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1 Julia Florenzano Soares 
COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS 
• Complicações infecciosas: fístula, infecção de sítio 
cirúrgico, ITU, pneumonia. 
• Complicações da termorregulação 
• Complicações pulmonares: TEP, atelectasia, 
pneumonia. 
• Complicações gastrointestinais: íleo paralítico. 
• Complicações de parede: todas, incluindo 
hemorragia. 
 
 
 
 
 
 
COMPLICAÇÕES DE PARE DE/FERIDA CIRÚRGICA 
Seroma: 
• É o acúmulo de gordura liquefeita, soro e líquido linfático no tecido celular subcutâneo, logo abaixo da derme. Representa a 
complicação mais benigna após procedimento cirúrgico (visto frequentemente com mastectomia, dissecção axilar, dissecção 
da região inguinal). 
• Clínica: edema localizado e bem circunscrito, com desconforto à pressão e ocasional drenagem de líquido claro pela ferida 
não cicatrizada. INDOLOR. 
• Conduta: aspiração com agulha calibrosa sob condições estéreis e curativo compressivo. Obs: Um seroma que reacumula 
após pelo menos duas aspirações é evacuado pela abertura da incisão e limpeza da ferida com gaze umedecida com solução 
salina para permitir cicatrização por segunda intenção 
• Prevenção: uso de drenos de sucção. 
 
Hematoma: 
• É a presença de coleção de sangue no tecido subcutâneo de uma incisão recente ou em um espaço potencial na cavidade 
abdominal após exérese de um órgão. É decorrente de hemostasia inadequada, que pode ser resultado de falha na técnica 
cirúrgica ou de coagulopatia. Podem apresentar infecção secundária. 
• Fatores de risco: uso de drogas antiagregantes plaquetários (AAS, clopidogrel), anticoagulantes (heparinas, antagonista da 
vitamina K), hepatopatias e coagulopatias. 
• Clínica: expansão, tumefação e dor na área da incisão cirúrgica, com coloração azulada/arroxeada da pele e saída de secreção 
vermelho-vinho. Outras manifestações vão variar com tamanho, localização e presença de infecção. 
• Conduta: Caso pequeno, não exige intervenção. Caso retroperitoneal, a maioria deles pode ser tratada de forma expectante 
após correção de distúrbios da coagulação. Caso hematoma grande, pode ser necessário abrir a sutura, limpar a ferida e 
refazer a sutura. 
• Prevenção: no pré-operatório é evitada corrigindo anormalidades da coagulação e descontinuando medicamentos que 
alterem a coagulação. 
 
Deiscência da ferida: 
• É a separação das camadas músculo-aponeuróticas. É uma complicação temida devido à possibilidade de evisceração 
(protrusão de vísceras – alças de delgado – através da sutura cutânea), necessidade de intervenção imediata e da possibilidade 
de deiscência repetida, infecção da ferida cirúrgica e formação de hérnia incisional. 
• É mais comum ocorrer de 7-10 dias de pós-operatório, mas pode ocorrer em qualquer momento pós-cirurgia (Variando de 1-
20 dias). 
• Classificação: parcial e total (associada a evisceração). 
• Fatores de risco: infecção da ferida (principal), obesidade, idade avançada, aumento de pressão abdominal, problemas na 
cicatrização, desnutrição, medicamentos, técnica cirúrgica incorreta (suturas muito próximas a margem, muito distantes, sob 
grande pressão), cirurgia de emergência, uso crônico de corticoides, infecção intra-abdominal, hematoma. 
• Clínica: abaulamento da ferida, dor local e saída súbita de grande quantidade de secreção clara de cor salmão. Pacientes 
podem relatar a sensação de “rasgar”. 
• Diagnóstico: clínico - A investigação da ferida com uma pinça cirúrgica com algodão estéril na ponta ou com o dedo enluvado 
detecta a deiscência. 
• Conduta: se evisceração(vísceras ficam em contato com o meio externo) representa uma emergência cirúrgica (paciente 
recebe uma compressa estéril para por sobre os intestinos, recebe reposição volêmica rápida e volta para cirurgia – sendo 
que o tratamento da incisão depende da condição da aponeurose e de exclusão de o foco séptico). 
 
