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Auditoria e Perícia Ambiental 2ª e di çã o Auditoria e Perícia Ambiental Sheila de Lira Franklin Auditoria e Perícia Ambiental DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Sheila de Lira Franklin Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói F834a Franklin, Sheila de Lira. Auditoria e perícia ambiental / Sheila de Lira Franklin ; revisão Rafael Dias de Carvalho Moraes; ilustração Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos. – 2. ed. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2018. 148p. : il. 1 Auditoria ambiental - Brasil. 2. Proteção ambiental. 3. Impacto ambiental - Avaliação - Brasil. 4 .Gestão ambiental. 5. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Bordoni, Eduardo. III. Ramos, Fabrício. IV. Título. CDD 363.700981 Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Auditoria e Perícia Ambiental Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Auditoria e Perícia Ambiental 4 Auditoria e Perícia Ambiental 5 Sumário Apresentação da disciplina ......................................................................................................... 07 Plano da disciplina ........................................................................................................................ 09 Unidade 1 – Licenciamento Ambiental e o Processo de Acompanhamento de Controle Ambiental no Brasil. .................................................................................................... 11 Unidade 2 – O Papel da Avaliação do Ciclo de Vida dos Produtos - ACV no Processo de Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais ............................................ 31 Unidade 3 – A ISO e o Sistema de Gestão Ambiental – SGA ............................................... 49 Unidade 4 – Auditoria Ambiental ............................................................................................. 69 Unidade 5 – Perícia Ambiental .................................................................................................. 91 Unidade 6 – Recuperação de Áreas Degradadas .................................................................. 113 Considerações finais ..................................................................................................................... 137 Conhecendo a autora ................................................................................................................... 139 Referências ...................................................................................................................................... 141 Anexos.............................................................................................................................................. 143 Auditoria e Perícia Ambiental 6 Auditoria e Perícia Ambiental 7 Apresentação da Disciplina Prezado aluno, o livro de auditoria e perícia ambiental trata de uma área nova e promissora das ciências ambientais, que surgiu graças ao fortalecimento de políticas de proteção ao meio ambiente e da necessidade das empresas em melhorarem seus resultados em relação à sustentabilidade ambiental (fatores essenciais para a conquista de mercados consumidores e para a redução de problemas com os órgãos ambientais). O crescimento acentuado da área industrial nos diversos países, torna indispensável à sensibilização da sociedade, do setor empresarial e do governo para a preservação ambiental. Neste contexto, o campo da auditoria e perícia ambiental destaca-se na área de prevenção e solução de problemas ambientais de toda ordem, estabelecendo uma relação dinâmica entre as novas necessidades de sustentabilidade. O material é uma síntese de relevantes tópicos abordados em auditoria e perícia ambiental. Esperamos contribuir para a ampliação de seus conhecimentos, levando a uma maior compreensão dos temas: auditoria e perícia ambientais e, do emprego dessas ferramentas fundamentais para a redução de impactos ambientais e melhoria contínua dos processos de produção potencialmente impactantes ao meio ambiente. O material didático divide-se em seis unidades. A primeira aborda o processo de licenciamento ambiental e de acompanhamento do controle ambiental, identificando itens que são exigidos pelas legislações vigentes e os diferentes instrumentos de acompanhamento ambiental empregados pelo governo e empresas. A segunda aborda a avaliação do ciclo de vida dos produtos, ferramentafundamental na identificação das áreas, processos e impactos ambientais, e que orienta ações de auditoria ambiental. A terceira unidade apresenta os conceitos de sistema de gestão ambiental e detalha o processo de implantação da SGA. A quarta unidade apresenta os diferentes tipos de auditoria relacionados à área ambiental e detalha todas as etapas do processo de uma auditoria ambiental. No quinto capítulo são apresentados conceitos em perícia ambiental e seu papel nos processos judiciais. Já o sexto capítulo apresenta diferentes ferramentas de recuperação de áreas degradadas e aborda diferentes riscos ambientais. Sucesso! Auditoria e Perícia Ambiental 8 Auditoria e Perícia Ambiental 9 Plano da Disciplina Prezado aluno, Uma nova etapa se inicia. Nesta disciplina, você terá a oportunidade de conhecer a área de auditoria e perícia ambiental. Os temas abordados são instrumentos de gestão ambiental empregados para redução dos impactos ambientais causados por atividades humanas potencialmente impactantes. Na área ambiental, as auditorias ambientais são fundamentais para se atingir um controle ambiental eficiente. Já as perícias ambientais compreendem instrumentos técnicos científicos e elucidam crimes ambientais e a extensão de seus impactos adversos. O que auxilia as decisões judiciais sobre penalidades a serem aplicadas aos casos. Esta disciplina foi elaborada com o objetivo de oferecer a abordagem de temas relevantes e atuais na área de auditoria a perícia ambiental. Este livro foi preparado com intuito de ser um importante aliado para o enriquecimento do seu conhecimento, contribuindo para sua formação e atuação profissional! Sucesso! Unidade 1: Licenciamento ambiental no Brasil e o processo de acompanhamento e suas etapas. Nesta unidade, você vai conhecer o arcabouço legal da Política Nacional de Meio Ambiental, bem como o processo de licenciamento ambiental, estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental e o processo de avaliação de impactos ambientais. Objetivos: Reconhecer a necessidade de avaliar impactos ambientais e a sua relação com as auditorias e perícias ambientais. Unidade 2: O papel da avaliação do ciclo de vida dos produtos – ACV no processo de avaliação de aspectos e impactos ambientais. Nesta unidade, você vai conhecer uma das ferramentas que auxiliam processos de auditoria ambiental, identificando aspectos e impactos ambientais. Objetivos: Apresentar e discutir como a metodologia e suas diferentes empregabilidades na área ambiental. Auditoria e Perícia Ambiental 10 Unidade 3: A ISO e o sistema de gestão ambiental – SGA. Nesta unidade, você vai conhecer os princípios básicos da ISO 14001, seus objetivos, requisitos necessários a sua implantação e impactos positivos para os setores que os adotam. Será também discutido o uso da ISO em diferentes políticas públicas de proteção ambiental. Objetivo: apresentar a ISO 14001 e detalhar as diferentes etapas de implantação do sistema de gestão. Unidade 4: Auditoria ambiental. Nesta unidade, você vai conhecer os diferentes tipos de auditorias ligadas à área ambiental e todas as etapas que constam em uma auditoria desde a seleção dos profissionais que irão compor a equipe de auditores até o fechamento da auditoria e entrega do relatório final de auditoria. Objetivos: apresentar diferentes tipos de auditorias, suas etapas, planejamento e condução. Unidade 5: Perícia ambiental. Nesta unidade, serão apresentados os conceitos de danos ambientais e da aplicação da perícia ambiental como instrumento de investigação técnico científico, contribuindo para comprovar impactos ambientais significativos passivos de penalidades legais. Objetivos: Caracterizar os diferentes danos ambientais, áreas de atuação da perícia ambiental e abordar seu relevante papel em processos judiciais. Unidade 6: Recuperação de áreas degradadas. Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre riscos ambientais, indicadores e desempenho ambiental e sobre o processo de recuperação de áreas degradadas, alternativas e planejamento de ações na área. Objetivos: abordar a degradação ambiental, dificuldades para a recuperação e alternativas de recuperação de áreas degradadas. Bons estudos! Auditoria e Perícia Ambiental 11 1 Licenciamento Ambiental e o Processo de Acompanhamento de Controle Ambiental no Brasil Auditoria e Perícia Ambiental 12 Caro aluno, Nesta unidade, vamos estudar o processo de licenciamento ambiental no Brasil e suas etapas; EIA E RIMA; Avaliação de impactos; Identificação de Aspectos e impactos ambientais. Objetivos da Unidade: Apresentar o histórico de políticas ambientais relacionadas ao processo de licenciamento ambiental no Brasil; Discutir sobre a necessidade de realizar o controle ambiental, caracterizando as diferentes ferramentas empregadas no processo. Plano da Unidade: Avaliação de impactos ambientais como exigência legal Impactos ambientais Licenciamento ambiental SISNAMA e suas diferentes competências Principais diferenças entre EIA e RIMA Instrumentos de acompanhamento de avaliação de impacto ambiental. Bem-vindo à primeira Unidade de Estudo! Auditoria e Perícia Ambiental 13 Avaliação de impactos ambientais como exigência legal O processo de licenciamento ambiental é exigido pelos órgãos ambientais como requisito necessário para a concessão da licença ambiental, que permite o direito a execução de obras e atividades que potencialmente possam vir a causar danos ao meio ambiente. Durante o processo de licenciamento são exigidos: a elaboração e apresentação de EIA (estudo de impacto ambiental) e o RIMA (relatório de impacto ambiental). No Brasil e em outros países, a avaliação de impactos ambientais é cobrada legalmente pelos órgãos ambientais competentes através da elaboração do estudo de impacto ambiental (EIA). A avaliação de impactos ambientais (AIA) é um processo estruturado de procedimentos estabelecidos por lei, documentado por um parecer técnico e elaborado por uma equipe multidisciplinar, que tem como principal objetivo a análise da viabilidade ambiental de um empreendimento. O qual deve ser fundamentando com base no EIA (documento de caráter técnico científico) cuja decisão a respeito do empreendimento (que pode ser positiva ou negativa) é realizada pelo órgão ambiental competente. Dependendo da magnitude do empreendimento e de seus impactos ambientais, o licenciamento será realizado pelo IBAMA (esfera federal), órgãos estaduais ou municipais ligados à área ambiental. O documento EIA, exigido durante o processo de licenciamento ambiental apresenta desde informações sobre a empresa, como número de CNPJ, responsável técnico e localização do empreendimento, a informações complexas sobre o meio ambiente, com análise do meio físico, biótico e antrópico. Neste documento estão contidas informações sobre o empreendimento, impactos positivos e adversos ao meio ambiente e um conjunto de medidas estratégicas para possível redução (mitigação), correção e prevenção de impactos ambientais. Dependendo do país, estado ou município, a AIA será produto de diferentes conjuntos de aspectos legais, administrativos e políticos. Auditoria e Perícia Ambiental 14 Impactos ambientais Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. É válido ressaltar que os impactos das atividades humanas sob o meio ambiente podem ser positivosou adversos. Sendo os positivos associados ao meio antrópico, tais como criação de centros recreativos, ações em âmbito de saneamento básico, educação, saúde, lazer, iluminação pública, pavimentação de áreas públicas, geração de emprego, entre outros. Os impactos adversos referem- se aos prejuízos a fauna, flora, meio físico e antrópico. Os impactos ambientais podem ser ainda variáveis em relação ao valor, ordem, dinâmica, espaço, horizonte temporal e plástica. Ordem - diretos ou indiretos; Dinâmica - temporário, cíclico ou permanente; Espaço - local, regional, global; Horizonte Temporal - curto, médio ou longo prazo; Plástica - reversível ou irreversível. O propósito da AIA é avaliar as consequências de algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos. Planejamento de ações preventivas e mitigadoras. Auditoria e Perícia Ambiental 15 Licenciamento ambiental AIA – histórico Historicamente, a avaliação de impactos ambientais teve origem nos EUA com a LEGISLAÇÃO FEDERAL USA (NEPA) "National Environment Policy Act - aprovada em 1969 → EIS – “Environmental Impact Statement”. Após o pioneirismo norte- americano, outros países passaram a desenvolver políticas de proteção ambiental. Na América do Norte, os primeiros países a adotarem a AIA, depois dos EUA foram Canadá (1973), Nova Zelândia (1973) e Austrália (1974). Seguindo na DÉCADA DE 70, a Conferência de Estocolmo-72 serviu para difundir entre os representantes dos países participantes a ideia da criação de politicas públicas relacionadas ao meio ambiente. O que contribuiu para a aderência do modelo proposto por outros países desenvolvidos. Diferente do processo ocorrido nos países desenvolvidos, que desenvolveram por livre vontade e por pressão popular as suas politicas de proteção ambiental, os países em desenvolvimento passaram a desenvolver na década de 80 a essas politicas devido a exigências de organismos internacionais como ONU, BID e BIRD. O que levou na DÉCADA DE 80, a uma expressiva aderência da maioria dos países em desenvolvimento através da implantação de leis ambientais que exigem preparação prévia de estudos de impacto ambiental. EIA E RIMA O Estudo de Impacto Ambiental – EIA, é considerado um documento técnico científico fruto de diversas investigações científicas e técnicas desenvolvidas por equipe multidisciplinar. O objetivo do estudo de impacto ambiental é a realização de um diagnóstico ambiental, com identificação, previsão e medição, interpretação e valoração ambiental, definindo medidas mitigadoras e programas de monitoramento. Auditoria e Perícia Ambiental 16 A EIA presta-se às análises técnicas a serem elaborados para apresentação ao Órgão Licenciador. Acompanha sempre, por determinação legal, um relatório de impacto ambiental – RIMA. Entende-se por RIMA um documento que consubstancia o conteúdo do EIA de forma clara e concisa e em linguagem acessível à população, esclarecendo os impactos negativos e positivos causados pelo empreendimento em questão. O RIMA, é um resumo do EIA, deve ser elaborado de forma objetiva e adequado à compreensão por pessoas leigas. Sendo que, cópias do RIMA devem ser colocadas à disposição de entidades e comunidades interessadas. São descritos a seguir os principais documentos empregados em Processos de Licenciamento Ambiental no Brasil, que são o EIA/RIMA, o PCA/RCA e o PRAD. O EIA/RIMA denominado Estudos de Impactos Ambientais acompanhado do Relatório de Impacto Ambiental são aplicados aos empreendimentos e atividades impactantes citados no segundo artigo da Resolução CONAMA 001/86. O PCA/RCA denominado Plano de Controle Ambiental acompanhado do Relatório de Controle Ambiental é exigido para empreendimentos e, ou, atividades que não tem grande capacidade de gerar impactos ambientais. Porém, a estruturação dos documentos possuem escopo semelhantes aos do EIA/RIMA, no entanto, não são demandados altos níveis de especificidade em suas elaborações. Quanto ao PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradas instituído pelo Decreto Federal 97.632, de 10.04.1989, define em seu Artigo Primeiro que "Os empreendimentos que se destinam à exploração dos recursos.” Auditoria e Perícia Ambiental 17 Auditoria e Perícia Ambiental 18 SISNAMA e suas diferentes competências Primeiros estudos ambientais foram preparados para projetos de hidrelétricas (anos 70), o que não impediu impactos da usina hidrelétrica do Tucuruí, construção da Transamazônia, acidentes industriais diversos, crescimento da poluição nos centros urbanos, entre outros. A aderência do modelo no Brasil estabeleceu-se com a criação da 1ª lei ambiental que incluiu a AIA como um de instrumentos. A Lei Federal n. 6938, de 31 de agosto de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA – criação do SISNAMA. De acordo com a PNMA, o SISNAMA é legalmente composto pela junção de tais elementos: Órgão Superior - Conselho de Governo; Órgão Consultivo e Deliberativo - Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; Órgão Central - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA; Órgão Executor - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Órgão Seccionais - órgãos ou entidades da Administração Pública Federal e, ou, Estaduais. Órgão Locais - órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades mencionadas no item anterior, respeitadas às respectivas