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A História da Beleza Através do Tempo

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
A Historia da Beleza Através dos Tempos 
 
 
 
Por: Nilcea Marques de Souza 
 
 
 
Orientador 
Prof. Maria Esther de Araújo Oliveira 
 
 
Rio de Janeiro 2008 
2 
 
 
 
 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
A História da Beleza Através dos Tempos 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação de monografia à Universidade 
Candido Mendes como requisito parcial para 
obtenção do grau de especialista em Docência de 
Nível Superior. 
 Por: Nilcea Marques de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus, por me dar forças e 
saúde para continuar sempre em 
frente, e por esta pesquisa que espero 
seja fonte de conhecimentos para 
quem dela precisar. 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta pesquisa a todos aqueles que 
me incentivaram a não esmorecer nunca, 
aos que me ensinaram que para se 
alcançar um objetivo é preciso muita 
obstinação e perseverança. A minha mãe 
que mesmo a distância sempre torceu por 
mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
 A história da profissão de esteticistas no Brasil é bastante recente. Tem-se 
notícia das primeiras profissionais a externarem tal ofício há cerca de cinqüenta 
anos. A brevidade de sua existência, no entanto, não impediu que víssemos, 
nos últimos anos, um vertiginoso interesse da sociedade pelos benefícios que 
os recursos estéticos poderiam lhe trazer. Na panacéia de atingirem a beleza 
(e como conseqüência dela, a felicidade) vemos uma corrida cada vez maior 
aos salões de beleza e às clínicas de estética. A procura crescente por esses 
profissionais gerou uma valorização do enfoque social da profissão e uma 
vertiginosa busca por aprimoramento cultural. Muitos profissionais têm se 
beneficiado de tal ofício que se apresenta atualmente como uma carreira 
rentável e promissora. 
 A historia da beleza que estamos analisando a qual somos intrínsecos é 
relatada de forma coesa e objetiva, a fim de envolver o leitor deixando-o par do 
seu desenvolvimento através dos séculos. 
 Diante disso, dissecaremos todo esse assunto desde os seus 
primórdios, ou seja, desvendando-o desde o seu principio, por isso citamos a 
busca pelo corpo perfeito, a história da cosmética e da maquiagem, a história 
do perfume e da moda. 
 Abordaremos ainda as dificuldades encontradas ao longo das 
décadas até chegar aos dias de hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
METODOLOGIA 
 
 
 
 
 
 O presente artigo monográfico foi desenvolvido por meio de pesquisas 
bibliográfica e documentais. Destina-se a apoiar os profissionais da área de 
beleza Estética e Imagem Pessoal. Acompanhando a historia da beleza e sua 
evolução. 
 
 A relevância desta pesquisa procura motivar ao profissional da área de 
Beleza e Estética e Imagem Pessoal a uma análise e a uma busca contínua 
para a excelência dentro da sua profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 08 
 
 
CAPÍTULO I - A Procuro por um Corpo Perfeito 10 
 
CAPÍTULO II - A História dos cosméticos e da maquiagem 14 
 
CAPÍTULO III – A História do perfume 21 
 
CAPÍTULO IV – A História da moda 27 
 
CONCLUSÃO 38 
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40 
 
ÍNDICE 41 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
INTRODUÇÃO 
 A estética surgiu na Grécia, antiga como uma disciplina da filosofia que 
estuda as formas de manifestação da beleza natural ou artística. 
 O belo ou a beleza são conceitos dinâmicos que encontram diferentes 
representação ao longo da história e em culturas diversas. Na filosofia de 
Platão, por exemplo, pensava que as representações materiais do belo 
compartilhavam da beleza absoluta. Para Aristóteles por sua vez a beleza do 
corpo é vista como fruto da adaptação a um fim, além disso, para ele as coisas 
agradáveis e belas são necessariamente boas, tudo o que produz virtude é 
necessariamente belo. Entre os bens ele conta a saúde e a beleza do corpo. O 
belo seria um espécie de virtude. O filosofo e matemático Blaise Pascal já dizia 
“a própria moda e os países determinam aquilo o que se chama de beleza”. 
Sucessivamente na estética de Immanuel Kant, “Belo é tudo quanto agrada 
desinteressadamente. O belo sempre desafiou artistas e filósofos com suas 
inefabilidade. As estátuas de Policléto, os templos das acrópoles gregas, os 
retratos de Leonardo, as mulheres de Rubens ou de Gauguin, representavam o 
belo, mas um belo profundamente diferente a cada momento 
 É certo que a estética teve desde o principio dos tempos um papel muito 
importante ligado à beleza, bem estar, sedução, arte... 
 A Estética é uma ciência que foi evoluindo ao longo dos séculos e deixou 
marcas na pré história, Egito, Grécia, no século XX. Mulheres como Helena 
Rubinstein deram relevo à estética nesta época com o lançamento do primeiro 
creme produzido industrialmente, o Valese, e com a inauguração do primeiro 
salão de Beleza do mundo! Estée Lauder, cuja campanha publicitária de 
“Glamour Luxuriante” levaria o titulo de “Rainha Americana dos Cosméticos” 
também surgiu nesta época de destaque da estética. A célebre frase “A beleza 
é uma questão de atitude. Não mulheres feias, apenas mulheres que não se 
cuidam ou que não acreditam que são atraentes” proferidas sem parar ao longo 
dos anos serviu de grande incentivo muitas mulheres que viram na Estética 
uma solução para ficar de bem com a vida. 
 O exercício da Estética não pára, e as profissionais do ramo também não se 
9 
 
limitam aos ensinamentos alcançados enquanto estudantes. Os avanços técno-
ciêntifico ajudam não só à sua evolução como aos meios que empregam, 
tornando-os mais e melhores adaptando-se as necessidades dos dias de hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10CAPITULO I 
A procura por um corpo perfeito 
 
 A sociedade contemporânea, através do crescimento tecnológico e das 
possibilidades de uso desses na transformação da vida e dos costumes do 
indivíduo vem modificando seus códigos (verbais, escritos e corporais) e 
assumindo valores que chegam ao limite desenfreado pela busca do corpo 
perfeito. A tão cobiçada forma física dos deuses, atualmente, assume papel de 
destaque na construção do cotidiano, onde pessoas se submetem a 
tratamentos intensivos em clinicas de estéticas e exercícios. No entanto, essa 
busca pela beleza e perfeição sempre esteve presente nas ações da 
humanidade (Umberto 2004) visto que o belo e o poder são caminhos que se 
tornam na maioria das vezes parceiros inseparáveis. No entanto, a moldura 
vem se modificando ao longo dos tempos, ou seja, a idealização da simetria 
física exposta pela sociedade e seus meios de comunicação, está deixando de 
ser apenas arte inanimada para se transformar em indivíduos que aprenderam 
a reconhecer suas imagens (mesmo que distorcidas) refletidas nos espelhos 
(Ribeiro; Zorzetto, 2004) 
 Os padrões de beleza, decorrentes em principio da busca pelo parceiro, 
mas adequado à propagação da herança genética, vem sofrendo há milênios a 
influência da cultura. Segundo estudiosos do assunto o desejo de diferenciação 
social tem um papel de enorme importância na definição do que é belo: quanto, 
mas afastados dos estratos subordinados e, mas próximos das elites, mas 
bonito se é. 
A polaridade, no caso da beleza corporal, enraiza-se em uma profunda rede de 
exclusões. Inacessível a maioria, o belo é um signo de distinção social para 
poucos; afirma a historiadora Maria Angélica Soler da PUC de São Paulo. A 
história da beleza no Brasil oferece bons exemplos. No final do século XIX, 
mulheres com a compleição roliça de dona Domitila de Castro a marquesa de 
Santos que enlouqueceu D. Pedro I de paixão, estava longe de ser 
considerada fora dos padrões. Ao contrário, corpos cheios, braços roliços e 
11 
 
seios fartos, cobertos por uma macia camada adiposa, cheios, braços roliços e 
Seios fartos, cobertos por uma macia camada adiposa, eram interpretados 
como sinônimo de afluência, por oposição a escravaria. A tez branquíssima 
contrapunha-se ao moreno e negro dos trabalhadores braçais. Na transição 
entre a década de 60 e 70 a figura libertária de Leila Diniz, bronzeada em 
biquínis ousados, era a antípoda das mulheres recrutadas em massa pelo setor 
de serviços e trancafiadas em escritórios sentadas, na maior parte do tempo, 
essas mulheres viram seu corpo ariar. E o ideal passou a incorporar músculos 
bem delineados, já que o operário não em tempo nem dinheiro para freqüentar 
academias e ginástica, contratar um personal trainer ou consultar um 
nutricionista. Foi assim que a gordura se tornou traços de pobreza. 
 A existência de cânones de beleza não é, portanto, o que singulariza os 
tempos atuais. A feminista Naomi Wolf (autora de o Mito da Beleza) notou que 
o traço que o traço peculiar da época é que a mulher comum de antes da 
Revolução Industrial, confinada aos trabalhos doméstico se a vida social 
limitada ao bairro, possivelmente experimentou o sentimento da mulher 
moderna em relação à beleza. Esta vive o mito da beleza como uma continua 
comparação com um ideal físico amplamente difundido. Wolf explica: Antes da 
invenção das tecnologias de produção em massa de daguereótipos, 
fotografias, filmes etc., uma mulher comum era exposta a poucas imagens dos 
tipos ideais de beleza feminina fora da igreja. O bombardeio de imagens dos 
dias atuais, somados à exuberância e variedades dos alimentos disponíveis 
nas prateleiras dos supermercados, congestiona as mulheres de complexos e 
desejos voltados pra a conquista do corpo perfeito. Amanhã de novo todas elas 
estarão diante do espelho. Como todo dia. 
 Desde os primórdios dos regimes patriarcais, o belo é normatizado. 
Todas as sociedades são marcadas por padrões estáticos bem definidos. Mas 
do que tendência ou produtos alimentar, os modelos de beleza ideal são signos 
de distinção social. Servem para a elite sinalizar seu diferencial de classe em 
relação a maioria da população. 
 
