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AULA 1 GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÃO EM PROJETOS Prof. Marconi Magalhães Mendes 2 CONVERSA INICIAL O gerenciamento das aquisições do projeto é uma das dez áreas de conhecimento previstas na sexta edição do Guia PMBOK (PMI, 2017) publicado pelo Project Management Institute (PMI). Cada vez mais, o gerenciamento das aquisições tem se tornado fundamental para o sucesso dos projetos em todas as organizações, em especial por causa do aumento das terceirizações, das rápidas mudanças tecnológicas e pela necessidade de aumentar a eficiência e a produtividade. Nesta aula, vamos apresentar uma visão geral sobre o gerenciamento das aquisições do projeto, tendo como base as melhores práticas preconizadas pelo Guia PMBOK (PMI, 2017), seus principais objetivos e processos, e algumas das ferramentas envolvidas, além dos conceitos fundamentais a respeito do tema. Nesse contexto, os líderes e gerentes de projetos devem ter capacitação mínima para conduzir acordos e garantir as respostas demandadas pelo projeto, de modo a atingir os objetivos propostos. TEMA 1 – A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO É possível constatar que quase a totalidade dos projetos desenvolvidos pelas empresas necessitam, em algum momento do seu ciclo de vida, realizar algum tipo de aquisição. Esse cenário se deve ao fato de que, frequentemente, as corporações não dispõem de todos os recursos necessários à execução de seus projetos. Para resolver esse problema, as empresas interagem com outras companhias, externas ao projeto, para realizar aquisições de produtos, serviços, e de todos os insumos indispensáveis ao projeto, para que seus objetivos sejam alcançados. Pode-se dizer que, em última análise, as organizações contratam um resultado para o negócio. Porém, essa realidade pode resultar em impactos prejudiciais ao projeto, pois uma falha no fornecimento de materiais, equipamentos ou serviços, durante o ciclo de vida, certamente comprometerá o resultado do projeto, seja no cronograma, no custo ou mesmo no escopo e na qualidade do resultado esperado (Barbosa, 2014). 3 Por esse motivo, é fundamental que os líderes e gerentes de projetos priorizem o gerenciamento das aquisições e adotem as melhores práticas relativas a essa área de conhecimento tão importante do projeto, uma vez que o sucesso está diretamente relacionado com o êxito das aquisições conduzidas pela equipe. “O gerenciamento das aquisições do projeto inclui os processos necessários para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto” (PMI, 2017, p. 459). Ainda segundo o PMI (2017), o gerenciamento das aquisições do projeto estabelece os processos de gerenciamento e controle necessários para desenvolver e administrar acordos, tais como contratos, pedidos de compra, memorandos de entendimento ou acordos de níveis de serviço. Como uma das dez áreas de conhecimento previstas no Guia PMBOK (PMI, 2017), o gerenciamento das aquisições do projeto interage com as demais áreas, acarretando impactos positivos e/ou negativos sobre elas, e também no resultado geral do projeto, como representado na Figura 1. Além disso, as demais áreas de conhecimento influenciam a execução dos processos relacionados às aquisições do projeto; ou seja, existe uma forte interdependência entre elas. Figura 1 – Interação das aquisições com as demais áreas de conhecimento Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. Por exemplo: em um projeto hipotético de desenvolvimento de um novo produto, é necessário que as matérias-primas (recursos) contratadas (aquisições) 4 estejam de acordo com as características definidas na especificação do produto (escopo), e que sejam entregues no prazo (cronograma) e valor (custos) definidos no Plano de Gerenciamento do Projeto. Adicionalmente, é preciso que esses recursos tenham as características especificadas (qualidade) e atendam às exigências dos clientes (partes interessadas). Nesse processo, é fundamental que as interações (comunicações) entre membros da equipe, fornecedores e parceiros, sejam eficientes, e que possíveis falhas e transtornos (riscos) relacionados ao fornecimento dos recursos sejam identificados e corrigidos. Outra questão a ser considerada quando se discute esse assunto é a relação com a administração pública, outra parte interessada muito relevante no processo. Verifica-se que essa relação, em muitos casos, está suscetível a atos de corrupção contra o agente público (Xavier et. al., 2018). Essa prática precisa ser coibida pelas companhias, uma vez que a legislação responsabiliza e prevê punições às empresas que praticam tais atos. Pelos motivos aqui expostos, observa-se que as corporações estão cada vez mais atentas aos processos de aquisições, e têm implantado mecanismos de proteção e programas de compliance, visando reduzir a probabilidade de ocorrência de atos irregulares de funcionários próprios e de terceiros, que geram perdas significativas ao projeto, à organização e à sociedade. 