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Finanças Aplicadas
ao Agronegócio
Formação Técnica
Curso Técnico em Agronegócio
SENAR - Brasília, 2016
Finanças aplicadas 
ao agronegócio
Formação Técnica
S474c
 SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. 
 Curso técnico em agronegócio: finanças aplicadas ao agronegócio / Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino 
Técnico e Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – Brasília : 
SENAR, 2016.
 174 p. : il. (SENAR Formação Técnica)
 ISBN: 978-85-7664-103-2 
 Inclui bibliografia.
1. Finanças. 2. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso 
ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série. 
 CDU: 336 
Sumário
Introdução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7
Tema 1: Introdução à administração financeira –––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 1
Tópico 1: A administração financeira no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––– 1 2
1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica –––––––––––––––––––– 1 4
2. Elementos para a administração financeira no agronegócio ––––––––––––––––––– 1 5
3. Valor do dinheiro no tempo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 8
4. Risco e retorno ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4
5. Orçamentos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 8
Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––3 6
1. O capital imobilizado fixo ou de longo prazo –––––––––––––––––––––––––––––––––3 8
2. O capital imobilizado semifixo ou de médio prazo ––––––––––––––––––––––––––––4 0
3. Capital de giro ou capital de curto prazo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 1
4. Fluxo de caixa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3
5. Livro-caixa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 5
6. Balanço patrimonial ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 7
Tópico 3: Administração dos estoques no agronegócio –––––––––––––––––––––––––– 5 1
1. O estoque insumo, o estoque produto e a logística dentro da propriedade ––––– 5 3
2. O estoque silencioso e o seu custo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 5 5
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 9
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 9
Tema 2: A gestão financeira do empreendimento do agronegócio –––––––––––––––––––6 5
Tópico 1: Custo de produção –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––66
1. Organização dos fatores de despesas –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––70
2. Fatores que devem compor o custo de produção no agronegócio –––––––––––––– 75
3. Depreciações ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––76
4. Os fatores do custo de produção que podem gerar polêmicas –––––––––––––––––79
5. Os fatores do custo de produção que não geram polêmicas ––––––––––––––––––– 85
6. O fator do custo de produção de difícil mensuração pastagens ––––––––––––––––89
7. Planilhas de custo de produção de pecuária de leite, corte, soja e milho: 
modelagem simplificada e tradicional ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––94
8. Planilhas de custo de produção: a modelagem denominada custo dinâmico –– 100
Tópico 2: Avaliação da rentabilidade do empreendimento no agronegócio –––––––105
1. Características próprias do agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––– 106
2. A análise financeira do empreendimento no agronegócio ––––––––––––––––––– 108
3. Mecanismos avaliadores: TIR e VPL ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 109
4. Mecanismos referenciadores: relação benefício-custo –––––––––––––––––––––––120
5. Mecanismos referenciadores: payback descontado e break even point (ponto de 
equilíbrio) –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 121
Encerramento do tema ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––126
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 127
Tema 3: Financiamentos e outras operações financeiras no agronegócio ––––––––––– 131
Tópico 1: Crédito rural ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––132
1. Os agentes financeiros do crédito rural no Brasil ––––––––––––––––––––––––––––134
2. Formatos de projetos para a obtenção do crédito rural ––––––––––––––––––––––136
3. As operações de crédito rural para o agronegócio –––––––––––––––––––––––––––138
4. Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) –––––––––––––––––– 141
5. Cédula de Produto Rural e demais títulos do agronegócio: o financiamento privado 
da agropecuária ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––142
6. Endividamento do crédito rural: como prevenir ––––––––––––––––––––––––––––– 145
Tópico 2: Contrato futuro e de opções agrícolas ––––––––––––––––––––––––––––––– 147
1. Contratos de commodities agrícolas disponíveis na BM&FBovespa 
com liquidação financeira –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––149
2. A lógica operacional dos contratos futuros e do contrato de opções agrícolas –– 152
Encerramento do tema –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157
Atividade de aprendizagem –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 157
Encerramento da Unidade Curricular ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––159
Gabarito ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 160
Referências –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 173
Introdução à Unidade 
Curricular
Finanças aplicadas ao agronegócio
7
Introdução à Unidade Curricular
Seja bem-vindo à Unidade Curricular de Finanças Aplicadas ao Agronegócio! A essa altura do 
curso você já viu que os empreendimentos agropecuários apresentam algumas diferenças 
em relação aos empreendimentos da área urbana, devido, principalmente, à existência de 
elementos da natureza, como insumos de produção. Solo, umidade, luz, calor ou frio acabam 
influenciando de forma significativa a finalização dos produtos, sejam eles bovinos, suínos, 
aves, leite, verduras, legumes, madeira, flores, grãos, entre outros.
Pensar em finanças no agronegócio pode parecer desafiador. Por isso, conhecer bem a cadeia 
produtiva é essencial. No esquema a seguir, você pode rever os agentes que atuam antes, 
dentro e depois da porteira.
Ambiente Institucional
Ambiente Organizacional
Agroin-
dústria
Comércio 
Atacadista
Comércio 
Varejista
Fornece-
dores de 
Insumos
ANTES DA 
PORTEIRA
DENTRO DA 
PORTEIRA
D
E
P
O
I
S
 
D
A
 
P
O
R
T
E
I-
R
A
Proprie-
dade 
Agrícola
Consumi-
dor Final
Essa ideia de cadeia do agronegócio foi introduzida por Ney Bittencourt, um dos precursores 
da biotecnologia na agropecuária no Brasil (STAL, 1993). A etapa “antes da porteira” inclui 
fornecedores de insumos e serviços voltados à produção agropecuária. A fase “dentro da 
porteira” é caracterizada pelos produtores rurais, responsáveis pela produção da matéria-prima 
primordial ao funcionamento de toda cadeia alimentar até o consumidor final, que é o alimento 
em seu estado bruto. Já a etapa “depois da porteira” é caracterizada pelas agroindústrias, que 
Curso Técnico em Agronegócio
8
adquirem diretamente dos produtores rurais ou suas organizações (associações, cooperativas 
etc.) o resultado de suas produções. O produto processado é então encaminhado aos atacadistas 
ou varejistas para comercialização junto aos consumidores finais.
As relações de confiança que se criam entre os participantes das três etapas da cadeia produtiva 
do agronegócio são importantes e podem ser determinantes no sucesso da atividade, mas o 
conhecimento e a prática da administração financeira são fundamentais para o sucesso no setor.
d
Comentário do autor
Nesta unidade curricular, vamos focar no aspecto financeiro e seus 
desdobramentos na etapa “dentro da porteira”, ou seja, a gestão financeira na 
produção agropecuária. A partir dela, pode-seavaliar a relação custo-benefício 
dos resultados produtivos alcançados.
Existem diversas modalidades de finanças em agronegócio. A escolha deverá considerar 
aquela que melhor se encaixa nas características da atividade, pensando nas influências das 
variações climáticas regionais, nos aspectos das plantas, dos animais e dos demais organismos 
vivos presentes no processo produtivo. A compreensão do todo é necessária porque cada 
elemento precisará ser transformado em números para que possa ser avaliado de forma 
econômica e financeira.
Gestão Financeira
Maximizar os resultados
N
eg
oc
ia
çã
o
Estruturação
Controles
Ad
mi
nis
tra
çã
o
de
 ca
pit
al
Diagnóstico
Planejamento
Or
ça
me
nt
os
Espera-se que você possa entender a importância do conhecimento das condições econômico-
financeiras de uma propriedade rural, a fim de garantir receita futura estável, maximizando o 
retorno da atividade agropecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
9
j
Objetivos de aprendizagem
Com seu empenho, ao final desta unidade curricular, você será capaz de:
• Formular o planejamento e o orçamento financeiro da empresa rural.
• Conhecer as principais fontes de financiamento para o negócio rural.
• Empregar o conhecimento sobre gestão financeira à realidade do 
negócio rural.
• Realizar os principais cálculos financeiros para o negócio rural.
Concentre-se no estudo da apostila e explore as videoaulas, o AVA e as diversas publicações 
disponíveis na biblioteca do AVA. Lembre-se de que você conta com apoio da tutoria a distância 
para dúvidas e aprofundamentos. 
Introdução à administração 
financeira
01
Finanças aplicadas ao agronegócio
11
Tema 1: Introdução à administração 
financeira
Em geral, entende-se que o objetivo de uma empresa ou negócio agropecuário, antes de qualquer 
coisa, é obter o maior volume possível de lucro, ou seja, a sua maximização (GITMAN, 2010). Lucro 
é o resultado financeiro obtido pelo negócio agropecuário após o pagamento de todas as despesas 
(inclusive impostos e outras contribuições correntes) e o imposto de renda anual. 
A relação entre o investimento, o valor gasto e o que se recebe como lucro origina a relação 
custo-benefício (C/B). Ela estabelece em linhas gerais o quanto uma unidade monetária (R$ 
1,00) investida na atividade poderá gerar em novas unidades monetárias. 
Por exemplo, a relação C/B = 1:1,15 significa que, a cada R$ 1,00 
investido, o retorno será de R$ 1,15.
Além do resultado dessa relação, é preciso avaliar o tempo para sua obtenção. Isso porque 
ganhar R$ 1,15 para cada real investido poderá não ser lucrativo, caso exista outra opção de 
investimento que retorne o mesmo valor de face (valor final sem possibilidade de alteração) 
em um tempo menor. Note que a análise passa a ganhar a dimensão do valor do dinheiro no 
tempo, que é outra forma de se olhar para o financeiro. 
Curso Técnico em Agronegócio
12
d
Comentário do autor
O gestor do negócio agropecuário deverá ter a preocupação constante 
em trabalhar a obtenção de resultados financeiros positivos levando em 
consideração os princípios éticos que devem reger qualquer empreendimento e, 
em especial, o agropecuário, que usa a natureza como base operacional
Neste tema, espera-se que você desenvolva as seguintes competências:
• Conhecer os princípios básicos que regem o fator financeiro no empreendimento, a fim 
de poder determinar a linha básica operacional em que as decisões estejam baseadas no 
custo e valor do dinheiro no tempo e seu risco. 