jurisdições. Auditoria e Perícia Ambiental 19 Estabelece como partes integrantes dos instrumentos da PNMA a AIA, o licenciamento ambiental e o estudo de impacto ambiental. Resoluções Conama RESOLUÇÃO N. 001/86 – dispõe sobre estudo prévio de impacto ambiental RESOLUÇÃO N. 237/97 – dispõe sobre licença e licenciamento ambiental RESOLUÇÃO N. 303/02 – dispõe sobre parâmetros, definições e limites de preservação permanente RESOLUÇÃO N. 305/02 – dispõe sobre o licenciamento ambiental, estudo de impacto ambiental e relatório de impacto no meio ambiente de atividades e empreendimentos com organismos geneticamente modificados e seus derivados RESOLUÇÃO N. 308/82 – licenciamento ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte. Re. Conama 001/86 Critérios técnicos para elaboração do EIA e do RIMA; Adoção em todos os estados da federação. Estabelece as atividades que dependem de EIA/RIMA Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; Ferrovias; Portos e terminais de petróleo e produtos químicos; Aeroportos; Oleodutos, gasodutos, minerodutos entre outros. Auditoria e Perícia Ambiental 20 CONAMA 09/1987 Dispõe sobre audiências públicas. Decreto federal n. 99.274 de 06 de junho de 1990 Regulamenta a AIA como parte integrante do licenciamento ambiental. Re. Conama 237, de 19 de dezembro de 1997 Regulamenta aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na PNMA Tipos de licença: LP,LI e LO Prazos de concessão variáveis; Diferentes prazos de validade; Renovação da LO – antecedência mínima 120 dias antes o término do prazo validade. Lp – licença prévia Li – licença de instalação Lo – licença de operação Diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA para o EIA informações gerais 1. caracterização do empreendimento; 2. área de influência; 3. diagnóstico ambiental; 4. análise dos impactos ambientais; 5. medidas mitigadoras; 6. programa de monitoramento; 7. elaboração do rima. Auditoria e Perícia Ambiental 21 Suspensão ou cancelamento da licença ambiental O órgão ambiental, mediante decisão motivada, poderá modificaras condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença, quando ocorrer violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença ou superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Principais diferenças entre EIA e RIMA O EIA é um documento técnico científico a ser avaliado pelo órgão ambiental que de conter: diagnóstico ambiental, identificação, previsão, interpretação e valoração, definições de medidas preventivas e corretivas e programas de monitoramento. Já o RIMA é um resumo do EIA que é desenvolvido com o objetivo de levar informações a sociedade, cuja construção e redação deve ser simples e objetiva, com linguagem informal e acessível ao público leigo. Etapas do processo de AIA Para realização de avaliação de impactos ambientais realiza-se uma triagem de informações, as quais são importantes para determinar se um projeto é reconhecido por legislações vigentes como potencialmente impactante ao meio ambiente e se necessita ou não da realização de um estudo detalhado de impactos ambientais. Vale ressaltar que, as legislações federal, estadual e municipal devem ser observadas. Elaboração do estudo de impacto ambiental Atividade central do processo de AIA, a ser desenvolvida por equipe técnica multidisciplinar. No Brasil, o EIA é realizado por empresas de consultoria ambiental, que devem ser devidamente cadastradas junto aos órgãos ambientais. Todos os custos ligados ao processo de licenciamento ambiental, tais como: solicitação de EIA, custos com a elaboração de estudo de impactos ambientais. Auditoria e Perícia Ambiental 22 Análise técnica do estudo de impacto ambiental É realizada por órgãos ambientais onde os analistas preocupam-se em verificar o detalhamento do diagnóstico ambiental bem como seus aspectos técnicos e a conformidade do EIA em relação aos termos de referência e à regulamentação ou procedimentos aplicáveis. Consulta pública A consulta pública tem o objetivo esclarecer aos interessados os objetivos do empreendimento, bem como seus impactos positivos e negativos e formas de controle e mitigação dos danos ambientais. O mecanismo legal mais utilizado é a audiência pública. Decisão A decisão é realizada pelo órgão ambiental competente e visa conceder à empresa solicitante a licença ambiental do empreendimento. Monitoramento O monitoramento é a etapa de implementação de medidas preventivas e mitigadoras de impactos ambientais negativos pela empresa. Acompanhamento Para que o EIA seja seguido com sucesso é necessário que as empresas criem estratégias para realização de controle ambiental. No EIA existe um capítulo destinado a Plano de Gestão Ambiental. As empresas podem realizar gestão ambiental através de ações de controle ambiental. Uma empresa pode delegar a responsabilidade (dependendo do tamanho da empresa) a cargo de um funcionário com formação na área ambiental ou criar, dependendo de sua viabilidade e necessidade um departamento específico para tratar das questões ambientais, constituído por equipe multidisciplinar. Auditoria e Perícia Ambiental 23 Uma gestão ambiental eficiente pode ser atingida com maior eficiência através de um sistema de gestão ambiental, que falaremos com maiores detalhes no capítulo sistema de gestão ambiental. Sendo importante ressaltar que o processo de avaliação de impactos ambientais deve ser contínuo, ou seja, não deve terminar com a apresentação do EIA ao órgão ambiental competente. A avaliação contínua de impactos ambientais é fundamental para a eficiência do controle ambiental. O que é realizado por meio de Gestão Ambiental. Um dos capítulos integrantes do estudo de impacto ambiental vem a ser o planejamento ambiental. Neste capítulo a empresa elabora um plano de ações e estratégias para monitorar o meio ambiente. O Planejamento ambiental envolve a adoção das seguintes medidas: Gestão ambiental, Monitoramento ambiental. Auditoria ambiental e Implantação de sistemas ISO. O acompanhamento ideal do plano de avaliação de impactos ambientais documentado no EIA envolve a fiscalização dos órgãos ambientais competentes através e pelo controle ambiental realizado pelas empresas. O acompanhamento ambiental também pode ser realizado pelas empresas através de auditorias visando obter a máxima qualidade ambiental. Por serem caras as auditorias ambientais e implantação de sistemas ISO e seguirem rigorosos critérios internacionais de qualidade, as empresas esbarram em altos custos para implantação de sistemas de gestão ambiental com certificação. Os altos custos com o processo fazem com que a maioria das pequenas e médias empresas não possua programas de gestão ambiental eficientes. A avaliação de impactos ambientais nas empresas Entende-se por impactos ambientais qualquer modificação do meio ambiente, benéfica ou adversa. Na linguagem industrial diz respeito a modificações. Na linguagem industrial diz respeito a modificações que possam ocorrer nos aspectos ambientais da organização. Auditoria e Perícia Ambiental 24 Aspectos ambientais Entende-se por aspectos ambientais os elementos das atividades, produtos ou serviço de uma organização que pode interagir com o meio ambiente causando impactos significativos. O termo aspectos ambientais é definido pela NBR 14001/2004, a qual daremos ênfase no livro. Instrumentos de acompanhamento de avaliação de impacto ambiental. As empresas realizam monitoramento ambiental e controle/análise de documentação, o qual pode ser feito por ações de supervisão interna ou auditorias. A fiscalização das condições ambientais é realizada pelos órgãos ambientais (que avaliam o grau de cumprimento dos requisitos legais), determinam se o controle ambiental das empresas está de acordo com os critérios estabelecidos pelas normas e legislações vigentes e detecta e documenta violações dos requisitos legais. Caso sejam verificadas irregularidades em relação ao cumprimento da lei, as empresas são notificadas, sendo solicitadas mudanças cabíveis e autuadas como medida educativa. No processo de licenciamento ambiental o monitoramento é obrigatório. O monitoramento se refere à coleta sistemática e periódica de dados previamente selecionados. Identificação de aspectos e impactos A identificação de aspectos e impactos envolve o conhecimento do processo, sendo necessário o estabelecimento de um fluxo de processo para identificar aspectos associados a cada atividade. Avaliar o ciclo de vida da atividade ou produto é de crucial relevância, já que a partir dessa análise é possível visualizar todo o sistema, identificando aspectos ambientais associados com cada entrada, transformação ou saída. Auditoria e Perícia Ambiental 25 A identificação de aspectos e impactos ambientais envolve, portanto, planejamento, elaboração e aplicação de checklist específico contendo informações que possam levantar informações acerca do processo, conformidades com as normas e legislações vigentes, pontos críticos, mudanças necessárias, entre outros. Para que a triagem de dados seja eficiente, é importante elaborar previamente um questionário padrão ( com base nas especificidades da área da empresa a ser inspecionada) e após a aplicação do mesmo os resultados devem ser analisados criteriosamente. De acordo com os dados levantados com a pesquisa devem ser elaboradas ações de gestão ambiental. No quadro 1 são exemplificados aspectos e impactos de atividades industriais. Auditoria e Perícia Ambiental 26 Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo.É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Auditoria e Perícia Ambiental 27 Exercícios - Unidade 1 1.Na prática o conceito operacional de impacto ambiental acaba sendo: a) O efeito adverso sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem. b) A diferença entre a provável situação futura de um indicador ambiental (com o projeto proposto) e sua situação presente. c) Qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes, provocada por uma ação humana. d) A mudança de um parâmetro ambiental, num determinado período e numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada. e) O impacto ambiental é caracterizado como sendo o efeito de ações humanas sobre o meio ambiente somando ao efeito de fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, incêndios florestais e outros. 2.O monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam, exceto: a) O estado de conservação b) O estado de preservação c) O planejamento ambiental d) O estado de recuperação ambiental e) N.D.R.A Auditoria e Perícia Ambiental 28 3.Não podem ser considerados como impactos ambientais adversos: a) corte de lenha e espécimes nativas sem autorização oficial; b) trânsito de barcos a motor, ruído de aeroporto c) pesca e caça, vandalismo; d) utilização de energias limpas e redução de consumo de água; e) presença excessiva de cartazes nas ruas e excesso de lixo. 4.Desenvolvimento sustentável é definido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades das presentes gerações, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. A partir da definição, assinale a alternativa que indica quais são as dimensões básicas da sustentabilidade. a) Ecológica, cultural e social. b) Econômica, social e cultural. c) Econômica, social e ambiental. d) Social, cultural e histórica. e) Econômica, ambiental e histórica. 5.Assinale a alternativa que não representa uma das atividades técnicas mínimas a serem desenvolvidas pelo estudo de impacto ambiental: a) Elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento de impactos; b) Diagnóstico ambiental da área de influencia do projeto; c) Analise de impactos ambientais do projeto; d) Definição de medidas mitigadoras de impactos negativos; e) Estabelecimento de objetivos e metas ambientais do projeto. Auditoria e Perícia Ambiental 29 6.São modalidades de recuperação previstas no meio ambiente exceto: a) Remediação b) Reabilitação c) Restauração d) Revilitação e) Restruturação 7.Em relação ao EIA analise as questões abaixo e em seguida marque a opção correta. 1- O Estudo de Impacto Ambiental deverá contemplar alternativas tecnológicas e locacionais, bem como medidas mitigadoras para a redução do impacto ambiental. 2. Independentemente de quem seja o empreendedor, a responsabilidade pelas despesas de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental é do Poder Público. 3. O Estudo de Impacto Ambiental é exigível para todos os licenciamentos ambientais. Está (ão) correta (s) apenas: a) a afirmativa 1. b) a afirmativa 3. c) as afirmativas 1 e 2. d) as afirmativas 1 e 3. e) as afirmativas 2 e 3. 8.Um impacto ambiental positivo esperado na fase de operação de uma rodovia é: a) Aumento dos índices de acidentes com a população local. b) Introdução de espécies para proteção de taludes. c) Geração de empregos diretos e indiretos. d) Perturbação e evasão da fauna pelas explosões de pedreiras. e) Dinamização de processos erosivos em solos expostos. Auditoria e Perícia Ambiental 30 9. Diferencie aspecto ambiental de impacto ambiental: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Apresente as principais diferenças entre EIA e RIMA. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Auditoria e Perícia Ambiental 31 2 O Papel da Avaliação do Ciclo de Vida dos Produtos - ACV no Processo de Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais Auditoria e Perícia Ambiental 32 Caro aluno, Nesta unidade, vamos estudar ACV conceitos; Metodologia; Etapas; Aplicação Objetivos da Unidade: Apresentar a origem do ACV e suas aplicabilidades em estudos ambientais; Abordar suas etapas; Caracterizar seu emprego nas empresas; Outras aplicações. Plano da Unidade: Conceitos da ACV Etapas da ACV Aplicabilidades da ACV Vantagens e desvantagens Uso no governo Uso na Rotulagem ambiental Identificação de aspectos ambientais Bem-vindo à segunda Unidade de Estudo! Auditoria e Perícia Ambiental 33 Conceitos da ACV A avaliação do ciclo de vida – ACV, do inglês Life Cycle Assessment – LCA, é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e serviços. A análise do ciclo de vida de um produto, processo ou atividade é sistemática e quantifica os fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida do produto. A avaliação de ciclo de vida dos produtos permite a estimativa dos impactos potencias cumulativos resultantes de todos os estágios do processo produtivo, frequentemente incluindo impactos não considerados nos outros processos tradicionais de análise. A avaliação do ciclo de vida dos produtos auxilia no desenvolvimento de uma avaliação das consequências ambientais associadas com um dado produto, ajudando a selecionar produtos e processo menos impactantes ao meio ambiente. As informações podem ser usadas juntamente com outros fatores, tais como custos e dados de performance, para a seleção dos produtos e processos. A ACV permite fazer comparações diretas entre produtos e processos. Sendo aplicável e consistente por diferentes equipes de avaliação. Abrange os estágios de ciclo de vida do produto ou processo e os aspectos ambientais relevantes definidos nos objetivos. É suficientemente simples para permitir avaliações relativamente rápidas e baratas. Seu uso na indústria pode ser utilizado no desenvolvimento de uma avaliação sistemática das consequências ambientais associadas com um dado produto. Também pode ser útil para analisar possibilidades de substituições ambientais associadas com um ou mais produtos ou processos específicos, ou na quantificação das emissões ambientais. A ACV avalia os efeitos dos consumos de materiais e das emissões ambientais sobre o meio ambiente e sobre o homem, auxilia na identificação de áreas de oportunidade para uma maior eficiência econômica, na concepção e no desenvolvimento de produtos. É uma ferramenta de avaliação de aspectos e impactos ambientais e é indispensável no processode auditorias ambientais. Auditoria e Perícia Ambiental 34 Portanto, a ACV é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo as etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo (berço) até a disposição do produto final (túmulo). São exemplos de etapas que podem ser avaliados: a produção de energia, os processos que envolvem a manufatura, as questões relacionadas com as embalagens, o transporte, o consumo de energia não renovável, os impactos relacionados com o uso, ou aproveitamento e o reuso do produto ou mesmo questões relacionadas com o lixo ou recuperação / reciclagem. A ACV pode ser de grande utilidade para o desenvolvimento de produtos, a escolha de tecnologias, a identificação da fase do Ciclo de Vida em que os impactos ocorrem, a seleção de indicadores ambientais relevantes para avaliação de projetos e a reformulação de produtos ou processo. A técnica da Avaliação do Ciclo de Vida tem limitações, que devem ser consideradas tanto na elaboração dos estudos quanto no uso dos seus resultados. A Avaliação do Ciclo de Vida deve ser efetuada seguindo o estabelecido em normas internacionais normas. A norma ISO 14020 contém princípios básicos, aplicáveis a todos os tipos de rotulagem ambiental, recomenda que, sempre que apropriado, seja levada em consideração