2 Julia Florenzano Soares 
Obs: deiscência gastrointestinal: febre + dor abdominal + sinais de peritonite + leucocitose + saída de secreção purulenta pela 
ferida. 
• Prevenção: cuidados técnicos com fechamento da aponeurose, em pacientes de alto risco podem ser feitos suturas com 
pontos separados e, nos casos em que não seja possível evitar alta tensão, pode ser necessário uso de tela sintética ou tecido 
absorvível para funcionar como uma “retenção”. 
 
Infecção do sitio cirúrgico (ISC) ou Infecção da Ferida Operatória: 
• Infecção que ocorre na incisão cirúrgica ou nos tecidos manipulados durante a cirurgia. 
• Ocorre mais comumente no 5º e 6º DPO, mas podem surgir mais cedo ou mais tarde. Cerca de 80% a 90% de todas as infecções 
pós‑operatórias manifestam‑se dentro dos 30 primeiros dias após o procedimento (ou em 1 ano se houver 
implantes/próteses). 
• cirúrgico.. 
• É a forma mais comum de complicação da ferida. 
• Fatores de risco: 
 Do paciente: extremos de idade, diabetes, desnutrição, imunossupressão, obesidade mórbida, doença vascular 
periférica, operação prolongada, drenos, infecção remota. 
 Fatores ambientais: contaminação, ventilação inadequada, corpo estranho 
 Fatores de tratamento: drenos, procedimentos de emergência, operação prolongada 
 
• Fisiopatologia: A fonte desses micro-organismos é principalmente a flora dos pacientes (origem endógena) quando a 
integridade da pele e/ou da parede de uma víscera oca é violada. Ocasionalmente, a fonte é exógena quando ocorre uma 
quebra na técnica cirúrgica, permitindo, assim, a contaminação da equipe e materiais cirúrgicos. 
• Etiologia: Os patógenos associados refletem a área que permitiu a inoculação da infecção, o que depende dos tipos de 
procedimentos realizados. 
- Bactérias gram positivas(staphylococcus aureus): se pele, passagem nasal e membranas mucosas. 
- Bactérias gram negativas: trato gastrointestinal. 
- Nosocomiais: MRSA (resistente). 
 
• Classificação: 
1. Incisional superficial: acomete a pele e tecido 
subcutâneo. Manifesta-se com eritema, edema 
local, dor e secreção purulenta. 
Conduta: drenagem e limpeza local com soro 
fisiológico. Usar ATB só se sinais de celulite 
(hiperemia além da ferida operatória) e 
comprometimento sistêmico. 
2. Incisional profunda: envolve a aponeurose e os 
músculos. Manifesta-se com secreção de 
liquido semelhante a ‘’agua suja’’, tecido 
subcutâneo friável e fáscia pálida. 
Conduta: desbridamento, drenagem e 
antibioticoterapia. 
3. De órgãos ou cavidades: acomete qualquer 
região ou órgão manipulado durante a cirurgia. 
Manifesta-se como abscesso intra-abdominal. 
Conduta: drenagem, desbridamento e 
antibioticoterapia. 
• Prevenção: cessação tabagismo 30 dias antes da 
cirurgia, controle de diabetes, nutrição em pacientes desnutridos, perda de peso em obesos, preparo adequado as cirurgias. 
 
