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1 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII FARMACOLOGIA DA DOR E INFLAMAÇÃO Inflamação: - O processo inflamatório pode ser desencadeado por agentes físicos, químicos, tecidos necróticos (danos teciduais com extravasamento do conteúdo citoplasmático), infecciosos, reações imunológicas - O processo inflamatório tem por objetivo limitar ou eliminar a disseminação do dano e reconstruir os tecidos afetados (cicatrização completa) - Na inflamação aguda ocorre aumento da permeabilidade vascular pelo aumento da vasodilatação → desencadeada por citocinas. Essa vasodilatação promove saída de líquidos e proteínas, rubor - A inflamação crônica está relacionada com uma resposta celular → Tratada com imunossupressor - A maioria dos sintomas da inflamação são desencadeados por respostas vasculares, principalmente na inflamação aguda. Por isso, anti-inflamatórios reduzem resposta vascular - Imunossupressor diminui resposta celular - pH sanguíneo: 7,35-7,45 - Na inflamação aguda ocorre acidificação do tecido → Fármacos ácidos são melhor absorvidos em ambientes ácidos - Na inflamação crônica o pH está mais próximo da normalidade dor leve e moderada é tratada com os fármacos anti-inflamatórios não esteroides denominados como AINEs (por exemplo, cefaleia, dismenorreia, dor articular e/ou muscular). Ex.: Ibuprofeno, nimesulida, Dipirona dor aguda intensa (devido a queimaduras, pós-operatórias, fraturas ósseas, câncer, artrite grave) é tratada com derivados da morfina, denominados opióides. dor neuropática crônica (por exemplo, devido a amputação de extremidades) que não responde aos opióides é tratada com fármacos antidepressivos tricíclicos. Ex.: amitriptilina, anticonvulsivantes também → Mediadores químicos da inflamação: - Aminas vasoativas - Eicosanóides - Neuropeptídeos 2 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Sistema de coagulação (fator de hageman) - Sistema complemento - Fator de Ativação plaquetária - Citocinas - Óxido Nítrico (NO) - Componentes lisossômicos dos leucócitos - Radicais livres derivados do oxigênio - Metaloproteinases: colagenase, estremolisinas a. CITOCINAS: - Mediadores proteicos ou polipeptídios sintetizados e liberados por células do sistema imunológico durante a inflamação. - Importantes para a coordenação geral da resposta inflamatória. - Mecanismos autócrinos ou parácrinos. - Receptores específicos de alta afinidade → atua sobre receptores ligados a quinases, regulando cascatas de fosforilação que afetam a expressão gênica, como, por exemplo, a via Jak/stat. b. QUIMIOCINAS: - Definidas como citocinas quimiotáxicas que controlam a migração de leucócitos. - Podem apresentam outras ações, como, desgranulação de mastócitos e angiogênese. - Atuam por receptores aclopados à proteína G. c. INTERFERONS: d. EICOSANOIDES: - Não são encontrados pré-formados nos tecidos, sendo produzidos de novo a partir de fosfolipídios. 3 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Controle de muitos processos fisiológicos, mas também são os mediadores e moduladores mais importantes da reação inflamatória. - Os principais são as prostaglandins, os tromboxanos e os leucotrienos, embora sejam também produzidos outros derivados do araquidonato, como, por exemplo, as lipoxinas O ácido araquidônico (AA) é o precursor eicosanoide mais abundante. Após a mobilização, o AA é oxigenado por quatro vias independentes: enzimaticamente, pelas vias da cicloxigenase (COX), da lipoxigenase e da epoxigenase P450; e não enzimaticamente, pela via dos isoeicosanoides. Entre os fatores que determinam o tipo de eicosanoide sintetizado estão (1) substrato das espécies de lipídeo, (2) tipo celular e (3) forma de estimulação da célula. Mecanismo de ação dos eicosanóides: - Os eicosanóides possuem receptores ligados às proteínas Gs e Gi que agem através da via da adenilato ciclase EX. Receptores EP2, EP4, IP, DP1 → ativam AMPc via Gs → ativam a adenililciclase via Gs. Isso provoca aumento na concentração intracelular de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), que, por sua vez, ativa proteínas-cinase específicas Receptores EP1, FP, TP → DAG e IP3 via Gq → tivam o metabolismo de fosfatidilinositol, levando à formação de trifosfato de inositol, com subsequente mobilização dos esoques de Ca2+ e aumento do Ca2+ intracelular livre O receptor DP2 não relacionado com outros receptores prostanoides, é membro da superfamília dos receptores fMLP. Esse receptor é acoplado por uma proteína G do tipo Gi, levando à inibição da síntese de AMPc e ao aumento do Ca2+ em diversos tipos celulares. Prostanoides: COX-1: Constitutiva Expressa na maioria dos tecidos 4 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Inclusive plaquetas - Produz prostanoides para as funções de “arrumar a casa”, por exemplo, a citoproteção do epitélio gástrico COX-2: Induzida por estímulo inflamatório - Alguma atividade constitutiva Prostaglandinas, tromboxano e prostaciclina, cujo conjunto recebe a denominação prostanoides, são produzidos a partir da PGH2 por meio da ação a jusante de isomerases e sintases. Essas enzimas terminais são expressas nas células de forma relativamente específica, de