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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Ana Rita Teixeira Fernandes As práticas corporais e sua influência para o desenvolvimento de uma criança com Transtorno do Espectro Autista Natal-RN 2016 2 Ana Rita Teixeira Fernandes As práticas corporais e sua influência para o desenvolvimento de uma criança com Transtorno do Espectro Autista Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação Física, Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte como requisito parcial para obtenção do titulo de licenciada em Educação Física. Orientadora: Prof. Dra. Maria Aparecida Dias Natal-RN 2016 3 Ana Rita Teixeira Fernandes As práticas corporais e sua influência para o desenvolvimento de uma criança com Transtorno do Espectro Autista Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação Física, Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte como requisito parcial para obtenção do titulo de licenciada em Educação Física. Orientadora: Prof. Dra. Maria Aparecida Dias MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA: __________________________________________ Profª Drª Maria Aparecida Dias _________________________________________ Prof. Ms. João Batista Amorim ___________________________________________ Profa. Marília Rodrigues 4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Fernandes, Ana Rita Teixeira. As práticas corporais e sua influência para o desenvolvimento de uma criança com transtorno do espectro autista / Ana Rita Teixeira Fernandes. - Natal, 2016. 37f.: il. Orientadora: Maria Aparecida Dias. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação) - Departamento de Educação Física. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 1. Transtorno do espectro autista - TCC. 2. Práticas corporais - TCC. 3. Transtorno de modulação sensorial - TCC. I. Dias, Maria Aparecida. II. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 616.896 5 AGRADECIMENTOS A DEUS E NOSSA SENHORA, força maior que ilumina e guia meu caminho durante toda a vida. Aos meus pais Maria Abgail Teixeira Fernandes e Antônio Gentil Fernandes Júnior, que são minha essência, e sempre mostraram que a educação é o melhor caminho a ser seguido. A minha Irmã, amiga companheira de todas as horas, sempre me apoiando e me incentivando para que tudo desse certo. Ao meu MOZI, Simplício Marcolino de O. Silva, que mergulhou comigo no sonho de ser professora de Educação Física. Obrigada pela paciência, amor e compreensão. Aos Mestres, Professores do Curso de Educação Física da UFRN, que me ensinaram durante estes últimos quatro anos o verdadeiro significado do que é “ser professor”. A professora Orientadora Maria Aparecida Dias (Cida), sensível, crítica e competente, contribuindo com seus conhecimentos. Admiro seu trabalho e me espelho nela como profissional. Aos amigos do curso, Tilara Thaynara, Natalia, Mateus, Gabriel e Milena por estarem sempre comigo ao longo desses quatro anos, me ajudando e suportando sempre. A minha amiga e companheira de trabalho, Rachel. Ao meu amado HOMEM- ARANHA, o protagonista desta experiência maravilhosa sem ele nada teria se concretizado. Aos pais do “HOMEM- ARANHA” que colaboraram com esse estudo. MUITO OBRIGADA! 6 RESUMO Hoje em dia 70 milhões de pessoas no mundo estão dentro do transtorno do espectro autista (TEA). O autismo esta enquadrado nos transtornos globais do desenvolvimento (TGD), apresenta como principal característica o comprometimento de três importantes áreas, sendo: social, linguagem e um padrão de interesses restritos e estereotipados. O presente trabalho teve como objetivo geral analisar a influência das práticas corporais sistematizadas para o desenvolvimento global de uma criança com TEA em espaço não escolarizado. Apoiamos-nos também, na estruturação de uma proposta de práticas corporais para uma criança de cinco anos dentro do Espectro do autismo, e como essa prática corporal pode ajudar a criança com os distúrbios comuns do Transtorno (sensoriais sono e as estereotipias). O método utilizado para esse trabalho foi o estudo de caso. Muitos desses comportamentos podem estar relacionados a casos de desordens sensoriais, dificuldades para prestar atenção e/ou mantê-la, e deficiência na coordenação motora. A intervenção foi feita em quatro dias com duração de 60 minutos. Por fim, de acordo com a discussão das atividades realizadas podemos afirmar o papel positivo da educação física no que diz respeito as prática corporal como opção mais lúdica de tratamento, mostrando que é possível essa interação entre as áreas do conhecimento e mostrando que estamos no caminho certo. PALAVRAS- CHAVE: TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, PRÁTICAS CORPORAIS, TRANSTORNO DE MODULAÇÃO SENSORIAL. 7 ABSTRACT Today, 70 million people worldwide are in the autism spectrum disorder (ASD). Autism is framed in the global developmental disorders (TGD), presents as main characteristic the commitment of three important areas, being: social, language and a pattern of restricted and stereotyped interests. The present work had as general objective to analyze the influence of systematized corporal practices for the global development of a child with ASD in non - school space. We also support, in structuring a proposal for bodily practices for a five-year- old within the spectrum of autism, and how this body practice can help the child with the common disorders of the disorder (sensory, sleep and stereotypies). The method used for this work was the case study. Many of these behaviors may be related to cases of sensory disorders, difficulties in paying attention and / or maintaining it, and deficiency in motor coordination. The intervention was done in four days with duration of 60 minutes. Finally, according to the discussion of the activities carried out, we can affirm the positive role of physical education in regard to corporal practice as a more playful option of treatment, showing that it is possible for this interaction between the areas of knowledge and showing that we are on the way right. KEYWORDS: AUTISTIC SPECTRUM DISORDERS, CORPORATE PRACTICES, SENSORY MODULATION DISORDER. 8 SUMÁRIO 1. Introdução........................................................................................................... 8 2. CAPÍTULO 1- Autismo e sua história................................................................. 12 3. CAPÍTULO 2 - A criança autista e suas características..................................... 17 4. CAPÍTULO 3 - Autismo, Transtorno de Modulação Sensorial e as práticas corporais............................................................................................................. 23 5. Intervenções e Discussões................................................................................ 25 5.1- Quem é o Homem- Aranha......................................................................... 