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Reflexos Arcaicos na Avaliação Neurológica Infantil

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Reflexos 
Atividade reflexa 
Os reflexos primários, ou reflexos arcaicos, podem ser 
definidos como uma forma imatura de comportamento motor 
que vai conferir proteção e novas vivências baseadas em 
respostas desencadeadas pelos diferentes estímulos, o que vai 
contribuir para o aprendizado decorrente da formação de 
novas sinapses e preparar para a motricidade voluntária. 
E como os reflexos são característicos de cada idade, a 
avaliação é importante para acompanhar o processo de 
desenvolvimento neural, avaliando a integridade e maturação 
do SNC. E isso vai auxiliar na detecção precoce de distúrbios 
motores. 
Com o processo de maturação cortical, os estímulos que 
antes provocavam respostas automáticas vão cedendo lugar 
a vivências menos automáticas, até a aquisição de atividade 
psicomotora voluntária. 
A avaliação desses reflexos deve ser realizada em momento 
no qual o bebê se encontre calmo, alimentado, de preferência 
despido, em ambiente com temperatura agradável. 
Em decúbito dorsal: 
• Reflexo de sucção 
• Reflexo da glabela 
• Reflexo de moro 
• Reflexo de busca 
• Reflexo mão-boca 
• Reflexo de preensão palmar 
• RTCA 
• Reflexo cutaneoplantar 
• Reflexo de preensão plantar 
• Reflexo de extensão cruzada 
Em suspensão vertical: 
• Reflexo de marcha 
• Reação de colocação 
• Reação de apoio plantar 
Em suspensão ventral: 
• Reação de Landau 
• Reação de Galant 
Em decúbito ventral: 
• Reação de fuga à asfixia 
Reflexo de sucção 
Um estímulo oferecido pelo dedo mínimo do examinador 
protegido por uma luva, ou utilizando-se o dorso da mão do 
próprio bebê, na região do lábio ou da língua. Como resposta, 
o bebê fará a sucção. Costuma seguir o reflexo de procura 
com relação ao período de transição para motricidade 
voluntária. 
Reflexo da glabela 
É feita uma leve percussão com o dedo na região da glabela 
provoca o fechamento imediato das pálpebras, simétrica e 
bilateralmente. Pode ser observado até por volta do segundo 
mês e permite verificar eventuais paresias faciais. 
Reflexo de moro 
O examinador coloca o bebê sobre um antebraço apoiando a 
cabeça com a outra mão. A mão que sustenta a cabeça 
move--se para baixo desencadeando um deslocamento 
abrupto da cabeça do bebê para trás, o que promoverá a 
excitação dos canais semicirculares e dos proprioceptores do 
pescoço pela modificação da posição da cabeça em relação 
ao corpo. Como resposta, observam-se extensão, abdução e 
elevação de ambos os membros superiores, seguidas de 
retorno à posição flexora inicial. Pode ser seguido de choro 
durante a manobra, por este motivo recomenda-se realizar a 
pesquisa ao final da avaliação dos demais reflexos. Em média, 
deve estar integrado por volta do quarto mês de idade. 
Reflexo dos olhos de boneca 
Presente ao nascimento, sofre rápido declínio e em média se 
encontra atenuado já a partir do décimo dia de vida. Ao se 
desviar a cabeça para um dos lados, há desvio conjugado dos 
olhos para o lado oposto, recuperando lentamente a posição 
habitual de centralização. Indica integridade das vias vestíbulo-
oculares 
Reflexo de busca ou dos quatro pontos cardiais 
O estímulo é oferecido na comissura labial e na porção média 
perilabial superior e inferior; como resposta, haverá desvio dos 
lábios para o lado estimulado. A literatura apresenta 
variabilidade quanto ao período deste como resposta reflexa 
e a transição para controle voluntário, ocorrendo entre o 
terceiro a sexto mês de vida. 
Reflexo mão-boca ou de Babkin 
Como resposta à pressão exercida pelos polegares do 
examinador sobre as palmas das mãos do lactente, este fará 
a rotação da cabeça para a linha média, acompanhada pela 
abertura da boca. Esse reflexo se atenua por volta do terceiro 
mês e deve estar integrado já no quarto mês. A presença 
pressupõe à existência de conexões sensório-motoras entre 
as mãos e a boca, o que permitirá mais tarde a coordenação 
voluntária entre elas. 
Reflexo de preensão palmar 
Desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se 
flexão dos dedos. Resulta de aferência e eferência das raízes 
de C6, C7 e C8. Desaparece no quarto mês. 
Reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA) 
Descrito por Magnus e De Kleijn, decorre das mudanças 
tônicas assimétricas nos músculos do pescoço, detectadas 
pelas terminações proprioceptivas correspondentes às raízes 
posteriores dos três primeiros nervos cervicais, seguindo por 
vias aferentes até centros subcorticais ligados ao labirinto. 
Pode ser observada resposta resultante de movimentos 
espontâneos ou pela rotação da cabeça para um ou outro 
lado realizado pelo examinador enquanto a outra mão 
estabiliza o tronco do RN. Essa resposta se dá pela extensão 
dos membros do lado para o qual a face estiver direcionada e 
pela flexão do lado occipital. 
Essa atitude, também descrita como “de esgrimista”, favorece 
a presença da mão do bebê no campo visual, o que 
contribuirá para importante aquisição, estabelecendo a 
imagem da mão no esquema corporal, favorecendo a 
coordenação olho-mão e facilitando o desenvolvimento da 
preensão. Esse reflexo estará bem ativo no segundo mês de 
vida e deverá estar integrado por volta do terceiro a quarto 
mês. 
Reflexo cutaneoplantar 
Realiza-se estímulo com estilete de ponta romba, na porção 
lateral do pé do bebê, no sentido artelhos-calcâneo para evitar 
a resposta combinada da preensão plantar, segundo 
Funayama. Outros autores (Coriat, Dargassies e Lefèvre) 
sugerem o estímulo no sentido calcanhar-artelhos, seguindo 
pelo bordo lateral. O reflexo cutaneoplantar é em extensão no 
primeiro semestre de vida. No segundo semestre, pode ser 
em flexão, indiferente ou em extensão. Possui aferência em 
S1 e eferência em L4. 
A partir da aquisição da marcha independente, deve ser 
sempre em flexão. Não foi mencionado o reflexo de Babinski, 
seguindo Coriat, Dargassies e Lefèvre, por ser este um sinal 
que denuncia lesão piramidal, apresentando características 
tanto pelo mecanismo fisiológico, como pela expressão 
semiológica, bem distintas do reflexo cutaneoplantar. 
Reflexo de preensão plantar 
Desencadeado pela pressão da base dos artelhos, observa-se 
flexão dos dedos do pé. Está presente ao nascimento, atenua-
se por volta do terceiro trimestre e desaparece totalmente 
aos 12 meses. Parece demonstrar maturidade neuromotora da 
criança, influenciada mais pelo uso voluntário dos membros 
inferiores do que pela idade cronológica. 
Reflexo de extensão cruzada 
O membro inferior do bebê deverá ser contido em extensão; 
a seguir, estimula-se a planta do pé e como resposta o 
membro inferior contralateral aumenta a flexão da perna 
sobre a coxa e desta sobre o abdome, para em seguida aduzir 
e estender ao máximo, aproximando o pé do ponto 
estimulado, como para se defender do estímulo nocivo. Está 
presente ao nascimento e costuma desaparecer por volta do 
segundo mês. 
Reação de apoio plantar 
Observada quando se oferece contato dos pés em uma 
superfície rígida (mesa de exame) com o bebê suspenso na 
região infra-axilar em posição vertical. Ele realizará aumento 
do tônus extensor dos membros inferiores. Em média, é 
considerado presente até os 2 a 3 meses de idade. Coelho 
relata este reflexo como de controle situado no tronco 
cerebral. 
Reflexo de marcha 
Seguindo a postura de reação de apoio plantar e alcançada a 
extensão dos membros inferiores, uma leve inclinação anterior 
favorece a alternância dos membros, com cruzamento de 
uma perna à frente da outra, resultando na troca de passos. 
Também observado até os 2 meses de idade em média. 
(Vídeo que disseram que o bebê nasceu querendo andar). 
Reação de colocação (placing reaction) 
É desencadeada por estímulo tátil do dorso do pé, estando o 
bebê em suspensão vertical segurado pelas axilas. Observa-se 
elevação do pé como se estivesse subindo um degrau de 
escada. Há integração corticocerebelar, citada por Funayama 
como o único reflexo primitivo com integração cortical.As 
mãos podem apresentar a mesma resposta, quando 
estimuladas na face dorsal, realizando o apoio sobre a mesa 
de exame. Observado até o segundo mês de vida. 
Reação de Landau 
Decorre da complexa interação de reações labirínticas e 
tonicocervicais. É pesquisada com o bebê em suspensão 
ventral, e nesta condição a cabeça irá se elevar 
espontaneamente, formando um arco côncavo para cima. 
