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Abordagem clínica da anafilaxia, rinite e asma RINITE Pode ser medicamentosa, alérgica. RINITE ALÉRGICA • Acomete 30-40% das crianças e pouco mais de 40% dos adultos. • Irritantes: irritam a mucosa nasal, que já é hiper- reativa quando o indivíduo tem rinossinusopatia alérgica, desencadeando ou agravando sintomas de rinite alérgica, mas o indivíduo não é alérgico. Ex: fumaça, poluentes ambientais. • Alérgenos: provocam rinite alérgica. Principais são ácaros, poeira, mofo, pelos de cão e gato, barata e polen. A RA pode ser intermitente ou persistente quanto à duração dos sintomas, leve ou moderada/grave quanto à intensidade dos sintomas. Pode ser alérgica ou não alérgica (como as virais). A rinite também pode ser sazonal (relacionada com a época do ano devido alérgenos encontrados no ambiente externo – pólen, flores, fungos) ou perene (associada a alérgenos de ambientes fechados – ácaro, animais domésticos, barata). Fisiopatologia Inflamação eosinofílica da mucosa nasal e seios paranasais devida reação mediada por IgE. Hipersensibilidade mediada por IgE a alérgenos específicos, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos e sensibilizados a alérgenos inaláveis. No entanto, pode se desenvolver em qualquer fase da vida do indivíduo. Fase de sensibilização: Ag + célula apresentadora de antígeno (APC) → antígeno transformado em peptídeos, que se ligam à receptores MHC-2 → linfócito T helper (Th0) sofrem direrenciação para linfócitos Th2 → ativação de mais linfócitos, produção de IL-4, IL-13 → diferenciação de linfócitos B em plasmócitos produtores de IgE → estimula resposta dos mastócitos. Resposta imediata: Mastócito → degranulação e liberação de histamina, bradicinina, leucotrienos e prostaglandinas. Há vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular da secreção glandular (EDEMA), estimulação de receptores H1 em fibras sensitivas e coriza (rinorreia hialina). Sintomas: prurido, edema, hiperemia, espirros, obstrução nasal. Após 30 min da resposta imediata, os sintomas cessam. Algumas horas depois, ocorre a resposta tardia → segundo aumento de histamina. Resposta tardia: Ativação das moléculas de adesão leucócito- endoteliais (expressão da P-selectina e E-selectina nas células endoteliais, em razão do estimulo de mediadores, como histamina, IL-1, TNF-alfa) → marginação leucocitária por rolamento → molécula de adesão celular são expressas no endotélio por estimulo de citocinas→ eosinófilos firmemente aderidos fazem a diapedese → acúmulo de eosinófilos na mucosa nasal (por resposta à quimiocinas) → degranulação de mastócitos e liberação de MBP, ECP, EPO → lesão tecidual e hiper- reatividade. O nariz fica sensível (qualquer cheiro ou estimulo no nariz, causa espirros, etc). Quadro clínico ✓ Prurido nasal (que também pode afetar olhos, palato, faringe, laringe, ouvido). ✓ Coriza ✓ Rinorreia aquosa ✓ Espirros ✓ Pode ocorrer roncos noturnos quando descompensada (o que a confunde com hipertrofia adenoideana) ✓ Obstrução nasal ✓ Pode estar associado anosmia, hiposmia e alteração do paladar ✓ Sintomas oculares: prurido, lacrimejamento, hiperemia conjuntival ✓ Também pode ocorrer cefaleia (baixa pressão seios nasais devido edema e oclusão dos ostios para esses seios → dor, sensação de cabeça pesada), otalgia e plenitude (sensação de ouvido cheio), epistaxe, sintomas sistêmicos, sintomas gastroentéricos. Anamnese Investigar: início, duração e intensidade das crises, sintomas (primários e secundários), frequência, evolução, fatores desencadeantes e agravantes, tratamentos prévios. Antecedentes familiares – histórico familiar de alergia (atopias), otites médias, sinusites. Antecedentes pessoais – patologias