COMPLICAÇÕES DA TERMORREGULAÇÃO 
Hipotermia 
• Causas: 
- Pré-operatório: trauma com lesões em ambiente frio, reanimação com líquidos IV frios 
- Perioperatório: grande área exposta (significativo resfriamento por evaporação), anestésicos (prejudicam a 
termorregulação), idade avançada, analgesia opioide (reduz tremo perioperatório) 
- Pós-operatório: ambiente frio, falha em manter paciente coberto, rápida administração de líquidos IV ou sangue. 
• Clínica: hipotermia, frio, tremor – alterações do SNSP com norepinefria aumentada, vasoconstrição associada, baixa perfusão 
de órgãos e tecidos periféricos. Temperaturas <35 graus estão associadas a maior risco de isquemia, além de prejudicar função 
plaquetária e fatores de coagulação 🡪 risco de sangramento aumentado. 
 
3 Julia Florenzano Soares 
- Caso gravo: hipotensão, bradicardia, FR muito baixa. 
• Fisiopatologia: hipotermia resulta em função de macrófagos prejudicada ou deteriorada, tensão de oxigênio tecidual reduzida 
e deposição de colágeno prejudicada ou deteriorada, que predispõe à infecção e má cicatrização da ferida. 
• Prevenção: cuidados pré e pericirurgicos: manter ambiente aquecidos, infusão venosa com líquidos aquecidos, etc. 
• Tratamento: cobertores, corrente forçada de ar quente,infusão de sangue e líquidos intravenosos quentes, lavagem 
peritoneal com líquidos aquecidos, etc. 
 
Hipertermia maligna: 
• Crise hipermetabólica potencialmente fatal que se manifesta durante ou após exposição a um anestésico geral deflagrador 
em indivíduos suscetíveis-distrofia muscular e osteogênese imperfeita (herança autossômica dominante) 
• Fisiopato: indivíduos com a mutação tem regulação alterada de cálcio no músculo esquelético e, quando expostos a 
anestésicos ocorre uma liberação anormal de Ca2+, que provoca ativação prolongada dos filamentos musculares, culminando 
em rigidez e hipermetabolismo. A glicólise descontrolada e o metabolismo aeróbico dão origem à hipóxia celular, acidose 
láctica progressiva e hipercapnia. A ativação muscular contínua com quebra do trifosfato de adenosina resulta em geração 
excessiva de calor. Se não for tratada, a morte de miócitos e a rabdomiólise resultam em hipercalemia e mioglobinúria. Por 
fim, desenvolvem‑se coagulação intravascular disseminada, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), isquemia intestinal e 
síndrome compartimental. 
• Exposição a anestésico inalatório/succinilcolinaaumento de cálcio muscularhipermetabolismo muscular  hipertemia 
(elevação de 1ºC a cada 3-5min), hipercapnia e rabdomiolise (aumento de K e enzimas musculares) 
• Prevenção: identificação dos indivíduos em risco (HF +, história pessoal de mialgia pós-exercício, tendência a febre, doença 
muscular e intolerância a cafeína). 
• Clínica: taquicardia, arritmia, hipertermia, acidose, incapacidade de abrir a boca (espasmo do músculo masseter). 
• Tratamento: descontinuar analgésico deflagrador, hiperventilar com O2 a 100%, anestesia alternativa, terminar cirurgia, 
administrar dantrolene (relaxante muscular), monitorar ECG, sinais vitais e débito urinário. ANTIDOTO: dantrolene 
 