• Compreender a função do estágio do capital no empreendimento, identificando o tempo 
de retorno e o custo para cada momento do capital, sob controle e monitoramento de 
todo o empreendimento.
• Aplicar estratégia administrativa sobre as questões da formação dos estoques operacionais 
obrigatórios, procurando amenizar seus impactos no custo de produção e na captação de 
financiamentos.
Tópico 1: A administração financeira no agronegócio
Os negócios no meio rural podem ser desenvolvidos como empresa ou como pessoa física. Mas 
qual seria a melhor forma? A princípio, a formação de uma empresa para o desenvolvimento 
do empreendimento agropecuário poderá demonstrar, para as pessoas da sociedade, maior 
sensação de organização e segurança nas diversas transações comerciais de compra e venda 
que estarão acontecendo no dia a dia do negócio. O produtor rural tradicional, que pode ser 
chamado produtor rural pessoa física, ao contrário do produtor rural pessoa jurídica (empresa), 
tem como diferença básica sua inscrição ou registro junto à Receita Federal brasileira. Desse 
modo, o produtor rural pessoa física tem CPF e o pessoa jurídica tem CNPJ. 
A legislação tributária brasileira tem especial atenção ao produtor rural pessoa física, 
permitindo que ele tenha inscrição junto ao sistema tributário estadual, chamado de inscrição 
estadual (IE) e municipal (ISS). Isso possibilita a emissão de nota fiscal semelhante a uma 
empresa, chamada de nota fiscal do produtor rural. Na imagem a seguir, uma prefeitura 
do interior do Paraná está chamando os produtores rurais para apresentação de suas notas 
fiscais e argumentando sobre as vantagens para ele e para o estado.
ISS
Imposto Sobre Serviço. É uma tributação de abrangência municipal. Os percentuais sobre o 
faturamento/atividade ou até mesmo isenções são definidas pelo município em que a propriedade 
rural está localizada.
Finanças aplicadas ao agronegócio
13
 
Fonte: Divulgação/Prefeitura Municipal de União da Vitória.
O produtor rural pessoa jurídica (empresa) tem tratamento tributário diferente do produtor 
rural pessoa física. Requer mais organização e escrituração contábil, gerando mais despesas de 
escritório, mas em contrapartida poderá se beneficiar de alguns direitos tributários existentes 
na legislação. 
Em linhas gerais, as empresas podem apresentar quatro tipos de formações básicas. 
MEI
Empresa individual, atualmente com a denominação de 
Microempreendedor Individual (MEI). É a pessoa que trabalha 
por conta própria e se legaliza como microempresário.
EIRELI
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) 
pode ter um faturamento bruto anual bem superior ao de 
uma MEI, preservando a individualidade do proprietário, 
entre outros detalhes.
LTDA.
Empresa de sociedades de pessoas, envolvendo no mínimo 
duas pessoas ou sócios, também chamadas empresas de 
sociedade limitada (Ltda.)
S.A
Empresa por sociedade em ações, podendo também ter um 
número limitado de sócios ou não, também chamada de 
sociedade anônima (S.A.). Elas podem ter capital aberto ou 
fechado.
Curso Técnico em Agronegócio
14
As empresas chamadas de S.A. com capital aberto podem lançar (vender) papéis no mercado 
financeiro, por meio da bolsa de valores, chamados de ações ordinárias ou preferenciais para 
obter sócios (ações ordinárias) ou investidores (ações preferenciais) com objetivo de captação 
de recursos financeiros para investimentos na própria empresa.
Atualmente, existem 21 empresas do ramo do agronegócio brasileiro com ações negociadas 
em bolsa, segundo a classificação da BM&FBovespa (2015). Destas, apenas três atuam com 
foco principal na produção, ou seja, “dentro da porteira”.
`
Atenção
É muito importante que os empreendimentos voltados ao agronegócio estejam 
devidamente legalizados. Isso afeta diretamente os envolvidos na cadeia 
produtiva, como a iniciativa privada, o governo e os consumidores. 
A legislação tributária brasileira é complexa e sofre alterações constantes. Assim, a fim 
de se manter informado sobre seus direitos e deveres e, inclusive, para decidir se seu 
empreendimento deverá ser pessoa jurídica ou não, é recomendado que o produtor rural, 
pessoa física ou jurídica, conte com o auxílio de uma consultoria na área contábil, seja ela dos 
sindicatos rurais, cooperativas ou particulares.
c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra dois textos: um estudo comparativo da 
tributação do produtor rural e um estudo do imposto derenda na atividade rural 
de pequeno porte. Acesse e saiba mais!
1. A formalização da propriedade rural como pessoa jurídica
A formalização da propriedade rural como empresa (pessoa jurídica) poderá se dar sob duas 
formas. Na primeira, assim que a empresa agropecuária estiver formalizada, a escritura da 
propriedade rural será feita no nome da empresa. Essa alternativa levará a propriedade rural 
a compor o ativo da empresa, portanto, ela deverá comprovar a origem dos recursos (passivo) 
para aquisição da propriedade rural pela empresa. Essa opção poderá ser feita também 
durante a formalização da empresa agropecuária, momento em que os valores de aquisição 
ou incorporação da propriedade rural deverão fazer parte do capital social da empresa 
agropecuária. A maior despesa dessa operação é o imposto municipal denominado de ITBI 
(imposto sobre transmissão de bens imóveis). O valor a ser pago dependerá da avaliação da 
propriedade pela prefeitura local, sobre a qual incidirá a alíquota de 2% como ITBI a ser pago, 
somado as demais despesas cartorárias. 
Outra solução poderá ser o estabelecimento de contrato de arrendamento da propriedade 
rural para a empresa agropecuária. Dessa forma, não haverá despesas de troca de titularidade 
da propriedade rural, assim como ela não fará parte do ativo da empresa agropecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
15
O
Informação extra
Uma estratégia utilizada por empreendedores do agronegócio, a fim de evitar 
o pagamento de ITBI nas transações imobiliárias, tem sido a incorporação das 
propriedades rurais aos ativos de empresas e ao se negociá-la, entre a série 
de ativos que devem existir, a propriedade rural passa a ser mais um dos 
ativos, evitando a troca de titularidade da terra, já que o que foi negociado foi a 
empresa, não cabendo, assim, a incidência de ITBI.
 Fonte: Shutterstock.
Apesar da possibilidade de formalização como pessoa jurídica, a maioria dos negócios rurais 
“dentro da porteira” no Brasil é feita por pessoa física, devido à simplicidade operacional e à 
dimensão reduzida dos empreendimentos. Nesse caso, a credibilidade comercial, a confiança 
e o valor do produto são construídos pelos gestores do agronegócio ao longo do tempo. No 
campo, a antiga expressão “fio do bigode” ainda tem reconhecimento.
j
Atividade prática
Converse com conhecidos que possuem experiência na área e observe quais as 
vantagens e as desvantagens de ser produtor pessoa física ou pessoa jurídica.
2. Elementos para a administração financeira no agronegócio
O termo “finanças” pode ser definido como a arte e a ciência de administrar o dinheiro. 
Finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos 
na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais.
O gestor financeiro do agronegócio deve se manter firme com acompanhamento das relações 
econômicas existentes no município, estado e país (PINHO, 1988). Isso significa que essa 
pessoa não pode trabalhar de forma isolada, mas sim estar atenta a todos os possíveis fatores 
que possam influenciar a exploração agropecuária, buscando compreender as variações da 
atividade e de políticas econômicas do seu meio. As decisões tomadas “dentro da porteira” 
Curso Técnico em Agronegócio
16
afetam a continuidade no “antes” e no “depois” da porteira. Essa atenção gera mais segurança 
na análise de custo-benefício em um novo projeto. 
d
Comentário do autor
O ideal é que, antes das decisões localizadas, o gestor do agronegócio já tenha 
um bom nível de esclarecimento sobre os diversos riscos inerentes à atividade. 
Todo negócio envolve risco, desse modo, certeza no sucesso não deve existir, 
mas sim confiança e responsabilidade.
A experiência também é outro fator importante. Quando associada a estudos sérios, com 
bom embasamento, fica mais fácil promover a inovação e a diferenciação na administração 
de resultados positivos e constantes para a produção agropecuária.
A decisão final sobre a viabilidade ou não de uma proposta de produção deverá considerar 
diferentes mecanismos de análise financeira, os quais você verá nesta unidade curricular. 
Contudo, as opiniões específicas do gestor ou proprietário também precisam ser consideradas. 
Acompanhe o exemplo a seguir para ver alguns dos possíveis desdobramentos na análise 
decisória com base nas finanças.
Exemplo: cultura de milho – despesas para 1 ha.
Sistema atual 
• Expectativa de produção – 80 sc/ha.
• Custo – semente variedade x a R$ 45,00/sc + 1 t/adubo/ha a R$ 600,00/t = R$ 645,00 
+ demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.045,00/ha.
• Receita esperada – 80 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.280,00/ha.
Sistema proposto
• Expectativa de produção – 100 sc/ha.
• Custo – semente variedade Y a R$ 70,00/sc + 1,5 t/adubo/ha ao preço de R$ 600,00 
por tonelada = R$ 970,00 + demais serviços a R$ 400,00 = R$ 1.370,00/ha.
• Receita esperada – 100 sc a R$ 16,00/sc = R$ 1.600,00/ha.
No exemplo, o sistema proposto considera a utilização de uma nova variedade de semente de 
milho para produção de grão. Essa variedade tem preço maior e exige mais adubo químico. 
Em contrapartida, oferece a expectativa do aumento da produção por hectare de 80 para 
Finanças aplicadas ao agronegócio
17
100 sacas (aumento de 25%). O novo projeto exige o aumento de capital de giro ou custeio, 
elevando a despesa por hectare de R$ 1.045,00 para R$ 1.370,00 (aumento de 31,1%). 
