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APOSTILA CND - Curso Normal à Distância (21) 3347-3030 / 2446-0502 Apostila Metodologia da Pesquisa 3 Sumário Introdução ............................................................................................................ 4 1 . Metodologia e pesquisa em educação ........................................................ 6 2 . A pesquisa em educação ................................................................................. 13 3. Modalidades de pesquisa em educação- tipos de pesquisa ......................... 18 3.1. A pesquisa bibliográfica............................................................................ 18 3. 2. A pesquisa de campo .................................................................................. 23 3.3. A pesquisa documental ............................................................................. 25 3.4. A pesquisa-ação ....................................................................................... 26 4. O projeto de pesquisa e a apresentação dos seus resultados ................... 29 4.1. Considerações sobre a elaboração do projeto de pesquisa ................ 29 4.2. A ordem de montagem de um trabalho ..................................................... 39 4.2.1. Os elementos pré-textuais ................................................................ 39 4.2.2. Os elementos textuais da pesquisa .................................................... 44 5. Cuidados necessários com as referências e citações .................................. 47 6. A construção do texto de um capítulo e a conclusão ....................................... 53 6.1. Construindo o texto de um capítulo ........................................................... 53 6.2. A elaboração da conclusão ....................................................................... 55 7. Ajudando a elaborar relatório de estágio ......................................................... 56 7.1. Como e o que observar? ........................................................................... 56 7.2. Como será a linguagem adequada a um relatório? .................................. 58 7.3. Algumas recomendações para a elaboração do texto do relatório ........... 59 Referências Bibliográficas e Bibliografia .............................................................. 62 Anexo 1. Exemplo de pesquisa bibliográfica ....................................................... 66 Anexo 2. Exemplo de pesquisa de campo.......................................................... 68 Anexo 3. Exemplo de pesquisa documental em educação ................................. 69 Anexo 4. Exemplo de pesquisa ação em educação ............................................ 70 Anexo 5. Exemplo de projeto de pesquisa de trabalho de término de curso ........ 71 Anexo 6. Introdução de monografia ..................................................................... 75 4 INTRODUÇÃO Caro aluno , cara aluna Você está iniciando um módulo muito instigante para todos aqueles que sentem necessidade de aprofundar os estudos em Educação, através de pesquisas. Vamos trabalhar com informações fundamentais a quem deseja criar textos acadêmicos com aplicação de normas técnicas que fazem a leitura do texto apresentar clareza, coesão e coerência. O bom uso desses recursos permite uma leitura que flui de forma ordenada e enquadrada nos parâmetros que regem a construção do trabalho científico, especialmente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Cabe ainda destacar que cada instituição tem normas próprias para a apresentação dos trabalhos monográficos que você precisará conhecer, também, de forma a atender as recomendações específicas da mesma. Por exemplo nos nossos módulos convencionamos usar preferencialmente o tipo de fonte Arial tamanho 12, que é bastante recomendado para trabalhos científicos. Nossos materiais de estudo não podem ser considerados como pesquisas científicas, mas algumas das regras de apresentação de trabalhos acadêmicos estão sendo obedecidas de forma a tornar nossos textos agradáveis à leitura e ao mesmo tempo, procuramos torná-los