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Para urna Agricultura Saudável LIVROS VI ORGÂNI DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS SUMÁRIO PREFÁCIO 03 1. Conceitos e Funda mentas................................. 07 2. Uso de Produtos Alternativos............................. 15 3. Defensivos Alternativos e Natura is . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . 23 4. Armadilhas e Iscas.......................................... 25 5. Controle Biológico . . . . .. . . . . . .. . . . . .. .. . . . .. . . . . . .. . . . . . .. . . . 34 Predadores de pragas . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .. 36 Parasito ides de pragas . . . .. . .. . . . . . .. . . . . . .. . . . . . .. . . . . .. . . 38 Patógenos de pragas .. . . . . . . . . .. .. . . . .. . . . . . .. .. . . . ... . . . .. 39 6. Calda Biofe rtilizante . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . .. . .. . . .. . . . . .. 49 7. Caldas Fertiprotetoras . . . . . . .. . . . . . .. .. . . .. . . . . . .. . . . . . .. 59 Calda Bordalesa ............................................. 59 Calda Viçosa .................... ............................. 62 Calda Sulfocálcica . . .. . . . . . .. . . . . . .. .. .. .. . .. . . .. .. . .. ... . . . 65 8. Uso de Minera is e suas misturas . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . 71 9. Plantas Defensivas . . . . . . .. . . . . . . . ... . .. . ... .. . ... . . . ... . . . . 85 Potencial de uso de Plantas Defensivas ... . .. . .. . .. . 107 10. Métodos de Preparação de Extratos de Plantas Defensivas...................................................... 109 11. Defensivos Orgânicos e Naturais ................. .. ... 114 12. Principais Pragas e o Controle Alternativo . . . . . . .. . . 133 - Pragas dos grãos armazenados . . . . . . . . . . .. . . .. . . .. . . 143 - Tratamento de pragas domésticas . . . .. .. . . .. . .. .. . . 148 5 Sllv io Roberto Penteado SUMÁRIO - Continuação 13. Desinfecção de Solos Conta minados .. .. . . ... .. .. . . 150 14. Contra le Natura I de Saúvas . .. . . . .. . . . . .. . . . . . .. . . . .. . 154 15. Sugestão de Tratamento Alternativo de Pragas e Doenças nas Culturas Comerciais ................ . 16. Manejo de Pragas e Doenças no Sistema Orgâ- n IC O .••.....•..•........••.•••••..••••.•.•......••••..•••.•••. 17. Tratamento Alternativo da Criação Anima 1. ....... 18. Cuidados Gerais no Manuseio e Aplicação de Defensivos Agrícolas .................................... . Bibliografia Citada e Consultada .................... .. 6 158 165 174 178 181 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Capítulo 1 ••••••••••••••••••••••••••••••••• CONCEITOS E FUNDAMENTOS A agricultura ecológica não emprega agrotóxicos para controle dos insetos nocivos e patógenos que podem causar prejuízos para as plantas, para o homem e natureza. O princí- pio é fazer o cultivo num solo e ambiente regenerados e com isso obter uma planta resistente, contando com a presença de elevada população de inimigos naturais. Como fatores preponderantes para manter a saúde da planta e baixa ocorrência de pragas e doenças estão a obser- vação da relação planta/solo/ambiente, preservação do meio ambiente, adequado manejo do solo, nutrição equilibrada e cultivo adaptado às condições locais. Estes preceitos estão baseados na teoria de Francis Cha- boussou ( 1987) que afirma que qualquer adubação que deixe a planta em sua condição fisiológica ótima lhe oferece o má- ximo de resistência ao ataque de pragas. Para o mesmo pes- quisador, "os insetos e microrganismos" não são a causa ver- dadeira das moléstias das plantas, pois só atacam plantas ruins ou cultivadas incorreta mente. Por esta razão, quando os princípios ecológicos são seguidos, há redução significativa de danos causados por insetos ou micro-organismos patogênicos. No caso de ocorrer ataques de insetos nocivos ou pató- genos, mesmo tendo feito o cumprimento de todos os precei- tos orgânicos e ecológicos, existem alternativas para substituir os agrotóxicos por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e que não causam desequilíbrio na nature- za. Neste caso, o princípio de atuação destes produtos alter- nativos não é erradicar os insetos ou microrganismos nocivos, mas aumentar a resistência da planta. O produtor deve tirar as dúvidas, conhecer dosagens, época de aplicação e rrétodos para produzir o seu próprio de- fensivo natural. Há grande vantagem em produzir alimentos ecologicamente, sem agrotóxicos : são sadios, saborosos, de elevada cotação comercial e preservam as terras produtivas para as futuras gerações. 7 Sílvio Roberto Penteado Antes de aplicar q ualq ue r produto alternativo para o co n- trole de praga ou doença, certifique-se da espécie de praga e/ou doença presente nas plantas e verifique se realmente o ataque é intenso e justifica uma intervenção. Avalie o custo e as consequências de um trata menta para as condições ecoló- gicas locais. Lembre-se dos conceitos modernos de manejo ecológico no controle de pragas que estabelece que toda pra- ga tem pelo menos um inimigo natural. Toda planta pode suportar um ataque de praga e/ou do- ença, sem dano econômico ou que justifique economica rrente qualquer tratamento. Toda lavoura pode atingir equilíbrio na natureza, pois possui mecanismos naturais de defesa. Todo controle pode ser seletivo. Se houver necessidade de inter- venção para controle da praga e/ou doença, deve-se utilizar produtos com menor efeito sobre os inimigos naturais das pragas. Toda planta com nutrição equilibrada e sadia d ifici l- mente será atacada por pragas e doenças, essa afirmação está baseada na Teoria da Trofobiose. A TEORIA DA TROFOBIOSE Trofo= alimento Biase= existência de vida Portanto, Trofobiose quer dizer que qualquer ser vivo só sobrevive se tiver alimento disponível para se alimentar. A Teoria da Trofobiose, também conhecida corro a teoria da planta equilibrada, é de autoria de Francis Chaboussou e nos diz que uma pia nta cultivada só será atacada por inseto, ácaro, fungo ou bactéria, quando tiver na sua seiva exata mente o alimento que procuram. Neste caso a seiva será formada principalmente por aminoácidos, substâncias simples e solúveis de fácil digestão para insetos ou microorganismos. Uma planta que se encontra num ambiente equilibrado, adaptada ao lugar onde vive, com quantidade e qualidade de nutrientes suficientes no solo rico em vida e condições adequadas de umidade, consegue produzir substâncias complexas corro proteínas e vitaminas, através do seu metabolismo e fotossíntese. Estas plantas dificilmente serão atacadas por "pragas e doenças" já que estes não possuem aparelho digestivo preparado para dissolver substâncias complexas. 8 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS O desequílibrio no ambiente é provocado principalmente pelo homem e suas práticas culturais inadequadas, dentre as quais podemos destacar a monocultura, utilização de adubos químicos, desmatamento, poluição do ambiente etc. TEORIA DA TROFOBIOSE (Troto= alimento Biose= vida) A selva transporta proteínas e aminoácidos, açucares e nitratos para os pontos de crescimento da planta. Nitratos e Proteínas açucares o m ➔- SEIVA Porém, o uso de agrotóxicos, a adubação desequlllbrada e a falta de boas condições ( estiagens, ventos, etc) para a planta atrapalham este mecanismo. SEIVA Quando Isto acontece, a selva fica carregada de aminoácidos livres, açucares e nitratos. Estes são os alimentos preferenciais de fungos, bactérias, ácaros, nematóldes e Insetos. -□ SEIVA fonte: "Teorlo da Trofoblose.francls Chaboussou/Fundaçíio GAIA-2'Ed.Maeo/1995 9 Silv io Roberto Penteado DEFENSIVOS AGRÍCOLAS - CONCEITOS GERAIS De forma gera 1, apenas as técnicas preventivas não_ sã o suficientes para garantir a saúde das plantas nos cult1vos, principalmente em função de variações climáticas bruscas e/ou quando o sistema de produção ainda não está totalmente equilibrado. Nestes casos,lançamos mão de produtos natura is (verdadeiramente defensivos por não agredirem o homem ou ambiente). Os inseticidas natura is podem ser preparados a partir de plantas ou minerais não tóxicos à saúde humana e ao ambien- te. O combate às pragas da lavoura, que pode ser necessário para assegurar a integridade das colheitas, pode acarretar efeitos negativos quando realizado com emprego inadequado de defensivos agrícolas. Entre as piores consequências do uso desses produtos se enumeram a agressão ao meio ambiente (ar, água, solo, flora e fauna), contaminação de alimentos, prejuízos para a saúde de quem os manipula e a progressiva resistência aos agrotóxi- cos pelos seres vivos que se pretende eliminar, exigindo em- prego de pesticidas cada vez mais potentes e em quantidades maiores. Como o próprio nome sugere ("cida" = que mata), os de- fensivos agrícolas são substâncias ou misturas, naturais ou sintéticas, usadas para destruir plantas, animais (principal- mente insetos), fungos, bactérias e vírus que prejudicam as plantações. São classificados em várias categorias: acaricidas, para eliminar ácaros; germicidas, que destroem micro- organismos patogênicos e embriões; fungicidas, que eliminam fungos; herbicidas, que combatem ervas daninhas que brotam no meio de certas culturas e prejudicam seu desenvolvimento· ' raticidas; formicidas; cupinicidas e outros. Já na época neolítica, cerca de 7000 anos a.e., a ocor- rência de pragas já se constituía séria preocupação. Os méto- dos, mais naturais, restringiam-se à seleção de sementes de plantas mais resistentes às pragas agrícolas. Os profetas do Antigo Testamento mencionam nuvens de gafanhotos que destruíam lavouras inteiras, como a que se abateu sobre as margens do Nilo no século 13 a.e. 10 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Foi somente a partir dos séculos 16 e 17 que começaram os estudos científicos referentes às pragas e meios de comba- tê-las. Os primeiros combates