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APG - SOI VI Bianca Cardoso - Medicina 6o Período INFECÇÕES DE VIAS AÉREAS As infecções respiratórias agudas (IRAs) representam a principal demanda nos serviços de saúde e são responsáveis por um número expressivo de internações hospitalares pediátricas. - Na faixa etária de 6 meses aos 3 anos, as crianças possuem de 6-9 infecções respiratórias agudas por ano, 10% delas apresentam mais de 10 quadros ao ano; - Entre 3-5 anos, 3-4 por ano; - Acima de 5 anos, 1-2 quadros por ano, como os adultos. As IRAs são classificadas em infecções das vias aéreas superiores (IVAS) e infecções do trato respiratório inferior. A laringe é responsável por demarcar os dois segmentos, logo, a via aérea superior engloba a laringe e o aparelho respiratório acima dela. - IVAS: rinofaringite, faringite e amigdalite, otite média, sinusite e laringite. - IVA inferiores: bronquite, bronquiol i te e pneumonia. Fatores de Risco: - Utilização de berçários e creches; - Irmãos mais velhos; - Falta de aleitamento materno. IVAS Rinossinusite É a inflamação da mucosa nasal e dos seios paranasais. A rinossinusite aguda (RSA) normalmente é a consequência de uma IVAS de origem viral. Já a rinossinusite crônica geralmente tem etiologia multifatorial. Classificação: • Aguda viral (resfriado comum): sintomas por menos de 10 dias; • Aguda pós-viral: quando há piora dos sintomas após cinco dias ou persistência por mais de 10 dias e menos de 12 semanas. • Bacteriana: quando há presença de pelo ou menos 3 dos seguintes sinais ou sintomas: - secreção purulenta (predominância unilateral) em fossa nasal ou em rinofaringe; - dor local intensa (predomínio unilateral); - febre > 38ºC; - aumento de PCR/VHS; - double sickening (piora após fase inicial mais leve da doença). Rinossinusite Viral / Resfriado Comum • A maioria das rinossinusites é viral, apenas 2% é de origem bacteriana. Agente etiológico: rinovírus (50%), coronavírus (10-15%), parainfluenza e vírus sincicial respiratório. Infecção viral -> cascata inflamatória -> ativação do SN parassimpático -> edema, engurgitamento da mucosa, extravasamento de fluido, aumento do muco e bloqueio dos óstio de drenagem dos seios paranasais -> dificuldade respiratória, secreção nasal e pressão facial. A alteração da função e quantidade dos cílios do epitélio nasal, associada à alterações do muco e disfunção da barreira epitelial predispõe o paciente a quadros de RSA pós-viral e bacteriana. - Streptococcus pneumoniae, Hemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis são as bactérias mais associadas à RSA. SINAIS E SINTOMAS • Coriza, espirros e tosse seca, associados ou não com febre de intensidade variável, dor de garganta, inapetência, vômito e fezes amolecidas. • Sintomas locais: obstrução ou bloqueio nasal, dor ou pressão facial, rinorreia ou gotejamento pós- nasal (macropurulento), cefaleia e diminuição ou perda do olfato. • Sintomas sistêmicos: irritação faríngea, laríngea ou traqueal, causando dor, disfonia, tosse, mal- estar, febre e sonolência. Obs: os enunciados de provas podem tentar induzir a prescrição de antibióticos, ao descrever uma otalgia associada a hiperemia de membrana timpânica, concomitantes aos sintomas nasais. Essa hiperemia da membrana timpânica faz parte do quadro clínico das IVAS virais, não fechando diagnóstico de otite média aguda (OMA) bacteriana. O principal indicador, ao exame físico de OMA bacteriana, é o abaulamento (e não hiperemia) da membrana timpânica. ANATOMIA DOS SEIOS PARANASAIS Os SP são cavidades aeradas, localizadas nos ossos maxilares, frontal, etmoidal e esfenoidal. Se apresentam em continuidade com a cavidade nasal, ventilando e drenando o muco para os meatos médios e superiores do nariz. Logo, as infecções da mucosa nasal geralmente estão associadas a infecção dos seios da face e vice- versa. APG - SOI VI Bianca Cardoso - Medicina 6o Período No exame