Custeio
Somatório de todas as despesas necessárias para pagar um ciclo produtivo da atividade de 
exploração. Em culturas vegetais de ciclo curto, vai do plantio à colheita. Em culturas vegetais 
de ciclo perene e na produção animal, normalmente, representa as despesas de 12 meses da 
atividade.
Considerando que o produtor terá de buscar financiamento no mercado financeiro para fazer 
frente ao aumento de capital de giro, deverá ser considerado o custo do dinheiro financiado. 
A necessidade de capital de giro (custeio agrícola) será de R$ 325,00/ha, que é a diferença nos 
custos entre o sistema atual e o proposto. Imagine que o produtor consiga crédito rural ao 
custo de 8,75% ao ano (a.a.) e que a operação de crédito entre a contratação e o retorno do 
empréstimo ao banco demore seis meses. Com isso, temos que o custo financeiro será de 
4,38% de juros no período = (8,75% juros a.a./12 meses) x 6 meses, elevando a despesa 
adicional para R$ 339,23 (R$ 325,00 + R$ 14,23 de juros). 
Por certo, devido ao maior volume de colheita, nesse cálculo, deverão ser adicionadas as 
despesas de contratação da operação de crédito rural, o aumento das operações em horas 
máquina e, em alguns casos, o aumento das despesas de comercialização, a necessidade de 
armazenagem ou alguma despesa específica da propriedade ou local de plantio. Para fins de 
nivelamento do exemplo, não consideraremos esses acréscimos de despesas, mas em uma 
situação real tais despesas não poderiam ser deixadas de ser calculadas, OK? 
Com isso em mente, o balanço sobre a nova proposta ficou:
• No sistema atual – ao final de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 235,00/ha 
(R$ 1.280,00 receita - R$ 1.045,00 despesa capital próprio).
• No novo sistema proposto – ao final de seis meses, o produtor teria lucro líquido de R$ 
215,77/ha (R$ 1.600,00 receita - R$ 1.045,00 capital próprio - R$ 339,23 (dívida + juros)).
A relação custo-benefício, sem considerar o valor do dinheiro no tempo (que veremos mais 
adiante) ficou da seguinte forma:
• Sistema atual – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,22 (R$ 1.280,00 / R$ 
1.045,00)
• Sistema proposto – para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de R$ 1,16 (R$ 1.600,00 / (R$ 
1.045,00 + R$ 339,23)).
A partir disso, podemos concluir que se a produtividade esperada do novo projeto é de 110 
sacas por hectare, essa opção deverá ser rejeitada, mesmo que não houvesse necessidade de 
se buscar financiamento para fazer frente à necessidade de aumento do capital de giro.
Curso Técnico em Agronegócio
18
d
Comentário do autorEm finanças, os números disponíveis devem ser o principal caminho para a 
tomada de decisão, no entanto, o mundo "fora da porteira" também fala, só 
que em uma linguagem específica. Entender esses "recados" e criar valor ao 
empreendimento poderá levar a diferenciação no agronegócio.
Mais adiante, vamos utilizar este mesmo exemplo para calcular a rentabilidade real de 
dois sistemas de produção de milho, confrontando os resultados encontrados com as 
oportunidades oferecidas no mercado financeiro e ainda estabelecer o ponto de equilíbrio, a 
TIR (taxa interna de retorno) e o VPL (valor presente líquido) dos dois sistemas de produção.
Para fins de análise financeira, seja de uma nova proposta ou de uma atividade corrente no 
agronegócio, você precisará trabalhar com um tipo de demonstrativo que facilita a comparação 
entre as receitas e as despesas para fins de avaliação: o “fluxo de caixa”.
c
Leitura complementar
Aprofunde-se nesse assunto acessando os textos disponíveis na Biblioteca do 
AVA sobre: 
• “Custos, um desafio para a gestão no agronegócio”; 
• “Análise da utilização de ferramentas contábeis e gerenciais de controle 
financeiro no ramo do agronegócio”; 
• “Viabilidade econômico-financeira da implantação de um sistema de 
armazenagem de grãos”.
3. Valor do dinheiro no tempo
O ponto central de qualquer empreendimento que vise lucro deverá ser a remuneração de 
seu capital, isto é, o retorno de toda a soma em dinheiro investida ou disponibilizada para o 
empreendimento ou o agronegócio. 
Finanças aplicadas ao agronegócio
19
Fonte: Shutterstock.
O empreendimento no agronegócio, em linhas gerais, necessitará de capital para compra 
de terras, animais, máquinas, equipamentos etc. Na gestão das finanças, os investimentos 
direcionados para aquisição desses itens deverão ser tratados como investimentos ou 
imobilizações financeiras de médio e longo prazo. Já o capital disponibilizado para aquisição 
dos insumos (custeio da atividade) para determinado sistema de produção no agronegócio 
deverá ter outro tipo de tratamento, pois se trata de imobilização financeira de curto prazo.
Imobilizações financeiras 
de médio e longo prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados 
em vários ciclos produtivos, tendo um tempo de vida de 
utilização de vários anos, no qual o horizonte de anos poderá 
ser determinado para cada bem.
Imobilizações financeiras 
de curto prazo
Investimentos em bens e serviços que deverão ser usados em 
apenas um ciclo produtivo, também chamado de custeio da 
atividade no agronegócio. Conforme a utilização, poderá ser 
definido como custeio pecuário ou custeio agrícola.
Sobre o capital imobilizado em terras, você verá esse assunto quando estudar o custo de 
produção, já que este item poderá ter diferentes visões sobre a forma e que tipo de retorno 
que esse capital poderá proporcionar ao empreendimento no agronegócio.
Esses são os capitais ou os montantes de dinheiro que podem ser investidos no agronegócio. 
A análise do valor do dinheiro no tempo tem como premissa procurar avaliar o rendimento 
que será obtido frente ao valor desse dinheiro. Podemos avaliar ainda um valor já apurado 
em relação ao que foi utilizado no negócio.
Curso Técnico em Agronegócio
20
Para avaliar um empreendimento que ainda será realizado, é necessário saber se a rentabilidade 
oferecida pelo projeto conseguirá superar o valor do dinheiro a ser investido, caso ele fosse 
aplicado em alternativa produtiva ou no mercado financeiro (aplicação financeira).
A análise de um empreendimento já realizado também poderá levar em consideração o valor 
do dinheiro no tempo, pois o rendimento obtido no empreendimento poderia ser comparado, 
por exemplo, com o rendimento desse mesmo dinheiro, caso ele tivesse sido aplicado no 
mercado financeiro, verificando qual foi o melhor resultado financeiro alcançado. 
 
Projeto A Projeto B
Mercado
Financeiro
Legenda: O dinheiro tem dois tipos de valor: o seu poder de compra e o quanto ele poderá render em mais dinheiro.
Fonte: Shutterstock.
Na Unidade Curricular de Matemática Básica e Financeira, você viu que um dos frutos da 
relação do dinheiro no tempo é o juro. O rendimento do dinheiro é feito pelos juros que 
ele pode gerar. Portanto, como os juros são calculados pelo tempo de uso do dinheiro, eles 
podem ser dimensionados na forma diária, mensal ou anual.
Vale lembrar que eles podem ter dois tipos de cálculos: juros simples ou juros compostos.
Juros simples
Nos juros simples, aplica-se determinada taxa de juros sobre o montante de dinheiro, obtendo 
o valor final. Por exemplo:
Um capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses (período). Cálculo 
dos juros = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) x 6 meses = R$ 60,00 de juros. Em que R$ 1.000,00 é o 
principal (p) e os R$ 60 são os juros (j). Montante ou valor final = R$ 1.060,00.
Finanças aplicadas ao agronegócio
21
O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula: 
M = p + (p X j X t)
Em que:
M = montante ou valor final
P = principal = R$ 1.000,00
j = taxa de juros no período = 1% = 1/100 = 0,01
t = período = 6 meses
R$ 1.060,00 = R$ 1.000,00 + (R$ 1.000,00 x 0,01 x 6)
Juros compostos
Nos juros compostos, aplica-se determinada taxa de juros a cada período. Sobre o novo 
valor obtido será aplicada a mesma taxa de juros repetindo a operação até o fim do prazo 
pactuado. Por exemplo:
Capital de R$ 1.000,00 à taxa de juros de 1% ao mês durante seis meses. 
1. Cálculo dos juros 1º mês = R$ 1.000,00 x 1% (0,01) = R$ 10,00 de juros. Em que R$ 
1.000,00 é o principal e os R$ 10 são os juros do primeiro mês. Valor total ao final do 
1º mês = R$ 1.010,00. 
2. Cálculo dos juros 2º mês = R$ 1.010,00 x 1% (0,01) = R$ 10,10 de juros. Valor total ao 
final do 2º mês = R$ 1.020,10. 
3. Cálculo dos juros 3º mês = R$ 1.020,10 x 1% (0,01) = R$ 10,20 de juros. Valor total ao 
final do 3º mês = R$ 1.030,30. 
4. Cálculo dos juros 4º mês = R$ 1.030,30 x 1% (0,01) = R$ 10,30 de juros. Valor total ao 
final de 4º mês = R$ 1.040,60. 
5. Cálculo dos juros 5º mês = R$ 1.040,60 x 1% (0,01) = R$ 10,40 de juros. Valor total ao 
final do 5º mês = R$ 1.051,00. 
6. Cálculo dos juros 6º mês = R$ 1.051,00 x 1% (0,01) = R$ 10,51 de juros. Valor total ao 
final do 6º mês = R$ 1.061,52.
Curso Técnico em Agronegócio
22
O mesmo cálculo poderá ser feito pela seguinte fórmula:
M = p x (1 + i)t
Em que:
M = montante ou valor final
p = principal = R$ 1.000,00
i = taxa de juros = 1% = 0,01
t = tempo = 6 (meses)
R$ 1.061,52 = R$ 1.000,00 x (1 + 0,01)6
O mercado financeiro trabalha com juros compostos. As taxas de juros podem ser pactuadas 
em valores diários, mensais ou anuais. De qualquer maneira, elas deverão ser sempre 
anualizadas (transformadas em “ao ano”) para se ter melhor noção do real valor dos juros. 