modo que cada célula produz um ou dois prostanoides dominantes. A PGH2 é metabolizada pelas sintases de prostaciclina, tromboxano e PGF (PGIS, TXAS e PGFS) a, respectivamente, PGI2, TXA2 e PGF2α. A prostaciclina PGI2 é sintetizada sobretudo pelo endotélio vascular e é um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária O tromboxano TXA2 atua na agregação plaquetária e vasoconstrição Tromboxano Síntese de tromboxanos: A PGH2 originará, também, tromboxano (TXA2) através da tromboxano sintetase que está presente nas plaquetas e pulmão. A TXB2 é um metabólito da TXA2 sem ação biológica. Funções do tromboxano: Tromboxano A2 (TXA2) – Produzido primariamente pelas plaquetas; – Mobiliza o cálcio intracelular; – Promove agregação plaquetária; – Vasoconstrição; – Contração do músculo liso Prostanoides e inflamação: - Resposta inflamatória sempre é acompanhada de liberação de prostanóide → predominante é a PGE2. - Nas áreas de inflamação aguda, a PGE2 e a PGI2 são produzidas pelos tecidos e vasos sangüíneos locais, enquanto os mastócitos liberam PGD2. 5 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Na presença de inflamação crônica, as células da série monócitos/macrófagos também liberam PGE2 e TXA2 - A PGE2, a PGI2 e a PGD2 são poderosos vasodilatadores e atuam de modo sinérgico com outros vasodilatadores inflamatórios, como a histamina e a bradicinina. - As prostaglandinas da série E também estão implicadas na produção de febre. - Desempenham um importante papel modulador anti-inflamatório sobre as células inflamatórias. Em Ginecologia/obstetricia: - Interromper a gravidez: gemeprosta ou misoprostol - Induzir o parto: dinoprostona ou misoprostol - Na hemorragia pós-parto: carboprosta Gastrointestinal: - Para prevenir úlceras Cardiovascular: - Manter a permeabilidade do duto arterioso até a correção cirúrgica do defeito em recém-nascidos: alprostadil (PGE1) - Inibir a agregação plaquetária (p. ex., durante hemodiálise): epoprostenol - Hipertensão pulmonar primária: epoprostenol Oftálmico: - Para glaucoma de ângulo aberto: Iatanoprosta Leucotrienos - Sintetizados a partir do ácido araquidônico em vias catalisadas pela lipoxigenase. - Enzimas são encontradas principalmente nos pulmões, nas plaquetas, nos mastocitos e nos leucócitos. - A principal enzima desse grupo é a 5- lipoxigenase. Os leucotrienos estão presente em leucócitos (neutrófilos, basófilos, eosinófilos e monócitos-macrófagos) e em outras células inflamatórias como mastócitos e células dendríticas. A estimulação dessas célulasaumenta o Ca2+ intracelular e libera araquidonato; a incorporação de oxigênio molecular pela 5-LOX, em associação com a proteína ativadora da 5-LOX (FLAP), produz 5(S)- HPETE, que é, então, convertido pela 5-LOX no leucotrieno epóxido instável A4 (LTA4). Este intermediário é convertido a di-hidroxi leucotrieno B4 (LTB4), por meio da ação da LTA4 hidrolase, ou é conjugado com glutationa para formar 6 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII leucotrieno C4 (LTC4) pela LTC4 sintase. A degradação em sequência na porção glutationa por peptidases produz LTD4 e LTE4 - LTC4 e LTD4 são broncoconstritores potentes identificados como os principais componentes da substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A), secretada na asma e na anafilaxia Lipoxinas: - Formadas pela ação conjunta das enzimas 5- e 12- ou 15- lipoxigenase durante a inflamação. - Elas atuam em leucócitos polimorfonucleares, opondo-se a ação de estímulos pró-inflamatórios, fazendo o que poderia ser denominado "sinais de parada" para a inflamação RESUMO DOS EICOSANOIDES: 7 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII ➢ Prostaglandinas (PG): • PGF2α → Broncoconstrição e contração uterina • PGD2 → Vasodilatação, inibe agregação plaquetária, relaxamento musculatura GI e uterina • PGE2 → Vasodilatação, citoproteção gástrica, mediador da febre, hiperalgesia, broncodilatação. • PGI2: vasodilatação inibição agregação plaquetária hiperalgesia ➢ Tromboxanos: - Produzidos pelas plaquetas - Atuam na formação do coágulo ➢ Leucotrienos: - Encontrados nos leucócitos - Induz contração da musculatura das vias aéreas - Está relacionado com ataques de asma e choque anafilático e. BRADICININA 8 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII Ações farmacológicas: - Vasodilatação; - Aumento da permeabilidade vascular; - Estimulação das terminações nervosas para a dor; - Estimulação do transporte epitelial de íons e secreção de líquidos nas vias aéreas e no trato gastrintestinal; - Contração do músculo liso intestinal e uterino. Existem dois subtipos principais de receptores de BK: B2, constitutivamente presente. B1, induzido na presença de inflamação Foram desenvolvidos antagonistas peptídicos e não peptídicos, e o mais bem conhecido é um análogo da bradicinina, o icatibanto para o tratamento de crises agudas em paciente com angioedema hereditária f. HISTAMINA -Primeiro mediador a ser caracterizado - Síntese: descarboxilação da Histidina -Armazenada em grânulos - mastócitos, basófilos e plaquetas - Liberada por degranulação – sob estímulo g. ÓXIDO NÍTRICO - Forma induzível da NO sintetase (iNOS) que está envolvida nas reações inflamatórias. O NO é uma