 
12 
 
1.1 A procura por um corpo perfeito através dos tempos 
 
1822 - A marquesa de Santos com suas formas arredondadas e flácidas é a 
personificação da mulher sedutora. A culinária prima por seu alto teor calórico, 
como um porco cozido em sua própria banha. Os escravos se alimentam a 
base de arroz, feijão e mandioca. O trabalho na lavoura rende-lhes músculos 
salientes. 
1890 – Na virada do século os ricos buscam uma silhueta, mas fina. As 
mulheres alvíssimas passam a se espremer em espartilhos o excesso de 
gordura passa ser combatido com comprimidos de arsênico. 
Trabalhando nas lavouras imigrantes europeus substituem os escravos. A pelo 
tostada indica posição social inferior 
1922 – Patrícia Galvão Pagu, escritora e comunista, antecipam um novo 
modelo de beleza. Mais magra do que as gerações anteriores, comportamento 
liberal, ela sinaliza o inicio da emancipação da mulher. 
A mulher entra na dura disciplina fabril e submete-se a jornadas de trabalho de 
até dezesseis horas diárias. 
1940 – Com a segunda guerra mundial a incerteza e o racionamento alimentar 
disseminan-se. Brilha os perfis, mas roliços como os da vedete Virginia Lane. 
Na ruas, onde se vêem manifestações de apoio à força expedicionária. A 
paisagem humana reflete a falta de glamour. 
1954 – Marta Rocha perde o titulo de Mis Universo por causa de duas 
polegada a mais nos quadris. A anfetamina arma de guerra para limitar o 
apetite dos soldados, torna-se remédio para emagrecer. 
O controle do corpo fica rigoroso, enquanto novidade dos enlatados 
americanos chega à classe média. 
1969 – A atriz Leila Diniz firma-se como musa da era da libertação sexual ao 
expor o corpo bronzeado na praia de Ipanema. Com a cultura hippie, a comida 
vegetariana vira moda. 
Com a entrada da mulheres no setor de serviços, soma-se a jornada de 
trabalho em casa a rotina do confinamento nos escritórios. 
 
13 
 
 
1998 – Carolina Ferraz é magra alta com músculos bem definidos, o modelo de 
beleza dos anos 90 cuja emulação incita a luta permanente contra abalança 
inclusive com o uso de remédios. 
Cresce a obesidade nos setores populares por causa da dieta, mas rica em 
calorias e da redução dos níveis de atividades físicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
CAPITULO II 
A História dos cosméticos e da maquiagem 
 
 A palavra cosmético vem do grego que significa “o que serve para 
ornamentar”. Os cosméticos surgiram no Oriente na Antiguidade e se 
espalharam pelo resto do mundo. Usa-se óleos, essências de rosa e de jasmim 
e tinturas para cabelos. A alta sociedade de Roma tomava banhos com leite de 
jumenta para embelezar a pele. Na idade média, o açafrão servia para colorir 
os lábios; o negro da fuligem, para escurecer os cílios; a sálvia, para branquear 
os dentes; a clara de ovo e o vinagre, para aveludar a pele. 
 É no antigo Egito que vamos encontrar os primeiros testemunhos do uso 
dos cosméticos. Os faraós tinhamnas perucas coloridas formas de distinção 
social e consideravam a maquilagem dos olhos ponto de destaque fundamental 
para evitar olhar diretamente para Rá o deus do sol. 
 As misturas de metais pesados davam o tom esverdeado para impregnar 
e proteger as pálpebras dos nobres. É também com a civilização egípcia que 
surge distinção: mulher de pele clara e homem com a pele escura. Cleópatra 
imortalizou seu tratamento banhando-se em leite, cobrindo as faces de argila e 
maquilando seus olhos em pó de Kohl. Pele clara obsessão universal. 
 Dizia-se que Popéia tinha a pele muito branca graças ao resultado de 
constantes banhos em leite de jumenta. Ela lançou moda e todas as romanas 
abastadas eram dadas às máscaras noturnas, onde ingredientes como farinha 
de favas e miolo de pão se combinavam ao leite de jumenta diluído para formar 
papas de beleza. Mas a verdade é a bela complementava seu tratamento de 
clareamento da pele maquilando as veias dos seios e testa com tintura azul. 
Esta aparência translúcida foi imitada em misturas de giz, pasta de vinagre e 
claras de ovos durante muitas décadas. 
 Conta a lenda que Psyche foi buscar no inferno o segredo da pele branca 
da deusa Vênus, trazendo a cerusa, ou alvaiade, para compor suas formulas 
mágicas. Até a Renascença italiana esse mesmo alvaiade era usado durante o 
dia pelas lindas mulheres nobres, que a noite cobria suas faces com 
emplastros de vitelo cru molhado no leite a fim de minimizar os efeitos nocivos 
causados pelo alvaiade. O kama Sutra, escrito entre o século I e IV, define a 
mulher ideal como Padmini, aquela que tem “... a pela fina, macia e clara como 
o lótus amarelo...” No Japão, do século IX ao XII período de aheian, a 
valorização da pela branca era regra geral. Para obter aparência extremamente 
branca as mulheres aplicavam um pó espesso e argiloso feito de farinha de 
arroz, chamado de oshiroi. Depois passaram a também à usar o beni, pasta 
feita do extrato de açafrão, para colorir as maçãs do rosto. 
 Aproximadamente em 150AC o físico Galeno criou o primeiro creme 
facial do mundo, adicionando água à cera de abelha e óleo de oliva. Mas tarde 
o óleo de amêndoas substituiu o azeite e a incorporação de bórax contribuiu 
para a formação da emulsão, minimizando o tempo de processo. Estava ai a 
primeira base para sustentar os pigmentos de dióxido de titânio e facilitar a 
aplicação na face; nascia a base cremosa facial. 
 
 
15 
 
 
 Mas nem só de aprovação caminhou a história dos cosméticos 
coloridos. Na Roma antiga a indignação masculina frente aos artifícios 
femininos de usar produtos para maquilagem está registrada em obras 
imortais, como escreveu Ovídio “... Seu artifício deve permanecer insuspeito. 
Como não sentir repugnância diante da pintura espessa em sua face se 
dissolvendo e escorrendo até seus seios? Por que tenho que saber o que torna 
a pele tão alva?...”Andreas de Laguna, o médico espanhol do Papa Julius III, 
dizia que a maquilagem das mulheres era tão espessa que dava para cortar “a 
nata da torta de queijo de cada uma das bochechas” 
 
 2.1 A beleza na Mira da Igreja 
 Os lideres religiosos expressavam sua indignação contra o uso de 
artifícios coloridos. No relato de São Jerônimo fica evidente a reprovação do 
ato de maquilar-se, visto como a força do mal e da impureza. “... O que faz 
essa coisa púrpura e branca no rosto de uma mulher cristã, atiçadores da 
juventude, fomentadores da luxúria, e símbolos de uma alma impura?...” 
 