1.1 As aquisições como instrumento de resposta aos riscos do projeto O Guia PMBOK (PMI, 2017, p. 441) prevê, em sua 6ª edição, estratégias de respostas para quatro cenários, a saber: Estratégias de respostas à ameaça; Estratégias de respostas à oportunidade; Estratégias de respostas de contingência; e Estratégias de respostas ao risco geral do projeto. Dentre as estratégias recomendadas no Guia PMBOK (PMI, 2017, p. 443), algumas podem ser adotadas, total ou parcialmente, através das aquisições do projeto, com destaque para: Transferir – se refere à transferência de uma ameaça a terceiros, para que a gerenciem e também suportem seu impacto caso ela ocorra. Compartilhar – trata-se da ação de compartilhar com um terceiro a responsabilidade por uma oportunidade, para que usufrua dos benefícios, 5 caso ela ocorra. Exemplos de ações desse tipo envolvem a constituição de parcerias estratégicas e também o estabelecimento de joint-ventures ou empresas de propósito específico. Além delas, o gerenciamento das aquisições do projeto pode considerar a estratégia de prevenir, que consiste na eliminação da causa de uma ameaça, como por exemplo a substituição de um equipamento obsoleto, utilizado na execução de uma atividade relacionada ao projeto (PMI, 2017, p. 443). Outra possibilidade é realizar aquisições no âmbito do projeto para mitigar um risco. Essa estratégia visa reduzir a probabilidade de ocorrência do risco – como, por exemplo, pela instalação de equipamentos redundantes para reduzir o impacto de uma falha no componente principal (PMI, 2017, p. 443). Em qualquer um dos casos, o correto e eficiente gerenciamento das aquisições do projeto é fundamental para alcançar os resultados projetados. TEMA 2 – PROCESSOS DO GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO O gerenciamento das aquisições do projeto engloba os processos essenciais para adquirir produtos, serviços e recursos, bem como garantir os resultados externos ao projeto (PMI, 2017). Esses processos são importantes para desenvolver e controlar contratos, memorandos de entendimento, acordos de níveis de serviço e pedidos de compra, emitidos pela equipe do projeto (comprador) que adquire o recurso de uma organização externa ao projeto (fornecedor). A administração das obrigações contratuais atribuídas às partes também deve estar contida no gerenciamento das aquisições do projeto (Barbosa, 2014). De acordo com o PMI (2017, p. 457), o gerenciamento das aquisições do projeto é constituído por três processos distintos e com interfaces previamente definidas. Dessa forma, todas as aquisições relativas ao projeto devem ser conduzidas e gerenciadas tendo como base esses processos: Planejar as aquisições do projeto – processo de documentação das decisões de compras do projeto, especificando a abordagem e identificandovendedores em potencial. Conduzir as aquisições do projeto – processo de obtenção de respostas de vendedores, seleção de um vendedor e adjudicação de um contrato. 6 Controlar as aquisições do projeto – processo de gerenciar relacionamento de aquisições, monitorar o desempenho do contrato, fazer alterações e correções conforme apropriado, e encerrar contratos. Na Figura 2 são apresentadas, de forma resumida, as principais atividades e saídas relativas aos três processos do gerenciamento das aquisições do projeto. É importante destacar que existe uma estreita interação entre eles, bem como com processos de outras áreas do conhecimento. Figura 2 – Principais atividades e saídas dos processos relativos ao gerenciamento das aquisições do projeto Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. Como em todos os processos previstos no Guia PMBOK (PMI, 2017), os processos relativos ao gerenciamento das aquisições também apresentam suas entradas, ferramentas e técnicas, e saídas, como representado na Figura 3. 