interativos visando fazê-lo construtor dos conhecimentos que vamos apresentando. Dessa forma estamos colocando caixas de textos com letras diferentes, usamos cores para chamar atenção e usamos ilustrações o que não seria comumente utiizado ao longo do texto de trabalhos monográficos. Assim durante o seu estudo desse material de Metodologia da pesquisa estaremos abordando aspectos ligados à elaboração do conhecimento, à 5 pesquisa qualitativa em educação e as modalidades mais utilizadas tais como as pesquisas bibliográficas, de campo, documentais e de pesquisa ação. Faremos ainda a apresentação de esquema de plano de pesquisa e as partes mais importantes na composição de um bom projeto de pesquisa. Também trazemos informações essenciais quanto à composição de um trabalho monográfico apresentando os elementos pré-textuais, textuais e pós textuais em trabalhos acadêmicos. Enfim pensamos em auxiliá-lo na elaboração de seu relatório de estágio e apresentamos considerações que certamente facilitarão o seu trabalho. Ao final dos sete capítulos, além das referências, estão anexos materiais que são exemplos de tópicos de destaque, que foram explicados ao longo da apostila. Boa leitura e interação! 6 1 . METODOLOGIA E PESQUISA EM EDUCAÇÃO Você já notou que para fazermos as atividades, desde as mais corriqueiras até as mais complicadas, costumamos realizar um plano de ação? Dessa maneira podemos considerar que o mesmo ocorre quando pretendemos realizar uma pesquisa em Educação. Assim buscamos um caminho para isso. De acordo com Demo(1995 , p.11) metodologia quer dizer “estudo de caminhos, dos instrumentos usados para fazer ciência”, ou como se refere Minayo(1998, p.22) “caminhos e instrumental próprios de abordagem da realidade.” Já o termo pesquisa significa, no dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986), "indagação ou busca minuciosa para averiguação da realidade; investi- gação, inquirição". Ainda de acordo com Tozoni-Reis (2010, p.2) é a "investigação e estudo, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento". Ela pode ser natural ou social, no entanto, é necessário ressaltar que é um processo através do qual se conhece e interpreta uma realidade. Dessa forma a função da pesquisa é a interpretação do que vivenciamos. A pesquisa, como afirma Santos (1989), é a "prática social de Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Conceituar metodologia da pesquisa Refletir sobre a construção do conhecimento Avaliar a questão da neutralidade do conhecimento 7 conhecimento". Assim fica patente o caráter social da atividade de pesquisa, conferindo-lhe como objetivo último o conhecimento para a vida social. Surge nessa definição um outro termo que exigirá algumas considerações sobre ele, de forma que o mesmo fique claro para nós Trata-se do estudo sobre conhecimento. Nosso mundo humano é construído pela cultura, pelos sujeitos em suas relações interpessoais e com o ambiente em que vivem. Vivemos no mundo em constante ação: observamos, sentimos e agimos, mas sempre - e isso nos diferencia de outras espécies vivas - pensamos. Todos os nossos atos são acompanhados de pensamento, de reflexões sobre o observado, o sentido e o vivido. Assim, o conhecimento diz respeito à compreensão teórica do mundo e das coisas, a elaboração do mundo das coisas no pensamento, a busca de significado para eles. Mas torna-se também a ação prática, a definição, no pensamento e na ação, do modo de agir no mundo. Nesse sentido, buscamos conhecer, significar, compreender todas as situaçõesvividas em busca de desvendar mistérios sobre o funcionamento da vida em suas múltiplas dimensões. Todo conhecimento tem como objetivo, então, a convivência dos sujeitos com o mundo e as coisas que o cercam - uma convivência compreendida, significada. Agir sobre o mundo para transformá-lo, exige sua compreensão e interpretação. A busca do conhecimento é uma atitude essencialmente humana, buscar compreender e dar significado para o mundo e as coisas é uma atitude que faz parte da essência do ser humano. É preciso lembrar que o processo de elaboração de conhecimento sobre o mundo não é um processo