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Metapsicologia Freudiana: Método e Teoria

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Estrutura da Metapsicologia
Freudiana
→ A psicanálise
A psicanálise é ao mesmo tempo:
● Um método:
- Pesquisa
- Terapêutico
● Uma teoria:
- Metapsicologia
- Constituição
- Psicopatologia/Estruturas clínicas
- Teoria da Técnica
→ Método
- A psicanálise é um método original
de abordagem dos processos
psíquicos que tanto é investigativo
quanto terapêutico. Trata-se de
um processo em que a intervenção
ocorre simultaneamente à
compreensão da dinâmica psíquica
produtora do sofrimento psíquico do
paciente.
-Tratamento e pesquisa coincidem;
→ Teoria
- Além de ser um método
simultaneamente investigativo e
terapêutico, a psicanálise é também
uma teoria sobre os fenômenos
psíquicos decorrente da aplicação
desse método.
- A dimensão teórica é constituída por
um conjunto de articulações
conceituais que tentam dar conta do
objeto próprio da psicanálise: o
inconsciente.
- No âmbito da teoria psicanalítica,
quatro níveis ou aspectos teóricos
distintos se desdobram:
- Teoria Geral do psiquismo:
Metapsicologia;
- Teoria da Constituição do
Aparelho Psíquico;
- Teoria das Estruturas clínicas;
- Teoria da Técnica.
→ Teoria Geral do Psiquismo:
Metapsicologia
- Diz respeito aos conceitos gerais e
elementares sobre o funcionamento
psíquico, os conceitos básicos que
possibilitam a delimitação dos
fundamentos que norteiam essa
concepção específica de psiquismo.
- Freud cunhou um termo para essa
dimensão mais geral da teoria
Psicanalítica: metapsicologia.
- Essa concepção significa a teoria
geral dos processos psíquicos que
estão além ou ao lado dos processos
psíquicos normalmente reconhecidos
como da alçada da consciência.
- Assim, a Metapsicologia é uma teoria
psicológica do inconsciente.
- Segundo Freud, uma descrição
completa dos processos
metapsicológicos envolveria a
consideração de 3 abordagens
complementares:
- Tópico
- Dinâmico
- Econômico
● Tópico
- O ponto de vista tópico diz respeito
aos lugares psíquicos que a
psicanálise descreve em termos de
sistema ou instâncias:
- 1a Tópica: Consciente -
Pré-consciente - Inconsciente
(1900)
- 2a Tópica: Isso, Eu, Supereu (1920)
1a Tópica
- Foi no capítulo VII de A Interpretação
dos Sonhos que Freud expõe sua
primeira teoria do funcionamento do
aparelho psíquico através da
explicitação das instâncias de sua
primeira Tópica:
- Consciente
- Pré-Consciente
- Inconsciente
A metáfora do Iceberg para
compreender o modo como Freud
pensa a Estrutura do psiquismo na
Primeira Tópica:
- Consciente;
- Pré-consciente
- Inconsciente;
Consciente
- Termo utilizado por Sigmund Freud*,
quer como adjetivo, para qualificar um
estado psíquico, quer como
substantivo, para indicar a localização
de certos processos constitutivos do
funcionamento do aparelho psíquico.
- Nessa condição, o consciente é,
junto com o pré-consciente* e o
inconsciente*, uma das três instâncias
da primeira tópica* freudiana
- Freud depara com a questão da
consciência, do “tornar-se consciente”,
ao estudar a distorção no sonho.
- O acesso do conteúdo do sonho à
consciência, sob sua forma manifesta,
é permitido pela censura, que exerce
sobre o material inconsciente “as
modificações que lhe convêm”.
- Essa concepção leva Freud a
considerar esse “tornar-se consciente”
como um ato psíquico específico, bem
distinto do pensamento e da
representação, sendo a consciência
encarada como um “órgão dos
sentidos” cuja consideração é
indispensável para a psicopatologia.
- Durante muito tempo, observa Freud,
a psicologia privilegiou a equivalência
entre o psíquico e o consciente,
privando-se de meios de explicar as
observações, fornecidas pela clínica
psicopatológica, que atestam uma
clivagem entre a consciência de um
sujeito e alguns processos psíquicos
complexos cuja existência é atestada
por seus sonhos ou seus sintomas.
- Freud liga a atividade consciente ao
processo perceptivo. Aquilo a que,
em 1915, no artigo de sua
metapsicologia dedicado ao
inconsciente, ele havia chamado de
sistema “percepção-consciência”
(Pc-Cs) recebe, por um lado, as
excitações externas, e por outro,
vindas do interior do aparelho
psíquico, sensações organizadas em
torno do eixo prazer/desprazer.
- Diferentemente das outras
Instâncias, pré-consciente e
inconsciente, as excitações recebidas
pelo sistema Pc-Cs, pelo fato de se
tornarem conscientes, não deixam
nenhum vestígio duradouro.
- Em decorrência disso, o sistema
permanece acessível em qualquer
momento a todas as novas
percepções.
