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IVAS na infância Infecção das Vias Aéreas Superiores de Repetição em pediatria Infecções das vias aéreas superiores se refere a resfriados, gripe, faringotonsilite, otite, rinossinusite, amigdalite, faringite, sinusite. Elas podem ser consideradas IVAS de repetição a partir de 3 ou mais infecções por período ou semestre de outono-inverno. Os episódios costumam ser curtos e não costumam evoluir com complicações. Ocorre em geral devido a uma exposição a um ambiente novo, como berçário e creche. Além de exposição a fumaça de cigarro, presença de animais domésticos, uso de chupeta e etc. Isso deve-se a imaturidade adaptativa de seu sistema imunológico que fica exposto a diferentes agentes infecciosos em um curto espaço de tempo. Crianças entre 4 e 8 meses de vida, enfrentam a chamada hipogamaglobulinemia fisiológica, em que os níveis de IgG transferidos via transplacentária diminuem e o lactente ainda não é capaz de produzi-la de maneira adequada. Os níveis de IgG atingem valores próximos ao adulto por volta dos 4 anos de idade. A IgA apresenta níveis muito baixos até 2 anos de idade, podendo ser compensado pela sua presença no leite materno. Seus níveis ficam próximos aos do adulto por volta dos 10 anos de idade. A IgM atinge valores próximos aos do adulto por volta dos 2 ou 4 anos de idade, mas não apresenta memória imunológica. · Gripe vs Resfriado Vírus influenza, de fita simples de RNA, pertencentes à família Orthomyxoviridae, que inclui três gêneros: A, B e C. Os A e B são agentes patogênicos humanos primários, que causam epidemias sazonais. O C é uma causa esporádica. Sua transmissão se dá por gotículas respiratórias, mas a transmissão pelo contato com secreções e aerossóis de pequenas partículas também pode ocorrer. Seu período de incubação é curto, variando de 12-72 horas. Seus picos de incidência ocorrem durante os meses mais frios, em climas temperados, e circula durante todo o ano nos trópicos. Seus sintomas são: febre, mialgia, calafrios, dor de cabeça, mal estar e anorexia, coriza, faringite e tosse seca. Pode evoluir para bronquiolite ou pneumonia. Dor abdominal, vômitos e diarreia também podem ocorrer em crianças, sendo a diarreia mais associada a H1N1. Seu diagnóstico depende de dados clínicos principalmente, além de epidemiológicos. Podem ser feitos métodos de ensaio do vírus influenza para definir qual é o tipo do vírus. Seu tratamento é baseado em antivirais de duas classes: os inibidores de NA, oseltamivir e zanamivir, podem ser utilizados para o tratamento de crianças entre as idades de 2 semanas a 7 anos, respectivamente. A segunda classe de fármacos, a adamantadina, inclui a amantadina e a rimantadina, que são eficazes apenas contra o vírus influenza A. Além disso, usa-se analgésicos, antipiréticos, lavagem das narinas e orientação de ingestão hídrica. O resfriado é causado por vários vírus e tem sintomas progressivos com coriza, obstrução nasal e bom estado geral. A febre é baixa ou ausente. A gripe é causada pela influenza e tem sintomas repentinos com prostração, dores no corpo, tosse, obstrução nasal, espirros e coriza. A febre é alta. · Sinusite A sinusite pode ser viral ou bacteriana, aguda ou crônica. Ocorre entupimento dos seios faciais. O etmoidal e maxilar estão presentes ao nascimento, mas somente o etmoidal é pneumatizado. O seio maxilar não estão pneumatizados até 4 anos de idade. Os seios esfenoidais estão presentes aos 5 anos de idade. Os seios frontais iniciam o desenvolvimento nos 7 a 8 anos de idade e não estão completamente desenvolvidos até a adolescência. Os patógenos bacterianos responsáveis pela sinusite bacteriana aguda em crianças e adolescentes incluem: Streptococcus pneumoniae (30%); Haemophilus influenzae não tipável (20%); Moraxella catarrhalis (20%). A sinusite bacteriana aguda normalmente acompanha uma