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1 SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Sustentabilidade, Inovação e Novos Negócios. Produção do vidro: uma proposta de disponibilização sustentável de resíduos de perfuração de poços de petróleo Mayara Dutra da Silva Graduando do Curso de Química Centro Universitário São Camilo – Espirito Santo may.dds@gmail.com Marcela Silva Maia Graduando do Curso de Tecnologia de Petróleo e Gás Centro Universitário São Camilo – Espirito Santo masimaia@gmail.com Roberta Kelly Ribeiro Freitas Graduando do Curso de Tecnologia de Petróleo e Gás Centro Universitário São Camilo- Espirito Santo robertakrf@yahoo.com.br Otoniel de Aquino Azevedo Professor orientador: Prof. Msc. Centro Universitário São Camilo- Espirito Santo otoazevedo@saocamilo-es.br Gilson Silva Filho Professor orientador: Prof. Dr. Centro Universitário São Camilo- Espirito Santo gilsonsilva@saocamilo-es.br Este simpósio tem apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo: Este trabalho apresenta um levantamento bibliográfico em busca da caracterização de problemas relacionados a formas de disponibilização dos resíduos de perfuração de poços de petróleo, segundo legislações vigentes e de metodologias de utilização sustentável dos resíduos provenientes destes processos. Os possíveis impactos com o descarte incorreto no meio ambiente são citados e a possibilidade de designar este material para ser beneficiado como matéria-prima é levantada. A obtenção da composição química dos resíduos de perfuração foi obtida pelo método analítico espectrometria de fluorescência de Raio X, possibilitando quantificar e caracterizar a composição do resíduo solido de perfuração. Realizaram- se também ensaios térmicos, com intuito de obter a mistura com composição ideal para produção de um tipo de vidro. Os resultados qualificaram positivamente esse resíduo, a partir da análise comparativa de sua composição com diferentes tipos de 2 vidro, apontando o cascalho de perfuração de campos petrolíferos, como matéria- prima alternativa e sustentável para esse processo produtivo. Palavras-chave: Vidro, Cascalho de Perfuração, Utilização Sustentável Summary This paper presents a literature search on the characterization of problems related to forms of provision of waste drilling of oil wells, according to current legislation and methodologies for sustainable use of waste from these processes. The possible impacts with the incorrect disposal in the environment are mentioned and the possibility of designating this material to be benefited as raw material is raised. Obtaining the chemical composition of the drilling waste was obtained by fluorescence spectrometry X-ray analytical method, allowing to quantify and characterize the composition of solid waste drilling. Also carried out thermal tests, in order to obtain a mixture with ideal for the production of a type of glass composition. The results positively qualified this residue from the comparative analysis of its composition with different types of glass, pointing the gravel of oilfield drilling, as raw material and sustainable alternative to this production process. Key – Words: Glass, Gravel Drilling, Sustainable Use Curso de Tecnologia em Petróleo e Gás: Meio Ambiente, Sustentabilidade e novos negócios. Apresentação: pôster 1. Introdução O petróleo é um recurso natural que na atualidade é considerado como a principal matriz energética mundial, devido a sua ampla aplicação em diversos setores produtivos. Porém, sua prospecção envolve elevados custos, complexidade de estudos e grande geração de resíduos. No processo de perfuração, onde o acesso ao reservatório é possibilitado, o principal resíduo é o cascalho de perfuração, gerado pelo trituramento da formação rochosa em contato com a broca, este chega à superfície por intermédio do flúido de perfuração e após serem armazenados em tanques passam por um tratamento prévio e são descartados em aterros ou no leito marinho, contribuindo para um impacto negativo de grande relevância (DOS SANTOS, 2012). Diante deste impacto