Pré-Consciente
- Sigmund Freud utilizou o termo
pré-consciente como substantivo
para designar uma das três instâncias,
com as do consciente e do
inconsciente, de sua primeira tópica.
- Empregado como adjetivo, o termo
qualifica os conteúdos dessa instância
ou sistema que, apesar de não
estarem presentes na consciência,
continuam acessíveis a ela,
diversamente dos conteúdos do
sistema inconsciente.
- Os conteúdos do pré-consciente
podem se tornar conscientes de
acordo com certas condições (um
certo grau de intensidade, de atenção,
etc).
- Trata-se do sistema que contém as
chaves da motricidade voluntária;
- Por oposição: o inconsciente,
localizado “mais atrás”, só pode
acessar a consciência através do
pré-consciente;
- O pré-consciente é qualificado de
inconsciente latente, passível de se
tornar consciente e distinto do
inconsciente recalcado, “que em si, e
numa palavra, é incapaz de se tornar
consciente”.
- Situado entre o inconsciente e o
consciente, o pré-consciente
separa-se do inconsciente por uma
censura severa. Esta impede o
acesso dos conteúdos inconscientes
ao pré-consciente, na medida em que,
na extremidade oposta, a censura
entre o pré-consciente e o consciente
é permeável.
Inconsciente
- O termo inconsciente é utilizado
como adjetivo, para designar o
conjunto dos processos mentais que
não são conscientemente pensados.
- Em psicanálise, o inconsciente é um
lugar desconhecido pela consciência:
uma “outra cena”.
- Na primeira tópica elaborada por
Freud, trata-se de uma instância ou
um sistema (Ics) constituído por
conteúdos recalcados que escapam
às outras instâncias, o pré-consciente
e o consciente (Pcs-Cs).
- Freud supera a ideia de que o
psiquismo e a consciência são
equivalentes e reconhece o
inconsciente como fundamento da
vida psíquica.
- Freud definiu seu inconsciente de
maneira original, diferente dos
filósofos que o tratavam apenas
descritivamente. A análise das
formações psicopatológicas [da vida
cotidiana] e do sonho” fez o
inconsciente surgir como “uma função
de dois sistemas bem distintos.
- São características do Inconsciente:
- Os seus conteúdos são
representantes das pulsões; As
representações inconscientes são
dispostas em fantasias, histórias
imaginárias que a pulsão se fixa;
- Estes conteúdos são regidos pelos
mecanismos de condensação e
deslocamento
- Esses conteúdos são fortemente
investidos pela energia pulsional e
procurar retornar à consciência e à
ação (retorno do recalcado); mas só
podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs
nas formações de compromisso,
depois de terem sido submetidos à
deformações e censura
- São desejos da infância que
conhecem uma fixação no
Inconsciente
- É pela ação do recalque que se
opera a primeira clivagem entre o
inconsciente e o sistema Pcs-Cs.
- No Ics não há negação, dúvida ou
quaisquer graus de certeza.
- Esses são elementos introduzidos
pelo trabalho da censura entre o
sistema Ics e Pcs-Cs. A negação é um
substituto do recalcamento. No Ics só
existem conteúdos investidos com
maior ou menor força
- Tais investimentos sofre
condensação e deslocamento, que é o
modo de funcionamento do Ics.
- Os processos do Ics são intemporais.
- A referência ao tempo vincula-se ao
trabalho do sistema Cs.
- Os processos Ics dispensam pouca
atenção à realidade externa.
- Estão sujeitos ao princípio de prazer,
de modo que a realidade externa é
substituída pela realidade psíquica.
O inconsciente é um saber
- Deve-se a Lacan o fato de ter
ressaltado um segmento nuclear na
obra de Freud: que o “Inconsciente é
estruturado como uma linguagem”.
- Lacan afirma que "a descoberta de
Freud é a do campo das incidências,
na naturezado homem, de suas
relações com a ordem simbólica”, ou
seja, com a linguagem.
- Partindo da evidência de que a
psicanálise opera através de um
único meio, a palavra do analisando,
Lacan estabelece na obra de Freud a
relação entre as diversas formações
do Inconsciente e a linguagem,
através da qual elas necessariamente
se manifestam.
- Lacan destaca o modo pelo qual o
inconsciente opera (a partir da trilogia
do significante), ou seja, produzindo
condensação e deslocamento ao
longo das palavras.
- É digno de nota o fato de que a
pesquisa freudiana sobre o
inconsciente o leva a abordar uma
série de fenômenos limítrofes: ora
aqueles que até então haviam sido
relegados às abordagens
obscurantistas, como os sonhos; ora
aqueles desprovidos de interesse para
o discurso da ciência, como os
chistes, os atos falhos, lapsos e
esquecimentos; ora ainda aquele
incompreendidos pelo discurso médico
como os sintomas neuróticos, as
alucinações e delírios psicóticos e as
chamadas perversões sexuais.
- Nas diversas formações do
inconsciente, Lacan isola um mesmo
denominador comum: sua
estruturação como uma linguagem.
