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EXCITAÇÃO/CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO TIPOS DE MÚSCULO LISO 1. Músculo Liso Multiunitário: Composto por fibras musculares separadas. Cada fibra opera independentemente das outras e, com frequência, é inervada por uma só terminação nervosa. Cada fibra se contrai independentemente das outras, e o controle é exercido principalmente por sinais nervosos. Exemplos: músculo ciliar do olho, o músculo da íris do olho e os músculos piloeretores. 2. Músculo Liso Unitário: Também chamado de músculo liso visceral (encontrado nas paredes da maioria das vísceras do corpo, incluindo o trato gastrointestinal) ou músculo liso sincicial (interconexões entre as fibras). Massa de centenas a milhares de fibras musculares lisas que se contraem ao mesmo tempo, como uma só unidade (o termo “unitário” provoca confusão porque não significa fibras musculares isoladas). Dispostas em folhetos ou feixes, e suas membranas celulares são aderidas entre si, em múltiplos pontos, de forma que a força gerada em uma fibra muscular pode ser transmitida à seguinte. As membranas celulares são ligadas por muitas junções comunicantes, pelas quais os íons podem fluir livremente de uma célula para a seguinte, de modo que os potenciais de ação ou o simples fluxo de íons, sem potenciais de ação, podem passar de uma fibra para a seguinte e fazer com que se contraiam em conjunto. O controle do músculo é exercido por estímulos não nervosos, em sua maior parte. Exemplos: trato gastrointestinal, os ductos biliares, os ureteres, o útero e muitos vasos sanguíneos. CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO O músculo liso contém filamentos de actina e de miosina, com características químicas semelhantes às dos filamentos de actina e miosina do músculo esquelético, mas não contém o complexo de troponina normal que é necessário para o controle da contração do músculo esquelético. As mesmas forças de atração entre os filamentos de miosina e de actina causam a contração no músculo esquelético e no músculo liso. Em ambos os tipos de músculos, o processo contrátil é ativado por íons cálcio, e o trifosfato de adenosina (ATP) é degradado a difosfato de adenosina (ADP) para fornecer energia para a contração. ESTRUTURA Entre os filamentos de actina na fibra muscular estão os filamentos de miosina. Os filamentos de actina estão ligados aos corpos densos que permitem a transmissão da força de contração. Os filamentos de miosina apresentam pontes cruzadas com polarização lateral, permitindo puxar filamentos de actina dos dois lados, em direções opostas. O músculo liso se contrai em 80% do seu comprimento, enquanto o músculo esquelético, apenas 30%. CONTRAÇÃO TÔNICA PROLONGADA Enquanto a maioria dos músculos esqueléticos contrai e relaxa rapidamente, a maior parte da contração do músculo liso é uma contração tônica prolongada, durando às vezes horas ou até mesmo dias. Baixa frequência de ciclos das pontes cruzadas de miosina: a ligação da miosina com a actina, seguida por desligamento e religamento para o novo ciclo é mais baixa no músculo liso. Baixa energia necessária para manter a contração. Lentidão do início da contração e do relaxamento do tecido muscular liso total. A força de contração é maior do que no músculo esquelético. O “mecanismo de trava” mantém a contração prolongada: uma vez que o músculo liso tenha desenvolvido uma contração completa, a quantidade de excitação pode ser reduzida bem menos que o nível inicial e ainda assim o músculo mantém a força de contração. Estresse-relaxamento do músculo liso: capacidade de restabelecer quase a mesma força original de contração minutos depois de ter sido alongado ou encurtado. REGULAÇÃO DA CONTRAÇÃO PELOS ÍONS CÁLCIO O estímulo inicial para a contração do músculo liso é o aumento intracelular dos íons cálcio. Esse aumento pode ser causado por estimulação nervosa da fibra muscular lisa, estimulação hormonal, estiramento da fibra ou, até mesmo, alteração química no ambiente da fibra. COMBINAÇÃO DOS ÍONS CÁLCIO COM A CALMODULINA O músculo liso