molécula sinalizadora bastante reativa sintetizada por qualquer uma das três isoenzimas NO sintases → NOS neuronal (nNOS ou NOS-1), NOS macrofágica ou induzível (iNOS ou NOS-2) e NOS endotelial (eNOS ou NOS-3) - A iNOS também é encontrada no epitélio brônquico de indivíduos asmáticos, na mucosa do cólon de pacientes com colite ulcerativa e nos sinoviócitos na doença articular inflamatória. A iNOS não é regulada por cálcio, sendo constitutivamente ativa. Nos macrófagos e em diversos outros tipos celulares, mediadores de inflamação induzem a ativação transcricional do gene da iNOS, resultando em acúmulo de iNOS e aumento da síntese de NO - Possui ações principalmente pró-inflamatórias → O NO também estimula a síntese de prostaglandinas inflamatórias, ativando a isoenzima cicloxigenase 2 (COX-2). Por meio de seus efeitos sobre a COX-2, seu efeito vasodilatador direto 9 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII e outros mecanismos, o NO produzido durante a inflamação contribui para o eritema, para a permeabilidade vascular e para o edema subsequente associados à inflamação aguda. - O NO ou compostos dele derivados exercem ação citotóxica contra bactérias, fungos, vírus e parasitas metazoários; - Produzido em excesso, pode ser prejudicial para as células do hospedeiro → * Nos quadros inflamatórios agudos e crônicos, a produção prolongada ou excessiva de NO talvez agrave a lesão tecidual. - Algumas ações anti-inflamatórias → inibe a adesão dos neutrófilos e a agregação plaquetária (as células endoteliais e as plaquetas contêm eNOS, que atua por uma via NO-GMPc inibindo a ativação plaquetária. Portanto, nas doenças associadas à disfunção do endotélio, a redução associada na produção de NO leva a aumento da tendência de funcionamento anormal de plaquetas e de trombose.) FÁRMACOS ANÁLOGOS ÀS PROSTAGLANDINAS 1. Prostaglandina E1 (PGE1): • Alprostadil Usos: - Em bebês com defeitos cardíacos congênitos, é usado por injeção lenta em uma veia para abrir o canal arterial até que a cirurgia pode ser realizada → A PGE1 mantém a patência do dueto arterioso durante a gestação. O ducto se fecha logo após o parto para permitir a circulação normal do sangue entre os pulmões e o coração. A infusão do fármaco mantém o ducto aberto como ocorre naturalmente durante a gestação - Disfunção erétil (relaxamento da musculatura lisa). Mecanismo de ação: A administração local de alprostadil na uretra (supositório) ou no interior dos corpos cavernosos (injeção) pode provocar ereção útil para o intercurso. Esses efeitos são mediados pelo aumento do AMP e intracelular levando à ativação da proteína-quinase e ao relaxamento da musculatura lisa. O sangue é aprisionado pelo relaxamento dos músculos lisos trabeculares e por dilatação das artérias cavernosas - Efeitos colaterais: · Bebês: diminuição da respiração (apneia), febre, diminuição da pressão arterial, convulsões · Disfunção erétil: dor no pênis, sangramento no local da injeção, priapismo e ereção prolongada além de hipotensão sintomática, tontura e síncope • Misoprostol - Indução do parto → aumenta as contrações uterinas interagindo com receptores de PGs no útero - Prevenção e tratamento da hemorragia pós-parto. - Tratamento de ulcerações gástricas ou duodenais → diminui a incidência de úlceras gástricas e duodenais causadas por AINEs. Acredita-se que o fármaco estimula a secreção de muco e de bicarbonato, além de aumentar o fluxo sanguíneo da mucosa - Tratamento de disfunção eretora (vasodilatador). 10 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Dilatação cervical - Efeitos colaterais: dor abdominal, diarreias, náusea, flatulência, cefaleia, dispepsia, vómitos, e prisão de ventre e febre. Pode induzir aborto, além de complicações maternas ou fetais, como morte, infecção, lesão uterina e bradicardia feta quando usado para indução do parto. - Devido aos seus muito efeitos colaterais, o misoprostol não é amplamente utilizado 2. prostaglandinas E2 (PGE2) • Dinoprostona - Estimula a contração do miométrio do útero grávido, amadurece o colo do útero (afeta diretamente a colagenase do colo uterino, produzindo seu amolecimento) → tópica vaginal (administrada por via vaginal com objetivo oxitócico) - Usada para a indução do trabalho de parto - Efeitos colaterais: Diarreia, vômitos, diminuição da pressão sanguínea e aumento da temperatura corporal. 3. Prostaglandina F2α (PGF2α) • Latanoprosta, Bimatoprosta e Travaprosta Usos: - Biotransformadas em prostaglandinas, incluindo a PGE2, com grande potencial para ativar o sistema adenilato ciclase, remodelando a matriz extracelular do músculo ciliar da íris. - Latanoprosta: indicado para tratamento de glaucoma e pressão intraocular elevada - Travoprosta: pró -fármaco que é biotransformado no ácido ativo livre. São usados como soluções oftálmicas uma vez ao dia e são tão eficazes como o timo/oi ou melhores na redução da pressão intraocular - Bimatoprosta: mimetiza as prostamidas endógenas (prostaglandinetanolamidas) resultando na mesma redução da pressão intraocular eficaz. Assim, o bimatoprostaaumenta a proeminência, o comprimento e a pigmentação dos cílios e, também, está aprovado para o tratamento da hipotricose dos cílios - Mecanismo