em larga escala que obtiveram sucesso foram realizados na Europa, de 1840 a 1860, util izan- do as caldas Bordalesa e Sulfocálcica contra o míldio da videi- ra e outros fungos. Em 1942, o patologista suíço Paul Müller descobriu as propriedades inseticidas de um composto organoclorado já sintetizado em 1874, que passou a ser conhecido corro DDT. Pesquisas com gases venenosos, realizadas pelos alemães durante a segunda guerra mundial, levaram à descoberta de inseticidas ainda mais poderosos, os compostos orga nofosfo- rados. Surgiu daí a ilusão de que se poderia usar inseticidas ca- da vez ma is fortes e deter para sempre o avanço das pragas. Na verdade, não se levou devidamente em conta dois obstá- culos: a possibilidade de que as próprias pragas desenvolves- sem defesas naturais; a cada ano, o crescente número de pragas resistentes a todos os defensivos conhecidos e os da- nos ao meio ambiente, que acabam por afetar o homem. Classificação. Os defensivos agem por contato, enve- nenamento, asfixia ou repelência. Podem ser de origem vege- tal, animal, mineral e produtos orgânicos de síntese. Dentre os inseticidas de origem vegetal, destacam-se os alcaloides de veratrina, anabasina, nicotina, nornicotina, piretrinas, rianodi- na e rote nona. Os de origem animal incluem, por exemplo, as toxinas elaboradas com Bacillus thuringiensis contra lagartas, baculo- vírus contra a lagarta da soja e dezenas de outros produtos utilizados com sucesso no controle biológico. No campo do controle biológico, também é feita criação e disseminação de machos esterilizados. Embora sexualmente potentes esses insetos são estéreis, de modo que os ovos postos pelas fê- meas serão estéreis também. Os inorgânicos ou de origem mineral. Utilizados até a década de 1950, incluem cloretos de mercúrio, arseniatos de chumbo, de cálcio, de sódio, e de a lu mín io, acetoarsen ito de cobre, arsenito de sódio e de bário, criolita e selênio. 11 Silv io Roberto Penteado Os defensivos orgânicos de síntese abrange~ os seguintes conjuntos: organoalogenados (DDT, BHC, lrnda- ne, clordane, heptacloro, aldrin, die ld rin, end rin, etc .)~ org a- nofosforados (azinfos, malation, paration, forato, ox1de_me- ton metilo, etc.); sulfonas e su lfonatos (tetrasul, tetradrfon, fenizon etc.); e os carbamatos (carbaril, isolane etc.) . Grande parte é de uso banido ou proibido nos países desenvolvidos e no Sras il, coroo é o caso do DDT, BHC, parat io n e cianetos. Os fungicidas são produtos espec ialmente ativos que destroem fungos ou paralisam seu crescimento. São aplicados nas folhas e frutos em crescimento, frutas colhidas, sementes e no próprio terreno cultivado. A aplicação é feita principal- mente por aspersão, em tanques acionados por trator. Os fungicidas fertiprotetores, menos agressivos, são mis- turas de água com cal, enxofre e sulfato de cobre que podem ser preparados na propriedade, coroo é o caso da calda borda- lesa, viçosa ou sulfocálcica. Já os germicidas, são substânc ias químicas suficientemente fortes para matar os germes por contato. Os antissépticos inibem o crescimento das bactérias e os desinfetantes matam os microrganismos produtores de moléstias (Etda, 2006). OS RISCOS COM OS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS CONVENCIONAIS O emprego dos defensivos na agricultura, e também na região urbana, oferece grande risco ao homem e ao meio am- biente. Seus efeitos geralmente não podem ser circunscritos à área de aplicação e são sentidos em toda a natureza. Portan- to, devem ser aplicados com parcimônia e orientação técnica. Por exemplo, muitos produtos perigosos são utilizados como inseticida doméstico contra insetos transmissores de doenças infecciosas, tais c~mo aerossóis caseiros e a popular naftalina (á base de DDT). As vezes o homem, na ânsia de solucionar o problema, desequilibra sistemas biológicos inteiros e acaba agravando situações que pretendia remediar. Os defensivos podem destruir conjunta mente pragas e insetos benéficos, sobretudo devido à tendência dos seres nocivos em se tornarem mais resistentes. Um fato ocorrido no Brasil, na década de 1980, veio a comprovar esse fato: aplica- ções em massa nas grandes plantações, visando erradicar a lagarta-da-soja, eliminaram também seus predadores natu- rais. 12 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Os resíduos de defensivos também provocam contamina- ção em nível pia netário, como se verificou na Antártica, onde foram detectados vestígios de DDT em focas e pinguins Os organoclorados agem sobre o sistema nervoso, modificam atividades metabólicas e favorecem o desenvolvimento do câncer. O planeta Terra não tem mais condições de absorver mi- lhares e milhares de toneladas de produtos petroqu ímicos pe- rigosos atualmente usados na agricultura convencional. É de conhecimento geral que tais produtos geram uma série de problemas de saúde. Os inseticidas sintéticos originários da indústria petro- química matam insetos e larvas indiscriminada mente, poluem o ambiente, intoxicam operadores, seus familiares, consumi- dores e, portanto, têm sido substituídos no mundo todo. Não obstante serem extremamente tóxicos, a patente da fórmula encarece o produto para o produtor que por sua vez, não dis- ponibilizará do inseticida sempre que necessário. Consequen- temente, o controle dos insetos nocivos não é feito de manei- ra adequa da. Não raro, a patente da fórmula dos inseticidas é protegi- da por órgão fiscal do governo. Em outras palavras, este tipo de proteção oficializa o monopólio sobre a venda desses pro- dutos altamente tóxicos que afetam toda a população. Outro problema relacionado ao uso incorreto de inseticidas é a aqui- sição de resistência aos venenos por insetos nocivos. Os insetos são dotados de complexo mecanismo de defe- sa, capacitando-os a desenvolver resistência em apenas três gerações. Após este curto período de tempo, surgem novas variedades de insetos resistentes. Este contínuo processo de seleção acelera o desenvolvimento de novas fórmulas paten- teadas.Em 1988, já haviam sido registrados no E.P.A. (Envi- ronment Protection Agency) cerca de 50.000 produtos quími- cos para uso na agricultura. A cada ano surgem venenos mais poderosos: inseticidas e fungicidas que antes controlavam problemas na ordem de 1,0 a 2,0 kg por hectare foram atualmente substituídos por outros utilizados em doses de apenas 200 g por hectare. 13 Sílvio Roberto Penteado O Brasil é considerado o terceiro maior consumidor de produtos químicos do mundo, gastando mais de 5 bilhões de dólares por ano. É estimado que mais de 800.000 pessoas possam ser intoxicadas direta ou indiretamente por ano no Brasil. Os novos produtos desenvolvidos são cerca de 10 vezes mais venenosos do que aqueles anteriormente utilizados. Po- rém, são apresentadas pelas multinacionais como sendo mais "seguros" ao meio ambiente simplesmente por que são utili- zados em quantidades menores. Contudo, neste caso é que são extremamente agressivos, pois em pequenas doses apre- sentam o mesmo efeito demonstrado por produtos anteriores, quando utilizados em quantidades superiores. (Garcia, 2000) Efeitos nocivos dos inseticidas sintéticos: De uma forma geral, poderemos citar os seguintes efeitos dos pestic i- das sintéticos sobre o meio ambiente: • Poluição ambiental. Muitas áreas estão contaminadas com resíduos, apesar de não utilizarem pesticidas. • Danos à saúde devido aos níveis elevados (ou mesmo bai- xos) de resíduos. O Etileno thiurea pode causar câncer na ti- roide O nitrosaminas é uma substância cancerígena. • Destruição indiscriminada de insetos sem nenhuma consi- deração sobre seu papel no meio ambiente, muitas vezes be- néfico, como no caso dos inimigos natura is. • Envenenamento de animais de sangue quente como pás- saros, gado, criação em gera I e pessoas que tenham contato com os mesmos. • Desenvolvimento de resistência em insetos. Ressurgimen- to de certas pragas secundárias e/ou principais que estavam sendo anteriormente controlada por insetos destruídos pelo agrotóxico. Este desaparecirrento significa rrenos concorrên- cia, corroborando com o surgimento de novas pragas. Os resíduos de pesticidas provocam contaminação em nível planetário, como se verificou na Antártica onde fo- ram detectados vestígios de DDT em focas e ~inguins 14 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Capítulo 2 •••••••••••••••••••••••••••••••••••••• USO DE PRODUTOS ALTERNATIVOS Num sistema de produção agroecológico o passo inicial é implantar a cultura num solo sadio, rico em micro e macror- ganismos, além de matéria orgânica. Tais fatores favorecem a biovida e equilíbrio no ambiente. Num solo adequado, as plan- tas crescem saudáveis, pois encontram permeabilidade para ar e água, possuem pleno desenvolvimento do sistema radicu- lar, retém e liberam nutrientes, sem formação de radicais li- vres. Contudo, mesmo quando são adotados todos os princí- pios da agroecologia, dependendo das condições climáticas desfavoráveis e do estado da planta, podem ocorrer situações favoráveis ao ataque de insetos nocivos e patógenos. Neste caso, deve-se em primeiro lugar, manter o equilíbrio nutricio- nal da planta e caso haja necessidade, empregar defensivos alternativos e naturais. Assim sendo, esta opção somente de- ve ser utilizada quando ocorrer níveis de insetos nocivos ou patógenos em condições de causar dano econômico. O princípio de atuação dos produtos alternativos não de- ve ser erradicar insetos nocivos ou patógenos, mas sim forne- cer a resistência à planta, ativando os mecanismos de defesa, estimulando a proteosíntese (redução dos radicais livres) e tornando os tecidos mais rústicos e resistentes. Nas normas para a produção orgânica, há alternativas para substituir os agrotóxicos por produtos de baixo custo e que não afetam a saúde do homem e nem causam desequilí- brio na natureza. 