5.2- Locais da Intervenção................................................................................. 5.3- Intervenção.................................................................................................. 6. Considerações Finais.........................................................................................31 7. Referências......................................................................................................... 8. Anexo................................................................................................................. 36 9 INTRODUÇÃO Atualmente, a palavra inclusão vem ganhando mais visibilidade e abrindo novas possibilidades. Afinal, de acordo com o Censo 2010, mais de 45 milhões de brasileiros possuem pelo menos um tipo de deficiência, representando quase um quarto da população. (BRASIL, 2010) Nas escolas, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), em 2015, o acesso de pessoas com deficiência aumentou 381% entre 2003 e 2014. O autismo hoje é considerado como uma deficiência, mas nem sempre foi assim. Só a partir do ano de 2011, depois do projeto de lei 168/11 sancionado foi quando eles puderam de fato lutar pelos seus direitos diante da justiça Brasileira. No ano de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados que diziam que mais 70 milhões de pessoas no mundo estão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou seja, Cerca de 1% da população mundial – ou um em cada 68 crianças – apresenta algum transtorno do espectro do autismo, e a ocorrência da condição neurológica vem aumentando significamente. No Brasil, apesar de não haver estatística a respeito do transtorno a estimativa é de alcançar dois milhões de pessoas nos próximos anos. Em sua etiologia a palavra “autismo” advém do grego autos, ou seja, que significa próprio,reportando-se a alguém voltado para si mesmo, sem muito contato com o exterior. Ele se torna mais aparente nas fases iniciais no desenvolvimento do infante, geralmente nos três primeiros anos de vida. O autismo não é uma doença, e sim um distúrbio podendo comprometer relações interpessoais, linguagem, comportamento, jogos e comunicação, com diversas etiologias e graus de severidade (Rutter, Schopler 1992 apud Gadia, 2004). O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano. Apesar do tempo que vem sendo estudado, em torno de 60 anos, apresenta ainda muitos questionamentos que ainda hoje não obtiveram respostas. No que concerne a sua historia, o autismo começou a ser descrito por kanner 1943, no qual foi agrupado um conjunto de comportamentos aparentemente característicos em que onze crianças que ele acompanhava (PEREIRA, 1999), ou seja, enumerou um conjunto de características que teoricamente podiam identificar as crianças com este tipo de distúrbio (Aarons & Gittens, 1992). 10 No mais, podemos pensar também na sua etiologia, onde muitos estudos citam fatores como sendo a possíveis causas: a idade parental avançada, baixo peso ao nascer ou exposição fetal a ácido valproico, ou seja, fatores genéticos e/ou fisiológicos que podem ser risco de desenvolvimento do transtorno do espectro autista. A criança na idade dos cinco anos, para Wallon (1981), ele esta no estado personalismo, onde a criança avança no Eu- psíquico, ou seja, intensificar o exercício de diferenciação do Eu- outro. No que se refere à motricidade na fase pré- escolar. Concernente a isso, Le Bouch (1987) diz que a prioridade é a atividade motora global, concentrando-se na necessidade fundamental de movimento, de investigação e de expressão. Como sabemos a maioria das crianças que estão no Transtorno do Espectro Autista não apresentam o desenvolvimento de uma criança típica1. A respeito das práticas corporais, entendo como uma manifestação da cultura corporal, podendo trabalhar o lúdico, jogos, esporte e ginástica, ou seja, movimento. Segundo Pellegrini et al (2003. p. 120), “o movimento exerce uma função essencial no processo de desenvolvimento”. Sendo o corpo em movimento como uma importante ferramenta de aprendizagem. Para mais, possibilitando ao individuo potencializar alguns valores sociais como: respeito mútuo, confiança e muitos outros, assim como, a percepção corporal, percepção espacial, lateralidade, equilíbrio trabalhados na educação física. No que se refere à percepção é definido como a capacidade de organizar e incorporar novos estímulos às informações já armazenadas, levando a uma alteração do padrão de comportamento. No aspecto motor estão associados à capacidade de integração sensorial2, interpretação, ativação e reinformação da ação. (BERTOLDI ET AL,2007). 1 Caracterizado pela criança apresentar um desenvolvimento biológico intacto concomitante a um ambiente que facilita o desenvolvimento padrão. 2 É a capacidade que o cérebro tem de organizar as sensações do próprio corpo e do ambiente, permitindo a organização do comportamento e uso eficiente do corpo nas atividades que realizamos no cotidiano (AYRES, 1972) 11 Assim, como futura profissional de educação física e visando o desenvolvimento, autonomia e inclusão dessa criança, pode-se dizer que a aprendizagem pelo corpo seria uma forma alternativa, já que muitas crianças com TEA tem uma aprendizagem divergente do habitual. Nesse sentido a educação física estabelece uma construção como agente de inclusão de forma integradora, aquela educação física libertadora, aumentando as possibilidades de se conduzir um indivíduo mais autônomo, independente e autoconfiante de suas ações. (COPETTI J R. 2012). O presente estudo teve como fonte de motivação a experiência da acadêmica com crianças autistas no começo do curso de educação física, há quatro anos. A proposta em estruturar algumas práticas corporais visando a integração sensorial ale da motricidade dessa criança, a autonomia, inclusão advém das circunstâncias, ou seja, o atraso no desenvolvimento corporal nas crianças o diagnosticadas no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Deste modo, justifica-se a importância do presente estudo, por acreditar que as sistematizações das práticas corporais globais possam contribuir para uma autorregulação sensorial, consequentemente diminuição das estereotipias3, e uma ampliação do repertório motor, que auxiliará no avanço nas atividades de vida diária (avd’s), dando a essa criança mais autonomia. Tanto em espaço escolar como no não escolar. No tocante, talvez uma das grandes motivações que existe na vida é o dialogo com o diferente. É o desafio constante do entender o outro e assim resignificar nossos valores, nossas crenças, nosso conhecimento. E o desenvolvimento da criança com Transtorno do Espectro Autista é um grande desafio a ser vencido. Esse estudo nos impõe um desafio a ser cumprido. No qual, tem como objetivo geral analisar a influência das práticas corporais sistematizadas para o desenvolvimento global de uma criança com TEA em espaço não escolarizado. Para auferir, nos apoiamos também, na estruturação de uma proposta de práticas corporais para uma criança de cinco anos dentro do Espectro do autismo, e como 3 Movimentos repetitivos e aparentemente sem funcionalidade (PHEIFFER et al., 2011). 