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- Medicina da família e comunidade I Fabiana Bilmayer INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST’s) DEFINIÇÃO A denominação doença sexualmente transmissível (DST) foi substituída no Brasil por infecção sexualmente transmissível (IST) pelo Decreto n o 8.901/2016, que modifica o nome do departamento responsável, para explicitar que nem sempre se tem sinais e sintomas. → Em 2016, a OMS passou a recomendar o uso do termo “infecções” em vez de “doenças” sexualmente transmissíveis, uma vez que ter uma doença implica em sintomas e sinais perceptíveis, o que muitas infecções não têm nas fases iniciais ou mesmo por anos. → A sigla DST não deixa de ser utilizada; fica aplicada, portanto, apenas quando uma IST se agrava. ASPECTOS-CHAVES A Organização Mundial de Saúde estima que 500 milhões de casos novos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) curáveis (gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase) acontecem por ano na população mundial. As estimativas sobre as ISTs de origem viral também são muito preocupantes, pois se estimam que 530 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas com o vírus do herpes genital e que mais de 290 milhões de mulheres estejam infectadas pelo papilomavírus humano. Deve ser realizado o acolhimento e o atendimento imediatos da pessoa, a fim de quebrar o ciclo de transmissão, pois um agendamento para outro momento facilitaria o desperdício da oportunidade de tratamento e vínculo. ● Uma das consequências do tratamento inadequado das ISTs é que a infecção pode tornar-se subclínica e o portador permanecer transmitindo a doença. Entre os homens, as ISTs podem causar também infertilidade, carcinoma de pênis e de ânus, entre outras complicações. As ISTs são geralmente assintomáticas, e inclusive as pessoas que apresentam sintomas muitas vezes não reconhecem que a causa seja provavelmente uma IST, o que perpetua a cadeia de transmissão. QUANDO SUSPEITAR DE IST? Provável IST: quando pessoas que têm relações sexuais sem uso de preservativo se apresentam nos serviços de saúde com algum dos seguintes sinais e sintomas: - Lesões genitais - Corrimentos vaginal e/ou uretral - Vesículas e/ou verrugas genitais - Edema e/ou dor escrotal O QUE FAZER? Atualmente, o principal a fazer é a abordagem integral das ISTs, combinando, quando disponível, o rastreamento e o tratamento das assintomáticas e o uso de fluxogramas nas sintomáticas, utilizando laboratório complementar. ÚLCERA GENITAL A úlcera genital representa um achado dos mais prováveis relacionados à IST e tem diferentes formas de apresentação e agentes etiológicos. Ex: herpes genital; sífilis, linfogranuloma venéreo. HERPES GENITAL A herpes genital é causada pelos vírus herpes simples (HSV) tipos 1 e 2. - Medicina da família e comunidade I Fabiana Bilmayer O HSV1 predomina como causador das lesões orais , e o HSV2, das lesões genitais. A maioria das infecções é subclínica (63-87%). Sua evolução é caracterizada por surtos recorrentes com sinais e sintomas menos intensos do que da infecção primária. Além da maior intensidade dos sintomas do primeiro episódio, esse costuma ser mais longo (2-6 semanas) do que as recorrências (que podem durar poucos dias). Caracteriza-se por pequenas lesões ulcerativas na região anogenital, que foram precedidas por lesões vesiculosas isoladas ou agrupadas em “cacho”, sobre base eritematosa*, cujo aparecimento, por sua vez, foi precedido de ardor ou prurido. ● Pode haver corrimento vaginal e/ou uretral. ● Pode ser identificado período prodrômico com ardor, sensibilidade local, dor, prurido e hiperemia. ● A primoinfecção tem quadro mais exuberante e acompanhado de sintomas gerais, tais como febre, mal-estar, adinamia e disúria. TRATAMENTO DA HERPES TRATAMENTO PARA DEMAIS CAUSAS DE ÚLCERA GENITAL SÍFILIS Causada pelo Treponema pallidum, que pode ser adquirida (na maioria das vezes por contato sexual) ou congênita (transmissão da mãe para o filho). ● A sífilis congênita pode ser prevenida durante o pré-natal, quando se deve realizar o teste rápido para rastreá-la em todas as gestantes. É obrigatória a notificação de todos os casos de sífilis (adquirida, gestacional, congênita), em todas as unidades de saúde no Brasil. CLASSIFICAÇÃO DA SÍFILIS ● Recente (menos de 1 ano de duração) - Primária - Secundária - Latente recente ● Tardia (mais de 1 ano de duração) - Latente tardia - Terciária - Medicina da família e comunidade I Fabiana Bilmayer TRATAMENTO DA SÍFILIS CORRIMENTO URETRAL O corrimento uretral é uma manifestação das uretrites e pode também estar acompanhado de disúria, dor, eritema e prurido uretral. Gonorreia e clamídia em mulheres: cervicites Cervicite mucopurulenta (ou endocervicite) é uma IST caracterizada pela inflamação da mucosa endocervical. Os agentes etiológicos mais frequentes são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Os principais fatores de risco associados são os mesmos relacionados ao corrimento uretral: vida sexual ativa com idade inferior a 25 anos, novas ou múltiplas parcerias sexuais, parcerias com IST, história prévia ou presença de outra IST e uso irregular de preservativo. As mulheres com infecções por clamídia ou por gonorreia são assintomáticas em sua grande maioria (70-80%), sendo geralmente diagnosticadas quando apresentam complicações (dor pélvica, DIP, gravidez ectópica, infertilidade) ou a partir do diagnóstico de uretrite do parceiro . Quando sintomáticas, podem ocorrer: corrimento vaginal, alteração menstrual, dispareunia e disúria. O exame ginecológico pode identificar dor à mobilização do colo e secreção mucopurulenta por orifício externo do colo. Gonorreia no homem: TRATAMENTO DE ESCOLHA PARA O CORRIMENTO URETRAL E CERVICITES HPV – CONDILOMA ACUMINADO PAPILOMA VÍRUS HUMANO A infecção pelo HPV é a IST viral mais frequente. O HPV é um DNA-vírus do grupo papovavírus, com mais de 200 tipos reconhecidos, 40 dos quais podem infectar o trato genital. Em mulheres, o HPV associa-se com risco aumentado para câncer de colo uterino em 19 vezes: de acordo com seu potencial oncogênico, é dividido em dois grupos – baixo risco e alto risco . Os tipos de alto risco oncogênico, quando associados a outros cofatores, têm maior relação com o desenvolvimento das neoplasias intraepiteliais e do câncer invasor do colo uterino, da vulva, da vagina e da região anal. A maioria das mulheres infectadas pelo HPV é assintomática, e, com frequência, a infecção regride espontaneamente sem nenhum tipo de tratamento específico. Entretanto, em alguns casos, pode manifestar-se como uma lesão genital (condiloma acuminado), também conhecida como verruga genital ou “crista de galo”. O diagnóstico do condiloma é basicamente clínico, caracterizando-se pela presença de lesão vegetante característica na região - Medicina da família e comunidade I Fabiana Bilmayer anogenital, única ou múltipla, localizada ou difusa e de tamanho e visibilidade variáveis. TRATAMENTO PARA LESÕES CAUSADAS PELO HPV OUTRAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS - Tricomoníase - HIV - Hepatite B - Hepatite C