- Para Lacan, o discurso psicanalítico
renovou a questão do saber
colocada por Descartes, pois “a
análise veio nos anunciar que há
saber que não se sabe, um saber que
se baseia no significante como tal”.
- Considerando o inconsciente como
um saber, Lacan afirma que o ato
falho é, com efeito, uma tô bem
sucedido, posto que através dele a
verdade do sujeito desvela ainda que
à revelia do eu”.
2aTópica
-Eu (Ego)
- Isso (Id)
- Supereu (Superego)
Esquema em “Dissecção da
Personalidade Psíquica” (1933)
Eu (Ego)
- Instância que Freud, na sua segunda
teoria do aparelho psíquico, distingue
do Isso (Id) e do Supereu (Superego);
- Do ponto de vista tópico, o ego está
numa relação de dependência tanto
para com as reivindicações do Isso,
como para com os imperativos do
Supereu e exigências da realidade.
Embora se situe como mediador,
encarregado dos interesses da
totalidade da pessoa, a sua autonomia
é apenas relativa
- Do ponto de vista dinâmico, o Eu
representa, no conflito neurótico,
o pólo defensivo da personalidade;
põe em jogo uma série de
mecanismos de defesa, estes
motivados pela percepção de um
afeto desagradável (sinal de angústia);
- Do ponto de vista econômico, o Eu
surge como um fator de ligação dos
processos psíquicos.
- Na instância do Eu vem reagrupar-se
funções e processos que, no quadro a
primeira Tópica estavam repartidos:
- A consciência é o núcleo do Eu;
- O Pré-consciente e suas funções
também são englobadas no Eu;
- E o Eu é também, em grande parte,
Inconsciente (Isso é atestado na
clínica, especialmente pelas
resistências Inconscientes no
tratamento).
Isso (Id)
- Uma das três instâncias psíquicas
diferenciadas por Freud na sua
segunda teoria do aparelho psíquico.
O Isso constitui o pólo pulsional da
personalidade. Os seus conteúdos,
expressão psíquica das pulsões, são
inconscientes.
- Do ponto de vista econômico, o Id é
o reservatório inicial da energia
psíquica; do ponto de vista dinâmico,
entra em conflito com o Eu e com o
Superego.
- O Isso abrange os mesmos
conteúdos antes pertencentes ao ICS,
mas não com exclusividade, ou seja,
outras instâncias agora também
participam do ICS.
- A energia utilizada pelo Eu é retirada
do Isso.
- O limite entre o Eu e o Isso não é
mais tão definido como na primeira
tópica. O Eu não está separado do
Isso de forma nítida, na sua parte
inferior mistura-se com ele.
- O recalcado igualmente mistura-se
com o Isso, do qual é apenas uma
parte. O recalcado só se separa do
Isso de forma clara pelas resistências
de recalcamento.
- O Eu é a parte do Isso que foi
modificada sob influência direta do
mundo exterior, por intermédio do
sistema percepção-consciência.
Supereu (Superego)
- Uma das instâncias da personalidade
tal como Freud a descreveu no quadro
da sua segunda teoria do aparelho
psíquico: o seu papel é assimilável ao
de um juiz ou de um censor
relativamente ao Eu. Freud vê na
consciência moral, na
auto-observação, na formação ideais,
funções do Supereu.
- O Superego é definido como o
herdeiro do complexo de Édipo;
constitui-se por interiorização das
exigências e das interdições
parentais.
- A instauração do Supereu pode ser
considerada um caso de identificação
bem-sucedida com a instância
parental. A expressão instância
parental indica que a identificação
constitutiva do superego não deve ser
entendida como uma identificação
com pessoas.
- O Superego da criança não se forma
à imagem dos pais, mas sim à
imagem do superego deles.
● Dinâmico
- O ponto de vista dinâmico se defere
aos diferentes conteúdos, processos e
funções que operam a partir desses
lugares, abrangendo articulações,
conflitos e compromissos entre:
• Fantasias
• Mecanismos de defesa
• Formações do ICS
Fantasias
- Freud utiliza o conceito fantasia
como correlato da elaboração da
noção de realidade psíquica e do
abandono da teoria da sedução;
- A fantasia designa a vida imaginária
do sujeito e a maneira como este
representa para si mesmo sua história
ou a história de suas origens: fala-se
então de fantasia originária.
- Freud instituiu o conceito de
realidade psíquica, cuja explicitação,
sobretudo em A interpretação dos
sonhos, levou-o a fazer uma
distinção entre a realidade material,
realidade externa nunca atingível
como tal, a realidade do que ele
chamou de realidade psíquica
propriamente dita, núcleo irredutível
do psiquismo, registro dos desejos
inconscientes dos quais a fantasia é “a
expressão máxima e mais verdadeira”.
- De maneira geral, Lacan retoma por
sua conta o conceito freudiano de
fantasia, mas sublinha desde muito
cedo sua função defensiva. No
seminário dos anos de 1956-1957, a
fantasia é assimilada ao que ele passa
a denominar de “parada na imagem”,
maneira de impedir o surgimento de
um episódio traumático.