12 essa prática corporal pode influenciar a criança com os distúrbios comuns do Transtorno (sensoriais, sono e as estereotipias) e entendendo em que momento de seu desenvolvimento a criança se encontra. Nosso estudo é de caráter qualitativo, apoiando-se no estudo de caso como procedimento metodológico. Para Yin apud Roesch (1999, p. 155): “no que se refere ao conceito de estudo de caso: é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto”. Corroborando ainda com que foi dito Yin (2005) vem dizer que se trata de uma forma de se fazer pesquisa investigativa de fenômenos atuais dentro de seu contexto real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidos. Paraesse estudo, tivemos uma criança na faixa etária de 5 (anos), do sexo masculino, diagnosticado com TEA há 2 (anos). Ele é atendido por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psiquiatra e professor de educação física). Ela terá seu nome preservado, e por gostar bastante do personagem do Homem Aranha, decidimos referencia-lo dessa forma no nosso trabalho. Inicialmente, o procedimento foi de observação da criança para poder pontuar algumas carências em suas habilidades motoras. Em seguida o planejamento e execução com as práticas corporais. Por fim, uma segunda observação para analisar se houve interferência das praticas corporais realizadas. A presente pesquisa foi organizada em três capítulos de igual importância para seu o desenvolvimento. No primeiro capítulo, Autismo e sua historia, tratamos do autismo a partir do seu primeiro relato ate os dias de hoje. No segundo capítulo, situamos o leitor sobre a criança com autismo, destacamos algumas características associadas ao TEA. Por fim, no terceiro e último capítulo falamos sobre as práticas corporais baseada no transtorno de modulação sensorial no aluno com TEA. Por fim, procuramos apontar nas considerações finais, propostas de desdobramentos da nossa pesquisa e também se os objetivos propostos foram alcançados. 13 CAPITULO 1- AUTISMO E SUA HISTÓRIA O autismo é um desenvolvimento incomum, no qual, se manifesta na primeira infância e continua por toda vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) esse número chega a quase 70 milhões de pessoas no mundo dentro do espectro autista. No Brasil, em 2007, na época com 190 milhões de habitantes, havia cerca de 1 milhão de pessoas com diagnostico. Atualmente estima-se 2 milhões de pessoas, numero esse que não se pode confirmar, pois conforme Teixeira e Cols (2010) no Brasil dados epidemiológicos sobre o autismo, ainda são escassos. A palavra Autismo tem origem do grego “autos”, ou seja, “próprio”, “ de si mesmo”. Ele acomete geralmente, mais meninos que meninas, sendo 1(uma) menina para cada 4 (quatro) meninos diagnosticados com autismo. Apesar de terem aparecidos mais casos diagnosticados nos últimos tempo, o autismo foi identificado e descrito em 1943 por Leo Kanner ( 1894-1981), médico psiquiatra da época. No ano de 1943, kanner relatou a historia de onze crianças, entre elas Donald. Ele apresentava características peculiares, pois com apenas dois anos e meio sabia todos os nomes presidentes e vice-presidente dos Estados Unidos tal como o alfabeto completo, tanto de trás para frente quanto de frente para trás. Mas ao mesmo tempo a criança não conseguia manter uma conversa e nem conseguia fazer o mínimo de contato com as pessoas. O médico ainda descreveu características, como: tendência a isolamento, na comunicação, problemas no comportamento e as atitudes inconsistentes que constituem a marca registrada do autismo. (SCHWARTZMAN, 2003, p. 6). No mesmo tempo em que Kanner descrevia esses novos caso para a sociedade medica dos Estados unidos havia outro médico, nesse caso pediatra, o Austríaco Hans Asperger( 1906- 1980), apresentou sua tese de doutorado em 1943, intitulada “Psicopatia Autística”, no qual , era um estudo sobre crianças que apresentavam característica semelhante as de Kanner. Em meio à segunda guerra mundial (1939-1945), não havia comunicação entre a Europa e os Estados Unidos, ou seja, os dois médicos estavam relatando 14 infantes com as mesmas características que acabaram sendo descritas por ambos como autista, termo esse utilizado para adultos com esquizofrenia. Apesar de não haver nenhuma semelhança entre o Autismo e esquizofrenia, segundo Schwartzman (2003, p. 8). Naquela época, Kanner já discutia sobre as possíveis causas do autismo, onde acreditou por muito tempo que os problemas comportamentais eram em decorrência de problemas ambientais, ou seja, a conhecida mãe geladeira, rótulo esse atribuído às mães de crianças autistas, quando se acreditava que elas poderiam ser a causa do autismo de seus filhos, por serem afetivamente frias. Contudo, com o progresso nas pesquisas sobre o autismo, Kuperstein e Missalglia (2005) concluíram que o autismo não é um distúrbio de contacto afetivo, mas sim um distúrbio do desenvolvimento. Apesar da opnião de Kanner ser bem aceita na sociedade médica, outros estudiosos do autismo acreditava na causa biológica do autismo infantil. Por vários anos seu conceito também ficou muito confuso, pois cada um que tirasse suas conclusões sem seguir padrões de diagnósticos pré-estabelecido. Então, no ano de 1953 foi publicada o primeiro o Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria (APA). E para Schwartzman (2003, p. 9), esse panorama começou a mudar a partir do surgimento desses critérios e diagnósticos descritivos, no qual, vem evoluindo com o passar dos anos. Sua atualização mais recente aconteceu no ano de 2013, passando a ser o quinto manual desde quando foi lançado, DSM- V. Essa nova atualização apresentou mudanças significativas tanto na classificação como na nomenclatura, pois segundo Schwartzman (2003) a maioria das patologias humanas, também nesta condição há uma enorme variabilidade no quadro clínico. E para evitar confusão no diagnostico, a ultima atualização do DSM agrupou os transtornos globais do desenvolvimento a um único diagnostico, Transtorno do Espectro Autista- TEA. Assim, [...] Os Transtornos Globais do Desenvolvimento, que incluíam o Autismo, Transtorno Desintegrativo da Infância e as Síndromes de Asperger e Rett foram absorvidos por um único diagnóstico, Transtornos do Espectro Autista. A mudança refletiu a visão científica de que aqueles transtornos são na verdade uma mesma condição com gradações em dois grupos de sintomas: Déficit na comunicação e interação social; Padrão de comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos. Apesar da crítica de alguns clínicos que argumentam que existem diferenças significativas entre os 15 transtornos, a APA entendeu que não há vantagens diagnósticas ou terapêuticas na divisão e observa que a dificuldade em subclassificar o transtorno poderia confundir o clínico