foram levantadas possibilidades para o reaproveitamento deste material, e prováveis oportunidades de utilização deste como matéria-prima em algum processo produtivo rentável, destaca- se aqui a produção de vidro como alternativa de disponibilização sustentável desse resíduo. Para caracterizar o resíduo, inicialmente, foi realizada lavagem, filtração, retirada de água livre e água adsorvida do mesmo. Posteriormente, a amostra foi moída em moinho de panelas, sendo em seguida submetida a uma análise de Raio X por fluorescência, para caracterização química do resíduo. Realizou-se também ensaios térmicos, com intuito de obter a mistura com composição ideal para produção de um tipo de vidro. Os resultados qualificaram positivamente esse resíduo, a partir da análise comparativa de sua composição com diferentes tipos de 3 vidro, apontando o cascalho de perfuração de campos petrolíferos, como matéria- prima alternativa e sustentável para esse processo produtivo. 2. Objetivos. Analisar fisica e quimicamente amostras dos resíduos de perfuração de poços da região e apontar o desenvolvimento e uso de tecnologias que possibilitem o aproveitamento desse resíduo como filer ou matéria-prima para a indústria. 3. Revisão Bibliográfica Embora o petróleo seja conhecido deste a antiguidade, onde seu afloramento ocorria naturalmente, sua extração ainda não era intensa. O início do desenvolvimento da moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX, em 1850, James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído do carvão e xisto betuminoso, e criou processos de refinação. Em agosto de 1859 o norte-americano Edwin Laurentine Drake, perfurou o primeiro poço para a procura do petróleo cuja profundidade média era 21 metros, no estado da Pensilvânia. SANTOS, 2012. O poço revelou-se produtor e a data passou a ser considerada a do nascimento da moderna indústria petrolífera, desde o momento os processos de exploração só vieram a evoluir. Dentre as áreas necessárias para a movimentação do setor petrolífero, destaca- se a exploração, que tem suas peculiaridades ligadas ao ambiente exploratório. De forma geral a diferenciação da exploração de uma jazida de hidrocarbonetos pode ser definida pelo lugar em questão, se a perfuração que precede a exploração do bem mineral estiver instalada na costa, isto é, em terra, é definida com exploração onshore, e se os processos estiverem instalados no mar, são caracterizados como uma exploração offshore. O processo de perfuração, para atingir a rocha reservatório, é bem similar nos ambientes onshore e offshore, porém a exploração fora da plataforma continental conta com um desafio a mais, a lâmina d’água. O mecanismo de perfuração conta com uma série de equipamentos e sistemas que interligados formam a sondas de perfuração, onde será possível o acesso ao depósito de petróleo e gás. Para o acesso efetivo do reservatório é de extrema importância uma perfuração de excelência. Com o intuído de efetuar tal procedimento destacamos alguns sistemas e seus constituintes, uma coluna de perfuração que conta com a junção de vários elementos tubulares, uma broca em sua extremidade para a perfuração da rocha, revestimento para garantir a passagem do fluido de perfuração e evitar que o poço desmorone, um sistema de circulação que injeta o fluido na coluna, com as seguintes funções, transportar os resíduos de perfuração e permitir sua separação na superfície; resfriare limpar a broca; reduzir o atrito entre a haste de perfuração e as paredes do poço; manter a estabilidade do poço; formar um filme de baixa permeabilidade nas paredes do poço, prevenindo o escoamento do fluido para o interior das formações; auxiliar as avaliações sobre os detritos e as formações perfuradas. O fluido, por ser responsável de levar os resíduos provenientes da perfuração até a superfície, precisa passar por um processo de reciclagem, a fim de conferir novamente as características iniciais, para o processamento correto da atividade de perfuração e limpeza dos detritos provenientes da ação da broca na coluna. Os cascalhos de perfuração são de extrema importância para fornecer informações geológicas, porém, os mesmos são classificados como resíduos de perfuração. http://wiki.advfn.com/pt/Petr%C3%B3leo http://wiki.advfn.com/pt/Carv%C3%A3o http://wiki.advfn.com/pt/Petr%C3%B3leo 4 Após análise das amostras que confirma as características das rochas perfuradas, sua aplicação finaliza no processo, portanto será encaminhado para um tratamento, posteriormente será feito o descarte deste material. DARLEY & GRAY, 1988. 