Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia 1 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais Sheila de Lira Franklin 2ª e di çã o Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Sheila de Lira Franklin Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói F834a Franklin, Sheila de Lira. Avaliação de aspectos e impactos ambientais / Sheila de Lira Franklin ; revisão de Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 2. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO: Departamento de Ensino a Distância, 2018. 129 p. : il. 1. Impacto ambiental - Avaliação. 2. Impacto ambiental - Métodos. 3. Licenciamento ambiental. 4. Legislação ambiental. 5. Sistema nacional do meio ambiente (SISNAMA). 6. Estudo de impacto ambiental (EIA). 7. Monitorização ambiental. 8. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. CDD 363.7 Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 4 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 5 Sumário Apresentação da disciplina ..................................................................................................07 Plano da disciplina .................................................................................................................09 Unidade 1 – Introdução sobre avaliação de aspectos e impactos ambientais .......11 Unidade 2 - Legislação aplicável ao processo de licenciamento ambiental e a avaliação de impactos ambientais. ....................................................................................31 Unidade 3- Diagnose ambiental .........................................................................................49 Unidade 4 – Introdução ao estudo de metodologias empregadas na avaliação de aspectos e impactos ambientais.........................................................................................69 Unidade 5 – Métodos de AIA II ............................................................................................85 Unidade 6 – Análise de estudos de impactos ambientais e etapa de acompanhamento de EIA. ....................................................................................................101 Considerações Finais .............................................................................................................119 Conhecendo o autor ..............................................................................................................120 Referências ...............................................................................................................................121 Anexos.......................................................................................................................................123 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 6 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 7 Apresentação da disciplina Prezado aluno, o livro de Avaliação de aspectos e impactos ambientais abordará as técnicas clássicas de levantamento de dados ambientais que, ao longo de décadas, vêm contribuindo para obtenção de uma análise ambiental detalhada e multidisciplinar. A utilização conjunta dessas metodologias tem sido responsável por uma identificação mais precisa de aspectos e possíveis impactos ambientais facilitando ações proativas no âmbito da proteção ambiental e da sustentabilidade ambiental. Nas últimas décadas, os processos de licenciamento ambiental têm crescido no país de forma vertiginosa, o que torna indispensável na área ambiental, a discussão sobre as ferramentas a serem utilizadas na construção do diagnóstico ambiental são temas de grande relevância na área ambiental. Esperamos contribuir para sua formação acadêmica proporcionando uma visão crítica do modelo de licenciamento ambiental vigente no país e a ampliação de seus conhecimentos sobre a avaliação de aspectos e impactos ambientais. O material didático divide-se em seis unidades. A primeira aborda relevantes conceitos empregados na área de avaliação de impactos, bem como a classificação dos impactos ambientais, agendas 21 e papel multidisciplinar na avaliação ambiental. A segunda apresenta a legislação aplicável ao processo de licenciamento ambiental e a avaliação de impactos ambientais como instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA).A terceira unidade apresenta técnicas de estudo e levantamento de dados para elaboração de estudos de impactos ambientais. A quarta unidade traz uma introdução sobre a utilização de métodos de avaliação de impactos ambientais, abordando as seguintes metodologias: Definição de métodos de AIA, Metodologia Ad hoc, Metodologia de listagens, Network, Overlay Mapping e Projeção de cenários. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 8 A quinta unidade fala das seguintes metodologias: Método Battelle, Modelos de Simulação, Estatísticas Oficiais, Métodos de avaliação desenvolvidos para empresas. No sexto capítulo veremos os principais problemas identificados por especialistas ambientais em relação à elaboração EIA/RIMA’s e as etapas de acompanhamento das atividades potencialmente impactantes ao meio ambiente. Sucesso! Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 9 Plano da Disciplina Prezado aluno, Uma nova etapa se inicia. Nesta disciplina, você irá estudar sobre avaliação de aspectos e impactos ambientais, bem como as metodologias empregadas no processo. Os temas abordados neste livro foram criteriosamente selecionados possibilitando aos leitores a correlação teórico-prático na área de avaliação de aspectos e impactos ambientais. Este livro oferece uma síntese das principais ferramentas investigativas para uma boa análise ambiental, o que torna a obra um guia técnico para estudantes e profissionais da área ambiental. Unidade 1: Introdução sobre avaliação de aspectos e impactos ambientais. Nesta unidade, serão estudadas diferentes definições e conceitos empregados em avaliação de aspectos e impactos ambientais, bem como as classificações de impactos, o papel das agendas 21 e das equipes multidisciplinares nos estudos de impactos ambientais. Objetivo: apresentar a classificação dos impactos ambientais, as agendas 21 e o papel das equipes multidisciplinares na avaliação de impactos ambientais. Unidade 2: Legislação aplicável ao processo de licenciamento ambiental e a avaliação de impactos ambientais. Nesta unidade, será abordada a legislação aplicável ao processo de avaliação de impactos ambientais e ao processo de licenciamento ambiental no Brasil. Objetivo: apresentar a estrutura no SISNAMA, caracterizar o processo de licenciamento ambiental e suas etapas e discutir sobre os mecanismos de participação pública nos processos de EIA. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 10 Unidade 3: Diagnóstico ambiental. A unidade apresenta técnicas de estudo e levantamento de dados para elaboração de planejamento de diagnóstico ambiental. Objetivo: apresentar o papel do diagnóstico, bem como as ferramentas e etapas do diagnóstico ambiental. Unidade 4: Introdução ao estudo de metodologias empregadas na avaliação de aspectos e impactos ambientais. Nesta unidade, você vai conhecer os seguintes métodos de AIA: Metodologia Ad hoc, Metodologia de listagens, Network, Overlay Mapping e a Projeção de cenários. Objetivo: apresentar as metodologias descritas e discutir sobre sua aplicabilidade. Unidade 5: Métodos de AIA II. Nesta unidade, serão apresentados os seguintes métodos investigativos: Matrizes de Interações, Matriz de Leopold, Metodologias Quantitativas, Métodos de avaliação de AIA desenvolvidos para empresas, Estatísticas oficiais e Modelos de Simulação. Objetivo: caracterizar os diferentes as diferentes metodologias de AIA acima descritas. Unidade 6: Análise de estudos de impactos ambientais e etapa de acompanhamento de EIA. Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer um pouco sobre o processo de análise dos estudos de impactos ambientais e sobre a etapa de acompanhamento de processos de licenciamento ambiental. Objetivo: abordar falhas comumente identificadas em estudos de impactos ambientais; apresentar os métodos de realização de monitoramento ambiental e discutir sobre os critérios necessários para a elaboração de um plano de monitoramento com vistas à redução dos impactos e sustentabilidade ambiental. Bons estudos! Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 11 1 Introdução Sobre Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 12 Nesta unidade, serão estudadas diferentes definições e conceitos empregados em avaliação de aspectos e impactos ambientais, bem como as classificações de impactos, o papel das agendas 21 e das equipes multidisciplinares nos estudos de impactos ambientais. A partir daí poderemos entender melhor suas consequências à biodiversidade e a qualidade de vida no planeta e sua relevância à área das ciências ambientais e ao desenvolvimento sustentável. Objetivos da unidade: Apresentar conceitos relevantes na área de avaliação de aspectos e impactos ambientais; Levantar a classificação de impactos ambientais apresentando exemplos de sua aplicabilidade; Identificar a agenda 21 como um importante instrumento para realização de avaliação de impactos ambientais; Apresentar um breve histórico sobre os primeiros estudos de impactos ambientais realizados no Brasil Plano da unidade: Meio ambiente X impactos ambientais Impacto ambiental: conceitos, classificação e aplicações. Aspectos ambientais Evolução da avaliação de impactos no mundo Agenda 21 e sua colaboração na avaliação de impactos ambientais Equipes multidisciplinares na construção de avaliação de impactos ambientais Primeiras Avaliações de Impactos Ambientais no Brasil Bons estudos! Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 13 Meio ambiente X impactos ambientais Para compreendermos o significado de impactos ambientais, temos que, inicialmente, relembrar o conceito de meio ambiente. Segundo a legislação nacional CONAMA n. 6938, de 31 de agosto de 1981, entende-se por meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em suas múltiplas formas. Logo, os componentes do planeta Terra incluindo solo, água e ar, todas as camadas da atmosfera, todas as formas de matéria orgânica e inorgânica e organismos vivos, sistemas naturais em interação que incluam os componentes já mensurados fazem parte do meio ambiente. E um impacto a qualquer desses componentes é considerado impacto ambiental. Os impactos ambientais, na maioria das vezes, causam depleção de recursos naturais e a perda da qualidade do meio ambiente. A avaliação de impactos ambientais busca aperfeiçoar as atividades humanas, levando a compreensão dos limites de saturação do meio ambiente. A avaliação de impactos ambientais, de acordo com a constituição nacional, é um instrumento da política nacional de meio ambiental, estabelecida pela resolução CONAMA 6938, de 31 de abril de 1981. Sendo ela requisitada como parte obrigatória dos processos de licenciamentos ambientais. A poluição é entendida como uma condição do entorno dos seres vivos (água, solo e ar) que lhes possa ser danosa. As causas da poluição ambiental estão vinculadas às atividades humanas. A poluição está associada a alterações das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante de atividades humanas, que direta ou indiretamente: Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 14 Seja nociva ou ofensiva à saúde, a segurança e ao bem-estar das populações; Crie condições inadequadas de uso do meio ambiente, para fins domésticos, agropecuários, industriais, públicos, comerciais, recreativos e estéticos; Ocasione danos à fauna, à flora, ao equilíbrio ecológico e às propriedades; Não esteja em harmonia com os arredores naturais. A poluição e os impactos ambientais estão relacionados a ações humanas. No entanto,não são todos os impactos ambientais que trazem prejuízos ao meio ambiente. Impacto ambiental: conceitos, classificação e aplicações Entende-se por impacto ambiental qualquer alteração das propriedades: físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por atividades humanas que afetem a saúde, a segurança e o bem-estar, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais. Também pode ser compreendido como o resultado da perturbação ao meio ambiente induzido por ações antrópicas. É importante ressaltar que nem todo impacto ambiental é negativo. A redação da ISO 14001 define impactos ambientais como qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Em relação às variações dos impactos ambientais, estes poderão ser classificados quanto ao/à: Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 15 Valor: positivo ou negativo/ benéfico ou adverso Ordem: diretos ou indiretos Dinâmica: temporário, cíclico ou permanente Espaço: local, regional, global Horizonte Temporal: curto, médio ou longo prazo Plástica: reversível ou irreversível Em relação às variações dos impactos ambientais, estes poderão ser classificados em relação a variados aspectos. Um impacto positivo traz benefícios ao meio ambiente ou a algum de seus componentes. Um exemplo de impacto positivo associado a um empreendimento é a geração de renda. A simples instalação de um empreendimento em uma dada região aquece a economia local, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população. A construção de uma fábrica, por exemplo, pode levar a uma região asfaltamento, iluminação pública e acesso a saneamento básico. O que gera melhoria de vida para a população de entorno. Os impactos positivos das atividades humanas estão relacionados a aspectos sócio econômicos, tais como: geração de renda, lazer, cultura, saneamento básico, iluminação, projetos de assistência social, entre outros. Já os impactos adversos são muito mais extensos, como por exemplo: a geração de um polo industrial em uma determinada região, pode comprometer a qualidade do ar, impactar o trânsito das cidades circunvizinhas e da cidade, comprometer a qualidade dos corpos hídricos, do solo e até mesmo ser responsável por aumento no custo de vida na região, da arrecadação de impostos, da violência, entre outros. A avaliação de impactos ambientais pode ser compreendida como um conjunto de metodologias aplicadas por uma equipe multidisciplinar com a finalidade de analisar a viabilidade ambiental de projetos, planos e programas e fundamentar, com base científica, uma decisão a respeito da situação. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 16 O propósito da Avaliação de impactos é, portanto, avaliar as consequências de atividades que possam causar alterações a um ou mais componentes do meio ambiente atuando no campo da prevenção, correção ou mitigação de impactos. Através das orientações de equipe multidisciplinar na área ambiental é possível prever os impactos que uma determinada atividade ou projeto poderá acarretar ao meio ambiente, em diferentes etapas dos processos, tais como na execução de uma obra, após a implementação de um novo processo industrial (como a substituição de um antigo maquinário por um mais moderno) e até mesmo após a finalização de uma atividade industrial, que pode deixar no ambiente um passivo ambiental, capaz de provocar contaminação contínua de solos e corpos hídricos, por exemplo. A avaliação de impactos ambientais pode ser aplicada a diversos tipos de ação: tais como: projetos de tratamento das águas e esgotos, plano de desenvolvimento urbano, expansão de uma planta industrial, projeto de ecoturismo, entre outros. As medidas preventivas evitam impactos ambientais. Já as mitigadoras não devolvem as condições originais de um ambiente que sofreu alteração associada à atividade antrópica, mas minimizam, ou seja, remediam as consequências dos impactos ambientais. As medidas mitigadoras são as práticas mais empregadas nos planos de gestão ambiental que buscam alternativas para compensação ambiental. Já, as medidas corretivas, por serem mais onerosas, infelizmente não são comumente empregadas como alternativas de controle ambiental. O que devemos ter em mente é que, na avaliação de impactos ambientais, as medidas preventivas devem prevalecer sob as mitigadoras e corretivas. O que reduz gastos com eventuais acidentes ambientais e todas as consequências legais que estes acidentes geram às empresas e ao meio ambiente. Muitas vezes, os impactos são adversos e irreversíveis, acarretando em perda da biodiversidade. Esta classificação de impactos ambientais é indispensável na avaliação de impactos ambientais, porque envolve diferentes níveis de comprometimento Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 17 ambiental, auxiliando na compreensão da extensão dos danos associados a atividades humanas. Vamos ver um caso e analisar a classificação de impactos ambientais? Em 29 de março de 2013, ocorreu um acidente de grandes proporções em Minas Gerais que ficou conhecido como acidente de Cataguases. A