7 Figura 3 – Representação gráfica de um processo genérico Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. Como mencionado anteriormente, os processos do gerenciamento das aquisições do projeto influenciam e são influenciados pelos processos das demais áreas, uma vez que as saídas de um processo podem ser entradas de outros e vice-versa. Além disso, todos os documentos gerados no projeto (saídas), bem como os ativos de processos organizacionais e os fatores ambientais da empresa, devem ser considerados, pois também influenciam as aquisições e seus processos de gerenciamento. Os três processos do gerenciamento das aquisições do projeto, bem como suas características, serão amplamente discutidos em outro momento. TEMA 3 – DECISÕES DE FAZER OU COMPRAR Em muitos projetos, as empresas se deparam com uma decisão estratégica a tomar, relacionada à execução de determinadas atividades ou pacotes de trabalho: quando é mais viável produzir bens, desenvolver programas e/ou ferramentas ou mesmo executar um serviço utilizando recursos próprios (internos); e em quais situações ou contextos é melhor utilizar fornecedores externos (terceirização). Para auxiliar na definição do caminho a seguir, as corporações utilizam uma técnica de análise denominada Make or Buy ou “decisões de fazer ou comprar”. Segundo o Guia PMBOK, (PMI, 2017, p. 202), essa ferramenta é empregada na análise de alternativas, a fim de comparar diferentes níveis de capacidade ou habilidades de recursos. 8 Durante a análise, também é possível considerar outras opções, tais como estabelecer uma parceria estratégica ou mesmo alugar o recurso necessário à execução da atividade ou pacote de trabalho. Essa decisão deve ser tomada pelo gerente do projeto, juntamente com a sua equipe, logo no início do projeto, quando o escopo já estiver determinado. Uma vez detalhado o escopo do projeto e definidos os pacotes de trabalho que compõem a EAP (Estrutura Analítica de Projetos), a análise verifica a necessidade ou não de adquirir matérias-primas, produtos e/ou serviços (Xavier et. al., 2018). Em uma avaliação ideal, devem ser considerados vários aspectos como por exemplo: Disponibilidade de recursos – nas análises de fazer ou comprar, a equipe do projeto deve verificar a disponibilidade de recursos adequados, sejam eles humanos, materiais, e equipamentos para a execução de um determinado trabalho, no momento em que o projeto precisa deles. Em caso de indisponibilidade de recursos humanos, por exemplo, a opção mais adequada é terceirizar a execução das atividades para que o cronograma não seja impactado; porém, é preciso analisar os custos e disponibilidade de orçamento. Custos de fazer ou comprar – este é um dos critérios mais considerados nas análises de fazer ou comprar. Na verdade, a avaliação é relativamente simples, pois se for mais barato realizar o trabalho internamente, com recursos próprios, a organização opta pela opção fazer; porém, se a contratação externa for mais barata, a organização decide pela opção comprar. É possível ainda que uma empresa decida terceirizar determinado serviço, mesmo que ela corra algum risco relacionado ao cronograma e à qualidade – por exemplo, se o custo para comprar for muito menor, quando comparado com o custo para fazer. Em muitas situações, pode ser mais estratégico assumir alguns riscos se isso provocar uma redução considerável no custo final do projeto. Qualidade da execução – em alguns projetos, é possível que a empresa tenha recursos humanos disponíveis para a realização de uma atividade ou pacote de trabalho, porém a mesma equipe não apresenta o conhecimento e a experiência necessários para tal, o que pode prejudicar a qualidade do produto final do projeto. Nesse caso, para eliminar o risco de retrabalho, desperdícios, além de impactos negativos nos custos, cronograma e 9 qualidade do projeto, a empresa pode decidir contratar uma empresa, com maior capacidade técnica, para executar a atividade ou pacote trabalho. Risco associado à decisão de fazer ou comprar – uma boa prática a ser adotada, nas análises de fazer ou comprar, é considerar os processos de gerenciamento dos riscos do projeto, na avaliação de todas as variáveis associadas ao trabalho a ser realizado. Uma organização, por exemplo, pode decidir terceirizar uma atividade ou pacote de trabalho complexo, mesmo sendo mais caro que fazê-lo internamente, pois dessa forma ela transfere o risco relacionado ao trabalho. Uma empresa também pode decidir terceirizar atividades do projeto que impliquem no risco de comprometer o orçamento e o cronograma do projeto, como forma de transferir a ameaça. Modalidade de contratação – a forma de contratação definida pelos departamentos de compra e/ou jurídico da companhia (ativos de processos organizacionais) pode influenciar a decisão de comprar ou fazer. Se houver apenas a possibilidade de utilizar o contrato de preço fixo, por exemplo, para a contratação de um serviço que não tenha um escopo definido, o gerente do projeto pode decidir por realizar a atividade com a equipe do projeto, mesmo que o custo seja mais alto, uma vez que essa modalidade de contrato não é recomendada em atividades que tendem a exigir mudanças no decorrer da sua execução. A avaliação desses aspectos, e de outros que possam ser considerados importantes pela equipe do projeto, possibilita uma tomada de decisão sobre fazer ou comprar, com maior confiabilidade e segurança, tornando o processo menos susceptível a erros. Essa avaliação “permite à equipe ponderar as variáveis de recursos, custo e duração a fim de determinar uma abordagem ideal para realizar o trabalho do projeto” (PMI, 2017, p. 459). Uma boa prática é definir critérios Make or Buy, para cada uma das atividades ou pacotes de trabalho em análise. No Quadro 1 são apresentados alguns exemplos de critérios Make or Buy que devem ser avaliados em um projeto hipotético de TI (Tecnologia da Informação). 