2.2 Propaganda X Bruxaria 
 
 No final do século XVIII, o parlamento inglês recebeu a proposta de uma 
lei que tentava impor sobre as mulheres a mesma penalidade por adornos que 
era imposta por bruxaria. O termo desobrigava de suas responsabilidades os 
maridos que haviam casado com uma “máscara falsa”. 
 “Todas as mulheres que à partir deste ato tirarem vantagem, seduzirem 
ou atraírem ao matrimônio qualquer súdito de sua majestade por meio de 
perfumes, pinturas, cosméticos, loções, dentes artificiais, cabelo falso, lã de 
Espanha, espartilho de ferro, armação para saias, sapatos altos ou anquilhas, 
ficam sujeitas à penalidades da lei que agora entra em vigor contra a bruxaria e 
contravenções semelhantes e que o casamento, se condenadas, seja 
anulado...” è hilária a carta publicada no jornal britânico The Spectator, no ano 
de 1711, onde um marido aflito desabafa... ”Senhor, estou pensando em largar 
minha mulher e acredito que quando o senhor considerar o meu caso, a sua 
opinião será a de que as minhas pretensões ao divórcio são justas. 
Nunca um Homem foi tão apaixonado como eu pela sua fronte, pescoço e 
braços alvos, assim como a cor do azeviche de seus cabelos. Mas para meu 
espanto descobri que era tudo feito de arte: sua pele é tão opaca com esta 
prática, que quando acordou de manhã, mal parecia jovem o suficiente para ser 
mãe de quem levei para a cama na noite anterior. “Tomarei a liberdade de 
deixá-la na primeira oportunidade, à menos que seu pai torne sua fortuna 
apropriada às suas verdadeiras, e não supostas, feições...” O rei Henrique VIII 
mandava pintores retratarem suas pretendentes matrimonias, pedindo às 
pessoas que cercavam a rapariga que respondessem um extenso questionário 
sobre a futura esposa. 
As instruções previam saber como era o rosto, se estava pintada e se havia 
algo “perto dos lábios” referindo-se ao uso de batons e brilhos. Elizabeth I, a 
rainha virgem, que assim ficou famosa por ter morrido sem se casar, usou até o 
fim de seus dias as faces cobertas de branco, as maçãs pintadas com círculos 
16 
 
 
 
vermelhos definidos e a cabeça coberta por uma peruca de cabelo ruivo e 
dourado. 
 Mas apesar da postura da igreja e dos costumes rígidos, os 
desenvolvimentos científicos o ato de pintar os lábios tornou-se moda desde o 
século XVI, quando as pomadas coloridas tornaram-se mais acessíveis e 
seguras. Ainda no século XVI a preocupação com a higiene pessoal foi deixada 
de lado, o que ironicamente contribuiu para o crescimento do uso de 
maquilagem e dos perfumes. 
 É somente no século XX, com os avanços da indústria química fina que 
os cosméticos se tornam produtos de uso geral. Em 1921, Paris é palco de 
uma verdadeira revolução na história do batom; é a primeira vez que um 
produto desta categoria é embalado num tubo e vendido em cartucho. O 
sucesso é tal que em 1930 os estojos de batons dominam o mercado 
americano, trazendo nova fase para o desenvolvimento destas formulações. A 
morena Marilyn Monroe usava maquilagem clara e pintava lábios vermelhos 
intensos, atraindo e intensificando sua feminilidade. 
 O maquilador americano Kevyn Aucoin conta que em 1967, ainda criança 
confundiu a maquilagem branco-rosada intensa de uma vendedora de 
cosméticos com a aparência deixada pela aplicação de loção de calamina. Esta 
mistura de óxido de ferro vermelho e óxido de zinco era muito usada, na época, 
para aliviar o desconforto causado pela picada de insetos. A ingenuidade de 
kevyn levou-o a comentar com a moça como ele estava penalizado por sua 
dor! Como resposta deparou-se com um silêncio sepulcral, que só foi entendido 
pelo menino quando sua mãe, já a caminho de casa explicou que se tratava de 
maquilagem e não de remédio... Na década de 70 as cores de maquilagem 
tornaram-se populares, acompanhando as coleções de alta costura francesa 
italiana e inglesa. 
Cada vez que um grande costureiro lançava uma nova coleção de cores e 
formas para as roupas lá vinha um tom de sombraespecifico para os olhos, 
uma nova cor de boca. Dior, Chanel, Yves Saint Laurent e todos os grandes 
ousavam e enchiam os olhos das mulheres de todo o mundo com suas 
criações cada vez, mas tentadoras. E è no final da década de 80 que entram 
em lançamento as fórmulas evoluídas para cosméticos pigmentados. As beiras 
do novo milênio finalmente entram em cena as fórmulas baseadas em 
tecnologia de vanguarda, cujo uso garante propriedades bem interessantes 
para a nossa beleza, como protetor solar, umectação e controle do 
envelhecimento da pela. 
 Nos anos 90 a era do beneficio visível ganha importância vital. haute 
couture toma rumos inteligente nesta nova era. Estilistas ingleses com John 
Galliano e Alexander McQueen vêm dar uma ventilada nas conservadoras Dior 
e Givenchy, alterando mais uma vez a história da moda & make-up. Hoje 
podemos nos beneficiar do produto que cobre e trata a pele, limpa, perfuma e 
protege os cabelos, como nunca antes na história da humanidade. 
 
 
 
17 
 
2.3 A evolução do mundo retratada através da Maquiagem 
 
Cada década teve sua história, seu estilo. O século 20 foi veloz e 
revolucionário. Conheça um pouco mais sobre as influencias da história na 
moda e na maquiagem. 
 
Anos 30 
Olhos sofisticados e provocantes 
Sobrancelhas totalmente depilada e redesenhada com lápis, num traço fino, 
ousado e marcante. Sombras de pálpebras em pó exploravam todos os 
matizes, indo dos castanhos aos cinzas, e inclusive ao preto para noite. Os 
cílios cuidadosamente recurvados e cobertos por máscaras para cílios. Par 
evitar todo o excesso considerado vulgar, a maquiagem da boca ornou-se 
muito discreta. 
 
Anos 40 
Olhos armados de guerra 
A beleza, sinônimo de saúde, era considerada, um dever nacional. 
Os efeitos da guerra abalaram o mundo e o mercado de cosméticos teve uma 
queda em função da falta de matérias primas. 
Graxas para as botas serviam como máscaras para cílios, o carvão, como 
sombra de pálpebras, a graxa para sapatos como tintura as sobrancelhas e 
pétalas de rosa embebida em álcool produziam um blush liquido da era 
vitoriana. Ao longo de todo o conflito, as estrelas usaram cabelos longos, um 
modo de exprimir feminilidade numa época em que muitos outros meios não 
eram acessíveis. 
 
Anos 50 
Olhos de gazela. 
Modelados pela sombra nas pálpebras, o lápis de sobrancelha, a máscara para 
cílios e, sobretudo o delineador. A importância da maquiagem dos olhos 
trouxe uma infinidade de criações e formulações de produtos. 
A maquiagem realçava a palidez da pele e a intensidade dos lábios. 
Os pós-de-arroz e compacto estavam mais presente. 
 
Anos 60 
Olhos de adolecente. 
Ultra-maquiados transparecendo uma ousadia inocente. 
Na mesma época, surgiram as minissaias e as mulheres começaram a 
deixar de lado o clássico e então “ultrapassado” visual fatal. 
A feminilidade transitava entre o comportado e o irreverente. As cores eram 
fortes, puras, verdadeiras: rosa - choque, dourado, verde, violeta e laranja. 
Os anos 60 marcaram o inicio da cultura pop americana. 
 
Anos 70 
Olhos em busca de liberdade. 
A beleza toma um aspecto moral e psicológico. Não existem mulheres feias, há 
somente mulheres que ainda não se conhecem. Pela primeira vez na evolução 
18 
 
da beleza, homens e mulheres podiam escolher sua aparência seguindo seu 
estilo de vida pessoal, e não somente as exigências da moda. A maquiagem e 
os cortes de cabelo se tornaram, mais que nunca, meios de expressão de 
escolhas. 
Cabelos livres, pele bronzeada e lábios brilhantes fizeram dos anos 70, uma 
década de beleza explosiva. 
 
Anos 80 
Olhos cheios de movimentos 
Sob as luzes estroboscópicas, a juventude dourada e coberta de lantejoulas 
tinha os lábios muito vermelhos, os olhos pintados de azul-elétrico e as maças 
do rosto realçadas por blushes cor de tijolo. Os códigos da beleza começavam 
a mudar acordo com as estações do ano. A sombra passava do castanho ao 
violeta e era esfumaçada, em arco Iris. Os cílios eram alongados com 
máscaras coloridas (verde relva e azul piscina) e a prova d'água. No topo dos 
anos 80, triunfava Madonna, que foi um marco da década em que era proibido 
“fraquejar”. A beleza virou competição e as mulheres passaram a cuidar muito 
do corpo. Os músculos demonstravam que elas não seriam, mas intimidadas. 
 
Anos 90 
Olhos menos cintilantes e mais decadentes. 
Cansada dos agitos dos anos 80, as mulheres dos anos 90 apresentam uma 
beleza esquálida e perturbadora que representa uma sociedade em fase de 
mutação. 
Tatuagem e piercings fazem do corpo um campo de expressão da feminilidade 
“debochada”. 
 
De 2000 aos tempos atuais 
Olhos espirais levam ao túnel do tempo. 
Fragmentos de todas as décadas passadas se misturam e contam um pouco 
da história da beleza através dos tempos. Com a chegada do novo milênio, os 
diversos aspectos adotados pela beleza nos serviram de espelho. A aparência, 
em manifestação diversas e imagens extremas, refletiram os processos de 
transformação. Os dois últimos anos misturam todos os possíveis estilos de 
moda e maquiagem. Trazem a classe e a elegância do inicio do século, a 
delicadeza sexi dos anos 60, a irreverência dos anos 80 e a “apatia” em tom de 
protesto dos anos 90. 
 
 
2.4 Os Marcos da História dos Cosméticos através do tempos 
 
300 A.C – Os primeiros registros da utilização de cosméticos datam do Egito 
antigo. Os egípcios pintavam os olhos para evitar a contemplação direta do 
deus Sol. Para tanto, recorriam a gordura animal e vegetal, cera de abelhas, 
mel e leite no preparo de cremes para pele. 
 