dificultando um diagnóstico apropriado. (ARAÚJO; LOTUFO NETO, 2014, p.70 e 71). Nessa sequência, o TEA é considerado um transtorno heterogêneo, que envolve a interação de múltiplos genes que levam à manifestação do quadro de forma completa (BETANCUR, 2011). Por conseguinte, têm-se a classificação “espectral” do autismo, que reflete a presença de características distintas em graus diversos. Assim, como o DSM existe também o Código Internacional de Doenças (CID) que hoje já esta na sua décima versão. Proposta pela a Organização Mundial da Saúde ( OMS,1993) o CID-10 utilizado como referencia para diagnostico do autismo também passou recentemente por uma reformulação. As características elencadas foram as anormalidades qualitativas na interação social recíproca e padrões de comunicação, por repertório de interesses e atividades restritas, repetitivas e estereotipada (ORRÚ, 2012). Podemos observar uma correlação de acordo com o Quadro 1 Quadro 1 - Correlação entre o DSM-IV e CID-10 Fonte: Goergen (2013, p. 30) Atualmente, umas das questões mais abordadas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) são as suas possíveis causas ou fatores de risco. Na literatura presente elas são bem variadas, como: idade parental, ligação genética, DSM-IV CID-10 Transtorno Autista Autismo infantil TGD-SOE Autismo atípico Transtorno Desintegrativo da Infância Transtorno Desintegrativo da Infância Transtorno de Rett Síndrome de Rett Transtorno de Asperger Síndrome de Asperger 16 exposição fetal, etc. em outras palavras, a causa doautismo de um provavelmente não será a mesma causa do outro. Mas, de acordo com Schwartzman (2003, p. 29) em boa parte dos casos dos autistas existem anormalidades neurobiológicas. Deste modo, [...] uma gama de fatores de risco inespecíficos, como idade parental avançada, baixo peso ao nascer ou exposição fetal a ácido valproico, pode contribuir para o risco de transtorno do espectro autista. Genéticos e fisiológicos. Estimativas de herdabilidade para o transtorno do espectro autista variam de 37% até mais de 90%, com base em taxas de concordância entre gêmeos. Atualmente, até 15% dos casos de transtorno do espectro autista parecem estar associados a uma mutação genética conhecida, com diferentes variações no número de cópias de novo ou mutações de novo em genes específicos associados ao transtorno em diferentes famílias. No entanto, mesmo quando um transtorno do espectro autista está associado a uma mutação genética conhecida, não parece haver penetrância completa. O risco para o restante dos casos parece ser poligênico, possivelmente com centenas de loci genéticos fazendo contribuições relativamente pequenas. (MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATISTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS- 5ED, 2013, p.96). O transtorno do espectro autista apresenta basicamente três áreas que podem apresentar- se deficiente ou inexistente, comumente denominada de “tríade” (Wing,1981a; Wing e Gould, 1979), sendo elas: social; problemas no desenvolvimento social que são peculiares e se manifestam de inúmeras formas e não condizem com o nível de desenvolvimento intelectual da criança, comunicação; atraso e padrão alterado no desenvolvimento de linguagem com características peculiares que não condizem com o nível de desenvolvimento intelectual da criança e comportamental, ) repertório restrito e repetitivo de comportamentos e interesses, o que inclui alterações nos padrões dos movimentos. (RUTTER, 1978). Portanto, desde que foi descrito pela primeira vez ate os dias atuais, o transtorno do espectro autista nos mostra o quanto é difícil se chegar a uma causa, a único conceito, tratamento. O fato é que pessoas com TEA, por suas características peculiares, necessitam de atenção multidisciplinar para sua identificação, correta avaliação e propostas terapêuticas adequadas, o que envolve 17 médicos de várias especialidades clínicas, geneticistas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, profissionais de educação física, e vários outros. Proporcionando ao autista um desenvolvimento integral, pesando pela sua autonomia, sempre dentro das possibilidades. 18 CAPITULO 2 – A CRIANÇA AUTISTA E SUAS CARACTERÍSTICAS Nós, seres humanos estamos sempre inventando mil e uma maneiras de nos relacionar, seja com um único ser ou ate mesmo com o mundo. Em toda nossa historia sendo ela individual ou coletiva, o desenvolvimento do homem, esta ligado diretamente as suas interações sociais. Alguns autores defendem que essa interação acontece a partir da vida intrauterina, ou seja, relação mãe-bebê. Klauss & Klauss (1989 apud CORREIA, 2005 p.21) analisaram experiências com fetos e averiguaram que ainda no útero, eles já começam a desenvolver seus sentidos (visão, audição, paladar e toque) interagindo com as substâncias vindas do corpo de sua mãe e até mesmo com estímulos vindos do meio exterior. Entretanto, no meio do caminho pode haver alterações no percurso natural do desenvolvimento, sendo esse um dos fatores para um possível diagnóstico do TEA. Um estudo realizado por Gauderer apud Silva (2003) com crianças autistas, observou traços comuns no desenvolvimento delas, ou seja, podem apresentar comprometimentos significativos, principalmente, em três áreas, sendo elas: social, linguagem e um padrão de interesses restritos e estereotipados. A criança com o transtorno do espectro autista desenvolve um comportamento peculiar em relação às crianças com o desenvolvimento típico. É importante ressaltar que a intenção não é de tachar os comportamentos dessas crianças. Muitos desses comportamentos podem estar relacionados a outras características, como: desordens sensoriais (KLIN, 2006 apud SCHLIEMANN, 2013, p.11), dificuldades para prestar atenção e/ou mantê-la (SILVA, 2009 apud SCHLIEMANN, 2013, p.11) e deficiências na coordenação motora (GROFT & BLOCK, 2003 apud SCHLIEMANN, 2013, p.11). Essas condições podem variar de criança para criança devido o grau de funcionamento que pode variar de leve a alto, de grave a baixo. Klin, (2006 apud Schliemann, 2013, p.16) traz que o perfil típico nos testes psicológicos é caracterizado por prejuízos significativos no raciocínio abstrato, na formação de conceitos verbais e habilidades de integração e nas tarefas que requerem certo grau de raciocínio verbal e compreensão social. Apresentam, 19 contudo, pontos fortes no aprendizado mecânico, nas habilidades de memória e na solução de problemas visuo-espaciais, particularmente se a tarefa puder ser completada “passo a passo”. Problemas de comportamento são comuns e muitas vezes severos que incluem hiperatividade, dificuldade de prestar e/ou manter atenção, atenção hiperseletiva – que se manifesta na tendência de prestar mais atenção nas partes que no todo – impulsividade e agressividade (SILVA, 2009). Deficiências na coordenação motora fina e na global, assim como padrões de movimento considerados “desajeitados” são recorrentes nos indivíduos com