alérgicas, traumatismos, intervenções nasais, complicações, uso de medicamentos, resfriados frequentes, otites de repetição, sinusites de repetição, asma. Hábitos e vícios: tabagismo, drogas ilícitas, hobbies, ambiente em que vive. Exame físico Inspeção: edema palpebral, cianose periorbitária (devido estase venosa secundária à obstrução nasal crônica), linhas de Dennie-Morgan (pregas na pálpebra inferior) características dos atópicos. Prega nasal (secundário a movimentos frequentes para coçar nariz). Pode ser constatado fácies adenoidiana. Exame das fossas nasais: mucosa das conchas hiperemiada ou pálida, edematosa, coberta por fina secreção hialina. Exames complementares (eventualmente, raro, porque o diagnóstico é clínico): • Testes alérgicos • Endoscopia nasal – quando a rinoscopia anterior é inconclusiva. • Citologia nasal – pouco utilizado na prática. Qual a célula que predomina no paciente (espera-se eosinofilia). É fácil, porém pouco específico. A presença de basófilos e neutrófilos também é comum na rinite alérgica. Na irritativa, não há alteração significativa do citológico nasal. Na rinite infecciosa bacteriana, é possível observar células ciliadas com conformações anormais e aumento de células inflamatórias (linfócitos, plasmócitos, neutrófilos, mastócitos, bactérias). Em infecções virais, as células epiteliais ciliadas têm sua estrutura destruída. • TC dos SPN: não se usa mais radiografia dos seios PN (sobreposição óssea). A TC é mais utilizada quando há suspeita de rinossinusite crônica. • Exames específicos (prick-test, RAST): O prick test é o teste cutâneo de reação à determinados antígenos, enquanto o RAST é a pesquisa de IgE sérica específica. • Hemograma – eosinofilia sanguínea é comum nas doenças alérgicas. • Dosagem de imunoglobulinas – É útil em casos de rinite infecciosa recorrente. Até 50% dos pacientes com esse tipo de rinite portam alguma imunodeficiência humoral (principalmente IgA). A dosagem de IgE é muito sensível, porém pouco específico (pode estar aumentado por alergias, parasitoses, escabiose, dermatite, sarcoidose). Tratamento • Controle e higiene ambiental • Anti-histaminicos – atividade antialérgica e anti- infamatória. Antagonistas do receptor H1 da histamina. Os antagonistas H1 de 1º geração (clássicos) têm efeito sedativo, e a interação com o álcool potencializa o efeito depressor. São cada vez menos usados. Os anti-histamínicos não clássicos (astemizol, loratadina, azelastina, cetotifeno, etc) são inibidores da expressão de ICAM-1 (moléculas de adesão intercelular relacionada com a atração de eosinófilos para a mucosa nasal). Essa classe de medicamentos alivia os sintomas e possui pouco efeito sedativo. Novos anti-histamínicos estão disponíveis, com pouca entrada pela BHE (menos efeito sedativo) – desloratadina, bilastina. • Descongestionante – administração atópica ou sistêmica (ambos apresentam efeitos sistêmicos). São divididos em 2 grupos: catecolaminas (pseudoepinefrina, fenilefrina – A1) e imidazólicos (nafazolina, oximetazolina – ação predominante em A2). Os tópicos possuem efeito rápido e não devem ser utilizados mais de 3-4 das (risco de efeito rebote – rinite medicamentosa). Os sistêmicos podem ser usados por períodos mais prolongados. Efeitos colaterais: tremores, cefaleia, insônia, elevação da pressão arterial. Segundo o prof, é CI → efeito rebote, lesão necrótica por efeito vasoconstritor, viciantes, metaplasicos. • Anticolinérgico – brometo de ipratrópio compete com a Ach pelos receptores muscarínicos, inibindo pós-ganglionares e em células efetoras (mastócitos, basófilos, etc). Seu efeito é local e reduz rinorreia, com pouco efeito sobre a obstrução. • Cromoglicato dissódico – estabiliza a mb dos