- Imagem cristalizada, modo de defesa
contra a castração, a fantasia é
inscrita por Lacan, no âmbito de uma
estrutura significante, e, por
conseguinte, não pode ser reduzida ao
registro do imaginário.
Mecanismo de Defesa
- São mecanismos de defesa os
diversos tipos de processos psíquicos
cuja finalidade consiste em afastar um
evento gerador de angústia da
percepção consciente.
- Sigmund Freud designa por esse
termo o conjunto das manifestações
de proteção do eu contra as
agressões internas (de ordem
pulsional) e externas, suscetíveis de
constituir fontes de excitação e, por
conseguinte, de serem fatores de
desprazer.
- Por situar-se em parte no
Inconsciente, o Eu poderá mobilizar
mecanismos inconscientes que não
serão percebidos pelo sujeito. Nem
será percebido o evento doloroso,
nem o mecanismo que o reprimiu.
- São vários, entre eles podemos citar:
• Recalque
• Formação reativa. Identificação
• Regressão
• Projeção. Isolamento
• Racionalização Retorno sobre si
mesmo
Mecanismo de defesa: Uma nota
crítica
- Com os trabalhos de Anna Freud, a
noção de mecanismo de defesa voltou
a se tornar central na reflexão
psicanalítica e assumiu até mesmo o
valor de conceito. Para a filha de
Freud, os mecanismos de defesa
intervieram contra as agressões
pulsionais, mas também contra todas
as fontes externas de angústia,
inclusive as mais concretas.
- O desenvolvimento dessa
perspectiva globalizante implicou uma
concepção do eu que marcava um
retrocesso em relação à que fora
expressa por Freud no contexto da
grande reformulação teórica da
década de 1920.
- O eu voltou a se tornar sinônimo de
consciente, foi assemelhado à pessoa,
e o objetivo da psicanálise passou a
consistir em ajudar as defesas da
pessoa para consolidar sua
integridade. Essa concepção
encontrou meios de se expandir na
corrente da Ego Psychology*. Foi
fortemente combatida, sobretudo por
Jacques Lacan*, em diversos artigos
dos anos de 1950- 1960, onde o autor
dos Escritos a denunciou como uma
transformação da psicanálise num
processo adaptativo.
Mecanismos de defesa
- RECALQUE: o recalque impede que
os conteúdos do inconsciente
cheguem à consciência. É o principal
mecanismo de defesa de onde
derivam todos osdemais.
Recalque: uma nota de tradução
- Há três expressões que precisam ser
diferenciadas:
• Recalque (Verdrängung)
• Resistência (Widerstand)
• Repressão (Unterdrückung)
Recalque - Verdrängung
- Para Sigmund Freud, o recalque
designa o processo que visa a manter
no inconsciente todas as ideias e
representações ligadas às pulsões e
cuja realização, produtora de prazer,
afetaria o equilíbrio do funcionamento
psicológico do indivíduo,
transformando-se em fonte de
desprazer.
- Freud considera que o recalque é
constitutivo do núcleo original do
inconsciente.
- A teoria do recalque é o pilar sobre o
qual repousa o edifício da psicanálise,
ou, em outras palavras, seu elemento
mais essencial, o qual, por sua vez, é
tão somente a expressão teórica de
uma experiência que se pode repetir
quantas vezes se queira, quando
se empreende na análise de um
neurótico sem o auxílio da hipnose.
- A teoria do recalque é uma aquisição
do trabalho psicanalítico – é resultado
de das investigações psicanalíticas e
não seus pressupostos.
- O recalque não lida com as pulsões
em si, mas com seus representantes,
imagens ou ideias, os quais, apesar
de recalcados, continuam ativos no
inconsciente, sob a forma de
derivados ainda mais prontos a
retornar para o consciente, na medida
em que se localizam na periferia do
inconsciente.
- O recalque de um representante da
pulsão nunca é definitivo, portanto.
Continua sempre ativo, daí um grande
dispêndio energético.
- Em 1915, no contexto da
metapsicologia, o recalque foi objeto
de um artigo em que o inconsciente já
não é totalmente assimilado a ele:
“Tudo o que é recalcado tem,
necessariamente, que permanecer
inconsciente, mas queremos deixar
claro, logo de saída, que o recalcado
não abrange tudo o que é
inconsciente. É o inconsciente que
tem a maior extensão entre os dois; o
recalcado é uma parte do
inconsciente.”
Resistência - Widerstand
- Termo empregado em psicanálise*
para designar o conjunto das reações
de um analisando cujas
manifestações, no contexto do
tratamento, criam obstáculos ao
desenrolar da análise.
Repressão - Unterdrückung
- Em psicanálise, a repressão é uma
operação psíquica que tende a
SUPRIMIR CONSCIENTEMENTE
uma ideia ou um afeto cujo conteúdo é
desagradável.
- Essa operação e a palavra que a
designa não devem ser confundidas
com o recalque*, que decorre de um
mecanismo inconsciente.
Mecanismos de defesa: Negação
- Termo proposto por Sigmund Freud
para caracterizar um mecanismo de
defesa através do qual o sujeito
exprime negativamente um desejo ou
uma idéia cuja presença ou existência
ele recalca.