15 Silvio Roberto Penteado FATORES FUNDAMENTAIS NA PROTEÇÃO DAS PLANTAS Antes de qualquer intervenção com qualquer defens ivo alternativo ou natura 1, é necessária a conjugação dos fatores para promover resistência e proteção das plantas. Para mane- jo adequado e aumento da resistência das plantas, o produtor deve tomar os seguintes cuidados: Ter conhecimento geral da cultura (ciclo, exigências edafocli- máticas); pragas de ocorrências importantes e métodos a 1- temativos ma is indicados; Avaliar ocorrência e desenvolvimento da população de pragas e doenças em relação ao clima. As dosagens dos produtos alternativos em função das condições climáticas; Fazer identificação, levantamento e monitoramento das pra- gas e doenças. Gerenciamento de dados e ação rápida. Avaliar a eficiência de cada procedimento de combate; Fazer somente intervenção com defensivos alternativos qua n- do a presença do inseto praga ou patógenos atingir o nível de dano econômico; Conhecer dosagens, época de aplicação e métodos para pro- duzir o seu próprio defensivo natural. Os produtos obtidos organicamente, sem agrotóxicos, são sadios, saborosos e de elevada cotação comercial; Fazer controle rígido sobre adubação e nutrição das plantas, mesmo que empregado somente adubos orgânicos; Níveis elevados de um ou outro nutriente na planta são fato- res de desequilíbrio dos mecanismos de defesa, e ainda promovem liberação dos radicais livres. MEDIDAS AUXILIARES DE PROTEÇÃO DAS PLANTAS O segredo da resistência é ter plantas fortes. Para tanto, o ambiente deve estar em equilíbrio, com a presença de ini- migos naturais das pragas, disponibilidade de água e solo bem preparado, tratado, vivo e bem adubado. Essas condições fun- cionam como medidas preventivas contra pragas e doenças. 16 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Os procedimentos considerados como medidas au- xiliares de proteção das plantas são apresentados a se- guir: ~ Escolher espécies e cultivares que sejam adaptados ou re- sistentes às condições de clima e solo existentes na pro- priedade (germoplasma adequado). ~Emprego de mudas e sementes comprovadamente sadias. ~Tratamento de sementes com produtos alternativos, como micro nutrientes e biofertiliza ntes. ~Retardar ou adiantar épocas de plantio visando obter perío- dos de cultivo mais favoráveis. ~Adotar um espaçamento adequado, mais amplo para evitar umidade excessiva e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas. ~Os plantios muito adensados favorecem doenças como a antracnose, requeima e podridão. ~ Evitar solos encharcados e excesso de irrigação, os quais favorecem doenças de raízes, assim como murchas bacte- rianas, requeima e outras. ~Eliminar plantas hospedeiras de pragas e moléstias, princi- palmente aqueles vetores de fito predadores. Fazer inspe- ção semanal, eliminando as plantas com pragas, viroses ou murchas. ~Combate a insetos vetores de doenças, principalmente na fase de mudas (pulgão e tripes). No caso de mudas deve- se prevenir o ataque com a instalação dos canteiros em te- lados. ~Instalação de cercas vivas. As faixas de cercas vivas funcio- nam como corredores de refúgio ou nichos de preservação dos inimigos naturais, podendo ser empregadas plantas silvestres medicinais. ~Formação de quebra-ventos para fazer o isolamento da cul- tura, para prevenir ventos fortes e a disseminação de do- enças, principalmente as bacterianas. ~ Para grandes áreas devem ser instaladas árvores altas, e n- quanto em pequenas o plantio de capim napier ou came- rom é muito recomendado, em torno da área cultivada ou entre as linhas de cultivo. ~ Manter a pia nta suprida com os micro nutrientes essenciais, como boro, zinco, manganês, magnésio e molibdênio. 17 Silvio Roberto Penteado ~As ervas nativas e plantas com flores favorecem a perma- nência de inimigos natura is. ~Fazer adequado controle das ervas nativas: limpar as faix~s junto aos caules das plantas e mantendo-se a vegetaça_o nativa nas entrelinhas de plantio. Fazer a roçada ou capi- nas das entrelinhas de forma alternada. ~ Plantio em faixas, bordadura ou consorciaçãode culturas, com base em princípios alelopáticos. ~ Inclusão na área seja plantando intercalado, consorciado ou em faixas, pia ntas benéficas e ou plantas repelentes. ~Promover uma boa aeração da planta (retirar folhas e bro- tações em excesso), reduzindo as condições favoráveis pa- ra o desenvolvimento de fungos patogênicos. ~ Rotação de culturas e biodiversidade de cultives (evitar a monocultura): alternar espécies diferentes em cada área para evitar as pragas e doenças da planta anterior. ~ Para evitar as doenças bacterianas em plantas susceptíveis, corro as solanáceas, devem ser plantadas sempre em ter- ras novas ou depois de longas rotações ( 03 a O 4 a nos), tendo bastante cuidado com a água de irrigação. ~Tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência das plantas nos períodos críticos, como bioferti- lizantes, caldas sulfuradas, extratos de plantas, caldas cú- pricas (Bordalesa ou Viçosa), etc. ~ Preferir fazer aplicações de caldas cúpricas em baixas dosa- gens de 200 a SOO gramas de sulfato de cobre e cal vir- gem para aumentar a resistência das plantas. ~Cuidados com a colheita e manuseio dos frutos em condi- ções de umidade alta. F ~Fazer a colheita dos frutos em período seco do dia. ~ Fazer o tratarrento de acordo com as condições clirráticas. o excesso de chuvas altera o equilíbrio químico (rraiorteorde nitrogênio e difu- são de nutrientes), f'tsico (rrenor aeração do solo) e biológico (rrenor taxa de respiração), reduz a proteosíntese e as plantas f1eam mais suscetíveis, deverá haver rraior rigor nos tratarrentos. ~ Nas estiagens, com solo pouco oxigenado, há déficit de á- gua e ar _Pª~ a proteosínt~se. Nestas condições excesso de pulvenzaçoes podem ate ser prejudiciais por ativar as plantas sem que elas tenham condições de absorver e me- taboliza r os nutrientes. 18 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES NA SANIDADE DAS PLANTAS Tanto o excesso como a deficiência dos nutrientes mine- rais, pode favorecer a ocorrência de pragas e doenças. O i m- portante é manter a planta sempre em equilíbrio nutricional. Veja os principais efeitos dos nutrientes nas plantas: Cobre: Elemento importante nos mecanismos de defesa da planta, dando resistência às doenças. A deficiência de co- bre em várias culturas toma as plantas susceptíveis ao ataque de diversas doenças. Potássio: aumenta a resistência contra pragas e doen- ças e aos fatores climáticos adversos. Zinco: é um dos elementos nutricionais em que a planta apresenta maior deficiência. Indispensável para boas produ- ções e para a resistência contra pragas e doenças. Enxofre: estimula a formação de sementes e favorece o crescimento vigoroso das plantas. Magnésio: componente da molécula da clorofila. Auxilia a absorção e translocação de fósforo na planta e ativa as rea- ções enzimáticas. Manganês: pode aumentar a resistência da planta às doenças, devido aos níveis ma is elevados de ligninas e de compostos fenólicos que proporciona. Boro: elemento responsável pelo transporte de açúca- res, formação das paredes celulares, sua falta pode favorecer o ataque de pragas, como da lagarta do cartucho do milho. Cálcio: fortalece e dá resistência aos tecidos. Sua falta pode provocar doenças fisiológicas como podridão apical no tomate, bitter pit em maçãs etc. Nitrogênio: É um dos nutrientes cuja deficiência ou ex- cesso mais influenciam na saúde das plantas, devendo, por- tanto, ter um controle rigoroso do seu teor nas pia ntas. 19 Silvio Roberto Penteado DOENÇAS FAVORECIDAS PELO EXCESSO DE NITROGÊ- NIO NAS PLANTAS: Alternaria------------- >Fumo, Tomate Botrytis--------------- >Videiras, Morango Erwinia---------------- >Batata Erysipha, oídio-------- >Cereais e Frutas Peronospora----------- >Alface, Videira Pullinia----------------- >Cereais Pseudomonas---------- >Feijão, Pepino, Couve Verticilium------------- >Tomate, Algodão AS DEFICIÊNCIAS DOS NUTRIENTES ABAIXO TORNAM AS PLANTAS SUSCEPTÍVEIS ÁS DOENÇAS: BORO: Pullinia tritici --------> Trigo Erysiphe cich. ------->Girassol Erysiphe gram. ------ > Cevada, Trigo Phoma betae -------- > Beterraba Botrytis -------------- > Couve- Flor Fusa riu m ------------- > Tomate COBRE: Pullinia tritici ----------- >Trigo Ustilago tritici ---------- >Trigo Erwinia, Phytophtora--- > Batatinha Streptomyces ---------- >Batatinha Peronospora ------------->Alface, Videira Erysiphe cichor. --------- > Furm Helminth. oryzae -------- >Arroz, Tomate, Pepino Piric ula ria o ryzae -------->Arroz PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR Recomenda-se fazer sempre um tratamento preventivo com defensivos que aumentem a resistência das plantas nos períodos críticos, como biofertilizantes, caldas sulfuradas, extratos de plantas, micronutrientes caldas cúpricas (Bordalesa ou Viçosa), etc. ' 20 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS CONTROLAM-SE AS SEGUINTES PRAGAS/DOENÇAS COM A PULVERIZAÇÃO DE NUTRIENTES: • Brusone (Piricu/aria oryzae) = Cobre + manganês • Lagarta Rosada do algodão (P.Gossypiella) = Molibdênio + Fósforo • Ferrugem (Hemileia vastatrix) do café = Calda Viçosa • Bicho Mineiro (Perileucoptera coffeel/a) = Skrill + Molibdênio • Vírus Dourado em feijão = Cálcio (Concha Moída) + boro • Antracnose em feijão e uva (Glomerella findem) = aplicação de cálcio e cobre. • Botrytis em uva = Aplicação de boro • Míldio em Cereais e Girassol (Peronospora e Tb. erysiphace- a) = Aplicação de cobre + boro • Pulgão (Aphideo) = Aplicação de potássio + boro • Vaquinha (Diabrotica Speciosa) = matéria orgânica • Elas mo (Elasmopalpus lignos) = Zinco na semente • Lagarto do Cartucho (Spodoptera frugiperda) =Aplicação de boro no solo e misturado com as sementes. • Serrador (Onicideres impluviata) = Aplicação de magnésio • Cochonilhas =Elevar o níve I de cálcio. • Lesmas ( Gastropodes) = Rotação de cultura com aveia preta + aplicação de cobre na palha. • Ferrugem (Pullinia tritici) = Aplicação