mastócitos, reduzindo sua degranulação (inibe fase inicial e tardia da reação alérgica). Controle espirros, rinorreia, prurido e tem pouca ação sobre a obstrução. Seu efeito surge em 2-4 semanas. • Corticoesteroides – mais potentes anti- inflamatóriosdisponíveis. Há redução de mastócitos, basófilos, eosinófilos. Também inibem a enzima fosfolipase A2 (atua no ácido araquidônico para liberação e prostaglandinas e leucotrienos). Reduzem a liberação de várias citocinas e interleucinas. Controlam sintomas das fases imediata e tardia. Podem ser de uso sistêmico ou tópica (para rinite alérgia, geralmente é uso tópico). Todos os de uso tópico são absorvidos e possuem efeitos sistêmicos. Efeitos colaterais comuns: boca seca, epistaxe, irritação, espirros. • Antileucotrienos – Receptores de leucotrienos encontram-se nas vias respiratórias de humanos e células pró-inflamatórias, e correlacionam-se com a fisiopatologia da asma e da rinite alérgica. O montelucaste é um potente antileucotrieno de uso sistêmico, que melhora significativamente inflamação asmática e rinite alérgica. Diminui o número de eosinófilos circulantes, com efeito anti-inflamatório e redução dos sintomas. São mais usados no tratamento de asma. • Imunoterapia: indicada quando há falha medicamentosa, paciente não aceita farmacoterapia, CI ou efeitos colaterais da farmacoterapia, impossibilidade de afastar alérgeno, monossensibilização (paciente sensível a apenas 1 alérgeno). O objetivo é redução da reatividade aos antígenos, diminuindo a dose ou até retirando a medicação utilizada. Deve ser usada apenas em portadores de rinite do tipo alérgica. A imunoterapia deve ser feita em tempo prolongado, para efeitos duradouros. Há poucos casos de reações advesas. CI: DAC, uso de beta- bloqueadores (devido necessidade de adrenalina em caso de reação anafilática), imunodeficiências e imunodepressão. • Procedimentos cirúrgicos: caso não haja melhora clínica significativa da RA com as diversas modalidades terapêuticas supracitadas, deve-se avaliar a possibilidade cirúrgica. Remoção parcial dos cornetos nasais inferiores. Seu objetivo é a desobstrução nasal. Cauterização dos cornetos, septoplastia, etc. Não alivia demais sintomas (prurido, espirro, outros). Lavagens nasais com solução salina isotônica podem ser utilizados como coadjuvante no tratamento, auxiliando a remoção de secreções e partículas alérgenas. Tratamento de escolha: higiene ambiental + corticoesteroide tópico + anti-histamínico oral por 5 dias. Consequências da rinite alérgica Otite média serosa: a alergia atinge a orelha média. O edema inflamatório alérgico atingindo a tuba auditiva ou seu óstio pode gerar disfunção. Rinossinusite infecciosa e asma: há grande associação entre RA e essas duas patologias. Alterações do crescimento craniofacial: a respiração bucal em crianças pode influenciar no crescimento da face. Facies alongada (adenoidiana). ASMA Inflamação difusa das vias respiratórias, desencadeada por diversos estímulos deflagradores → broncoconstrição. Dispneia, opressão torácica, sibilos. DG é CLÍNICO. Epidemiologia Uma das doenças crônicas mais comuns da infância. Entre as principais causas de hospitalização em crianças. Mais negros, não hispânicos. Etiologia Múltiplos fatores. Múltiplos genes (+ de 100) e fatores ambientais (exposição a alérgenos, dieta, fatores perinatais). Alérgenos domésticos → ácaros, baratas, animais de estimação. Alimentação com baixo teor de vit C, vit E, ômega 3. Baixa idade materna, prematuridade, BP ao nascer, ausência de aleitamento materno. Fisiopatologia Broncoespasmo; edema e inflamação das VA; hiper- reatividade das vias respiratórias; remodelamento das vias respiratórias. ➔ Células Th2, eosinófilos, mastócitos, neutrófilos, subtipos