Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thais Alves Fagundes RADIOGRAFIA DE TÓRAX NA PEDIATRIA INCIDÊNCIAS Incidências mais utilizadas para radiografia do tórax são PA e perfil. PA: póstero-anterior. Evita magnificação do coração e possibilita o posicionamento dos ombros. Técnica: ortostatismo, inspiração profunda e apnéia. Perfil: lateral-esquerdo. Sempre solicitada com a PA. Auxilia bastante na localização e caracterização de lesões (um achado retrocardíaco - atrás do coração -, não seria identificado na radiografia pósteroanterior). Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo. Radiografia de perfil: mediastinos anterior, médio e posterior. AP: ântero-posterior. Crianças pequenas e pacientes graves. FORMAÇÃO DA IMAGEM RADIOGRÁFICA Radiação atravessa o corpo e a imagem formada apresenta tons que variam de acordo com a densidade da estrutura Densidade óssea: ossos absorvem mais radiação que as partes moles e aparecem BRANCOS. Densidade de partes moles: meio termo entre a do osso e a do ar (coração, músculos), e aparecem CINZA. Densidade do ar: absorve menos radiação (pulmões, gás intestinal) e aparece PRETO. ESTRUTURAS VISUALIZADAS NA RADIOGRAFIA Traqueia se bifurcando na altura da carina. Carina localizada na altura da inserção da segunda costela, no ângulo manúbrio-esternal. Arco aórtico A. pulmonar direita e esquerda. Átrio direito: insinuação da veia cava superior entrando no átrio direito. Átrio esquerdo Ventrículo esquerdo Hemecúpulas diafragmáticas (direita é mais alta do que a esquerda). Arco aórtico (perfil) Thais Alves Fagundes PULMÃO PULMÃO DIREITO: fissura obliqua e fissura horizontal Lobos superior, médio e inferior Lobo superior: na radiografia póstero-anterior e na de perfil toma mais o terço superior. Lobo médio: toma quase a metade torácica do hemitórax direito inferior na radiografia pósteroanterior, e toma mais a porção anterior na de perfil. Lobo inferior: quase não aparece na radiografia pósteroanterior, apenas aparece por transparência pelo lóbulo médio, então se tiver uma lesão ali, apenas com a radiografia póstero-anterior não dará pra saber onde é a lesão, ressaltando a importância de fazer a radiografia de perfil também. PULMÃO ESQUERDO: fissura oblíqua Lobo superior: parte anterior do tórax. Lobo inferior: parte póstero-inferior do tórax. Thais Alves Fagundes REQUISITOS PARA UMA RADIOGRAFIA VÁLIDA PARA AVALIAÇÃO Identificação Qualidade técnica: o Posicionamento o Colimação / enquadramento o Dosagem / penetração o Insuflação IDENTIFICAÇÃO Nome completo Idade Local de realização Data Indicação do lado direito e lado esquerdo POSICIONAMENTO Simetria das estruturas ósseas em ambos os lados da caixa torácica (espaços intercostais). Clavículas: distância das cabeças da clavícula em relação ao plano mediano deve ser simétrica. o Plano mediano: tomar como referência as epífises dos processos espinhosos da coluna vertebral. Escápulas: devem estar fora dos campos pulmonares, reduzindo sobreposição de estruturas e falsas interpretações. Bordas da caixa torácica devem envolver igualmente ambos os lados do tórax. Não pode haver rotação do paciente, ocasionando assimetria do tórax. Radiografia 1: posicionamento incorreto. Diferença dos espaços intercostais nos lados direito (espaços intercostais estão maiores e mais horizontalizados) e esquerdo e as cabeças das clavículas desalinhadas. Rotação do tórax: bordas da caixa torácica não envolvem igualmente ambos os lados do tórax. Radiografia 2: posicionado incorreto, impressão de órgãos maiores que o normal ou deslocados. Thais Alves Fagundes COLIMAÇÃO/ ENQUADRAMENTO Tórax deve aparecer por inteiro na radiografia. Enquadrar a porção superior do abdome, vértebras cervicais, parte mole lateral. Radiografia 1: enquadramento inadequado. Radiografia 2: paciente que teve um pneumotórax. Na radiografia não apareceu o recesso costofrênico, então caso tenha ocorrido alguma outra complicação (ex: traumatismo por arme de fogo com pneumotórax + hemotórax no recesso costofrênico), não será possível detectá-la. Pneumotórax: quando o ar se interpõe entre a pleura visceral e a pleura parietal. DOSAGEM / PENETRAÇÃO Raio deve estar bem centralizado. Raio deverá atravessar o tórax do paciente de forma a acentuar as estruturas que o médico quer analisar. Dosagem ideal: Visualizar os discos intervertebrais por transparência. Na silhueta cardíaca não deve aparecer os discos intervertebrais, somente suas insinuações (não devem ser vistos atrás do coração). Sombra da coluna só deve ser visualizada nas porções mais superiores Radiografia 1: dosagem correta. Radiografia 2: menos dosagem que o necessário. INSUFLAÇÃO / INSPIRAÇÃO Realizar expansão inspiratória e permanecer em apneia. Inspiração correta: o Se houver 6 a 7 arcos costais anteriores. o Se houver 9 a 11 arcos costais posteriores. o Cúpula diafragmática direita está localizada na altura do 6º ao 7º arco costal anterior. o Cúpula diafragmática direita está localizada na altura do 8º ao 10º arco costal posterior. Thais Alves Fagundes Inspiração x Expiração: Radiografia 1: boa insuflação. Radiografia 2: boa insuflação. Radiografia 3: baixa insuflação, alterando o tamanho do coração, que demonstra falsamente estar aumentado. Radiografia 4: baixa insuflação, com diferença no tamanho do coração e diferença no raio no pulmão. Radiografia 5: boa insuflação. Radiografia 6: pouca insuflação, alterando a proporção do coração, que parece aumentado em relação ao pulmão. ÍNDICE CARDIO-TORÁCICO (ICT): Avalia se o tamanho do coração está adequado / dentro do padrão. Calculado pela relação entre: o Diâmetro transverso do coração (somar os dois maiores diâmetros direito e esquerdo). o Maior diâmetro interno da caixa torácica. Valores de referência: o ICT < 0,60 no recém-nascido o ICT < 0,55 no lactente o ICT < 0,50 na criança maior de 6 anos INTERPRETAÇÃO DE RX DE TÓRAX – ABCS Devemos usar o esquema de ABCS para lembrar tudo que deverá ser analisado em uma radiografia. A: Abdome Situs visceral, massas, ar livre, calcificações, alças intestinais, contorno diafragmático. Radiografia 1: hérnia diafragmática, pois o intestino da criança tomou o tórax. Thais Alves Fagundes B: (Bones) Ossos fraturas, anomalias, massas. Raquitismo: presença de rarefação óssea e rosáreo costal, isto é, alterações periféricas. C: (Chest) Tórax Vias aéreas, mediastino, coração e pulmão. Vias aéreas: patência, posição, tamanho, forma Mediastino: posição, tamanho, forma Coração: posição, tamanho, forma Pulmão: volume, vascularidade, densidade – opacidade. S: Partes moles Edema de partes moles, corpo estranho. 3 “T” Técnica: posição; Inspiração; Expiração; Movimento. Traps: importância da observação prévia do paciente, para evitar possíveis erros na análise da radiografia e consequentemente erros no diagnóstico. Timo Pregas cutâneas Artefatos: atentar para a presença de artefatos na radiografia que podem dar a impressão de algum achado. Tamanho do coração Radiografia 1: linha em todo o hemitórax esquerdo, podendo sugerir pneumotórax, por exemplo. Ao ver o paciente, vemos que se trata de pregas cutâneas. Radiografia 2: suspeita inicial de tuberculose, por alteração no ápice pulmonar direito. Radiografia 3: cabelos do paciente estavam na região do tórax no momento da radiografia. Thais Alves Fagundes Tubos e cateteres: observar e delinear a presença de dispositivos no paciente, como cateters e eletrodos. Radiografia 1: eletrodos. Radiografia 2: cateteres. TIMO NA RADIOGRAFIA Timo está evidente em radiografias de recém-nascidos e lactentes. No RN caracteriza por: o Alargamento do mediastinoacima da imagem cardíaca na radiografia póstero-anterior. o Aumento da densidade retroesternal na incidência em perfil. Tamanho do tipo (incidência AP): Largura da imagem tímica deve ser igual ou superior ao dobro da largura da 3° vértebra torácica. Dimensões inferiores a essa representação indica um sinal de involução tímica. o Involução tímica: Timo pode involuir em situações de estresse na criança, ocasionadas por febre, infecções, cardiopatias congênitas, doenças pulmonares e desnutrição. Involução regride após o término do estresse e o timo volta às suas dimensões normais. Timo pode apresentar configurações peculiares normais: Sinal da vela: configuração triangular, que se assemelha a