3.1 Resíduos gerados Toda atividade de extração gera impactos significativos ao meio, a exploração de petróleo é avaliada como um potencial poluidor, devido aos seus grandes volumes de resíduos gerados ao longo das atividades. De acordo com sua ampla atuação em ambientes diferenciados, a fiscalização é efetuada por órgãos federais, que estabelece a implementação de programas ambientais, entre eles um rigoroso projeto de controle da poluição, cujo escopo abrange o controle de despejo de efluentes, lançamento de emissões e descarte de resíduos, DOS SANTOS, 2012. Desde o início da exploração até a chegada dos insumos no mercado, a atividade petroleira tem como acompanhante os resíduos provenientes dos processos que os hidrocarbonetos passam para chegar até o consumidor final. Por ser tratar de uma série de resíduos de origem diferenciados, algumas medidas foram tomadas a fim de tornar o processo de controle mais eficaz. Diante da necessidade de caracterizá- los, considerando a crescente preocupação em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável, a ABNT criou a Comissão de Estudo Especial Temporária de Resíduos Sólidos, para revisar a ABNT NBR 10004:1987 que trata das classificações dos resíduos sólidos, com o intuito de aperfeiçoá-la e, desta forma, fornecer informações para o gerenciamento correto. Para que possam ser administrada adequadamente, segundo a ABNT (1987) as classificações dos resíduos sólidos são feitas de acordo com seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. A mesma descreve todo o procedimento de classificação, onde ao final o material estará ligado a uma categoria, de acordo com a NBR 10.004/04 como: Resíduos Classe I – Perigosos; Resíduos Classe II – Não Perigosos; Resíduos Classe II A – Não Inertes; Resíduos Classe II B – Inertes. No setor petrolífero todos os resíduos sólidos passam por essas classificações, focando em adequar ao descarte correto dos mesmos, e com isso diminuir o seu potencial poluidor ao longo do desenvolvimento desta grande cadeia produtiva. O resíduo de perfuração possui classificações distintas, devido à natureza do processo que irá classificá-lo, onde pode ocorrer uma variação de estado para estado. Cada competência pode oferecer procedimentos ou protocolos ligeiramente diferentes, porém, ambas asseguradas pela legislação que regem as atividades. 3.2 Resíduos de perfuração Na etapa de exploração e produção de óleo e gás são perfurados os poços de desenvolvimento, que colocam o campo em produção. Deve ser ressaltado que em certos casos se aproveitam os poços pioneiros e de delimitação para produzir. Em linhas gerais, a perfuração que ocorre na fase de exploração conta com o auxílio do fluido que passa dentro da coluna de perfuração saindo por orifícios da broca mantendo a estrutura do poço e carreando os detritos até a superfície. PETROBRAS, 1997. O fluido de perfuração que sai do poço chega à superfície com cascalhos, então imediatamente é direcionado a um sistema de controle de sólidos. Este sistema extrai os resíduos do fluido de perfuração, porém, naturalmente restará sempre um percentual de fluido agregado ao cascalho, de acordo com Schaffel, 2002, o IBAMA considera como aceitável em águas brasileiras o descarte de http://www.ehow.com.br/descarte-cascalhos-perfuracao-como_32680/ http://www.ehow.com.br/descarte-cascalhos-perfuracao-como_32680/ 5 cascalho com até 10% de fluido contido. Estes detritos provenientes da perfuração da rocha são considerados de forma gerais resíduos sólidos de perfuração, com a finalidade de adequar a porcentagem aceitável, o cascalho será