1900 – O século XX inaugura a era da indústria dos cosméticos. Em 1910 
Helena Rubinstein abre, em Londres, o primeiro salão de beleza do mundo. 
19 
 
 
Onze anos depois, em 1921, pela primeira vez o batom é embalado num tubo e 
vendido em cartuchos para consumidoras. 
 
Anos 50 – Políticas de incentivo trazem para o Brasil gigantes do porte da 
americana Avon e da francesa L’oréal. Essas empresas lançam novidades 
como a venda direta e produtos para o publico masculino. A maquiagem básica 
compunha-se de pó-de-arroz e batom. 
 
Anos 70 e 80 – Cores de maquiagem tornam-se variadas ao acompanhar os 
matizes das coleções de alta costura italiana, francesa e inglesa. Os filtros 
solares desembarcam em território brasileiro. Aparelhos a laser e os ácidos 
retinóicos e glicólicos começam a ser empregados no tratamento de rugas e 
manchas. 
 
Anos 90 – O tempo entre a aplicação do cosmético e o aparecimento do efeito 
prometido na bula diminui de 30 para menos de 24 horas. Surgem os 
cosméticos multifuncionais, como batons com protetor solar e hidratantes que 
previnem o envelhecimento. 
 
Século XXI - Os alfa-hidroxiácidos, utilizados em cremes para renovar a pele 
tendem a ser substituídos por enzimas, mais eficazes. Outra tendência é a 
descoberta de nova s matérias-primas, com várias funções. As pesquisas 
avançam na direção da manipulação genética para melhorar a estética. O 
século XX foi decisivo para solidificação da cosmetologia como ciência, mas a 
significativa evolução dos cosméticos aconteceu realmente nos últimos 50 anos 
quando eles deixaram definitivamente o mundo dos preparados caseiros e 
ganharam caráter industrial. Neste momento as necessidades das pessoas já 
não são como antigamente, resumidas ao patamar da beleza, o consumidor 
anseia por cosméticos que ofereçam muito mais... hidratação e nutrição em 
profundidade, proteção dos agentes externos, juventude e correção das 
danificações e imperfeições da pele, cabelos, unhas e todos os seus anexos. 
Assim sendo, nosso velho e bom cosmético que exercia funçãoapenas na 
aparência, para poder atender a este novo comportamento do consumidor, 
precisou buscar meios de evolução, meios que viabilizassem níveis de atuação 
mais intensos para garantir beleza sim, mas primordialmente saúde. As 
pesquisas em princípios ativos e matéria primas especificas evoluem num ritmo 
aceleradissimo e presenciamos a chegada da era dos cosméticos de 
tratamento a era dos chamados cosmecêuticos. Os cosméticos foram assim 
chamados porque são cosméticos farmacêuticos, ou seja, possuem 
ingredientes farmacologicamente ativos, o que lhes confere características 
intermediárias entre cosméticos e um medicamento, nem tão potente e cheio 
de reações adversas quanto um medicamento, mas nem tão superficial quanto 
um cosmético comum. 
 Hoje em pleníssimo século XXI, vivemos tempos de tecnologia 
avançada, em que já se conhece o mapeamento completo do genoma humano, 
que usamos células tronco para a cura de uma série de doenças, que 
modificamos geneticamente nossos alimentos e até possuímos o poder da 
20 
 
clonagem, é claro que cosmetologia também acompanhou toda esta amplitude 
deste mundo globalizado. Hoje a cosmetologia, é uma categoria totalmente 
organizada, que existe com embasamento reais e científicos e com capacidade 
de comprovar eficácia de cada produto fabricado. 
 Hoje a cosmetologia é um dos segmentos que mais cresce em todo 
mundo e em termos de produção, o Brasil além de ocupar o primeiro lugar da 
América Latina, já é o sétimo país no ranking mundial. A cosmetologia na 
verdade, não é mais uma única ciência, e sim uma ciência multidisciplinar, ou 
seja, ela é usada como suporte indispensável para otimizar as práticas de 
profissionais de todos os segmentos científicos. Dentre estes segmentos 
podemos, podemos citar: 
• A farmacologia cosmética que além de trabalhar na manipulação de 
medicamentos, também manipula diversos tipos de cosmecêuticos de 
maneira personalizada. 
• A química cosmética que fabrica em escala industrial e também pesquisas e 
inova a cada dia os princípios ativos e as matérias primas empregadas nos 
mais variados tipos de cosmecêuticos. 
• A biotecnologia que hoje representa o futuro dos cosmecêuticos, 
trabalhando com os mais modernos instrumentos de engenharia genética. 
• A psico-cosmetologia, praticada por profissionais da psicologia e neurologia 
que se utiliza dos cosmecêuticos junto à diversos recursos, como a PNL 
(programa neuro lingüística) para melhorar a performance dos tratamentos 
de seus pacientes. 
• A dermato-funcional, praticada por fisioterapeutas que unem práticas já 
tradicionais, a força terapêutica da cosmetologia. 
• A cirurgia plástica que institui o uso do cosmecêutico no acompanhamento 
de muitos dos seus procedimentos. 
• A fitoterapia, que se utiliza dos mais ricos extratos vegetais para a produção 
de cosmecêuticos naturais, inclusive com fins curativos. 
• A estética cosmiátrica praticada por esteticistas que diga-se com louvor 
foram os primeiros profissionais, a saber, explorar o potencial dos 
cosmecêutico. 
 Enfim, são muitas as categorias profissionais que podem se utilizar da 
cosmetologia como forte aliada. Não podemos deixar de dizer que o 
crescimento da cosmetologia exerce inclusive um papel social, pois tornam 
cada vez mais acessível, os cuidados cotidianos que todo individuo merece ter. 
Até o publico masculino que durante tanto tempo afirmou que cosmético é 
coisa de mulher, já se rendeu aos cuidados oferecidos pela cosmetologia e 
percebeu que isso é bem estar e qualidade de vida. Mas vale também ressaltar 
que a cosmetologia é uma ciência inexata. Como pudemos observar ao longo 
desta abordagem história, as verdades de ontem podem não ser as de hoje ou 
de amanhã, por isso conhecimentos sólidos e aperfeiçoamento são 
fundamentais e necessários sempre, para que sejamos profissionais realmente 
representativos numa categoria tão linda e expressiva. 
 
 
 
 
21 
 
 
CAPITULO III 
 
 A História do Perfume 
 
 
 É graças aos sentidos que comunicamos com o mundo exterior. Em 
relação ao olfato, e apesar de ter sido considerado um dos sentidos de que se 
poderia prescindir sem alterar a nossa percepção da realidade, ele é o mais 
rápido a “por o cérebro para funcionar” transporta-nos para um mundo de 
emoções e sentimentos distintos e mais profundos do que nos é sugerido pela 
visão de uma imagem ou a percepção de um objeto através do tato. Assumindo 
o olfato um papel tão importante na interpretação do mundo que nos rodeia, 
tudo indica que o homem terá aprendido, desde as suas origens, a distinguir o 
bom do mau odor. A pesar de só ter começado a realizar experiências com 
aromas muito mais tarde, o perfume existe desde que existe o sentido do 
olfato, confundindo-se a sua história com a própria história da humanidade. 
 Tanto a palavra portuguesa “perfume” como a correspondente francesa 
parfum, a italiana profumo e a inglesa perfume derivam do latim “fumus”, 
palavra que nos transporta para um cenário fumegante, numa referência às 
nuvens de fumaça perfumada que subiam aos céus durante os ritos de 
homenagem aos deuses. É, pois, quase certo que o perfume nasceu em 
estreita ligação com a religião, sendo utilizado como purificante das almas e 
como oferenda aos deuses. As primeiras referências ao perfume remotam às 
antigas civilizações do próximo Oriente, especialmente o Egito. Os arqueólogos 
encontraram vasos de perfume de albastro que remontam ao terceiro milênio 
antes de Cristo, e são numerosos os frescos com cenas da vida quotidiana que 
mostram rituais do perfume. O culto do perfume no antigo Egito era tão 
marcado que chegavam a ser montados autênticos laboratórios nos templos, 
para a preparação das fragrâncias utilizadas pra os mortos e para os deuses. 
No laboratório do templo de Horus, em Edfo, por exemplo, foi encontrada a 
receita de velas perfumadas, fabricadas a partir de sebo embebido em drogas 
aromáticas, que eram queimadas como oferenda às estátuas das divindades. 
Os egípcios acreditavam que os seus pedidos e orações chegariam mais 
depressa à morada dos deuses se viajassem nas densas nuvens de fumo 
aromático que se erguiam dos altares e ascendiam aos céus. 
 Mas o papel do perfume na civilização egípcia não ficou por aqui. Para 
além de terem adquirido uma função cada vez mais importante nos processos 
de mumificação dos corpos, os perfumes tiveram um papel na definição da 
hierarquia social. Os profundos conhecimentos de flores e especiarias, como 
açafrão, canela, óleo de cedro, mirra e outras resinas, ajudavam a criar 
perfumes delicados para os aristocratas da corte egípcia, que incluíram nos 
seus rituais quotidianos. Por exemplo, as mulheres usavam brincos ocos 
cheios de perfume, para além de perfumarem roupas e águas dos banhos e de 
untarem os seus corpos com uma afinidade de óleos e frangâncias. Já 
Cleópatra era uma fervorosa utilizadora de perfumes, assim como de outras 
receitas de cosmética naturais, sendo considerada uma das primeiras mulheres 
22 
 