Febre pós-operatória 
• Febre refere‑se a um aumento da temperatura corporal, que é regulada no hipotálamo anterior e no pós-operatório pode ser 
causada por infecção ou por síndrome da resposta inflamatória sistêmica. 
- Infecções mais comuns: ISC, infecção do trato urinário (ITU), infecção da corrente sanguínea relacionada com cateter 
intravascular (ICS‑RC) e pneumonia. 
• Clínica: 
- Febre alta com grande flutuação ou persistente e que ocorrem de 5 à 8 dias pós-operação: mais preocupantes 
- Causa mais comum de febre nas primeiras 48h: atelectasias 
- Sintomas associados indicam o tipo sítio da infecção. 
• Tratamento: antitérmicos + caso decorrente de infecção, tratar a infecção 
febre entre 2º e 4º dia: condições inflamatórias não infecciosas- resposta 
endócrino metabólica ao trauma ou atelectasia. O paciente não apresenta 
alterações sistêmicas. TTO de suporte 
febre após 3º dia: causas infecciosas – ITU, pneumonia, infecção associada a 
cateteres e ferida operatória 
febre 5º e 7º dia: principalmente em pacientes com anastomose do Trato 
digestivo- por deiscência de anastomose e extravasamento de conteúdo 
entérico. 
COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS 
Atelectasia 
• É a complicação mais comum pós-operatória, sendo a principal causa de febre nas primeiras 72 horas no pós-operatório. 
• Fatores de risco: anestesia geral, cirurgia abdominal alta, cirurgia torácica, obesidade, asma e DPOC prévio. 
• Fisiopatologia: Causado por hipoventilação devido efeito anestésico, dor ou imobilização pós-operatória. Os alvéolos 
periféricos entram em colapso. Se não for feita uma agressiva higiene pulmonar assim que os sintomas se apresentem, os 
alvéolos podem permanecer em colapso, levando ao acúmulo de secreções que podem-se infectar por bactérias. Desse modo, 
pode ter como complicação a pneumonia. 
• Clínica: febre baixa, mal estar, desconforto respiratório, redução dos sons respiratórios nos campos pulmonares inferiores. 
• Diagnóstico: clínico. 
• Conduta: espirometria de incentivo, estímulo da tosse, mudança de posição do paciente, hidratação, analgesia, deambulação 
precoce e fisioterapia respiratória. 
 
 
 
 
4 Julia Florenzano Soares 
Pneumonia 
• Pode ser complicação da atelectasia ou adquirida no hospital (infecção nosocomial). Geralmente ocorre entre o 5º e 7º dia 
pós-operatório (DPO). 
• Pneumonia adquirida no hospital: definida como a pneumonia que ocorre mais de 48h após internação e sem sinais 
antecedentes de infecção. 
• Fatores de risco: estado imunológico deprimido, doença concomitante, estado nutricional deficiente, aumento do tempo de 
permanência hospitalar, tabagismo, idade mais avançada, uremia, consumo de álcool, antibioticoterapia prévia, presença de 
um tubo endotraqueal, sonda nasogástrica (NG) ou sonda enteral e terapia com inibidor de bomba de prótons (IBP, que 
aumenta a colonização do estômago por bactérias patogênicas que podem elevar o risco de pneumonia associada ao 
ventilador). 
• Eitologia: 
- Pneumonia precoce adquirida no hospital sem ATB prévio: Streptococcus pneumoniae (coloniza as vias aéreas superiores), 
Haemophilus influenzae, Enterobacteriaceae spp. (E. coli, Klebsiella spp. e Enterobacter spp.) e S. aureus (principalmente 
MRSA). 
- Pneumonia tardia ou precoce com ATB prévio: envolvimento de bacilos gram negativos. Nos casos de resistência a múltiplos 
fármacos podem estar envolvidos: Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e MRSA 
• Clínica: febre alta, tosse produtiva com secreção purulenta, crepitações. 
• Diagnóstico: clínica, radiografia de tórax demonstrando infiltrados, hemograma apresentará leucocitose. 
• Complicação: insuficiência respiratória. 
• Conduta: antibioticoterapia empírica por 7 a 10 dias, enquanto aguarda resultado da cultura. 
 