submetido a um tratamento específico. Como a extração nacional tem os ambientes onshore e o offshore para se adequar, alguns destes resíduos quando não descartados no solo marinho são armazenados em dique e levado até um aterro de disposição de resíduos sólidos perigosos. O descarte destes materiais tem grande potencialidade de causar impacto no ambiente, pois esses não apresentam características para constituir o ambiente onde serão disponibilizados. No solo marinho, embora possa ser considerado com uma pequena proporção, modifica as características constituintes do leito e interfere de forma significativa na vida marinha e nas formações naturais presentes no fundo oceânico. Em algumas situações o descarte em aterro, não passa por supervisão e devido a não observância legal, a empresa responsável pelo material terá que arcar com as sanções devidas. Uma medida viável para solucionar tais circunstâncias, seria o uso deste resíduo como matéria prima para abastecer outro processo industrial. Os resíduos sólidos provenientes da perfuração já foram aplicados na produção de cerâmicas, pavimentações de rodovias, obtenção de concreto para construção civil, e há ainda uma ampla atuação do mesmo nos processos industriais, para obter materiais de grande utilização no mercado e ainda ter ações sustentáveis. MACHADO, et al. 2013. Devido aos impactos provenientes da exploração de hidrocarbonetos a utilização dos seus resíduos como matéria-prima, além de tornar o meio ambiente menos poluído pode ocasionar outros ganhos para sociedade, onde os setores econômicos, social e ambiental estão interligados. 3.3 Aspectos e impactos desta atividade A implantação de um grande projeto pode acarretar drásticas mudanças para a organização do território onde o mesmo será locado, mudanças estas que se fazem notórias na qualidade de vida, na estrutura ambiental, na economia e nas zonas ditas de impactos diretos e indiretos. A busca por minimizar tais impasses são assuntos de grande relevância para o desenvolvimento dos futuros empreendimentos. Os impactos ocasionados devido à exploração de petróleo não se limitam a esfera ambiental. Porém é a primeira medida a serem consideradas para a aprovação das iniciativas, o procedimento de análise dos ativos e passivos ambientais faz necessário para a melhor adequação da atividade, estes procedimentos legais, devem ser seguidos por todas as empresas, seja ela do seguimento petrolífero ou não, onde os o órgãos fiscalizadores tem um papel primordial. Uma forma eficaz de solucionar os impactos negativos gerados pela entrada de algo novo em uma localidade seria organizar uma medida onde o insumo causador dos impactos ambientais, seja aproveitado por uma indústria que se estalaria na localidade gerando assim novos empregos e movimentando a economia local. Tais conceitos podem ser nomeados como solução sincronizada, onde as ações visam solucionar problemas globais. A idéia de solução sincronizada tem como principal objetivo, ligar todas as áreas impactadas em apenas uma esfera de atuação, em que todos os envolvidos sejam beneficiados, fundamentados no conceito de sustentabilidade, que possuiem linhas gerais a visão integrada de um projeto. SACHS, 2005. 6 Analisando de forma específica o descarte incorreto de um resíduo, pode gerar uma série de impactos negativos, porém se o mesmo for gerenciado corretamente, visando garantir lucro e melhora do ambiente, o mesmo deixa de ser um empecilho e se torna uma ramificação da cadeia produtiva em questão. A grande movimentação de vários setores que sustentam a cadeia produtiva petrolífera ganharia uma nova dinâmica, onde o principal foco era minimizar os impactos ambientais, diminuir as taxas de desigualdade social, aumentar a qualificação e com isso aquecer o mercado local. GARCIA, 2003. As medidas a serem adotadas pelas empresas, onde a visão sistêmica auxiliaria na tomada de decisão, faria com que alguns dos pontos negativos fossem erradicados. Como exemplo pode ser citado à utilização do resíduo de perfuração, para obtenção de matérias para construção civil, esta pequena