não contém troponina, a proteína reguladora que é ativada pelos íons cálcio para provocar a contração no músculo esquelético. As células musculares lisas contêm outra proteína reguladora, chamada calmodulina. O complexo calmodulina-cálcio ativa a miosina quinase que fosforila a cadeia reguladora, iniciando o ciclo e promovendo a contração muscular. Bomba Cálcio: bombeia os íons cálcio para fora da fibra de músculo liso para provocar o relaxamento. Miosina Fosfatase: interrompe o ciclo e cessa a contração. CONTROLE NERVOSO E HORMONAL DA CONTRAÇÃO O músculo liso pode ser estimulado a contrair-se por sinais nervosos, por estímulo hormonal, por estiramento do músculo e de várias outras maneiras. JUNÇÕES NEUROMUSCULARES DO MÚSCULO LISO: as fibras nervosas autônomas formam junções difusas, que secretam a substância transmissora na matriz que recobre o músculo liso, a substância transmissora se difunde, então, para as células. o Substâncias excitatórias e inibitórias são secretadas na junção neuromuscular: substancias excitatórias e inibitórias secretadas na junção neuromuscular: o tipo de receptor determina se o músculo liso será excitado ou inibido. o Quando a acetilcolina excita uma fibra muscular, a norepinefrina ordinariamente a inibe. Ao contrário, quando a acetilcolina inibe uma fibra, a norepinefrina usualmente a excita. POTENCIAL DE MEMBRANA E POTENCIAIS DE AÇÃO NO MÚSCULO LISO Repouso: -50 a -60 mv. Os potenciais de ação ocorrem no músculo liso unitário (tal como o músculo visceral). Eles não acontecem normalmente em muitos dos músculos lisos do tipo multiunitário. Os potenciais de ação do músculo liso visceral ocorrem em uma de duas formas: 1. Potenciais em Ponta: Ocorrem na maior parte dos tipos de músculo liso unitário. Desencadeado quando a onda lenta atinge -40mV 2. Potenciais de Ação com Platô O início desse potencial de ação é semelhante ao do potencial em ponta. Entretanto, em vez da rápida repolarização da membrana da fibra muscular, a repolarização é retardada por várias centenas a até 1.000 milissegundos (1 segundo). A importância do platô é que ele pode estar associado à contração prolongada, que ocorre em alguns tipos de músculo liso, como o ureter, útero e tipos de músculo liso vascular. Ondas lentas: não são potenciais de ação. o Alguns músculos lisos são autoexcitatórios, isto é, os potenciais de ação se originam nas próprias células musculares lisas sem estímulo extrínseco. o Essa atividade está frequentemente associada a um ritmo em onda lenta básico do potencial de membrana. A onda lenta típica, em músculo liso visceral do intestino. o São mudanças lentas e ondulatórias no potencial de repouso da membrana. o A importância das ondas lentas é que quando elas têm amplitude suficiente podem iniciar potenciais de ação. As próprias ondas lentas não causam contração muscular. o Quando o potencial de onda negativo dentro da membrana celular aumenta de −60 para −35 mv (o limiar aproximado para provocar os potenciais de ação, na maioria dos músculos lisos viscerais), o potencial de ação se desenvolve e se propaga pela massa muscular e a contração então ocorre. CANAIS DE CÁLCIO E O POTENCIAL DE AÇÃO A membrana celular do músculo liso apresenta canais de cálcio controlados por voltagem e poucos canais de sódio controlados por voltagem (pouca participação do sódio na geração do potencial de ação). O fluxo de íons cálcio, para o interior da fibra é o principal responsável pelo potencial de ação. Os canais de cálcio se abrem muito mais lentamente que os canais de sódio (nas fibras nervosas), e permanecem abertos por tempo muito maior. Essas características explicam, em larga medida, o platô prolongado do potencial de ação de algumas fibras musculares lisas. O cálcio tambémage diretamente sobre o mecanismo contrátil do músculo liso para provocar a contração. PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO GASTROINTESTINAL O trato alimentar abastece o corpo com suprimento contínuo de água, eletrólitos, vitaminas e nutrientes. Isso requer: 1. Movimentação do alimento pelo trato alimentar; 2. Secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos; 3. Absorção de água, diversos eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão; 4. Circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas; 5. Controle de todas essas funções pelos sistemas nervoso e hormonal locais. Cada parte está adaptada às suas funções: para a passagem do alimento, o esôfago; para o armazenamento temporário do alimento, o estômago; para digestão e absorção, o intestino delgado. MOTILIDADE GASTROINTESTINAL ANATOMIA FISIOLÓGICA DA PAREDE GASTROINTESTINAL Parede gastrointestinal é composta por camadas: (1) a serosa; (2) camada muscular lisa longitudinal; (3) camada muscular lisa circular; (4) a submucosa; (5) a mucosa, (6) muscular da mucosa - não participa do peristaltismo; contrai e relaxa, aumentando a superfície de absorção e secreção gastrointestinal. O MÚSCULO LISO GASTROINTENSTINAL FUNCIONA COMO UM SINCÍCIO Apresenta diversos complexos juncionais que permitem a propagação multidirecional do potencial de ação. Existem também conexões entre uma camada e outra sendo que a excitação de uma camada geralmente excita a outra. ATIVIDADE ELÉTRICA DO MÚSCULO GASTROINTESTINAL O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares. Essa atividade consiste em dois tipos básicos de ondas elétricas: (1) ondas lentas; e (2) potenciais em espícula. ONDAS LENTAS: A maioria das contrações gastrointestinais ocorre ritmicamente, e o ritmo é determinado, em grande parte, pela frequência das chamadas “ondas lentas” do potencial da membrana do músculo liso. Essas ondas não são potenciais de ação. Em vez disso, são variações lentas e ondulantes do potencial de repouso da membrana. As ondas lentas geralmente não causam por si sós a contração muscular, na maior parte do trato gastrointestinal, exceto talvez no estômago. Mas basicamente estimulam o disparo intermitente de potenciais em espícula e estes, de fato, provocam a contração muscular. POTENCIAIS EM ESPÍCULA/EM PONTA Os potenciais em espícula são verdadeiros potenciais de ação. Ocorrem, automaticamente, quando o potencial de repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal fica mais positivo do que cerca de −40 mv. o Potencial de repouso da membrana nas fibras do músculo liso do intestino: −50 a −60 mv. Quanto maior o potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em espícula. No músculo liso gastrointestinal, os canais responsáveis pelos potenciais de ação (canais para cálcio-sódio) permitem que grande quantidade de íons cálcio entre junto com quantidades menores de íons sódio. Esses canais se abrem e fecham com mais lentidão que os rápidos canais para sódio das fibras nervosas. A lenta cinética de abertura e fechamento dos canais para cálcio-sódio é responsável pela longa duração dos potenciais de ação. A movimentação de quantidade de íons cálcio para o interior da fibra muscular durante o potencial de ação tem papel especial na contração das fibras musculares intestinais. MUDANÇAS NA VOLTANGEM DO POTENCIAL DE REPOUSO DA MEMBRANA Potencial de repouso = -56mv. Despolarização: potencial fica menos negativo e as fibras musculares ficam mais excitáveis. Hiperpolarização: potencial fica mais negativo e as fibras musculares ficam menos excitáveis. Fatores que despolarizam a membrana: 1. Estiramento do músculo. 2. Estimulação pela acetilcolina, liberada a partir das terminações dos nervos parassimpáticos. 3. Estimulação por diversos hormônios gastrointestinais específicos. Fatores que hiperpolarizam a membrana: 1. Efeito da norepinefrina ou da epinefrina, na membrana da fibra. 