugestiva de insuficiência lútea ou síndrome do folículo não roto. 25 A validade do preservativo varia, mas geralmente é de 3-5 anos, sendo que as condições de armazenamento influenciam; ALERGIA É A ÚNICA CONDIÇÃO CLÍNICA QUE IMPEDE O SEU USO; - Apresenta índice de Pearl de 2-15%, dependendo do seu uso correto; - Apresenta vantagens e desvantagens: Vantagens: protege contra DST (inclusive HIV e Hepatite B), não depende de controle médico e é de fácil acesso. A proteção contra algumas DST (como o HPV) não é total, pois pode haver contaminação através do contato com a pele não coberta pelo preservativo; Desvantagens: requer motivação e manipulação durante o ato sexual; podem ocorrer roturas do preservativo e reação alérgica ao látex. 16 B) PRESERVATIVO FEMININO (CONDOM FEMININO) Consiste em um tubo de 17cm de comprimento por 8cm de diâmetro de poliuretano, com uma extremidade aberta e outra fechada; 2 anéis flexíveis de poliuretano situam-se em suas extremidades: o anel da extremidade fechada deve ser colocado no fundo da vagina, e o de extremidade aberta é posicionado na fenda vulvar, recobrindo-a parcialmente; Seu mecanismo de ação é o mesmo que o do masculino, e sua colocação precede o ato sexual: pode ser inserido até 8 horas antes do ato, e não é necessário que seja retirado imediatamente após a relação; PODE SER ASSOCIADO A LUBRIFICANTES ESPERMICIDAS, ALÉM DE NÃO SER ALÉRGENO COMO O LÁTEX; Sua taxa de falha oscila entre 5-21% (usos correto e habitual, respectivamente); Também apresenta vantagem e desvantagens: Vantagens: inserção fora do intercurso sexual, menos reação alérgica e menos resistência; Desvantagens: confere proteção parcial para herpes genital e HPV, além de ser pouco estética, de alto custo, provocar desconforto pelo anel interno e provocar ruídos durante o ato sexual, o que pode gerar incômodo intolerante. C) DIAFRAGMA Corresponde a um dispositivo circular flexível coberto por uma membrana de silicone ou látex que é inserido no canal vaginal e deve recobrir o colo uterino a fim de obstruir o óstio cervical externo; É fundamental a adequada orientação médica sobre a sua introdução e retirada; além disso, depende do médico para ser utilizado, pois é necessária avaliação do tamanho adequado para cada paciente → deve ser reavaliado após cada parto e em caso de perda ou ganho de peso; Pode ser associado à substância espermicida, aumentando sua eficácia e simplificando a colocação. O espermicida mais utilizado é o nonoxinol-9 a 2%; Pode ser inserido até 2 horas antes do ato, mas sua remoção só deve ser feita 6-8 horas após o coito (garante maior tempo de exposição do espermatozoide ao espermicida); Apresenta falha variável, de 6% (uso consistentes) a 16% (uso habitual); Restrições ao uso: • Alergia ao látex, história de síndrome do choque tóxico, história de doença valvular cardíaca complicada • (hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, endocardite infecciosa), pacientes virgens, pacientes com infecções vaginais e/ou DIP; • O uso deve ser evitado em pacientes com prolapso uterino, cistocele, retocele, retroversão uterina fixa e em casos de alterações anatômicas (septos vaginais, fístulas e cistos vaginais); - Importante: seu uso aumenta o risco de infecções geniturinárias. A síndrome do choque tóxico raramenteocorre com o seu uso, mas quando ocorre, deriva das cepas de Staphylococcus aureus. D) ESPONJA E CAPUZ CERVICAL - Esponja cervical: dispositivo de poliuretano acompanhado de espermicida descartável e de fácil colocação, que pode ser utilizado por 24 horas e descartado em seguida: Principal limitação: custo (produto importado com custo elevado); Contraindicações: são as mesmas atribuídas ao diafragma; Índice de Pearl: 9-32%. - Capuz cervical: dispositivo de borracha ou látex que se adapta ao colo e se adere a ele por sucção, devendo ser utilizado em