de ação: Fixando-se aos receptores FP das PGs, latanoprosta e travoprosta aumentam o efluxo uveoescleral diminuindo a pressão intraocular. O efeito do bimatoprosta parece similar. - Efeitos adversos: hiperemia conjuntival decorrente da liberação de óxido nitroso endotelia, visão turva, alteração da coloração da íris, aumento do número e pigmentação dos cílios, irritação ocular e sensação de corpo estranho. AGONISTA PARCIAL DO RECEPTOR DA PROGESTERONA (antiprogestogênio) • Mifepristona (RU-486) - Um esteroide sintético antagonista de progesterona com atividade agonista parcial. (Nota: a mefipristona também tem potente atividade antiglicocorticoide.) A administração desse fármaco para mulheres no início da gestação geralmente resulta em aborto do feto devido à interferência na progesterona necessária para manter a gestação. A mifepristona em geral é combinada com misoprostol, um análogo de prostaglandina (administrado por via oral ou intravaginal), para induzir contrações uterinas. Esta associação aumenta as chances de interromper a gestação. - Combinação com o misoprostol para provocar um aborto durante a gravidez. Esta combinação é mais de 95% efetiva durante os primeiros 49 dias de gravidez. Também é eficaz no segundo trimestre da gravidez. - Efeitos adversos: dor abdominal, cansaço e sangramento vaginal, infecção bacteriana e malformação fetal, além de hemorragias e retenção tecidual. ANTI-INFLAMATÓRIOS Os anti-inflamatórios são classificados em: 11 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII • Anti-inflamatórios não-esteroides (AINES) • Anti-inflamatório esteroidais. → AINES - Inibidores da ciclo-coxigenase - Ainda que haja diferenças entre AINEs individuais, sua ação farmacológica primária está relacionada com sua habilidade compartilhada de inibir a enzima COX de ácidos graxos, inibindo desse modo a produção de prostaglandinas e tromboxanos - A COX-1 é uma enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos, inclusive nas plaquetas do sangue. Ela desempenha funções de “manutenção” no organismo, estando envolvida em especial na homeostase dos tecidos, e é responsável, por exemplo, pela produção de prostaglandinas com funções em citoproteção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação do fluxo sanguíneo renal e no início do parto. - A COX-2 é induzida principalmente nas células inflamatórias quando ativadas, por exemplo, pelas citocinas inflamatórias – interleucina (IL)-1 e fator de necrose tumoral (TNF)-α. Deste modo, a isoforma COX-2 é a principal responsável pela produção dos mediadores prostanoides da inflamação. Contudo, existem algumas exceções significativas. A COX-2 é expressa constitutivamente no rim, gerando prostaciclina, que tem um papel na homeostase renal e no sistema nervoso central (SNC), onde a sua função não está clara. - Acredita-se que a ação anti-inflamatória (e provavelmente a maioria das ações analgésicas e antipiréticas) dos AINEs esteja relacionada à inibição de COX-2, enquanto seus efeitos indesejáveis – particularmente os que afetam o trato gastrointestinal – resultem sobretudo de sua inibição de COX-1 Mecanismo de ação: - A atividade anti-inflamatória dos AINEs é mediada principalmente pela inibição da biossíntese de prostaglandinas - Maioria dos AINEs são inibidores competitivos reversíveis rápidos de COX1 - Inibem COX-1 rapidamente (inibição de COX-2 é mais demorada e geralmente irreversível) - Fármacos com grupos laterais grandes são específicos para a COX-2, devido ao seu bolso lateral - Aspirina é capaz de acetilar a serina 530 e inativar a COX irreversivelmente → O ácido acetilsalicílico acetila e bloqueia irreversivelmente a COX das plaquetas, ao passo que os AINEs não seletivos da COX são inibidores reversíveis. - Aspirina também inibe o fator de transcrição NFκB, que tem papel-chave na transcrição dos genes de mediadores inflamatórios. 12 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Vários AINEs apresentam possíveis mecanismos adicionais de ação, incluindo a inibição da quimiotaxia, a infrarregulação da produção de interleucina-1 (IL-1), a produção diminuída de radicais livres e superóxido e a interferência nos eventos intracelulares mediados pelo cálcio. - Os AINEs diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos à bradicinina e à histamina, afetam a produção de linfocinas pelos linfócitos T e revertem a vasodilatação da inflamação. - Todos os AINEs mais recentes são, em graus variáveis, analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos, e todos (à exceção dos agentes seletivos da COX-2 e dos salicilatos não acetilados) inibem a agregação plaquetária. · Efeitos terapêuticos: Efeitos Anti-inflamatórios: - Vasodilatação: por redução da síntese de prostaglandinas vasodilatadoras - Edema: por ação indireta, uma vez que a vasodilatação facilita e potencializa a ação de mediadores como histamina, que aumentam a permeabilidade das vênulas - Possuem pouco efeito na doença crônica de base - Não atuam em outros aspectos da inflamação como a liberação de citocinas/quimiocinas, migração de leucócitos, liberação de enzimas lisossômicas e produção de radicais tóxicos de oxigênio, todos contribuindo para o dano tecidual de condições