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1 Bruna P. Zabini É uma doença crônica contagiosa granulomatosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. FATORES DE RISCO 1. <1 anos ou >60 anos 2. Doenças ou tratamentos imunossupressores 3. Grupos sociais desfavorecidos (situação de rua, pobreza/miséria, privadas de liberdade, minorias étnicas (indígena) e pacientes com HIV/aids) ETIOLOGIA Causada principalmente pelo Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch – BK), que é um bacilo álcool acido resistente, aeróbio e é transmitido por via aérea através de aerossóis de pessoas bacilíferas, através de tosse, fala e espirro. Pode também ser transmitido por: M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Transmissão: A chance de uma pessoa se infectar após contato com um paciente bacilífero depende da concentração de bacilos expelidos pelo paciente tuberculoso, da intensidade e frequência do contato. As gotículas se secam e se transformas em partículas menores e podem alcançar os alvéolos e causar a primo-infecção. Uma pessoa com baciloscopia +, pode infectar de 101 pessoas durante um ano (em média). O bacilo é sensível a luz solar e circulação de ar (por isso, ambientes mais ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão) Tudo isso é influenciado pela: • Urbanização crescente e desordenada • Desigualdade na distribuição de renda • Moradias precárias e superlotadas • Insegurança alimentar • Baixa escolaridade • Dificuldade de acesso aos serviços e bens públicos 2 Bruna P. Zabini QUADRO CLÍNICO 1. PRIMÁRIA: paciente se apresenta irritadiço, febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse vai estar presente e o exame físico pode ser inexpressivo. 2. SECUNDÁRIA: a principal características é a tosse seca ou produtiva (podendo ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue) A TB primária que ocorre logo após a infecção, é a forma MAIS GRAVE e é mais comum em crianças e imunossuprimidos, ela se desenvolve em pacientes não expostos (ou seja, não sensibilizados). Já a TB secundária (ocorre depois da infecção, ou seja, em pacientes previamente sensibilizados) e ela pode ficar latente e depois ser reativada e 80 vai ter presença de cavidade. ** sempre fazer buscar ativa de contactantes! Quando há locais com elevada taxa de incidência de TB pulmonar, toda a pessoa que procura o atendimento de saúde por quadro de tosse prolongado, deve ter TB incluída na investigação diagnóstica. ➔ A TB MILIAR: é um aspecto radiológico pulmonar específico, pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. É uma forma grave da doença, que é mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. DIAGNÓSTICO Forma pulmonar é a mais frequente e mais relevante na saúde pública. Então, fazemos uma busca ativa de sintomáticos respiratórios (tosse com 3 semanas ou +). E os sintomas clássicos são: 1. Tosse persistente, seca ou produtiva (podendo ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue) 2. Febre vespertina, sem calafrios <38,5 3. Sudorese noturna 4. Inapetência (pode ter perda ponderal importante) 3 Bruna P. Zabini DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO Exame microscópico direto: baciloscopia direta (teste do escarro) Pegamos 2 amostras de escarro, é feito a pesquisa de BAAR pelo método de Ziehl Nielsen e ele permite detectar de 80-60 porcento dos casos em adultos (em crianças tem sensibilidade reduzida pois é difícil pegar o escarro adequadamente). Quando pedir? • Busca ativa de sintomas respiratórios • Caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar • Acompanhamento e controle de cura em casos já confirmados Teste molecular rápido de TB (TRM-TB) Esse teste detecta DNA dos bacilos e ele vai mostrar cepas resistentes a rifampicina (usado para o tratamento). É preciso de apenas 1 amostra de escarro e tem uma sensibilidade de 90 porcento. Não é utilizado para acompanhamento e curam. Mas quando pedir? Para diagnóstico de casos novos e triagem de resistência a rifampicina. Cultura Analisado o escarro, faz uma identificação mais precisa do subtipo. É o teste