a análise de Ciclo de Vida-ACV. Etapas da ACV Como etapas da avaliação do ciclo de vida dos produtos tem-se inicialmente a necessidade de definição de objetivo e escopo do estudo, bem como a realização da análise do inventário, incluindo o que e quanto é gasto em cada etapa da produção. Sendo realizado o levantamento da avaliação de impacto (classificação, valoração = interpretação) para que possíveis soluções sejam apresentadas, visando maiores ganhos econômicos e ambientais. Auditoria e Perícia Ambiental 35 Na etapa de definição dos objetivos e abrangência é importante descrever o sistema a ser estudado, bem como realizar a definição dos limites do sistema, a definição das unidades do sistema e o estabelecimento da função e da unidade funcional do sistema. Os procedimentos de alocação, os requisitos dos dados, as hipóteses de limitações, a avaliação de impactos ambientais, quando necessárias, a metodologia a ser adotada, o tipo e o formato do relatório importante para o estudo e a definição dos critérios para a revisão crítica, se necessário. Análise do inventário É importante considerar a necessidade de uma estratégia cuidadosa na preparação para a coleta de dados, a própria coleta de dados e as metodologias selecionadas, o refinamento dos limites do sistema, a determinação dos procedimentos de cálculo e os procedimentos de alocação. Avaliação do impacto do ciclo de vida A norma ISO 14042 propõe uma estrutura para o processo de avaliação, incluindo basicamente três etapas: Classificação: os dados são classificados e apurados nas diversas categorias selecionadas (conforme meio receptor e efeitos ambientais); Caracterização: os dados são modelados por categoria de forma que cada um possa ter o seu indicador numérico (com base em estudos científicos). Ex. medida efeito tóxico, efeito acidificante etc., e valoração = interpretação. Interpretação da ACV (ISO 14043) Na última etapa da ACV os resultados obtidos nas fases de inventário e avaliação de impacto são analisados de acordo com o objetivo e o escopo previamente definidos para o estudo. Auditoria e Perícia Ambiental 36 As conclusões obtidas após a análise dos resultados possibilitam a identificação de pontos críticos do ciclo de vida do produto que necessitam de melhorias, permitindo a implementação de estratégias de produção, como a substituição e recuperação de materiais e a reformulação ou substituição de processos, visando à preservação ambiental. Aplicabilidades da ACV Uso na indústria Seu uso na indústria contribui para o desenvolvimento de uma avaliação sistemática das consequências ambientais associadas com um dado produto. Através da sua aplicação também pode ser realizada a análise das trocas ambientais associadas com um ou mais produtos ou processos específicos para obter dos tomadores de decisão (estado, comunidade e outros) aprovação para alguma ação planejada. Outro exemplo de aplicação é a quantificação das emissões ambientais para o ar, água e terra em relação a cada estágio do ciclo de vida ou ao processo que mais contribui. Também pode ser aplicado na avaliação dos efeitos dos consumos de materiais e das emissões ambientais sobre o meio ambiente e sobre o homem, na identificação de áreas de oportunidade para uma maior eficiência econômica, ou na concepção e desenvolvimento de produtos. Auditoria e Perícia Ambiental 37 Etapas do ciclo de vida de um bem ou produto Atividades nos cinco estágios de ciclo de vida de um produto: 1. Extração 2. Matéria-prima 3. Produção 4. Uso 5. Descarte Auditoria e Perícia Ambiental 38 Várias empresas têm identificado grandes vantagens econômicas em avaliar e monitorar o meio ambiente, indo além das exigências legais ou daquelas estabelecidas nas normas de sistemas de gestão ambiental, como a NBR ISO 14001. A ACV permite a estimativa dos impactos potenciais cumulativos resultantes de todos os estágios do processo produtivo, frequentemente incluindo impactos não considerados nos outros processos tradicionais de análise. A inclusão desses impactos permite uma visão mais abrangente dos aspectos ambientais dos produtos ou processos e um quadro mais apurado das efetivas trocas ambientais na seleção de produtos. Dessa forma, a ACV ajuda os tomadores de decisão a selecionar seus produtos e processos de forma a causar o menor impacto ao meio ambiente. Essas informações podem ser usadas juntamente com outros fatores, tais como custos e dados de performance, para a seleção dos produtos e processos. Os dados da ACV identificam as transferências dos impactos ambientais de um meio para outro (por exemplo, a eliminação de uma emissão para o ar acarretando uma emissão de efluentes para a água) ou de um estágio do ciclo de vida para outro (por exemplo, do uso ou reuso do produto para a fase anterior de aquisição de matérias-primas). Se uma ACV não for realizada, tais transferências podem não ser identificadas e apropriadamente incluídas nas análises, já que estão fora dos escopos típicos das análises tradicionais ou do foco dos processos de seleção de produtos. Ao se fazer uma seleção, por exemplo, entre duas alternativas de produtos utilizando-se critérios puramente ambientais, pode-se ser tentado a escolher a alternativa 1, porque gera menos resíduo sólido que a alternativa 2. No entanto, depois da realização de um estudo de ACV, é possível concluir que a alternativa 1 acarreta, na realidade, maior impacto ambiental para todo o ciclo de vida quando é medido o impacto nos três meios (ar, água e terra) (exemplo: pode causar mais emissões químicas durante a fase de manufatura). Auditoria e Perícia Ambiental 39 A indústria tem utilizado essa ferramenta, para diversos usos, tais como: o desenvolvimento de uma avaliação sistemática das consequências ambientais associadas com um dado produto. Também é empregado na análise das trocas ambientais associadas com um ou mais produtos ou processos específicos para obter dos tomadores de decisão (estado, comunidade e outros). Pode ser utilizado para a aprovação para alguma ação planejada ou para quantificação das emissões ambientais para o ar, água e terra em relação a cada estágio do ciclo de vida ou ao processo que mais contribui. Pode ainda contribuir para avaliar os efeitos dos consumos de materiais e das emissões ambientais sobre o meio ambiente e sobre ohomem ou para identificar de áreas de oportunidade para uma maior eficiência econômica ou na concepção e desenvolvimento de produtos. A ACV facilita o gerenciamento ambiental na indústria, uma vez que sistematiza as questões associadas ao sistema de produção, melhora a compreensão do processo de produção e facilita a identificação de prioridades para tomadas de decisão. É importante ressaltar ainda que uma pequena ou média empresa talvez não tenha condições de conduzir um estudo deste tipo. Porém, ainda assim, a ideia e o conceito da ACV podem ser aplicados pelas pequenas e médias empresas ao conceberem e desenvolverem os seus produtos ou serviços. Ainda assim, a ACV possibilita que as pequenas e médias empresas levem em consideração não apenas os aspectos ambientais da sua fase na cadeia de fornecimento, mas também das fases anteriores e posteriores, fornecendo produtos ou serviços melhores do ponto de vista ambiental, com os consequentes benefícios diretos e indiretos. Auditoria e Perícia Ambiental 40 Uso do ACV no Governo Os governos de diversos países têm utilizado a ACV no estabelecimento de suas políticas ambientais. O uso da ACV auxilia na definição de políticas mais consistentes, evitando que impactos ambientais sejam transferidos para outra fase do ciclo de vida do produto ou serviço. A Áustria, o Canadá, a Finlândia, a França, a Alemanha, o Japão, a Holanda, a Noruega, a Suécia e os Estados Unidos da América são países que adotam em suas políticas públicas a ACV. Uso na rotulagem ambiental A Rotulagem Ambiental é um mecanismo de comunicação com o mercado sobre os aspectos ambientais do produto ou serviço com o objetivo de diferenciá- lo de outros produtos. Ela pode se materializar por meio de símbolos, marcas, textos ou gráficos. Em virtude da proliferação de rótulos e selos ambientais no mercado e da necessidade de se estabelecerem padrões e regras para o seu uso adequado, é que a Organização Internacional de Normalização (ISO) desenvolveu normas para a rotulagem ambiental. Como passo inicial estabeleceu uma classificação para os diversos tipos de rotulagem: Tipo I – Programas de terceira-parte, baseados em múltiplos critérios, voluntários, que atribuem uma licença autorizando o uso de rótulos ambientais