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Vitória Trindade - Resumos 1 CONCEITO Doença inflamatória crônica das vias aéreas, associada à hiperreatividade das vias aéreas, que leva a episódio recorrentes de: • Sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse; • Especificamente à noite ou no início da manhã. A asma é uma doença crônica, comum e potencialmente grave que pode ser controlada, mas não curada. • Obs. Não existe paciente que teve asma, pois a asma não pode ser curada. Esse paciente está em um momento de controle da asma. EPIDEMIOLOGIA • É uma das doenças crônicas mais comum no mundo todo. • Afeta tanto crianças como adultos. • No brasil há 20 milhões de asmáticos. • E segundo o DATASUS ocorre em média 350.000 internações anualmente pela asma. (sendo a 4° causa de hospitalização pelo sus). • É uma das principais causas de absenteísmo no trabalho e na escola. • Os custos com assistência médica para tratamento da asma são muito altos • Em uma década o número de internações pela asma caiu 49%, devido a maior compreensão da asma pelos portadores e a distribuição de medicamentos gratuitamente. ETIOLOGIA O desenvolvimento da asma depende da interação entre a genética (genes susceptíveis) e fatores ambientais. FATORES GENÉTICOS: • Os cromossomas 5, 11 e 14; • Meninos na infância: os meninos apresentam constituição física pulmonar desprivilegiada em relação às meninas, pois, suas vias aéreas são mais estreitas e têm maior tônus, levando um menor fluxo aéreo; • Fatores maternos: exposição fetal a alérgenos ou mediadores liberados pela mãe, que contribuem para os fenômenos inflamatórios desde a vida intrauterina; • O hábito de fumar pela gestante que determina uma redução da função pulmonar no 1° ano de vida da criança. FATORES DE RISCO Os sintomas são desencadeados ou agravados por: • Infecções virais; • Alérgenos (ácaros, pólen, pelo de animais, irritantes químicos); • Fumaça do tabaco; • Exercício físico; • Estresse. FISIOPATOLOGIA PROCESSO INFLAMATÓRIO DAS VIAS AÉREAS Os fatores desencadeantes (infecções, alérgenos e etc) inalados vão entrar em contato com a mucosa do trato respiratório e serem capturados pelas células dentríticas. Esse alérgenos serão apresentados aos linfócitos T que irá produzir citocinas e interleucinas que resultará em uma resposta humoral dos linfócitos Th2. Os linfócitos Th2 são os responsáveis em estimular a células B a produzir mastócitos e eosinófilos. Vitória Trindade - Resumos 2 Os mediadores liberados pelos eosinófilos e mastócitos vão induzir aos mecanismos que conferem a FASE IMEDIATA da asma brônquica: BRONCOCONSTRIÇÃO • É o estado no qual o músculo liso se contrai levando a uma redução na passagem de ar pelas vias aéreas. • Consequentemente, o fluxo de ar torna-se turbulento desencadeando sons conhecidos como sibilos. • A redução do calibre das vias aéreas leva a redução da passagem de ar, ao mesmo tempo que fica sobrando ar dentro dos pulmões (ar fica retido). Isso leva ao pulmão um estado constante de distensão, o que é chamado de HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR. • Essa hiperinsuflação dificulta o processo contrátil (redução da complacência) da respiração, o que leva a um maior esforço respiratório e consequentemente a sensação de dispneia. EDEMA DAS VIAS AÉREAS • A inflamação persistente associada a broncoconstrição, leva ao acúmulo de líquido (edema) nas vias aéreas. • Além disso, o estado inflamatório persistente leva a uma hipersecreção de muco pelas células caliciformes. Após algumas horas da exposição ao antígeno/ fase imediata, tem-se inicio a FASE TARDIA, com a chegada dos leucócitos (neutrófilos, monócitos e outros) que irão causar dano epitelial: REMODELAMENTO DAS VIAS AÉREAS • Bronconstrição se torna mais acentuada e prolongada, evoluindo na maioria das vezes, de forma mais grave; • Deposição de colágeno e proteoglicanos na membrana basal, o que leva ao espessamento irreversível; • Hipertrofia e hiperplasia do músculo liso; • Aumento do número de células caliciformes (hiperplasia), o que leva a uma hipersecreção de muco constante. Em tese, a perpetuação da inflamação ao longo dos anos leva a esse remodelamento da parede brônquica com alterações irreversíveis e perda da estrutura elástica. QUADRO CLÍNICO TOSSE: • Chamada de “tosse asmática”; • Na maioria das vezes é uma tosse não produtiva/ seca; • Explicada pelo processo de irritação e broncoconstrição causada pelos alérgenos, no intuito de se remover essas partículas; • Costuma acontecer muito a noite (paciente acorda tossindo) e ao amanhecer. Vitória Trindade - Resumos 