Vale ressaltar, conforme demonstrado no exemplo, que nas mesmas condições de taxa de 
juros e de tempo, juros compostos elevam o valor final frente à aplicação de juros simples 
sobre o mesmo valor inicial. Observe o comparativo no gráfico a seguir.
 
170
M (R$)
n (mês)
150
160
140
130
120
110
100
0 6 12 18 24 30 36
Juro
s sim
ples
 1%/
mêsJ
uro
s co
mp
ost
os 
1%
/m
ês
42 48
Legenda: Comparação juros simples x juros compostos.
Como o valor do dinheiro varia no tempo, o gestor de finanças no agronegócio deverá estar 
sempre avaliando o “valor futuro” ou o “valor presente” dos investimentos que serão ou já 
foram realizados.
Finanças aplicadas ao agronegócio
23
Valor futuro (VF)
É o valor que determinado capital valerá em um período esperado sob determinada taxa de 
juros, que também pode ser chamado de VF. O valor futuro é exatamente a aplicação dos juros 
compostos sobre um investimento, com taxa de juros e período determinado. Ou seja, utilizando 
o exemplo anterior, o VF para R$ 1.000,00 em seis meses a 1% ao mês é igual a R$ 1.061,52.
VF = p X (1 + i) t >> VF = R$ 1.061,52
Em que:
VF = valor futuro
P = principal = R$ 1.000,00j = taxa de juros no período = 1% = 0,01
t = período = 6 meses
Valor presente ou valor atual (VP)
É o valor que determinado capital, para ser recebido em data futura, valeria hoje, também 
chamado de VP. Em outras palavras, é quando precisa investir agora para chegar em certo 
valor. Ele segue o mesmo princípio dos juros compostos, funcionando do fim para o começo. 
Assim, utilizando o exemplo anterior, o VP para R$ 1.061,52 em seis meses a 1 % ao mês é 
igual a R$ 1.000,00. 
VP = p / (1 + i) t → VP = R$ 1.000,00
Em que:
VP = valor presente ou valor atual
p = principal = R$ 1.061,52
j = taxa de juros no período = 1% = 0,01
t = período = 6 meses
'
Dica
Para facilitar o cálculo dos juros compostos, valor futuro e valor presente, você 
pode utilizar uma calculadora financeira ou softwares de planilhas eletrônicas 
como o Excel. Para o gestor do agronegócio o ideal é ter o mínimo domínio sobre 
planilha, pois ela servirá para um grande número de cálculos e organização dos 
diversos números que envolvem o empreendimento agropecuário. Revise as 
unidades de Informática Básica e Matemática Financeira, caso necessário.
Curso Técnico em Agronegócio
24
Para entender melhor a dinâmica dos valores presente e futuro, veja o esquema a seguir.
R$ 1.000,00 R$ 1.061,52
Va
lo
r 
Pr
es
en
te
Valor descontado
Valor composto
Va
lo
r 
Fu
tu
ro
Primeiro
mês
R$ 1.010,00 R$ 1.020,10 R$ 1.030,30 R$ 1.040,60 R$ 1.051,00
Segundo
mês
Terceiro
mês
Quarto
mês
Quinto
mês
Sexto
mês
 Valor descontado
No cálculo do VP, costuma-se chamar a taxa de juros a ser aplicada como taxa de desconto, 
passando a nomear o valor encontrado após a aplicação da fórmula como valor descontado. 
No cálculo do VF, a taxa de juros a ser aplicada pode ser chamada de taxa de composição, 
que após a aplicação da fórmula recebe a nomenclatura de valor composto.
A plena compreensão do valor do dinheiro no tempo, seja para levar valores para o futuro 
(VF) ou trazer valores do futuro para o presente (VP), será fundamental para as mais diversas 
análises de rentabilidades que o empreendimento no agronegócio possa disponibilizar, no 
sentido de facilitar a tomada de decisões.
Nas avaliações financeiras relacionadas aos VF e VP, assim como o cálculo de juros composto 
sobre determinado capital, não serão contabilizados os valores da inflação da moeda, 
somente a taxa de juros deverá ser avaliada. Valores inflacionários têm baixa previsibilidade 
em seus reais níveis e acontecem sempre para o futuro. Em previsões orçamentárias, existe 
a possibilidade de estabelecimento de valores alocados como reserva para suprir possíveis 
necessidades de aumento de capital de giro provocado por problemas inflacionários.
4. Risco e retorno
Em princípio, todas as resoluções financeiras acontecem em condições de incerteza, visto 
que são decisões tomadas hoje, mas que dizem respeito a eventos que ocorrerão no futuro. 
Por isso, é necessário que o gestor financeiro do agronegócio tenha alguma noção do risco e 
retorno (GITMAN, 2010). 
Finanças aplicadas ao agronegócio
25
Risco pode ser definido como a chance de perda financeira, 
decorrente de problemas de várias ordens em um empreendimento. 
O retorno obtido em uma atividade deverá ser sempre mensurado 
em porcentual, tendo como base o capital investido. Retorno não 
deve ser mensurado de forma monetária.
Os retornos obtidos no passado, sejam eles positivos ou negativos, não deverão servir como 
parâmetro de garantia que serão repetidos. Novos ciclos em novos momentos econômicos 
podem reverter o quadro de resultados financeiros das atividades no agronegócio. Cada tipo 
de negócio pode apresentar um risco diferente, de acordo com sua natureza. 
Em geral, quando o país está com a economia em bom nível de estabilidade, adquirir papéis 
dos governos, como letra do tesouro nacional ou similares, deverá representar a menor 
possibilidade de exposição ao risco de um capital. Quando bem conduzido, o rendimento do 
capital empregado poderá acompanhar a taxa Selic, que é a taxa de juros da economia. Existe 
ainda a caderneta de poupança, que apresenta garantias governamentais até determinado 
teto, sendo considerada de baixo risco, fácil operação e com rendimento financeiro que nem 
sempre supera os índices inflacionários, como é o caso da poupança brasileira. 
Por outro lado, há também a possibilidade de investir no chamado mercado de capitais ou 
bolsa de valores, que normalmente apresentam grande exposição ao risco, mas, no entanto, 
podem gerar altíssima rentabilidade para o capital. De alguma forma, o risco poderá estar 
ligado ao retorno. A princípio, atividades de maiores riscos deverão proporcionar maiores 
retornos ou devido ao maior risco, maior prejuízo.
Fonte: Shutterstock.
Curso Técnico em Agronegócio
26
O mercado financeiro e suas possibilidades de investimentos devem sempre ser utilizados 
como referência ao gestor do agronegócio para avaliar as rentabilidades alcançadas nos 
empreendimentos ou para comparar a rentabilidade prometida em novos projetos dentro do 
agronegócio.
Pensando nos riscos, inicialmente, existem três distintos para o agronegócio. O primeiro 
deles é o financeiro, que poderá acontecer de várias formas, como a falta de recurso para 
dar continuidade a determinado projeto para compra de parte dos insumos, equipamentos, 
pagamentos diversos etc. O risco financeiro também poderá ocorrer pela não obtenção de 
crédito rural para atendimento do projeto pretendido, seja por não cumprimento de ordem 
documental por parte do empreendedor ou até por falta de recursos financeiros junto ao 
banco para o crédito rural. Portanto, é crucial ter a fonte de financiamento bem resolvida, 
independentemente de ela ser bancária, originada de aporte de capital próprio ou de 
investidores. Esse tipo risco deve ser sempre administrado para não existir.
O
Informação extra
Para o risco de quebra de safra ou outros tipos de problemas relacionados à 
produção financiada pelo crédito rural, nas situações de sinistros1 previstas pelo 
Banco Central do Brasil (Bacen) existe a possibilidade, em determinados casos, 
da contratação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro, 
seguro agrícola com modalidade específica, que tem a finalidade de segurar a 
dívida junto ao agente financeiro. Você verá esse assunto quando tratarmos de 
crédito rural.
O segundo risco seria o chamado risco técnico. Ele envolve todas as possibilidades como 
fenômenos da natureza (chuva, seca, calor, frio etc.) ou está diretamente ligado ao processo 
produtivo, como doenças, pragas, manejos inadequados, uso de técnicas duvidosas, uso de 
tecnologia com despesas superiores às possibilidades de retorno, etc. Produtores experientes 
e com bom assessoramento técnico conseguem manter boa parte desses riscos sob controle. 
O terceiro tipo seria o risco de preço, ou seja, se, no momento da comercialização da produção, 
os preços praticados no mercado não atingirem os valores remuneradores pode ser que o 
produtor não supere as despesas do desenvolvimento da atividade. Esse é um risco real e que 
apresenta dificuldades operacionais para se ter melhor domínio. Para determinados produtos 
existe a possibilidade da utilização do chamado “mercado futuro”, ferramenta operada pela bolsa 
de valores que realiza o “travamento” de preços de certos produtos. Você verá esse assunto em 
detalhes no Tema 3: Financiamentos e outras operações financeiras no agronegócio.
1. Sinistro: no caso, quebra parcial ou total da safra financiada.
Finanças aplicadas ao agronegócio
27
c
Leitura complementar
Quer saber mais sobre o valor do dinheiro no tempo e como isso afeta o 
agronegócio? Na biblioteca do AVA, você encontra os seguintes textos: 
• “O valor do dinheiro no tempo”; 
• “Custos de produção, expectativas de retorno e risco na cultura da uva”; 
• “Gestão de riscos do agronegócio no contexto cooperativista”; 
• “Escala hierárquica de risco das atividades agrícolas e pecuárias”.
Além do mercadofuturo, há outras possibilidades para amenizar o risco de preço. Uma delas é 
a venda antecipada junto às agroindústrias ou processadores. É possível ainda o fornecimento 
de determinados insumos por parte desses compradores, que passariam a ser chamados de 
parceiros. Assim, eles auxiliam os produtores e garantem o fornecimento de matéria-prima 
para suas empresas, sejam elas transformadoras ou não. 