2. Estimulação dos nervos simpáticos que secretam principalmente norepinefrina em seus terminais ENTRADA DE ÍONS CÁLCIO PROVOCA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO A contração do músculo liso ocorre em resposta à entrada de íons cálcio na fibra muscular. Os íons cálcio, agindo por meio de mecanismo de controle pela calmodulina, ativam os filamentos de miosina na fibra, fazendo com que forças de atração se desenvolvam entre os filamentos de miosina e os filamentos de actina, acarretando contração muscular. As ondas lentas não estão associadas à entrada de íons cálcio na fibra do músculo liso (somente provocam entrada de íons sódio). Portanto, as ondas lentas, por si sós, em geral não causam contração muscular. É durante os potenciais em espícula, gerados nos picos das ondas lentas, que quantidades significativas de íons cálcio entram nas fibras e provocam grande parte da contração. CONTRAÇÃO TÔNICA EM ALGUNS MÚSCULOS LISOS GASTROINTESTINAIS A contração tônica é contínua, não se associa ao ritmo elétrico básico das ondas lentas e, geralmente, dura vários minutos ou até mesmo horas. A contração tônica muitas vezes aumenta ou diminui de intensidade, mas é contínua. A contração tônica pode ser causada por potenciais em espícula repetidos sem interrupção; por hormônios ou por outros fatores que produzem a despolarização parcial contínua da membrana do músculo liso, sem provocar potenciais de ação; pela entrada contínua de íons cálcio, no interior da célula, que se dá por modos não associados à variação do potencial da membrana. CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO GASTROINTESTINAL – SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio, denominado sistema nervoso entérico, que está localizado inteiramente na parede intestinal, começando no esôfago e se estendendo até o ânus, importante no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal. O sistema nervoso entérico é composto basicamente por dois plexos: 1. PLEXO MIOENTÉRICO: Plexo externo, também chamado de plexo de Auerbach. Controla quase todos os movimentos gastrointestinais. Como o plexo mioentérico se estende por toda a parede intestinal localizada entre as camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele participa do controle da atividade muscular por todo o intestino. Efeitos de quando é estimulado: a) Aumento da contração tônica ou “tônus” da parede intestinal; b) Aumento da intensidade das contrações rítmicas; c) Ligeiro aumento no ritmo da contração; d) Aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias, ao longo da parede do intestino, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais. Possui também neurônios inibitórios: terminais de suas fibras secretam transmissor inibitório, possivelmente o polipeptídeo intestinal vasoativo ou algum outro peptídeo inibitório. Os sinais inibitórios são úteis para a inibição dos músculos de alguns dos esfíncteres intestinais, que impedem a movimentação do alimento pelos segmentos sucessivos do trato gastrointestinal (esfíncter pilórico, que controla o esvaziamento do estômago para o duodeno; esfíncter da valva ileocecal, que controla o esvaziamento do intestino delgado para o ceco). 2. PLEXO SUBMUCOSO: Plexo interno, localizado na submucosa, também chamado de plexo de Meissner. Controla basicamente a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. Função de controle na parede interna de cada diminuto segmento do intestino. Sinais sensoriais se originam do epitélio gastrointestinal e são integrados no plexo submucoso, para ajudar a controlar a secreção intestinal local, a absorção local e a contração local do músculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal. As fibras extrínsecas simpáticas e parassimpáticas se conectam com o plexomio entérico e com o submucoso. Embora o sistema nervoso entérico possa funcionar independentemente desses nervos extrínsecos, a estimulação pelos sistemas parassimpático e simpático pode intensificar muito ou inibir as funções gastrointestinais. NEUROTRANSMISSORES TRANSMITIDOS POR NEURÔNIOS ENTÉRICOS (1) acetilcolina, (2) norepinefrina; (3) trifosfato de adenosina; (4) serotonina; (5) dopamina; (6) colecistocinina; (7) substância P; (8) polipeptídeo intestinal vasoativo; (9) somatostatina; (10) leuencefalina; (11) metencefalina; e (12) bombesina. Acetilcolina: na maioria das vezes, excita a atividade gastrointestinal. Norepinefrina: quase sempre inibe a atividade gastrointestinal Epinefrina: quase sempre inibe (chega ao trato gastrointestinal principalmente pelo sangue, depois de ser secretada na circulação pela medula