atitude de empregar um dado resíduo e transformando em matéria prima, fará com que uma grande movimentação ocorra. Sabe-se que a indústria da construção civil em seu desenvolvimento lança mão de recursos naturais que submetidos a processos industriais apresentam propriedades para o desenvolvimento de suas atividades, tais matérias-primas, muitas vezes apresentam como constituintes substâncias também presentes nesses resíduos, o que a torna um potencial, como matéria-prima em seus processos de produção. Junto à solução sucederá fatos positivos, como geração de emprego, capacitação de mão de obra, movimentação comercial, ganhos ambientais e um grande leque de possibilidades para aqueles não envolvidos diretamente na indústria do petróleo. SACHS, 2004. Como iniciativas para o desenvolvimento de novos produtos provenientes de matéria-prima reciclada, e responsabilidade socioambiental, como profissionais da indústria de petróleo e gás realizaram a pesquisa e estudos físico-químicos dos resíduos de perfuração de poços de petróleo e apresentamos a produção de vidro como uma alternativa de disponibilização sustentável para esse resíduo. 3.4 Produção de vidro: uma proposta para disponibilização sustentável do resíduo de perfuração Os vidros estão presentes em nosso cotidiano, seja por meio de embalagens, nas esquadrias e fechamentos de nossas casas, na arte, etc. Podem garantir mais luminosidade, transparência, segurança, acabamento e decoração. No mercado em diversos formatos, composições, tipos e sob as mais variadas formas de produtos, contudo, sua escolha deve ser criteriosa. Na escolha deve-se observar e relacionar os mais diversos pontos como, por exemplo, tipo, funcionamento, dimensões, especificações do fabricante e aplicação a qual se destina, atentando-se sempre às normas técnicas e se o fabricante possui certificações da ISSO, Manual do Vidro, 2000. Segundo FERNANDES, 1999, o vidro é uma é uma mistura de substâncias inorgânicas, homogênea e amorfa, obtida através do resfriamento de uma massa com composição predominante de sílica em fusão. As propriedades do vidro são função direta de sua composição química. Quando se conforma o vidro se joga com sua viscosidade. Esta no início não pode ser muito baixa, pois não seria possível dar-lhe forma. Por outro lado ele não pode estar muito viscoso, pois também dificultaria a conformação. Durante a conformação o vidro vai se esfriando e ficando mais viscoso até que ele fique viscoso o bastante para não continuar a fluir, Shelby, 2005. 7 Imagem 1. (Shelby, 2005). Os ingredientes básicos na composição do vidro é a sílica com 72% Os vidros são produzidos industrialmente com esses materiais, sob elevado ponto de fusão e a alta viscosidade, processos e matérias-primas que caracterizam alto custo de produção. Por isso vimos que os outros 28% podemos encontrar potássio, alumina, sódio, magnésio, cálcio, entre outros que servem para reduzirem o custo do processo e aumentam na variedade de tipos, Alves et AL, 2001. APLICAÇÕES SÍLICA CARBONATO DE SÓDIO CARBONATO DE CÁLCIO Vidro usado nos copos 72% 12,5% 11,5% Vidro de janelas 72% 14% 9% Vidro de garrafas 70% 14,5% 9% Tabela 1. (FERNANDES, 1999) Os vidros coloridos nada mais é que a adição de manganês, cobalto, ferro, níquel, antimônio e outros componentes metálicos. As matérias primas vitrificáveis são em quase toda sua totalidade sólidos granulados, com os grãos numa faixa de tamanho 0,1 a 2 mm. A granulométria é muito importante sobre os aspectos da fusão, que indica quanto mais fina mais fácil de fundir, pois possui maior superfície especifica. Porém, muito fina não é conveniente, pois acaba formando muito pó que é perdido na manipulação indesejável nas emissões atmosférica, e da composição da misturas, por meio da qual se obtém o que vai ser enfornada para fusão, constituindo o vidro, é necessário se misturar diversas matérias primas de tamanhos parecidos para não dificultar na homogeneidade do vidro. As matérias primas podem ser classificadas em grupos conforme a função que desempenham. Os vitrificantes são aquelas passiveis