inflamatórias crônicas como artrite reumatoide, vasculite e nefrite. Efeitos Antipirético: - Temperatura é regulada por um centro no hipotálamo. A febre ocorre quando há um desequilíbrio deste “termostato” hipotalâmico que aumenta a temperatura corporal. - AINEs “reajustam” o termostato 13 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Não afeta a temperatura normal - Inibe a síntese de PGE2 no hipotálamo → Inibição do efeito da IL-1 no hipotálamo (esta citocina estimula a geração de prostaglandinas do tipo E que elevam o ponto de ajuste da temperatura. A COX-2 pode ter participação no processo, porque a IL-1 induz esta enzima no endotélio vascular no hipotálamo) Efeitos Analgésico: - Eficaz contra dor leve a moderada originadas de inflamação ou lesão tecidual - Efeitos: - Reduzem a produção de prostaglandinas que sensibilizam nociceptores para mediadores da inflamação (ex.: bradicinina) - Eficaz na artrite, bursite, dores musculares, odontalgias, dismenorreias, dor do parto e metástase óssea → afecções associadas ao aumento da síntese local de prostaglandinas como resultado de indução da COX-2 - Alivia cefaleia (provavelmente devido a redução do efeito vasodilatador das prostaglandinas na vasculatura cerebral * As lesões inflamatórias periféricas aumentam a expressão da COX-2 e a liberação de prostaglandinas na medula, facilitando a transmissão das fibras de dor aferentes para os interneurônios no corno posterior, assim, os AINES ainda possuem um efeito analgésico na medula espinhal · Efeitos adversos: Como as prostaglandinas estão envolvidas na citoproteção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação vascular renal e indução de trabalho de parto, todos os AINEs compartilham um perfil semelhante de efeitos colaterais indesejados nesses processos, dependentes de seus mecanismos de ação. Distúrbios Gastrintestinais: - São principalmente devido a inibição e COX-1 gástrica, que sintetiza as prostaglandinas que normalmente inibem a secreção de ácido e protegem a mucosa - Podem surgir desconforto gástrico (dispepsia), diarreia, constipação, náuseas, vômitos, ulcerações gástricas e hemorragia em 34- 46% dos pacientes - A administração de alguns análogos de prostaglandinas (como misoprostol) pode diminuir a agressão gástrica → podem ser coprescritos ou combinados 14 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII Reações Cutâneas: - Comuns, especialmente com o ácido mefenâmico e sulindaco - Os efeitos vãodesde reações eritematosas leves, urticária e fotossensibilidade até doenças mais graves e potencialmente fatais, incluindo a síndrome de Stevens-Johnson (um rash bolhoso que se estende para o intestino), e a necrólise epidérmica tóxica Efeitos Adversos Renais: - Pode causar insuficiência renal em pacientes susceptíveis (reversível por suspensão da terapia) - Ocorre por inibição da biossíntese de prostanoides (PGE2, PGI2 - prostaciclina) envolvidas na manutenção do fluxo renal (vasodilatação compensatória mediada por PGE2 que ocorre em resposta a norepinefrina ou angiotensina II - O risco é maior em recém-nascidos e idosos, assim como em pacientes com doenças cardíacas, hepáticas ou renais ou com redução do volume de sangue circulante - O uso crônico de AINES pode causar nefropatia analgésica (nefrite crônica e necrose papilar renal) → prncipalmnete por fenacetina Reações Adversas Cardiovasculares: - Podem ocorrer com muitos AINEs e coxibes - Contrapõem-se aos efeitos de alguns fármacos anti-hipertensivos, elevando, portanto, a pressão arterial em pacientes que não estão sob medicação anti-hipertensiva e levando a eventos cardiovasculares adversos, como AVC e infarto do miocárdio - Relacionado com a inibição da COX-2 na mácula densa, uma vez que as prostaglandinas são importantes no controle da função renal, incluindo a regulação através das células dessa região no controle da liberação da renina e, consequentemente, da pressão sanguínea - Com a exceção da aspirina de baixa dose, os efeitos cardiovasculares adversos são comuns a todos os AINEs, especialmente no seguimento de uso prolongado (mesesanos), ou em pacientes com risco cardiovascular preexistente. Outros Efeitos Adversos: - Asma sensível à aspirina - Efeitos no SNC - Distúrbios da medula óssea e alterações hepáticas (mais prováveis se já houver comprometimento renal) - Anemia por deficiência de ferro - Todos os AINEs (exceto os inibidores da COX-2) impedem a agregação plaquetária, podendo, portanto, prolongar o sangramento 15 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII 1. Salicilatos • SALICILATO DE METILA (Calminex H) – uso externo • SALICILATO DE SÓDIO -uso oral (em desuso) • ASPIRINA (AAS) (Bufferin) (AspirinaPrevent) ➢ ASPIRINA - Um dos primeiros fármacos a ser sintetizado - Principal uso clínico é como fármaco cardiovascular por inibir irreversivelmente a COX-1 plaquetária e reduzir sua agregação - Inativa irreversivelmente a COX1 e a COX2 - O efeito antiplaquetário da aspirina é mais duradouro pois ela acetila de forma irreversível as enzimas COX. Como as plaquetas não tem núcleo, novas proteínas não são sintetizadas, e as COX permanecem inativadas pelo seu tempo de vida (cerca de 10 dias) - A aspirina é hidrolisada no plasma