- Em 1925, num pequeno artigo sobre
a negação (Verneinung), que forneceu
dele uma explicação metapsicológica,
para mostrar como, numa frase como
“não é minha mãe”, proferida por um
sujeito a propósito de um sonho, o
recalcado é reconhecido de maneira
negativa, sem ser aceito.
Mecanismo de defesa: projeção
- Termo utilizado por Sigmund Freud a
partir de 1895, essencialmente para
definir o mecanismo da paranóia,
porém mais tarde retomado por todas
as escolas psicanalíticas para
designar um modo de defesa primário,
comum à psicose, à neurose e à
perversão, pelo qual o sujeito projeta
num outro sujeito ou num objeto
desejos que provêm dele, mas cuja
origem ele desconhece, atribuindo- os
a uma alteridade que lhe é externa.
- É uma confluência de distorções do
mundo externo e interno. O indivíduo
localiza (projeta) algo de si no mundo
externo e não percebe aquilo que foi
projetado como algo seu que
considera indesejável. É um
mecanismo de uso freqüente é
observável na vida cotidiana.
- Um exemplo é o jovem que critica os
colegas por serem extremamente
competitivos e não se dá conta de que
também o é, às vezes mais que os
colegas.
Mecanismo de Defesa:
Racionalização
- Quando uma sugestão feita durante
a análise e provoca um ato
surpreendente no sujeito, ele
frequentemente alega um motivo
plausível para sua conduta, a fim de
lhe dar uma aparente coerência. O
mesmo fenômeno se produz cada vez
que uma explicação aparentemente
racional é utilizada para justificar uma
intenção ou um ato cuja determinação
inconsciente permanece
desconhecida. É a isso que
chamamos de racionalização.
Mecanismo de Defesa: Formação
Reativa
- É um mecanismo de defesa que o
hábito psicológico tem o sentido
oposto do conteúdo recalcado. Ex:
desejos sexuais intensos podem ser
transformados em comportamentos
extremamente poderosos ou
puritanos. Atitudes extremamente
moralistas podem expressar atuação
contrária ao que se deseja como um
meio de preservação
Mecanismo de defesa: Regressão
- Mecanismo de defesa em que o
sujeito regride a níveis de
desenvolvimento já superados diante
de uma frustração. Ex:Com o
nascimento de um irmão menor, uma
criança pode voltar a fazer xixi na
cama.
Mecanismo de defesa:
deslocamento
- Através deste mecanismo
descarregamos sentimentos
acumulados, em geral agressivos, em
pessoas ou objetos menos perigosos.
Ex: suportamos o mau humor do chefe
e em casa brigamos com os filhos..
Formações do Inconsciente
- A teoria psicanalítica chama de
formações do inconsciente:
• Os sonhos
• Os chistes
• Os atos falhos
• Os sintomas
O Sonho
- É uma Formação do inconsciente
cuja estrutura de linguagem
permite a decifração e o
reconhecimen to, pelo sujeito, de seu
desejo.
- Freud foi o primeiro a conceber um
método de interpretação dos sonhos
baseado não em referências
estranhas ao sonhador, mas nas livres
associações que este pode fazer, uma
vez desperto, a partir do relato de seu
sonho.
- “Todo sonho é a realização
disfarçada de um desejo recalcado”
Sonho
- Condensação e Deslocamento
- Conteúdo manifesto: sonho contado
e lembrado pela pessoa
- Pensamento latente: o que está
oculto, inconsciente, que pretendemos
atingir pela interpretação
Chiste
- Enquanto o sonho é a expressão da
realização de um desejo e de uma
evitação do desprazer, que leva a uma
regressão para o pensamento em
imagens, o chiste é produtor de
prazer. Se recorre aos mecanismos de
condensação e deslocamento,
caracteriza-se, antes de mais nada,
pelo exercício da função lúdica da
linguagem, cujo primeiro estádio seria
a brincadeira infantil e o segundo, o
gracejo.
- Em 1958, Jacques Lacan foi o
primeiro grande intérprete da história
do freudismo a se interessar de um
modo novo por esse livro e a conferir
ao Witz o estatuto de um conceito.
- Querendo destacar a relação entre o
inconsciente e a linguagem, Lacan
efetuou uma leitura estrutural da
noção freudiana de condensação.
Assemelhou-a a uma metáfora,
fazendo do dito espirituoso um
significante*, isto é, a marca pela qual
surge num discurso um “rasgo” [trait]
de verdade que procuramos mascarar.
Ato Falho
- Ato pelo qual o sujeito, a despeito de
si mesmo, substitui um projeto ao qual
visa deliberadamente por uma ação ou
uma conduta imprevistas.
- Tal como em relação ao lapso,
Sigmund Freud foi o primeiro, a partir
de A interpretação dos sonhos, a
atribuir uma verdadeira significação ao
ato falho, mostrando que é preciso
relacioná-lo aos motivos inconscientes
de quem o comete. O ato falho ou
acidental torna- se equivalente a um
sintoma, na medida em que é um
compromisso entre a intenção
consciente do sujeito e seu desejo
inconsciente.