a utilizar o perfume como arte da sedução. Perfume embriagadores 
flutuavam..., escreveu Plutarco para descrever o momento em que Marco 
Antonio entrou no barco da rainha em Tarso e imediatamente se apaixonou por 
ela. Também os assírios e os babilônicos apreciavam as essências 
proporcionadas pelas resinas de certas árvores provenientes da Índia e outros 
países asiáticos, que importavam em grandes quantidades. Dos Himalaia 
recebiam alfazema, uma planta herbácea de cuja flores se extraiam a 
fragrância que Plínio, séculos mais tarde, definiu como “o perfume por 
excelência”. 
 Na misteriosa Mesopotâmia os perfumes desempenhavam um importante 
papel na vida conjugal e o marido devia proporcioná-lo à esposa, tanto como 
ato de amor, como para rituais de purificação.Toda a população usava óleos, 
cuja qualidade dependia da condição social de cada um, sendo que os mais 
abastados podiam utilizar finos óleos de murta e cedro. Já a informações de 
outras civilizações quanto a hábitos quotidianos de utilização de perfumes não 
são muito precisas. Por exemplo, da Pérsia existem referências contraditórias, 
pois enquanto para alguns historiadores a utilização de perfumes relacionava-
se com a tentativa de mascarar os odores intensos de corpos a quem se 
prestam poucos cuidados de higiene, outros encontraram relatos de uma 
civilização intensa e refinada. No entanto, este império não marcou esta 
história e houve que esperar que as civilizações gregas e romana florescessem 
para que a manufatura de perfumes crescesse como forma de arte. Os 
perfumes sempre desempenharam um papel importante na mitologia grega. No 
século IV a.C. Alexandre, o Grande, trouxe os perfumes para a Grécia, que 
cedo se tornou uma fervorosa adepta destas substâncias. Nos dias de luxúria 
grega, os perfumes tinham um valor tão elevado que quase igualava o valor 
dos alimentos e foram usados de formas até então nunca praticadas Por 
exemplo, a sua famosa bebida continha mel, vinho, mas também flores doces e 
perfumadas a até mirra, o que dá uma idéia de quão viciados em perfumes os 
gregos eram, levando o seu uso a extremos. 
 A arte da perfumaria floresceu nesta civilização. Foram desenvolvidas 
fragrâncias específicas para cada parte do corpo e outras para o tratamento de 
diversas doenças. Teofrasto, nascido a 370 a.C. terá sido o primeiro grego a 
escrever um tratado sobre perfumaria, a partir de seus vastos conhecimentos 
em botânica. É através deste documento que se sabe que os óleos, utilizados 
nesta época eram produzidos a partir de flores e esta é a primeira referência 
conhecida a óleos florais na história do perfume. A perfumaria também se 
encontra, desde a antiguidade, ligada à ciência médica. Na Grécia Antiga, 
Hipócrates, conhecido como o “pai da medicina”, utilizava pequenos 
concentrados de perfume para combater certas enfermidades. Contudo, terão 
sido os romanos, preocupados com o asseio pessoal diário, que lançaram o 
consumo dos perfumes a todos os escalões da sociedade. 
Foram pioneiros a desenvolver óleos para limpeza do corpo e para a 
preparação de rituais de fertilidade, assim como a desenvolver diferentes 
consistências nas substâncias aromáticas, como pastas, óleos, incensos e 
colônias. Utilizavam bálsamos cicatrizantes e utilizavam perfumes nas roupas 
para espantar as epidemias. 
 Quando foram descobertas as ruínas de Pompéia o trabalho dos 
23 
 
arqueólogos trouxe à luz uma perfumaria, onde foram encontradas garrafinhas 
de perfume com resquícios dos seus conteúdos mágicos. Depois de análise 
diversas, os mistérios dos perfumes com mais de 2000 anos foram revelados. 
Verifica-se que são todos à base azeite, no qual plantas, como pétalas de 
rosas, lírio ou manjericão, eram maceradas. Como não utilizavam fixadores, 
depois de meia hora de utilização o que ficava mesmo era o cheiro do azeite. 
Com a chegada do cristianismo e as suas mensagens de humildade e pudor, o 
perfume caiu em desuso. Terá sido a civilização árabe a “investir” em 
experiências com perfumes que pretendiam extrair as propriedades das 
plantas, a sua essência química. Desta Forma, a planta selecionada era 
destilada uma afinidade de vezes, até que as suas qualidades passassem a 
outro estado. Com a chegada dos árabes à Península Ibérica, a perfumaria 
expande novamente pelo resto da Europa. Os países mediterrânicos, com um 
clima adequado ao cultivo de plantas aromática, principalmente o jasmim, o 
alfazema e o limão, viram as suas costas ocupadas com plantações, cujas 
flores e frutos eram aproveitados pelos árabes na produção de perfumes, a sua 
principal ferramenta de comércio. Os perfumes foram também introduzidos no 
Japão, através da China, que já tinha desenvolvido grandes artesões da 
jardinagem para perfumaria. Neste País reconhecem-se grandes poderes aos 
perfumes e o sentido do olfato, sempre desprezado em relação os outros 
sentidos, é colocado na posição de relevo que lhe pertence. 
 Voltando a Europa, e apesar de na Idade Média a utilização de perfumes 
estarem condicionada pela pressão da igreja, ela continuou nas classes mais 
favorecidas. com a ausência de cuidados de higiene, as mulheres perfumavam-
se com fortes e persistentes aromas, como âmbar. Nos castelos aromatizavam-
se alguns compartimentos, nascendo assim, o primeiro ambientador da 
história. Mas o primeiro perfume como fórmula própria, que se tem 
conhecimento, surgiu em 1370, criado pela Rainha Elizabeth, da Hungria. Era 
uma concentração de óleos e essências, conhecidos como l'eau de la reine de 
Hongrie. Embora a tradição da perfumaria em França venha já do século XIII, 
quando foram criadas escolas que formaram os aprendizes e oficiais desta 
profissão, foi após a Revolução Francesa que se conheceram 
desenvolvimentos impressionantes. Tinham chegado ao fim a história do 
perfume apenas como composições restritas a águas tratadas com flores e 
começam a aparecer fórmulas que combinam aromas de couro, almíscar e 
musgos. Nesta época o perfume começou a ser associado à sedução e mesmo 
ao erotismo. Assim, a partir do século XIX, a história deste produto começou a 
caminhar de mãos dadas com a moda. A França é reconhecida como berço da 
perfumaria e Paris como o centro da indústria do perfume. 
 Entretanto o desenvolvimento não para, especialmente ao nível técnico. 
Até aqui a maioria dos perfumes era extraída de substâncias aromáticas 
contidas nas plantas. Com os avanços científicos, uma pequena revolução nos 
laboratórios começou mudar a história dos aromas: compostos sintéticos 
reconstituíram aromas naturais e criaram-se mesmo novas fragrâncias. chega 
ao fim a um dos maiores problemas da industria perfumista – a estabilidade. 
Este é um grande passo que os ambientalistas agradassem – hoje não é 
preciso colher ao amanhecer quilos de flores, para extrair fragrâncias exóticas. 
Por volta de 1920, com o advento da química orgânica, começaram a surgir as 
24 
 
fragrâncias como hoje as conhecemos. A partir daqui, a cada revolução na 
indústria da moda, que ditava novas tendências, a indústria química dava uma 
resposta e alguns perfumes começaram a marcar épocas. 
 Para além da evolução técnica, foi igualmente, ocorrendo uma evolução 
nas preferência dos consumidores, e existem épocas marcadas por tendências 
florais, outras mais cítricas, ou mais exóticas, tendências essas que se vão 
alternando até chegarmos aos nossos dias. Relativamente aos processos de 
fabricação dos perfumes, eles foram evoluindo consideravelmente ao longo da 
história, e apesar de atualmente a maior parte de centrar na produção sintética 
de aromas, ainda hoje são utilizadas algumas técnicas antigas que sempre 
deram bons resultados. É o caso da maceração, em que flores são colocadas 
dentro de misturas de gordura animais cozidas e purificadas, para que estas 
fiquem impregnadas com seus odores. Para os chamados óleos essenciais, 
utiliza-se a destilação para arrastar no vapor da água as substância odoríficas 
de materiais naturais (flores, raízes, e madeiras). Para extrair óleos essenciais 
de citrinos é utilizada a técnica da compressão da casca, que permite a 
libertação das moléculas voláteis odoríficas. A técnica é utilizada com árvores 
que possuem resinas, posteriormente tratadas de alcoóis. 
 A partir destas matéria primas secundárias são fabricados diversos 
produtos, que vão desde os perfumes que utilizamos diariamente, até aos 
ambientadores para as nossas casas, passando por uma afinidade de 
produtos, como bálsamos, desodorizantes, óleos corporais, pós de talco, géis 
de banho, maquiagem, etc.,assim como produtos de “capricho” - papel, velas, 
tintas e uma infinidade inimaginável deprodutos, todos eles perfumados. è 
mesmo difícil conceber o nosso dia-a-dia sem o perfume. 
 