As negociações que visam garantir matérias-primas para os processadores, junto aos 
produtores, são baseadas em títulos do agronegócio operados pelos agentes financeiros e 
registrados juntos a BM&Bovespa, assunto que você verá mais adiante. 
Essas negociações, fora do mercado de títulos do agronegócio, que envolvem a chamada 
“fidelização” na venda da produção via fornecimento de insumos, necessitam de bom estudo 
sobre as relações de finanças envolvidas em todo o negócio. É preciso conhecer bem as 
relações de troca entre valor de insumo e valor de produto e as produtividades mínimas e 
seguras que poderão ser alcançadas para, então, fazer frente ao valor do dinheiro no tempo, 
trazendo sobra financeira ao produtor em níveis satisfatórios, possibilitando o retorno para a 
atividade em um próximo ciclo produtivo.
Outra forma de amenizar o risco de preço é a diversificação de atividades. Essa estratégia 
se baseia na possibilidade de que uma atividade pode não apresentar preços satisfatórios 
em relação à outra, ou outras atividades podem amenizar os investimentos que não tiveram 
retorno satisfatório. Essa alternativa, contudo, não é muito fácil de ser aplicada, pois requer 
mais capital e organização, já que o desenvolvimento de atividades concomitantes necessita 
de atendimento a todas as suas necessidades, além de bom nível de especialização no sentido 
de obtenção de produtividades superiores às médias em todas as atividades desenvolvidas 
em paralelo. 
Com base no que já viu até aqui, podemos concluir que existem diferentes situações 
dependendo do nível de risco e de retorno. Um empreendimento com risco baixo e retorno 
alto é altamente atraente, enquanto que riscos altos e um retorno baixo devem ser evitados. 
Curso Técnico em Agronegócio
28
 
Baixo
Altamente
atraente
Ba
ix
oR
ET
O
RN
O
RISCO
Médio
M
éd
io
Alto
Al
to
Evitar a
todo custo
Os gestores de sistemas de produção em agronegócios devem, de forma constante, trabalhar 
mecanismos e ferramentas, que visem amenizar os vários tipos de riscos da atividade. Uma 
boa ferramenta de gestão é o estudo e montagem de orçamentos.
5. Orçamentos
Orçamento é um plano financeiro estratégico que compreende a previsão de receitas e 
despesas futuras na administração de determinado exercício ou período de tempo. Mesmo 
que rotineiras, as operações de um sistema de produção no agronegócio devem ser 
precedidas de um orçamento, ou seja, da montagem de uma planilha estipulando as ações, 
os insumos e os valores que serão necessários para o desenvolvimento da atividade. Com 
base no orçamento, o gestor poderá viabilizar as fontes de financiamento para a realização 
das rotinas operacionais ou de um novo projeto. 
 
Fonte: Shutterstock.
Finanças aplicadas ao agronegócio
29
No conceito de fluxo de caixa, você viu que a saída de dinheiro ou o uso de dinheiro para 
pagamentos de construções, aquisições de máquinas e equipamentos, insumos de produção, 
mão de obra etc. tem que ter uma origem. Essa origem é chamada de fonte de financiamento. 
As fontes de financiamento podem ser empréstimos bancários, reaplicação dos saldos 
obtidos pelo empreendimento ou nova injeção de capital próprio, o chamado aporte de 
capital. É importante demonstrar na planilha de orçamento a origem do dinheiro para realizar 
cada atividade programada. 
Antes de elaborar um orçamento, você precisa definir quais atividades serão desenvolvidas. 
Elas podem ser voltadas para um novo projeto ou para continuidade de projetos em andamento 
(ampliações ou retrações, redirecionamento operacional etc.).
Os planos orçamentários podem apresentar diversas possibilidades, considerando as 
peculiaridades do tipo de agronegócio que está sendo desenvolvido, podendo incluir ainda 
determinados fatores exclusivos da região ou mesmo da propriedade em que o empreendimento 
está sendo desenvolvido. Por isso, os orçamentos também devem ser precedidos pelos 
projetos desenvolvidos pela área técnica, já que a maior parte da necessidade de dinheiro 
deverá ter sido planejada pela área, por exemplo: os assuntos ligados a construções e/ou a 
aquisições novas, à definição das exigências técnicas do sistema de produção, às quantidades 
de insumos necessárias de acordo com as projeções realizadas pelo setor técnico etc. O 
importante é que seja feita uma previsão das necessidades e despesas com a maior fidelidade 
possível, a fim de diminuir possíveis impactos de riscos.
d
Comentário do autor
Empresas de maior porte podem ter um setor exclusivamente para definições 
técnicas. No entanto, essa não é a realidade da maioria dos empreendimentos 
no agronegócio. Nesse caso, é indicado que o gestor procure uma 
consultoria técnica para tomar decisões mais seguras, procurando diminuir 
riscos e incertezas. Pode-se contar com empresas particulares, entidades 
governamentais (municipal, estadual e federal), setores técnicos de cooperativas 
e sindicatos da categoria, assim como técnicos autônomos que realizam estudos 
técnicos prévios para embasar os orçamentos no agronegócio.
Com base no que você já viu até aqui, podemos dizer, em linhas gerais, que antes de elaborar 
um orçamento o gestor deve definir:
• As fontes de financiamento – de onde virá o dinheiro?
• As atividades a serem desenvolvidas – o que produzir e como?
• As particularidades técnicas da atividade – do que a atividade necessita? 
O plano orçamentário é uma importante ferramenta de gestão 
do empreendimento no agronegócio, tanto na pequena quanto 
na grande iniciativa. Com ele, o gestor pode diminuir a exposição 
a riscos.
Curso Técnico em Agronegócio
30
A confecção de orçamento poderá ter estrutura bem simples, listando os objetivos de 
despesas e seus valores. Esse mesmo orçamento poderá ganhar mais informações ao 
estabelecer o momento de utilização dessas despesas, podendo ser distribuídos ao longo do 
ano. Poderá citar também fontes e necessidades de recursos de financiamentos, assim como 
a programação de receitas, passando a ganhar o formato de um plano orçamentário anual. 
Confira um exemplo, a seguir.
Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada
Atividades/Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul
Manutenção de pastagens - - - - - - -
Concentrados 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000
Adubo químico - - - - - - -
Calcário - - - - - - 8.000
Mão de obra + impostos sociais 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500 14.500
Total mês/anual 25.500 25.500 25.500 25.500 25.500 25.500 33.500
Atividades/Meses Ago Set Out Nov Dez Total/item
Manutenção de pastagens - 19.000 19.000 19.000 - 57.000
Concentrados 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000 121.000
Adubo químico 14.500 - - - - 14.500
Calcário - - - - - 8.000
Mão de obra + impostos sociais 14.500 14.500 14.500 14.500 29.000 159.500
Total mês/anual 40.000 44.500 44.500 44.500 40.000 360.000
Com essa estrutura, o gestor das finanças do empreendimento consegue ter uma visão geral 
do sistema de produção em relação às necessidades de capitais e às suas fontes, buscando 
minimizar algumas das possibilidades de risco.
A partir desse orçamento simples, é possível fazer o acompanhamento do que foi programado 
e realizado. Você pode colocar um valor em porcentagem nas etapas já cumpridas e a cumprir. 
Com essa estrutura e outras informações que considerar importante, o orçamento ganhará a 
forma de um cronograma orçamentário. 
Quando realizado em planilhas eletrônicas, tipo Excel ou similar, o cronograma orçamentário 
se torna uma importante ferramenta de gestão, facilitando simulações de preços e despesas, 
acertos de rumos (aumento da exigência decapital) e tudo mais que poderá variar ao longo 
do ciclo produtivo. Ao estabelecer os prazos de utilização de insumos, facilita-se a melhor 
administração dos estoques e seus custos, evitando o aumento de despesas devido à 
possibilidade de ociosidade de matéria-prima.
Finanças aplicadas ao agronegócio
31
Fonte: Shutterstock
Uma planilha bem detalhada consegue determinar o orçamento de 1 ha, de qualquer que 
seja a cultura a ser implantada. A partir dessa base, multiplica-se o valor pela área total a 
ser plantada. Todavia, é preciso considerar que o valor para cada 1 ha poderá variar dentro 
da mesma propriedade, já que existem mudanças no tipo de solo, topografia e até mesmo 
distâncias, influenciando na logística interna. Esta deverá ser a base não só para fazer as 
aquisições ou programações de aquisições de insumos junto aos fornecedores, como também 
para estabelecer os volumes das necessidades operacionais durante o desenvolvimento da 
cultura, assim como nas fases de colheita e comercialização. 
c
Leitura complementar
Para saber mais sobre orçamento, acesse a biblioteca do AVA e confira os seguintes 
textos: 
• “A utilização do orçamento como ferramenta de apoio a decisão”; 
• “Estratégias de gestão: orçamento no agronegócio”; 
• “Uma contribuição à melhoria do processo orçamentário”.
Uma das grandes vantagens dos orçamentos é que eles auxiliam nas negociações junto aos 
fornecedores. Por exemplo, pode-se negociar os volumes a serem utilizados, os prazos de 
entrega (que a princípio deverão estar próximos a utilização), a logística do frete (que poderá 
considerar o local de entrega e a fonte original que são as fábricas) e assim por diante. O 
objetivo é a constante busca da redução de despesas sem deixar de atender as necessidades 
operacionais do sistema de produção. 
Curso Técnico em Agronegócio
32
Os valores, os volumes e os prazos estabelecidos nos orçamentos 
deverão ter flexibilidade para atenuar as possíveis ocorrências 
de fatos inesperados, sempre no sentido de também tentar 
administrar os riscos.
Os orçamentos em pecuária também devem ser desenvolvidos como ferramenta de gestão. 
Apesar de se tratar de um processo contínuo de produção, as necessidades de reposições 
ou reformas sempre existirão. Nesse caso, o objetivo é a manutenção em níveis satisfatórios 
do sistema de produção. Maiores taxas de ocupação por animais (UA/ha) visam ao ganho 
em escala – mais animais pastando na mesma área ajudam a diminuir custos operacionais. 
Para tanto, um programa de manutenção de pastagens com sua devida orçamentação deverá 
servir de base para tomada de decisão.