em produtos para indicar a preferibilidade ambiental global de um produto dentre uma categoria de produtos baseada em considerações de ciclo de vida; Auditoria e Perícia Ambiental 41 Tipo II – Autodeclarações ambientais informativas; Tipo III – Programas voluntários que fornecem dados ambientais quantificados de um produto, sobre categorias preestabelecidas de parâmetros, estabelecidos por uma terceira-parte qualificada e baseada numa avaliação de ciclo de vida, e verificada por essa ou outra terceira-parte qualificada. Tipo IV – Rótulos ambientais monocriteriosos, atribuídos por uma terceira- parte, referem-se apenas a um aspecto ambiental, sem serem baseados em considerações de ciclo de vida. Tipicamente, os Programas de Rótulos Ambientais do tipo I envolvem a definição de categorias de produtos e critérios para a atribuição dos rótulos para estas categorias. Normalmente, estas definições são estabelecidas por entidades independentes ou por grupos de assessoramento técnico. Para cada categoria definida, é efetuada alguma análise de ciclo de vida, a qual pode variar em termos de profundidade, em função da complexidade do produto ou dos processos envolvidos. Os parâmetros diferenciadores (uso de energia, toxicidade etc.) serão utilizados para definir os critérios de atribuição do rótulo ecológico. Definidos os critérios, as empresas interessadas em participar submetem os seus produtos para a realização de ensaios e verificações de modo a se assegurar à conformidade do produto aos critérios. Se aprovados, as empresas pagam os custos da licença do uso do rótulo do programa por um período definido. O uso do Rótulo Ecológico é restrito aos produtos aprovados, e o seu uso normalmente é acompanhado pela entidade que gerencia o programa. Ao se implementar a abordagem do ciclo de vida no estabelecimento dos critérios dos rótulos ambientais do tipo I, o uso da avaliação do ciclo de vida apresenta algumas dificuldades e limitações. Estas estão relacionadas à grande extensão dos estudos, ao seu alto custo, à necessidade de obtenção de dados nem sempre disponíveis e ao prazo longo para que resultados sejam alcançados. As dificuldades mencionadas resultariam na inviabilização, pelo menos em muitos casos, do desenvolvimento dos critérios de atribuição dos selos. Auditoria e Perícia Ambiental 42 A solução para o problema é o princípio da consideração do ciclo de vida. Por este princípio, é recomendado pela norma ISO 14024 que o estabelecimento dos critérios ambientais para atribuição dos rótulos ambientais deste tipo seja feito levando-se em consideração o ciclo de vida do produto, sem que haja necessidade de se conduzir uma avaliação do ciclo de vida completa do produto. Isso é conseguido mediante uma apreciação do ciclo de vida do produto, onde se identificam as fases críticas do ponto de vista dos impactos potenciais, as quais serão objeto de estudo, mais aprofundados. Esta apreciação é efetuada com a participação das partes interessadas, que a devem validar. A consideração do ciclo de vida deve incluir uma avaliação de significância do conjunto dos impactos para embasar a seleção dos que serão utilizados na definição dos critérios. O processo participativo das partes interessadas nesta etapa do processo de estabelecimento dos critérios é a chave para se assegurar que são apropriados e a sua legitimidade. Uma das formas empregadas com esse fim é a constituição de comitês com representantes das partes interessadas que conduzem o trabalho do estabelecimento dos critérios, inclusive da consideração do ciclo de vida. Por outro lado, as autodeclarações apresentam mais flexibilidade para serem utilizadas. Contudo, também devem levar em consideração a avaliação do ciclo de vida quando for cabível, para que se possa assegurar que essas declarações são de fato relevantes do ponto de vista ambiental. Muitas empresas utilizam o conceito utilizado é o do “pensamento” baseado no ciclo de vida (“Life Cycle Thinking”) e não mais a exigência da utilização integral da ACV. Auditoria e Perícia Ambiental 43 Identificação de aspectos e impactos ambientais A ACV permite fazer comparações diretas entre produtos e processos. Sendo aplicável e consistente para diferentes equipes de avaliação. Após a identificação dos impactos é realizado uma ampla correlação entre impactos e legislações aplicáveis. Sendo então listados os impactos mais significativos e traçados os planos para a empresa que possui sistema de gestão ambiental trabalha com o princípio de melhorias contínuas. Uma empresa que controla os riscos ambientais é capaz de reduzir gradativamente os riscos ambientais. A ACV contribui para identificar as transferências dos impactos ambientais de um meio para outro (por exemplo, a eliminação de uma emissão para o ar acarretando uma emissão de efluentes para a água) ou de um estágio do ciclo de vida para outro (por exemplo, do uso ou reuso do produto para a fase anterior de aquisição de matérias-primas). Ficamos por aqui. Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo. Não deixe de estudar o material complementar. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Auditoria e Perícia Ambiental 44 Exercícios - Unidade 2 1.Em relaçãoà metodologia de ACV podemos afirmar que: a) É utilizada somente em indústrias. b) Pode ser implementada tanto no sistema industrial como introduzida em políticas ambientais. c) Consiste em uma ferramenta específica para abordagem holística do processo de produção. d) Pode ser construída sem a realização e análise de inventário. e) Consiste em uma ferramenta complexa e cara. 2.A rotulagem ambiental diz respeito apenas aos _________________para a produção do produto, normalmente, baseada na análise do__________. Já na rotulagem de sustentabilidade, a análise também verifica itens referentes aos aspectos ____________e_______________. 3. Quanto à classificação dos programas de Rotulagem Ambiental, podemos afirmar que: a) O Tipo III abrange autodeclarações ambientais informativas. b) O Tipo IV trata de programas voluntários. c) O Tipo IV refere-se a aspectos ambientais. d) O Tipo I abrange programas de terceira-parte, baseados em múltiplos critérios e voluntários. e) N.D.R.A Auditoria e Perícia Ambiental 45 4..A rotulagem ambiental a partir de uma autodeclaração ambiental é considerada rotulagem do tipo a) I. b) II. c) III. d) IV. e) V. 5.O uso da ACV pelo governo tem por objetivo: a) Comunicar ao mercado sobre os aspectos ambientais b) Auxiliar na definição de políticas mais consistentes c) Reduzir custos para as empresas d) Concepção do desenvolvimento dos produtos e) NDRA 6.Qual o conjunto de normas da série ISO 14000 se aplica a Rotulagem Ambiental? a) ISO 14012 b) ISO 14005 c) ISO 14010 d) ISO 14020 e) ISO 14050 Auditoria e Perícia Ambiental 46 7.O mecanismo de comunicação com o mercado sobre os aspectos ambientais do produto ou serviço com o objetivo de diferenciá-lo de outros produtos, e que pode se materializar por meio de símbolos, marcas, textos ou gráficos é conhecido como: a) Propaganda do meio ambiente. b) Rotulagem ambiental. c) Escrituração ambiental. d) Marketing do meio ambiente. e) N.D.R.A 8.O uso do _____________é restrito aos produtos aprovados, e o seu uso normalmente é acompanhado pela entidade que gerencia o programa. 9.Em que consiste a NBR ISO 14001? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Auditoria e Perícia Ambiental 47 10.Apresente um exemplo de como a ACV pode ser usada na indústria. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Auditoria e Perícia Ambiental 48 Auditoria e Perícia Ambiental 49 3 A ISO e o Sistema de Gestão Ambiental - SGA Auditoria e Perícia Ambiental 50 Caro aluno, Nesta unidade, vamos estudar a ISSO 14001, seus conceitos e histórico. Os custos da implantação, SGA nas empresas. Além disso, o escopo da ISO 14001 e os termos e definições. Objetivos da unidade: Apresentar a ISO 14001, seus conceitos e histórico; Abordar seus objetivos; Discutir suas diferentes empregabilidades. Plano da unidade: ISO – histórico Custos da implantação SGA nas empresas O escopo da ISO 14001 Termos e definições Bem-vindo à terceira Unidade de Estudo! Auditoria e Perícia Ambiental 51 ISO – histórico As medidas de redução de impacto envolvem investimentos em controle da poluição, nas áreas de prevenção, mitigação e correção. Sendo de fundamental relevância a educação continuada nas empresas para reduzir gradativamente os impactos ambientais e consequentemente os custos operacionais na área ambiental. A adição de algumas atitudes ecologicamente corretas pelos funcionários, ou alterações na gestão ambiental das empresas podem acarretar em maior lucratividade, incluindo até mesmo a venda de resíduos e a reincorporação destes em outras cadeias produtivas. Nas últimas décadas, o mercado tem se tornado economicamente globalizado e as mudanças vêm exigido das empresas uma visão proativa na área ambiental. A Comunidade Comum Europeia, por exemplo, adota padrões ISO em suas políticas públicas, o que torna essencial no processo de negociação com empresas internacionais, a adequação dos produtos e serviços prestados as exigências desses países. Ou seja, ou as empresas se adequam as exigências internacionais ou perdem contratos. A ISO (International Standardization Organization) é uma organização não governamental fundada em 1947, com sede em Genebra, na Suíça, que atua como uma federação mundial de organismos nacionais de normatização. No Brasil, a ISO tem como membro a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O mercado consumidor tornou-se mais exigente e, somente a adequação as premissas exigidas na legislação vigente, não é suficiente para atender a população de forma homogênea. Neste processo, as questões ambientais tornam o controle ambiental um desafio permanente para o setor industrial. Auditoria e Perícia Ambiental 52 Custos da implantação Os custos para adoção da norma ISO 14001 assemelham-se aos empregados na adoção da norma ISO 9000 de gestão da qualidade. Por serem elevados torna-se uma barreira para que muitas empresas adotem. Algumas empresas, devido a estes elevados custos, implementam sistemas de gestão básicos, os quais não são certificados, mas que buscam implantar mudanças que contribuam para uma melhoria de seus processos, produtos e para a sustentabilidade ambiental. O custo da gestão ambiental em uma empresa são variáveis, e as melhores alternativas tecnológicas empregadas no processo de prevenção de riscos ambientais garantem um controle mais eficiente. A aplicação de investimentos na obtenção de instrumentos de controle e monitoramento ambientais,assim como ações mitigadoras, corretivas e investimentos na área de educação continuada nas empresas tornam os gastos de empresas significativamente distintos. Uma empresa deve levar em consideração para aderência de melhores práticas a possibilidade de perda de clientes para grupos concorrentes que ofereçam produtos de melhor qualidade dentro de uma filosofia de responsabilidade social e ambiental. O controle ambiental também deve ser implantado por conta das penalidades ambientais que uma empresa pode receber, que podem corresponder a altos custos a empresa com multas e compensações ambientais, além de toda a repercussão negativa à empresa que eventos envolvendo impactos ambientais possam acarretar. Incluindo neste processo até mesmo a perda de credibilidade junto aos órgãos de fomento. Atualmente, os bancos exigem uma postura ecologicamente correto das empresas. A ausência de uma política interna ou da implantação de sistema de gestão ambiental – SGA pode ser suficiente para que um financiamento bancário não seja concedido. Auditoria e Perícia Ambiental 53 São inúmeros os benefícios em relação à implantação de um sistema de gestão ambiental com certificação ISO. Os benefícios são classificados em quatro diferentes dimensões de benefícios que são: de produtividade, financeiros, sociais e de marketing. Dentre diferentes benefícios destacam-se a redução de gastos com matéria- prima em relação à produção com escolhas de matérias-primas menos impactantes ao meio ambiente e com a redução de desperdício. A adoção do gerenciamento de resíduos com práticas de reciclagem e reuso contribuem reduzindo o volume dos resíduos a serem tratados e o valor dos gastos com tratamento e disposição final dos mesmos. Também podemos citar benefícios sociais, uma vez que melhoram a imagem (marketing) e o relacionamento com a sociedade, com o governo e os clientes de bens de consumo ou serviços prestados. A valoração ambiental A valoração ambiental é uma ferramenta de gestão ambiental. A valoração ambiental indica um valor econômico aos recursos naturais. Seu cálculo baseia-se na abundância ou escassez do recurso, bem como tipo de atividade e estudo de impactos prováveis ao meio ambiente inerente a atividade. O avanço nessa relevante área ambiental é indispensável para mensurar um valor de cálculo de projetos de desenvolvimento considerando impactos ambientais relevantes. Uma das alternativas mais empregadas para se chegar à valoração ambiental é a partir da análise de ACV. Auditoria e Perícia Ambiental 54 SGA nas empresas Gestão Ambiental nas Empresas A gestão ambiental nas empresas envolve em conjunto de técnicas, que envolvem o controle de processos de produção, instalações com vistas à produção mais limpa, com gerencia do meio ambiente não somente dentro das instalações, mas em toda a área de entorno. Os produtos e serviços prestados devem ser planejados prevendo toda sua vida útil, incluindo os impactos do pós-uso. O objetivo fundamental é atender aos requisitos do desenvolvimento sustentável, que visam à sustentabilidade ambiental e atendimento das necessidades humanas presentes e das futuras gerações. Para as empresas, o desenvolvimento sustentável corresponde à manutenção da produtividade das empresas com concordância com a necessidade de equilíbrio ambiental. Para tal, as empresas devem repensar materiais selecionados como matéria-prima, dando prioridade aos recicláveis. Com base na utilização de reciclagem, reuso e recuperação de materiais, para melhor eficiência no ciclo de vida dos recursos empregados, atendendo as necessidades da empresa, sem comprometer as necessidades futuras, ou seja, preservando o meio ambiente. O que indica que para atuar na área de gestão ambiental, uma empresa deva realizar a incorporação de valores e práticas que exigem reestruturação de política e valores, que de forma impreterível implica em gastos e necessidade da adesão de um Sistema de Gestão Ambiental – SGA. O termo ISO significa International Organization for Standardization (Organização Internacional para normatização). O termo ISO deriva do grego isos, que significa equal (igual, semelhante). Fundada em 23 de fevereiro de 1947 em Genebra, Suíça. Auditoria e Perícia Ambiental 55 Normas Internacionais de adoção voluntária. A maioria as nações tem organismos-membro. Já publicou mais de 18000 normas internacionais Atualmente conta com 163 países membros. A série ISO 14000 define normas com padrão internacional de gerenciamento ambiental e discute 6 diferentes temas: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental, aspectos ambientais nas normas de produto, análise do ciclo de vida do produto. A ISO criou a norma ISO 14001/2004, especificando requisitos para implantação do Sistema de Gestão Ambiental. O escopo da ISO 14001 A ISO 14001 especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organização desenvolver e implementar uma política e objetivos que elevem em conta os requisitos legais e outros por ela subscritos e informações referentes aos aspectos ambientais significativos (ABNT 14001, 2004). Os requisitos da ISO 14001 podem ser objetivamente auditados. No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT adotou essa norma brasileira, dando-lhe o nome NBR ISO 14001, sendo a certificação desta norma específica para o sistema de gestão ambiental. Ciclo PDCA Auditoria e Perícia Ambiental 56 O sistema de gestão ambiental trabalha com base em um ciclo PDCA, que se refere a planejar, fazer, verificar e agir. PLAN – Consiste na identificação do problema. Definido o problema e o reconhecimento de sua importância é realizado o planejamento da ação que será realizada. Nesta etapa é realizada a investigação das características especificas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista. Realizada a análise do problema, é identificada a causa fundamental do problema e elaborado um plano de ação para bloquear a causa fundamental. DO – Etapa que tem como função o bloqueio da causa fundamental do problema. CHECK – Etapa de realização de verificação do sucesso do bloqueio do problema. ACT - Padronização - previne contra o reaparecimento do problema. Conclusão – recapitular todo o processo de solução do problema para o trabalho futuro. Auditoria e Perícia Ambiental 57 As informações podem ser usadas juntamente com outros fatores, tais como custos e dados de performance, para a seleção dos produtos e processos. A NBR ISO 14001 é aplicável a todos os tipos e tamanhos de organizações e adapta-se a condições