físico, deve ser realizado rinoscopia, pois apesar de limitada, pode mostrar edema da mucosa nasal, rinorreia purulenta e alterações anatômicas. - a palpação e inspeção da face não são recomendadas, já que a RSA não cursa com edema e hiperemia. A ausculta pulmonar pode apresentar roncos, indicando secreção nas vias aéreas superiores, diferente das crepitações e sibilos, que são mais encontrados em IVA inferiores. DIAGNOSTICO É clínico, baseado nos sintomas e achados do exame físico. - exames complementares são realizados em casos de doença persistente, sem melhora com tratamento adequado ou nas suspeitas de complicações. Obs: a endoscopia nasal pode ser utilizada para ver nariz e seios paranasais e para coleta de amostras para culturas, porém, não traz muitas informações adicionais para o diagnóstico e o manejo. Obs: a TC dos seios paranasais deve ser solicitada apenas em casos de suspeita de complicações da RSA ou necessidade de diagnóstico diferencial. TRATAMENTO • Sintomático. Baseado em: - lavagem nasal com solução salina isotônica (melhora função ciliar, reduz edema de mucosa e remove secreção estagnada); - analgésicos e antitérmicos, se necessário; - hidratação (preferência VO); - orientação clínica, repouso e retorno para reavaliação em caso de sinais de gravidade ou persistência dos sintomas. Obs: antibióticos não impedem complicações bacterianas, logo, não devem ser prescritos. Obs: anti-histamínicos e sedativos da tosse não são recomendados. Principais complicações: otite média aguda (OMA) e as sinusites. Rinossinusite bacteriana aguda As IVAS virais são o principal fator de risco para o desenvolvimento de rinossinusites bacterianas (95%). A patogênese se baseia na obstrução dos óstios sinusais, disfunção do aparelho ciliar e espessamento das secreções nasais. Agentes etiológicos: S. pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. Não é comum RSAB em pacientes < 2 anos, pelo desenvolvimento incompleto dos seios paranasais nessa faixa etária. Contudo, essas infecções podem, sim, existir nos lactentes, inclusive no período neonatal, pois o etmoide e o seio maxilar já se encontram presentes (embora hipodesenvolvidos) ao nascimento. O etmoide é o seio mais acometido nessa faixa etária. O seio frontal é mais acometido na idade escolar, sendo raro nos pré-escolares e lactentes, pois é o último seio da face a desenvolver- se completamente? SINAIS E SINTOMAS A persistência ou recorrência de uma febre gerada por RSA viral pode iniciar o quadro clínico da RSAB. • Obstrução e congestão nasal, febre, tosse seca ou produtiva (preferencialmente noturna), cefaleia, secreção pós-nasal ou gotejamento em retrotraíste, halitose, crostas em narinas e dor à palpação dos seios paranasais. A mudança do aspecto da secreção também pode ocorrer na evolução do quadro viral para bacteriano. A rinoscopia anterior pode apresentar hiperemia dos cornetos (e mucosa nasal) associada à secreção mucopurulenta. Além de hiperemia da membrana timpânica, afastando diagnóstico de OMA, por não haver abaulamento da membrana. DIAGNÓSTICO • Não necessita de exames de imagem. Se utilizar, a TC deve ser escolhida (casos de suspeitas de complicações orbitárias ou intracranianas). APG - SOI VI Bianca Cardoso - Medicina 6o Período TRATAMENTO • 70% melhoram espontaneamente em 2 semanas, entretanto, o tratamento imediato com antibióticos é preferível, já que, a melhora dos sintomas é mais precoce em pacientes que utilizam antibiótico. • A escolha do ant ib iót ico deve levar em consideração a intensidade dos sintomas e o risco de resistência bacteriana. Pontuação < 8 indica quadro leve/moderado e > 8 quadro grave.