individual. Pode-se dizer que o conhecimento é histórico e social. Histórico porque cada conhecimento novo dá continuidade aos conhecimentos anteriores e social porque nenhum sujeito constrói, a partir de nada, um novo conhecimento: todo conhecimento se apoia 8 em conhecimentos anteriores, produzidos por outros sujeitos, portanto, ele é social e coletivamente produzido. O conhecimento "ilumina" a ação humana sobre o mundo e as coisas; é a luz do caminho a ser percorrido. Assim, o conhecimento pode ser, então, um instrumento de libertação. Há ainda uma importante questão relativa à produção do conhecimento. É a questão da sua neutralidade. Sendo algo construído pelo homem, esse conhecimento pode ser usado para controle ou para a libertação, portanto ele não é neutro. Para Tozoni-Reis o conhecimento é uma forma teórico-prática de compreensão do mundo, das pessoas e das coisas. Dessa forma devemos entendê-lo como um instrumento para melhor enxergar as relações dos sujeitos entre si, e deles com o ambiente em que vivem em variadas, múltiplas e detalhadas dimensões. Observe o organograma baseado em Luckesi( 2005) em Filosofia da Educação. 9 Assim, voltando nossa ótica para a pesquisa em educação, é importante refletir a importância da Educação que pode se apresentar como transformadora ou reprodutora dos objetivos da sociedade. Se considerarmos que educação seja um instrumento de reprodução da sociedade. ela será é uma educação não-crítica, que buscará a adaptação do sujeito à mesma sociedade. Assim se vivemos numa sociedade desigual, e a educação é concebida como um processo de adaptação e instrumento de 10 reprodução dessa sociedade, ela terá como objetivo final a manutenção da desigualdade. Já a educação como instrumento de transformação da sociedade é a educação crítica, aquela que tem como finalidade principal a instrumentalização dos sujeitos para que esses tenham uma prática social crítica e transformadora. Isso significa dizer que, numa sociedade desigual, os sujeitos precisam se apropriar de conhecimentos, ideias, atitudes, valores, comportamentos etc., de forma crítica e reflexiva, para que tenham condições de atuar efetivamente na sociedade, sob a perspectiva de transformação. Apropriando-nos das ideias de Luckesi(2005), a partir do organograma apresentado, quando expõe suas reflexões a respeito do conhecimento escolar, ele ressalta que o mesmo precisa incorporado pela compreensão, exercitação e ter utilidade criativa. Vários conceitos e implicações importantes foram trazidas nesse capítulo, objetivando despertar seu interesse em captar a realidade através do conhecimento e registrá-las segundo normas técnicas.. Trabalhamos com aspectos essenciais sobre os quais ao final desse estudo você deve buscar fixar a sua atenção. metodologia pesquisa conhecimento e realidade neutralidade método direto e indireto de conhecimento conhecimento escolar Assim você estará pesquisando e "conhecendo o conhecimento." 11 Atividades 1-Interprete a citação abaixo buscando entender o que Minayo (1998) está trazendo à reflexão:: Entendemos por pesquisa a atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula o pensamento e ação, ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. (MINAYO, 1998, p. 17). 2- Pense sobre as ponderações de Luckesi que são apresentadas a seguir: Reescreva-as segundo seu entendimento. (...) “devemos pensar no conhecimento não só "como um mecanismo de compreensão e transformação do mundo", mas também "como uma necessidade para a ação e, ainda, como um elemento de libertação". (LUCKESI, 1985,p.51) “O conhecimento tem o poder de transformar a opacidade da realidade em caminhos "iluminados", de tal forma que nos permite agir com certeza, segurança e previsão." (LUCKESI, 1985, p. 51).” 12 3- Aprecie as palavras de Tozoni-Reis (2010, p.4) e interprete-as Em sua prática social, a pesquisa é uma atividade complexa que se realiza em todos os momentos da vida humana. Pesquisar é produzir conhecimentos para a ação. Portanto, pesquisamos sempre e a todo o momento. Ocorre que, no mundo acadêmico, dedicamo-nos a uma prática de pesquisa mais sistematizada, mais organizada. Isso ocorre porque a produção dos conhecimentos exige as formas científicas de compreensão das coisas. 