de se transformar em vidros (Sílica). Os fundentes, com função de facilitar o processo de fusão baixando o consumo de energia, pois a sílica sozinha possui um vidro de ótima qualidade, porem necessita de temperaturas extremamente altas para fundir e para ser conformada, o que torna o vidro com um custo elevado, assim resolve-se esse problema adicionam a matérias primas fundentes barrilha (carbonato de sódio) que apresentam características de se fundirem a temperaturas muito inferiores. O Brasil não é auto-suficiente em barrilha que é importada da Europa e dos Estados Unidos. Para evitar que o vidro se dissolva em contato com água se acrescenta os principais estabilizantes o óxido de magnético e o óxido de alumina, sendo esse Sílica (SiO2) Matéria prima básica (areia) com função vitrificante. Potássio (K2O) Alumina (Al2O3) Aumenta a resistência mecânica Sódio (Na2SO4 Magnésio (MgO) Garante resistência ao vidro para suportar mudanças bruscas de temperatura e aumenta a resistência mecânica. Cálcio (CaO) Proporciona estabilidade ao vidro contra ataques de agentes atmosféricos 8 último responsável por agregar propriedades térmicas. Os afinantes servem para retirar da massa vítrea criada, bolhas, oriundas da decomposição dos carbonatos, que não conseguem sair do seu interior devido à alta viscosidade, Alves et AL, 2001. Os vidros são incolores e para dar cores a eles são acrescido óxidos ou elementos metálicos a sua composição que dissolvidos na massa, interferem com a luz e produzindo cores. Corantes mais comuns cobalto (azul), selênio (rosa), manganês (vinho), ferro (verde) vidro plano automóvel e cromo (verde) vidro garrafa de vinho, Beveridge et AL, 2005. Imagem 2. Fonte: www.cempre.org.br O vidro é um material 100% reciclável, portanto tudo que não é aproveitado como produto, seja por razões de processo como as bordas do vidro plano, ou por algum defeito ou quebra retorna ao forno para ser refundido. 3.5 Construção civil: uma aplicação dos vidros em nosso cotidiano “O vidro está cada vez mais presente, suprindo as mais diversas necessidades em nosso cotidiano, contribuindo para o fornecimento de soluções para o conforto em nossos ambientes, térmico, acústico ou de segurança”, Shelby, 2005. As propriedades dos vidros, assim como de todos os outros materiais, dependem de sua composição química, e também pela sequência de processos térmico os quais são submetidos nos processos de produção, e estas mudam com quantidade de cada composto. Quanto aos processos térmicos o tempo de resfriamento do vidro tem grande influencia nas suas características finais. Quanto a proporção dos componentes, aumentando-se o Na2O (Óxido de sódio) do vidro aumenta-se a sua fluidez, expansão e solubilidade,mas por outro lado diminui a sua durabilidade, o Al2O3 (alumina ou óxido de alumínio), ao contrário do Na2O, aumenta a durabilidade e faz aumentar a viscosidade, o BaO (Óxido de bário) e o PbO (Óxido de chumbo) aumentam a densidade e reduzem a viscosidade, além de aumentarem a expansão térmica, o CaO (Óxido de cálcio) favorece a devitrificacão, Beveridge, 2004. 9 A imagem a seguir mostra a propriedade proporcionada segundo a composição e proporção de cada uma das substâncias: Imagem 3: fonte O vidro sodo-cácico composto predominantemente de carbonato de cálcio, sódio e sílica, constitui estrutura amorfa, frágil e sujeita a expansão devido ao calor, o que torna a técnica do adesivo um pouco suspeita. Seria adequado apenas para clima frio, por isso, o vidro na construção civil, embora já muito usado em largas vidraças corrediças e até em paredes totalmente de vidros, para substituir o concreto e o aço, precisa para tal aplicação ter suas propriedades melhoradas, Sobre o vidro na construção civil, alguns engenheiros já envolvidos em projetos mais arrojados e em andamento, afirmam que já estão sendo usados diferentes tipos de vidros de formatos diferentes e de processamento diferenciados em sua constituição, não por agregar elemento novo na sua constituição, mas na tecnologia de seu resfriamento, que é o fator que dá maior ou menor resistência ao vidro, Beveridge et El, 2004. Citamos como exemplo a cidade de Dubai, onde está sendo construído o edifício mais alto do mundo e com o maior número de salas para escritórios, o vidro é largamente utilizado na execução do projeto, em barras transversais, e em ambientes com paredes totalmente de vidro. A Opção pelo vidro está cada vez maior devido ao relacionamento com as características que nos proporciona como a translucidez, integração com o meio externo e eficiência energética (proporcionada pela redução da necessidade de iluminação e uso de ar-condicionado). 