3.1 Tipos de Perfumes mais comuns 
 
 Eau de parfum: mais fraco, tem em sua composição, 10% a 20% de 
concentração de essência e seu efeito de fixação chega a 12 horas. Bastam 
algumas gotas em lugares estratégicos como a nuca, atrás da orelha e atrás do 
joelho, para ficar perfumado o dia todo. 
 Eau de toilette: Com fragrâncias mais discretas são perfeitos para serem 
usados em climas tropicais como o goiano. Sua fixação não passa de oito 
horas, e mesmo assim, em dias mais quentes. Sua concentração de essência 
varia entre 6% e 12%. 
 Eau de cologne: Excelentes para o nosso clima, também podem ser 
usados durante o dia. Seu poder de fixação não dura mais que cinco horas e a 
concentração fica entre 5% e 8%. 
 Deo colônia: O mais suave dos perfumes tem o mínimo de concentração 
de essência, chegando ao máximo de 10%, sendo sua fixação de duas horas, 
com algumas exceções que chegam há até oito horas. 
 São necessários 6 a 18 meses para criar um perfume. É um período 
mágico em que as matérias primas se transformam em odor. 
 
 
 
3.2 Evolução da perfumaria – O perfume através dos tempos 
25 
 
 
1900 - A atriz Sara Bernhardt representa as mulheres pálidas e românticas da 
época. Martirizadas pela moda vitoriana, buscavam alivio nos aromas 
refrescante e suaves das colônias florais. 
 
1910 – O estilista Paul Poiret foi o primeiro a colocar em sua Maison uma linha 
própria de perfumes. A partir de então, a conexão entre moda e perfume jamais 
seria desfeita. No cinema, Theda Bara idealizava a mulher fatal. 
 
1920 – Gabrielle Chanel seria responsável por uma revolução no mundo da 
perfumaria e da moda. Ela marcou a década com seu estilo único, apostando 
na sobriedade e no conforto, e com o lançamento do perfume Chanel n 5. 
 
1930 – Greta Garbo, Katharine Hepburn e Jean Harlow, dominavam as telas de 
cinema. Contrariando os tempos de crise, o estilista Jean Patou lançou Joy, o 
perfume, mas caro do mundo. 
 
1940 – Paris era a capital do luxo e Nova Iorque ditava o contemporâneo. 
Hollywood virou a fábrica de sonhos. Os cabelos de Rita Hayworth inspiravam 
a moda e as curvas de Mae West motivaram a criação do perfume Femme de 
Rochas. 
 
1950 – A sofisticação e a inocência de Audrey Hepburn foram traduzidas no 
perfume L'Interdit. Chanel n 5 ganharia a mais célebre das garotas-
propaganda, que confessava dormir apenas com algumas gotas do perfume: 
Marilyn Monroe. 
 
1960 – Os Beatles e os Rolling Stones embalavam o pop dos anos 60. 
Surgiram as minissaias e a modelo Twiggy, musa da extrema magreza. As 
grandes mudanças de comportamento eram marcadas por fragrâncias que 
evocavam a liberdade. 
 
1970 – A quebra de toda sorte de tabus era prenunciada na década na qual as 
mulheres clamavam por sua individualidade. A tendência oriental na 
perfumaria seria imortalizada com o lançamento do Opium. 
 
1980 – Fragrâncias mais densas acompanhavam o clima de competividade 
sem limites. Madonna inspirava o corpo construído nas academias e Jean Paul 
Gautier chocava nas passarelas com sua moda provocativa. 
 
1990 – A década foi marcada pelo globalização e pela interatividade e a 
perfumaria por dois ícones: o unissex CK One e o saboroso Angel. A moda 
voltava-se para o minimalismo. 
 
2000 – Os perfumes do novo milênio parecem revelar os anseios da nova era 
com nomes sugestivos e personalidades distintas. Um universo que não tem 
fim. 
 Não há limites para a imaginação dos criadores. As plantas, as águas e 
26 
 
até mesmo o espaço podem ser fonte de inspiração para a perfumaria do 
futuro. É comum o mesmo perfume apresentar cheiros diferentes quando 
aplicados em pessoas diferentes. Isso porque, os odores corporais são únicos, 
sendo resultados da alimentação, das características pessoais, dos lipídeos e 
ácidos graxos que a pele exala. A temperatura da pele interfere diretamente na 
vaporização do perfume, e, portanto no cheiro que ele exala. 
 Hoje sabemos que o perfume é capaz de revelar a personalidade das 
pessoas, bem como a sua classe social. De fato, o perfume é muito mais do 
que um prazer dos sentidos. É também uma mensagem, algo do próprio ser 
humano, projetando no exterior o seu eu mais profundo, seus gostos, suas 
aspirações secretas. 
 Atualmente a indústria se desenvolveu a tal ponto, que esse aroma é 
obtido sinteticamente. O perfume Chanel n 5 deu inicio a um boom no uso dos 
aldeídos na fabricação de perfumes. Outro mérito da perfumaria foi reforçar a 
associação entre o uso do perfume e o jogo da sedução. A discussão ganhou 
fôlego na década de 50, quando a atriz Marilyn Monroe declarou que usava 
apenas uma gotinha de perfume para dormir. Mas a relação entre aroma 
agradável e apelo sexual vem de épocas remotas. 
 Em ordem cronológica e década após década, você pode acompanhar, 
como ocorreu a evolução da indústria de perfumaria e como e porque mudaram 
as preferências da humanidade com relação aos aromas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO IV 
27 
 
 
A História da Moda 
 
 A moda nem sempre existiu. O filósofo francês Gilles Lipovetsky, um 
estudioso do assunto, aponta como fase inaugural da moda o século 14. De lá 
até o século 19 ocorre o que ele classifica como estágio artesanal e 
aristocrático da moda. 
 Antes disso há uma história do vestuário nas sociedades primitivas, da 
Antiguidade e da Idade Média baseada numa visão conservadora de 
reprodução e respeito ao passado. Mesmo os diferentes trajes e 
ornamentações existentes entre os integrantes dessas sociedades obedeciam 
a tradições e normas coletivas rígidas e praticamente permanentes. Durante 
séculos, os trajes no Egito, na Grécia e em Roma permaneceram praticamente 
imutáveis. O mesmo fenômeno aconteceu no Oriente. 
 Somente com o aparecimento de uma lógica estética autônoma, com a 
possibilidade de exercer o individualismo, nasce o que hoje chamamos de 
moda. Para o sociólogo francês Jean-Gabriel de Tarde (1843-1904), no mundo 
primitivo e Antigo predomina o prestígio da tradição, com a imitação dos 
ancestrais, enquanto que com o surgimento da moda há um culto às novidades 
e a imitação dos modelos presentes. A segunda metade do século 14 é um 
marco nessa transformação que atingiu principalmente a alta sociedade da 
época tomada por um desejo de novidades. Houve naquele momento uma 
revolução no vestuário com a adoção de trajes nitidamente diferenciados entre 
os sexos: um vestuário curto e ajustado para o homem, composto de jaqueta 
curta e estreita e calções colantes no formato das pernas, e longo e justo para 
a mulher, composto por um vestido longo ajustado e decotado. 
 À medida que houve um avanço da burguesia ocorre também uma 
expansão da moda. Ao longo dos séculos 16 e 17, os trajes que eram 
exclusivos das classes nobres passaram também a ser os dos novos ricos, 
oriundos das atividades bancárias e do comércio. No século 18, a média e a 
pequena burguesia urbana também começaram a poder seguir a moda, ainda 
que sem o mesmo luxo e a ostentação da aristocracia. Mas já era possível 
desfrutar de certa liberdade individual estética que no início se restringia aos 
monarcas e agora já alcançava classes sociais intermediárias. 
 Nessa transformação que possibilitou o surgimento da moda contribuíram, 
além das questões sociais, as condições econômicase históricas da Europa na 
passagem da Idade Média para a Idade Moderna. O crescimento econômico, 
motivado pelo comércio e trocas internacionais, o renascimento urbano e o 
desenvolvimento das manufaturas e das fábricas de tecidos aliados a uma 
maior estabilidade político-militar, com o fim da “invasões bárbaras” e o início 
da formação dos Estados nacionais, possibilitaram às nobrezas e à burguesia 
em 
ascensão dedicarem mais tempo para desfrutar do desenvolvimento material e 
dos prazeres mundanos. 
 Mas é a partir do final do século 19 e durante o século 20 que a moda 
estabeleceu-se como a concebemos atualmente. O gosto e o desejo pelo novo 
ganharam novas dimensões, tornaram-se mais intensos e freqüentes, e o 
28 
 
