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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVERSO BELO HORIZONTE Curso de Direito Ana Carolina Figueiredo Vieira VT INTERDISCIPLINAR DO LIVRO: Escravidão – Laurentino Gomes. Belo Horizonte 2021 Trabalho interdisciplinar Direito e Literatura – 1º semestre de 2021 Curso de Direito da Universo Belo Horizonte Nome completo: Ana Carolina Figueiredo Vieira Matrícula: 30001125 Período e turno: manhã E-mail: carolinafvieira@gmail.com Título do livro trabalhado: Escravidão - Laurentino Gomes. Pergunta 1: Quais são as principais críticas que o livro faz à Lei Áurea, que “aboliu” a escravidão no Brasil? Explique-as. Resposta: questionam os críticos da Lei Áurea, se os cativos libertos e seus descendentes foram abandonados à própria sorte, sem nunca ter tido oportunidades reais de participar da sociedade brasileira na condição de cidadãos de plenos direitos, com iguais oportunidades? De acordo com essa visão, a luta dos escravos brasileiros estaria mais bem representada Enquanto este livro era escrito, 130 anos após a assinatura da Lei Áurea, algumas pessoas ainda insistem em questionar a chamada “dívida social” em relação aos afrodescendentes. Segundo essa corrente, a “dívida” estaria automaticamente anulada pelo fato de os africanos serem corresponsáveis pelo regime escravagista. Como consequência, não haveria por que indenizar ou beneficiar a atual população negra com políticas públicas compensatórias pelos prejuízos históricos decorrentes da escravidão. Um dos alvos favoritos dos ataques foi o controvertido sistema de cotas preferenciais em escolas e postos da administração pública adotado no Brasil sob inspiração de políticas semelhantes implantadas nos Estados Unidos. Pergunta 2: Explique como se dava o tráfico de africanos para o trabalho escravo no Brasil, desde sua captura, a viagem no navio negreiro, até sua “venda”. Resposta: O tráfico negreiro iniciou-se no Brasil pela necessidade contínua de mão de obra escrava e foi resultado direto da diminuição do número de escravos indígenas. O tráfico negreiro era uma atividade extremamente lucrativa e atendia aos interesses da Coroa, portugueses e colonos. A presença portuguesa no continente africano ocorreu por meio de feitorias, as quais os permitiam criar laços comerciais com diferentes reinos africanos. Os africanos obtidos para escravidão eram prisioneiros de guerra revendidos ou eram capturados em emboscadas elaboradas pelos traficantes. A principal feitoria portuguesa instalada na África foi a de Luanda, e os escravos angolanos corresponderam a 75% do total desembarcado no Brasil. Os africanos vinham nos tumbeiros aprisionados em péssimas condições nos porões dos navios em viagens que se estendiam de 1 a 2 meses. O Brasil recebeu, aproximadamente, 4,8 milhões de africanos escravizados durante três séculos de tráfico. O tráfico no Brasil só foi proibido por pressões inglesas que resultaram na aprovação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850. Pergunta 3: Quais são as duas principais características que diferenciam a escravidão na América de todas as outras, conforme o autor? Resposta: A primeira é o regime de trabalho. No passado, os escravos eram usados em serviços domésticos; nas oficinas como marceneiros e ferreiros; na agricultura; nos navios; marchavam como guerreiros para defender as causas de seus senhores e, muitas vezes, chegavam a ocupar altos cargos administrativos, como os de eunuco escriba e tesoureiro real. Na América, também havia essa classe de ocupações, mas a escravidão se tornou sinônimo de trabalho intensivo em grandes plantações de cana de-açúcar, algodão, arroz, tabaco e, mais tarde, café. Escravos eram usados também na mineração de ouro, prata e diamantes. Estavam, portanto, em condição equivalente à das máquinas agrícolas industriais de hoje, como os tratores, os arados, as colhedeiras e