10 Quadro 1 – Critérios Make or Buy ID ITEM A SER CONTRATADO CRITÉRIOS MAKE OR BUY JUSTIFICATIVAS 01 Desenvolvimento do software. Necessidade de compartilhar riscos. SIM Capacidade da equipe. SIM Disponibilidade da equipe. NÃO Fornecedores confiáveis. SIM Conhecimento especializado. SIM 02 Instalação e configuração dos servidores. Capacidade da equipe. SIM Disponibilidade da equipe. NÃO Conhecimento especializado. NÃO 03 Instalação e configuração do Banco de Dados. Necessidade de compartilhar riscos. SIM Capacidade da equipe. NÃO Disponibilidade da equipe. NÃO Fornecedores confiáveis. SIM Conhecimento especializado. SIM 04 Ativação do sistema Capacidade da equipe. SIM Disponibilidade da equipe. NÃO Fornecedores confiáveis. SIM 05 Suporte ao sistema Necessidade de compartilharriscos. SIM Capacidade da equipe. SIM Disponibilidade da equipe. NÃO Fornecedores confiáveis. SIM Avaliando as respostas do exemplo apresentado no Quadro 1 é possível verificar que a melhor opção para executar o projeto é contratar uma empresa externa ao projeto, pois existem fornecedores confiáveis e a equipe não está disponível para fazer o trabalho internamente. Na Figura 4 é apresentada, de forma resumida, a matriz Make or Buy, uma ferramenta utilizada para suportar a tomada de decisão sobre qual estratégia adotar: fazer ou comprar. No Quadro 2, é apresentada uma simulação de projeto hipotético, com cinco atividades. Figura 4 – Matriz Make or Buy 11 Quadro 2 – Simulação de projeto É importante destacar que o uso da matriz Make or Buy deve ser contínuo, pois as condições que satisfazem aos critérios de fazer ou comprar mudam com frequência, e é necessário sempre ter a convicção de que a decisão tomada foi a mais correta. A análise Make or Buy deve sempre levar em consideração a estratégia da empresa e as políticas organizacionais, bem como as características previstas no escopo do projeto e os interesses e anseios das partes interessadas do projeto. Essa análise deve ser feita para cada uma das atividades ou pacotes de trabalho avaliados. TEMA 4 – CONCEITOS-CHAVE DO GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO O gerenciamento das aquisições do projeto traz algumas particularidades que demandam, além de conhecimento técnico sobre gerenciamento de projetos, conhecimento específico sobre a legislação relativa a contratos, bem como suas obrigações e penalidades inerentes. O gerente de projeto não precisa ser um especialista em leis e normas referentes ao gerenciamento de aquisições, porém deve estar familiarizado o suficiente para participar, efetivamente, das negociações sobre contratos, para tomar decisões. (PMI, 2017, p. 460). Adicionalmente, é necessário que o gerente de projetos possua conhecimentos básicos sobre a legislação relativa ao negócio no qual o projeto está inserido, e que os acordos por ele celebrados cumpram as leis municipais, estaduais, federais e, eventualmente, internacionais. 12 Além disso, o gerente de projeto deve ter noções de gestão estratégica e de negócios, uma vez que as decisões relacionadas às aquisições geram impactos no negócio da empresa na qual o projeto é executado. Apesar de considerar o conhecimento técnico sobre projetos e habilidades de gestão fundamentais para um profissional gerenciar um projeto adequadamente, pesquisas realizadas pelo PMI indicam que tais atributos são insuficientes para atender as demandas de um mundo complexo e globalizado. As empresas buscam habilidades adicionais, tais como liderança e inteligência de negócio (PMI, 2017, p. 57). Devido a essa nova exigência do mercado, o PMI criou o Triângulo de Talentos, que enfatiza três grupos de habilidades-chave que os profissionais de gerenciamento de projetos devem possuir e que são, cada vez mais, demandadas pelas organizações globais (PMI, 2017, p. 57). Estas habilidades-chave são descritas a seguir e destacadas na Figura 5: Conhecimento técnico de gestão de projetos – conhecimento, habilidades e comportamentos relativos a domínios específicos de gerenciamento de projetos, programas e portfólios. Os aspectos técnicos da execução da função. Liderança – conhecimento, habilidades e comportamentos necessários para orientar, motivar e dirigir uma equipe, para ajudar a organização a atingir suas metas de negócio. Gerenciamento estratégico e de negócios – conhecimento e expertise no setor e na organização, de forma a melhorar o desempenho e fornecer melhor os resultados do negócio. Figura 5 – Triângulo de Talentos do PMI Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017. 