infecção viral do trato respiratório superior. As bactérias da nasofaringe que entram nos seios costumam ser prontamente eliminadas, mas durante uma rinossinusiote viral, a inflamação e o edema podem bloquear a drenagem do seio e prejudicar a eliminação mucociliar de bactérias. Pode ocorrer em qualquer idade. As condições predisponentes incluem infecções virais do trato respiratório superior, rinite alérgica e exposição à fumaça de cigarro. A sinusite aguda tem duração inferior a 30 dias; a subaguda tem duração de 1 a 3 meses e a crônica tem duração maior que 3 meses. Os sintomas incluem: congestão nasal, secreção nasal purulenta (uni ou bilateral), febre e tosse. Sintomas menos comuns são halitose, hiposmia e edema periorbital. Pode haver dor de cabeça e dor facial. Pode haver eritema e edema da mucosa nasal com secreção. A persistência da congestão nasal, rinorreia e tosse diurna por mais de 10 dias sem melhora diferenciam a sinusite de um resfriado comum; sintomas graves de temperatura igual ou superior a 39ºC, com secreção nasal purulenta por 3 dias ou mais; e agravamento dos sintomas, também são indicativos de sinusite. O diagnóstico baseia-se no histórico. Os sintomas persistentes de infecção do trato respiratório superior, incluindo secreções nasais e tosse durante mais de 10 dias sem melhora, ou sintomas respiratórios graves, incluindo temperatura de pelo menos 39°C e secreção nasal purulenta durante 3 a 4 dias consecutivos, sugerem uma sinusite bacteriana aguda complicada. A cultura do aspirado dos seios é o único método preciso de diagnóstico, mas não é pratico para uso rotineiro em pacientes imunocompetentes. Em adultos, a endoscopia nasal rígida é um método menos invasivo para a obtenção de material para cultura do seio, mas detecta um número excessivo de culturas positivas em comparação com aspirados. O tratamento consiste em administração de amoxicilina (com inibidor de beta-lactamases – ácido clavulânico) para a maioria das crianças com sinusite bacteriana aguda leve a moderada sem complicações. Em crianças que estão vomitando pode ser usado ceftriaxona somado à antibióticos orais. Em crianças alérgicas à penicilina usa-se cefdinir, cefuroxima axetil, cefpodoxima ou cefixima. Beta-lactamases: enzimas bacterianas que hidrolisam os antibióticos beta-lactâmicos. · Faringite Aguda Inflamação da faringe, incluindo eritema, edema, exsudado ou um enantema (úlceras e vesículas). Pode estar associado a exposições ambientais, como tabagismo, poluentes do ar e alérgenos. Os agentes infecciosos que causam a faringite são vírus e bactérias, podendo ser: Há prevalência de infecção viral, sendo transmitidas por contato com secreções orais ou respiratórias e ocorrem mais frequentemente no outono, inverno e primavera. Os principais vírus causadores são influenza, parainfluenza, adenovírus, coronavirus, enterovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório, citomegalovírus, vírus Esptein-Barr, vírus herpes simples e metapneumovírus humano. A maioria costuma ser leve. Essa infecção pode durar por 14 dias, mas tende a se resolver em 7 dias. Seus sintomas inespecíficos são coriza e tosse. É possível visualizar gengivoestomatite e vesículas ulcerosas por toda a faringe anterior e nos lábios. Febre alta e dificuldade em tomar líquidos via oral são comuns. Quando há conjuntivite concomitante, chama-se febre faringoconjuntival. Na faringite estreptocócica aguda, causada por estreptococos do Grupo A há dor de garganta significativa e febre de início rápido. As amigdalas aumentam e com exsudato branco, cinzento ou amarelado, faringe hiperemiada, petéquias ou lesões no palato mole e faringe, úvula avermelhada e edemaciada, língua em morango depois língua em morango branco e depois língua de morango vermelho. Pode haver linfonodomegalia, exantema escarlatiniforme, sinal de pastia. O diagnóstico é basicamente