TEA podendo ser observados no lançamento e captura de bolas, ao dar laços nos cordões de tênis e calçados, ao segurar garfos e colheres, em atividades de equilíbrio, saltos e ao acompanhar as instruções para realizar um determinado movimento físico (GROFT & BLOCK, 2003). As Alterações sensoriais são típicas em crianças autistas apresentando uma hiper ou hiposensibilidade a estímulos sonoros (hiperacusia), visuais, táteis (podendo ocorrer uma extrema sensibilidade ao toque, incluindo reações fortes a tecidos específicos ou ao toque social), olfativos e degustativos. Também é frequentemente observado nas crianças autistas um prazer na estimulação do sistema vestibular através de saltos, giros e rodopios sem, aparentemente, ficarem tontas. Muitas crianças apresentam um alto limiar para a dor física e podem não chorar após um ferimento grave. (KLIN, 2006; SILVA, 2009). As alterações no processamento sensorial podem desencadear uma série de dificuldades que abrangem aspectos relacionados à motricidade, adaptação à vida cotidiana, aprendizagem e comportamento psicossocial. (FONSECA, 2008). A maioria dos autistas tem a motricidade perturbada pela manifestação intermitente ou continuas de movimentos repetidos e complexos (estereotipias4), que podem envolver varias partes do corpo. (LEBOYER, 1987 apud CORREIA 2006) Nessa situação, a motricidade na esfera da educação física, resalta as práticas corporais não com efeito de estabelecer práticas padronizadas ou convencionais, mas sim favorecendo experiências corporais mais amplas ao invés 4 Movimentos repetitivos e aparentemente sem funcionalidade (PHEIFFER et al., 2011). 20 da visão reducionista das atividades físicas. Reid e collier (2002) uma pratica corporal planejada pode aumentar a sensibilidade dos autistas aos medicamentos, diminuir as estereotipias e se, a atividade física for vigorosa pode apresentar um papel relaxante e calmante. A contribuição da educação física é clara e objetiva, deve ser aquela atuante em seu papel e muitos defendem o fundamental aspecto da educação física na vida de uma criança autista, assim das muitas formas de abordagens de conteúdos as atividades devem ser selecionadas conforme a idade cronológica, atividades de interesse,atividades com começo, meio e fim, tais como circuito com obstáculos, transposição de objetos, mudanças de direção, equilíbrio dinâmico e estático, saltos, lançamentos e jogos em geral onde todas essas atividades auxiliam na aquisição de habilidades motoras, não esquecendo o lado afetivo, pois dependendo do emocional que a criança esteja poderá apresentar resultados menores ou maiores durante as atividades. (LABANCA, 2000 apud TOMÉ, 2007). Para mais, o espaço escolhido para a prática corporal pode sim fazer toda diferença. Principalmente quando falamos de espaço não escolarizado. A prática ao ar livre leva o aluno a lidar com situações que ultrapassam a prática corporal por ela mesmo, como: a percepção do ambiente, atenção compartilhada, os sons presentes no ambiente, à quebra do isolamento. De acordo com Horn (2004, p. 28): É no espaço físico que a criança consegue estabelecer relações entre o mundo e as pessoas, transformando-o em um pano de fundo no qual se inserem emoções [...] nessa dimensão o espaço é entendido como algo conjugado ao ambiente e vice-versa. Todavia é importante esclarecer que essa relação não se constitui de forma linear. Assim sendo, em um mesmo espaço podemos ter ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais. Eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço organizado. Isso pode possibilitar a essa criança um processo de autoconhecimento, autonomia, tomada de decisões que possam se relacionar nas esferas coletivas de modo reflexivo e ativo, principalmente quando pensamos na escola. Ao se falar na escola lembramos logo de uma palavra que vem sendo pauta nos últimos anos: inclusão. Estar incluído é “fazer parte de”. Mas, “fazer parte de” de que forma? Incluir porque é “obrigação” ou incluir para fazer a diferença na vida da criança? 21 Podemos observar com Senna (2003) que o homem moderno passou a necessitar da educação formal para aprender os padrões de comportamento acadêmicos e científicos que passam a ser vistos como sociais. A escola surgiu para desempenhar esse papel de padronizar o comportamento “perfeito” para uma sociedade. Então, podemos pensar na escola de hoje em dia: Será que ela está preparada para receber essa criança que não se encaixa no padrão pré- estabelecido? Considerada um marco na busca da educação inclusiva, a declaração de Salamanca, em 1994 na Espanha, instituiu que todos os alunos devem ter a possibilidade de integrar-se ao ensino regular, mesmo aqueles com deficiências sensoriais, mentais, cognitivas ou que apresentem transtornos severos de comportamento, preferencialmente sem defasagem idade-série. A escola, segundo essa proposta, deverá adaptar-se para atender às necessidades destes alunos inseridos em classes regulares. Logo, a educação inclusiva deverá ser posta em prática com ações que favoreçam a integração e a preferência por práticas que favoreçam a diversidade. Por esse motivo, a inclusão dos educandos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos sistemas educacionais regulares impõem desafios aos processos inclusivos, e as necessidades educacionais desse grupo vão muito além dos pacotes educacionais que as escolas têm a oferecer (SERRA, 2008; GOMES; MENDES, 2010). Por isso, estar na escola não é sinônimo de inclusão. O preparo não só físico, mas principalmente pedagógico da instituição escolhida para receber essas crianças tem que ser levado em conta. Estratégias pedagógicas específicas necessitam serem bem estudadas e reformadas caso contrario não causará o efeito esperado. Assim, constatamos ao longo desse capitulo a necessidade de melhor compreender essa criança com TEA. Visto que é para elas que estudamos as melhores estratégias pedagógicas, com intuito de potencializar seu desenvolvimento e que com o passar do tempo posam constituir-se em cidadãos críticos, participativos e com responsabilidades sociais, alem de uma vida independente, dentro de seus limites. 