de boro + cobre • Ferrugem em Crisântemos = Aplicação de Iodo • Saúvas (Atta sp.) = Adubar as plantas e árvores com molib- dênio, principalmente na região do Cerrado, que faz com que a pia nta forme proteínas. (Abreu Jr.1998) INFLUÊNCIA DO MANEJO DO SOLO Há muitas práticas e procedimentos de manejo do solo que devem ser rigorosamente cumpridos, pois afetam direta e indiretamente a saúde das plantas que são: (1) Plantio na época correta e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região; (2) Adubação orgânica, através de compostos de restos de culturas, materiais vegetais e estercos enriquecidos com fos- fatos naturais, adubos minerais de lenta liberação de nutrien- tes e micronutrientes; 21 Silv io Roberto Penteado (3) Rotação de culturas e adubação verde, uma vez que favo- recem a presença e desenvolvimento da população de inimi- gos naturais, muitos insetos-pragas serão predados e contro- lados naturalmente. (4) Cobertura morta e plantio direto. No plantio direto se de- senvolve condições para a presença de micro-organismos no solo, que controlam muitos patógenos e pragas que atacam o sistema radicular e as plantas quando recém-plantadas. (5) Consorciação de culturas e manejo seletivo do mato; (6) Instalação de quebra-ventos, cercas vivas e barreiras ve- getais, ajudam no equilíbrio da planta e sua resistência. (7) Solo com boa aeração, sem encharca mento e compacta- ção, permitem o desenvolvimento normal do sistema radicu- lar. (8) Fornecimento de boro e zinco no solo e nas fases iniciais de crescimento da planta. AGROTÓXICOS, ORIGEM DOS IMPACTOS AMBIENTAIS . TRANSPORTE "" rn J VV I TRANSPORTE 1 : 1 22 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Capítulo 3 ••••••••••••••••••••••••••••••• DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS QUE SÃO DEFENSIVOS ALTERNATIVOS Podem ser considerados como defensivos alternativos todos os produtos químicos, biológicos, orgânicos ou naturais, que possuam as seguintes características: •Não sejam tóxicos ao homem e ao ambiente (grupo to- xicológico IV). • Sejam inócuos ao homem e natureza (flora e fauna) a- lém de baixa persistência na planta e meio ambiente. • Sejam eficientes no combate aos insetos e microrga- nismos nocivos, com o objetivo principal de favorecer a resis- tência das pia ntas e não a erradicação dos insetos nocivos e dos agentes patogênicos. • Não favoreçam a ocorrência de formas de resistência, de pragas e microrganismos, de forma que suas dosagens e intervalos de aplicação sejam atenuados com o tempo. NECESSIDADE DO USO DE PRODUTOS PARA A PROTEÇÃO DE PLANTAS Mesmo num cultivo ecológico ideal, adotando todas as técnicas agroecológicas, podem ocorrer desequilíbrios tempo- rários que aumentam a população de insetos ou patógenos nocivos para níveis de dano econômico. Esses fatores podem ser chuvas ou secas excessivas; tratamentos com agrotóxicos agressivos nas propriedades vizinhas; mudas e sementes de baixa qualidade; cultivares não adaptados e solo ainda não recuperado. Neste caso, po- deremos recorrer aos tratamentos alternativos que é o assun- to abordado nesta publicação. 23 Silv io Roberto Penteado VANTAGENS DO EMPREGO DOS DEFENSIV~S AL- TERNATIVOS EM RELAÇÃO AOS PESTICIDAS QUIMICOS Os chama dos defensivos a ltemativos e naturais devem proporciona is as seguintes vantagens para as pia ntas, para os seus produtos e para o meio ambiente: AUMENTO DA RESISTÊNCIA NATURAL DAS PLAN- TAS: As plantas tratadas com estas caldas defensivas apre- sentam-se geralmente mais vigorosas, oferecendo maior re- sistência contra infecção por patógenos, insetos nocivos e às intempéries climáticas. OBTER PRODUTOS SADIOS, COM PREÇOS DIFE- RENCIADOS: A cotação obtida pelos produtos sem agrotóxi- cos ou produtos orgânicos, geralmente mais elevados e valori- zados devido à qualidade, sabor e isenção de contaminantes. EQUILÍBRIO NUTRICIONAL: A utilização de produ- tos ricos em micronutrientes, enxofre e outras substâncias orgânicas e naturais, complexados ou não com a cal, repre- sentam excelentes opções aos produtores, para o equilíbrio nutricional e favorecimento dos mecanismos de defesa natu- ral. LONGEVIDADE DA VIDA ÚTIL DA PLANTA E DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS: Porque fornecem nutrientes essen- ciais às plantas e renovam o vigor vegetativo. Favorecem maior longevidade dos frutos em pós-colheita e aumento da vida produtiva da planta. BAIXO IMPACTO AMBIENTAL: Sua ação benéfica não favorece o surgimento de patógenos resistentes. Tem baixa toxicidade aos inimigos naturais e não afeta o ambiente e o homem. Um dos maiores riscos dos pesticidas é a conta mi nação do solo e ambiente em função das chuvas, ventos e erosão de terras, contaminando os solos e os mananciais de água. Os riscos são mínimos com o emprego dos defensivos alternati- vos e naturais. 24 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Capítulo 4 ••••••••••••••••••••••••••••••••••••• ARMADILHAS E ISCAS ATRATIVAS ARMADILHA LUMINOSA São utilizadas para controle de besouros, mariposas, traças, etc. (adultos de brocas e minadores de folhas). Medi- ante atração pela luz é possível controlar insetos praga, prin- cipalmente mariposas (adultos de lagartas e brocas), de ma- neira simples e econômica. Recomenda-se instalar uma lâmpada comum ou de que- rosene (quando não houver energia elétrica) no meio da cul- tura a ser protegida, na altura de 1,50 m do solo, para atrair e capturar insetos voadores. Colocar uma bandeja com água e óleo embaixo da lâmpada (15 a 20 cm), onde os insetos cai- rão e ficarão retidos. Para iniciar a atração dos insetos-pragas, acender a lâmpada ao anoitecer e mantê-la acesa principal- mente até às duas horas da manhã, período de maior revoada dos insetos. O raio de ação é de aproximadamente 140 me- tros. No cultivo intensivo, podem ser instaladas várias lâmpa- das, garantindo redução dos prejuízos por pragas. O objetivo é reduzir a população de adultos que fazem a postura nos frutos, como a broca-pequena, broca-grande do fruto e lagarta rosca, que atacam as cucurbitáceas, pimentão e tomate. Esta e as demais armadilhas para insetos devem ser empregadas com critério, uma vez que não são seletivas, cap- turando muitos insetos úteis. ARMADILHA DELTA PARA PRAGAS Controle para moscas de frutas e mariposas (brocas e traças de frutos). E uma armadilha fechada, vendida no co- mercio, feita de papelão impermeável, plástico corrugado ou de vidro, utilizada para controle de baixas populações ou para determinar o nível de infestação ou dano econômico ( mon it o- ra mento de pragas). 25 Sílvio Roberto Penteado As armadilhas Delta são recomendadas para atrair ma- riposas, traças e mosca d~ frutas. A captura está bas:ª?ª na instalação de atrativo na forma de iscas de feromonio ou substância atraente adocicada (proteína hidrolisada ou mela- ço) juntamente com cola adesiva permanente no fundo da armadilha. USO DE FEROMÔNIOS Algumas empresas brasileiras já estão produzindo iscas e atrativos para insetos pragas, para controle específico do adulto. Ourante voo de acasala menta do macho, estas iscas emitem elevada concentração de feromônios sexuais, provo- cando atração e inércia total do inseto. Nestas iscas, podem ser adicionadas pequenas doses de inseticidas, que emitidas junta mente com menores teores de feromônios sexuais, pro- vocam a supressão das pragas. Muitos produtores comerciais têm substituído os agrotó- xicos, empregando com sucesso a armadilha com feromônio. Na cultura da maçã e pera pode ser feito o controle de Cidya pomonella, Grapholita molesta e no tomateiro, da Tuta abso- luta. As iscas conferem maior proteção nas linhas de plantio das bordaduras e número que deve ser utilizado, depende do nível de infestação. Geralmente são instaladas a uma distância de 20 m, conferindo proteção a um raio de 10 m cada uma. ISCAS ATRATIVAS ENVENENADAS É um método simples para controlar ou reduzir a popu- lação de pragas das frutas, pulverizando pequena área da planta com solução de isca envenenada. É recomendada para fruteiras de caroço (ameixa e pêssego), maçã, caqui, manga etc., derronstrando eficiência especial para citros. ' As iscas utilizadas para atrair moscas das frutas, ma ri- posas e traças podem ser elaboradas com os seguintes produ- tos: ~elaç_o 7 ~ 8% (7,0 a 8,0 litro~ em 100 litros de água) ou Proteina h1drol1sada a 3 ou 4% + inseticida 250 a 300 mi ou 600 gramas de sulfato de cobre, em 100 litros de água. Mistu- rar os ingredientes e pulverizar (borrifar) as plantas de forma alternada no pomar ( 1,0 m2 por copa). 26 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS A isca atrativa poderá ser pincelada com uma brocha, no tronco ou ramos principais, evitando manchar os frutos. Apl i- car principalmente nas plantas da bordadura, vizinhas de ma- to ou capoeiras, pulverizando no lado que pega o so I da ma- nhã. Para melhorar o controle da mosca-das-frutas, podem ser preparadas iscas com estopa, corda de sisa I e fitas de ser- ragem, mergulhadas na solução de substâncias atrativas. Colocar as iscas suspensas sob abrigo da árvore. Prote- ger as plantas das bordaduras, principa lmente quando na d iv i- sa houver matagal com fruteiras silvestres. Aplicar cada 07 a 10 dias, dependendo da ocorrência das chuvas. Tira de lona com adesivo - A composição do adesivo tem os seguintes ingredientes: 8 partes de breu moído (ex. 80 g),5 partes de óleo de rícino, que é de mamona (ex. 50 g) . Misturam-se os ingredientes e leva-se ao fogo brando durante uns 5 minutos para derreter o breu. A massa não deve ferver. Esta cola é eficiente durante uns 8 dias. As rroscas atraídas pelo amarelo grudam-se nas tiras. GARRAFAS ARMADILHAS a) Controle: Moscas e traças de frutas Utilizadas para atração e captura de moscas de frutas. Às fabricadas com vidro, denominadas de McPhail são mais difundidas. Todavia, algumas já são fabricadas com material plástico, que não quebra facilmente. Também podem ser em- pregadas garrafasplásticas transparentes de refrigerantes, álcool, soro hospitalar entre outras, fazendo-se quatro furos (menores que 0,5 cm) na parte mediana. A atração é exercida por 150 a 200 mi de uma solução açucarada líquida, composta por proteína hidrolisada mais bórax ou então aproveitando suco de frutas disponíveis (uva, pêssego e outras). Para a atração de rroscas das frutas os melhores produtos têm sido o melaço a 10% e a proteína hi- drolisada. A mistura de nim junto com a substância açucarada para aplicação foliar ou acondicionada dentro da garrafa isca é uma alternativa para controle das moscas das frutas. Para atração e controle da mosca do figo (Zaprionus in- dianus), que é uma mosca da família das drosófilas, o atrativo deve ser feito no liquidificador, misturando 04 bana nas mad u- ras, 08 colheres de açúcar, 0,5 litro de suco de laranja, 01 colher de sopa de fermento biológico de padaria. 