3.6 Processos físicos de beneficiamento e caracterização do resíduo e produção do vidro. Inicialmente foi feita a lavagem, secagem de uma amostra do resíduo, que a 100°C foi retirado água livre e a 600°C, água adsorvida numa estufa com ventilação por 24 horas, que em seguida submetido a moagem em um moinho de panelas por 2 horas de forma a tornar compatível com o tamanho das partículas dos resíduos, favorecendo assim uma adequada homogeneidade da mistura dos reagentes. A caracterização dos resíduos após moagem foi realizada através de análise de tamanho e distribuição de modelo 1064, em ambiente aquoso no pH 10, utilizando pirofosfato de sódio como dispersante, análise de fases cristalinas por difração de raios X pelo Método do 10 pó, como fonte de radiação monocromática CuKα, em um difratômetro da marca Philips, modelo X’pert Pro, voltagem de 40 kV e corrente de 40 mA, e análise química por fluorescência de raios x em um Espectrômetro de Fluorescência de Raios X, marca Philips, Modelo PW 2400, empregando‐se como método de preparação das amostras, pastilhas fundidas com fluxo (tetra/met borato de lítio) (CALMON, 1997). Imagem 4: Fonte: Autor As composições dos resíduos foram ajustadas com adição de areia para correção de sílica e carbonatos (sódio e cálcio), de modo a se obter composições que se aproximassem às da matéria-prima do vidro comum, porém, com maior e menor teor de óxidos modificadores para se avaliar a influência da adição desses óxidos nas propriedades dos vidros (SHELBY, 2005). Três das quatro composições foram preparadas a partir do resíduo sólido de perfuração de poços, enriquecidas com sílica (SiO2) na forma de areia e contendo quantidades de óxidos de sódio e cálcio, e uma quarta composição foi preparada contendo o resíduo, com adições de areia e carbonato de sódio. Cada composição foi homogeneizada por 30 minutos em um moinho tipo panela, antes da fusão. As composições foram aquecidas ao ar, em cadinho de cadinhos de alumina, com massa das amostras de 4g, com faixa de temperatura entre 28 e 1200oC e taxa de aquecimento de 10oC/min., em um forno mufla a temperaturas de 900°C,950°C,1000 °C, 1050°C, 1100°C, 11150°C e 1200°C,com taxa de aquecimento de 5oC/min 60min para se avaliar visualmente, empregando um microscópio,estereosópico, a temperat ura aproximada de fusão de cada mistura. Para garantir a homogeneidade simular o processo usualmente utilizadoindustrialmente,com exceção do tempo, as misturas foram aquecidas a 1500oC por 2 horas (BABISK, 2009). Os vidros obtidos foram caracterizados quanto à densidade pelo método de Arquimedes (SHELBY, 2005), análise de fases cristalinas será obtida por difração de Raios‐x, a fim de se detectar um diagrama de fases nos vidros, pelo método do pó, com fonte de radiação monocromática CuKα, em um difratômetro da marca Philips, modelo X’pert Pro, voltagem de 40 kV e corren te de 40 mA e dureza caracterizada pelo método indentação Vickers, em um microdurômetro digital marca BUEHLER, modelo Micromet 2003 (FIGUEIREDO, 2009). 