clínico, mas pode ser pedido cultura da orofaringe (padrão ouro) e testes rápidos de detecção de antígenos (TRDAs). O tratamento é inespecífico e sintomática. Usa-se antipiréticos e analgésicos (acetaminofeno ou ibuprofeno) para aliviar febre e dor de garganta. Sprays anestésicos e pastilhas (contendo benzocaína, fenol oumentol) para alivio local. Corticosteroides sistêmicos são utilizados em crianças com evidências de comprometimento das vias aéreas superiores devido à mononucleose. Pode haver ainda terapia com antibióticos (penicilina) a depender do organismo identificado. Em caso de faringite estreptocócica aguda (EGA), o tratamento é diferente. Na faringotonsilite há inflamação das tonsilas. · Otite Média Aguda (OMT) Inflamação e infecção aguda da orelha média. Início súbito. Mais comum no outono e inverno e precedida de um resfriado. Acomete mais crianças escolares devido a maior exposição. É uma consequência de um resfriado comum que acaba gerando inflamação vira, edema das cavidades nasais e nasofaringe, evoluindo para obstrução funcional da tuba de Eustáquio, pressão negativa da orelha média e acúmulo de secreção nessa localidade favorecendo a proliferação bacteriana. As bactérias mais comuns são: Streptococcus pneumoniae, Haemophillus influenzae não-tipável, Moraxella catarrhalis. Em 70% dos casos há coinfecção por vírus. Os sintomas são: resfriado comum, obstrução nasal e coriza que evoluem para febre, otalgia e irritabilidade. Pode evoluir com diarreia. A otoscopia vai demonstrar efusão (opacidade, abaulamento e secreção) em orelha media + sinais flogísticos (sinais de inflamação aguda – hiperemia por exemplo). Também há perda da mobilidade timpânica. Seu diagnóstico é clínico baseado em pelo menos um dos seguintes achados: (1) abaulamento moderado ou grave da membrana timpânica; (2) início recente de otorreia não atribuível à otite externa; (3) abaulamento leve de membrana timpânica com início súbito de otalgia ou hiperemia da membrana timpânica. Seu tratamento é com antibioticoterapia (em casos mais graves) ou apenas observacional (sintomático). Sua gravidade é relacionada à otalgia moderada/grave com mais de 48h de duração e presença de febre acima de 39ºC. O tratamento sintomático envolve administração de analgésicos, se houver piora do quadro, entra-se com antibiótico. Na maioria dos casos há regressão sem o uso de antibiótico poise 70% é viral. Em criança com menos de 6 meses, OMA com sintomas graves, implantes cocleares ou imunodeficiências ou OMA não grave bilateral em criança de 6 meses a 2 anos deve-se entrar com antibiótica como primeira opção de tratamento. · Síndrome de Crupe Obstrução inflamatória das vias aéreas superiores. Seus sintomas são tosse ladrante (tosse de cachorro), desconforto respiratório, estridor respiratório e rouquidão. Se for uma inflamação apenas da laringe laringite, sendo comum a tosse ladrante e a rouquidão. Se for uma inflamação da laringe e da traqueia laringotraqueíte, sendo comum o desconforto respiratório e o estridor respiratório. Pode ser causada pela laringotraqueíte viral, laringite estridulosa e pela traqueíte bacteriana. Laringotraqueíte viral (crupe viral): mais comum em meninos de 1 a 6 anos sendo o pico de incidência 18 meses e comum no outono/inverno. Causado por vírus respiratórios como Parainfluenza, influenza, vírus sincicial respiratório e rinovírus, adenovírus, coronavírus. Seus sintomas são tosse, coriza, febre por 24-72h. Ocorre início súbito de tosse ladrante, rouquidão e estridor que se resolve em 3 a 7 dias, raramente com hipoxemia e piora com agitação ou choro. Seu diagnóstico é clínico e no raio-x é possível visualizar o sinal da torre de igreja. Seu tratamento é de acordo com a gravidade. Reduzir a agitação da criança, dexametasona intra muscular de dose única (moderada) e se for grave, juntamente com a dexametasona administrar