Existem relatos distintos com relação a idade em que ela surge 
e quanto ao seu término. Alguns autores a relatam como 
presente a partir do nascimento. Outros fazem referência a 
partir dos 3 meses de idade, quando a extensão da cabeça 
ultrapassa a linha corporal, quando a extensão alcança o tronco 
e quadril em torno de 6 meses e quando finalmente se 
apresenta até os membros inferiores por volta dos 10 meses. 
É classificada em Landau I, quando ocorre a extensão, e 
Landau II, quando ao se fletir ventralmente a cabeça da criança 
está apresentará flexão do tronco e dos membros. 
Reflexo de Galant 
Pode ser obtido em decúbito ventral (neste caso, deve-se 
manter a cabeça do bebê na linha média) ou suspensão 
ventral. Estímulo realizado sobre a pele na região costolombar, 
um pouco acima da crista ilíaca; como resposta, a coluna se 
curva para o lado do estimulo. Presente desde o nascimento 
e desaparece no decorrer do segundo mês. 
Reação de fuga à asfixia 
Colocado em decúbito ventral, a rotação da cabeça é imediata, 
garantindo a liberação das vias aéreas. 
Tônus 
O tônus flexor aumenta em direção caudocefálica até o 
padrão de flexão plena a termo. 
 
Para avaliar de maneira adequada o tônus, o RN precisa estar 
em estado de repouso irrestrito. 
Avalia-se fletindo o punho e medindo o ângulo mínimo entre 
a palma e a face flexora do antebraço. Com o avançar da IG, 
este ângulo diminui, e vale notar que esta progressão avança 
mais lentamente ex utero do que se o feto tivesse continuado 
a evoluir sem intercorrências no útero. 
O sinal do cachecol, indicativo de tônus axial superior e do 
ombro, é avaliado puxando-se o braço transversalmente sobre 
o tórax, para circundar o pescoço como um cachecol, e 
observando-se a posição do cotovelo em relação à linha 
média. 
Os fatores que podem levar ao aumento do escore da IG por 
meio da limitação da mobilidade incluem obesidade acentuada, 
edema da parede torácica e hipertonia da cintura escapular, 
enquanto as condições que causam hipotonia generalizada 
têm o efeito oposto. 
O recolhimento do braço é avaliado posicionando o RN em 
decúbito dorsal com o braço totalmente flexionando no 
cotovelo. Depois de segurá-lo nesta posição por alguns 
segundos, estenda totalmente o antebraço e solte. 
Observa-se o grau no qual o braço retorna a um estado de 
flexão. Semelhante ao sinal do cachecol, as condições que 
afetam o tônus muscular podem ter um impacto significativo 
no escore. Para determinar o ângulo poplíteo, os quadris são 
fletidos e as coxas são aproximadas do abdome. Mantendo a 
pelve plana, estende-se o joelho o máximo possível a fim de 
estimar o ângulo poplíteo. A apresentação pélvica franca in 
utero pode produzir maior ângulo do que o esperado para 
uma determinada IG. 
Na manobra calcanhar-orelha, as pernas são seguras juntas 
sobre o abdome e levadas o máximo possível em direção às 
orelhas, sem levantar a pelve da mesa. O ângulo formado 
entre o dorso do calcanhar e a mesa diminui com a 
maturidade. 
Postura 
A postura em repouso normal para a IG é determinada em 
primeiro lugar. Enquanto observa a posição do pescoço, o 
examinador analisa a simetria entre os lados e compara os 
membros superiores e inferiores. Se houver assimetria lateral 
e a cabeça estiver virada para um lado, pode ser que exista 
postura assimétrica do reflexo tônico-cervical, com os 
membros no lado mentoniano em extensão e os do lado 
occipital em flexão. Neste caso, deve-se girar a cabeça para o 
lado oposto a fim de verificar se a assimetria reverte. 
Um reflexo tônico cervical assimétrico fixo (resistente à 
inversão passiva) indica anormalidade neurológica. 
Atividade espontânea 
Durante os estados de sono e vigília, o RN se alonga, move 
todos os membros igualmente, abre e fecha as mãos, procura 
com a boca e começa a sugar quando algo toca sua face e 
boceja com expressão facial, ou permanece parado e move-
se apenas em resposta à estimulação? 
Os RNs prematuros despendem mais tempo dormindo, mas 
devem ter atividade espontânea e posturas em repouso 
coerentes com sua IG. É fundamental que essa inspeção seja 
feita antes do manejo, visto que os prematuros podem se 
estressar rapidamente e pode ocorrer declínio nos níveis de 
atividade em resposta.