mais sensível e específico que tem, porém demora para sair o resultado (14-30 dias). Quando pedir? • Locais sem acesso a teste rápido • Se tiver o TR, só faz o pedido de cultura quando tem o teste rápido negativo, porém com suspeita clínica de TB DIAGNÓSTICO POR IMAGEM Radiografia de tórax Deve ser solicitado a todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar, com po objetivo de excluir outra doença pulmonar e avaliar a extensão do acometimento e evolução radiológica durante o tratamento. A radiografia é suspeita quando é encontrado: 1. Cavidades (principalmente em ápice) 2. Nódulos e massas 3. Consolidações 4. Alargamento mediastino 5. Processo intestinal (TB miliar) 6. Derrame pleural Também é possível ver as sequelas ao longo do tratamento, como: bandas, retrações e calcificações (são as lesões cicatriciais) e é preciso fazer diagnóstico diferencial com neoplasias (CA de pulmão, linfomas, carcinomatose metastática) e diferencias infecções fúngicas (Histoplasmose, aspergiloma, paracoccidiomicose, criptococose) DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: silicose; infecções bacterianas (abscesso pulmonar, pneumonia necrotizante); doenças autoimunes e embora pulmonar ❖ Infecção latente: TB em pacientes com HIV A apresentação é influenciada pelo grau de imunossupressão, mas há maior frequência de formas extra pulmonares e maior letalidade quando TC4 <200. Sempre triar para TB pacientes com HIV + (perguntar, tosse, febre, perda de peso, sudorese noturna) ** Sempre investigar doenças oportunistas 4 Bruna P. Zabini Não desenvolve inicialmente mas tem o bacilo de forma latente na arvore pulmonar. Há 30 porcento de chance de infecção futuramente, é estimado que ¼ da população tenham e essas pessoas não apresentam sintomas, não transmitem a doença mas podem adoecer no futuro. Quando investigar? 1. Contato com paciente confirmado de TB nos últimos 2 anos 2. HIV + 3. Uso de inibidores de TNF alfa ou corticosteroides (tratamento com imunossupressores) 4. Alterações radiológicas sugestivas de sequelas de TB 5. Pré transplante 6. Neoplasias de cabeça e pescoço, linfomas e outras neoplasias hematológicas 7. Insuficiencia renal em dialise 8. DM 9. Baixo peso 10. Tabagistas 11. Calcificações isoladas sem explicações 12. Profissionais de saúde 13. Pessoas que vivem ou trabalhem no sistema prisional e instituições de longa permanência O diagnóstico de infecção latente (e também em crianças) é feito pela Prova Tuberculínica (PPD), e ela é reativa se for igual ou > a 5mm TRATAMENTO O objetivo do tratamento é negativar a bacilocospia, ser capaz de prevenir a emergencia de bacilos resistentes e ter atividade esterilizante. O tratamento para pacientes com 10 anos ou + é feito com o esquema RIPE: RIFAMPICINA, ISONIAZIDA, PIRAZINAMIDA E ETAMBUTOL (é um comprimido só) e é dado de acordo com peso do paciente: Fase intensiva: 150/75/400/2475mg, comprimido em dose fixa combinada 20-35kg 2 comprimidos 2 meses 36-50kg 3 comprimidos 2 meses >50kg 4 comprimidos 2 meses 5 Bruna P. Zabini Fase de manutenção: 150/75mg, comprimido em dose fixa combinada 20-35kg 2 comprimidos 4 meses 36-50kg 3 comprimidos 4 meses >50kg 4 comprimidos 4 meses O tratamento vai ser feito em casa quando o paciente não estiver mais bacilífero. Não é possivel manter ele no hospital por 6 meses. Acompanhamento: as consultas clínicas devem ser mensais (avaliar adesão, monitorar peso, sinais/sintomas, efeitos adversos, complicações), a baciloscopia deve ser feita mensalmente (espera-se negativação após 2 semanas) e o radiológico é feito no inicio e no fim do tratamento.Se no final do segundo mês a baciloscopia esta positiva, vou fazer: 1. Solicitar cultura com teste de sensibilidade 2. TMR para avaliação de resistência a rifampicina 3. Prolongar esquema de ataque por mais 30 dias Se evolução clínica satisfatória: iniciar manutenção por 4 meses Se evolução clínica insatisfatória: (sem melhora clínica, baciloscopia persiste no mesmo grau de cruzes e aspecto radiológico de atividade da doença) ai é preciso referenciar.
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