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SISTEMAS EMBARCADOS – APLICAÇÕES O mercado de sistemas embarcados é imenso, estimando-se em dezenas de bilhões de dólares em 2020. Como já falamos, a eletrônica embarcada está presente em quase tudo atualmente, participando da implementação de inúmeros sistemas embarcados. Vamos nos concentra em uma categoria de aplicações para que você possa entender melhor esses sistemas: os veículos. Quando falamos em veículos, podemos considerar tanto os terrestres, como os aéreos espaciais e aquáticos. Os aviões comerciais modernos utilizam a tecnologia de “fly-by-wire” (sistema de controle por cabos elétricos). As máquinas agrícolas modernas viabilizaram a agricultura de precisão, e podem até mesmo se movimentar de forma autônoma, e podemos encontrar tratores e implementos agrícolas intercambiáveis graças à eletrônica embarcada (“plug and play”). Tomemos como exemplo o veículo de passeio moderno. Ele pode ter, sem exagero, algumas dezenas de processadores. O computador de bordo está presente em qualquer veículo, do popular ao de luxo, além de outros sistemas, como freios ABS, airbags, controladores da tração, ar condicionado, terminal de controle e entretenimento. Até mesmo mais de uma rede veicular, similares às dos computadores estão disponíveis internamente, originando termos como Computação Automotiva. Mais de 30% do custo de um veículo é devido à sua eletrônica embarcada. Nos novos modelos os sistemas eletrônicos correspondem a 90% das inovações. Como você pode constatar, trata-se de um mercado importante e em crescimento. As figuras a seguir ilustram alguns veículos e seu sistemas. TEXTO-BASE Aprofundando os conceitos de sistemas embarcados (parte 2) | Carlos Eduardo Cugnasca Figura 6. Veículos e seus sistemas Cabe nesse momento avaliar como tanta eletrônica e dispositivos são incorporados em um veículo. Você deve considerar que existem sérias limitações de espaço e dificuldades para dar manutenção em um veículo. Além disso, como passar tantos fios e (protegê-los) para interligar tantos dispositivos? É nesse momento que podemos avaliar o gráfico a seguir. Figura 7. Quantidade de fusíveis e comprimento total do chicote. Autor: Alexandre de A. Guimarães. Você pode constatar que a partir dos anos de 1980 o número de dispositivos passou a aumentar a uma taxa elevada, tanto pelos novos fusíveis requeridos como pelo comprimento dos chicotes de fios. Isso originou uma revolução na eletrônica embarcada, que passou a ser concebida de outra forma. Tantos fios tornavam os custos cada vez mais altos, sem falar nas questões de confiabilidade e dificuldades na manutenção. Mas como diminuir a quantidades de fios, se eles eram indispensáveis na interligação dos dispositivos? Vamos entender como era a forma tradicional de construir os sistemas embarcados em veículos na figura a seguir. Nela podem-se identificar diversas ECUs (sigla do inglês que significa unidade eletrônica de controle), que recebem informações de sensores (as entradas) e comandam atuadores (as saídas). Além disso, as ECUs precisam trocar informações. A ECU é um módulo principal, pois a ele se conectam todas as demais ECUs. Trata-se claramente de uma arquitetura centralizada, e para implementá-la muitos fios são requeridos. A figura a seguir representa um exemplo de arquitetura centralizada. Figura 8. Forma tradicional de construir os sistemas embarcados em veículos. Autor: Alexandre de A. Guimarães. Qual seria uma alternativa? Surgem os chamados veículos inteligentes: Esses veículos exigiram uma nova arquitetura para integrar todos os dispositivos desejados. Apenas para você entender melhor a complexidade das interligações presentes em um veículo, veja a figura a seguir, na qual na vertical temos as informações e na horizontal, as funções. Cabe destacar a grande quantidade de sensores e atuadores que um veículo possui. Evolução da eletrônica embarcada => computador de bordo• Objetivo: maior segurança, melhor dirigibilidade, maior conforto, maior economia, melhor desempenho, diagnóstico mais fácil, atendimento à legislação (controle de emissão) • Usam sensores, atuadores (controles inteligentes) e redes:• Ex.: carro multicombustível, regulagem automática, diagnóstico, acionamento elétrico de vidros, portas, espelhos, ajuste de acentos, trava de portas, ... • Dispositivos adicionais são requeridos: motores, solenóides, sensores, chaves• Figura 9. Complexidade das interligações presentes em um veículo: informações X funções. Autor: Alexandre de A. Guimarães. Uma mesma informação, como o sinal de porta aberta, deve ser utilizada por três módulos. Se cada um fosse implementado de forma independente, três cabos de fios seriam necessários nesse caso. A solução foi a adoção de uma arquitetura distribuída e a interligação dos dispositivos em redes. Figura 10. Interligação dos dispositivos em redes. Autor: Alexandre de A. Guimarães. INSTRUMENTAÇÃO INTELIGENTE Assim, aproveitando-se o potencial e o baixo custo dos microcontroladores, os dispositivos passam a ter uma pequena capacidade de processamento e interligação em um tipo especial de rede, de modo que o processamento passa a ser distribuído. Os sensores e atuadores recebem processadores e processamento local, e a interligação passa a ser simplificada: todos os módulos são ligados em rede, com a vantagem de minimizar a utilização de fios. Surge a instrumentação inteligente. As redes utilizadas para essa finalidade são chamadas de redes de controle. O instrumento de medida é utilizado há muito tempo. Na sua forma básica, ele apresenta uma dada grandeza para que o usuário a interprete. Na maioria das vezes, as grandezas são transformadas em sinais elétricos que variam continuamente no tempo, na mesma proporção da variação da grandeza (sinais analógicos). Esses sinais podem ser alterados por ruídos elétricos, sendo de mais difícil manipulação. Com a redução do custo da eletrônica, em particular, dos microprocessadores, os instrumentos receberam capacidade de processamento e comunicação, possibilitando, basicamente: Instrumentos com essa característica passaram a ser chamados de instrumentos inteligentes. A comunicação permite também o recebimento de mensagens, por exemplo, para que ele se identifique, modifique a sua calibração, ou realize o seu autodiagnóstico de funcionamento (autoteste). Alguns problemas foram resolvidos, mas surgiu outro: a padronização da comunicação entre o instrumento inteligente e outros módulos. Surgem as redes de controle. Não podemos esquecer dos dispositivos de atuação, que podem ser construídos de forma similar as de medição. A figura a seguir apresenta uma representação de um veículo e as suas diversas redes. Figura 11. Representação de um veículo e as suas diversas redes. Autor: Alexandre de A. Guimarães. efetuar a medição, convertendo o sinal analógico para a forma digital (mais fácil de ser manipulado), compensar os efeitos de erros e não-linearidades, modificando a medição, e • transmitir digitalmente a medição para outros módulos que necessitem dessa informação.•