EMBOLIA PULMONAR E TROMBOEMBOLISMO VENOSO 
• Tromboembolismo venoso: engloba TVP e embolia pulmonar. 
• Causado por uma perturbação do sistema de coagulação homeostático induzida por lesão da íntima, estase do fluxo 
sanguíneo e por um estado de hipercoagulabilidade. 
• Fatores de risco: idade avançada, cateter venoso, DPOC, varizes, tombofilia hereditária ou adquirida (gravidez/pós-parto, 
trauma, DII, histórico de TEV) 
• Maioria dos êmbolos pulmonares provém de uma TVP existente nos membros inferiores, e o sistema venoso iliofemoral 
representa o local dos quais se originam êmbolos pulmonares clinicamente mais importantes. 
• Clínica: mais de 50% é silenciosa, podendo haver sintomas inespecíficos como dispneia súbita, taquipnéia, hemoptise, 
taquicardia, edema de membros inferiores, dor a palpação da perna, etc. 
• Diagnóstico: radiografia de tórax (inespecífica mas exclui outras causas), ECG (exclusão de outras causas), gasometria arterial 
e exame com D‑dímero. 
- Se existirem sintomas da perna, realiza‑se o Doppler Venoso e, se positivo, considera‑se que o paciente tem EP e ele recebe 
medicação anticoagulante (porque o tratamento é semelhante ao da EP). 
- Se os sintomas da perna estão ausentes, pode ser usada a abordagem de TC espiral (angiografia pulmonar). Se os achados 
na TC espiral forem subótimos ou negativos e existir grande probabilidade de EP, obtém‑se uma arteriografia. 
- Em pacientes criticamente doentes com alta suspeita de EP e em pacientes com suspeita de EP maciça, o exame depende 
da sua estabilidade hemodinâmica. Em pacientes estáveis, a anticoagulação é iniciada se não existirem contraindicações, 
realiza‑se um DV e uma TC helicoidal é obtida com urgência. Em pacientes instáveis, é iniciada a anticoagulação e são 
realizados DV e ecocardiografia. Se os resultados ecocardiográficos forem positivos, inicia‑se a terapia trombolítica, e, se 
negativos, obtém‑se uma angiografia pulmonar. 
• Tratamento: heparina (impede a conversão do fibrinogênio em fibrina e interrompe a propagação do trombo), fondaparinux 
(inibe fator Xa) e agentes trombolíticos (estreptoquinase, uroquinase e ativador de plasminogênio tecidual recombinante). 
 
COMPLICAÇÕES GASTROINTESTINAIS 
Íleo paralitico 
• Íleo primário ou íleo pós-operatório: obstrução funcional por inibição da atividade intestinal propulsiva que ocorreimediatamente após cirurgia e desaparece de dois a quatro dias. 
• Íleo paralítico, adinâmico ou secundário: obstrução funcional que ocorre devido a um fator precipitante e está associado ao 
atraso no retorno da função intestinal. 
• É a atonia do trato gastrointestinal. Pode ocorrer em qualquer procedimento cirúrgico. 
• Causas: pancreatite, infecções intra-abominais, inflamação/hemorragia retroperitoneal, cirurgia prolongada, pneumonia, 
medicamentos. 
• Fisiopatologia: 
- Estresse cirúrgico e manipulação do intestino = atividade simpática inibitória sustentada e liberação de neurotransmissores 
e hormônios, ativação de uma resposta inflamatória molecular local que resulta na supressão do aparelho neuromuscular. 
 
5 Julia Florenzano Soares 
No período pós‑operatório imediato, ingestão restrita e anestesia narcótica pós‑operatória também contribuem para 
motilidade alterada do intestino delgado. Os peptídeos opiáceos e opioides no sistema nervoso entérico suprimem a 
excitabilidade neuronal. 
- Após a secção e reanastomose do intestino delgado, a parte distal do intestino não reage ao marca‑passo (encontrado no 
duodeno) e a frequência das contrações diminui. 
Ocorre por alteração na bomba de sódio e potássio ou efeito anestésico, levando a redução do peristaltismo, distensão 
abdominal e diminuição dos ruidos hidroaéreos. 
• Diagnóstico: clínico e radiografia de abdome (nível hidroaéreo e distensão abdominal). 
Obs: importante fazer a distinção com obstrução mecânica. Para isso, pode ser necessária TC: A TC é mais acurada na diferenciação 
funcional de obstrução mecânica ao identificar o denominado ponto de transição ou corte no local da obstrução em casos de 
obstrução mecânica. Ela também determina o nível (alto ou baixo) e grau de obstrução (parcial versus alto grau ou completo), 
diferencia entre obstrução complicada e não complicada (intestino comprometido, perfuração) e identifica tipos específicos de 
obstrução (obstrução em alça fechada, intussuscepção). 
• Tratamento: monitorar e corrigir desequilíbrio de eletrólitos, fazer analgesia alternativa a narcóticos (com AINEs ou até 
anestésico epidural), em alguns casos pode ser necessário sonda nasogástrica (mas de maneira seletiva pois pode trazer 
outras complicações). Tratar causas secundárias do ilío paralítico. Em alguns casos de urgência pode ser necessário 
intervenção cirúrgica. 
 
COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS 
Fístula intestinal 
• É a comunicação anormal entre um órgão oco epitelizado e outra superfície epitelizada. No trato gastrointestinal, uma fístula 
pode desenvolver-se entre dois órgãos digestivos ou entre um órgão oco e a pele. 
• Podem ser espontâneas ou adquiridas (traumáticas, espontâneas ou pós-operatórias). É a complicação pós-operatória mais 
grave. 
• Fatores de risco: obesidade, diabetes, desnutrição, doença de Crohn, enterite por radioterapia, cirurgia longa, 
imunossuprimidos e cirurgia de urgência. 
• Clínica: 
- Anatomicamente a fístula pode se originar do estômago, duodeno, intestino delgado (proximal ou distal) e intestino grosso, 
e pode erodir em outra porção do intestino (fístula enteroentérica) ou outro órgão oco (enterovesical), ou pode eclodir na 
superfície do corpo (fístula enterocutânea e pancretárica) ou vagina (fístula enterovaginal). 
fistulas pancreáticas/duodenais: podem levar à aciose metabólica e pela perda de bicarbonato 
fistulas gástricas/entéricas: desidratação pelo alto debito, e hipocalemia 
- A perda de conteúdos intestinais pela fístula resulta em dor abdominal, desidratação, desequilíbrio de eletrólitos e 
acidobásico, perda de proteína e desnutrição. 
- Fístula bloqueada: A drenagem da fístula pode ser bloqueada, formando um abscesso. 
- Fístula não bloqueada: resultando em peritonite. 
- Complicações: infecção secundária resultando em íleo paralítico e a sepse 
- Outras complicações: ocorrem em decorrência do contato da secreção com a pele ou ferida – pode gerar dermatite, sepse 
de pele, dor e prurido e até necrose. 
• Classificação da drenagem: alto débito (>500 ml/24 horas), médio débito (500-200 ml/24 horas) ou baixo débito (<200 ml/24 
horas). 
• Exames laboratoriais: hemograma, ionograma, coagulograma, ureia e creatinina, glicemia, hemocultura, urocultura, lactato 
e gasometria. 
• TC de abdome: evidencia líquido na cavidade peritoneal. 
• Conduta: suspende-se dieta oral para colocar intestino em repouso, hidratação e correção de distúrbios eletrolíticos, 
antibioticoterapia endovenosa, drenagem, dirigir a fístula (para fora), nutrição (enteral ou parenteral). 
→ Como a fístula que cicatriza mais rápido é a de baixo débito o objetivo é transformar uma fistula de alto débito em uma de 
baixo débito. Isso consiste em desfuncionalizar a fístula, que é realizado por meio de jejum, dieta pós-fístula, medicamentos que 
reduzem as secreções gástricas e intestinais (análogo da somatostatina – octreotidio; inibidor da bomba de prótons, antagonistas 
de receptores H2). 
→ Cerca de 80% das fístulas fecham sozinhas em 6 a 8 semanas. Se não fechar depois disso a conduta será cirúrgica. Contudo, em 
alguns casos a fístula não irá fechar sozinha, necesistando de intervenção cirúrgica (a partir de 4 semanas desde que o paciente 
esteja em boas condições), como por exemplo: câncer na linha de sutura, obstrução jusante (depois da fístula), corpo estranho na 
fístula, fistula labiada (contém mucosa do lado de fora). 
 