e tecidos, em particular no fígado, produzindo salicilato. Este composto tem ações anti-inflamatórias próprias (na verdade, foi o anti-inflamatório original do qual a aspirina foi derivada); o mecanismo não está elucidado de forma clara, porém pode depender da inibição do sistema NFκB e, apenas secundariamente, da inibição da COX. - Contra-indicação: suspeita da doença Dengue, hemofílicos ou que usam heparina ou anticoagulantes orais e em alguns casos de idiossincrasia com a aspirina como a crise asmática. É contraindicada por causa de sua deficiência congênita de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) → causar anemia hemolítica. Efeitos Adversos: - Compartilha muitos efeitos gerais dos AINEs - Sangramento gástrico (geralmente discreto e assintomático) - Salicilismo: ocorre por superdosagem crônica (vertigem, tinido, diminuição da audição, hipertemia e depressão respiratória) - Quando AAS e outros salicilatos são administrados durante infecções virais aumentam a incidência da Síndrome de Reye (consiste em hepatite fulminante associada a edema cerebral que pode levar ao óbito). Observada principalmente em crianças - Intoxicação aguda causa distúrbio do equilíbrio ácido-base → acidose - Hipersensibilidade → ocorrer em 20 a 25% dos pacientes de meia idade com asma, urticária crônica ou pólipos nasais. - O AAS deve ser evitado durante a gestação e amamentação. “CARDIOASPIRINA”: - Inibe preferencialmente a COX plaquetária (TXA2) e não a COX endotelial (PGI2) → Efeito antitrombótico. - AAS em baixas doses (100-325mg) → profilaxia de doença tromboembólica Interações Medicamentosas: - Potencializar o efeito de anticoagulantes orais (Se administrada concomitantemente com varfarina, a aspirina pode causar um aumento potencialmente perigoso do risco de hemorragia devido ao deslocamento da varfarina das proteínas plasmáticas, aumentando a sua concentração efetiva) 16 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Interfere com alguns agentes hipertensivos e Fármacos uricosúricos (probenecida e sulfimpirazona) → reduzem a eliminação de urato (não se deve utilizar na gota) - O uso simultâneo de cetorolaco e AAS é contraindicado, pois aumenta o risco de sangramento GI e a inibição da aglutinação das plaquetas. 2. Derivados da pirazolona • Fenilbutazona (Butazolidina®) • Oxifembutazona (Tandrex - A®) • Dipirona ou METAMIZOL (Anador) (Baralgin) (Novalgina ®) ➢ FENILBUTAZONA E OXIFEMBUTAZONA - Efeito anti-inflamatório potente - Pequeno efeito antipirético e analgésico - Uso prolongado fica limitado por sua toxicidade → agranulocitose ➢ DIPIRONA - O mecanismo de ação consiste na inibição COX 1 e COX 2. - Analgésico e antipirético. Não é considerado anti-inflamatório pois é inativada no tecido inflamado devido ao peróxido - Proibido em países como EUA e Reino Unido → efeito depressor da medula óssea, o que poderia levar a uma anemia aplástica e, principalmente, agranulocitose Efeitos Colaterais: - Hipersensibilidade - Choque - Agranulocitose - Leucopenia Efeitos adversos: - Provocam retenção de sódio, cloro e água ao nível renal. - Mais frequentes são: náuseas, vômitos, erupções cutâneas e desconforto epigástrico. - Pode também ocorrer diarréia, insônia, vertigem, visão turva, euforia ou nervosismo, e, hematúria. - Reduz a captação de iodo pela .podendo levar ao hipotireoidismo. - Os efeitos mais graves são a agranulocitose e a anemia aplástica Superdose - Sintomas: náuseas, vômito, dor abdominal, deficiência da função renal/insuficiência renal aguda e, mais raramente, sintomas do sistema nervoso central (vertigem, sonolência, coma, convulsões) e queda da pressão sanguínea, bem como arritmias cardíacas (taquicardia). - Após a administração de doses muito elevadas, a excreção de um metabólito inofensivo (ácido rubazônico) pode provocar coloração avermelhada na urina 1. Derivados do para-aminofenol 17 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII ➢ PARACETAMOL - Ao lado de sua excelente atividade analgésica e antipirética, que pode ser atribuída à inibição da síntese de prostaglandinas no SNC, tem atividade inflamatória muito discreta e não compartilha os efeitos gástricos ou plaquetários adversos dos outros AINEs. Por esta razão, o paracetamol às vezes não é classificado como AINE. Farmacocinética: - É administrado por via oral e metabolizada no fígado - Concentrações plasmáticas máximas são atingidas em 30-60 minutos - Meia-vida de 2-4 horas - É inativado pelo fígado - O paracetamol e seus metabólitos são excretados na urina Efeitos Adversos: - Efeitos colaterais incomuns em doses terapêuticas - Ingestão regular de grandes doses por um longo período possa causar lesão renal. - Doses tóxicas causam hepatotoxicidade potencialmente fatal (isto ocorre quando as reações normais de conjugação ficam saturadas e o fármaco é metabolizado por oxidases de função mista) → Doses Tóxicas – Acima de 10g: Hepatotoxicidade Grave - Os sintomas iniciais de intoxicação aguda pelo paracetamolsão náuseas e vômitos, sendo a hepatotoxicidade uma manifestação tardia que ocorre 24-48 horas mais tarde.a - O metabólito resultante é N-acetil-p-benzoquinona, inativado por conjugação com glutationa. É contraindicado na deficiência congênita de glutationa sintetase de glóbulos vermelhos. Caso sejam administrados precocemente, agentes que aumentam a glutationa (acetilcisteína intravenosa ou metionina oral) podem impedir a lesão hepática 4. Derivados do ácido fenilacético - INDOMETACINA (Indocid) - ACECLOFENACO (Proflam) - SULINDACO (Clinoril) - DICLOFENACO (Voltaren)(Cataflam) ➢ INDOMETACINA (Indocid) - Potente anti-inflamatório e pouco antipirético. Inibe de forma não seletiva, mas potente, a COX - Também pode inibir as fosfolipases A e C, reduzir a migração dos neutrófilos e diminuir a proliferação das células T e B - Diminui a vasodilatação responsável pelo edema, vermelhidão e dor - A indometacina é mais potente que o AAS com potencial anti-inflamatório e também tem ação na imunidade inata. 