• Doença leve/moderada sem fator de risco para resistência à antibiótico: amoxicilina em dose dobrada 90mg/kg/dia ou amoxicilina-clavulanato em dose padrão 45mg/kg/dia. • Doença grave ou com fator de risco para resistência à penicilina/ampicilina: amoxicilina- clavulanato em dose dobrada 90mg/kg/dia. • Se alergia à penicilina (logo, amoxicilina): cefuroxima (cefalosporina 2ª geração) ou doxiciclina. • Crianças com vômitos ou incapazes de tolerar medicação VO: ceftriaxona 100mg/kg, 12/12h, IV. COMPLICAÇÕES • Orbitárias: celulite orbitária e abscessos orbitários pré-septais. • Intracraniana: meningite, trombose do seio cavernoso e abscesso cerebral. Rinossinusite Crônica (RSC) Distúrbio inflamatório dos seios paranasais e seus óstios de drenagem, que dura mais de 12 semanas. - seu quadro clínico é praticamente o mesmo dos quadros agudos, se difere na duração dos sintomas. • Prevalência de 2-4%. • A faixa etária de 10-15 anos é a mais acometida. SINAIS E SINTOMAS • Drenagem mucopurulenta nasal, obstrução e congestão nasal dor e pressão facial, redução do olfato e tosse. Pode se apresentar como 3 síndromes clinicas: - RSC com polipose: 20x30%; inflamação mucosa que leva à formação d pólipos nasais bilaterais (massas translúcidas, cinza-amareladas, de aspecto gelatinoso, ocluindo os óstios de drenagem, levando à persistência da sinusite. - RSC fúngica alérgica: se desenvolve por desencadear uma inflamação alérgica crônica intensa, contra fungos colonizadores não invasivos. - RSC sem polipose: 60%; forma mais comum, sem os achados específico das anteriores. DIAGNÓSTICO É preciso confirmar a persistência do processo inflamatório por: - muco ou edema no meato médio das regiões etmoidais (endoscopia nasal); - presença de pólipos na cavidade nasal ou meato médio; - imagem radiológica mostrando espessamento da mucosa ou opacificação dos seios paranasais. TRATAMENTO • Não é recomendado o uso de antibióticos na faixa etária pediátrica. • Corticosteroide sistêmico e nasal é eficaz, porém deve ser prescrito com cautela devido efeitos colaterais. • Corticosteroide tópico nasal é recomendado devido potencial anti-inflamatório local e eficácia em adultos. • Caso haja persistência dos sintomas ou sejam de grande intensidade, pode-se fazer ciclos curtos de prednisona VO. Se a persistência continuar, pode- se usar anti-histamínicos e antileucotrienos. • Irrigação nasal com soro fisiológico. • Os procedimentos cirúrgicos são indicados quando há falha na resposta ao tratamento clínico. A adenoidectomia é um procedimento de primeira escolha em crianças < de 7 anos com sintomas de RSC. • A cirurgia endonasal endoscópica é um método seguro e possivelmente eficaz que pode ser ind icado em casos de RSC re f ra tár ia a adenoidectomia e em crianças maiores. A indicação cirúrgica deve ser avaliada conforme a gravidade da doença, idade e comorbidades. Síndrome Gripal • A influenza (gripe) é uma das infecções mais frequentes no mundo. • Complicações, hospitalizações e óbitos são mais comuns em grupos de risco (idosos, crianças < 2 anos, gestantes, puérperas, portadores de doenças crônicas e imunossuprimidos). APG - SOI VI Bianca Cardoso - Medicina 6o Período Transmissão: por via respiratória (gotículas) e por contato. A transmissão ocorre de 1-2 dias antes do início dos sintomas até 5 dias depois. As crianças apresenta, excreção viral de início precoce, com maior carga viral e por períodos mais longos (7-10 dias) do que os adultos. SINAIS E SINTOMAS Período de incubação: 1-4 dias. É um quadro autolimitada de duração de 3-5 dias (tosse e mal-estar podem persistir por até 2 semanas). Para ser considerado síndrome gripal, o MS exige pelo ou menos 2 sinais e sintomas: - febre, calafrios, dor de garganta, cefaleia, tosse, coriza, distúrbios olfativos e distúrbios gustativos. - geralmente a febre é súbita e se mantém alta até o 3º dia, normalizando em até 6 dias. - os sintomas respiratórios mais frequentes são coriza, tosse nao produtiva, rouquidão e odinofagia. Obs: É difícil diferenciar clinicamente a infecção por influenza da infecção por outros vírus respiratórios, já que a febre pode estar presente em todos os casos. Aponta para influenza: presença de mialgia e