as plantadeiras nas modernas fazendas do interior do Brasil. Nos engenhos de açúcar, trabalhavam em jornadas exaustivas, em turnos e regime de trabalho organizados de forma muito semelhante às linhas de produção que, a partir do final do século XVIII, caracterizariam as fábricas da Revolução Industrial. A segunda característica que diferencia a escravidão na América de todas as demais formas anteriores de cativeiro é o nascimento de uma ideologia racista, que passou a associar a cor da pele à condição de escravo. Segundo esse sistema de ideias, usado como justificativa para o comércio e a exploração do trabalho cativo africano, o negro seria naturalmente selvagem, bárbaro, preguiçoso, idólatra, de inteligência curta, canibal, promíscuo, “só podendo ascender à plena humanidade pelo aprendizado na servidão”, explica o africanista brasileiro Alberto da Costa e Silva. Sua vocação natural seria, portanto, o cativeiro, onde viveria sob a tutela dos brancos, podendo, dessa forma, alçar eventualmente um novo e mais avançado estágio civilizatório. Pergunta 4: Descreva o primeiro leilão de escravos em Portugal, com base no livro e no registro oficial da época, de Azurara Resposta: o local do primeiro leilão de escravos africanos registrado em Portugal, há um enigma histórico. É a Fortaleza de Sagres. Situada sobre um promontório que avança sobre o mar, batido por rajadas de ventos e ondas violentas, ela teria abrigado a mítica Escola de Sagres, uma grande academia de ciências náuticas fundada no século XV pelo infante dom Henrique, reunindo matemáticos, geógrafos, cartógrafos, astrônomos e outros especialistas. Pelo menos era o que se acreditava até o final do século XIX, quando os historiadores começaram a questionar a existência da tal escola. Nunca se teve notícia alguma de documento, relato ou qualquer registro da época de dom Henrique que se referisse ao funcionamento da suposta academia nesse local. A cena marca o início de um período trágico na história humana e foi registrada porque havia no local uma testemunha com a missão de descrevê-la para a posteridade. Gomes Eanes de Azurara, filho de padre, cronista real, cavaleiro da Ordem de Cristo, guarda-mor dos arquivos da Torre do Tombo e biógrafo de dom Henrique, é o autor do manuscrito “Crônica do descobrimento e conquista da Guiné. Redigido em 1448, esse relato das primeiras navegações portuguesas na costa da África ficou perdido durante quase quatro séculos, até 1837, quando seu original foi encontrado na Biblioteca Real de Paris e finalmente publicado em formato de livro quatro anos mais tarde.[1] Nele se encontra o primeiro registro oficial de um leilão de escravos africanos pelos portugueses, uma prática que se repetiria milhares e milhares de vezes ao longo dos quatro séculos seguintes, envolvendo a compra e avenida de cerca de 12,5 milhões de cativos capturados ou adquiridos na África e transportados em cerca de 35 mil navios negreiros que cruzaram o Oceano Atlântico em direção à Europa e a vários pontos da América. Azurara, às vezes também chamado apenas de Zurara, descreve em detalhes o que ocorreu na praça situada em frente ao cais de Lagos enquanto o sol se erguia no horizonte naquela longínqua manhã do século XV. Os escravos, segundo ele, eram “uma coisa maravilhosa de se ver, porque entre eles havia alguns de razoada brancura, formosos [...]; outros menos brancos, como os pardos; outros tão negros como os etíopes, disformes nas feições, tanto nos rostos como nos corpos, como a representar imagens do hemisfério inferior”. Os compradores eram muitos. “O campo estava cheio de gente, tanto do lugar como das aldeias e comarcas dos arredores, a qual deixava naquele dia folgar suas mãos, em que estava a força de seu ganho, somente para ver aquela novidade”, anotou Azurara. O infante, por sua vez, estava “ali em cima de um poderoso cavalo, acompanhado de suas gentes, repartindo suas