27 Sílvio Roberto Penteado Complementando, adicionar, diluindo a mistura proces- sada em 10 litros de água e peneirar. Colocar 200 mi em cada garrafa. O caça mosca deve ser colocado no interior da copa, protegida do sol. Instalar 01 armadilha, para cada 10 pla~ta~, colocando a maior número nas plantas da bordadura, pnnc ,- paimente havendo vizinhança de matas ou fruteiras silvestres. Para cultivos não orgânicos, utilizam-se frascos plásticos de½ litro (frascos de soro), nos quais se coloca uma mistura de 200 mi de xarope de açúcar ou caldo de fruta, conforme as árvores que se quer proteger, e 200 mi de Malathion pronto para uso. Estes frascos são pendurados em cada 5 árvores do pomar. As moscas, atraídas pelo açúcar, entram e morrem pelo praguicida. Onde ocorrem abelhas o sistema não deve ser usado. Deve utilizar a isca sem o Malathion. São encontradas no comércio, armadilhas prontas de- nominadas "Armadilha Mata Sete" e "armadilha de Balde", contendo atrativo de fero môn io. Ideais para captura de g ra n- des volumes de insetos são feitas de mate ria I plástico resis- tente e utilizadas para várias estações de crescimento. Em- pregam "paletes" de substâncias impregnadas com bórax, que são dissolvidas em água e colocadas na armadilha para atrair moscas. b) Controle de Brocas (besouros) Para controle de besouros que atacam ramos e troncos fazendo galerias, podem ser colocadas garrafinhas de álcool ou água mineral. Fazer furos da grossura de um lápis em qua- tro lados da garrafa plástica deixando-se no fundo quatro de- dos de álcool combustível, renovando-o semanalmente até que os besouros deixem de aparecer no álcool. Outra medida prática para besouros que bloqueiam os ramos e troncos é pendurar na árvore armadilhas feitas com tubo redondo de taquara ou bambu grosso. Cortar junto aos nós, com 30 a 40 cm de comprimento; perfurar as divisões internas com um ferro e colocar a mistura de 50% de álcool ou aguardente e 50% de água. Tapar a parte superior do tubo de bambu com barro ou cera. As pragas serão atraídas a per- furar o tubo e acabam morrendo. Externamente pode ser apli- cada graxa ou cola adesiva, favoráveis em alguns casos. 28 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS ARMADILHAS ATRATIVAS COLORIDAS Controle: Pulgão, mosca branca, tripés: São armad il has que podem ser fabricadas na forma de painel, p lacas ou faixas compridas ( 15 a 20 cm de largura e 5 a 10 m de comprimen- to) coloridas, contendo cola adesiva permanente adiciona do a uma substância atrativa ou iscas de feromônio, para captura de insetos que possam prejudicar as culturas ou apenas para monitoramento. São armadilhas específicas para insetos de voo fraco ou curto, como mosca-branca, tripes, pulgões e outros insetos. É um método auxiliar de controle, mais eficiente contra insetos adultos que voam. É recomendado principalmente na fase de produção de mudas para evitar insetos vetores de doenças, como pulgões, tripese para cultivo em estufas. Os insetos são atraídos pela coloração e pelo odor. Quanto à cor, podem ser amarelas para atrair e capturar pra- gas em geral (mariposas, pulgões, etc.) e de coloração azul para tripes . Estas placas podem ser pintadas e de diferentes tamanhos, embora geralmente alcancem 15 x 20 cm quando penduradas em árvores frutíferas. A substância atrativa pode ser melaço, proteína hidrol i- sada, feromônios ou outras substâncias adocicadas. Como adesivo pode ser aplicado na placa graxa grossa ou colas ade- sivas prontas que já são comercial izadas. A quantidade de armadilhas deve ser proporcional ao ní- vel de infestação da praga. Geralmente coloca-se em estufa uma placa a cada 5 metros ou no caso de pomar, colocar uma para cada 04 a 05 plantas. O material para fabricação destas placas deve ser impermeável, tipo capa plástica ou hed iondas. Quando estiver repleta de insetos aderidos pode ser reapro- veitada, lavando-se bem com sabão. OS PREJUIZOS DA MOSCA DAS FRUTAS SÃO SÉRIOS Para melhorar o controle da mosca-das-frutas, podem ser preparadas iscas com estopa, corda de sisai e fitas de serra- gem, mergulhadas na solução de substâncias atrativas. As armadilhas devem ser expostas em maior quantidade nas filas externas do pomar. 29 Sílvio Roberto Penteado TIPOS DE ARMADILHAS PARA INSETOS PRAGAS Observação: Estas armadilhas podem ser adquiridas no co- mé reio de produtos agropecuários. ARMADILHA DELTA PLÁSTICA Serve para monitorar populações de maripo- sas. Fabricada em plástico corrugado, micro ondulado. Fácil de montar e durável. O plás- tico recebe aditivo para suportar por ma is tempo a degradação de raios ultravioletas. Dura por vá rias safras. ARMADILHA MATA SETE É ideal para monitoramento da Mosca-das- Frutas. Tem elevado custo benefício por ser material durável e pode ser aproveitado por várias safras. O domo transparente em poli- carbonato resistente a choques e ação aos raios ultravioleta. Funil em cor amarela. Co- po para atrativos e inseticidas sólidos e lí- quidos. ARMADILHA ALADA Armadilha Alada, ou Win Trap - armadilha usada para capturar mariposas. Em papel ultra - resistente. ARMADILHA PEGAJOSA Arma d ilha para Mosca Branca, Pulgão, Ci- garrinha, tripes. Fabricada em papel ultra resistente a intempéries com cola tato per- manente. Fácil monitoramento quando usa- da ~m alta densidade, exerce controle. Po- dera ser feito na propriedade placas plásti- cas coloridas impregnadas com graxa gros- -~ __ J sa. 30 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS ARMADILHA JACKSON Usada extensivamente no mundo inteiro para monitorar e controlar Ceratitis capita- ta com atrativo para feromônio de treme- dlu re. Fabricado em pape I ultra res istente a intempéries e gancho metálico. Casa, gancho e fundo com cola formam a arma- dilha. O fundo pode ser trocado por refil. ARMADILHA LONA PEGAJOSA A Armadilha Lona Pegajosa é uma armadi- lha para captura insetos muito prática e e- ficiente. Usada em estufas e campos para capturar mosca branca, pulgão, cigarrin ha, vaquinha, também pode ser usada em re- feitórios, pocilgas, frigoríficos para captu- rar moscas. TIPOS DE ARMADILHAS PARA PRAGAS e E A = Armadilha de tábua pegajosa B = Armadilha MacPrnail grande C = Armadilha MacPhall peQuena B D F D • Annadllha ~kson a - gancho b • dispensar E = Armadilha Stelner e - papel adeSfvo d = corpo F - Armadilha Harrls Font•: Lobos 1995 31 Silv io Roberto Penteado ENSACAMENTO DOS FRUTOS É um método tradicional que voltou a ser empregado na agricultura ecológica e orgânica para evitar o ataque de ~ra- gas aos frutos. Permite obtenção de produto de alta qualida- de, sem o emprego de agrotóxicos. É uma atividade que re- quer elevada mão de obra, porém seu custo não j superi?: ao tratamento convencional, quando os materiais sao adquindos no atacado. Essa prática consiste no ensacamento dos frutos ou pen- cas de frutos (ex. tomate e nêspera). A melhor época da sua realização é após a fase de raleio e da queda natura I dos fru- tos. Emprega-se papel impermeável ou saquinho (tipo pipoca)ou então jornal, dependendo do tipo de fruta. O material deve ser resistente às chuvas e ao sol. No caso do saquinho de pa- pel, cortar duas pontas da extre mi da de para dar vazão às á- guas das chuvas. Podem ser ensacados o pêssego, nectarina, caqui, goia- ba, maçã, pera, uva, romã, nêspera (jornal), tomate (papel), cacho de banana (saco plástico), etc. Na fruticultura não deve ser deixado fruto maduro ou praguejado na planta ou no chão. A limpeza do pomar deve rigorosa, coletando os frutos podres e enterrando-os em covas profundas. Este buraco de- verá ser tampado com tela, permitindo a entrada e saída de vespinhas, que são inimigos naturais das moscas dos frutos. CINTAS PROTETORAS São colocadas nos troncos das árvores para impedir a subida de insetos como formigas, saúvas, cochonilhas, etc., e ainda, evitam alojamento de formas larvais. Podem ser em- pregados: Cinta de Papel Corrugado: As ondulações do papel permitem entrada de la~as de pragas no seu interior, para passar a fase de pupa. Sao colocadas no final da primavera e queimadas no início do outono, para destruir as larvas. São a marra das quatro cama das de papel corruga do espesso ao redor da árvore, com arame fino, na altura de 1,5 e o 5 ~ do solo (Pinheiro etal., 1985). ' Cinta Pegajosa: Usada para fruteiras e outras árvores sujeitas ao ataque de formigas cortadeiras, como macieira . . . , pessegueiro, nespereira, nogueira macadâmia, etc. 32 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS O processo consiste em colocar uma fa ixa de papel grosso, tec ido ou fita plástica impermeável em tomo do tron- co, com 15 a 20 cm de largura, e a seguir besuntar o mesmo com mate ria I pegajoso. Não deixar vazios sob a fita, enfiar algodão nos vãos. Há adesivos prontos no comérc io. Para o preparo do material pegajoso, misturar 2, 5 kg de resina, 1,8 litros de óleo de rícino ou ma mona e 0,8 litros de terenbentina. Adicionar óleo bem denso. Reapl icar o ades ivo quando perder a aderência