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NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA através da Poesia e Música


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PROF. RHONASCY: Língua Portuguesa/Literatura/Redação – 69 98436-4236 + wilcam6017@gmail.com 
 
 – Caetano Veloso 
 
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua 
de Luís de Camões; 
Gosto de ser e de estar, 
E quero me dedicar a criar confusões de 
prosódias 
E uma profusão de paródias 
Que encurtem dores 
E furtem cores como camaleões; 
 
Gosto do Pessoa na pessoa, 
Da rosa no Rosa, 
E sei que a poesia está para a prosa 
Assim como o amor está para a amizade; 
E quem há de negar que esta lhe é superior? 
E deixe os Portugais morrerem à míngua. 
Minha pátria é minha língua 
Fala Mangueira! Fala! 
 
Flor do Lácio Sambódromo, 
Lusamérica latim em pó, 
O que quer 
O que pode esta língua? 
 
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas, 
E o falso inglês relax dos surfistas; 
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos 
imperialistas! 
 
Vamos na velô da dicção choo-choo de 
Carmem Miranda, 
E que o Chico Buarque de Holanda nos 
resgate, 
 
E (xeque-mate) explique-nos Luanda; 
Ouçamos com atenção os deles e os delas da 
TV Globo; 
Sejamos o lobo do lobo do homem, 
Lobo do lobo do lobo do homem, 
Adoro nomes 
Nomes em ã, 
De coisas como rã e ímã, 
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã, 
Nomes de nomes 
 
Como Scarlet, Moon, de Chevalier, Glauco 
Mattoso e Arrigo Barnabé 
E Maria da Fé 
 
Flor do Lácio Sambódromo... 
 
Se você tem uma ideia incrível é melhor 
fazer uma canção; 
Está provado que só é possível filosofar em 
alemão; 
Blitz quer dizer corisco, 
Hollywood quer dizer Azevedo, 
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o 
Recôncavo meu medo; 
 
A língua é minha pátria 
E eu não tenho pátria, tenho mátria 
E quero frátria; 
Poesia concreta, prosa caótica, 
Ótica futura, 
Samba-rap, chic-left com banana 
 
(Será que ele está no Pão de Açúcar? 
Tá craude brô 
Você e tu 
Lhe amo 
Qué queu te faço, nego? 
Bote ligeiro! 
 
Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai 
ficar desesperado! 
Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim 
mais pareces um espantalho! 
 
I like to spend some time in Mozambique 
Arigatô, arigatô!) 
 
Nós canto-falamos como quem inveja 
negros 
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem, 
Livros, discos, vídeos à mancheia, 
E deixa que digam, que pensem, que falem. 
 
PROF. RHONASCY: Língua Portuguesa/Literatura/Redação – 69 98436-4236 + wilcam6017@gmail.com 
 – Olavo Bilac 
 
Última flor do lácio, inculta e bela 
És, a um tempo, esplendor e sepultura 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela 
 
Amo-te assim, desconhecida e obscura 
Tuba de alto clangor, lira singela 
Que tens o trom e o silvo da procela 
E o arrolo da saudade e da ternura 
 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma 
 
Em que da voz materna ouvi: "meu filho 
E em que camões chorou, no exílio amargo 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho 
 
... 
Samba-enredo (Mangueira 2007) 
 
Quem sou eu 
Tenho a mais bela maneira de expressar 
Sou Mangueira...uma poesia singular 
Fui ao Lácio e nos meus versos canto a 
última flor 
Que espalhou por vários continentes 
Um manancial de amor 
Caravelas ao mar partiram 
Por destino encontraram o Brasil... 
Nos trazendo a maior riqueza 
A nossa língua portuguesa 
Se misturou com o tupi, 
tupinambrasileirou 
Mais tarde o canto do negro ecoou 
E assim a língua se modificou 
Eu vou dos versos de Camões 
As folhas secas caídas de Mangueira 
É chama eterna, dom da criação 
Que fala ao pulsar do coração 
 
 
Cantando eu vou 
Do Oiapoque ao Chuí ouvir 
A minha pátria é minha língua 
Idolatrada obra-prima te faço imortal 
Salve... Poetas e compositores 
Salve também os escritores 
Que enriqueceram a tua história 
Ó meu Brasil 
Dos filhos deste solo és mãe gentil 
Hoje a herança portuguesa nos conduz 
À estação da luz 
 
Vem no vira da Mangueira vem sambar 
Meu idioma tem o dom de transformar 
Faz do Palácio do Samba uma casa 
portuguesa 
É uma casa portuguesa com certeza.
 
 – Gilberto Mendonça Teles 
 
Esta língua é como um elástico 
que espicharam pelo mundo. 
No início era tensa, 
de tão clássica. 
 
Com o tempo, se foi amaciando, 
foi-se tornando romântica, 
incorporando os termos nativos 
e amolecendo nas folhas de bananeira 
as expressões mais sisudas. 
Um elástico que já não se pode 
mais trocar, de tão gasto; 
nem se arrebenta mais, de tão forte. 
 
Um elástico assim como é a vida 
que nunca volta ao ponto de partida.

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