conjunto com espermicida; pode ser inserido até 24 horas antes da relação, e retirado 6-8 horas depois: Pode ser utilizado em pacientes com prolapsos, para os quais o diafragma está contraindicado, mas não pode ser utilizado em pacientes com alterações cervicais, virgens e com infecções vaginais e/ou DIP; NÃO É MÉTODO DISPONÍVEL NO BRASIL; Apresenta eficácia semelhante ao diafragma. E) GELEIA ESPERMICIDA - Consiste em substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero, imobilizando ou destruindo os espermatozoides por lesão de sua membrana celular → tanto o homem quanto a mulher podem apresentar reação alérgica; - Devem ser aplicados antes da relação e são efetivos por 2 horas; - Produtos: o mais usado tem como base o nonoxinol-9 a 2%; o octoxinol-9 e o menfegol correspondem a outros agentes que podem ser empregados; - Essas substâncias podem causar microfissuras na mucosa vaginal, aumentando o risco de transmissão do HIV (considerado categoria 4 em pacientes com AIDS); - Apresenta índice de Pearl entre 18-19% (correto e típico, respectivamente); isoladamente, não confere proteção adequada; - Restrições ao uso: história recente de infecção vaginal, baixa ou alta, e existência de IST/AIDS. DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU) - São artefatos de polietileno, com ou sem adição de substâncias metálicas ou hormonais, que exercem efeito anticonceptivo quando colocados dentro da cavidade uterina; - Podem ser classificados basicamente em duas categorias: DIUs não medicados (ou inertes): não contêm ou liberam substâncias ativas; são unicamente constituídos de polietileno; DIUs medicados (ou ativos): além de matriz de polietileno, contêm substâncias (metais ou hormônios) que exercem ação Os métodos comportamentais têm baixa eficácia, alteram o comportamento do casal, dependem da motivação e aprendizado e não protegem contra DST/AIDS. Entretanto, eles devem ser ensinados para situações em que a crença religiosa do casal condene outros métodos. 26 bioquímica local, aumentando a eficácia anticonceptiva. Os mais utilizados são os que contêm cobre ou progesterona. - Atua sobre os óvulos e espermatozoides de várias maneiras, dependendo do DIU utilizado, podendo: Estimular reação inflamatória pronunciada no útero por ser um corpo estranho, levando à concentração de diversos tipos de leucócitos, prostaglandinas e enzimas nos fluidos uterino e tubários aumenta consideravelmente, especialmente nos DIUs com cobre; ou Provocar alterações bioquímicas que interferem no transporte dos espermatozoides no aparelho genital, bem como alterar os espermatozoides e óvulos. a) DIU de cobre - É FEITO DE PLÁSTICO, COM FILAMENTO DE COBRE ENROLADO EM SUA HASTE VERTICAL; - No primeiro ano de uso, as taxas de falhas variam de 0,6% a 1,4%.; nos anos subsequentes é ainda menor. O índice de Pearl é de 0,8%, e a efetividade do método se mantém durante todo o período de uso; - Não há necessidade de períodos de “descanso” para inserir um novo DIU após a mulher ter usado o anterior por um longo período; - Mais utilizado: é o Tcu 380 A, com duração de 10 anos. Existem outros modelos disponíveis: Multiload 375 (MLCu375), Multiload 250 (MLCu250), Cobre T220 (TCu220) e Cobre T200 (TCu200) → os números no nome do dispositivo referem-se à área de superfície em mm2 do cobre exposto na superfície endometrial; - Mecanismo de ação: a presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial induz uma reação inflamatória estéril que produz lesão tecidual mínima, porém espermicida; resulta em: Reação inflamatória do endométrio acompanhada de mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio; Modificações do muco cervical; ↑produção de prostaglandinas e inibiçãode enzimas endometriais; ↓vitalidade e motilidade espermática e ↓sobrevida do óvulo no trato genital (induzido pelos íons de cobre). - Causas mais