uma vela de barco na região superior, mais comum à direita. Sinal da onda: suave ondulação nos contornos do timo, produzida pela compressão dos arcos costais anteriores, que projetam sua imagem na superfície tímica, mais comum à esquerda. Sinal da incisura: junção do timo normal com a silhueta cardíaca. Thais Alves Fagundes TÓRAX PATOLÓGICO Pneumotórax: Presença de ar no espaço pleural. Pulmão direito está colabando pela entrada de ar (ar se interpõe entre a pleura visceral e a pleura parietal). ALTERAÇÕES DE VOLUME COM RAREFAÇÃO DE PARÊNQUIMA Hiperinsuflação pulmonar: Retificação do recesso costofrênico - diafragma. Aumento no número de arcos costais anteriores. Aumento do espaço intercostal. Pulmão muito escuro. o Radiografia 3: conta-se 9 arcos costais anteriores (6-7), indicando que está muito insuflado. Atelectasia: Obstrução de brônquio (pulmão colaba), quando existe um fechamento do segmento do pulmão. o Fechamento pode se dar por diversas situações, como um corpo estranho que a criança aspirou, por uma massa tumoral, uma pneumonia, entre outros. Redução volumétrica, que acarreta um aumento da densidade. Atelectasia, consequentemente, traciona as estruturas (puxa a estrutura). o Diferenciar uma atelectasia de uma massa/tumor: Atentar para a posição das estruturas. Thais Alves Fagundes Se estiverem "puxadas" significa que se trata de uma atelectasia. Se estiverem "empurradas" contralateralmente, significa a presença de uma massa. Lobo sup. D. Radiografia 1 e 2: atalectasia do lobo superior, com coração "puxado" e o diafragma um pouco elevado. Radiografia 3 e 4: atalectasia total causada por um objeto estranho. Puxa as estruturas para o seu lado. ALTERAÇÕES DE PARÊNQUIMA Consolidação: Alteração na densidade do parênquima pulmonar (substituição do ar alveolar por exsudato ou tecido). Comum ter um achado chamado de broncograma aéreo. o Broncograma aéreo: consiste no brônquio cheio de ar dentro de uma consolidação. Lobo sup. D. Consolidação infiltrativa: Padrão diferente de consolidação, chamado de padrão infiltrativo. Opacificação difusa do parênquima pulmonar, por infiltrado intersticial (viral, covid). Thais Alves Fagundes Pneumonia redonda: Dúvida se essa pneumonia está à frente ou atrás do coração. o Necessário fazer a radiografia de perfil. o Visualizar a silhueta cardíaca sugere localização da pneumonia posterior ao coração. o Caso a silhueta cardíaca não esteja visível, é sinal de que a consolidação é anterior ao coração. Consolidação localizada posteriormente ao coração: Abscesso: Linha de nível (nível de algum líquido, que muitas vezes é pus). Alojamento do pus e seu nível (borda até onde o pus vai): o Ao modificar o decúbito do paciente, seria visto o líquido "escorrer". ALTERAÇÕES BRÔNQUICAS Bronquiectasia: Aumento do diâmetro dos brônquios. Vista como se fosse "sujeiras" na imagem, no local dos hilos pulmonares, com a aparência semelhante à linhas ou esfumaçados. Mais visualizada na tomografia. Thais Alves Fagundes AVALIAÇÃO DO ESPAÇO PLEURAL Derrame pleural: líquido se interpõe entre a pleura visceral e a pleura parietal. Visualiza-se o recesso costofrênico do lado direito, enquanto que do lado esquerdo já não é possível vê-lo, o que indica a possibilidade de um derrame pleural. Realizar radiografia de perfil. o Sinal do menisco: quando o diafragma “sobe”, indica um processo de derrame pleural. o Opacificação por líquido no seio costofrênico. D D E D Incidência de Laurell ou incidência de decúbito lateral com raios horizontalizados: o Radiografia com o paciente em decúbito lateral. Se o paciente se deitar do lado direito o líquido irá escorrer. Se o paciente se deitar do lado esquerdo o líquido não irá escorrer. Confirmando a suspeita de derrame pleural. CORPO ESTRANHO Radiografia 1: piercing no mamilo. Radiografia 2: bateria de brinquedo engolida pela criança. Pela radiografia anteroposterior não consegue distinguir se está no trato respiratório ou digestivo, na de perfil, é possível visualizar a coluna de ar na traqueia, estando a bateria no esôfago. Radiografia 3: pulseira engolida pela criança. Radiografia 4: tesoura engolida pela criança.
Compartilhar