CD4+ → formam infiltrado inflamatório extenso no epitélio e musculatura lisa das VA → remodelamento destas (descamação, fibrose, hipertrofia da musculatura lisa) → obstrução das VA e aumento da reatividade a alérgenos, infecções, irritantes, estimulação SNAP e outros deflagradores broncoconstritivos. ➔ Perda de inibidores da broncoconstrição (fator derivado do epitélio, PG E2, etc) devido descamação do epitélio e edema da mucosa. ➔ Gatilhos da asma: alérgenos, ar frio e seco, infecções (vírus sincicial, rinovírus, coronavírus, parainfluenza; pneumonias), exercício, inalação de irritantes, emoção, AINEs, DRGE (broncoespasmo induzido por ácido esofágico ou microaspiração do ácido). Classificações • Intermitente, persistente leve, persistente moderada, persistente grave. Não prevê o grau de exacerbação do paciente. • Controle: bem controlada, não bem controlada, mal controlada. Tabelas: Sinais e sintomas Leve: assintomáticos entre as exacerbações. Mais graves: dispneia, aperto no tórax, ausculta de sibilos, tosse. Sintomas podem ser mais noturnos e matutinos (provavelmente pela queda de cortisol). Pode haver despertar noturno – asma noturna. Sinais: sibilos, pulso paradoxal (queda da PAS>10mmHg na inspiração), taquipneia, taquicardia, respiração forçada com uso de acessórios, batimento da asa do nariz. Fase expiratória prolongada (inspiração:expiração = 1:3). Paciente grave pode não ter sibilos. Tórax em barril. Exacerbação grave: alteração da consciência, cianose, pulso paradoxal >15, st O2<90, PaCO2>45, hiperinsuflação. Pode haver pneumotórax/pneumomediastino no raio x. Diagnóstico A) Avaliação clínica – história, exame físico. Tabela asma x DPOC B) Testes de função pulmonar – confirmar e quantificar a gravidade da obstrução das vias respiratórias. Espirometria antes e depois da inalação de broncodilatador. Antes da inalação: VEF1 (volume expirado forçado no 1º segundo) reduzido, redução da relação VEF1/CVF (capacidade vital forçada). Melhora da VEF1 >12% (ou >10%) após broncodilatador confirma a obstrução reversível das VA. Exame negativo não descarta asma. Pode realizar teste terapêutico. Teste provocativo – inalação de metacolina ou outros broncoconstritores → para suspeita de asma com espirometria normal e nos testes de volume fluxo. Apresenta CI. Declínio >20% da VEF1 – provável asma (também poderia ser DPOC). Outros testes: teste da capacidade de difusão do CO, radiografia do tórax, teste da alergia. ✓ Radiografia não mostra alterações em asmáticos, ou poucas (despercebidas). Serve mais para dg diferencial de pneumonia, pneumotórax, pneumomediastino. Avaliação das exacerbações ✓ Critérios clínicos ✓ Oximetria de pulso ✓ Aferição do pico do fluxo expiratório – determina gravidade da crise; também útil para acompanhamento ambulatorial. Redução de 15- 20% do valor basal do paciente indica exacerbação importante. Se valor basal é desconhecido, usa percentual previsto para idade, altura e sexo. ✓ Espirometria não é viável em casos urgentes e PS. Prognóstico Na maioria das crianças, a asma regride com a idade. 1 a cada 4 pode persistir sintomas até vida adulta, ou recidivar após anos. FR para persistência ou recividas: sexo feminino, tabagismo, < idade de início, sensibilidade à poeira. Apesar de haver mortes por asma, estas são preveníveis com tratamento. FR para óbito: aumento da necessidade de corticoides, hospitalizações pregressas por agudizações, valores baixos da PFE. Se o tratamento não é eficaz e instituído precocemente, os pacientes podem apresentar alterações estruturais irreversíveis (remodelamento), com obstrução do fluxo de base que não é completamente reversível. Evitar: tto precoce! Tratamento ➔ OBJETIVO: minimizar incapacidade, prevenir exacerbações, melhorar qualidade de vida (reduzir despertar, reduzir procura no setor de emergências, hospitalizações), manutenção da função pulmonar basal. 