Sintoma
- Fenômeno subjetivo que constitui,
para a psicanálise, não o sinal de uma
doença, mas a expressão de um
conflito inconsciente.
- O sintoma, originalmente parte da
medicina, em Freud ad quire um
sentido radicalmente novo, a partir do
momento em que ele sugeriu que o
sintoma de con versão histérica, em
geral considerado como uma
simulação, é, de fato, expressão do
desejo incons ciente, expressão do
recalcado.
- É um retorno das representações
recalcadas que se ligam às
representações atuais para vir à tona;
- É uma formação de compromisso
entre o CS e o ICS
- É uma forma de satisfação distorcida
e mal reconhecida enquanto tal
- São atos prejudiciais, inúteis à vida
da pessoa, que por vezes dele se
queixa como sendo indesejados;
- O principal dano que os sintomas
causam reside em dispêndio mental
que acarretam, e no dispêndioadicional que se torna necessário para
se lutar contra eles;
- O sintoma fornece um acesso à
organização simbólica que representa
o sujeito.
Econômico
- O ponto de vista econômico enfoca o
substrato energético de toda essa
dinâmica: o conflito entre modalidades
pulsionais distintas, que se preocupa,
assim, com a oposição entre os
dualismos pulsionais:
- Pulsão sexual e Pulsão de
autoconservação (Pulsão do Eu)
- Pulsão de Vida e Pulsão de Morte
Pulsão
- Pulsão é o conceito através do qual
Freud descreve a gramática de nossas
escolhas e nossos desejos, a lógica
de nossas fantasias inconscientes e
os processos de transformação
envolvidos nela.
- Que processos presidem a eleição
de um objeto de desejo?
- Como o amor pode se transformar
em ódio?
- Como um desejo por um
determinado objeto pode ser obrigado
a deslocar-se em direção a outro
objeto?
- Como uma moção pulsional
(agressiva ou erótica) pode voltar-se
contra a própria pessoa?
- A pulsão é um conceito tão ou mais
fundamental que o inconsciente. Isso
porque a pulsão é anterior ao próprio
aparelho psíquico, anterior ao próprio
inconsciente: ela é o elemento de
ligação entre o corpo e a psique.
- A pulsão opera numa zona de
indeterminação entre o corpo e o
aparelho psíquico, sendo sua fonte
sempre somática.
- A pulsão é sempre um estímulo para
o psíquico. Estímulo é um conceito da
Fisiologia segundo o qual um estímulo
trazido de fora e que atinge o tecido
vivo (substância nervosa) é
descarregado para fora por meio de
uma ação. Tal ação afeta a substância
estimulada da influência do estímulo.
- Assim é necessário diferenciar um
estímulo pulsional de outro estímulo
(fisiológico) que atua sobre o
psiquismo.
- Em primeiro lugar: o estímulo
pulsional não advém do mundo
exterior, mas do interior do próprio
organismo. Por isso ele Atua de modo
diferente sobre o anímico e requer
outras ações para sua eliminação.
- A pulsão jamais atua como uma
força momentânea de impacto
(como outros estímulos fisiológicos),
mas sempre como uma força
constante. Como ela não provém de
fora, mas de dentro do corpo,
nenhuma fuga é eficaz contra ela.
- Conceito fundamental da psicanálise,
definido como a carga energética que
se encontra na origem da atividade
motora do organismo e do
funcionamento psíquico inconsciente
do homem.
- Pulsão é um conceito fronteiriço
entre o anímico e o somático, como
representante psíquico dos estímulos
oriundos do interior do corpo que
alcançam a alma, como uma medida
da exigência de trabalho imposta ao
anímico em decorrência de sua
relação com o corpo.
- Podemos então discutir alguns
termos que são utilizados em
correlação com o conceito de pulsão,
a saber:
• Pressão
• Meta
• Objeto
• Fonte da pulsão
- Por pressão de uma pulsão
entende-se seu fator motor, a soma de
força ou a medida da exigência de
trabalho que ela representa. O
caráter implemente é uma
característica geral da pulsão, sua
própria essência.
- A meta de uma pulsão é sempre a
satisfação, que só pode ser alcançada
pela suspensão do estado de
estimulação junto à fonte pulsional.
Mas mesmo que essa meta, que é a
satisfação, permaneça inalterada para
todas as pulsões, diversos caminhos
podem conduzir a essa meta final.
- O objeto de uma pulsão é aquele
junto ao qual ou através do qual
uma pulsão pode alcançar sua meta.
É o que há de mais variável na pulsão,
não estando originariamente a ela
vinculado, sendo apenas a ela
atribuída por sua capacidade de tornar
possível a satisfação.
- Por fonte da pulsão entende o
processo somático em um órgão
ou parte do corpo, cujo estímulo é
representado na vida anímica
pela pulsão.