22 Capitulo 3. AUTISMO, TRANSTORNO DE MODULAÇÃO SENSORIAL E AS PRÁTICAS CORPORAIS. “Meu corpo não é apenas um conjunto de órgãos, nem dócil executor das decisões da minha vontade. Ele é o lugar onde vivo, sinto, onde existo. Lugar de desejo, prazer e sofrimento, domicílio da minha identidade, do meu ser”. André Lapierre O corpo é condição vital para nossa existência como seres humanos. Ele é o nosso primeiro mediador com o mundo exterior, e através dele interagimos com o mundo social, natural e cultural no qual estamos inseridos. De acordo com Ferreira (2000) a criança desenvolve-se e matura-se no contato com o mundo vivenciando e experimentando as relações, isso, a princípio, via corpo, que é no início o seu único meio de comunicação. De acordo com Ayres (1972), o referido processo é natural e envolve a filtragem, organização e integração das informações sensoriais interoceptivas (corpo) e exteroceptivas (ambiente). Para esse mesmo autor essa relação, dar-se o nome de integração sensorial que nada mais é que essa capacidade que o cérebro tem de organizar as sensações do próprio corpo e do ambiente, permitindo a organização do comportamento e uso eficiente do corpo nas atividades que realizamos no cotidiano. O corpo em movimento é uma atividade cotidiana, e referida como uma linguagem que permite à criança investigar, conhecer, explorar e expressar o ambiente em que está inserido, bem como ter consciência de si e das suas relações com o mundo. No tocante, para as crianças com TEA, Ferreira e Thompson (2002) nos mostra que elas apresentam dificuldade de compreender seu corpo em sua globalidade, em segmentos, assim como seu corpo em movimento. Quando partes do corpo não são percebidas e as funções de cada uma são ignoradas, podem-se observar movimentos, ações e gestos pouco adaptados. O distúrbio na estruturação do esquema corporal prejudica também o desenvolvimento do equilíbrio estático, da lateralidade, da noção de reversibilidade; funções de base necessárias à aquisição da autonomia e aprendizagens cognitivas. 23 Essa falta de “compreensão corporal” estar relacionada, segundo Tomchek e Dunn (2007) com o fato de 95% das crianças com autismo apresentarem um transtorno de modulação sensorial (TMS) que nada mais é que a dificuldade do Sistema Nervoso Central (SNC) para regular, de maneira gradual e adaptada ao ambiente; a intensidade, duração e frequência da resposta aos estímulos sensoriais. Compreende-se por resposta uma ação motora; uma reação emocional, tais como demonstração de afeto e comportamentos que sinalizam o controle de ansiedade; um processo cognitivo, como a atenção e planejamento de ações; uma relação interpessoal, que envolve a troca recíproca entre duas ou mais pessoas, com o uso de comportamentos adequados; e comunicação. Basicamente, observam-se três subtipos de TMS: a hiperresposta, hiporesposta e procura sensorial. (MILLER, 2006 apud MAGALHÃES, 2008; MOMO; SILVESTRE, 2011). Assim, o progresso da criança com autismo pode ser afetado pela limitada capacidade de autorregulação das respostas emocionais e comportamentais, em decorrência do Transtorno do Processamento Sensorial (TPS)5 (EAVES; HO, 1997 apud ASHBURNER et al., 2008). No entanto, as sistematizações das práticas corporais vêm para contribuir com essa criança a ponto de entender seu corpo nessa autorregulação, visando seus limites e possibilidades. Consoante com SMITH et al., 2005; WATLING; DIETZ, 2007 apud PHEIFFER et al., 2011, a prática dessas atividades pode interferir na aquisição de habilidades e na participação da rotina diária, representando uma melhoria na qualidade de vida para crianças e para todos que com elas convivem, tornando-a progressivamente mais independentes.Para a escolha das práticas corporais que foram trabalhadas, procuramos enfatizar sempre o fator regulação. Para isso foi preciso compreender melhor sobre os sistemas responsáveis pelo processamento das informações apresentados. Sendo eles: tátil, vestibular e proprioceptivo. Esses sistemas juntamente com distais- visão, audição, olfação e gustação que processam as informações do ambiente e são importantes para a segurança, a sobrevivência e o bem-estar do indivíduo. Segue a ilustração abaixo: 5 O termo integração sensorial foi substituído por Transtornos do Processamento Sensorial ( MILLER, 2006) 24 Ilustração 1- Processo de desenvolvimento da Integração Sensorial Fonte: AYRES (1979) apud SOUZA (2014) Esse processo sensorial demonstrado na figura acima é o alicerce de todo um longo caminho do desenvolvimento. Pensando em uma figura piramidal, na qual tem uma base larga, se caso ela não estiver bem feita toda sua formação ficará comprometida, fazendo uma analogia ao processamento sensorial se sua “base” não tiver sido boa, provavelmente alguns problemas sensoriais aparecerão. Deste modo, as respostas emitidas geram novos estímulos que se integram aos anteriormente processados, contribuindo para o desenvolvimento de comportamentos mais complexos e organizados, como a concentração; organização; autoconfiança; autocontrole; aprendizagem acadêmica; abstração e raciocínio. Assim, entende-se que a aprendizagem é promovida pela resposta 25 adaptativa que propicia mudanças estruturais neuronais por meio de novos feedbacks que emergem da interação do indivíduo com o meio (FONSECA, 2008). No que concerne ao transtorno de modulação sensorial do Homem Aranha, ele foi diagnosticado pela sua terapeuta ocupacional, como hiporesponsivo (ESQUEMA 1) com ênfase nos sistemas proprioceptivo e vestibular. A principal característica de comportamento desse grupo é busca de sensações. E os sistemas comumente envolvidos nesse perfil são o proprioceptivo, vestibular e tátil. ESQUEMA 1: Características gerais da hiporesponsividade. Comportamento social: Passividade Cansa com facilidade Dificuldades em interagir socialmente Distração Agitação motora Fonte: Magalhães (2008) Baseada em compreender melhor a influência das práticas corporais nos transtornos de modulação sensorial em criança com TEA em espaço não terapêutico, foram sistematizados cinco encontros seguidos com tempo médio de 60 minutos cada. Nesse sentido os objetivos e metas traçados foram construídos a partir de observações e relatórios da terapeuta ocupacional (responsável pelo diagnóstico do paciente). Logo adiante, descreveremos como foi à intervenção, seguindo das considerações finais do nosso trabalho. Tende a: Não chora quando se machuca Não responder/olhar quando chamado Não perceber quando é tocado Preferir atividades sedentárias Procurar atividades que oportunizem sensações 26 5. INTERVENÇÕES E DISCUSÕES A princípio, quando trabalhamos com a estimulação de indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) pensamos o quanto é importante o embasamento teórico, mas necessitamos, principalmente, de um olhar diferenciado e sensível, alem de disponibilidade corporal. É importante ressaltar a nós, profissionais envolvidos nesse tipo de processo, que não projetemos nos alunos nossos próprios desejos e/ou insatisfações, para que a intervenção seja pautada única e exclusivamente nas suas necessidades. Além do mais, entender que o universo autístico não é pautado em respostas imediatas e também sempre estarmos preparados para situações imprevistas. É de fundamental importância compreender que cada indivíduo com TEA apresenta comportamentos e manifestações singulares e únicas, ainda que, em linhas gerais, existam comportamentos e características semelhantes. Nessa situação, sobressaltamos as dificuldades de analisar as resposta na íntegra, em muitas das situações na intervenção, visto que o individuo é a amostra, sendo impossível seu “isolamento”. É essencial, nesses casos, uma certa sensibilidade para analisar e compreender os resultados obtidos nas intervenções, evidenciando os aspectos positivos do aluno. A nossa intervenção foi dividida em quatro (4) encontros, com duração média de 60 minutos cada. Alguns pontos foram levados em conta para as sistematizações das práticas com Homem Aranha, sendo eles: quantidade de atividades/terapias do dia, horário para as práticas e questão saúde. 