1. Controle de fatores deflagradores: excluir causa de ativação da asma. Alterações ambientais (higiene, componente dos utensílios, troca de travesseiros/colchão, não usar tapetes, cortinas, não ter animais de estimação, extermínio de baratas, usode vapor nos ambientes, evitar alimentos alérgicos, cessar tabagismo, cessar exposição à fumaças, evitar temperaturas frias, broncodilatador antes de exercícios – se necessário durante e após, evitar AINEs se sensível). Não usar betabloqueadores não seletivos (propranolol, carvedilol, nadolol, timolol). 2. Terapia medicamentosa: broncodilatadores (agonistas B2, anticolinérgicos); corticoides; modificadores de leucotrienos; estabilizadores de mastócitos; imunomoduladores. 3. Termoplastia brônquica: técnica broncoscópica que diminui remodelamento das vias respiratórias. Casos selecionados de refratariedade ao tto clínico e casos bem graves. 4. Monitoramento: espirometria ambulatorial a cada 1-2 anos, acompanhamento de sintomas, PFE). DeLiSiA (lembrar da tabela). 5. Orientação do paciente: paciente deve conhecer a doença e a importância do tto. Técnica correta de uso. 6. Tratamento de agudizações: broncodilatadores inalatórios, corticoides sistêmicos. Oxigenioterapia por cânula nasal (2-3l/min), broncodilatador B2 de curta ação (salbutamol 4- 8 jatos a cada 20 min e depois hora em hora até melhora). Corticoides sistêmicos são os únicos que evita recidiva dos sintomas e reduz taxa de hospitalização. Sulfato de magnésio pode diminuir probabilidade de intubação, reduz internação (aminofilina – só uso em agudização!). 7. Considerar imunoterapia em pacientes sensibilizados para aeroalérgenos com RA concomitante. Tratamento conforme gravidade. O tratamento aumenta de forma gradual até alcançar melhor controle (antes de intensificar → revisar adesão, exposição a fatores ambientais, presença de comorbidades). Tabela dos steps: ➔ Asma leve: STEP 1 ou 2 ➔ Moderada: step 3 ➔ Grave: step 4/5 ou corticoide oral em pelo menos metade do último ano. ➔ Asma de difícil controle: não melhora mesmo no step 4/5, ou requer uso continuo de corticoide sistêmico por pelo menos 6m. Pode pensar em imunoterapia. Anti-IL5 e Anti-IgE → imunobiológicos. Considerar imunoterapia para dessensibilização da asma alérgica. Quando a asma é bem controlada por pelo menos 3 meses, a terapia farmacológica é reduzida ao mínimo que mantém um bom controle. Tratar a asma durante a gestação de maneira agressiva. ANAFILAXIA A definição é pouco estabelecida e há divergências em torno disso. Indivíduos com alergias ou asma desenvolvem anafilaxia mais grave. Outros FR: HP de anafilaxia. Medicamentos e meios de contraste radiológico são os mais associados (62%), seguido por alimentos, insetos, venenos para insetos. No perioperatório, há relaxantes neuromusculares, além do látex (principais). Qualquer agente capaz de ativar basófilos ou mastócitos pode levar à anafilaxia. Anafilaxia idiopática é uma das causas mais comuns, porém é diagnóstico de exclusão! Fisiopatologia Interação antígeno com IgE específico em superfície de mastócitos e basófilos tissulares e sanguíneos. Não é somente IgE dependente, também pode ser causada por citotoxicidade (como reações de transfusões sanguíneas), e de complexo imune (complexos de gamaglobulina). Os mediadores liberados por mastócitos e basófilos são histamina, triptase, quimase, heparina, PGD, leucotrienos, fator liberador de histamina e outras citocinas, PAF. ➔ H → ativação de receptores H1 (prurido, taquicardia, broncoespasmos, vasodilatação – pelo aumento de NO) e