acesso à moda chegou às classes mais baixas. É nesse momento que surgem 
a Alta Costura e a confecção industrial. Apesar de dominantes, esses dois 
modos de fazer moda convivem ainda com as pequenas confecções e com as 
pessoas que preferem produzir suas próprias roupas. 
A Alta Costura é composta por criações de luxo feitas sob medida. Cabe a ela 
inovar e lançar as tendências da moda para as próximas estações. Já à 
confecção industrial cabe normalmente reproduzir essas tendências em peças 
com qualidade muito inferior, mas com preços acessíveis às diferentes 
camadas sociais. 
O marco do surgimento da Alta Costura é a abertura entre 1857 e 1858 em 
Paris, no ateliê de costura de Charles-Frédéric Worth, na Rue de Le Paix. 
Worth, em plena Revolução Industrial, inovou ao desenvolver modelos inéditos 
e sob medidas para suas clientes. Além disso, as peças eram apresentadas 
por mulheres jovens que as desfilavam pela loja. Worth fundou com sua 
iniciativa um modelo de negócios que estabeleceu as diretrizes da Alta 
Costura: criações exclusivas, lançamento de tendências, elevação do 
costureiro à condição de artista e a promoção de espetáculos publicitários 
sazonais baseados em grifes e modelos (manequins vivos). 
 Desde então, a Alta Costura projetou nomes de criadores que viraram 
sinônimo de sofisticação e bom gosto. Roupas, sapatos, bolsas, óculos, cintos, 
perfumes e cosméticos que levem a assinatura de costureiros como Giorgio 
Armani, Coco Chanel, Yves Saint Laurent, Emanuel Ungaro, Givenchy, Jean-
Paul Gaultier, Dolce e Gabbana, Karl Lagerfeld, Christian Dior e Donatella 
Versace, entre outros, são objetos de desejo ao redor do mundo. 
 Mas esse fenômeno é fruto essencialmente também da adesão das 
casas da Alta Costura a um novo modo de fazer moda que surge em 1949, o 
prêt-à-porter (que significa algo como “pronto para usar”). A idéia de produzir 
industrialmente roupas com um acabamento superior e que seguissem as 
tendências da moda, mas que fossem economicamente acessíveis norteou o 
surgimento do prêt-à-porter. Após os primeiros anos quando procurou apenas 
imitar os padrões da Alta Costura, o prêt-à-porter deu uma guinada nos anos 
60 e começou a oferecer um conceito de moda voltado à juventude e à 
audácia. O surgimento da cultura jovem a partir dos anos 50 e da elevação do 
adolescente à condição de consumidor foram elementos fundamentais para a 
renovação que o prêt-à-porter provocou no mundo da moda. O primeiro 
costureiro da Alta Costura a aderir ao estilo prêt-à-porter foi Pierre Cardin em 
1959. 
 Desde então, as últimas décadas têm mostrado o surgimento de múltiplos 
focos criativos do modo de se fazer moda, com o rompimento da 
homogeneidade de padrões e o predomínio de uma tolerância coletiva em 
termos de vestuários. 
 Mesmo com essa “democratização” da moda, prevalece ainda nas 
sociedades urbanas e ocidentais o desejo por roupas e acessórios de grifes 
como forma de distinção e até mesmo aceitação social. Paradoxalmente, o 
desejo de se individualizar a partir da aparência caminha lado a lado com o de 
se identificar com o seu grupo social, sua “tribo”, também através da aparência, 
o que leva a uma homogeneidade de estilos ditada pelas múltiplas modas. 
 Na avaliação de Gilles Lipovetsky, a moda une o conformismo e o 
29 
 
individualismo desde o seu começo. Para ele, a evolução da moda não levou a 
uma explosão de originalidade individualista, mas a uma neutralização 
progressiva do desejo de distinção no vestuário. Mas Lipovetsky ressalta que 
por outro lado o individualismo no vestuário aumentou notavelmente, pois 
atualmente nos vestimos mais em função de nossos gostos do que por conta 
de uma norma imperativa e uniforme. 
 
 
4.1 A História da moda através dos tempos 
 
1900 – Foi uma época efervescente. Diversas descobertas cientificas, 
revolucionaram os costumes e a vida do cidadão comum, com a aviação de 
Santos Dumont, o primeiro filme (The Great Train Robbery – 1903) e a arte de 
Picasso, que renderam à época o titulo de Belle Epoque. Essa época é 
também conhecida como período Edwardiano, devido ao sucessor da rainha 
Vitória da Inglaterra, Edward. Além do mais, a consolidação da Revolução 
Industrial possibilitou a produção em larga escala de bens de consumo, como 
roupas, tecidos e calçados. Dentro de um universo mis comunicativo, todo o 
mundo passou a adotar o estilo europeu para a moda, em todas as camadas, 
sociais, apenas adaptando-as para seus climas e crenças religiosas. Entretanto 
o estilo predominante ainda era o rígido vitoriano, do fim do século anterior. As 
mulheres usavam espartilhos muito justos pra conquistar a silhueta em “S” 
(busto para frente e quadris para trás) 
 O ideal de beleza se dividia em dois: o estilo Edwardiano, pois o rei tinha 
uma clara preferência por mulheres maduras, que sustentaram a tendência de 
cabelos em tons cinza| e branco e as Gibson Girl, popularizada pelos 
desenhos de Charles Dana Gibson sobre sua esposa. A cintura fina e o cabelo 
preso na alto da cabeça, aliadas ao espírito esportivo moderno da época, que 
era para andar de bicicleta, foram um referencial para a década. Os homens 
usavam sobrecasaca e fraque, sempre bem acompanhados por chapéu. Os 
sapatos masculinos antigamente comprados para durarem anos foram sendo 
substituídos por modelos mais modernos, produzidos em larga escala, e 
tornaram um acessório da moda masculina. 
 
1910 – Até 1914 a moda manteve-se estática. Mas depois disso, com o 
advento da Primeira Guerra Mundial, as sufragistas, as epidemias, o desastre 
do Titanic e a popularização do cinema mudo, o mundo se transformou 
gerando reflexos na moda. 
 A moda feminina, por exemplo, abandonou os espartilhos e as roupas 
volumosas, optando por modelos de saias as vezes tão justas que era que era 
difícil mover-se. Nessa época surgiu o soutien, criado por Mary Phelps. A 
influencia oriental veio à tona pelas mãos de Paul Poiret, que inseriu modelos 
coloridos. Mais tarde, ele se aliou aos fabricantes de sapatos Perugia para criar 
modelos com jóias. 
 Com o inicio da guerra, as mulheres tornaram-se mais independente, 
pois ficaram sozinhas em suas casas, destinadas a continuar a produção das 
fabricas. Com a escassez de produtos, as pessoal foram incentivadas a serem 
mais simples, e o gosto por roupas práticas, um pouco masculinas, tornou-se 
30 
 
uma tendência. Para se ter uma idéia, muitos teatros e casas de shows mais 
caras declararam que o “everningwear” era opcional. 
 Muitos materiais novos começaram a ser trazidos para a moda, como a 
borracha. Essa fusão resultou no primeiro tênis, em 1917, chamado Ked's. 
 
1920 - A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e 
elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que 
facilitava os movimentos. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou 
restrito ao uso diurno, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, a 
"La garçonne", como era chamado. A mulher sensual era aquela sem curvas, 
seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada aos tornozelos. Em 
1927, Jacques Doucet figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar 
as ligas rendadas das mulheres - umverdadeiro escândalo aos mais 
conservadores. Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, 
colares compridos, boinas e cabelos curtos. Jean Patou, estilista francês que 
se destacou na linha "sportswear", ele também criava roupas para atrizes 
famosas. No Brasil, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais 
levou ao Teatro Municipal de São Paulo artistas plásticos, arquitetos, 
escritores, compositores e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais 
foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana de 
Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período, que lançou as 
bases para a busca de uma forma de expressão tipicamente brasileira, que 
começou a surgir nos anos 30. 
 Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos em 
Paris. Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização 
das fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram um clima de 
prosperidade sem precedentes, constituindo um dos pilares do chamado 
"american way of life" (o estilo de vida americano). 
 
 Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, 
quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua 
história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda 
a economia dos Estados Unidos, e, conseqüentemente, o resto do mundo. 
1930 - Crise de 1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou 
uma crise econômica mundial sem precedentes. 
Os anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma 
elegância refinada, sem grandes ousadias. As saias ficaram longas e os 
cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram justos e retos 
alem de possuírem uma pequena capa ou bolero. O corte enviesado e os 
decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30 que 
elegeram as costas femininas como novo foco de atenção. 
 Alguns modelos de roupas surgiram com a popularização da prática de 
esporte, como o shorts que surgiu a partir do uso da bicicleta. Os estilistas 
também criaram pareôs estampados, maios e suéteres, um acessório muito 
usado nos anos 30 foram os óculos escuros, muito usados por astros da 
televisão e do cinema. 
 Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore 
Ferragamo, lançou sua marca, que viria a se transformar em um dos impérios 
31 
 
de luxo italiano. Com a crise da Europa Ferragamo começou a usar materiais 
mais baratos, como cânhamo, a palha e os primeiros sintéticos. Sua principal 
invenção foi a palmilha compensada. 
 Gabrielle Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine 
Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma 
série de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque 
é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Seus 
modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de 
vionnet. 
 Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também 
voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou 
espartilho flexível. As formas eram marcadas, porém naturais. 
Seguindo a linha clássica, tudo o que era simples e harmonioso passou a ser 
valorizado, sempre de forma natural. 
 Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas os passos 
para o seu surgimento eram dados pela butique, palavra então muito utilizada 
que significava "já pronto". Nas butiques surgiram os primeiros produtos em 
série assinados pelas grandes maisons. 
 No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, 
que estourou na Europa em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, 
assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, 
que já vinham com uma abertura lateral, para facilitar o uso de bicicleta. 
 Muitos estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para 
outros países. A guerra viria transformar a forma de se vestir e o 
comportamento uma época. 
 Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, 
quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua 
história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda 
a economia dos Estados Unidos, e, conseqüentemente, o resto do mundo. 
 