18 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Em neonatos prematuros a indometacina tem sido utilizada para acelerar o fechamento do ducto arterioso. Efeitos adversos: - Náuseas, vômitos, anorexia, diarréia e dor abdominal, podendo levar a ulceração do trato gastrintestinal (TGI), inclusive perfuração e hemorragia, cefaléia frontal, tontura, vertigem e confusão mental. - Embora raramente, pode também ocorrer pancreatite aguda, hepatite, icterícia, neutropenia, elevação de AST e ALT (enzimas hepáticas), trombocitopenia, e, anemia aplásica. Interações medicamentosas: • Pode reduzir o efeito anti-hipertensivo dos IECA, da prazosina, da hidralazina, do propranolol, da furosemida e da hidroclorotiaziada. • O uso de penicilinas (em geral) pode aumentar a toxicidade da indometacina ➢ DICLOFENACO - Equipotente para COX-1 e COX-2 - Farmacocinética, Efeito terapêutico e Efeitos colaterais, semelhantes à AAS. - Alguns estudos indicam que o diclofenaco potássico tem ação mais rápida, e, que o diclofenaco sódico tem ação mais duradoura. - Por via oral, tem melhor absorção na presença de alimentos. Efeitos adversos: - Apresenta efeitos gastrintestinais semelhantes aos demais AINEs, e, pode provocar aumento dos níveis de enzimas hepáticas. Síndrome de Nicolau. - Aumento dos níveis de enzimas hepáticas Interações medicamentosas: - Aumenta o efeito dos anticoagulantes orais, e, da heparina, e, aumenta a toxicidade da digoxina, do lítio, e, dos diuréticos poupadores de potássio. - Diminui o efeito terapêutico de outros diuréticos. - Pode aumentar ou diminuir os efeitos de hipoglicemiantes orais 5. Derivados do ácido propiônico - NAPROXENO (Naprosyn)(Flanax) - IBUPROFENO (Artril)(Artrinid)(Dalsy) - CETOPROFENO (Profenid) - FLURBIPROFENO (Ocufen) (Targus) - INDOPROFENO (Flosin) - FLURBIPROFENO (Ocupen) (Targus) - FENOPROFENO (Algipron) (Trandor) - LOXOPROFENO (Loxonin) PRANOPROFENO (Difen) Todos esses fármacos possuem atividade anti-inflamatória, analgésica e antipirética; além disso, eles podem alterar a função das plaquetas e prolongar o tempo de sangramento. 19 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII Esses fármacos são inibidores reversíveis da ciclo-oxigenase e, assim, como o AAS, inibem a síntese de prostaglandinas, mas não a de leucotrienos. Todos esses fármacos são bem absorvidos quando administrados por via oral, ligando-se quase que totalmente à albumina plasmática Os efeitos adversos mais comuns são GI, variando desde dispepsia até sangramento. Também foram registrados efeitos adversos envolvendo o SNC, como cefaleia, zumbidos e tontura • Menor Efeito colateral que AAS e Diclofenaco → TGI • Não alteram os efeitos dos hipoglicemiantes orais • Podem reduzir o efeito anti-hipertensivo de diuréticos tiazídicos, de alça, de agentes beta-bloqueadores, e, de inibidores de EC Uso terapêutico: - A.R. - Osteoartrite - Tendinite aguda - Dismenorréia ➢ Naproxeno - Inibidor forte da COX-1 e inibe em 71% a COX-2 - Se tomado com alimentos tem sua absorção retardada - Antiácidos como hidróxido de magnésio e hidróxido de alumínio e carbonato de cálcio podem diminuir a absorção de cálcio. - Mais potente que o AAS - Bom para enxaqueca ➢ Ibuprofeno - Inibição da COX-2 menor do que 90% - Pode mascarar efeitos da inflamação - Anti-inflamatório de escolha para crianças e durante a gestação e amamentação - Efeito colateral: borramento visual - O ibuprofeno por via oral e IV é efetivo no fechamento do canal arterial em prematuros, com grande parte da mesma eficácia e segurança da indometacina - Está relativamente contraindicado para indivíduos com pólipos nasais, angioedema e reatividade broncospástica ao ácido acetilsalicílico - O tratamento com ibuprofeno em pacientes com risco cardiovascular aumentado pode limitar os efeitos cardioprotetores do ácido acetilsalicílico. Além disso, o uso concomitante de ibuprofeno e ácido salicílico pode diminuir o efeito anti-inflamatório total ➢ Cetoprofeno - Maior seletividade para COX-2 - Inibe tanto a COX (de modo não seletivo) como a lipoxigenase. 