frequentes de abandono: sangramento aumentado e dor (frequentemente causa alterações do sangramento menstrual, como sangramento de escape ou aumento do fluxo e cólicas), ou o desejo de engravidar; - Benefícios: Método de longa duração: o TCu 380A dura, pelo menos, 10 anos; os DIUs inertes nunca precisam ser trocados; Uma única decisão leva a anticoncepção muito eficaz e duradoura; Não interfere nas relações sexuais e não diminui o apetite sexual nem o prazer; NÃO APRESENTAM OS EFEITOS COLATERAIS DO USO DE HORMÔNIOS; Imediatamente reversível: quando removido, a mulher pode engravidar tão rapidamente quanto uma mulher que não usou o DIU; Não interferem na qualidade ou quantidade do LEITE MATERNO; Pode ser inserido imediatamente após o parto ou após um abortamento induzido (se não houver infecção); Pode ser usado até a menopausa (até um ano ou mais após a última menstruação); Não interage com outra medicação. B) SIU LIBERADOR DE LENONORGESTREL (MIRENA®) – (LNG 20) - Consiste em dispositivo em forma de T com 32x32mm, contendo um reservatório 52 mg de levonorgestrel, que libera 20mcg do progestágeno diariamente (diminui de forma gradual: 15mcg do 2º-5º e 12mcg do 6º-7º ano); - Sua taxa de falhas é de 0,1% no primeiro ano de uso, e seu efeito perdura por 5-7 anos (literaturas recentes consideram que pode ser eficaz por mais tempo); - Mecanismo de ação: resulta dos efeitos da progesterona sobre o epitélio e o muco: • Apresenta efeito antiprolifetivo do endométrio (diminui a sua atividade mitótica) por inibir a resposta ao estradiol (sua alta concentração leva à supressão dos receptores de estradiol), de modo que o endométrio não se torna espesso suficiente para possibilitar a gravidez → impede a implantação embrionária; • Promove o espessamento do muco cervical → dificulta a entrada do espermatozoide (espermomigração); • AFETA O MOVIMENTO DOS ESPERMATOZOIDES DENTRO DO ÚTERO; • Ao mesmo tempo, possibilita boa lubrificação vaginal, pois mantém a produção estrogênica - A maior parte dos ciclos é ovulatório, mas é possível que haja inibição da ovulação (25-50% das mulheres); - Vantagens: ação basicamente local, com poucos efeitos sistêmicos e a diminuição do volume menstrual. Muitas mulheres ficam em amenorreia por atrofia do endometrial (20% no 1º ano e 50% nos 5 anos); - Efeitos colaterais: • Sangramento irregular ou spotting nos primeiros 3-5 meses; é a principal causa de descontinuação do método; • Cefaleia, náuseas, depressão; • Queixas menos comuns são: acne, mastalgia, ganho de peso. - Benefícios: • Efeitos sobre o ciclo menstrual: reduz a quantidade e a duração do fluxo menstrual; reduz a intensidade da dismenorreia. Aprox. 15% das mulheres desenvolvem espaniomenorreia (sangramento com intervalo > 45 dias) no final do 1º ano de uso; • Previne anemia relacionada à perda sanguínea durante a menstruação; 27 NÃO ALTERA A PA, O METABOLISMO DE CARBOIDRATOS E LIPÍDIOS OU AS ENZIMAS HEPÁTICAS; Promove o controle da menorragia; alguns estudos sugerem que o método possa ser um tratamento eficaz para retardar ou evitar algumas indicações de histerectomia. - A profilaxia antibiótica de rotina na colocação do DIU não está indicada e deve ser reservada apenas para pacientes com risco de endocardite; - Idade < 20 anos é fator de risco para DST e o uso do DIU nesta faixa etária poderia permitir que o uso de método de barreira fosse ignorado. INTERCORRÊNCIAS DO USO DO DIU: - Perfuração uterina; - Expulsão: mais frequente no 1º mês após a colocação e em nulíparas; - Dismenorreia e sangramento anormal: podem ser minimizados com AINES e anti-hemorrágicos, como o ácido tranexâmico; - Doença inflamatória pélvica (DIP): estudos recentes (CDC 2015) mostraram que não há evidência consistente entre a utilização de DIU e a ocorrência de DIP. O aumento do risco em usuárias só foi constatado nas primeiras três