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AULA 15(Carlos Alberto)

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Rio, 17 de novembro de 2010 
Direito, psicologia e subjetividade
Evolução do pensamento de Winnicott: de início, Winnicott é muito próximo a Melanie Klein e acredita na pulsão de morte. Depois, ele se afasta das idéias dela ao defender a idéia da motilidade (a agressão seria decorrente de uma frustração).
Para Winnicott, não existem determinações (apenas tendências). Entre as muitas tendências, existe a tendência à fusão do erotismo (inclusão com o outro, participação com o outro) com a motilidade (também é chamada de agressividade, o que é distinto de agressão). Na convergência entre as duas, a motilidade é o que nos dará o sentimento de realidade. Já o erotismo precisa estar em um grau razoável fusionado com a motilidade para parecer real. O erotismo sem a motilidade fica irreal. A motilidade desvinculada do erotismo pode se tornar matéria-prima da agressão. 
Winnicott analisou crianças que foram separadas de seus pais durante a segunda guerra mundial. Antes dos dois anos de idade, Winnicott indicava que era mais seguro que as crianças permanecessem com os pais. Após os dois anos, a separação poderia ser feita (as crianças iam para cidades menores para fugir dos bombardeios). As crianças que foram afastadas dos pais passaram a ter um comportamento anti-social e agressivo. 
Assim, Winnicott deparou-se com a tendência anti-social. Ela é a matéria-prima do delito, mas os dois são diferentes. O delito é uma conduta anti-social organizada (e se difere dela por isso). O delito também gera um ganho secundário (essa é outra diferença entre o delito e a conduta anti-social). Exemplo de ganho secundário: riqueza que vem de um roubo. O ganho de visibilidade social é outro exemplo de ganho secundário. A associação e a diferença entre conduta anti-social e ato delitivo pode ser uma questão da prova. 
Quem tem uma conduta anti-social não é aquele que não teve uma maternidade razoável. Se fosse privado do amor e da atenção no começo da vida, outras situações mais graves surgiriam (como a desintegração). Geralmente a conduta anti-social surge quando a criança perde algo que teve durante determinado tempo. Pode ser a morte dos pais, afastamento decorrente de guerra ou até mesmo o surgimento de um novo irmão. Ou seja, não é a privação do amor materno desde o começo que gera essa conduta, mas sim a deprivação (a perda de algo bom que já se teve). O ato anti-social deve ser entendido como uma manifestação de esperança de recuperar algo que se tinha e que depois se perdeu. 
A mãe, para a criança, é inicialmente seu patrimônio. Assim, o roubo pode ser uma tentativa de retomar o patrimônio como um símbolo da mãe. Ou seja, o ato anti-social deve ser encarado como um sinônimo de um grito de socorro. A melhor iniciativa, nesses casos, é conversar com a criança para reconhecer sua verdadeira necessidade. 
O sentimento de deprivação é algo que sempre é sentido pela criança – seja ele verdadeiro ou não. Para uma patologia se iniciar, uma frustração deve se consolidar. Boa parte das frustrações da criança consegue ser resolvida pela mãe. Para que um erro seja traumático, ele deve ser repetido (por isso Winnicott trata da reincidência). Logo no primeiro movimento (primeiro pequeno roubo da criança, por exemplo), isso deve ser feito.
A tendência anti-social obriga o ambiente a ser importante. O ambiente é importante, pois só ele pode retomar aquilo que foi perdido. 
Devemos olhar para a necessidade material e psicológica da criança que comete um ato delitivo. O ato deve ser entendido como algo cuja principal responsabilidade é da sociedade e não da própria criança. É a questão da co-culpabilidade social. A sociedade, porém, não tem criado centros de assistência suficientes para abarcar as necessidades psicológicas das crianças. 
As frustrações reiteradas das condutas anti-sociais geram a perda da esperança e o início da conduta delitiva, que é muito mais dificilmente revertida. Nesse ponto, Winnicott defende o uso do amor em conjunto com a firmeza. 
Exemplos do que pode ser inicio de um comportamento anti-social: comportamento imperioso, prepotente; uma avidez excessiva que pode ser voltada para a comida – aí surge a questão das crianças obesas ou a negação desse fenômeno que são a anorexia e a bulimia- ou para o consumo;
A diferença entre avidez e voracidade é a presença da mãe no caso da voracidade (e a resposta conferida por ela). 
Para que exista uma conduta anti-social, é preciso que tenha existido uma suficientemente boa experiência social que depois foi perdida. É essa perda do que já se teve que pode originar o comportamento anti-social.
A necessidade de firmeza pode se manifestar como uma necessidade de uma pena. Isso deve ser pensado no contexto do abolicionismo penal.

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