- O elemento central da concepção
freudiana da pulsão é seu caráter
eminentemente parcial, especificado
por uma fonte pulsional (oral, anal
etc.) e por um alvo ou menta (a
resolução de uma tensão interna).
Através da formulação da parcialidade
da pulsão, Freud indica o erro inerente
ao fato de se restringir a sexualidade
humana ao aspecto da reprodução.
Lacan sublinha que a parcialidade da
pulsão posta por Freud depende
precisamente da parcialidade que seu
funcionamento apresenta em relação
à finalidade biológica da reprodução:
nenhuma pulsão parcial representa a
totalidade da tendência sexual, isto é,
a função de reprodução.
Uma nota de tradução: Trieb x
Instinct
- A escolha da palavra pulsão para
traduzir o alemão Trieb correspondeu
à preocupação de evitar qualquer
confusão com instinto e tendência.
- Essa opção correspondia à de
Sigmund Freud, que, querendo marcar
a especificidade do psiquismo
humano, preservou o termo Trieb,
reservando Instinkt para qualificar os
comportamentos animais.
- Em alemão como em francês ou
português, os termos Trieb e pulsão
remetem, por sua etimologia, à idéia
de um impulso, independentemente de
sua orientação e seu objetivo.
- Quanto à tradução inglesa, parece
que foi a fidelidade à idéia freudiana
de uma articulação da psicanálise com
a biologia que norteou a escolha que
James Strachey* fez da palavra
instinct, em lugar de drive.
Pulsão
- Para Freud, a sexualidade humana
não é de modo algum passível de ser
subsumida à genitalidade, através da
qual a função reprodutora se perpetua:
“O conceito de ‘sexualidade’ e, ao
mesmo tempo, o de uma pulsão
sexual, teve de ser ampliado de modo
a abranger muitas coisas que não
podiam ser classificadas sob a função
reprodutora, e isso provocou não
pouco alarido num mundo austero,
respeitável ou simplesmente
hipócrita.”
- Lacan criticou veementemente o
desvio teórico implicado nas
concepções que transformam a pulsão
em instinto e indicou nelas a vigência
de uma ideologia normatizante
absolutamente incompatível com a
ética psicanalítica, centrada no
desejo, e, ainda, frontalmente
contrária à concepção freudiana da
sexualidade.
- O conceito de pulsão está na base
dos processos que determinam
os modos como nós amamos,
desejamos e sofremos.
- Ao discutir os fundamentos de nossa
economia libidinal, Freud também
desenha um quadro dos destinos da
pulsão.
- Uma pulsão pode:
• Satisfazer-se num objeto (ainda que
parcialmente), provocando
prazer
• Pode ser revertida em seu oposto
• Pode retornar ao próprio eu
• Pode ser recalcada
• Pode ser sublimada
Primeiro Dualismo Pulsional
- Pulsões de Autoconservação x
Pulsão Sexual
Primeiro Dualismo Pulsional
- Nos Três ensaios, Freud esboça uma
distinção entre as pulsões sexuais e
as outras, ligadas à satisfação de
necessidades primárias.
- Seu primeiro dualismo pulsional opõe
as pulsões sexuais, cuja energia é de
ordem libidinal, às pulsões de
autoconservação, que têm por objetivo
a conservação do indivíduo.
- Essa classificação não deve
obscurecer o que contrasta esses dois
tipos de pulsões, uma vez que as
pulsões de autoconservação,
também denominadas de pulsões do
eu, participam da defesa do eu contra
sua invasão pelas pulsões sexuais
- Essa classificação (Pulsões do Eu e
Sexual) resultou do desenvolvimento
histórico da psicanálise, que tomou
por objeto primeiro as neuroses de
transferência (histeria e neurose
obsessiva) e, através dela chegou à
compreensão de que um conflito entre
as exigências da sexualidade e as do
Eu estava na raiz de todas aquelas
afecções.
- Freud então distribui esses dois
grupos pulsionais de acordo com
as modalidades de funcionamento do
aparelho psíquico: as pulsões sexuais
encontram-se sob o domínio do
princípio de prazer, enquanto as de
autoconservação ficam a serviço do
desenvolvimento psíquico
determinado pelo princípio de
realidade
- Nesse momento da elaboração
freudiana, as pulsões sexuais são
concebidas como apoiando-se nas de
autoconservação e, desse modo, o ato
de sugar o dedo ou a chupeta
revelaria o apoio (Anlehnung) de uma
atividade puramente prazerosa, da
mucosa oral, sobre uma atividade de
cunho vital, como a ingestão do leite
materno. Freud distingue dois modos
de escolha objetal congruentes com a
noção de apoio: a escolha anaclítica,
fundamentada no fato de as pulsões
sexuais se apoiarem originalmente
nas de autoconservação; e a escolha
narcísica, baseada no modelo da
relação do sujeito consigo mesmo, em
queo objeto o representa sob algum
aspecto.
- A esse respeito, Lacan ressalta a
impossibilidade de se considerar
como da ordem do pulsional aquelas
atividades reunidas por Freud sob a
rubrica de auto conservadoras, na
medida em que, referenciadas
ao nível da necessidade do organismo
biológico (fome, sede), apresentam
objetos de satisfação invariáveis e
preestabelecidos.