semanas após a inserção do dispositivo, o que poderia refletir a presença de infecção preexistente e a falta de técnica e de precauções assépticas no momento da inserção; - Penhez ectópica: entre as raras gravidezes ocorridas em uso de DIU, existe maior risco de gestação ectópica (1 em 30) → por não interferir na função ovulatória, existe probabilidade de a gravidez implantar-se fora da cavidade uterina. CONTRAINDICAÇÕES AO USO DO DIU: - Enquadram-se nas classificadas como categoria 3 ou 4 das citadas pela OMS: CONTRACEPÇÃO HORMONAL - São constituídos por estrogênio e progesterona sintéticos; eventualmente um progestogênio isolado é utilizado; - São confeccionados em formulações orais, vaginais, transdérmica, injetável e na forma de implantes; - Mecanismo de ação: 1. Contraceptivos combinados (orais, injetáveis, adesivos e anéis): promovem a anovulação através do bloqueio do eixo HHG: a. Componente progestagênico → ↓secreção de LH (predominantemente); b. Componente estrogênico → ↓secreção do FSH (predominantemente); c. Os folículos ovarianos não amadurecem, não produzem estrogênio e não ocorre o pico de LH no meio do ciclo, que é fundamental para a ovulação. 2. Contraceptivos orais contendo apenas progestogênios (minipílula ou pílula progestinica): agem principalmente atrofiando o endométrio e tornando o muco cervical mais espesso, anterando a moilidade tubária: a. Promovem ciclo ovulatórios em 40% dos casos e, eventualmente, há maturação do folículo ovariano; b. A pílula contendo somente desogestrel 0,075 mg (Cerazette®) é mais efetiva em inibir a ovulação (97% das usuárias) e apresenta índice de Pearl de 0,3 a 0,8 por 100 mulheres/ano, o mesmo das pílulas combinadas. 28 A) ANTICONCEPCIONAIS ORAIS (ACO) Combinados - Caracteriza-se pela associação de estrógenos e progestágenos que varia nas dosagens hormonais e no tipo de progestágeno; - A primeira caixa deve ser iniciada no primeiro dia da menstruação. Caso se opte por iniciá-lo em outra fase do ciclo, deve-se ter certeza da ausência de gravidez e associar método de barreira durante 7 dias após seu início; - As dosagens podem ser: monofásicas, bifásicas ou trifásicas: Monofásicas: é a mais usada, e mantem a mesma dose hormonal durante todo o ciclo; Bifásicas e trifásicas: apresentam variações na quantidade hormonal na tentativa de mimetizar o ciclo. - Mecanismo de ação: além dos efeitos sobre as gonadotrofinas (↓FSH, LH e GnRH), promovem também: Alterações do muco cervical, que se torna mais espesso; Alterações do endométrio, tornando-o atrófico e desfavorável à implantação; Alterações no transporte ovular pelas trompas. - Composição: 1) Estrogênio: o estrógeno usado atualmente é o etinilestradiol. Recentemente, foi lançado pela Bayer um novo anticoncepcional, denominado Qlaira®, contendo valerato de estradiol como estrógeno, um estrógeno natural, e dienogest como progestágeno; 2) Progestágenos: variam nos seus efeitos clínicos, podendo ser derivados da: a. 17-hidroxiprogesterona: i. Nos ACO combinados: acetato de ciproterona e acetato de clormadinona; ii. Nos injetáveis ou implantes: acetato de medroxiprogesterona, acetato de megestrol, acetofenido de di-hidroxiprogesterona; b. 19-nortestosterona: i. Estranos: noretisterona, acetato de noretisterona, acetato de etinodiol, linestrenol e noretinodrel. ii. Gonanos: levonorgestrel, desogestrel, gestodeno, norgestimato e norgestrel; iii. O dienogest é considerado quimicamente híbrido, do tipo pregnano/estrano. c. Espironolactona: drospirenona. 