adrenal). CONTROLE AUTÔNOMO DO TRATO GASTROINTESTINAL A ESTIMULAÇÃO PARASSIMPÁTICA AUMENTA A ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO: Acetilcolina/ Exceto por poucas fibras parassimpáticas para as regiões bucal e faringianas do trato alimentar, as fibras nervosas parassimpáticas cranianas estão quase todas nos nervos vagos. Essas fibras formam a extensa inervação de esôfago, estômago e pâncreas e menos extensas na inervação dos intestinos, até a primeira metade do intestino grosso. As regiões sigmoides, retal e anal são mais bem supridas de fibras parassimpáticas do que as outras regiões intestinais. Essas fibras funcionam, em especial, para executar os reflexos da defecação. A inervação parassimpática do intestino divide-se em divisões cranianas e sacrais: Fibras cranianas: inerva do esôfago até a primeira metade do intestino grosso e estão quase todas no nervo vago. Fibras sacrais: originam-se de S2-S4 (nível medular) e passam através dos nervos pélvicos até a metade distal do intestino grosso ao ânus. Executam reflexo da defecação. Neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático gastrointestinal: estão localizados, em sua maior parte, nos plexos mioentérico e submucoso. A estimulação desses nervos parassimpáticos causa o aumento geral da atividade de todo o sistema nervoso entérico, o que, por sua vez, intensifica a atividade da maioria das funções gastrointestinais. A ESTIMULAÇÃO SIMPÁTICA, EM GERAL, INIBE A ATIVIDADE DO TRATO GASTROINTESTINAL: O simpático inerva igualmente todo o trato gastrointestinal, sem as maiores extensões na proximidade da cavidade oral e do ânus, como ocorre com o parassimpático. Os terminais dos nervos simpáticos secretam principalmente norepinefrina (noradrenalina) e epinefrina. Nível medular: T5 – L2. A estimulação do sistema nervoso simpático inibe a atividade do trato gastrointestinal por dois modos: 1. Pequeno grau: por efeito direto da norepinefrina secretada, inibindo a musculatura lisa do trato intestinal (exceto o músculo mucoso, que é excitado). 2. Maior grau: por efeito inibidor da norepinefrina sobre os neurônios de todo o sistema nervoso entérico. Obs.: A intensa estimulação do sistema nervoso simpático pode inibir os movimentos motores do intestino, de tal forma que pode, literalmente, bloquear a movimentação do alimento pelo trato gastrointestinal. REFLEXOS GASTROINTESTINAIS A disposição anatômica do sistema nervoso entérico e suas conexões com os sistemas simpático e parassimpático suportam três tipos de reflexos que são essenciais para o controle gastrointestinal: 1. Reflexos completamente integrados na parede intestinal do sistema nervoso entérico Esses reflexos incluem os que controlam grande parte da secreção gastrointestinal, peristaltismo, contrações de mistura, efeitos inibidores locais. 2. Reflexos do intestino para os gânglios simpáticos pré-vertebrais e que voltam para o trato gastrointestinal Esses reflexos transmitem sinais por longas distâncias, para outras áreas do trato gastrointestinal, tais como: Sinais do estômago que causam a evacuação do cólon (o reflexo gastrocólico). Sinais do cólon e do intestino delgado para inibir a motilidade e a secreção do estômago, inibe o esvaziamento gástrico (os reflexos enterogástricos). Reflexos do cólon para inibir o esvaziamento de conteúdos do íleo para o cólon (o reflexo colonoileal). 3. Reflexos do intestino para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o trato gastrointestinal Reflexos do estômago e do duodeno para o tronco cerebral, que retornam ao estômago — por meio dos nervos vagos — para controlar a atividade motora e secretória gástrica. Reflexos de dor que causam inibição geral de todo o trato gastrointestinal. Reflexos de defecação que passam desde o cólon e o reto para a medula espinal e, então, retornam, produzindo as poderosas contrações colônicas, retais e abdominais, necessárias à defecação (os reflexos da defecação). CONTROLE HORMONAL DA MOTILIDADE GASTROINTESTINAL Os hormônios gastrointestinais são liberados na circulação porta e exercem as ações fisiológicas em células-alvo, com receptores específicos para o hormônio. Os efeitos dos hormônios persistem mesmo depois de todas as conexões nervosas entre o local de liberação e o local de ação terem sido interrompidas. GASTRINA: Secretada pelas células “G” do antro do estômago em resposta aos estímulos associados à ingestão de refeição, tais como a distensão do estômago, os produtos da digestão das proteínas e o peptídeo liberador de gastrina, que é liberado pelos nervos da mucosa gástrica, durante a estimulação vagal. As ações primárias da gastrina são: 1. Estimulação da secreção gástrica de ácido. 