sintomas gastrointestinais (mais comuns pela influenza B), tosse e expectoração (influenza A H1N1) e sintomas nasais proeminentes (influenza A H3N2). DIAGNÓSTICO • O diagnóstico só é realmente confirmado com a identificação do vírus influenza em amostra de secreção nasofaríngea, que deve ser colhida por swab nas primeiras 72 horas de sintomas. • Os métodos mais utilizados para detecção são a imunofluorescência e o teste rápido antigênico. • O exame de PCR tem alta sensibilidade e especificidade, além de caracterizar os subtipos virais. De forma geral, esses exames não são rotineiros, sendo reservados apenas para situações em que o isolamento viral poderá influenciar na conduta, como na decisão de iniciar ou não antibiótico. Obs: +/- 20% das crianças e adolescentes desenvolvem OMA e 3,5% RSA. Deve-se pensar em complicação bacteriana na piora dos sintomas após 5 dias do início do quadro ou persistência por mais de 10 dias. Rinorreia unilateral, rinorreia posterior purulenta, febre alta, dificuldade respiratória e toxemia, são achados clínicos que falam a favor de complicação. TRATAMENTO • Medidas de suporte, hidratação, repouso e medicamentos sintomáticos (analgésicos e antitérmicos). • O uso de antivirais está associado a redução dos s i n t o m a s e d o r i s c o d e c o m p l i c a ç õ e s , hospitalizações e mortalidade (melhor resposta nas primeiras 48h de sintomas. Ex: inibidores de neuraminidase -> oseltamivir e zanamivir). Otite Média Aguda (OMA) Infecção com desenvolvimento rápido de sinais e sintomas de inflamação aguda na cavidade da orelha média. • É autolimitada e com baixa incidência de complicações e mortalidade. • +/- 35% das infecções respiratórias agudas evoluem com OMA. • Mais prevalente entre 6-24 meses e nos meninos. Fatores de Risco: - Amamentação em posição horizontal; - RGE; - Posição alimentar na horizontal; - Creches; - Tabagismo passivo; - Hipertrofia de adenoide; - Uso de chupeta. Agentes etiológicos: S. pneumoniae, H. influenzae não tipável e M. catarrhalis. SINAIS E SINTOMAS • Otalgia, irritabilidade, manipulação excessiva da orelha, inapetência, vômitos, diarreia e febre (25%). • A otoscopia evidencia abaulamento e opacidade da membrana timpânica, com hiperemia, aumento da vascularização e perda da mobilidade à otoscopia pneumática. Podem estar presentes também otorreia (1/3 dos casos) e nível líquido em orelha média. DIAGNÓSTICO • O diagnóstico da OMA é clínico, sem necessidade de exames complementares. • Deve estar presente, ao mesmo tempo: efusão em orelha média (identificada pela opacificação da membrana timpânica, com mobilidade reduzida e até n íve l h idroaéreo) e s ina is flogíst icos (abaulamento e hiperemia de membrana timpânica). Pelo ou menos 1 dos critérios: - abaulamento moderado ou grave da membrana timpânica; - início recente de ocorreria não atribuível à otite externa; - abaulamento leve de membrana timpânica com início súbito (<48h) de otalgia ou hiperemia de membrana timpânica. APG - SOI VI Bianca Cardoso - Medicina 6o Período TRATAMENTO • Deve-se decidir quanto à introdução imediata de antibiótico ou à conduta expectante, com observação do paciente por 48-72h, optando pelo tratamento antibiótico apenas se manutenção da otalgia ou piora da febre após esse período. - levar em consideração idade, gravidade dos sintomas e lateralidade. OMA sem gravidade: otalgia leve há menos de 48 horase febre inferior a 39°C. Obs: antibioticoterapia sempre estará indicada na presença de sintomas graves, em menores de 6 meses e nos pacientes com implantes cocleares ou imunodeficiências. Escolha: amoxicil ina 90mg/kg/dia. Se falha terapêutica ou presença de fatores de risco de maior resistência aos betalactâmicos, amoxicil ina- clavulanato ou cefuroxima. - 10 dias em < 2 anos ou se sintomas graves; - 5-7 dias em > 2 anos com sintomas leves a moderados. Faringite REFERÊNCIAS: •
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