29 - A androgenicidade pode ser resumida da seguinte forma: Derivados da 19-nortestosterona: efeito ANDROGÊNICO; Derivados da espironolactona e 17- hidroxiprogesterona: efeito antiandrogênico (exceto acetatode medroxiprogesterona: efeito androgênico); Efeito antimineralocorticoide: gestodeno e drospirenona. - Classificação dos ACO combinados: em relação à dosagem de estrógenos contida em cada comprimido: Alta: 50 mcg de etinilestradiol (em desuso); Média: 50 mcg de etinilestradiol; Baixa: 30 a 35 mcg de etinilestradiol; Muito baixa: 15 a 20 mcg de etinilestradiol. - ALTAS DOSES DE ESTROGÊNIO: a dosagem de estrogênio > 35mcg ao dia aumenta o risco de tromboembolismo; além disso, o risco de trombose pode ser potencializado em função do progestógeno associado (o de maior risco seria o desogestrel, e o de menor risco o levonorgestrel): O fumo é fator de risco para trombose arterial associado aos ACO: interação sinérgica da nicotina e estrógenos nos fatores de coagulação, na agregação plaquetária associada à ação vasoconstritora da nicotina mediada pelas prostaciclinas → o tabagismo em mulheres > 35 anos constitui contraindicação para uso de ACO combinados (a interrupção do hábito de fumar deve ter ocorrido há, pelo menos, 12 meses para se permitir o uso). - BAIXAS DOSES DE ESTROGÊNIO: a principal vantagem da redução hormonal seria a provável redução do risco cardiovascular. Ao mesmo tempo, doses muito baixas de estrógenos se associam a mais episódios de escape (spotting) e maior probabilidade de ausência de sangramento após interrupção da medicação (↓estrogênico → atrofia); - No que diz respeito à eficácia das diferentes doses, o índice de Pearl é o mesmo independente da concentração de etinil estradiol (EE). - Modo de uso: 1) Os ACO mais utilizados são os de 21 comprimidos, e devem ser iniciados no 1º dia da menstruação; 2) APÓS 21 DIAS, DEVE-SE FAZER 7 DIAS DE PAUSA; 3) Reinicia-se no 8º dia. - Existem também cartelas de 22, 24 (pausa de 4 dias) e 28 dias (uso ininterrupto); - Se usada corretamente, oferece proteção anticoncepcional já no 1º dia do ciclo, mantendo sua efetividade durante todo o período. Pode ser usada da adolescência até a menopausa, sem necessidade de “descanso”. - Contraindicações: categorias 3 e 4 da OMS; - Interações medicamentosas: podem ter sua eficácia diminuída por substâncias que diminuem a quantidade dos componentes esteroides ou alteram sua absorção intestinal: rifampicina, alguns anticonvulsivantes (fenobarbital, carbamazepina, fenitoína, primidona etc.) e alguns antirretrovirais (nelfinavir, ritonavir, lopinavir e nevirapina). Outros medicamentos têm sua ação diminuída pelos ACO, como a metildopa, hipoglicemiantes e a guanetidina; - Efeitos benéficos dos ACO: • Regularizam os ciclos menstruais; • Promovem alívio da Tensão Pré-Menstrual (TPM), melhora do hirsutismo e acne leve; • Diminuem o risco para DIP (50%), gestação ectópica e doença trofoblástica gestacional; • Reduzem o risco de neoplasia de ovário e endométrio, principalmente do primeiro; • Diminuem o fluxo menstrual e a incidência de dismenorreia, sendo também benéficos na endometriose e na hemorragia associada à miomatose uterina, além de diminuir a anemia provocada pelo fluxo menstrual intenso; • Impedem formação de cistos funcionais ovarianos e melhora das doenças benignas da mama; • Aumentam a densidade óssea; • Parecem melhorar a artrite reumatoide e diminuir o risco de miomatose e cisto de ovário; • Previnem endometriose quando utilizados continuamente. - Efeitos colaterais: • Atribuídos aos estrógenos: cefaleia, tonteira, vômito, náusea, edema, irritabilidade e cloasma; • Atribuídos aos progestógenos: depressão, cansaço, alterações da libido, amenorreia, acne e ganho de peso. CONDUTA NO PÓS-PARTO: MULHERES APÓS O PARTO PODEM UTILIZAR ANTICONCEPCIONAIS COMBINADOS? - Recomenda-se que mulheres que estejam amamentando só iniciem o uso de ACO combinados a partir do término do aleitamento ou a partir do sexto mês pós-parto. Caso não esteja amamentando, pode iniciar seu uso a partir da terceira semana pós-parto se não apresentar outros fatores de risco para TVP. Esquecimento da Pílula: O que fazer em caso de esquecimento de uma pílula? - Se esquecer de tomar uma: deve-se tomar a pílula esquecida imediatamente ao lembrar, e tomar a seguinte no horário regular. Toma-se o restante regularmente, uma a cada dia; - Se esquecer de tomar 2 ou mais: orientar o uso de condom, espermicidas ou evitar relações sexuais durante 7 dias; tomar uma pílula imediatamente e contar quantas restam na cartela: • Se 7 ou mais: tomar o restante como de costume; • Se menos de 7: tomar o restante como de costume e iniciar uma nova cartela no dia seguinte após a última pílula da cartela (a menstruação pode ocorrer naquele ciclo). 