4. Materiais e Métodos Para se encontrar a melhor alternativa de utilização de resíduos de perfuração, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em livros, Google acadêmico, Scielo, capes COMPOSIÇÃO DO VIDRO PRODUZIDO % SiO2 66 Al2O3 13 Fe2O3 2 CaO 10 MgO 1 SO3 0 Na2O 4 K2O 4 P2O5 0 TiO2 0 11 periódicos e ensaios laboratoriais, que além de proporcionar a caracterização de problemas sociais, ambientais e econômicos relacionados às formas de disponibilização desse resíduo, segundo normas de regulamentação, apontaram também a possibilidade de beneficiamento e disponibilização desse resíduo para a produção de diferentes tipos de vidro. Como descritores foram utilizados: Matéria- prima, Cascalho de Perfuração, Utilização Sustentável. Os ensaios laboratoriais foram desenvolvidos no laboratório de Química do Centro Universitário São Camilo – ES. Para caracterizar o resíduo, inicialmente, foi realizada lavagem, filtração, retirada de água livre e água adsorvida do mesmo. Posteriormente, a amostra foi moída em moinho de panelas, sendo em seguida submetida a uma análise de Raio X por fluorescência. Com a composição química determinada, realizou-se a comparação desta com a composição de diferentes tipos de vidros produzidos industrialmente. 5. Resultados e Discussão Foi desenvolvido um vidro sodo-cálcico através do aproveitamento de resíduos silicáticos provenientes de perfuração de poços de petróleo. As composições preparadas resultaram em vidro completamente amorfo. O vidro produzido apresentou propriedades típicas de vidro sodo-calcico e semelhante a do vidro comercial, em função da porcentagem de alumina observada. Assim, aponta- se a possibilidade de disponibilizar esse resíduo para produção de vidro com excelente propriedade. 6. Conclusões O trabalho foi desenvolvido em escala de experimentos e ensaios feitos em laboratório a fim de observar o potencial de uso de resíduos sólidos de poços de perfuração de petróleo, com proposta de utilizá-lo como matéria-prima para produção de vidro, visando avaliar a possibilidade de uso na indústria de construção civil, automobilística, alimentícia, farmacêutica, etc, como proposta de minimização de impactos ambientais quando se trata de um resíduo reaproveitado, hora pela diminuição no consumo de materiais com propriedades vítreas, hora com a diminuição da extração de matérias-primas de jazidas, materiais extraídos diretamente da natureza. A fim de aperfeiçoar o aspecto da atividade de exploração de petróleo desenvolveu-se com esse resíduo vidros sodocálcicos, com propriedades semelhantes as dos vidros comerciais. A disponibilização desse resíduo como matéria-prima na fabricação de vidros constituem-se uma boa opçãode reaproveitamento do mesmo, sendo uma forma de ação que busca desenvolver-se de modo sustentável tanto para atividades da indústria de exploração de petróleo, quanto às indústrias que lançam mão de recursos naturais para processos de fabricação de vidro, com grande vantagem econômica (SHELBY, 2005). 7. Referências ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004. Resíduos Sólidos Classificação. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1987. ALVES, L., GIMENEZ, L., MAZALI, Italo, (2001), “Vidros”. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, Divisão de Ensino da Sociedade Brasileira de Química. 12 BABISK, M. P. Desenvolvimento de vidros sodo-cálcicos a partir de resíduos de rochas ornamentais – Rio de Janeiro: Instituto Militar de engenharia, 2009. 90 f. : il., tab. BEVERIDGE, PHILIPPA, DOMÉNECH, IGNASI, PASCUAL, EVA, “O Vidro, Técnicas de Trabalho de Forno”, Colecção Artes e Ofícios; Editorial Estampa. 2004. CALMON, J. L.; TRISTÃO, F. A.; LORDÊLLO, F. S. S.; DA SILVA, S. A. C.; MATTOS, Flávio. V. Aproveitamento do resíduo de corte de granito para a produção de argamassas de assentamento. In: II Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas. Anais. Salvador. Bahia. ANTAC. 1997. DARLEY, Henry CH; GRAY, George Robert. Composition and properties of drilling and completion fluids. Gulf Professional Publishing, 1988. DOS SANTOS, Gisele B. Gerenciamento de resíduos na indústria de exploração e produção de petróleo: atendimento ao requisito de licenciamento ambiental no Brasil. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, 2012. FERNANDES, M. H. V., (1999), “Introdução à Ciência e Tecnologia do Vidro”, Universidade Aberta, 1ª Edição, Lisboa. FIGUEIREDO, C. F. M. L. ; ALENDOURO, M. S. J. G. ; MONTEIRO, R. C. C. ; Ferro, M. C. ; FERNANDES, M. H. V.. 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