também adrenalina por inalação (constrição das arteríolas locais – diminui o edema). Oxigenoterapia e se for necessário, intubação. Laringite estridulosa (crupe espasmódica): de 1 a 3 anos em meninos com histórico de atopia (hiper-reatividade de vias aéreas superiores). Ausência de pródromos. Seus sintomas são súbitos e caracterizados por estridor, desconforto respiratório e tosse metálica. Prevalência à noite, dura minutos, tem resolução espontânea e ocorre por 2 a 3 noites. Seu tratamento é inalação com soro fisiológico. Traqueíte bacteriana (crupe membranoso): mais comum em meninos até 6 anos. Causado geralmente por: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis e anaeróbios. Seus sintomas são: pródromos viral (tosse, coriza), estridor e rouquidão, desconforto respiratório, tosse ladrante, febre, toxemia e queda do estado geral. Na laringoscopia é visível exsudato mucopurulento com membranas aderentes na traqueia (pus na traqueia), fétido, de fácil remoção e não induz sangramento quando retirado. Seu diagnóstico é clínico. Além de cultura do pus da traqueia. No raio-x de cervical é encontrado afunilamento da coluna aérea e esfumaçamento da parede da traqueia. Seu tratamento é intubação precoce (grande perigo de obstrução da via aérea) e antibioticoterapia com oxacilina e ceftriaxona. · Faringotonsilite É a infecção aguda de faringe, tonsilas ou ambas. Costuma ser viral pelos mesmos vírus que causam o resfriado comum (Adenovirus, rinovírus, influenza, coronavírus e/ou vírus sincicial respiratório), mas algumas vezes, também pelo vírus Epstein-Barr, herpes vírus, citomegalovírus. Em 30% dos casos a causa é bacteriana sendo Estreptococo beta-hemolítico do Grupo A (SBHGA) mais comum, mas também pode ser causado pelo Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae. Seus sintomas incluem faringite, disfagia com irradiação para a orelha, linfadenopatia cervical dolorosa, febre alta, cefaleia, mal-estar e indisposição gastrintestinal. Ainda pode haver halitose e disfonia (com voz abafada), exantema, tonsilas edemaciadas e avermelhadas e presença, com frequência, de exsudato purulento. Adenopatia, exantema escarlatiniforme, petéquias e exsudato no palato são mais comuns com a SBHGA, do que com a viral. Seu diagnóstico é clínico, complementado por cultura ou teste antigênico rápido para identificar SBHGA. Presença de coriza e tosse costumam indicar causa viral. Seu tratamento depende dos sintomas e, no caso de estreptococos beta-hemolítico do grupo A, envolve administração de antibioticoterapia. Em casos mais sérios, tonsilectomia (casos de SBGHA recorrente). A SBHGA costuma se resolver dentro de 7 dias, porém pode acabar resultando em complicações supurativas locais (abscessos ou celulite) e, por vezes, febre reumática ou glomerulonefrite. · Rinossinusite · Amigdalite Referências bibliográficas: https://docs.google.com/presentation/d/1Yd216msdpM3bcgqgpcXs1SzFLyGyl6Z-/edit#slide=id.p15 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595153707/epubcfi/6/616[%3Bvnd.vst.idref%3DB9788535284669002582]!/4/2/6/22[s3295]/2[st3295]/1:9[sti%2Cco https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/4017/infeccao_das_vias_aereas_superiores_ivas_de_repeticao_em_pediatria.htm https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daa86414340d20011fb25a5/5daa84c74340d20011fb259f/video/5daa84c175f1530028c319a1 https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-aula/5daa86414340d20011fb25a5/5daa84d1132ed4001119e6ee/video/5daa84ce6cf8080026b2c15d https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/dist%C3%BArbios-orais-e-far%C3%ADngeos/faringotonsilite https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/rinossinusite-na-infancia/#:~:text=A%20rinossinusite%20aguda%20%C3%A9%20uma,ao%20ano%2C%20nesta%20faixa%20et%C3%A1ria.
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