13 Os acordos comerciais considerados nos processos de gerenciamento das aquisições estabelecem regras do relacionamento entre duas partes: o comprador e o vendedor. Tais acordos apresentam complexidades variadas, dependendo dos serviços e/ou produtos a serem contratados, e por isso é fundamental que reflitam a simplicidade ou complexidade das entregas necessárias ao projeto. Por esse motivo, os contratos firmados entre a equipe do projeto (comprador) e os fornecedores (vendedor) devem definir claramente todas as entregas e resultados esperados. Visando garantir que tais contratos atendam às demandas e interesses do projeto, o gerente deve conhecer as principais modalidades de contratos, bem como as vantagens e desvantagens de cada um. Esse conhecimento irá auxiliá- lo na escolha da modalidade de contrato mais adequada e vantajosa para o projeto. Os documentos de licitação, bem como as modalidades de contrato, serão descritos e detalhados em outro momento. TEMA 5 – OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DAS AQUISIÇÕES DO PROJETO Para a empresa contratante (comprador), o objetivo primário do gerenciamento das aquisições é garantir que o fornecimento de produtos, serviços e demais recursos necessários à execução do projeto sejam disponibilizados com o escopo contratado, no prazo e com o custo definidos no Plano de Gerenciamento do Projeto, e também com as características e qualidade especificadas pela equipe do projeto. Em última instância, a empresa visa alcançar os resultados previstos para o negócio durante o ciclo de vida do projeto. Para atingir esse objetivo, é muito importante que a equipe do projeto saiba, exatamente: O que deve ser adquirido – o escopo do trabalho e do produto deve estar muito bem detalhado, para que não restem dúvidas sobre o que realmente precisa ser contratado. Onde adquirir – identificação dos fornecedores mais preparados para realizar o trabalho. Como adquirir – qual a forma de contratação mais adequada para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Quando realizar as aquisições – as aquisições devem ser realizadas com base no cronograma do projeto. 14 Quem conduzirá as negociações e a contratação – além do líder ou gerente do projeto, é importante contar com o apoio de especialistas sobre o assunto objeto do contrato. Todo esse detalhamento é fundamental para que as aquisições do projeto sejam realizadas de forma segura e com um nível elevado de acerto, a fim de garantir que os resultados previamente planejados sejam alcançados. Além das questões mencionadas anteriormente, algumas ações precisam ser realizadas, dentre as quais destacamos: Identificação das necessidades e entregas que a equipe do projeto precisa realizar. Essa informação deve constar nos documentos do projeto, particularmente na declaração do escopo e na EAP. Definição da prioridade de todas as entregas do projeto. Esta ação deve ser realizada pela equipe, juntamente com os clientes do projeto. Identificação de todas as interações com as demais áreas de conhecimento, em especial com: cronograma, custos, qualidade, riscos e partes interessadas. Especificação da estratégia a ser adotada nas aquisições do projeto: como será contratado. Estabelecimento de critérios para a identificação e seleção de fornecedores. Identificação e seleção de fornecedores que atendem aos critérios estabelecidos pela equipe do projeto. Decisão de fazer ou comprar – quais pacotes de trabalho do projeto podem ser executados de forma mais eficiente e com a aquisição de produtos, serviços ou resultados fora da organização do projeto, em comparação com as necessidades do projeto que podem ser efetuadas pela equipe do projeto. Registro de todas as decisões de compras do projeto. Identificação dos riscos e definição de estratégias de resposta. Tipo de contrato a ser utilizado como resposta Definição das técnicas e ferramentas a serem utilizadas em todos os processos do gerenciamento das aquisições. 15 REFERÊNCIAS BARBOSA, M. Gerenciamentode aquisições. Rio de Janeiro: Estácio, 2014. PMI – Project Management Institute. Guia PMBOK: Project Management Body of Knowledge. 6. ed. Pennsylvania: Newtown Square, 2017. XAVIER, C. M. et al. Gerenciamento de aquisições em projetos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2018. ZUCCATO JUNIOR, F. Gerenciamento das aquisições em projetos. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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