- Pode-se até dizer, ao contrário, que
longe de as pulsões sexuais virem
a se apoiar naquelas de
autoconservação, são estas que, na
verdade, se apóiam naquelas: a
especificidade do humano implica
precisamente que o funcional seja
subvertido de modo constante pelo
pulsional.
Vida e Morte
- Pulsões Sexuais x Pulsões de
Autoconservação (Eu)
- Pulsões de vida x Pulsões de Morte
Segundo Dualismo Pulsional
- Em 1920, com a publicação de
Mais-além do princípio de prazer,
Freud instaurou um novo dualismo
pulsional, opondo as pulsões de
vida às pulsões de morte: a
repercussão seria imensa, tanto por
seus efeitos no pensamento filosófico
do século XX quanto pelas polêmicas
e pelas rejeições que essa tese
provocaria no próprio âmago do
movimento psicanalítico.
- As pulsões do Eu (autoconservação)
e as Pulsões sexuais foram reunidas
na Pulsão de vida, que agora opõe-se
às de morte.
- Foi a partir da observação da
compulsão à repetição que Freud
pensou em teorizar aquilo a que
chamou pulsão de morte. De origem
inconsciente e, portanto, difícil de
controlar, essa compulsão leva o
sujeito a se colocar repetitivamente
em situações dolorosas, réplicas de
experiências antigas. Mesmo que não
se possa eliminar qualquer vestígio de
satisfação libidinal desse processo, o
que contribui para torná-lo difícil de
observar em estado puro, o simples
princípio de prazer não pode
explicá-lo.
- Para compreender a radicalidade do
estatuto da repetição tal como
Introduzido por Freud em Mais-além, é
preciso destacar a estreita vinculação
estabelecida por ele entre esta e a
pulsão de morte. Com efeito, é através
da análise dos fenômenos que
indicam uma repetição pura a operar
insistentemente, que ele se vê levado
a conceber a pulsão de morte. Tais
fenômenos são principalmente a
repetição de sonhos traumáticos, a
repetição na transferência e o brincar
infantil.
- Obrigado a rever seu postulado
segundo o qual o aparelho psíquico
funciona através do princípio de
prazer, com sua tendência a reduzir as
tensões, Freud se pergunta como é
possível que situações cujo teor é
eminentemente desprazeroso para o
sujeito possam se repetir de modo
continuado. Freud detecta nestes
fenômenos a vigência de um elemento
novo que, contrariando o princípio de
prazer, vai mais além deste. A este
elemento novo, deu o nome de pulsão
de morte.
- Quanto à pulsão de morte, sua
natureza conservadora reside na
tendência de retorno ao estado
inorgânico, pois se admitirmos que o
ser vivo veio depois do ser não-vivo e
surgiu dele, a pulsão de morte
harmoniza-se bem com a fórmula
segundo a qual uma pulsão tende
para o retorno a um estado anterior.
Esse caráter conservador, restitutivo,
da pulsão, está intimamente
relacionado com seu aspecto
repetitivo, ou seja, é do caráter
conservador que emana a tendência
da compulsão à repetição.
- O estabelecimento de uma relação
entre essas observações e a
constatação de ordem filosófica de
que a vida é inevitavelmente
precedida por um estado de não-vida
conduziu Freud à hipótese de que
existe uma pulsão cuja finalidade“é
reconduzir o que está vivo ao estado
inorgânico”. A pulsão de morte
tornou-se, assim, o protótipo da
pulsão, na medida em que a
especificidade pulsional reside nesse
movimento regressivo de retorno a um
estado anterior.
Uma nota de Lacan
- Ao criticar toda uma pseudo
biologização da teoria psicanalítica,
Lacan volta a afirmar que é preciso
reconhecer “na metáfora do retorno ao
inanimado, do qual Freud reveste todo
corpo vivo, a margem para-além da
vida que a linguagem assegura ao ser
pelo fato de ele falar”.Como resume
Catherine Millot, com a pulsão de
morte, o que Freud promoveu,
segundo Lacan, foi “a existência
da autonomia do simbólico, da
dimensão da linguagem no homem,
que parasitam o ser vivo e nele
introduz o registro de um mais além da
vida”.A linguagem está relacionada
com a pulsão de morte na medida em
que ela determina o ser falante mas
além de sua condição de vivente.
Segundo Dualismo Pulsional
- A pulsão de morte não pode ser
localizada ou sequer isolada, com
exceção, talvez, da experiência da
melancolia. Por outro lado, Freud
sublinhou que a pulsão de morte não
pode “estar ausente de nenhum
processo de vida”: ela se confronta
permanentemente com Eros, as
pulsões de vida, reunião das pulsões
sexuais e das pulsões outrora
agregadas sob o rótulo de pulsões do
eu. “Da ação conjunta e oposta”
desses dois grupos de pulsões,
pulsões de morte e pulsões de vida,
“provêm as manifestações da vida, às
quais a morte vem pôr termo.”

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