ou estiver cheio de insetos rmrtos. É também recomendado colocar na fita outros produtos, que deverão ser testados, como farinha de ossos, cascas moídas de ovos, carvão de madeira, lã de carneiro, estopa, que podem repelir ou impedir a subida das formigas. A graxa poderá ser utilizada. Saia Plástica: Colocar um cone plástico em redor do tronco, na forma de saia, ou seja, um "V" invertido, impedindo a subida de formigas. Deve ser amarrado no tronco com bar- bante resistente ou ara me fino, que deve ser trocado consta n- teme nte para não anelar o tronco. TE LADO O cultivo em telado fechado (estufas) é uma das melho- res opções para o cultivo de hortaliças sem veneno, como a produção de tomate, uma vez que em ambiente fechado per- mite- se melhor combate e controle de disseminações do inse- to praga. É recomendável o uso do telado para o viveiro de formação de mudas de frutas e hortaliças (livres de vírus). As mudas devem ser mantidas protegidas em telado com cobertura plástica e proteção lateral (com tela branca, tipo sombrite) até adquirir resistência contra insetos vetores de doenças. Colocar pedilúvio (caixa com cal virgem na porta de entrada do viveiro) e sistema de desinfecção do material usado no manejo do viveiro (desinfecção com água sanitária 10%). CONTROLE DE SAÚVAS CORTADEIRAS Nas lojas de produtos agropecuários já é póssível adquirir is- cas e defensivos alternativos para o controle de formigas cor- tadeiras, que são aprovadas para o emprego em cultivo orgâ- nico. 33 Silv io Roberto Penteado Capítulo 5 ••••••••••••••••••••••••••• CONTROLE BIOLÓGICO O controle biológico consiste no emprego de organ ismos vivos para combate de outros organismos que sejam nocivos para as plantas ou animais. Essa ocorrência é comum num ambiente natural equilibrado, pois fazem parte da natureza as interações antagônicas, compreendendo a atividade de parasita, predador ou patógeno que reduzem a densidade ou ocorrência de uma dada população de insetos ou microrganismos, através da morte prematura ou da redução de seu potencial reprodutivo. Os agentes de controle biológico, também conhecidos como inimigos naturais impedem que agentes danosos às plantas alcancem a condição de praga. Os inimigos naturais são considerados aqueles microrganismos, insetos e outros animais (aranhas, pássaros, sapos, lagartos, etc.), que de alguma maneira atuem na redução da população das pragas ou patógenos das pia ntas. Os inimigos naturais são os grandes aliados no processo de produção agrícola. Deve-se aprender a reconhecê-los e preservá-los, sendo uma arma poderosa contra nossos com- petidores diretos, os insetos pragas. Em alguns países como em Cuba, o controle biológico utilizando diversos micro- organismos no combate a pragas de culturas comerciais é uma prática comum. Essa tecnologia tem evoluído muito nos últimos anos no Brasil e está em constante pesquisa e desen- volvimento. MÉTODOS DE CONTROLE BIOLÓGICO O controle biológico pode ser feito de duas formas: o controle natural e o controle biológico aplicado. o controle natural consiste num ambiente natural equilibrado manter as populações de insetos-pragas ou patógenos em' densidades muito abaixo de danos econômicos por inimigos naturais que ocorrem no campo. 34 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS No controle biológico aplicado envolve a interferência do homem em aumentar as interações antagônicas entre os seres vivos na natureza. Quanto à estratégia de controle biológico, pode ser feita pela aplicação inundativa, inoculativa, aumento ou incremento do inóculo e conservação ou proteção do patógeno no local. O primeiro procedimento visa a supressão rápida da praga pela aplicação de uma grande quantidade de inóculo de um patógeno, onde o mesmo pode ou não estar presente de forma natura 1. O método inoculativo, consiste em lenta e contínua eliminação da praga pela introdução do patógeno onde a inda não está presente, através de iscas, insetos contaminados, pedaços de plantas ou pulverização de pequeno número de plantas. Quanto ao procedimento de controle biológico aplicado, deve-se recorrer à orientação técnica para conhecer os isolados específicos (cepa) de cada inimigo natural e as condições ideais de aplicação. Outras estratégias consistem em conservar a população (manejo do cultivo e uso de defensivos seletivos) e incrementar o potencial de inóculo de um patógeno já presente numa área, que por estar adaptado ao ambiente, tem maior possibilidade de êxito no controle. Para atrair os inimigos naturais, deve-se garantir no local a presença de plantas (que não sejam hospedeiras de pragas) que produzam muitas flores e fazer a aplicação de soluções açucaradas e ou com melaço na vegetação e fazer a roçada alternada do mato. No controle biológico, os inimigos naturais podem atuar das seguintes formas: • Predadores: Os insetos predam, ou seja, se alimentam dos insetos pragas. • parasitoides: Geralmente fazem a postura de ovos no hospedeiro (inseto praga) e as larvas que nascem alimen- tam-se do hospede iro. • Patógenos: São microrganismos (vírus, fungos ou bacté- rias, entre outros) que causam doenças nos insetos-pragas ou outros microrganismos. 35 Silvio Roberto Penteado PREDADORES DAS PRAGAS São organismos que atacam, matam, e s~ alimentam de muitos indivíduos (suas presas) durante se~ 71clo de vida. A_l- guns predadores são relativamente especializados e se ali- mentam somente de uma ou poucas espécies relacionadas, porém a grande maioria é generalista, se alimenta de um~ variedade de organismos similares e podem apresentar cani- balismo. Como exemplo comum, é o inseto conhecido como Te- sourinha, que se alimenta de ovos e pequenas lagartas que atacam as hortaliças. Medem cerca de 2 cm de comprimento. Nas épocas quentes e chuvosas do ano as tesourinhas são encontradas em abundância no campo. Alguns dos principais predadores das pragas dos cultivas comerciais são: Zoiudo (Geocorissp.- Heteroptera: Lygaidae)- São in- setos bem pequenos (cerca de 5 mm de tamanho) ágeis, pos- suindo olhos bem grandes que se destacam quando compara- dos ao resto do corpo. Realizam a postura isola da na supe rfí- cie das folhas, são predadores de ovos de pequenas lagartas, de ovos e ninfas de mosca branca, de cigarrinhas e de todos os estádios de ácaros e pulgões. São comuns no cultivo do algodão. Orius spp. ( Hetero ptera: Anthocoridae). São insetos bem pequenos (2-5 mm de comprimento) e muito constante- mente associados a lavoura algodoeira predando vorazmente pulgões, ovos de insetos e ácaros. Os adultos são pretos com marcações brancas e geralmente possuem olhos vermelhos e as ninfas apresentam coloração branco-amarelada. Podisus spp. (Heteroptera: Pentatomidae). A maioria dos insetos pertencentes a esta família constituem-se em her- bívoros, no entanto, alguns são importantes predadores como os do gênero Podisus os quais se alimentam preferencialmen- te de larvas em geral, através da introdução do rostro do hos- pedeiro, sugando-lhe o conteúdo interno. Os insetos, quando adultos, possuem uma coloração amarronzada e seu tamanho não excede 10 mm de compri- mento. 36 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Joaninhas - As mais comuns são Cycloneda sanguínea (A);e Coleomegilla maculata; (B) (Coleóptera: Coccinellidae) constituindo-se tanto a larva quanto o adulto (A e B) em eficientes predadores de pulgões, mosca branca, ác a- ros, ovos de Lepidoptera e lagartas e larvas de primeiros íns- tares. Joaninha Bicho-lixeiro - Existem vários gêneros e espécies, sen- do a mais comum a espécie Chrysoper/a externa (Neuroptera: Chrysopidae) predadora de pulgões, ácaros, mosca branca, ovos de insetos e pequenas lagartas. Vespas Predadoras ( Hymenoptera: Vespidae) - Estes insetos possuem grande capacidade predatória, sendo capazes de predar lagartas e larvas mesmo em ínstares ma is tardios, percevejos, mosca - branca, pulgões e ovos em gera 1. Geral- mente constroem seus ninhos nos arredores da lavoura, em matas. Hoje no Brasil há disponibilidade de adquirir predadores para o emprego em cultives comerciais. Já são utilizados em casa- de-vegetação, nas plantas ornamentais, como crisânte- mos, para o controle de tripes, predadores do gênero Orius (O. iunsidosus e O. /aevigatus). 37 Silv io Roberto Penteado Para o controle biológico dos ácaros poderá se r empre- gado o ácaro predador Phytoseiu/us persimilis. O controle do ácaro rajado é feito com o uso dos ácaros predadores P. ma- cropilis e Neoseiulus caifornicus. PARASITOIDES DAS PRAGAS O paras ita é um organismo que v ive e se al imenta den- tro de ou sobre um hospedeiro. Diferentemente dos p~e~ado- res, os paras itas têm uma relação prolongada e especializada com seus hospedeiros, usualmente parasitando a penas um hospede iro durante seu ciclo de vida. Hoje há disponibilidade de obter esses inimigos natura is para o emprego em cultivas comerciais, como o parasitoide Encarsia formosa (cerca de 25% do total de inimigos natura is comercializados), para o controle da mosca-branca Trialeuro- des vaporariorum. Em plantas ornamentais, são uti lizados os parasitoides Oiglyphus isaea e Dacnusa sibirica para controlar a mosca minadora e os parasitoides de afídeos Aphidius co/e- mani e A. ervi. Já é bem conhecido o controle da broca do tomate Tuta absoluta pelo parasitoide Trichogramma pretio- sum. Apesar do emprego desses inimigos naturais no controle biológico ser um processo viável em cultivos comerciais, para apresentar boa eficiência e baixo custo de produção, deverá ser associado a medidas de manejo integrado e manutenção de um habitat adequado aos insetos predadores, coroo a ins- talação de áreas de refúgio, cercas vivas, matas e biodiversi- dade de cultives. Preservando a fauna e o equilíbrio natural, preserva- se a qualidade dos alimentos, a saúde do homem e o meio ambiente. Controle da Traça-do-tomate Um dos processos mais eficientes no emprego de m1m1- gos naturais