UA
Unidade animal, representada por 450 kg de peso vivo.
 
Fonte: Shutterstock.
Reforma e manutenção de pastagens representam significativas inversões financeiras para os 
pecuaristas. Normalmente, devem ser feitas em etapas e nos momentos do ano em que os 
aspectos climáticos sejam favoráveis. Sem calor e chuva o desenvolvimento das pastagens pode 
apresentar complicações na produção de forragem. Os orçamentos destinados à reforma e à 
manutenção deverão ter forte base técnica. Análises de solos, tipos de forrageiras existentes e 
suas exigências nutricionais para atendimento de determinada carga animal (UA/ha) projetada 
demandam especificidades que terão forte influência nos valores dos orçamentos. Observe a 
seguir um exemplo de plano orçamentário anual para pecuária.
Finanças aplicadas ao agronegócio
33
Exemplo de plano orçamentário anual – Fazenda Alvorada (Pecuária)
MESES JANEIRO FEVEREIRO JANEIRO FEVEREIRO
Atividades Volumes Orçado Realizado Orçado Orçado Orçado Realizado Orçado Realizado
Manutenção 
pastagens 45 ha 19.000 19.000
Concentrados 132 t 11.000 11.000 11.000 11.000 11.000
Adubo químico 7 t
Calcário 53 t
Mão de obra + 
imp. sociais
7 func. 14.500 14.500 14.500 29.000 14.500
Total mês/
anual
25.500 25.500 44.500 59.000 25.500
RECEIRA PROJETADA
Tourinhos 60 cab 80.000 70.000
Novilhas 104 cab 60.000 60.000 60.000
Total receita 
mês/anual
80.000 130.000 60.000 60.000
TOTAL ITEM
Atividades Orçado Realizado
Manutenção pastagens 57.000
Concentrados 121.000
Adubo químico 14.500
Calcário 8.000
Mão de obra + imp. sociais 159.500
Total mês/anual 341.000
RECEIRA PROJETADA
Tourinhos 150.000
Novilhas 250.000
Total receita mês/anual 400.000
 
Os orçamentos destinados às pastagens servem para projetar a relação custo-benefício diante 
dos tempos e pesos esperados aos bovinos no momento da comercialização, com base na 
carga animal planejada. Riscos maiores poderão ocorrer devido ao fator preço, pois no caso 
da arroba do boi gordo há a possibilidade de se negociar os chamados contratos futuros, com 
"travamento" de parte dos preços esperados no momento da comercialização dos animais, 
objetivando amenizar o risco preço do empreendimento pecuário.
Travemaneto de preço
Operação denominada de contrato futuro realizada pela BM&FBovespa, com a finalidade de “travar” 
determinado preço na época de comercialização dos produtos, no caso, bovinos de corte.
Curso Técnico em Agronegócio
34
Os orçamentos também são importantes para os pecuaristas leiteiros, já que a 
operacionalização dos sistemas de produção exige a constante aquisição de ração 
concentrada, além de outros insumos correntes na atividade. Poderá exigir, ainda, o 
preparo de alimentação para ensilagem ou outro tipo de conservação, como fenação. 
A alimentação do bovino leiteiro representa a maior parte dos custos de produção, pois, 
envolvendo ou não a utilização de pastagens, é certo que haverá alimentação suplementar. 
Portanto, é preciso capital de forma pontual no preparo dos alimentos forrageiros para 
conservação e de forma corrente nas constantes aquisições de rações concentradas, minerais, 
medicamentos, suplementos operativos de apoio ao fluxo de ordenha e pagamento de mão 
de obra e suas obrigações sociais. 
 
Fonte: Shutterstock.
A receita gerada pela atividade leiteira normalmente é obtida mensalmente, aliviando 
as pressões sobre o caixa do empreendimento. No entanto, negociações antecipadas 
de determinados insumos para entrega futura poderão criar um diferencial nos preços. 
Por isso, indica-se a confecção do plano orçamentário anual da atividade leiteira, a fim de 
facilitar ao gestor do empreendimento a visualização de volumes necessários que poderão 
vir a ser financiados por operações de crédito rural. Ao gestor caberá analisar as taxas de 
juros, as carências e os prazos para o pagamento desses empréstimos, quando deverão 
ser confrontados com as vantagens que possam existir de uma negociação antecipada com 
fornecedores. 
Seja na pecuária ou agricultura, as compras antecipadas com base 
nos planos orçamentários devem exigir bom nível de precisão nas 
projeções dos volumes dos insumos a serem utilizados. Excessos 
criarão a chamada ociosidade dos estoques e pesados custos 
financeiros.
Finanças aplicadas ao agronegócio
35
O não atendimento das necessidades deverá criar problemas de continuidade, podendo 
elevar os custos de produção devido a novas bases de preço das mesmas aquisições por 
causa de volumes menores e da possível incidência de fretes com valores desproporcionais. 
Para fechar esse subtópico sobre orçamento, confira a seguir um exemplo de planilha 
orçamentária.
Orçamento 
de caixa
MARÇO
1 2 3 4 5 6 ... 26 27 28 29 30 31 Total do mês
Entradas
Arrendamento
Cereais/Arroz
Suinocultura
Prestação de serviços
Empréstimos bancários
1. Total de entradas
 
Entradas
Fornecedores em atraso
Fornecedores
Cheques pré-datados
SICREDI (empréstimos 
futuros)
A802248047 VENC 
30/03/2016
A802366600 VENC 
30/03/2016
Custeio Banco do Brasil
Empréstimo longo prazo
Investimentos/Máquinas
Impostos parcelados
Despesas com pessoal
Encargos sociais
Mão de obra temporária
Fretes/Serv. de transporte
Óleo diesel
 
Combustíveis e 
lubrificantes
Consertos de veículos e 
máquinas
Alimentação
Energia elétrica
Outros
SegurançaDedetizações
Curso Técnico em Agronegócio
36
Equipamentos e acessórios
Material de limpeza
Plano de saúde
Impostos atrasados/parcel.
Telefone/Internet
Celulares
Aluguéis
Cartórios
Honorários contábeis
Material de escritório
Empréstimo consignado
Consórcios
Correção monetária e 
juros contr.
Despesas bancárias
IOF
2. Total de saídas
3 - Diferença do período (1-2)
4 - Saldo inicial de caixa 
5 - Saldo final de caixa (3-4)
O
Informação extra
No caso de compra antecipada, é preciso atentar para a logística, principalmente, 
no caso de rações concentradas. Esses alimentos são fortes atrativos de 
ratos e algumas outras pragas que acabam por contaminar os alimentos 
e, consequentemente, os animais do sistema de produção. A possibilidade 
da transmissão de leptospirose por roedores é comum em armazéns sem 
o devido preparo para receber grandes quantidades de matéria-prima ou 
ração concentrada. Vale o alerta, pois essa doença poderá exigir a extinção do 
rebanho. O melhor será o estabelecimento de armazéns adequados e, quando 
for possível, a negociação de entrega parcelada.
Tópico 2: Estrutura do capital no agronegócio
O gestor do agronegócio deverá ter informação bem estruturada de como se apresenta a 
distribuição do capital no agronegócio. A visão não é muito diferente de qualquer outra 
atividade econômica, mas, sem dúvida, por envolver questões fortemente relacionadas às 
forças da natureza, vale a pena buscar novos olhares sobre esse assunto.
Capital
Lembre-se de que, quando falamos de capital, estamos falando da soma de todo dinheiro 
(em todas suas formas) utilizado no empreendimento – o ativo.
Finanças aplicadas ao agronegócio
37
O capital ou dinheiro no agronegócio sempre tomará alguma forma operativa. Para entender 
melhor, vamos fazer uma analogia com a água, que pode estar em qualquer um de seus estados 
físicos (sólido, líquido ou gasoso), mas será sempre água. Independentemente do seu estado 
físico (ou tipo de capital), cabe ao gestor no agronegócio trabalhar para que entre mais água 
(dinheiro) no sistema e que os vazamentos (pagamentos etc.) que deverão acontecer sejam 
menores do que as entradas. A boa gestão do capital no sistema de produção é que deverá 
determinar as diferenças entre as entradas e as saídas financeiras, criando rentabilidade ao 
empreendimento.
Capital
OPERAÇÃO
LUCRATIVA
$$
$
Capital
OPERAÇÃO
EM PREJUÍZO
$$
$
Capital
OPERAÇÃO
SEM LUCRO
$
$
O capital no sistema de produção do agronegócio deverá estar distribuído basicamente 
em duas formas: capital imobilizado e capital de giro. O capital imobilizado poderá estar 
difundido em outras duas formas: capital imobilizado fixo e capital imobilizado em semifixos.
Capital imobilizado fixo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizado para 
comprar terras, construir currais, galpões de produção, 
cercas, sistema de drenagem, saleiros, estradas, as chamadas 
benfeitorias fixas. Algumas pessoas consideram as pastagens 
como investimentos fixos e outras como semifixos, aqui 
trataremos como capital imobilizado fixo.
Capital imobilizado 
semifixo
A quantidade de dinheiro que foi disponibilizada para 
aquisição de equipamentos e máquinas, como tratores, 
colheitadeiras, beneficiadores, arados, grades, ordenhadeiras, 
ensiladeiras, picadeiras etc. Os animais do sistema de 
produção, no caso de matrizes e reprodutores, também são 
denominados de imobilizado semifixo. Animais de engorda 
não são considerados investimentos semifixos, apesar de 
serem um imobilizado semifixo.
Curso Técnico em Agronegócio
38
Capital de giro
A quantidade de dinheiro que estaria em constante 
transformação. Como papel moeda (dinheiro propriamente 
dito), parte desse dinheiro é transformada em insumos de 
produção (calcário, adubo, defensivos, insumos para ração, 
medicamentos etc.) e outra parte em serviços como mão de 
obra e outros possíveis compromissos voltados ao sistema 
de produção. Em seguida, o capital de giro vira produto (grão, 
carne, leite etc.), e, no agronegócio, cada tipo de atividade 
tem ciclo de produção diferente: pecuária leiteira e avicultura 
de postura em produção diária; pecuária de corte em ciclo 
anual ou conforme programação; pequenos animais (aves 
e suínos) e olericultura conforme programação; grãos e 
agricultura perene em safras. O último momento é quando 
esses produtos voltam a ser papel moeda, que, no caso, seria 
o resultado da comercialização da produção, dando início a 
um novo ciclo de capital de giro.