13 2 . A PESQUISA EM EDUCAÇÃO Há variadas possibilidades de caminhos para a realização de uma pesquisa, quer seja em Educação ou em outro setor . Para começar a abordar a questão da pesquisa em Educação escolhemos adaptar o pensamento de Rubem Alves no livro “Entre a ciência e a sapiência” (1999 p.123,124,125). O que será que esse escritor está tentando mostrar? Há os pianos. Há a música. Ambos são absolutamente reais. Ambos são absolutamente diferentes. Os pianos moram no mundo das quantidades. Deles se diz :”Como são bem feitos”. [...] Pianos são máquinas de grande precisão Sua fabricação exige uma ciência rigorosa. A música mora no mundo das qualidades. Dela se diz “Como é bela”. [...] A realidade da música se encontra no prazer de quem a ouve. O prazer é uma experiência qualitativa. Não pode ser medido. Não há receitas para a sua repetição. Cada vez é única, irrepetível.” Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar os métodos de pesquisa quantitativa e qualitativa. Relacionar a metodologia qualitativa com os métodos mais usados em Educação. Reconhecer a possibilidade de complementaridade entre o quantitativo e o qualitativo Reconhecer o caráter multidisciplinar da Educação que cria uma peculiaridade ao saber pedagógico. 14 Você percebeu que o autor está abordando a realidade em aspectos qualitativos e quantitativos? Vamos imaginar que você queira pesquisar sobre um determinado produto. Que caminhos você poderá buscar para conhecê-lo? Ir a uma loja e conversar sobre o mesmo com o representante de vendas? Buscar na internet o site da empresa e ler a informação sobre o mesmo? Ler o catálogo de propaganda que você recebeu? Comparar o preço do produto em diferentes propagandas? Buscar informes nas reclamações da defesa do consumidor para formar um juízo de valor sobre o produto? Verificou a multiplicidade de caminhos para a pesquisa? De acordo com o site brasilescola1 há dois grandes métodos de investigação: Quantitativo e o Qualitativo. Nesse aspecto a natureza do problema e seu nível de aprofundamento é que determinarão a escolha do método de pesquisa.. Se quisermos ser pesquisadores em Educação precisamos escolher caminhos para realizar a nossa pesquisa. A natureza do trabalho de pesquisa é que acaba por indicar qual será a melhor opção para realização do estudo que se quer desenvolver,como já afirmamos acima. Muitas indagações são feitas quantoao propósito de realizar pesquisas em educação. Porém, os autores dos trabalhos de pesquisa em Educação enfatizam a importância da pesquisa qualitativa. O autor Triviños (1995) ao falar sobre pesquisa qualitativa conta-nos que, a partir da década de setenta do século XX, o interesse dos educadores se volta para a discussão dos aspectos qualitativos de Educação. Para ele o ensino sempre se voltou para o qualitativo mas manifestava-se através de medidas quantitativas como por exemplo a percentagem de analfabetos, de repetentes , do número de matrículas, 1 http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/metodos-pesquisa.htm 15 refletindo o discurso positivista que aplicava os mesmos princípios das ciências naturais à Educação. Ainda para o autor acabou-se formando uma dicotomia entre quantitativo e qualitativo, e cada grupo acusava o outro ou de quantificar ou de fazer pesquisas qualitativas que entendiam como “artificial e inútil”(TRIVINÕS ,1995,p.116). Ressalta então que essa interpretação é errônea. A pesquisa em Educação, assim como a pesquisa em outras áreas das ciências humanas e sociais, é essencialmente qualitativa. No entanto, é necessário considerar que os fenômenos humanos e sociais nem sempre podem ser quantificáveis, pois, como afirma Minayo (1998), trata-se de um "universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis".( MINAYO et al,1998, p.21, 22) A pesquisa qualitativa defende a ideia de que, na produção de conhecimentos sobre os fenômenos humanos e sociais, interessa muito mais compreender e interpretar seus conteúdos do que descrevê-los. No entanto, é preciso compreender a diferença entre a abordagem quantitativa e a qualitativa na pesquisa. Enquanto a primeira dá ênfase aos dados visíveis e concretos, a segunda aprofunda-se naquilo que não é aparente, "no mundo dos significados, das ações e relações humanas" (MINAYO, 1998). Essa autora afirma também que não há razão para colocar em oposição essas duas abordagens, pois elas podem se complementar. É possível dar às análises dos dados quantitativos, por exemplo, uma abordagem qualitativa. Se você retornar às afirmativas de Triviños verificará que os dois autores têm o mesmo ponto de vista. Fique alerta para o fato que os paradigmas qualitativos são, portanto, os mais valorizados no tratamento dos fenômenos sociais, inclusive em sua dimensão 16 investigativa. No entanto, no mundo científico em geral, essa valorização ainda é controversa. Para encerrar a polêmica entre o qualitativo e o quantitativo vamos considerar que em Educação, a pesquisa possui caráter essencialmente qualitativo, sem perder o rigor metodológico. A ênfase consiste em compreender os diversos elementos dos fenômenos estudados. As discussões sobre a pesquisa qualitativa como referencial metodológico em Educação ressaltam as investigações dos fenômenos educativos quer na escola ou extra muros escolares, nos diversos espaços de nossa sociedade. Esses fenômenos, na abordagem qualitativa, deverão ser compreendidos em sua complexidade histórica, política, social e cultural, para que possamos produzir conhecimentos comprometidos com a educação crítica e transformadora. Este nosso capítulo sobre a pesquisa em Educação não poderia ser concluído sem colocar em cena uma outra peculiaridade relativo ao saber pedagógico. Esse aspecto diz respeito ao caráter multidisciplinar da Educação e ao fato da mesma fazer interface com outras ciências como por exemplo a Sociologia , a Filosofia, a Antropologia e a Psicologia. Para Tozoni-Reis (2010) no entanto, não podemos esperar consensos teórico-metológicos na nossa área de estudo porque ela é dinâmica e complexa e precisamos estar conscientes dessa complexidade, produzindo conhecimentos que vão se constituir em saber pedagógico. Por fim, faz-se necessário destacar que na caminhada qualitativa da pesquisa em Educação a tarefa do pesquisador envolvido como principal instrumento de investigação deve ser destacada. Para nossa Ciência a 17 compreensão dos conteúdos, como já citamos, é mais importante do que sua descrição ou sua explicação. De acordo com o citado por Tozoni-Reis ao consultar Alves-Mazzotti e Gewandsznajder(1998) o pesquisador é o principal instrumento de investigação e assim precisa de contato direto e prolongado com o campo, para poder captar os significados dos comportamentos observados. PESQUISADOR + CAMPO + FONTE = PESQUISA E então caro aluno? Você percebeu como a sua atitude investigativa e o registro delas através da utilização de determinadas regras, se constitui numa importante tarefa da educação que se quer efetivamnete transformadora? Até este capítulo trouxemos múltiplos enfoques para enriquecer seus de conhecimentos sobre pesquisa. Para torná-lo um pesquisador cada vez mais capaz, o próximo capítulo enfocará as diferentes modalidades de pesquisa em Educação. Venha conosco! 18 3 MODALIDADES DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO- tipos de pesquisa Imagine que você precisará fazer uma pesquisa, com temática ligada à Educação. Ao pôr em prática a sua pesquisa há que se considerar a fonte de dados que você utilizará, já que ela serve de indicativo para modalidade de pesquisa que vai ser realizada. Dentre as muitas modalidades de pesquisa presentes nos estudos em Educação, é válido citar quatro tipos, muito utilizados. São elas :a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo, a pesquisa documental e a pesquisa-ação. Partimos então para o entendimento de cada uma delas, levando em conta, principalmente, o campo de coleta de dados. 