20 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Interações: A administração concomitante de probenecida eleva os níveis de cetoprofeno e prolonga sua meia-vida plasmática - Paciente com comprometimento renal pode eliminar menos o cetoprofeno e gerar efeitos colaterais, como aumento da pressão arterial. Efeito mais exacerbado, pois todo AINE pode causar .Derivados do ácido enólico ou oxicans • PIROXICAM (Feldene)(Inflamene) • TENOXICAM (Tilatil)(Tenotec)(Tenoxen) • MELOXICAM (Inicox) (Meloxil) (Movatec) (Leutrol) • BETA-CICLODEXTRINA-PIROXICAM (Brexin) (Flogene)(Cicladol) • Piroxicam e Tenoxicam são inibidores não seletivos COX 1 e 2 e o Meloxicam é mais seletivo da COX 2 • apenas de 20% dos pacientes apresenta efeitos adversos, entretanto, aumenta o tempo de coagulação e pode interferir na eliminação renal de lítio. • O piroxican demora de 7 a 10 dias para fazer efeito, por isso não tem ação analgésica aguda para dor imediata • O piroxicam tem a meia-vida de 50 horas, o tenoxicam de 70 horas, e, o meloxicam de 20 horas. • O piroxicam é um inibidor não seletivo da COX que, em altas concentrações, também inibe a migração dos leucócitos polimorfonucleares, diminui a produção de radicais de oxigênio e inibe a função dos linfócitos • O piroxicam e o tenoxicam podem levar as interações medicamentosas semelhantes às que ocorrem com o diclofenaco, mas, o meloxicam não interage com a maioria dos medicamentos que interagem com o diclofenaco, como a digoxina, furosemida e outros. • O meloxicam está associado a menos sintomas gastrintestinais clínicos e complicações do que o piroxicam, o diclofenaco e o naproxeno 6. Derivados da sulfonamida ➢ NIMESULIDA - SCAFLAM® - Desenvolvida em 1980 - Muito usada no Brasil - Afinidade para a COX-2 é 5 a 16 vezes COX-1 - Possível estabilização de basófilos e mastócitos - Possível inibição de PDE-IV (antioxidante) - Inibição de elastase e colagenases Efeitos adversos: Risco de hepatotoxicidade (mecanismo incerto), pode causar leucopenia e diminuição das citocinas - Evitar uso de álcool e hepatotóxicos - Nimesulida é hepatotóxica → crianças não podem suar Anti-inflamatórios em crianças; ibuprofeno Dor e febre em crianças: dipirona ou paracetamol - Retirado do mercado na Finlândia (2002) e espanha 21 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII Em 2004- EMA → os benefícios do medicamento à saúde superam seus riscos. - Restringir-se ao tratamento de dores agudas e cólicas menstruais intensas (dismenorreia primária) e não o recomenda para casos de osteoartrite. - Contraindica o uso para crianças menores de 12 anos, pacientes comdisfunções hepáticas e/ou doenças crônicas. Seu uso também não deve ser prolongado, nunca ultrapassando 15 dias. - No Brasil, Anvisa autoriza a venda da nimesulida, porém alerta que o medicamento é contraindicado para uso em pacientes que tenham histórico de reações hepáticas ao produto ou em pacientes com insuficiência renal e/ou hepática, além de não o indicar a menores de 12 anos 7. Derivados do ácido fenilantranílico ➢ ÁCIDO MEFENÂMICO (Ponstan) • O principal uso tem sido na dismenorréia devido a ação antagonista nos receptores da PGE2 e PGF2alfa. • A limitação tem sido a diarréia e inflamações intestinais, e, tem sido relatados casos de anemia hemolítica. Muito utilizado para cólicas, pois diminui ação de PGF2alfa que promove contrações uterinas 8. Inibidores seletivos da enzima COX-2 CELECOXIB (Celebra) ETORICOXIB (Arcoxia) PARECOXIB (Bextra) - Não causam os efeitos colaterais causados pela inibição da COX-1, como efeito no TGI - Ao inibir a COX-2 estimula-se indiretamente a agregação plaquetária e vasoconstrição COXIBES: -Devem ser utilizados em pacientes em que o tratamento com AINEs convencionais traria uma probabilidade alta de efeitos adversos gastrintestinais. No entanto, os distúrbios gastrointestinais podem ainda ocorrer com coxibes, talvez porque a COX-2 esteja implicada na cura de úlceras preexistentes, de modo que a sua inibição pode retardar a recuperação de lesões mais antigas. - São prescritos após uma avaliação do risco cardiovascular - Dados clínicos que são mais propensos a causar eventos trombóticos arteriais ➢ CELECOXIBE E ETORICOXIBE - Utilizados para alívio sintomático da osteoartrite e artrite reumatoide - Bem absorvidos com concentrações plasmáticas máximas atingidas em 1-3 horas. - Efeitos adversos incluem cefaleia, tonturas rashes cutâneos e edema periférico causado por retenção hídrica - Devido a potencial participação da COX-2 no fechamento de úlceras, pacientes com doença preexistente devem evitar esse fármaco. Usar os medicamentos COX-2 seletivos quando o paciente já tem lesão gástrica, não é interessante inibir COX-1 pois ela é responsável pela produção de muco gástrico - Celecoxibe → derivado de sulfa (sulfonamidas) ➢ PARECOXIBE - É um pró fármaco utilizado no tratamento de dor pós-operatória 22 Farmacologia da dor e inflamação – Taynara Pereira MEDXII - Empregado por via parenteral, intravenosa ou intramuscular e é rapidamente quase todo convertido (mais de 95%) em valdecoxibe ativo por hidrólise enzimática no fígado - Picos máximos no plasma são atingidos após 30-60 minutos - Ligação às proteínas plasmáticas é alta - Reações cutâneas têm sido relatadas, algumas das quais graves, com o valdecoxibe, e os pacientes devem ser monitorados com cuidado. O fármaco também deve ser usado com cautela em pacientes com comprometimento da função renal, tendo sido relatada insuficiência renal ligada a este fármaco. Também pode ocorrer anemia pós- operatória.
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