5.1 QUEM É HOMEM ARANHA? O nosso super herói, tem 5 anos de idade. Ele foi diagnosticado dentro do espectro do autismo por volta dos seus 3 anos de idade, e desde então a rotina de tratamentos é fato consumado em sua vida. A sua equipe é composta por: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional e em 2016, professor de educação física. Mesmo com uma rotina intensa ele é uma criança feliz, amorosa e muito esperta. Às vezes mais preguiçoso que o aceitável, e quando se mostra disposto é uma maravilha. Em relação a sua alimentação ele não tem restrições, come bem e de tudo. 27 Quanto a características das crianças com TEA, ele apresenta algumas estereotipias, como: o olhar lateralizado, ele bate com o dedo em objetos com texturas macias, faz movimentos de “riscar” com a mão sempre que tem acesso a objetos de formato cilíndricos, como o lápis. Sua marcha também é bem características de crianças com TEA, ou seja, andando na ponta dos pés. Em Fevereiro de 2016, veio o diagnóstico de apraxia de fala6 o que não impede nem limita sua comunicação, porque hoje em dia ele faz uso do PECS7. No mais, nada que uma criança no auge dos seus cinco não faça. Todos os dias o nosso Homem Aranha consegue despertar em todos que os cercam, sentimentos inexplicáveis e a vontade de dia após dia entender mais sobre o TEA. 5.2- LOCAIS DA INTERVENÇÃO 5.2.1- Piscina A piscina do nosso estudo esta localizada no apartamento no qual Artur mora. Ela é dividida em duas, uma infantil (pequena e rasa) e a outra de tamanho e que apresenta duas profundidades. 5.2.2- Cidade da criança A Cidade da Criança é uma das áreas verdes mais belas de Natal, tendo como público principal, o infantil. O parque original foi inaugurado em 1962 onde equipamentos, como: zoológico com playground, pista de cooper, pedalinho, capela, concha acústica, escolinha de arte e biblioteca tudo é em torno de uma lagoa, denominada Manoel Felipe. Em abril de 2008 após fortes as chuvas e com comprometimento grave em toda sua extensão, ela foi fechada. Só em outubro de 2014 o parque reabriu para seu publico. Sua nova estrutura montada para o máximo divertimento e segurança da criançada, é construída com madeira reflorestada e certificação ambiental com gangorra, balanço, escorregadores, casinhas, argolas, entre outros brinquedos. 5.3 INTERVENÇÃO 6 É definida como uma desordem neurológica dos sons da fala na infância, na qual a precisão e consistência dos movimentos que permeiam a fala estão prejudicadas na ausência de déficits neuromusculares. 7 O Picture Exchange Communication System (PECS) é um sistema de comunicação que ressalta a relação interpessoal, em que ocorre um ato comunicativo entre o indivíduo com dificuldades de fala e um adulto, por meio de trocas de figuras [...] (BONDY; FROST, 2001). 28 5.3.1- Primeiro dia A Nossa primeira intervenção foi feita na piscina. O nosso Homem Aranha, como a maioria das crianças com TEA “ama” o meio líquido. Para Fernandes e Lobo da Costa (2006), afirmam que o meio líquido é identificado comoum mundo de possibilidades de ação e movimentos potencializados, abandonando-se o utilitarismo da modalidade natação, no que se refere ao aprender a salvar-se ou a salvar vidas na água, assim como a abordagem desportiva, voltada para o domínio mecânico e repetitivo, dos quatro estilos de nado. Com o auxilio de sua rotina visual (Figura 1) informamos a ele que iríamos para piscina e sua reação não poderia ser diferente, um sorriso e muitos pulos de alegria, e quase que instantaneamente dirigiu-se a porta para irmos. Podemos dizer que esse comportamento foi atípico em relação ao que seria descrito por Momo; Silvestre (2011) em que crianças hiporesponsivas apresentam como característica, comportamentos apáticos, lentos, isolados, passivos, e com pouco engajamento para iniciar e manter as relações sociais. Assim, a nossa intervenção começou com um reconhecimento do espaço físico pelo aluno. Para essa fase utilizamos o “macarrão” (objeto flutuador). O objeto foi utilizado como se fosse um cavalinho balançando na água como se estivesse a cavalgar, sempre utilizando o lúdico com auxilio de canções e histórias. Em seguida, com o objeto de trabalhar o controle respiratório, disponibilizei alguns materiais de textura e formatos diversos, como: bexigas com água, bastões com peso (afundar), bolas de diferentes materiais. E que aos poucos, o interesse dos materiais veio à tona seguindo a ordem dos que mais interessavam a criança. Como consequência positiva, Artur tem a iniciativa de mergulhar para pegar os objetos que estavam no fundo da piscina, revelando um bom controle respiratório. Segundo, Campion (2000) admite que este controle é a base das habilidades aquáticas, sendo também de importância fundamental para a manutenção da segurança no meio aquático. Além do mais, um bom controle respiratório não é essencial somente em meio aquático, mas também é essencial à execução das mais variadas tarefas do cotidiano. A busca intensa de sensações na tentativa constante de organizar seu comportamento é bem intensa fato esse que levava sempre Homem- Aranha a estar com a “boca cheia de água”. Em referência a Dunn (1997) que justifica esses 29 comportamentos como decorrentes de um alto limiar neurológico, o que exige muitos inputs para gerar uma resposta. Ao mesmo tempo em que aconteciam as atividades, a relação entre aluno e professor também ia se mostrando mais estreita. Mesmo já trabalhando com ele há um tempo, estávamos em uma situação nova, ambiente novo com outros estímulos e atividade nova. Então o simples fato de chamá-lo pelo nome e obter uma resposta positiva, e o fato dele estar aberto para um novo aprendizado já conseguimos muito na primeira aula. 5.3.2- Segundo dia Para o segundo dia, o local escolhido para as práticas foi à cidade da criança. E por ele morar próximo começamos uma caminhada até o destino final. Já na caminhada procuramos trabalhar com ele questões como a percepção corporal diante de obstáculos naturais da rua (escadas, ladeiras, calçadas). A percepção é a interpretação de sensações em formas dotadas de significado que ocorrem no cérebro. A percepção é um processo ativo de interação entre o encéfalo e o ambiente. (TORELLO, 2011) Também com a caminhada trabalhamos a sensibilidade tátil- plantar. O sistema tátil influencia na percepção do corpo (partes do corpo, proporcionalidade, conceito de quantidade e posicionamento das partes em relação ao todo) e no planejamento motor (habilidade de antecipar, organizar e coordenar movimentos de forma harmoniosa) (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011). Sempre lembrando que o Homem- Aranha é uma criança predominantemente hiporresponsiva, principalmente nos sistemas proprioceptivo e vestibular. Utilizando-se do espaço físico da cidade da criança, trabalhamos as questões de oscilação, onde utilizamos os balanços e escorregos. Já visando o sistema vestibular utilizamos as “pontes instáveis” dos parquinhos e o andar sobre o meio fio para trabalhar com o equilíbrio. Os receptores do sistema vestibular, responsáveis pelo movimento corporal estão no labirinto, localizados no ouvido interno, e estimulados por movimentos da cabeça, pois informam a posição da cabeça em relação à gravidade e ao espaço (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011). Os mesmos autores dizem que subir, descer, escorregar, girar, rodar, balançar são movimentos que estimulam os receptores vestibulares. 