3.1. A pesquisa bibliográfica Em todas as pesquisas, inclusive nas experimentais, que não são muito próprias para as ciências humanas e sociais, o pesquisador precisa buscar na bibliografia especializada conhecimentos científicos e até informações menos sistematizadas que se relacionam ao seu estudo De fato, todas as modalidades de pesquisa exigem uma revisão bibliográfica; uma busca de conhecimentos sobre os fenômenos investigados, na bibliografia especializada. Ao final da apostila verifique o material usado como exemplo.(Anexo 1) A pesquisa bibliográfica tem como principal característica o fato de que o campo de informação, onde serão feitas as coletas dos dados, se Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer as formas mais usuais de pesquisa em educação: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, pesquisa documental e pesquisa-ação. Destacar a importância da coleta de dados nas diferentes tipos de pesquisa Analisar a importância da leitura atenta, do fichamento bibliográfico e da contextualização das obras dos autores referenciados na pesquisa.. 19 encontra na própria bibliografia sobre o tema ou sobre o objeto que se pretende investigar. No entanto, na pesquisa bibliográfica vamos buscar nos autores e obras selecionados, os dados para a produção do conhecimento pretendido. O foco nesse tipo de pesquisa é colocar os próprios autores consultados em uma situação de conversa entre eles. Verifique que isso foi sendo feito ao longo do nosso módulo de forma procurar ouvir diferentes autores, buscando elucidar aspectos sobre nossa disciplina. Assim não partimos para ouvir entrevistados, nem observar situações vividas, mas mantivemos uma conversação e debate com os autores através de seus escritos. Isso é bem comum na pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica obedece a um passo a passo que acaba por ser comum a outros tipos de pesquisa. O primeiro passo é o delineamento da pesquisa queconsiste na elaboração do projeto de pesquisa. Nele o pesquisador vai proceder a uma revisão bibliográfica: para aclarar melhor o problema de pesquisa. Isso permite que ele se aproprie de conhecimentos para a compreensão mais aprofundada do assunto e do tema. A partir dessa seleção e da continuidade dela através da leitura cuidadosa dos autores e obras selecionados são coletados os dados para análise. De posse dos dados e após um estudo aprofundado sobre os mesmos, passa-se a sua organização, através de categorias de análise. Depois da análise e interpretação dos dados segue-se para a discussão dos resultados obtidos na coleta de dados. Chega-se a fase de redação final que consistirá na elaboração do relatório final da pesquisa na forma exigida para o nível de investigação. Esses 20 níveis podem ser os de monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado, tese de doutorado ou outro tipo de relatório. Parada para revisão Releia os informes sobre a pesquisa bibliográfica e faça um esquema simples sobre o passo a passo para a organização da mesma. Pronto para continuar? No entanto, é necessário observar a especificidade dos procedimentos metodológicos Vejamos que procedimentos são esses: leitura apurada, contextualização da obra e autor estudado.e fichamento bibliográfico. Comecemos pela leitura para análise e interpretação dos dados. Ela é específica em todo processo, e exige do pesquisador muita atenção. 21 Severino (1985), ao apresentar uma metodologia para leitura, análise e interpretação de textos, afirma que não é possível captar os significados mais profundos das ideias expressas nos textos acadêmicos e científicos se não com um procedimento de leitura que seja sistematizado. Assim ele traça, diretrizes metodológicas para a leitura, análise e interpretação de textos. Interpretar, num sentido restrito, é tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das ideias expostas, é cotejá-las com outras, enfim, é dialogar com o autor. (SEVERINO, 1985, p. 60). Atividade Aplique ao texto de Saviani (1998, p.45) esse procedimento sugerido no parágrafo anterior. Para a pedagogia crítico-social dos conteúdos, o processo de apropriação do conhecimento como elaboração ativa do sujeito, em interação com o objeto e os outros sujeitos, é o ponto chave do processo de ensino. 