30 Minipílula - POSSUI DOSE DE PROGESTOGÊNIO DE ½ A 1/10 DOS ACO COMBINADOS; - Como sua eficácia é de aproximadamente 96%, esta medicação não é recomendada como método único, tendo melhor indicação no período da: 1) Lactação: sua menor eficácia é compensada pelo efeito anticoncepcional da lactação → índice de falha de 0,5 em 100 mulheres/ano; 2) Perimenopausa: pela menor fertilidade nesta faixa etária e pelo maior risco de trombose com o uso de ACO combinados. - Promove: espessamento do muco cervical e deciduação do endométrio. A anovulação não é um efeito esperado, ocorrendo em cerca de 40-50% dos ciclos menstruais; - Composição: noretisterona 0,35 mg (Micronor®, Norestin®), levonorgestrel 0,030 mg (Nortrel®), linestrenol 0,5 mg (Exluton®); - Efeitos colaterais: Mulheres que não amamentam: alterações no fluxo menstrual, spotting, amenorreia persistente e fluxo abundante e prolongado; Nas lactantes: pode haver prolongamento da amenorreia, cefaleia e sensibilidade mamária. - Indicações: a maior indicação é na amamentação, podendo ser iniciada a qualquer momento após o parto, mesmo que a paciente esteja amamentando (não prejudica a produção de leite e não há efeitos adversos ao RN). Também pode ser usado no tratamento de doenças mamárias benignas, HAS, coagulopatias e cardiopatias valvares, tabagistas > 35 anos (em contraindicação do uso de estrógenos); - Contraindicações: categorias 3 e 4 da OMS; - Atualmente, há no mercado uma pílula com maior dose de progestogênio (desogestrel 75 mcg – Cerazette®) que tem uma eficácia melhor que as já citadas (Pearl de cerca de 0,2), devido ao maior efeito inibitório sobre a ovulação (anovulação em 97% dos ciclos menstruais). Deve ser utilizada de forma contínua. B) ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS Trimestrais - O método consiste em inibir os picos de estradiol e consequentemente os de LH, evitando com isso a ovulação, além de provocar espessamento do muco cervical e atrofia do endométrio (Pearl de 0,3%); - Entre as formulações, a Depomedroxiprogesterona é a mais empregada (acetato de medroxiprogesterona – AMPD): 1 dose trimestral de 150mg IM suprime a ovulação, geralmente, por 14 semanas; - Administração: desse ser administrada até o 5º dia via IM profunda, e as doses subsequentes a cada 90 dias; não se deve massagear ou colocar bolsa de água quente no local de forma a não acelerar a sua absorção; - Efeitos indesejáveis: • Atraso no retorno da fertilidade (pode chegar a 9 meses após o término do uso), depressão, ganho de peso, alteração da libido e do humor, acne, queda de cabelo, mastalgia, sangramento irregular; • Pode levar a diminuição da densidade óssea (não se mostrou significativa em estudos), que pode ser totalmente reversível após a descontinuação do uso; • SEU USO NÃO AUMENTA O RISCO DE TROMBOSE; • Não foi confirmado maior risco de câncer cervical, de ovário ou hepático entre usuárias de AMPD. - Contraindicações: ver quadro síntese. 31 MENSAIS - Diferencia-se dos ACO combinados por apresentar estrogênio natural na sua composição, ao invés de sintético, conferindo maior segurança no seu uso; - No Brasil, podem ser encontrados nas seguintes associações: • Acetofenido de algestona (di- hidroxiprogesterona) (150
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