geográficas, culturais e sociais diversas. Contém requisitos que podem ser auditados objetivamente para fins de certificação ou autodeclaração. Não substitui requisitos legais ou regulatórios. Leva em consideração as disposições da ABNT NBR ISO 9001:2000. Uma empresa não pode ser certificada com ISO 14001 sem antes ter recebido a certificação ISO 9001, que trata de qualidade. Uma das principais motivações de pequenas e médias empresas para a adoção da norma IS0 14001 é a melhora da reputação da imagem da organização. No entanto, a grande oferta de produtos e serviços no mercado tem tornado o público-alvo exigente, e as empresas buscam atingir os clientes com inovações de processos, políticas de responsabilidade ambiental e melhoria nos relacionamentos com stakeholders (partes interessadas – fornecedores, governo, clientes,sociedade). A ISO 14001 se aplica a qualquer organização que deseje. Além de estabelecer, implementar, manter e aprimorar um SGA. Embora a ISO possa ser implantada em qualquer organização, os custos operacionais de sua instalação e manutenção, tornam mais complexa sua adesão por partede pequenas empresas. A implantação do sistema de gestão ambiental permite a uma organização formular uma política e objetivos que levam em conta, infatizando a responsabilidade ambiental e o desenvolvimento sustentável. Aplica-se aqueles aspectos ambientais que uma organização pode controlar, influenciar. Não estabelece critérios específicos de desempenho ambiental que devem ser complementados para maior eficiência ambiental com outras ceritificações ISO. Auditoria e Perícia Ambiental 58 Assegurar-se da conformidade com sua política ambiental. Demonstrar conformidade com a norma ao fazer uma autoavaliação ou buscar certificação/registro do seu SGA. Termos e definições Melhoria contínua A melhoria contínua é o processo recorrente de se avançar com o sistema da gestão ambiental, com o propósito de atingir o aprimoramento do desempenho ambiental geral, coerente com a política ambiental da organização. É importante observar que não há necessidade do processo ser aplicado simultaneamente a todas as áreas da atividade. Aspecto ambiental O aspecto ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental significativo. Entende-se por impacto ambiental qualquer modificação do ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou parte, dos aspectos ambientais da organização (como já abordado no capítulo 2). A Prevenção de poluição é o uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos. A prevenção da poluição pode incluir a redução ou eliminação de fontes de poluição, alterações de processo, produto ou serviço, uso eficiente de recursos, materiais e substituição de energia, reutilização, recuperação, reciclagem, regeneração e tratamento. Auditoria e Perícia Ambiental 59 Requisitos do SGA O SGA deve refletir o ciclo PDCA. Pode ser aplicado a qualquer parte da organização ou suas atividades e integrado com outros sistemas de gestão (como por exemplo, sistema da qualidade) Para implantação do SGA, a organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e continuamente melhorar, um sistema de gestão ambiental, em conformidade com os requisitos. Dar norma e determinar como ele irá atender a esses requisitos. Definir e documentar o escopo de seu SGA. A alta administração deve definir a política ambiental e garantir que, dentro do escopo definido do seu SGA, ela seja apropriada à natureza, escala e impactos. Inclua um compromisso com melhoria contínua a prevenção da poluição. A política deve incluir um comprometimento com o atendimento a legislação ambiental e outros requisitos que a organização subscreva. Também deve ser fornecida a estrutura para que sejam atingidos os objetivos e metas ambientais. A política deve ser documentada, implementada e mantida. Esta também deve ser comunicada a todos os colaboradores da organização (incluindo àqueles que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome) e deve ser divulgada e estar disponível para o público. Muitas organizações divulgam em sites oficiais da empresa sua política. No processo de avaliação ambiental tanto para implantação do SGA, como para acompanhamento do sistema implantado, é necessário identificar os aspectos ambientais. São utilizados procedimentos para identificar os aspectos ambientais das atividades, produtos, serviços, dentro do escopo da SGA, que a organização possa influenciar (devem ser considerados ou produtos, ou serviços e atividades novas ou modificadas). Em seguida são determinados os aspectos relacionados com os impactos significativos que devem ser considerados no estabelecimento de seu SGA. Esta informação deve ser mantida atualizada. Auditoria e Perícia Ambiental 60 Busca-se seguir os requisitos legais para evitar problemas ambientais. No entanto, adesão a SGA visa o máximo de eficiência, são tomadas como referências as melhores práticas, utilizando-se procedimento para identificar e ter acesso a requisitos legais e outros requisitos. O procedimento deve determinar como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais. Os programas para atingir objetivos e metas devem conter a designação da responsabilidade em cada nível e função pertinente da organização. Meios e prazos para a realização. Os programas devem prever a designação da responsabilidade em cada nível e função pertinente da organização, bem como a definição de meios e prazos para a realização das tarefas. Os objetivos e metas devem prever metas globais, sendo quantificados quando possíveis e verificados todos os requisitos legais, os impactos ambientais significativos e as opções tecnológicas que serão empregadas no controle ambiental e, ainda, os requisitos financeiros, empresariais e operacionais necessários. O conhecimento da visão das partes interessadas também é relevante, uma vez que muitas empresas são atraídas para fechar contratos com empresas baseando-se no seu compromisso ambiental, sendo importante detalhar os requisitos necessários para uma prevenção ambiental eficiente. É importante observar se a política, o objetivo e as metas são mensuráveis. Tal como o exemplo a seguir: Política – conservar os recursos naturais; Objetivo – minimizar o uso de água quando for praticável; Metas: Reduzir o consumo de água em 15%; Reutilizar a água e instalar equipamento de reciclagem. Os objetivos e metas devem prever metas globais, sendo quantificados quando possíveis e verificados todos os requisitos legais, os impactos ambientais significativos e as opções tecnológicas que serão empregadas no controle ambiental e, ainda os requisitos financeiros, empresariais e operacionais necessários. Auditoria e Perícia Ambiental 61 É necessário identificar necessidades de treinamento, treinar todo o pessoal cujo trabalho possa causar impactos significativos; e estabelecer procedimentos que façam com que as pessoas que trabalhem para a organização ou em seu nome estejam conscientes da importância da conformidade com a política e demais requisitos do SGA e das consequências do não cumprimento dos procedimentos padronizados. O controle de documentos envolve registros de documentos e devem ser controlados. Os documentos devem ser aprovados quanto à sua adequação antes do uso. Sendo necessária a identificação de revisões e alterações, versões atualizadas, legíveis e prontamente identificáveis. A SGA também prevê que sejam evitados utilizar documentos obsoletos e que os documentos de origem externa sejam igualmente identificados e controlados. O controle operacional visa identificar operações e atividades associadas com aspectos significativos e assegurando-se que elas são executadas sobe condições específicas com: procedimentos documentados, onde a ausência destes poderia levar a desvios, estipulação de critérios operacionais, estabelecer procedimentos relacionados a aspectos significativos de bens e serviços utilizados pela organização e comunicar procedimentos e requisitos relevantes para fornecedores. É necessário identificar necessidades de treinamento, realizando com todo o pessoal cujo trabalho possa causar impactos significativos e estabelecer procedimentos que façam com que as pessoas que trabalhem para a organização ou em seu nome estejam conscientes. A conformidade com a política e demais requisitos do SGA, bem como aos aspectos ambientais significativos associados com seu trabalho e de suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os requisitos do SGA torna-se fundamental para maior credibilidade
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