H2 (ambos causam cefaleia, rubor, hipotensão, sintomas TGI). Níveis de H correlaciona-se com a gravidade e persistência das manifestações. ➔ Leucotrieno B4 contribui para a fase tardia da anafilaxia. Outras vias inflamatórias importantes são complemento, vias de coagulação. ➔ Alguns mediadores limitam a anafilaxia: quimase ativa a ANG II que modula a hipotensão; heparina inibe a coagulação, a formação de complemento, atividade tríptica, outros. ➔ Predomina edema de laringe, insuficiência respiratória e colapso vascular. Associação clínica com eventos cardíacos (IAM, alterações de ritmo). Não é claro se esses efeitos cardíacos são devido a exacerbações de condições clínicas pré existentes ou por ação direta dos mediadores no miocárdio. ➔ A permeabilidade vascular pode resultar em perda de até 50% do volume intravascular para o espaço extravascular em cerca de 10 min. Isso ativa o SRAA e ativa a liberação de catecolaminas. Alguns indivíduos podem desenvolver aumento da RVP e outros redução da RVP. ➔ OBS: reação anafilactóide → termo em desuso que indica uma reação anafilática não mediada por IgE. Quadro clínico Minutos após exposição ao antígeno (geralmente 5-30). GRAVE: Disfunção respiratória por edema de laringe e/ou broncoespasmo intenso, em geral acompanhados por colapsos vasculares ou choque (que pode ocorrer sem sintomas respiratórios) → fatalidade. Quando mais rápida a instalação, mais grave é o episódio. Atraso na administração de epinefrina e HP de asma são fatores de risco para óbito. Grande variedade de sintomas. Manifestações de prurido e urticária são típicas nas reações anafiláticas sistêmicas, com ou sem angioedema. Condições mais comuns são reações vasovagais: hipotensão, palidez, bradicardia, fraqueza, náuseas, vômitos, diaforese. Urticaria, prurido, angioedema, taquicardia e broncoespasmo não são respostas vasovagais. Resolução dos sintomas em horas de tratamento, mas 20% pode ser persistente (sintomas de 8-32h após ataque inicial). As bifásicas são compostas por fases ativas da reação com fases alternada com melhora dos sintomas. Corticoesteroides pode minimizar a segunda fase de sintomas. DG diferencial: descompensação asmática, aspiração de corpo estranho, TEP (ausente urticária, prurido, angioedema). Angioedema hereditário (não tem urticaria e prurido) é uma condição autossômica dominante, com HF presente, de angioedema precipitado por estresse, infecções ou traumas. Outros: IAM, arritmias, feocromocitoma, síndrome carcinoide, mastocitose. Exames complementares Quando os sintomas aparecem logo após exposição a algum antígeno diferente → desconfiar muito de anafilaxia. Exames úteis se dúvida: teste cutâneo direto, pesquisa de IgE específicos, provocação direta do paciente, dosagem de mediadores (histamina plasmática ou urinária, triptase total e frações). Tratamento ✓ Epinefrina: pode ser reinjetada a cada 5-15 min até que haja resolução da anafilaxia ou sinais de hiperadrenalismo. Administração IV no choque hipotensivo grave. ✓ Se usar B-bloqueador → dose de epinefrina pode ser maior ou pode ser necessário uso de glucagon (efeito inotrópico, cronotrópico, vasoativo, independente de catecolaminas). ✓ Via respiratória adequada deve ser estabelecida e mantida ✓ Suplementação de O2 ✓ Anti-histamínico (difenidramina + ranitidina). ✓ Se broncoespasmos: antagonistas B2 inalatórios ✓ Reposição volêmica e vasopressores se necessitar – hipotensão ✓ Monitoramento por 24h – prevenir segunda fase! Prognóstico e prevenção Instrução para uso de epinefrina autoinjetável. Não contato com fator desencadeante. Uso de dispositivos que informem a sensibilidade à substância causadora da reação anafilática.
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