3 DISPNEIA: • Causada pelo processo de hiperinsuflação pulmonar; • A redução do calibre do brônquio leva a redução do fluxo de ar, logo, mais ar inspirado fica retido no pulmão, levando a distensão do mesmo. • Isso redução a complacência e dificulta as trocas gasosas, levando o paciente a ter dispneia. DOR TORÁCICA: • Quando o paciente está com hiperinsuflação pulmonar, ele realiza um maior esforço respiratório para realizar as trocas gasosas e diminui a sensação de dispneia. • Com isso ocorre um trabalho maior dos músculos intercostais e do diafragma, o que contribui para a sensação de dor/ pressão no peito. SIBILOS: • Os sibilos são sons altos, semelhantes a um assobio que ocorrem durante a respiração quando há bloqueio parcial das vias aéreas, devido a broncoconstrição. CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DIAGNÓSTICO ANAMNESE: • Presença da tríade clássica: tosse, dispneia e sibilo; • Exposição a fatores de risco; • História familiar de asma. EXAME FÍSICO O exame físico pode variar de um exame físico normal até uma insuficiência respiratória. Sinais de gravidade: • FC > 120bpm; • FR > 30irpm; • Uso de musculatura acessória (aletas nasais, musculatura cervical e abdominal); • Sibilância; • Murmúrio vesicular diminuído; • Tiragem intercostal; • Dificuldade para frases longas; PROVAS DE FUNÇÃO PULMONAR: Espirometria • A espirometria avalia a função pulmonar. • Neste exame, você enche seus pulmões com o máximo de ar que puder e depois sopra com força rapidamente em um aparelho chamado espirômetro. • O espirômetro mede todo o ar que a pessoa consegue soprar por meio de uma variável chamada Capacidade Vital Forçada (CVF) e também a velocidade da saída do ar dos pulmões, especialmente no primeiro segundo do teste (VEF1: Volume Expiratório Forçado no 1° segundo). • é importante na confirmação do diagnóstico e na avaliação da gravidade; Vitória Trindade - Resumos 4 • Relação VEF1 /CVF: quantidade de ar que foi expirado no primeiro segundo em relação a todo ar expirado durante a manobra. o Obstrução grave: ≤ 40% o Obstrução moderada: 41 a 59% o Obstrução leve: 60 a 80% Pico de fluxo expiratório (PFE): • É como um termômetro para um paciente com febre. Ele ajuda a determinar o quanto as suas vias aéreas estão abertas, ao invés de apenas adivinhar como você se sente. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS TRATAMENTO AMBULATORIAL ➢ Classificar a gravidade da asma ambulatorial: Vitória Trindade - Resumos 5 ASMA LEVE ETAPA 1: • Sintomas pouco frequentes (1x ao mês) e sem exposição a fatores de risco. • O tratamento medicamentoso é baseado no alívio de sintomas ocasionais, logo é feito de acordo com a DEMANDA (NAS CRISES). ➢ Corticoide inalatório (CI) de baixa dose: BUDESONIDA ➢ + Beta-agonista de longa duração (LABA): FORMOTEROL, dose máxima. ETAPA 2: • Pacientes com mais de 1 episódio por mês ou episódios noturnos. • Reduz risco de exacerbação grave. ➢ Corticoide inalatório (CI) em baixa dose: uso diário (BUDESONIDA). ➢ EPISÓDIO DE BRONCOESPASMO: CI + beta- agonista de início rápido (SABA). ASMAMODERADA ETAPA 3: • Sintomas noturnos, limitações no dia a dia, sintomas mais de 2x por semana. ➢ CI em baixas doses: BUDESONIDA ou BECLOMETASONA. ➢ + LABA (beta-2-agonista de longa duração): FORMOTEROL. ➢ + SABA (beta-2-agonista de ação rápida): USO DE RESGASTE. ASMA GRAVE ETAPA 4: • Encaminhamento para pneumologista. ➢ CI em média dose: BUDESONIDA ou BECLOMETASONA. ➢ + LABA (beta-2-agonista de longa duração): FORMOTEROL. ➢ + SABA (beta-2-agonista de ação rápida): USO DE RESGASTE. ETAPA 5: • Paciente não controlado. • Opções: ➢ CI em dose alta + LABA. ➢ Fenotipar anti-IgE, caso asma alérgica grave: associar OMALIZUMABE. ➢ Asma eosinofílica grave: associar MEPOLIZUMABE. ➢ Associar corticoide oral em baixas doses. BRONCODILATADORES: ✓ Ação de bloqueio dos receptores beta-2 dos brônquios, causando broncodilatação. (beta-2 agonistas) SABA (ação curta): ✓ 2 a 6 horas para ação. ✓ Representantes: Terbutalina e Salbutamol. Vitória Trindade - Resumos 6 LABA (longa ação): ✓ Ação em até 12 horas. ✓ Representantes: Salmeterol e Formoterol. TRATAMENTO NA EMERGÊNCIA CONDUTA 1. Fornecer oxigênio se SatO2 < 94% 2. Beta-2 agonistas de curta duração (SABA): a. dilatação do músculo liso; b. nebulização com FENOTEROL (BETOREC) 20 gotas ou SALBUTAMOL (AEROLIN) 20 gotas 3. Associado com um anticolinérgico (SAMA): a. IPRATRÓPIO (ATROVENT) - 40 gotas. 4. Associado a Corticoide: a. PREDNISONA 40 a 60mg VO ou HIDROCORTISONA 300mg IV. Vitória Trindade - Resumos 7
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