30 À volta para casa não foi tão boa quanto a ida para a cidade da criança, ele já aparentava certo cansaço, mas mesmo achando ruim ele voltou andando todo o percurso. 5.3.3- Terceiro dia Para o terceiro encontro, trabalhamos novamente em ambiente aquático. E mais uma vez foi divertido e estimulador. As atividades trabalhadas no primeiro dia na piscina foram retomadas e acrescentadas outras mais. Elas foram sendo realizadas seguindo a ordem de interesse do aluno. Apesar disso ainda observamos o pouco tempo de interesse nas atividades, pois as crianças com Transtorno de Processamento Sensorial geralmente são ansiosas ou parecem estar em alerta o tempo todo e não conseguem manter a atenção em uma única atividade. (MOMO; SILVESTRE; GRACIANI, 2011). Em seguida, começamos com a atividade dos bastões, de maior interesse. Mudamos nossa estratégia colocando os bastões na piscina um pouco mais funda. E ele me surpreendeu, pois conseguiu aumentar o tempo submerso, ou seja, seu controle respiratório, para tentar pegar os bastões e também a diminuição na quantidade de vezes que ele enchia a boca de água durante todo o período da aula. Com o auxilio do tapete flutuante, conseguimos trabalhar o equilíbrio e começamos a estimular os saltos, como estímulo específico para o sistema vestibular e proprioceptivo. A flutuação também começou a ser introduzida, visto que a posição de decúbito dorsal é muito incomoda para o Homem- Aranha. Em síntese, podemos considerar que as atividades lúdicas no meio aquático foram benéficas para a criança autista, tanto no sentido da ampliação de seus movimentos e vivências de brincar, como também em suas relações com a sua professora. 5.3.4- Quarto dia No último dia de intervenção voltamos para a cidade da criança, mantivemos as atividades de equilíbrio e balanço, e ainda levamos o patinete que alem de ser um exercício aeróbico ele proporciona a criança questões relacionadas à tomada de iniciativa (a criança tem que querer), atenção (para com as outras pessoas e obstáculos), e equilíbrio. Segundo Momo; Silvestre; Graciani (2011), os receptores do sistema proprioceptivo estão localizados nos músculos e nas articulações e 31 informam o SNC sobre a posição das partes do corpo e o movimento que estão realizando. Ainda Momo; Silvestre; Graciani (2011), jogar bola em um alvo, bater palmas, bater os pés no chão, empurrar objetos são algumas atividades que sensibilizam os receptores proprioceptivos. Assim, a partir de práticas estruturadas enfatizando o equilíbrio sensorial. A criança aprende de forma espontânea, na medida em que planeja e executa seus comportamentos adaptados ao ambiente natural, em resposta aos estímulos já vivenciados. Apesar de muitos pontos positivos consideramos que a quantidade de intervenções foi insuficiente para uma conclusão do trabalho, pois por motivo de doença, o nosso homem aranha não pode finalizar as intervenções. Mas no geral conseguimos mostrar que o caminho a ser percorrido é esse, utilizando as práticas corporais como terapia lúdica e natural. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS O nosso trabalho teve o propósito de mostrar como a educação física através das práticas corporais apresenta um papel importante na vida das crianças com o Transtorno do Espectro Autista. Considerando sempre o seu potencial multidisciplinar, vistoque se integra em equipes e profissionais de áreas distintas, mas visando um único objetivo. No que tange as relações envolvendo o movimento corporal, essas experiência quando oferecidas e vivenciadas adequadamente contribuem amplamente para o aprendizado em espaço escolar, mas principalmente, no dia a dia dessas crianças. A partir desse estudo mostramos que questões relacionadas aos transtornos de modulação sensorial podem sim ser trabalhadas também pela educação física através das práticas corporais. A oportunidade de escolher trabalhar em ambientes não terapêuticos e não escolarizados, como os parques, as ruas, praças, e piscina deu a oportunidade a criança de vivenciar de forma real e natural o ambiente na sua essência. Tendo como objetivo principal a autoregulação, e como consequência a adaptação desse corpo em diferentes locais e situações no seu cotidiano, por já ter tido a oportunidade experiência anteriormente. Diante disso, acredito que os objetivos traçados nesse trabalho foram cumpridos. Entendo que o tempo fui insuficiente para obter respostas definitivas, mas, mesmo assim, conseguimos observar uma grande melhoria com essa intervenção. Podendo assim, ser levado a outras crianças a utilizar- se das práticas corporais como importante aliada nos tratamentos. E por se tratar de educação física que é componente curricular nas escolas, a inclusão de qualidade para essas crianças é uma meta a ser alcançada por todos que pensam na “nova educação física” como um caminho para a socialização, autonomia e independência, já que para uma criança no TEA a vida é diariamente feita de batalhas, superações e muitas conquistas dos obstáculos que a vida por si só impõe. Todos os dias surgem pesquisas sobre novos tratamentos relacionados ao autismo. E estudos como esse dão a esperança de um dia a educação física poder ser entendidos como principal aliado a um tratamento exitoso, sendo capaz de 33 dialogar com outras áreas para promover uma aprendizagem mais ampliada e completa. Pessoalmente, vejo potencial nessas crianças, pois mesmo tendo certa dificuldade de entender o mundo como ele é eles sempre conseguem nos mostrar que existem outras formas e modos de compreensão, que na maioria das vezes nos mostram o quanto são mais simples e mais bonitos. 34 REFERÊNCIAS 1. AARONS, M. & Gittens, T. The handbook of autism: a guide for parents and professionals. London: Routledge. (1992). 2. ARAÚJO, Álvaro Cabral; LOTUFO NETO, Francisco. A Nova Classificação Americana Para os Transtornos Mentais – o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. n. 1, p.67-82, jan. 2014. 3. AYRES, A. J. Sensory integration of integration theory pratice. Dubuque: Kendall publishing,1974. 4. 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