2. Estimulação do crescimento da mucosa gástrica. COLECISTOCININA (CCK) Secretada pelas células “I” da mucosa do duodeno e do jejuno em resposta aos produtos da digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais. 1. Contrai, fortemente, a vesícula biliar, expelindo bile para o intestino delgado, onde a bile tem funções importantes, na emulsificação de substâncias lipídicas, permitindo sua digestão e absorção. 2. Inibe, ainda que moderadamente, a contração do estômago. Assim, ao mesmo tempo em que esse hormônio causa o esvaziamento da vesícula biliar, retarda a saída do alimento no estômago (inibe esvaziamento gástrico), assegurando tempo adequado para a digestão de gorduras no trato intestinal. 3. Inibe o apetite para evitar excessos durante as refeições, estimulando as fibras nervosas sensoriais aferentes no duodeno; essas fibras, por sua vez, mandam sinais por meio do nervo vago para inibir os centros de alimentação no cérebro. SECRETINA Secretada pelas células “S” da mucosa do duodeno, em resposta ao conteúdo gástrico ácido que é transferido do estômago ao duodeno pelo piloro. 1. Pequeno efeito na motilidade do trato gastrointestinal. 2. Promove a secreção pancreática de bicarbonato que, por sua vez, contribui para a neutralização do ácido no intestino delgado. PEPTÍDEO INSULINOTRÓPICO DEPENDENTE DA GLICOSE (GIP) Também chamado de Peptídeo Inibidor Gástrico É secretado pela mucosa do intestino delgado superior (células “K” do duodeno e jejuno), principalmente, em resposta a ácidos graxos e aminoácidos, mas, em menor extensão, em resposta aos carboidratos. 1. Efeito moderado na diminuição da atividade motora do estômago por meio da inibição da secreção de ácido gástrico e, assim, retarda o esvaziamento do conteúdo gástrico no duodeno, quando o intestino delgado superior já está sobrecarregado com produtos alimentares. 2. Em níveis sanguíneos inferiores aos necessários para inibir a motilidade gástrica, também estimula a secreção de insulina. MOTILINA Secretada pelo estômago e pelo duodeno superior (células “MO” do duodeno e jejuno) durante o jejum. 1. Função de aumentar a motilidade gastrointestinal. 2. A motilina é liberada, ciclicamente, e estimula as ondas da motilidade gastrointestinal denominadas complexosmioelétricos interdigestivos que se propagam pelo estômago e pelo intestino delgado a cada 90 minutos na pessoa em jejum. Hormônio Estímulos para Secreção Locais de Secreção Ações Gastrina Distensão; Digestão das proteínas; Nervos da mucosa gástrica durante estimulação do nervo vago. Células “G” do antro do estômago, duodeno e jejuno. Secreção gástrica de ácido. Crescimento da mucosa gástrica. Colecistocinina Digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais. Células “I” da mucosa do duodeno, jejuno e íleo. Contrai a vesícula biliar. Inibe a contração do estômago (inibe esvaziamento gástrico). Inibe o apetite. Secreção da enzima pancreática. Crescimento do pâncreas exócrino. Secretina Conteúdo gástrico ácido transferido do estômago ao duodeno pelo piloro. Células “S” da mucosa do duodeno, jejuno e íleo. Secreção pancreática de bicarbonato. Secreção de bicarbonato biliar. Promovendo a neutralidade do ácido no intestino delgado. Peptídeo Inibidor Gástrico Ácidos graxos; Aminoácidos; Proteína; Gordura; Carboidratos. Células “K” do duodeno e jejuno. Estimula liberação de insulina. Diminui atividade motora do estômago (inibe secreção de ácido gástrico). Motilina Gordura; Ácido; Nervo. Células “MO” do duodeno e jejuno. Estimula as ondas da motilidade gastrointestinal. TIPOS FUNCIONAIS DE MOVIMENTOS NO TRATO GASTROINTESTINAL No trato gastrointestinal ocorrem dois tipos de movimentos: 1. Movimentos propulsivos: fazem com que o alimento percorra o trato com velocidade apropriada para que ocorram a digestão e a absorção. 