empresa é situada no município de Cataguases, na Zona da Mata mineira. A Indústria Cataguases de Papel despejou cerca de 1,2 bilhão de litros de dejetos químicos, no Rio Pomba, um dos maiores afluentes da porção média do Paraíba do Sul. Vale ressaltar que a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul abrange uma área de 57.000km2 e banha os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde deságua. O chorume lançado no Rio Pomba atingiu rapidamente a calha principal do Rio Paraíba do Sul e, consequentemente, 39 municípios da Zona da Mata e oito cidades do Norte Fluminense que, juntos, possuíam naquela época uma população estimada em 600.000 habitantes. O desastre ambiental afetou os ecossistemas aquáticos e as populações que moravam ao redor dos Rios Pomba e Paraíba do Sul. Muitas atividades econômicas dependem desses sistemas aquáticos. A pesca foi uma atividade muito prejudicial pelo acidente, impactando famílias e o comércio. A poluição atingiu o oceano e, a lixívia também contaminou matas ciliares e os sedimentos dos rios. Este caso envolveu, portanto, impactos de valores adversos ao meio ambiente. Com impactos diretos e indiretos, visto que implica em consequências que foram observadas, imediatamente, após o acidente (corte no abastecimento de água, por exemplo) e impactos indiretos (queda no turismo). O caso implicou em impactos temporários, visto que a natureza é capaz de retornar as condições originais por meio de intervenção humana, segundo dados técnicos da perícia ambiental realizada após o acidente. A maior parte dos contaminantes foi sedimentada nos leitos dos rios atingidos. A degradação deste material é lenta, porém passível de reconstituição por mecanismos de biorremediação. Quanto ao espaço atingido pelo acidente, verificamos proporções que atingiram mais de um estado. Se houvesse atingido apenas um município seria Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 18 classificado como local. O acidente atingiu todo o sudeste e, então, atingiu proporções regionais. Caso houvesse causado contaminação a todo o Brasil, como o acidente de Chernobyl com radiação nuclear na Ucrânia (1986) que atingiu toda a Europa e também outros continentes, seria considerado global. O impacto causou consequências a curto, médio e longo prazo, devendo ser analisado de acordo com a situação. Vejamos: Curto prazo: o corte de distribuição de água em Cataguazes foi normalizado em menos de um mês. Médio prazo: interrupção das atividades de pesca. Longo prazo: a plena recuperação dos ecossistemasaquáticos afetados, com a reintrodução dos espécimes de pescado na região do rio Pompa. Considerando ainda os impactos acima descritos, podemos classificar os impactos como reversíveis para o cenário socioeconômico e ambiental. A classificação de impactos ambientais é indispensável em estudos de impactos ambientais, o que permite avaliar a extensão dos danos ambientais. Aspectos ambientais Conforme amplamente discutido na disciplina de Auditoria e Perícia Ambiental, o termo aspecto ambiental está atrelado à linguagem da ISO 14001/2004. Os aspectos ambientais são elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente causando impactos ambientais. Portanto, a análise desses aspectos é permitida pelo controle ambiental e conhecimento dos processos de trabalho com suas múltiplas etapas, identificando máquinas, processos e o que possa dentro do contexto, causar impactos ao meio ambiente de ordem benéfica ou adversa. A avaliação de impactos e aspectos ambientais é realizada da mesma forma. A exemplo, se uma empresa possui tanques subterrâneos de combustível para atender a sua frota veicular (exemplo uma distribuidora de eletricidade), um dos Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 19 aspectos ambientais pode ser considerado o tanque subterrâneo. O vazamento dos tanques subterrâneos, devido à corrosão, pode causar graves impactos ambientais. Outro importante aspecto ambiental (ainda considerando as distribuidoras de eletricidade) são os antigos transformadores. Eles vêm sendo gradativamente substituídos, os antigos possuem, em sua composição, bifenilas policloradas – PCB’s. O óleo ascarel devido às suas propriedades químico-físicas foi largamente empregado, incluindo a fabricação de transformadores. Desde o final dos anos 70, foi proibida a comercialização e fabricação de produtos com PCB’s. No entanto, todos os transformadores em bom estado de conservação ainda são usados. À medida que são substituídos, constituem um passivo ambiental de responsabilidade das distribuidoras de eletricidade. Podemos, então, considerar os transformadores como aspectos ambientais associados a possíveis impactos ambientais, tais como contaminação do solo, água e ar, além de sua associação a sérios impactos a cadeia alimentar, devido sua persistência no meio ambiente e seus efeitos tóxicos. A avaliação de aspectos ambientais está associada à política da ISO 14001, e ainda que não seja exigida na legislação ambiental nacional, é indispensável ao controle ambiental, pois orienta a detecção de fontes potenciais de impactos ambientais. Recuperação do meio ambiente A recuperação do meio ambiente envolve, na maioria das situações, a aplicação de técnicas de manejo, visando tornar o ambiente degradado apto para um uso produtivo, desde que sustentável. Também pode ser compreendido na linguagem da ecologia como o retorno de uma área às condições existentes antes da degradação. Para a recuperação de uma área perturbada por ações antrópicas podemos utilizar medidas corretivas ou simplesmente abandonar a área impactada. A primeira linha de medidas é a mais adequada, pois a recuperação espontânea é lenta e dependendo dos danos e atividades que causaram os mesmos, se faz necessário à utilização de recursos tecnológicos de ponta. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 20 São modalidades de recuperação: a remediação, a reabilitação, a restauração e a revitalização. A remediação, como já mencionado, minimiza os danos causados por ações antrópicas. A reabilitação constitui uma prática de recuperação onde pode se reintroduzir elementos da fauna ou flora a áreas anteriormente impactadas por um empreendimento. Exemplo: para a construção de uma barragem de hidrelétrica, algumas espécies são retiradas evitando a morte de animais e perda de vegetação singular (endêmica da região). Após a obra, esses exemplares são reintroduzidos em áreas próximas. A revitalização contempla projetos que não, necessariamente, trarão ao ambiente os mesmos elementos ao meio ambiente. Exemplo: uma região foi fortemente degradada por atividade de extração de minérios. O ambiente é perturbado de forma irreversível uma vez que atividades de mineração utilizam explosivos e modificam o meio ambiente, não sendo passível de recuperação plena (restauração). Se antes esta área era habitável por determinados animais, estes serão afugentados. A forma de recuperação poderá ser a revitalização da área, com a construção de condomínios de casas populares, por exemplo. A recuperação de uma área impactada dependerá das características do ecossistema perturbado, podendo ou não ser passível de recuperação plena. A capacidade de alguns ecossistemas retornarem ao seu estado original, após serem impactos por ações humanas dar-se o nome de resiliência. Em caso de simples abandono da área degradada existem duas situações que podem ocorrer: a recuperação espontânea (lenta ou gradual) ou a descontinuidade da degradação. Um exemplo de ambiente capaz de se autorrecuperar da poluição associada às atividades humanas é a Baía de Guanabara. Evidências científicas apontam que uma vez cessadas as emissões de esgotos clandestinos na Baía, o ecossistema teria plena capacidade de se regenerar em poucos anos. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 21 Evolução da avaliação de impactos no mundo A avaliação de impactos ambientais começou a ser cobrada legalmente no final da década de 60. O primeiro país que criou uma política de proteção ao meio ambiente foi os EUA, que aprovou em 1969, a National Enviroment Policy Act, EIS – Enviroment Impact Statement. Na América do Norte, os primeiros países a adotarem a AIA, depois dos EUA foram Canadá (1973), Nova Zelândia (1973) e Austrália (1974). Já, na década de 70, a ocorrência de Conferência de Estocolmo em 1972, serviu para divulgar a primeira política de proteção ambiental. Outros países desenvolvidos, seguindo o exemplo dos EUA, passaram a adotar modelos semelhantes. É necessário ressaltar que o processo de criação de leis de proteção ao meio ambiente teve, nos países desenvolvidos, origem devido à pressão popular, movida por consciência da população da perda de qualidade ambiental associada ao processo de industrialização e urbanização. Em países em desenvolvimento, o processo está associado à exigência de órgãos internacionais tais como BID, BIRD e ONU e de multinacionais e outros órgãos de fomento ao desenvolvimento, que passaram a cobrar uma postura ecologicamente correta dos países, em troca de financiamentos internacionais, possíveis investimentos no Brasil e parcerias entre blocos econômicos. Durante a década de 80, a aderência ocorreu na maioria dos países em desenvolvimento através da implantação de leis ambientais, que exigem preparação previa de estudos de impactos ambientais. Os motivos da implementação da avaliação de impactos ambientais estão associados à criação de leis ambientais. Deve-se a maior difusão das ideias relacionadas à avaliação de impactos ambientais à Conferência das Nações Unidas – ECO 92, resultando na elaboração de inúmeros protocolos, acordos, convenções, visando à preservação do Planeta Terra para as gerações futuras; tais como a criação das agendas 21 para iniciar a Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 22 implantação do desenvolvimento sustentável e a criação do protocolo de Kyoto, entre outros. O processo de avaliação de impactos ambientais tem como principais objetivos propor medidas preventivas, mitigadoras e corretivas ao meio ambiente, assim como contribuir com ferramentas e técnicas para o monitoramento ambiental, avaliando a viabilidade de projetos e facilitando a gestão ambiental de futuros empreendimentos, visando à promoção do desenvolvimento sustentável.Agenda 21 e sua colaboração na avaliação de impactos ambientais Podemos conceituar agenda 21 como um documento que passou a ser elaborado seguindo uma estrutura que foi determinada na Conferência Eco 92. No documento são discutidos eixos temáticos padronizados. Um exemplo: indicadores de desenvolvimento humano. A criação das agendas 21 ocorreu durante a Eco 92, e discutiu compromissos para a sustentabilidade ambiental, por este motivo recebeu o nome de agenda 21. A agenda 21 é, portanto, um documento que engloba informações relevantes sobre aspectos físicos, químicos, bióticos e antrópicos de uma dada região, o documento orienta ações de desenvolvimento sustentável apontando potencialidades, fragilidades, pontos que precisam ser melhorados. São exemplos de fragilidades: a redução de violência urbana, índices de criminalidade, a ampliação das redes de esgoto e água tratada, a erradicação de doenças, o aumento de renda per-capita da região, acesso à informações sobre acesso à educação, saúde, cultura e lazer entre outros. Existem agendas locais, regionais e globais. Isto é, cada município tem sua agenda, cada estado, cada país e também existem metas globais a serem atingidas, de interesse coletivo. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 23 Equipes multidisciplinares na construção de avaliação de impactos ambientais A avaliação de impactos ambientais é complexa e abrange detalhamentos de diferentes ciências tais como engenharia de produção, cartográfica, engenharia florestal, geologia, geografia, biologia, direito ambiental, engenharia sanitária e ambiental, antropologia, sociologia e serviço social, entre outros. O que possibilita uma visão mais abrangente dos impactos ambientais, tornando a análise completa. Não sendo possível um único especialista realizar um estudo de impactos ambientais de maneira isolada. Primeiras Avaliações de Impactos Ambientais no Brasil Os primeiros estudos ambientais foram preparados para projetos de hidrelétricas (anos 70), o que não impediu impactos da usina hidrelétrica do Tucuruí, construção da Transamazônia, acidentes industriais diversos, crescimento da poluição nos centros urbanos, entre outros. A aderência do modelo no Brasil ocorre com a inclusão da AIA na lei federal n. 6938/81, como um instrumento de política nacional do meio ambiente. Os estudos sobre impactos ambientais e as avaliações de impactos ambientais tornaram-se mais complexos, graças à multidisciplinaridade e aos avanços das ciências que corroboram para o desenvolvimento do diagnóstico ambiental e pela construção do arcabouço legal, que, nas últimas décadas, tem se tornado mais completo, envolvendo a criação de inúmeros instrumentos de política ambiental brasileira, através dos quais, é cobrado um maior comprometimento das empresas em relação ao meio ambiente. Isto será discutido no capítulo 2. Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 24 É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 25 Exercícios – Unidade 1 1. Em que consiste a Avaliação do Impacto Ambiental (AIA)? a) Instrumento de apoio ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais. b) Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e criação de unidades de conservação, que condicionam e orientam a elaboração de estudos de impacto ambiental. c) Instalação de equipamentos e criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental. d) Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, de grande importância para a gestão institucional de planos, programas e projetos, em nível federal, estadual e municipal. e) N.D.R.A. 2. As Agendas 21 Nacionais têm como objetivo principal definir os parâmetros estratégicos para o desenvolvimento sustentável. Assinale a opção que não corresponde a um dos eixos temáticos da Agenda 21 Brasileira, a(s): a) Agricultura sustentável. b) Redução das desigualdades sociais. c) Infraestrutura e integração regional. d) Mudanças climáticas. e) Cidades sustentáveis. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 26 3. No processo de licenciamento ambiental de empreendimentos e de atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, o Termo de Referência é um instrumento orientador do(a): a) Formulário de solicitação de abertura de processo. b) Cadastro técnico federal. c) Estudo ambiental. d) Projeto básico do empreendimento. e) Audiência pública 4. O objetivo central da Agenda 21 é: a) Cada nação é responsável por seu desenvolvimento e pela solução dos problemas ambientais por ela causados. b) Os problemas ambientais globais serão mais bem equacionados se as diferentes nações pensarem em conjunto e não individualmente. c) Os problemas ambientais globais devem ser resolvidos pelas nações mais ricas, já que elas são, em grande parte, as responsáveis por eles. d) Os problemas ambientais globais serão melhor equacionados se cada país solucionar seus próprios problemas ambientais. e) Não é responsabilidade das nações pobres resolver questões ambientais globais, pois elas não dispõem de recursos financeiros para essa tarefa. 5. Sobre a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento ambiental assinale a opção correta: a) O licenciamento ambiental de um gasoduto não pode ser de competência do órgão ambiental federal, porque não causa impactos significativos a uma região do país. b) Licenciamento ambiental de atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental abrange a avaliação de impactos ambientais, o Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 27 que pode ser feito por meio da elaboração de Estudo Prévio de Impacto Ambiental. c) Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) é exigível para as atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) para as demais. d) O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é elaborado pelo órgão ou entidade ambiental competente para o licenciamento ambiental, devendo ser custeado pelo empreendedor. e) N.D.R.A 6. É um exemplo de impacto ambiental cíclico, o(a): a) Desmatamento de extensas áreas levando à desertificação b) Fenômeno da inversão térmica nas grandes cidades c) Impacto visual causada pela instalação de indústrias d) Erosão de encosta ou de talude rodoviário e) Extinção de espécies da fauna na área de influência direta 7. O que é importante levar em consideração para a realização de uma boa análise de impactos ambientais? a) Para analisar os impactos ambientais de um projeto e de suas alternativas são necessários, dentre outros aspectos, a identificação e o estabelecimento das relações do tipo causa-condição-efeito. b) Analisar fatores físicos e antrópicos. c) Realizar uma análise superficial das condições ambientais da área a ser impactada pelo empreendimento. d) Realizar estudo detalhado de aspectos e impactos ambientais na cadeia de produção. e) A boa análise envolve redução de custos e aumento de lucros para a empresa. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 28 8. Quanto aos aspectos ambientais marque a opção correta: a) A expressão ‘aspecto ambiental’ mantém uma intrínseca relação com os impactos ambientais, visto que o impacto gera o aspecto ambiental. b) Aspectos ambientais são elementos das atividades, produtosou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente causando impactos ambientais. c) Não é possível levantar nenhum aspecto ambiental associado a uma atividade antes da instalação de um empreendimento. d) A análise de aspectos ambientais dentro de uma empresa é permitida pelo controle ambiental e conhecimento dos processos de trabalho com suas múltiplas etapas, identificando máquinas e processos. 9. Na avaliação de impactos ambientais existem 3 tipos básicos de medidas que comumente são empregadas como alternativas de controle ambiental. Qual é a mais utilizada e qual é a mais adequada? Justifique a resposta. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 29 10. Correlacione multidisciplinaridade ao desenvolvimento de estudos de impactos ambientais. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 30 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 31 2 Legislação Aplicável ao Processo de Avaliação de Impactos Ambientais e ao Processo de Licenciamento Ambiental no Brasil Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 32 Neste capítulo será abordada a legislação aplicável ao processo de avaliação de impactos ambientais e ao processo de licenciamento ambiental no Brasil. Objetivos da unidade: Apresentar a estrutura no SISNAMA Caracterizar o processo de licenciamento ambiental e suas etapas Discutir sobre os mecanismos de participação pública nos processos de EIA Plano da unidade: O SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente Participação pública na tomada de decisões em processo de licenciamento ambiental O processo de licenciamento ambiental Bons estudos! Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 33 O SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente Conforme discutido na disciplina de auditoria e perícia ambiental, a aderência da AIA no Brasil dentro do contexto legal ocorreu com a criação da 1ª lei ambiental nacional, que incluiu a AIA na lei federal n. 6938/81, como um instrumento de política nacional do meio ambiente. AIA é um processo estruturado de procedimentos estabelecidos por lei, documentado por um parecer técnico e elaborado por uma equipe multidisciplinar, que tem como principal objetivo analisar a viabilidade ambiental de um empreendimento fundamentando uma decisão a respeito de empreendimento que pode ser positiva ou negativa. Dependendo do país, estado ou município, a AIA será produto de diferentes conjuntos de aspectos legais, administrativos e políticos. No Brasil, de acordo com a lei federal n. 6.938/81, “Tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida visando assegurar no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses de segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...”. Alguns princípios a serem adotados seriam: a educação ambiental, a ação governamental, o incentivo à pesquisa, o controle de atividades potencialmente impactantes, a proteção de áreas degradadas, a preservação de áreas representativas, critérios e padrões qualidade ambiental, a imposição ao poluidor de recuperar e indenizar áreas degradadas entre outros. A Lei Federal n. 6938, de 31 de agosto de 1981 estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente, determinando as competências de cada esfera governamental. De acordo com a PNMA, o SISNAMA é legalmente composto pela junção de tais elementos: Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 34 Órgão Superior - Conselho de Governo; Órgão Consultivo e Deliberativo - Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; Órgão Central - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA; Órgão Executor - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Órgãos Seccionais - órgãos ou entidades da Administração Pública Federal e, ou, Estaduais. Órgãos Locais - órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades mencionadas no item anterior, respeitadas às respectivas jurisdições. O desenvolvimento da política nacional de meio ambiente no Brasil estabelece, como partes integrantes dos instrumentos da PNMA a AIA, o licenciamento ambiental e o estudo de impacto ambiental. Participação pública na tomada de decisões em processo de licenciamento ambiental A Resolução Conama 09, de 03 de dezembro de 1987, dispõe sobre as audiências públicas. As audiências públicas constituem o mecanismo legal de participação popular nos processos de AIA. Através da etapa de consulta pública. No Brasil, a população não tem poder de veto sobre processos de licenciamento potencialmente impactantes. No entanto, através da participação em audiências públicas, os empreendedores têm a obrigação legal de informar a população sobre o projeto de empreendimento, bem como os impactos benéficos e adversos relacionados ao mesmo, esclarecendo possíveis dúvidas. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 35 Sabe-se que, na área ambiental, os impactos adversos prevalecem sobre os impactos benéficos, trazendo prejuízos ao meio ambiente. Por outro lado, existe a necessidade contínua de crescimento econômico de um país, o que tem feito com que o trâmite dos processos de licenciamento seja simplificado em prol do avanço econômicode uma nação. Em nome do desenvolvimento, por exemplo, são liberadas obras com impactos previsíveis de danos irreversíveis ao meio ambiente, envolvendo perda de biodiversidade, destruição de patrimônio histórico e cultural, o que tem tornado alguns processos de licenciamento bastante demorados e questionáveis. A concessão da licença da hidrelétrica Belo Monte, é exemplo de atividade altamente impactante. Ao traçarem o curso das águas, para construção da barragem, o projeto previa mudanças de curso de água, que impactariam populações ribeirinhas, populações indígenas (situação fundiária), inundando, inclusive, cemitérios indígenas cujo valor histórico e afetivo, é incalculável, pois envolve perda de patrimônio da humanidade, por ser considerado sítio arqueológico. Grandes projetos como este, são repensados, onerosos, com necessidade de mudança de projeto, incluindo a preservação dos bens públicos e também pela necessidade de manejo humano/ reassentamento humano. Os impactos ambientais adversos quase sempre prevalecem sobre os benéficos, os quais se associam ao desenvolvimento de indústrias, arrecadação de impostos, crescimento da economia. O que faz necessário a constante ação dos órgãos ambientais competentes na gestão dos projetos, cobrando através de monitoramento, fiscalização, auditorias e perícias ambientais, pareceres técnicos os mais completos possíveis, visando reduzir riscos de impactos adversos ao meio ambiente. Nos estudos de impacto ambiental, no entanto, o discurso sempre aponta que os fins justificam os meios, ou seja, que os benefícios são superiores aos impactos adversos, o que nem sempre é correto sobre o ponto de vista ambiental. A participação popular em audiências públicas pode levantar questionamentos sobre determinada obra, fazendo com que os analistas ambientais ligados aos órgãos ambientais responsáveis pelos processos de Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 36 licenciamento, solicitem maiores esclarecimentos, mudanças nos planos de gestão ambiental, nas ações de monitoramento ambiental, realização de melhoria dos EIAS/RIMAS, ou ainda suspensão das licenças prévia, de instalação ou operação. Por lei, o empreendedor realiza consultas públicas, por meio de audiências públicas, como parte integrante do processo de concessão da licença ambiental. Tendo como principal objetivo esclarecer, aos interessados, os objetivos do empreendimento, bem como seus impactos positivos e negativos e formas de controle e mitigação dos danos ambientais. As situações nas quais ocorrem audiências são as seguintes: Sempre que julgar necessário; Quando for solicitado por entidade civil; Pelo Ministério Público; Quando for solicitado por cinquenta ou mais cidadãos. O Processo de Licenciamento Ambiental A Resolução CONAMA 237 de 19 de dezembro de 1997, regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Ainda de acordo com a lei, os órgãos ambientais expedirão as seguintes licenças: Licença prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. Licença de instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes determinados para a operação. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 37 Licença de operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. As licenças possuem diferentes prazos de validade, sendo de no máximo 05 anos para LP, no máximo de 06 para LI, e entre 04-10 anos, a LO. Sabendo que a renovação da LO deve ocorrer com antecedência mínima 120 dias antes o término do prazo validade. Após o processo de licenciamento ambiental ser concluído, é necessária a realização do acompanhamento, que envolve a fiscalização dos órgãos ambientais competentes através de inspeções e auditorias. O acompanhamento ambiental também deve ser realizado pelas empresas através de auditorias, visando obter a máxima qualidade ambiental. No Brasil, através do estudo de impacto ambiental é cobrada, legalmente, a avaliação de impactos ambientais. Que deve ocorrer durante todo o ciclo de vida de um empreendimento. Na fase de sua idealização, durante a fase de funcionamento e até mesmo depois de cessadas as atividades, já que muitos processos podem deixar passivos ambientais e o risco de contaminação ambiental ou a contaminação ambiental propriamente dita no local. Os estudos de impacto ambiental são atividades científicas e técnicas que envolvem as seguintes etapas: diagnóstico ambiental, identificação, previsão e medição, interpretação e valoração, definição de medidas mitigadoras e programas de monitoramento. No Brasil quem é responsável por custear o EIA é o empreendedor. Cabendo aos órgãos ambientais analisarem tecnicamente o documento para a liberação das licenças prévia, de instalação e de operação de uma atividade econômica potencialmente impactante ao meio ambiente. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 38 O termo de referência para elaboração do EIA/RIMA O termo de referência visa orientar o proponente para o correto cumprimento das exigências do processo de licenciamento ambiental. É elaborado pelo órgão ambiental competente e reúne informações para fins de instrução para elaboração do EIA/RIMA. O proponente deve cumprir os requisitos descritos no Termo de Referência para obtenção da licença ambiental. A elaboração do EIA/RIMA O processo de construção do EIA envolve ainda a elaboração do relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que consubstancia o conteúdo do EIA de forma clara e concisa e em linguagem acessível à população, esclarecendo os impactos negativos e positivos causados pelo empreendimento em questão. O RIMA que é um resumo do EIA, deve ser elaborado de forma objetiva e adequada à compreensão por pessoas leigas. Sendo que, cópias do RIMA devem ser colocadas à disposição de entidades e comunidades interessadas. Quem determina a necessidade da apresentação do EIA é o órgão ambiental responsável pelo processo de licenciamento ambiental. Dependendo da magnitude dos impactos a competência cabe ao IBAMA, aos órgãos ambientais estaduais ou as secretarias municipais de meio ambiente. Caberá ao IBAMA a análise técnica quando os impactos ambientais forem globais, ou seja, afetarem mais de um estado. Caberá aos órgãos estaduais quando os impactos afetarem mais de um município e as secretarias municipais de meio ambiente, quando os impactos afetarem bairros. Ainda é necessário informar que, se dentro de um município uma obra puder potencialmente impactar uma área de preservação ambiental, por exemplo, caberá ao órgão ambiental estadual o processo de licenciamento ambiental. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 39 O PCA/RCA denominado Plano de Controle Ambiental acompanhado do Relatório de Controle Ambiental é exigido para empreendimentos e, ou, atividades que não tenham grande capacidade de gerar impactos ambientais. O Relatório de Controle Ambiental (RCA) é o documento exigido em caso de dispensa do EIA/RIMA. No documento devem ser identificados as não conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e daoperação do empreendimento para o qual está sendo requerida a licença orientando a tomada de decisão. O Plano de Controle Ambiental (PCA) é o documento por meio do qual o empreendedor apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e/ou controlar os impactos ambientais em todas as etapas do empreendimento e para não conformidades identificadas. O PCA é sempre necessário, independente da exigência ou não de EIA/Rima, sendo solicitado durante a LI. Porém, a estruturação dos documentos possui escopo semelhante aos do EIA/RIMA, no entanto, não são demandados altos níveis de especificidade em suas elaborações. Seguem alguns exemplos de atividades que dependem da realização de EIA Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento Ferrovias Portos e terminais de petróleo e produtos químicos Aeroportos Oleodutos, gasodutos e minerodutos, entre outros. Para nortear os empreendedores sobre quais tipos de atividades devem apresentar estudos de impacto ambiental existem legislações federais, estaduais e municipais que devem ser consultadas e pesquisadas, durante etapa de planejamento do empreendimento, para obtenção das licenças ambientais. A lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, foi alterada pela Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000. Foi incorporada a política vários critérios, dentre os quais se destaca a criação da taxa de controle e fiscalização ambiental TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de política conferido ao IBAMA para Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 40 controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais, a ser paga pelas empresas trimestralmente. Com valores fixados de acordo com o tamanho da empresa, área de atuação e grau de poluição associado. De acordo com a lei, a classificação por grau de poluição é a seguinte: ALTO – extração e tratamento de minerais, indústria de metalurgia, indústria de celulose, indústria de couros e peles, indústria química, transporte, terminais, depósitos e comércio. MÉDIO – uso de recursos naturais, serviços de utilidade. PEQUENO – turismo, indústrias de produtos de matéria plástica, indústrias diversas, indústria de borracha, indústria de produtos alimentares e bebidas, indústria de fumo. Qualquer que seja o EIA, ele deve seguir uma estrutura de eixos temáticos, os quais devem ser abordados. Estes são: Informações do projeto, sua apresentação e objetivos. Informações gerais com denominação oficial do empreendimento. Informações sobre a empresa e responsáveis técnicos. Dados sobre a empresa de consultoria ambiental contratada para elaborar o estudo de impacto. Informações sobre local de construção. Cronograma de execução do projeto. Impactos benéficos e adversos do empreendimento. Informações sobre a obra e etapas. Legislação ambiental. Planos e programas governamentais. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 41 Análise das alternativas locacionais e técnicas. Alternativas da não instalação do empreendimento. Análise da área de influência (região afetada pelo empreendimento). Análise ambiental (meio físico, químico, biótico e antrópico). Programas de controle ambiental Sistema de gestão ambiental Conclusões Informações sobre equipe técnica Temos no Brasil diferentes órgãos ambientais que responsáveis por avaliar tecnicamente as solicitações de licenças ambientais. Seguem as referências de órgãos ambientais na esfera federal, estadual e municipal em diferentes regiões do país. Órgãos Nacionais CONAMA - Conselho Nacional do Meio AmbienteI BAMA - Inst. Bras. do Meio Amb. e dos Recursos Naturais Renováveis Região Centro-Oeste FEMAGO - Fundação Estadual do Meio Ambiente - GO SEMA - Secretaria de Meio Ambiente - MS Região Nordeste CRA - Centro de Recursos Ambientais - BA SEMACC - Super. Estadual de Meio Ambiente - CE IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente - RN ADEMA - Administração Estadual do Meio Ambiente - SE Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 42 Região Norte SECTAM - Secret. Exec. de Ciência, Tecnol. e Meio Ambiente - PA Região Sudeste CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - SP FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente – MG INEA – Instituto Estadual de Meio Ambiente - RJ Região Sul IAP - Instituto Ambiental do Paraná - PR FATMA - Fundação do Meio Ambiente - SC FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental – RS Ficamos por aqui. Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 43 Exercícios – Unidade 2 1.Sobre o licenciamento ambiental, o estudo prévio de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA), assinale a alternativa INCORRETA. a) São instrumentos da política nacional de meio ambiente. b) O licenciamento ambiental é um procedimento complexo por envolver vários órgãos e ao qual se deve dar publicidade. c) A competência para exigir o EIA/RIMA é sempre do órgão público estadual ou distrital, sendo que o órgão público federal ou o municipal somente podem exigi-lo em caráter supletivo. d) Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental. e) N.D.R.A. 2. Em relação ao licenciamento ambiental, é correto afirmar que: a) uma licença de operação não pode ser cancelada, pois já produziu seus efeitos. b) O cumprimento do termo de referência para preparação do pedido de licença pelo empreendedor é de responsabilidade do órgão licenciador. c) a realização de audiência pública é condição necessária para expedição de qualquer licença ambiental que necessite da elaboração de EIA/RIMA. d) um empreendimento pode ser licenciado em mais de um nível de competência, concomitantemente, a depender da extensão do dano. e) somente o ente federado licenciador pode fiscalizar e aplicar sanções administrativas em relação ao empreendimento licenciado. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 44 3.Sobre o Licenciamento Ambiental e EIA/RIMA, marque a alternativa CORRETA: a) A primeira Licença a ser requerida é a de Instalação. b) Para o Licenciamento Ambiental, será exigido Estudo Prévio de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – EIA/RIMA, caso o empreendimento se enquadre nas hipóteses assim previstas em Resoluções CONAMA ou ainda caso o empreendimento possa apresentar significativo impacto ambiental. c) O EIA/RIMA é exigido pelo Órgão Ambiental competente para o licenciamento somente após o deferimento da Licença de Instalação. d) Informações falsas ou enganosas incluídas pela equipe multidisciplinar no EIA/RIMA caracterizam crime previsto expressamente na Lei 6938/81. e) N.D.R.A 4.O tipo de licença ambiental, expedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, destinada, entre outras finalidades, a atestar a sua viabilidade ambiental e a estabelecer as condições para a sua instalação denomina- se: a) auditoria ambiental. b) licença prévia. c) relatório ambiental preliminar. d) licença de instalação. 5.De acordo com a Resolução nº 237/1997 do CONAMA, é correto afirmar que: a) O licenciamento é obrigatório somente para as atividades arroladas no anexo da Resolução nº 237/1997. b) O licenciamento não consubstancia o exercício dopoder de polícia. c) O licenciamento pode ser realizado por meio de uma única licença que agregue a concepção, instalação e operação do empreendimento. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 45 d) Os prazos máximos de vigência para as licenças prévia, de instalação e de operação são distintos. e) O órgão ambiental não pode, por decisão motivada, modificar licenças já concedidas. 6.Analise as afirmativas a seguir: I. Compete aos órgãos ambientais estaduais o licenciamento ambiental de atividades localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados. II. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) devem ser exigidos e apresentados antes da concessão da Licença Prévia, fase do licenciamento ambiental em que é analisada a localização e viabilidade ambiental do projeto. III. As audiências públicas realizadas no âmbito dos procedimentos de licenciamento ambiental destinam-se a fornecer informações sobre o projeto e seus impactos ambientais, bem como a possibilitar a discussão e o debate sobre o Relatório de Impacto Ambiental. As críticas e sugestões manifestadas durante as audiências públicas vinculam a decisão do órgão ambiental competente a respeito da concessão da licença ambiental ou do seu indeferimento. Assinale: a) se somente a afirmativas I estiver correta. b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 46 7.Representa o órgão deliberativo da Política Nacional do Meio Ambiente: a) CONAMA. b) IBAMA. c) FATMA. d) FAEMA. e) SISNAMA 8.A Resolução n.º 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabeleceu roteiro mínimo a ser observado nos processos de licenciamento ambiental, composto de etapas, entre as quais se inclui a: a) Apresentação da proposta de plano de monitoramento ambiental da emissão de efluentes. b) Apresentação da proposta de plano de manejo da área vizinha ao empreendimento. c) Emissão de parecer técnico conclusivo e, conforme o caso, de parecer jurídico. d) Assinatura de termo de ajuste de conduta proposto em audiência pública. e) Redação do termo de referência circunstanciado, acompanhado de laudo pericial, se for o caso. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 47 9.O que é TCFA e qual lei a aborda? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 10.No Brasil, como pode se dar a participação pública na tomada de decisões relativas a processos de licenciamentos ambientais? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 48 Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 49 3 Diagnóstico Ambiental Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 50 Nesta unidade serão discutidas as técnicas de estudo e levantamento de dados que orientam a elaboração de estudos de impactos ambientais. Faremos uma análise sobre os métodos de investigação de dados necessários em avaliação de estudos de impactos ambientais dos meios físico, biótico, químico e antrópico dentro de uma visão multidisciplinar que busca coletar informações qualitativas e quantitativas sobre o meio ambiente em áreas que serão atingidas por empreendimentos potencialmente impactantes. Objetivos da unidade: Apresentar o papel do diagnóstico ambiental na avaliação de impactos ambientais Apresentar ferramentas utilizadas no processo de investigação de impactos ambientais. Discutir sobre as etapas de elaboração do diagnóstico ambiental e estratégias que orientam o planejamento de levantamento de dados ambientais. Plano da unidade: O levantamento de dados ambientais na construção de estudos de impactos ambientais O planejamento do diagnóstico ambiental Indicadores de impactos ambientais Principais modelos de previsão de impactos Diagnose ambiental como um instrumento norteador de Tomada de Decisão Temas para construção de indicadores ambientais Bons estudos! Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 51 O levantamento de dados ambientais para construção de estudos de impactos ambientais Entende-se diagnóstico ambiental como a etapa do processo de AIA que implica na descrição sistemática do meio físico, químico, biótico e antrópico através da utilização de múltiplas ferramentas, a fim de obter informações que permitam correlacionar os diferentes fatores que compõe o meio ambiente, para obtenção de uma melhor compreensão acerca da vulnerabilidade do ambiente a determinados empreendimentos. A diagnose ou diagnóstico ambiental possibilita a obtenção de informações necessárias para a identificação e previsão dos impactos. É fundamental compreender que em estudos ambientais deve–se buscar a multidisciplinaridade a fim de se obter um diagnóstico detalhado das condições ambientais. A definição de programas de gestão ambiental (medidas mitigadoras, compensatórias, programas de monitoramento e demais componentes de um plano de gestão ambiental integrante de um EIA). O estabelecimento de uma base de dados para futura comparação com real situação, em caso de implementação de um projeto. Para a realização de um diagnóstico ambiental é necessário planejamento de estudos de impacto ambiental, bem como a definição clara e precisa de sua abrangência (escopo). Estudos de impactos ambientais podem ser extensos e complexos, o que envolve planejamento de custos, equipe e identificação de métodos de investigação e seleção dos tópicos relevantes de pesquisa. Para realizar um bom diagnóstico de impactos ambientais é necessário levantar novos dados e não somente a realização de compilação de dados já existentes. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 52 É necessário observar que cada empreendimento apresenta suas peculiaridades e que, dependendo da área a ser investigada, existem muitas fontes confiáveis de pesquisa que poderão ser utilizadas no levantamento de dados. Alguns exemplos são: artigos científicos, teses de doutorado, dissertações de mestrado, informações retiradas de sites oficiais ligados ao governo e livros. Dentre as múltiplas aplicações do diagnóstico ambiental podemos citar a prevenção, a proteção, a atuação como indicativos das mudanças e condições naturais do meio ambiente, o controle do avanço dasações antropogênicas, o auxilio nas tomadas de decisão, a mitigação e o monitoramento. O planejamento do diagnóstico ambiental envolve a definição do objetivo da pesquisa, a obtenção de consenso entre diferentes vertentes (institucional, técnico cientifico e comunidade), meios de implementação (recursos humanos e financeiros), comprometimento, engajamento de instituições e técnicos, mobilização de recursos financeiros. Delimitação da área, área de influência (área institucional, bacia hidrográfica e impactos na esfera global, regional ou local. Exemplo: acidente com rompimento de barragem de rejeitos da mineradora Samarco, ano 2015. A tragédia avançou municípios e atingiu o estado de Espírito Santo. Se o acidente atingisse apenas o município de Mariana, em Minas Gerais, seria considerado local, como ultrapassou divisa do estado tem impactos regionais. Foi necessário, nessa situação, realizar o mapeamento da extensão da contaminação e monitorar a bacia hidrográfica, bem como o percurso da lama em direção ao oceano. Quanto maior a área de influência que uma dada atividade possa potencialmente impactar, maiores os cursos empregados com diagnóstico ambiental e com a avaliação de impactos ambientais tornando o processo mais oneroso. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 53 O planejamento do diagnóstico ambiental Para a realização de um diagnóstico ambiental é indispensável o planejamento do mesmo. Nesta etapa, alguns questionamentos devem ser realizados com a finalidade de reduzir o tempo gasto no levantamento de dados e os custos orçamentários previstos no projeto. Seguem alguns questionamentos que orientam o planejamento do diagnóstico ambiental. 1. Quais as informações necessárias? 2. Quais são as suas finalidades? 3. Como serão coletadas? 4. Onde serão coletadas? 5. Durante quanto tempo, com qual frequência e em que épocas do ano serão coletadas? Constituem algumas ferramentas utilizadas na diagnose ambiental: SIG’s, Cartografia, Estudos geológicos, Referências IBGE e Modelos matemáticos. Os métodos serão detalhados no capítulo seguinte. A diagnose ambiental, quando bem detalhada, reduz chances de erros na previsão de riscos ambientais. As principais funções da previsão de impactos são: estimar a magnitude dos impactos; fornecer informações para a etapa seguinte, avaliação da importância dos impactos; prognosticar a situação futura do ambiente com o projeto em análise; comparar e selecionar alternativas; fornecer subsídios para a definição de medidas mitigadoras. O diagnóstico ambiental envolve trabalho de campo, para reconhecimento da situação real, coleta e análise de dados e posterior avaliação dos dados coletados e elaboração do relatório final. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 54 As informações contidas em um diagnóstico ambiental devem expressar suas relações causais com o meio ambiente. Sendo necessário o agrupamento de informações de diversas ordens. O diagnóstico ambiental realiza levantamento de dados primários e secundários. Dados secundários são levantados nos mais variados órgãos e instituições, simples trabalhos de pesquisa. Os dados primários são levantados em campo, através do uso de metodologias orientadas para responder uma pergunta sobre o meio ambiente ou para testar uma hipótese não respondida pelas informações da análise secundária. O planejamento da previsão de impactos envolve a escolha de métodos a serem adotados, a escolha de indicadores, a definição de como fazer a previsão (escolher materiais e métodos), a necessidade de justificativas das razões da escolha, ou seja, o nível de detalhamento adotado; a calibração e validação do método; a aplicação do método e obtenção de resultados, bem como sua análise e interpretação. Ao final da pesquisa, deve-se ainda comunicar eventuais limitações ou impasses ocorridos durante os levantamentos e realizar a indicação das fontes bibliográficas que deram suporte ao levantamento. Indicadores de impactos ambientais Os indicadores de impactos ambientais são parâmetros representativos de processos ambientais ou do meio ambiente (ou seja, sua situação em um dado momento, local ou região). Pirâmide de informações Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 55 Conforme é possível observar, os dados primários, cuja obtenção é mais complexa e cara, constituem a base das avaliações ambientais. São metodologias para o levantamento de dados primários, a inquirição (questionários que são desenvolvidos baseando-se em respostas que precisam ser encontradas), observação, avaliação ecológica rápida, amostragem de campo, que podem ser complementados com fotografia e filmagem, evidenciando o estado de conservação da área de entorno antes da instalação de empreendimentos na região. Como exemplos de metodologia para levantamento de dados múltiplos, existem as listagens (check list), a utilização de matrizes, redes de interação, entre outros que serão abordados nos capítulos 4 e 5. Já, para a coleta de dados secundários, podemos utilizar INVENTÁRIO – levantamento sistemático pré-definido de coleta de dados de cada indicador com gráficos ou diagramas. ESTATÍSTICAS OFICIAIS – informações compostas de elementos numéricos sobre o indicador ambiental, com regularidade temporal. Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 56 Principais modelos de previsão de impactos Modelos matemáticos; Comparação e extrapolação de resultados; Experimentos de laboratório e de campo; Simulações e modelos análogos (físicos e digitais). Escolhido o modelo de previsão ele será adotado e passará por julgamento de especialistas quanto suas incertezas e erros de previsão. Utilizaremos, para efeitos didáticos, uma importante atividade antrópica: a mineração. Podemos enumerar como impactos associados às atividades de mineração: Perda de Biodiversidade (desmatamentos e redução de número ou extinção de espécies vegetais e animais); Poluição atmosférica; Poluição dos recursos hídricos superficiais; Poluição do lençol freático e/ou aquíferos confinados; Poluição dos solos; Erosão; Assoreamento; Desertificação; Perigo à saúde pública Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 57 Podemos citar como outros danos ambientais associados a atividades de mineração: Danos sociais e econômicos (doenças crônicas; populações desalojadas); Desemprego; Decadência econômica; Perda de arrecadação com turismo; Contaminação dos mananciais de abastecimento de água; Tanques ou depósitos de resíduos tóxicos; Lagoas de decantação; Pilhas de estéril; Áreas de rejeito; Áreas contaminadas (solo; biota; águas superficial e subterrânea); Descaracterização das paisagens (beleza cênica); Áreas fortemente degradadas. Como detalhado, existem uma série de informações que precisam ser levantadas em um diagnóstico ambiental. Como exemplos de estudos necessários, para a investigação de impactos potenciais e limitações ao meio físico, podemos citar: Geotecnia - (capacidade de suporte dos terrenos; suscetibilidade à erosão/ movimentos de massa; escavabilidade e drenagem dos solos; rugosidade do relevo; aptidão para obras civis e disposição de resíduos sólidos); Recursos Hídricos - (disponibilidade e distribuição sazonal de águas superficiais; potencial e vulnerabilidade dos aquíferos; qualidade de águas e fontes de poluição); Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais 58 Agropecuária - (fertilidade natural dos solos; aptidão agrícola); Turismo - (áreas de beleza cênica para Geoecoturismo); Mineração - (potencial mineral; cadastro de atividades mineiras); Planejamento - (instituições públicas; ONG’s; comitês de bacias hidrográficas; empresas privadas; e sociedade);
Compartilhar