O QUE É CAPITAL DE GIRO?
Dinheiro
Matéria-
prima
Produto
acabado
Contas a
receber
A forma em que está distribuído o capital no agronegócio é fundamental para as diversas 
tomadas de decisões sobre a condução do empreendimento, assim como as decisões sobre 
incrementos ou a adoção de novos projetos. As decisões de como imobilizar capital, seja ele de 
giro ou fixo, deverão ser o passo inicial para o sucesso da atividade, esteja ela em andamento 
ou um novo projeto.
1. O capital imobilizado fixo ou de longo prazo
O ponto central do agronegócio, quando falamos de capitais imobilizados, é a questão da 
terra. Comprar ou arrendar? A terra tem duas visões bem claras: seu valor imobiliário ou o 
seu valor como base produtiva para a agropecuária. Ela, normalmente, tem preço alto em 
qualquer parte do mundo. Esses preços poderão ser ditados pelo que existe ao redor ou 
por sua capacidade de produzir no agronegócio. Os dois fatos podem, de forma conjunta ou 
separada, influenciar o valor.
Finanças aplicadas ao agronegócio
39
Arrendamento
Operação por meio da qual um fator de produção (como a terra) é cedido pelo seu proprietário 
para que outro o explore durante um período de tempo definido e mediante determinada 
remuneração.
Por exemplo, se uma região é forte produtora de grãos devido às condições naturais 
favoráveis, a facilitação criada estabelece vantagem competitiva para a atividade principal 
e, como consequência, a valorização da terra. Nesse mesmo caso, poderiam ser incluídos os 
mais diversos tipos de pecuárias como tipos de agriculturas.
Vantagem competitiva
Pode ser entendida como uma vantagem que uma empresa ou um empreendimento tem em 
relação aos seus concorrentes.
Legenda: Qual é o valor da terra? 
Fonte: Shutterstock.
Muito dinheiro imobilizado em terras poderá inviabilizar o empreendimento. Esta afirmativa 
poderá ser verdade ou não, dependendo de como o gestor do agronegócio vai estabelecer o 
valor da terra em seu custo de produção. 
Entre variadas visões sobre o custo da terra em um sistema de produção, podemos considerar 
que a terra é um bem valioso, que por si só representa grande reserva de valor. Quanto 
mais favorável for, mais condições de valorização terá, seja por questões imobiliárias ou por 
questões direcionadas às qualidades produtivas – a liquidez e o valor comercial no momento 
da venda serão maiores. 
A mesma linha de pensamento poderá ser utilizada para terras sem qualidades imobiliárias e/
ou produtivas. Elas têm menor liquidez e menor valor comercial no momento da venda, como 
Curso Técnico em Agronegócio
40
deve ter sido no momento da compra. Portanto, imobilizar capital em terras de baixa aptidão 
eleva os custos de produção. O contrário também deverá ser verdade, ou seja, imobilizar 
capital em terras de ótima aptidão deverá baixar os custos de produção. Mais adiante, vamos 
estabelecer como usar o valor da terra para avaliar o custo de produção.
O arrendamento de terras é um tipo de solução competitiva, pois evita a imobilização de 
capital em terras, porém cria despesa obrigatória de aluguel. Nesse caso, não existe a criação 
de reserva de valor em terras e não é possível fazer uma capitalização significativa com a 
venda delas, caso paralisem as atividades.
c
Leitura complementar
Aprofunde seus conhecimentos sobre estrutura de capitais. Na biblioteca do AVA, 
você encontra os seguintes textos: 
• “Determinantes da estrutura de capital das maiores corporações brasileiras no 
agronegócio”;• “Fatores determinantes da estrutura de capital no agronegócio - o caso das 
empresas brasileiras”; 
• “Como decidem os executivos financeiros sobre estrutura de capital em 
cooperativas agropecuárias”.
As imobilizações financeiras em investimentos fixos, como instalações voltadas para o sistema 
de produção e demais benfeitorias, devem merecer atenção especial, já que o gestor estará 
transformando dinheiro em bens sem liquidez. As instalações que não cumprirem o seu 
melhor papel no sistema de produção se tornarão os chamados "capitais irrecuperáveis" – 
dinheiro jogado no lixo. Esses itens aparecem no custo de produção, devido às depreciações 
exigidas para formação desse custo, sem gerar qualquer tipo de resultados ou receitas.
Portanto, os projetos de instalações devem ser feitos por profissionais que realmente 
conheçam a atividade fim, que consigam atender as necessidades reais de interação entre o 
uso de instalações e a atividade de produção, seja ela animal ou vegetal. É muito comum, ainda, 
a repetição ou a cópia de instalações que já existem, sem avaliar a sua real funcionalidade 
produtiva e operacional.
Os valores utilizados em benfeitorias normalmente são significativos, 
visto que necessitam de manutenção para seu pleno funcionamento. 
Por isso, os valores devem ser depreciados ao longo dos anos, pesando 
nos custos de produção.
2. O capital imobilizado semifixo ou de médio prazo
A imobilização de capital em equipamentos também deve ser muito bem analisada pelo 
gestor. Determinados equipamentos com uso pontual poderão ser alugados, evitando 
imobilização de capitais e demais custos de operação e manutenção. Para isso, recomenda-
se fazer estudos sobre o tempo de uso de certos equipamentos em horas durante o ano, 
verificando a disponibilidade de alugá-los na região. Essa opção não é tão fácil para o gestor 
Finanças aplicadas ao agronegócio
41
do agronegócio em regiões onde a atividade fim não esteja disseminada. Mas deverá ser 
sempre objeto de estudo, inclusive, caso decida pela compra, pois é possível disponibilizar o 
equipamento para aluguel a terceiros.
 
Legenda: Alugar ou comprar? Equipamentos com pouco uso podem ser alugados. 
Fonte: Shutterstock
A organização de produtores em cooperativas sempre deverá ser bem vista, pois abre a 
possibilidade da criação de patrulhas mecanizadas de uso comum, sistemas de armazenagem 
de grãos compartilhados e outras possibilidades que possam ser organizadas em grupos. A 
cooperativa é sempre uma boa opção de redução de custos, desde que sob gestão competente 
e honesta.
Determinadas atividades no agronegócio apresentam imobilizações significativas em 
equipamentos e com pouco uso diário, como é o caso das salas de ordenha mecanizadas. 
Como costumam ser utilizadas apenas em dois momentos do dia, sob o ponto de vista da 
logística interna, há grande ociosidade, carregando os custos de produção e sem grandes 
possibilidades de resolução desse gargalo, pois elas são fundamentais na atividade leiteira. 
Os animais que compõem os sistemas de produções, como plantéis de matrizes e 
reprodutores, também devem ser localizados como investimentos semifixos. Portanto, 
precisam ter seus respectivos valores de mercado depreciados para fins de composição 
do custo de produção da atividade. Entre esses animais estão: reprodutores e matrizes 
bovinas, bubalinas, suínas, caprinas, ovinas, matrizes de aves de corte, aves de postura, 
codornas de postura e todas as demais espécies que vierem a compor o plantel reprodutivo 
de um sistema de produção.
3. Capital de giro ou capital de curto prazo
O capital de giro no agronegócio é composto pela disponibilidade financeira líquida (dinheiro 
em mãos ou bancos), estoque de insumos e produtos acabados. Recebem esse nome devido à 
rotatividade dentro do empreendimento e devem merecer total atenção, pois a má administração 
do capital de giro do empreendimento poderá levar à deficiência de caixa (dinheiro). 
Curso Técnico em Agronegócio
42
Os prazos descasados entre recebimento e pagamentos, os prazos de 
recebimentos sem considerar do valor do dinheiro no tempo, a não 
consideração do custo do capital próprio ou de terceiros nas negocia-
ções de compra e venda, os preços não remuneradores em relação 
ao custo de produção, entre outros são fatores que levam o negócio 
agropecuário a se tornar insustentáveis pelo aspecto financeiro.
Mesmo com eficiência técnica no sistema de produção, negociações que desrespeitem a 
relação custo de produção x preço do produto e/ou o valor do dinheiro no tempo tendem a 
reduzir a disponibilidade de capital de giro para o empreendimento. Esses seriam os chamados 
vazamentos financeiros comentados anteriormente, levando à deficiência operacional com 
diminuição do tamanho produtivo, já que houve transferência ou perda de capital de giro 
para terceiros.
A busca de soluções para recompor o capital de giro com capitais de terceiros, como 
empréstimos, deverá passar por novos crivos de análise financeira para ver se a oferta 
financeira e seu custo poderão ser interessantes ao empreendimento.
d
Comentário do autor
Em resumo, o capital fixo tem longo prazo de maturação (ponto ideal para 
utilização), o capital semifixo tem médio prazo de maturação e o capital de giro 
tem maturação em cada um de seus ciclos produtivos. Cada um deles precisa 
de um tratamento diferenciado por parte do gestor do agronegócio, seja na sua 
utilização ou na busca de financiamentos que, conjugados com o capital próprio, 
deverão auxiliar a operacionalidade do sistema de produção.
ESTRUTURA DE CAPITAL
Capital fixo
Capital semifixo
Capital de giro
SISTEMA
DE PRODUÇÃO
FONTE
DE CAPITAL
Empréstimo longo prazo
Empréstimo curto prazo
Capital próprio
Mais à frente, deixaremos de denominar o tipo de organização dos capitais empregados ao 
empreendimento no agronegócio como investimento fixo, investimento semifixo e capital de 
giro, passando a chamá-los de ativo do empreendimento ou empresa. Da mesma forma, o que 
neste tema estamos chamando de “fonte de capital” como capital próprio e capital de terceiros 
(financiamentos de longo e curto prazo), passaremos a denominar de passivo do empreendimento 
ou empresa, onde deverão ser agregadas outras formas de caracterização de fonte de capital. A 
Finanças aplicadas ao agronegócio
43
relação entre ativo e passivo, que deverá ser de igualdade em termos de valores monetários, 
será chamado de balanço patrimonial do empreendimento ou da empresa.