em cultives comerciais é o do controle da Traça do tomateiro. A traça-do-tomateiro Scrobipa/pu/oides absoluta (Povolny, 1987) Lepidóptera (Gelechiidae) é praga-chave e fator limitante do cultivo do tomate. A infestação da praga ocorre durante todo o ciclo de desenvolvimento do tomateiro I com grande intensidade de infestação. Ataca os brotos termi- nais, flores, folhas, o caule na inserção dos ramos e os frutos tornando- os imprestáveis para a comercialização. ' 38 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS O uso de Trichogramma pretiosum Riley é um dos prin- cipais componentes para controle de 5. absoluta. Este inseto, que é parasitoide de ovos, principalmente de insetos da ordem Lepidóptera, impede que a praga atinja a fase de lagarta, es- tágio que causa danos à cultura. É utilizado na cultura do to- mate, em liberações in undativas no estágio adulto ou em ca r- telas com ovos de Sítotroga cerea/ella parasitados por esse mie ro lep idó ptero. Controle de Lagartas do algodão Nos últimos anos, a utilização de agentes biológicos vem alcançando grande sucesso na preservação dos agro- ecossistemas. Como a ltemativa à aplicação indiscriminada de agrotóxicos, o Centro Naciona I de Pesquisa de Algodão - Em- brapa Algodão, Campina Grande - PB, vem pesquisando o uso do Trichogramma no controle biológico, para a cultura do al- godão, e detém a tecnologia de criação massa 1, através do hospede iro de substituição Sitotroga cerea/ella. O trichogramma é um inseto diminuto, com menos de 1,0 mm, parasitoide exclusivo de ovos. Tem preferência por ovos de lepidópteros - a praga do algodão - sendo, entretan- to, parasitoide de cerca de 200 espécies de insetos. O controle de lepidópteros implica significativa redução no custo de pro- dução, previne contra danos à cultura algodoeira, ao meio ambiente e ao homem, além de ser inteiramente adequado ao manejo integrado de pragas. PATÓGENOS DAS PRAGAS Os patógenos são microorganismos parasíticos que causam doenças, desbalanceando as atividades normais dos tecidos ou células do hospedeiro. Nesta categoria incluem-se as bactérias, fungos, protozoas, viroses e nematóides quando causam doenças. À seguir apresentam:>s o potencial de emprego de microrganismos (virus, fungos e bactérias) com:> inimigos naturais das pragas e patógenos, no controle biológico. USO DE VÍRUS E BACULOVIRUS Os vírus e viroides são organismos empregados no con- trole biológico em cultivas comerciais em vários países. Os vírus entom:>patogênicos pertencem a dez diferentes famílias e numerosos subgrupos (em torno de 700). 39 Silv io Roberto Penteado O subgrupo dos Baculovírus tem sido o mais estudado por sua alta patogenicida de, rápida ação e, comp~eta seg~~ n- ça para os vertebrados e plantas. Esses vIrus sao ~spec1f1cos para o combate de determinadas pragas. O organis~o pod; ser isolado de lagartas naturalmente infectadas. O baculo v,- rus atua por ingestão, sendo que a laga~a vai pe:dendo sua capacidade de alimentação, morrendo apos o 4° dia. Em cer- tas condições, essas larvas podem desintegrar-se, permitindo que o vírus se dissemine rapidamente pelo ambiente. Controle da Lagarta da soja No controle da lagarta da soJa (Anticarsia gemmatalis) é indicado Bacu/ovirus. anticarsia. E um método totalmente na- tural, no qual não se faz utilização de inseticidas químicos. Este vírus possui alta especificidade e eficiência para o contro- le da Anticarsia gemmata/is nas doses recomendadas. O bacu- lovírus é um inseticida natural, produzido de lagartas conta- minadas por vírus que, depois de maceradas, são diluídas em água e pulverizadas nas plantas. É um defensivo natural que possui a mesma eficiência dos inseticidas químicos e pode ser preparado na própria fa- zenda, utilizando lagartas mortas pelo vírus. Desde o seu lan- çamento, em 1983, o baculovírus já foi aplicado em mais de 10 milhões de hectares, proporcionando uma economia supe- rior a 100 milhões de dólaresem agrotóxicos, o equivalente a mais de 11 milhões de litros de produtos químicos que deixa- ram de ser jogados na natureza. O produto vem sendo utiliza- do com sucesso em outros países. Está disponível em prati- camente todo o Brasil, produzido por empresas licenciadas pela Embrapa e distribuído pela rede varejista de insumos agrícolas. Para lagarta da soja Anticarsia gemmatalis, a quantidade indicada é de 29 a 25 g do pó molhável/ha, ou 50 lagartas mortas com o v1rus por hectare. Estas lagartas coletadas no campo podem ser armazenadas em "freezer" e guardadas adequada mente de um ano para outro (Alves, 1999). Controle do Mandorová da mandioca. No controle do mandarová da mandioca (Erinnyes e/lo) é recomendado O Ba- cu/o~irus erinnys. No cont_r?le da lagarta do milho ( Spodoptera frug1perda) vem sendo utilizado de modo eficiente O Baculovi- rus spodoptera. No caso do mandorová da mandioca é reco- mendado aplicar 20 ml/ha. (Abreu Jr, 1998). 40 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAI S Controle da Lagarta do cartucho do milho A laga rta- do-cartucho é a principal praga que ataca as lavou ras de milho durante todo o estágio de desenvolv imento da cultura. É responsável pela redução da produtiv idade em até 34%. Atualmente a praga pode ser controlada com inset ic ida biológ ico denominado Baculovírus, isolado pelos pesquisado- res do Centro Naciona I de Pesquisa de Milho e Sorgo - Embra- pa Milho e Sorgo. É específico, agindo somente contra a lagar- ta- do- milho. Aplicado através de pulverização, contamina a lagarta por v ia ora I quando ingere as folhas, provocando mor- te, em gera 1, 06 a 08 dias após ingestão. Apresentado na forma de pó molhável, o Baculovírus VPN constitui um dos métodos mais seguros, tanto para o a- plicador quanto para a natureza, pois, além de inofensivo ao ser humano, não é poluente e mantém o equilíbrio do sistema, preservando os inimigos naturais da praga. USO DE FUNGOS ENTOMOPATÓGENOS Devido à elevada capacidade fitopatogênica para insetos e nematoides, certos fungos têm sido empregados corro inse- ticidas biológicos, constituindo excelente opção no controle alternativo de insetos nocivos. Os gêneros mais importantes são apresentados a seguir. BEUVERIA BASSIANA Pesquisas realizadas no Brasil com B. bassiana permitem verif icar o efeito deste fungo entorropatogênico no controle de diversos insetos nocivos (Batista F, 1995), corro descrito a seguir: Controle da Broca ou Moleque da bananeira (Cos- mopolites sordidus). No Brasil aplica-se o fungo pincelado na forma de pasta (20 a 25 g do fungo/isca) em iscas ou armadi- lhas. Fazer iscas usando o pseudocaule da bananeira, tipo queijo ( corte transversa 1) ou tipo telha ( corte longitud ina I de 50 cm). A pasta onde é acrescentado o fungo pode ser feita com 100 g de arroz e 1,0 litros de água, batidos no liquidifica- dor. Tratar as iscas com pasta ou com a suspensão do produto em 10 litros de água. A superfície tratada deve estar voltada para o solo. Pode-se acrescentar óleo mineral (Concentrado Emulsionável) a 5% ou óleo de soja à pasta, aumentando a eficiência. 41 Silv io Roberto Penteado Colocar as armadilhas na base das plantas, na proporção de 50 a 100 iscas por hectare. Substituir as iscas a cada 15 dias.Em Cuba os resultados obtidos por Jiménez et ai. (1990), demo~straram que o entomopatógeno B. bassiana alcança efetividade entre 60 - 80 % e que permanece no solo durante todo o ano, ainda que a partir dos 07 me_ses o inóculo presente não seja capaz de causar alta mortalrda de para a população de C. sordidus presente no cultivo. No tratamento cubano, a pulverização é feita com 1, O kg por hectare em 02 tratamentos anuais, espaçados a cada 06 meses, para controle de C. sordidus e outras pragas presentes (Meloidogyne spp. e o ácaro vermelho Tetranychus tumidus). Para os plantios novos, realizar a primeira aplicação no momento do transplante A utilização de Metarhizium anisopliae constitui alternativa efetiva contra esta praga. Controle da Broca do Café (H. hampl): Recomenda-se aplicar o fungo no período de transição da broca (normalmen- te de dez. à fev.), que corresponde à época de reprodução do inseto, com os grãos do café na fase de chumbinho. Pode-se usar o pulverizador costal manual ou atomizador para aplica- ção, com volume de calda de 200 a 300 litros de água por hectare. Evitar tratamentos com cúpricos neste período. Do- sagem: 2, O a 4,0 Kg/ha do produto em pó ( Beauveria bassia- na), fazendo 01 a 02 aplicações, com intervalo de uma sema- na. Controle do Ácaro rajado. Pesquisas recentes têm derronstrado a eficiência de 100% do B. bassiana no combate ao ácaro rajado. Pulverizações feitas em casa de vegetação comercial de crisântemos, realizados por técnicos da ESALQ na Cooperativa Holambra, mostraram eficiência do Beauveria no controle de ácaro rajado (Tretranychus urticae). Este trab~lho mostrou média ?e redução da população de 1,8 para 0,1 acaro por folha, isto e, houve controle total. Modo de aplicação: Beauveria bassiana (cepa 103) em pulverização semanal (intervalos de 07 dias). Em testes, Beauveria bassiana tem demonstrado ótimos resultados também no controle do ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis) e do ácaro rajado (Tetranycus urticae) do pessegueiro. A mistura com biofertilizantes aparentemente tem favorecido a aplicação. 