2. Movimentos de mistura: mantêm os conteúdos intestinais bem misturados todo o tempo. MOVIMENTOS PROPULSIVOS – PERISTALTISMO O movimento propulsivo básico do trato gastrointestinal é o peristaltismo. PERISTALTISMO: um anel contrátil, ao redor do intestino, surge em um ponto e se move para adiante; segundo um mecanismo análogo a se colocar os dedos ao redor de um tubo fino distendido, apertar o tubo e escorregar os dedos para diante. Qualquer material à frente do anel contrátil é movido para diante. O peristaltismo é propriedade inerente a muitos tubos de músculo liso sincicial. Obs.: peristaltismo também ocorre nos ductos biliares, nos ductos glandulares, nos ureteres e em muitos tubos de músculos lisos do corpo. PORQUE OCORRE: estimulação em qualquer ponto do intestino pode fazer com que um anel contrátil surja na musculatura circular, e esse anel então percorre o intestino. O estímulo usual do peristaltismo intestinal é a distensão do trato gastrointestinal. Outros estímulos podem deflagrar o peristaltismo como a irritação química ou física do revestimento epitelial do intestino; Intensos sinais nervosos parassimpáticos para o intestino (provocarão forte peristaltismo). COMO OCORRE: Grande quantidade de alimento se acumula em qualquer ponto do intestino. Distensão da parede estimula o sistema nervoso entérico a provocar a contração da parede 2 a 3 centímetros atrás desse ponto. Faz surgir um anel contrátil que inicia o movimento peristáltico. FUNÇÃO DO PLEXO MIOENTÉRICO NO PERISTALTISMO: o peristaltismo é apenas fraco ou não ocorre nas regiões do trato gastrointestinal em que exista ausência congênita do plexo mioentérico. Também fica bastante deprimido ou completamente bloqueado em todo o intestino, quando a pessoa é tratada com atropina para bloquear a ação dos terminais nervosos colinérgicos do plexo mioentérico. Portanto, o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico ativo. LEI DO INTESTINO As ondas peristálticas movem-se na direção do ânus com o relaxamento receptivo a jusante: “Lei do Intestino”. Quando um segmento do trato intestinal é excitado pela distensão e, assim, inicia o peristaltismo, o anel contrátil que causa o peristaltismo normalmente começa no lado oral do segmento distendido e move-se para diante, para o segmento distendido, empurrando o conteúdo intestinal na direção anal por 5 a 10 centímetros antes de cessar. Ao mesmo tempo, o intestino relaxa vários centímetros adiante, na direção do ânus, o que é chamado “relaxamento receptivo”, permitindo que o alimento seja impulsionado mais facilmente na direção anal do que na direção oral. Esse padrão complexo não ocorre na ausência do plexo mioentérico. Portanto, o padrão é denominado reflexo mioentérico ou reflexo peristáltico. O reflexo peristáltico e a direção anal do movimento do peristaltismo constituem a chamada “lei do intestino”. MOVIMENTOS DE MISTURA Os movimentos de mistura diferem nas várias partes do trato alimentar. Em algumas áreas, as próprias contrações peristálticas causam a maior parte da mistura, o que é especialmente verdadeiro quando a progressão dos conteúdos intestinais é bloqueada por esfíncter, de maneira que a onda peristáltica possa, então, apenas agitar os conteúdos intestinais, em vez de impulsioná- los para frente. Em outros momentos, contrações constritivas intermitentes locais ocorrem em regiões separadas por poucos centímetros da parede intestinal. Essas constrições geralmente duram apenas de 5 a 30 segundos; então, novas constrições ocorrem em outros pontos no intestino, “triturando” e “separando” os conteúdos aqui e ali. Os movimentos peristálticos e constritivos são modificados em diferentes partes do trato gastrointestinal para propulsão e mistura adequadas.
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