4. Fluxo de caixa
O fluxo de caixa é um demonstrativo financeiro que permite visualizar as receitas e as despesas 
do que já aconteceu ou as previstas em um novo projeto, permitindo a análise financeira e 
os seus desdobramentos. Para que o gestor financeiro no agronegócio conheça a situação 
econômica do empreendimento ou da empresa, será necessária a leitura e a interpretação do 
balanço patrimonial. 
Perceba que muitos dos conceitos que estamos vendo você já conhece de unidades curriculares 
anteriores, como contabilidade rural. A atividade de finanças no agronegócio, realmente, tem 
relacionamento com a contabilidade, no entanto, essas áreas podem, de alguma forma, serem 
operadas separadamente. Enquanto as finanças servem para fazer a gestão do agronegócio, 
a contabilidade deverá atender as necessidades escriturais ou a escrituração contábil do 
empreendimento agropecuário. As duas atividades são complementares e se utilizam das 
mesmas informações básicas. 
Finanças Contabilidade
As finanças têm compromisso primordial 
com o chamado regime de administração do 
caixa, ou seja, o dinheiro que entra e sai, os 
compromissos a pagar e a receber, a gestão 
financeira dos projetos, os orçamentos e as 
suas viabilidades.
A contabilidade está mais comprometida 
com a documentação escritural, os tributos, 
o cumprimento das diversas leis tributárias, 
trabalhistas e ambientais, o relacionamento 
com a fiscalização em todos os níveis 
relacionados à legalidade operacional do 
empreendimentoagropecuário.
No agronegócio de pequeno porte, de alguma forma, o gestor trabalha com maior intensidade 
a parte de finanças e, em algumas situações mais simples, consegue atender algumas 
necessidades da contabilidade. O agronegócio de pequeno porte, de maneira geral, contrata 
escritórios de contabilidade para manter a parte escritural legal do empreendimento sob a 
legislação do momento. Empreendimentos de maior porte costumam estabelecer setores 
de contabilidade. Em alguns casos, setores da área jurídica também se fazem presentes na 
administração desses empreendimentos.
Decisões estratégicas e/ou operacionais devem ser tomadas com base nos pareceres 
dos três setores: financeiro, contábil e jurídico. O objetivo é tomar decisões empresariais 
com mais segurança em relação à disponibilidade financeira e à expectativa de retorno 
dos investimentos, ao atendimento das necessidades tributárias nas esferas municipais, 
estaduais e federais e, por último, aos aspectos legais relacionados aos mais diversos 
campos, com destaque para os aspectos trabalhistas e ambientais.
As finanças no agronegócio devem ter ênfase no fluxo de caixa, uma ferramenta que controla 
a movimentação financeira, as entradas e saídas de dinheiro em um período determinado de 
uma empresa ou negócio. Você também poderá encontrar o termo na língua inglesa cash flow, 
muito usual no meio empresarial. Observe a seguir um exemplo de fluxo de caixa.
Curso Técnico em Agronegócio
44
1º ano 2º ano 3º ano
Entradas
Tourinhos 150.000,00 180.000,00 211.000,00 
Novilhas 260.000,00 295.000,00 336.000,00 
Total - entradas 410.000,00 475.000,00 547.000,00 
Saídas 
Investimentos 
Custeio 360.000,00 385.000,00 425.000,00 
Total - saídas 360.000,00 385.000,00 425.000,00 
Saldo operacional 50.000,00 90.000,00 122.000,00 
Imposto de renda (IR) 7.500,00 13.500,00 18.300,00 
Lucro 42.500,00 76.500,00 103.700,00 
Fonte: Elaborado pelo autor
O exemplo anterior caracteriza o fluxo de caixa em um empreendimento de bovinocultura, 
apresentado de forma bem simples, demonstrando o quadro de “entradas” (as vendas ou 
receitas). Podem ser caracterizados também como entradas os financiamentos, o aporte de 
capital do proprietário ou sócios e qualquer outro tipo de receita ou entrada de dinheiro no 
empreendimento. 
No quadro de “saídas”, estão as saídas de dinheiro do empreendimento para realizar qualquer 
tipo de pagamento, tanto para o custeio da atividade quanto para novos investimentos 
(formação de pastagens, construção de currais, galpões, drenagem etc.). 
'
Dica
Custeio são as despesas necessárias para pagamento de um ciclo da atividade. 
Em culturas de curta duração, o custeio vai do preparo do solo à colheita 
(milho, soja, olerícolas etc.). Em culturas perenes (fruticultura, seringueira etc.) e 
pecuárias (bovinos de corte e de leite, suínos etc.), o custeio deverá representar 
as despesas anuais.
Especificamente no caso da avicultura de corte, o custeio representa todas as despesas do 
ciclo produtivo da atividade, que poderá ser em torno de 42 dias. Na avicultura de postura, 
ele poderá ter um ciclo maior que 12 meses, já que entre o recebimento do pintinho de um 
dia até o descarte da galinha em final de postura transcorrem aproximadamente 16 meses. 
A diferença entre o somatório das “entradas” e o somatório das “saídas” 
ainda não será chamado de lucro, mas sim de “saldo operacional”. So-
mente após o pagamento do imposto sobre a renda anual é que o valor 
resultante poderá ser chamado de lucro. O imposto de renda (IR) se paga 
sobre o saldo operacional, se for negativo não existirá IR.
O valor de IR demonstrado no exemplo é fictício. As alíquotas de IR aplicadas ao agronegócio 
variam pelo tipo de tributação, pelo limite de faturamento bruto anual etc., cabendo ao 
Finanças aplicadas ao agronegócio
45
profissional de contabilidade o melhor enquadramento de apuração do imposto, seja o 
produtor rural pessoa física ou jurídica.
j
Atividade prática
Na biblioteca do AVA, você encontra um arquivo do Excel com um modelo 
de fluxo de caixa. Aproveite para explorar os campos e suas implicações nas 
diferentes planilhas. O nome do arquivo é “Fluxo de caixa em planilha excel.xlsx”.
O fluxo de caixa poderá ser uma poderosa ferramenta, sob o olhar de gestores que procuram 
se aprofundar nas informações subliminares que existem nos números de despesas e receitas 
de um empreendimento rural.
Mais adiante, voltaremos ao fluxo de caixa para fazer a análise financeira de um projeto 
(planejamento de novos investimentos ou inovações nos sistemas de produção que necessitem 
mais dinheiro) e a avaliação financeira de uma atividade ao final de seu ciclo produtivo.
c
Leitura complementar
Na biblioteca do AVA, você encontra:
• “Proposta da implantação de modelo de fluxo de caixa”.
• “Controle financeiro em propriedades rurais - estudo de casos”.
5. Livro-caixa
Livro-caixa (ou simplesmente caixa) é uma ferramenta para fazer a administração do capital de 
giro líquido, que poderá estar disponível em moeda, em mãos do tesoureiro ou administrador 
e/ou bancos. Veja a seguir um exemplo de estrutura de caixa diário que pode ser elaborado 
em uma planilha eletrônica.
MOVIMENTO DE CAIXA
Data Descrição Detalhes Entrada Saída Saldo
Saldo anterior:
Total do mês:
Saldo final:
Capital de giro líquido
Dinheiro com real disponibilidade para realizar os pagamentos dos compromissos assumidos 
dentro de seus prazos.
Curso Técnico em Agronegócio
46
A administração do livro-caixa é uma operação bem simples de ser executada. Nele são 
anotados diariamente todos os eventos que venham a ocorrer relacionados a entradas 
(vendas) e saídas financeiras (despesas), podendo ser incluídas as promessas de pagamentos, 
como cheques e outros recebíveis, assim como pagamentos futuros. Esses recebíveis e 
compromissos de pagamento deverão ter a sua descrição detalhada no livro-caixa em seu 
período de fechamento (diário, semanal ou mensal). No entanto, só deverão ser demonstrados 
quando estiverem efetivamente creditados ou debitados.
A utilização dos valores dos cálculos de depreciação de animais de reprodução, construções, 
máquinas e equipamentos para fins de apuração de imposto de renda deverá ser feita pelo 
balanço contábil da empresa. No livro-caixa, não deverão ser lançados valores de depreciações, 
pois se trata de um valor contábil e não financeiro, portanto, não fazendo parte do capital de 
giro da empresa. 
Lançar mão das depreciações calculadas para fins de apuração tributária é uma 
prerrogativa legal da empresa rural e não do produtor rural. A receita federal brasileira 
tem regulamentação específica para os limites e bens que podem sofrer depreciações 
para fins de apuração tributária, cabendo ao profissional de contabilidade escriturar os 
valores contábeis permitidos pela legislação tributária brasileira, regulada e normatizada 
pela Receita Federal. 
Em tempo, as depreciações calculadas sobre bens como equipamentos, máquinas, construções 
e animais de reprodução deverão ser utilizadas para fins de cálculo de custo de produção 
tanto pelo produtor rural pessoa jurídica (empresa) quanto pelo produtor rural pessoa física. 
Ao realizar o cálculo do seu custo de produção, o produtor rural pode inserir a depreciação 
da terra em sua planilha, chamando de “custo da terra”. Isso não é obrigatório, apenas cria 
outra visão financeira e econômica do cálculo do custo de produção. Mais adiante, você verá 
um tópico específico sobre o custo de produção na agropecuária, no qual abordaremos 
detalhadamente o assunto “custo da terra”. 
As informações para preenchimento do livro-caixa da Receita Federal poderão ser obtidas a 
partir do livro-caixa diário do empreendimento. Não há nenhuma ilegalidade operacional na 
utilização do livro-caixa próprio. A preocupação por parte dos produtores deverá ser a melhor 
organização do movimento do dinheiro

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