1930 - Crise de 1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou 
uma crise econômica mundial sem precedentes. Apogeu de Hollywood e 
Carmem Miranda, como um dos marcos desse período. Com ela surgiu a 
primeira fantasia genuinamente brasileira: a baiana. Carmem Miranda fez 
sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, divulgando a cultura latino-americana. 
Foi a primeira brasileira a lançar modas, inclusive nos EUA – o “Miranda look” 
que foi adaptado e usado nas ruas. Ainda hoje muitos estilistas buscam nela 
inspiração. 
 Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. 
Com a cidade de Paris ocupada em junho deste mesmo ano, a Alemanha 
tentou destruir a indústria francesa de costura, levando as maisons para Berlin 
e Viena, mas não teve êxito. O estilista francês Lucien Lelong, então presidente 
da câmara sindical, teve um papel importante nesse período ao preparar um 
relatório defendendo a permanência das maisons no país. Durante a guerra, 92 
ateliês continuaram abertos em Paris. Apesar das regras de racionamento, 
impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se 
podia comparar e utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu a 
guerra. A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final 
32 
 
dos conflitos. A mulher francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram 
mais pesados e sérios. A escassez de tecidos fez com que as mulheres 
tivessem de reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, 
como viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas 
habilidades continuaram sendo muito importantes para a consumidora média 
que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso.. 
 Na Grã-Bretanha, o Fashion Group og Britan comandado por Molyneux, 
criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era 
criar roupas mais atraentes, apesar das restrições. O corte era reto e 
masculino, e ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros 
acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, 
como o tweed muito usado na época. As saias eram curtas, com pregas finas 
ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que 
imitavam uma saia com casaco, eram populares. O náilon e a seda estavam 
em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas 
foram trocadas pelas meias soquetes ou pernas nuas, muitas vezes com uma 
pintura falsa na parte de traz imitando s costuras. 
 A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado o 
interesse pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram 
muitos modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; outros, 
menores, de feltro em estilo militar. 
Durante a guerra, a alta costura ficou restrita às mulheres dos comandantes 
dos alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma 
podiam freqüentar os salões das grandes maisons. 
 Alguns estilistas abriram novos ateliês em Paris durante a segunda 
guerra, como Jacques Fath(1912 -1954) – que se tornaram muito popular nos 
Estados Unidos após a guerra-, Nina Ricci (1883-1970) e Marcel Rochas 
(1902-1955) um dos primeiros a colocar bolsos em saias, Alix Grés (1903-
19930 chegou a ter seu ateliê fechado logo apo a inauguração, em 1941 pelos 
alemães, por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa. Sua 
marca era a habilidadeem drapear o jérsei de seda, com acabamento 
primoroso. Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), 
que no período de 1940 a 1947, em Nova Iorque, criou seus mais belos 
modelos. Chegou a antecipar, em alguns, o que viria a ser o New Look, de 
Cristian Dior. 
 E no Brasil, a guerra originou o bloqueio das importações de bens de 
consumo, consolidando a indústria têxtil e de confecções no Brasil, através da 
adoção de uma política de restrição às importações. Vitória da indústria 
nacional exemplo a Mappin. 
 Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (produzir roupas de qualidade 
em grande escala), se desenvolveu. Através dos catálogos de venda por 
correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de 
qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes. 
O isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres 
para inventar sua própria moda, lançando lançou o "sportswear' americano. 
Com isso, o "ready-to-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos 
franceses. 
 Com a libertação de Paris, em 1944, a alegria invadiu as ruas, assim 
33 
 
como os ritmos do jazz e as meias de náilon americanas, trazidas pelos 
soldados, que levaram de volta para suas mulheres o perfume Chanel nº 5. 
 Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar 
fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia 
material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir 
pequenas bonecas, moldada com fio de ferro e cabeças de gesso com trajes 
criados por todos os grandes nomes da alta costura francesa. 
 No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a 
praticidade, características da moda lançada por Chanel anteriormente. 
Entretanto, o francês Cristian Dior, em sua primeira coleção apresentada em 
1947, surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, 
ombros e seios naturais, luvas e sapatos de salto alto. O sucesso imediato do 
seu New Look, como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres 
ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos. Dior esta imortalizado 
com o seu New Look jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente 
feminina, que iria ser o padrão dos anos 50. 
 Quanto à moda brasileira, é nesta época que começa a existir, ou pelo 
menos, uma adaptação mais conscienciosa do que era ditado por Paris. Casas 
de luxo, como a Casa Canadá, começa a produzir modelos e tecidos 
exclusivos para a elite econômica, totalmente copiados dos modelos europeus. 
 
1950 - Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher 
dos anos 50 se tornou mais feminina e glamourosa, de acordo com a moda. 
lançada pelo "New Look", de Christian Dior (quem liderou, até a sua morte em 
1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada 
estação). Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, 
amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos 
eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios 
luxuosos, como peles e jóias. 
 Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década 
de 50 e se manteve como base para a maioria das criações desse período. 
Durante os anos 50 a alta costura viveu seu apogeu. Nomes importantes da 
criação da moda como o espanhol Critobal Balenciaga, considerado o grande 
mestre da alta-costura -, Hubert de Gvenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame 
Grés, Nina Ricci e o próprio Cristian Dior, transformaram essa época na mais 
gramourosa e sofisticada de todas. A partir de 1950, uma forma de difusão da 
alta-costura parisiense tornou-se possível com a criação de um grupo chamado 
de Costureiros Associados, do qual faziam parte famosas maisons, como a de 
Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean dessés. Esse grupo havia 
se unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um, sete 
modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas 
selecionadas. 
Assim, em 1955, a grife Jean Dessés-difusion começou a fabricar tecidos em 
série para determinadas lojas da França e da África do Norte. 
 O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele 
criou o salto-agulha, em 1954 e em, 1959 o salto-choque, encurvado para 
dentro, além do bico chato e quadrado, entre muito outros. Vivier trabalhou com 
Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes estilistas da época. 
34 
 
Em 1954, Chanel reabriu sua Maison em Paris, que esteve fechada durante a 
guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam 
inconfundíveis, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa 
bolsa a tiracolo em matelassê e o escarpin beje com ponta escura. 
 Ao lado do sucesso da alta-costura parisiense, os Estados Unidas 
avançavam na direção do ready-to-wear e da confecção. A indústria norte-
americana desse setor estava cada vez mais forte, com as técnicas de 
produção em massa cada vez mais desenvolvidas e especializadas. 
Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Derea produziam roupas 
prét-a-porter sofisticadas. Na Itália, Emilio Pucci produzia peças separadas em 
cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na Europa como no EUA. 
Na frança, Jacques Fath foi um dos primeiro estilistas a se voltar ao prét-a-
porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem 
a acompanhar essa nova tendência a medida que a alta-costura começava a 
perder terreno, já no final dos anos 50. Nessa época, pela primeira vez, as 
pessoas comuns puderam ter acesso ás criações da moda sintonizadas com 
as tendências do momento. 
 Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se 
tornaria um tema de grande importância. A maquiagem estava na moda e 
valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de lançamentos de produtos, 
era a explosão dos cosméticos. Era também o auge das tintas para cabelos, 
que passaram a fazer parte da vida de dois milhões de mulheres e das loções 
alisadoras e fixadoras. 
Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no 
rosto e as franjas davam um de menina. 
Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50: Grace Kelly e Audrey 
Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo 
sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como 
também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos. 
Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn 
Monroe e Brigitte Bardot. 
A Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a então União Soviética ficou 
marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial. 
A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados a 
modernidade e foram muito usados. 
A tradição e os valores conservadores estavam de volta. As pessoas casavam 
cedo e tinham filhos. A mulher devia ser boa dona-de-casa, esposa e mãe. 
Vários aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudá-la nessa tarefa. 
 Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos 50, a juventude 
norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, 
que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias 
rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans. O 
cinema lançou a moda do garoto rebelde com um componente mais agressivo, 
com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos, além de um topete 
enrolado. Eram os "teddy-boys". 
 Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande 
oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida 
cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um grande 
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potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60. 
 
1960 – Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em 
todos os aspectos. Era a vez dos jovens que influenciados

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