Flebite 
• É a inflamação das veias, que pode ser causada por: cateter venoso periférico (flebite química) ou cateter venoso central 
(flebite bacteriana). 
• Conduta: remover o cateter. 
 
 
6 Julia Florenzano Soares 
Infecção urinária 
• É comum e geralmente ocorre entre o 5º e o 7º DPO. 
• Etiologia: E. Coli. 
• Fatores de risco: contaminação preexistente da via urinária, retenção urinária, sonda vesical de demora (utilizada para medir 
o débito urinário em cirurgias extensas de pelve). 
• Clínica: cistite (disúria e febre discreta), pielonefrite (febre alta, dor no flanco). 
• Diagnóstico: clínica, urina, gram de gota, cultura. 
• Conduta: hidratação, antibioticoterapia empírico. 
SEPSE 
A sepse é resultado de uma síndrome desregulada de resposta inflamatória sistêmica do hospedeiro à infecção, resultando em 
disfunção de órgãos com risco de vida. Pode aparecer em qualquer momento do pós-operatório, o que depende da infecção que 
causou. 
OBS: SOFA avalia- PaO2/FiO2, plaquetas, bilirrubinas, pressão arterial, escala de coma de Glasgow e creatinina) 
Critérios clínicos para diagnóstico: 
 ANTIGO NOVO 
Sepse • Foco infeccioso confirmado ou presumido 
+ 
• SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica): resposta do 
organismo a um insulto variado, com a presença de pelo menos dois 
dos critérios: temperatura > 38º C ou < 36º C; FC > 90 bpm; FR > 20 
irpm ou PaCO2 < 32 mmHg; leucócitos >12000 ou < 4000 ou mais de 
10% de bastonetes 
• Foco infeccioso confirmado ou 
presumido 
 
+ 
• Aumento de 2 ou mais pontos no SOFA 
OU 2 ou 3 pontos no qSOFA (PAS < 100 
mmHg, FR > 22/min e Glasgow < 15) 
 
Sepse grave • Sepse 
+ 
• Disfunção de órgãos: PAS <90mmHg ou PAM <65mmHg; lactato 
>2mmol/L; RNI >1,5; bilirrubina >2mg/dl; débito urinário 
<0,5ml/Kg/h por 2h; creatinina >2mg/dl; plaquetas <100.000; SaO2 
<90% em ar ambiente 
 
_________ 
Choque séptico • Sepse grave 
+ 
• Hipotensão (PAM <90 mmHg) que não responde à reposição 
volêmica 
 
• Sepse 
+ 
• Necessidade de drogas vasopressoras 
para manter PAM ≥ 65 mmHg e com 
lactato ˃2 mmol/L, mesmo com reposição 
volêmica adequada 
 
 
Complicações imediatas - Primeiras horas Até 72h Após 72h Complicações da ferida 
cirúrgica 
Parada respiratória: Ocorre devido ao efeito 
anestésico, que causa rebaixamento de consciência, 
o que pode levar a obstrução de via aérea. A conduta 
é a reanimação. 
Hemorragia: Presença dos sinais de choque 
hipovolêmico. A conduta é reoperar o paciente. 
Vômitos 
Aspiração pulmonar: Os fatores predisponentes 
incluemvômitos, lesão dos esfíncteres esofágicos e 
reflexos laríngeos, motilidade gastrointestinal 
alterada e ausência de jejum pré-operatório. 
Retenção urinária: É prevenida pela sonda vesical 
utilizada durante o procedimento cirúrgico, 
principalmente para aqueles que duram mais de 3 
horas. 
• Íleo 
paralítico 
• Atelectasia 
 
• Pneumonia 
• ITU 
• Infecção de sítio 
cirúrgico 
• Deiscência da ferida 
• Seroma 
• Hematoma 
• Flebite 
• Fístula intestinal

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