42 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS Controle de outras pragas É citado por Alves (1999), o efeito patogênico de Beau- vería bassíana com elevada redução da população da cochon i- lha Orthezía praelonga e sobre as cigarrinhas que transmitem a CVC, fazendo-se a aplicação inundativa, inoculativa e man- tendo proteção e conservação deste patógeno. Apresenta ainda, ação contra a mosca branca (Bemísía spp), pulgões (Aphís gossypíí e Myzus persícae) e lagartas desfolhadeiras (quando novas com 0,5 a 1,0 cm). Aplicar o produto direta mente onde as pragas estejam localizadas. De- ve ser levado em conta que o efeito do produto sobre os pul- gões pode levar de 07 a 15 dias. É indicado associado ao M. anísoplíae para combate de cupins (introdução inoculativa com uso de iscas atrativas), pulgões (introdução inoculativa) e moscas brancas (introdução inoculativa e inundativa). METARHIZIM ANISOPLIAE Pesquisas realizadas no Brasil com M. anísop/íae permi- tem verificar o efeito no controle sobre inúmeros insetos- praga, dentre os quais apresentamos os seguintes: Controle de Tripes Pesquisas têm demonstrado o efeito de M. anosíp/íae so- bre os tripes. Fazendo aplicação em cultivo de flores na Coo- perativa Holambra, técnicos da Esalq verificaram eficiência do Metarhizium no controle de tripes (Franklnlel/a occldenta/ls) em casa de vegetação comercial de crisântemos. Houve redução da população de 50% quando comparado com a testemunha. As aplicações foram feitas com intervalos de 07 dias (Fonte: Itaforte). Para controle de tripes (Frankliní- el/a sp e Thrlps spp.) em plantas ornamentais e olericolas em estufas, emprega-se a cepa 103, com 4,0 a 8, O kg/ha e apli- cações de 01 a 02 serra nas de intervalo. Controle de Ciga rri nhas O fungo Metarhlzlum anisopliae está sendo empregado com eficiência no controle das cigarrinhas das pastagens: Zu- /ia entrerlana, Deols f/avopicta e Deois schach. Pode ser apli- cado como curativo (praga existente no estado adulto) ou preventivamente (atuar em áreas infestadas, com ovos em dormência). Pode ser aplicado á partir de agosto nas regiões infestadas no ano anterior. 43 Silv io Roberto Penteado Aplicação: 1,0 a 2, o kg de Metarhizium f.ºr hectare, _de acordo com a infestação (5 a 7 espumas/m . 5 a 10 nm- fas/m2; 3 a s adultos/m2). As seguintes condições melho~a mo tratamento: 25 a 40 cm de altura das pastagens; umidade elevada, temperatura de 25 a 27ºC; diluição em alto volume de água. Segundo Alves (1999), foram encontrados M. aniso - pliae em condições natura is afetando insetos adultos das c i- garrinhasque transmitem o CVC nos citros. No nordeste brasi- leiro, M. anisop/iae vem sendo empregado com sucesso no controle das ciga rrinhas da folha e da raiz, da cana-de-açúcar Mahanarva posticata e M. frimbrio/ata. Controle de Cupins-de-montículo Os fungos M. anisopliae e B. bassiana (cepas seleciona- das) vêm sendo empregados em menor escala para combate a ninhos pequenos de cupins de montículo (Cornitermes cu- mulans e C. hequaerti), permitindo altas taxas de controle. A estratégia de emprego recomendada é a introdução inoculati- va, com iscas atrativas Termitra p. A firma Itaforte recomenda para cupinzeiros de 01 a 03 anos o fungo M. Anisop/iae, na formulação Metarril 103, na dosagem de 0,05 g por montículo. A aplicação é feita perfu- rando o ninho com uma barra de ferro até o centro de celulo- se. Aplicar o produto pelo orifício com polvilhamento de 20 g de arroz moído com conídios do fungo em cada ninho de cu- pim. Recomenda-se urna operação de repasse depois de 01 a 02 anos, visando controlar os ninhos pequenos que não foram observados e escaparam do primeiro tratamento. Controle de Coleo brocas Os fungos entomopatógenos B.bassiana e M. anisopliae vêm sendo estudados para controle de coleobrocas dos citros. Estes são misturados em fubá de milho e aplicado no interior das galerias produzidas pelas larvas com auxílio de uma polvi- lhadeira usada para aplicação de formicidas (Batista F, 1995; Batista F, 1997). SPOROTHRIX INSECTORUM O fungo 5. insectorum é recomendado no controle do percevejo-de-renda Leptopharsa heveae da seringueira, pois tem a presentado resultados bastante satisfatórios. Mais de 30.000 hec_tares de seringais já foram tratados com s. insec- torum (Batista F, 1995; Batista F, 1997). 44 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS TRICHODERMA Diferentes produtos comercia is à base de Trichoderma têm sido comercializados no Bras il para uso em substrato de produção de mudas, especialmente em hortaliças e ornamen- t ais. A recomendação geral é a adição do fungo v ia líquida (irrigação) ou sólida (incorporação do substrato contendo es- poros e micélio do fungo) após a desinfestação ou esteriliza - ção do substrato e alguns dias antes do semeio ou transplan- t e. O fungo Trichoderma, na forma de conídios ou esporos, é considerado excelente controlador de fungos fitopatogênicos de solo, que causam doenças às plantas. É isento de toxicida- de ao homem e ao ecossistema. Sua ação é caracterizada pelo ráp ido crescimento e reprodução, não permitindo desenvolvi- mento de fungos prejudiciais, uma importante característica. Outras ações associadas são: parasitismo (em que en- zimas celulares, proteases e quitinases degradam as paredes celulares dos fungos fitopatogênicos) e antibiose, uma vez que o fungo Trichoderma produz e libera metabólicos que inibem o crescimento dos fungos maléficos. Há recomendações para o controle de podridão do colo e de raízes de macieira, causados por Phytophora. Na literatura há recomendações do produto para controlar fungos que causam danos às plantas, tais como tombamento (dumping- off). Como sensíveis à ação do Trichoderma cita os fungos: Rhizoctonia solani, Fusarium spp; Pythium spp; Sc/erotinia sclerotiorum; Sc/erotium rolfsii e Poria. Outros fungos de possível controle: Botritys, Phytophora; Verticilium; Fusic/adiium; Colletotrichum; Armillaria; Rhizopus; Venturia; Endothia e Diaporthe. Método de aplicação. No caso de viveiros de mudas, o fungo pode ser misturado na base de 1,0 g ou 1,6 mi do produto comercial, para 1,0 litro de substrato ou terra composta, misturados antes da semeadura. O produto pode também ser aplicado diretamente no sulco ou cova de plantio. Neste caso mistura - se o pó, fungo, a terra onde surgirão as raízes e o colo da planta, na dosagem de 6,0 a 10 kg do produto por hectare. No caso da macieira, desinfetar a cova com formaldeído 3% e após 07 dias incorporar saquinho com 24 g do fungo. Plantar depois de uma semana (Abreu Jr, 1998). 45 Silvio Roberto Penteado GLIOCLADIUM O fungo antagonista Gliocladlum é utilizado para o con- trole de Botrytis cinerea ( m:>fo) na cultura do morango . Fonte : EM BRAPA/CNP Uva e Vinho/ Bento Gonçalves- RS . ] USO DE BACTÉRIAS As bactérias são organismos importantes no processo ambienta l, já que algumas de las são úteis na defesa das, pla n- tas. As bactérias do gênero Bacil/us, por exemplo, alem da atividade de degradação da matéria orgân ica , são importantes na produção de substâncias antibióticas que protegem as plantas dos ataques de outros micro-organismos patógenos. Estas bactérias são geralmente ma is resistentes às condições adversas do que os demais micro-organismos, porque têm elevada capacidade de formação de esporos. Ultima mente, tem sido evidenciada a participação de Bacil/us subtilis nos processos de controle biológico, uma vez que está presente nos biofertilizantes produzidos a partir do esterco fresco de bovinos, portanto, um micro-organismo de fác il obtenção e emprego. Para obter uma calda rica em Bacil/us subtilis, são util i- zadas os estercos frescos de bovinos, que devem ser ferme n- tados com água antes do emprego. Podem ser enriquecidos com micronutrientes (B, Zn, Mn, Mg e outros), que devem ser misturados com leite ou melaço antes de ser misturados. Existem várias outras bactérias entomopatogênicas, com destaque para as espécies B. popilliae (patógeno de larvas do besouro branco dos pastos); B. sphaericus (patógeno de mos- quitos) e B. thuringiensis. Esta última é espécie muito conhe- cida no controle biológico de larvas de lepidópteros ( maripo- sas). Bacil/us thuringiensis. Já é comum em cultivas comerciais o seu emprego para controle de diversas espécies de lagartas desfolhadoras e alguns coleópteros, surtindo efeito total 24 a 72 horas após o consumo das folhas tratadas . Dosagens de 250 a SOO g/ha. Produtos comerciais: Bac- Contro I e Bactur. A bactéria B. thuringiensis var kustaki, tem sido recomendada para controle do Bicho- furão dos citros (Ecdyto/opha aurantiana) na pulverização com cobertura total das plantas, em alto volume, de 25 a 30 cm3/100 litros de água, e adicição de adesivo- espalhante (Alves, 1999). 46 DEFENSIVOS ALTERNATIVOS E NATURAIS PREPARO E APLICAÇÃO DOS INSETICIDAS BIOLÓGICOS Preparo da calda. O tanque, recipientes e equipamen- tos devem estar limpos e lavados com água e sabão, uma vez que resíduos de defensivos podem afetar o produto. Preparar o produto num balde com água, antes de colocar no tanque do pulverizador. Usar água de boa q ua i ida de, sem cloro. Fazer uma suspensão do produto em água, com espa- lhante adesivo ( ex. Extravo n O, 01 %) sob agitação. Interro m- per a agitação e aguardar 05 minutos para precipitação do inerte, que deve ser descartado. Colocar no tanque e comp le- tar o volume para 200 a 300 litros/ha. Formas de aplicação. Pode ser feita aplicação em pu 1- verização com equipamentos terrestres (costal ou de barra tratorizados, com bicos cônicos) ou avião. O produto possu i ação de contato e a aplicação deve ser dirigida à praga. Apli- car as dosagens menores quando o intervalo de aplicação for curto ou houver baixa infestação da praga, e as dosagens maiores quando as aplicações forem mais espaçadas ou hou- ver alta infestação. Cuidados na aplicação. Fazer o preparo da calda pou- co antes da aplicação. Pulverizar ao final do dia, a partir das 16 horas, evitando as horas de sol forte. A forte insolação com raio ultravioleta provoca a morte dos conídios do fungo e a efetividade do tratamento . As melhores condições para o tra- tamento são: temperatura de 20 a 30 °c e umidade relativa acima de 65%. O fungo Metarhizium anisopliae, bastante comum nos trópicos, tem maior efetividade no verão, enquanto o Beauveria bassiana resiste ma is às baixas temperaturas, tendo também bom comportamento no inverno. Durante a aplicação manter o tanque em constante agitação. Esses micro-organismos são
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