22 Voltando à sugestão de Severino(1985) quando ele enfatiza as múltiplas tarefas de alguém que interpreta o texto de um autor. Severino chama a atenção para o fato que é preciso contextualizar historicamente o autor e sua obra, para, em seguida, proceder a um minucioso resumo da obra no que diz respeito à estrutura do texto, as ideias apresentadas pelo autor a interpretação dessas ideias, a problematização (discutir com o autor). Vamos tentar esclarecer a situação de contextualização. Suponha que você leia algo escrito por Comênio (1592-1670), na Didática Magna. Tenha sempre em mente que ao escrever o texto o autor vivia no período de nascimento do pensamento pedagógico moderno e assim mais facilmente você entenderá as propostas que ele apresenta. Outra técnica de leitura muito valiosa é o fichamento bibliográfico. O fichamento bibliográfico deve acompanhar o estilo do pesquisador, mas alguns de seus elementos são fundamentais tais como : informações completas sobre autor e obra, informações do contexto histórico da produção da obra, resumo da obra, identificação do objetivo, identificação da tese (ideia original defendida pelo autor), identificação do referencial teórico (conceitos, categorias e pressupostos), informações sobre as fontes e referências utilizadas pelo autor (INÁCIO-FILHO, 1995). O fichamento permite, portanto, sistematizar o trabalho de coleta de dados sobre o qual serão empreendidas as análises dos temas em estudo. Assim, a produção de conhecimentos, que resulta do trabalho de investigação científica que toma a pesquisa bibliográfica como modalidade e não se reduz a uma apresentação das ideias de diferentes autores acerca do tema estudado. Ao contrário, exige do pesquisador a produção de argumentações 23 sobre o tema, nascidas da sua própria interpretação, resultado de um estudo aprofundado sobre o assunto. Concordar, discordar, discutir, problematizar os temas à luz das ideias dos autores lidos são os procedimentos dessa modalidade de pesquisa. 3. 2. A pesquisa de campo Essa modalidade de pesquisa, como o próprio nome indica, tem a fonte de dados no próprio campo em que ocorrem os fenômenos. No caso da pesquisa em Educação, o foco está na observção dos espaços educativos. Quando nos referimos aos campos educativos, estamos nos referindo ao escolar e extra escolar, onde as atividades de ensino-aprendizagem se realizam. A pesquisa de campo em educação, portanto, caracteriza-se pela ida do pesquisador aos espaços educativos para coleta de dados, com o objetivo de compreender os fenômenos que nele ocorrem. Ao proceder a análise e interpretação dos dados, a pesquisa poderá contribuir aclarar aspectos educativos tanto nos ambientes educativos escolares quanto nos espaços extra escolares.(Anexo 2) Dessa forma, os grandes momentos do processo de pesquisa, nessa modalidade, também são, a princípio iguais ao da pesquisa bibliográfica, e seguidos da coleta de dados com a ida ao campo. Ocorre então a busca de dados para a análise mediante a aplicação de algumas técnicas e instrumentos. Esses dados passam por determinada organização. São agrupados em categorias para facilitar a análise. Seguem-se dois momentos essenciais quando são analisados, interpretados e discutidos os resultados obtidos na coleta de dados em diálogo com os autores consultados .Ou seja o que foi observado é confrontado com as ideias dos autores selecionados como referenciais para análise. 24 A partir disso se elabora o relato final que pode ser como já anteriormente citado uma monografia, um trabalho de conclusão de curso, uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado ou ainda, por exemplo, o relatório de estágio. Há algumas maneiras de proceder à coleta de dados, levando em conta as condições, objetivos e práticas de sua realização. As técnicas mais usadas pelas pesquisas de campo das ciências da educação são a observação e a entrevista. A técnica de observação variará segundo o grau de participação do pesquisador no local observado, podendo assumir dois tipos: observação ou observação participante. Tenha em mente que observação é a técnica de coleta de dados por meio da qual o pesquisador assume o papel de observador sem nenhuma intervenção intencional no fenômeno observado, enquanto a observação participante leva em conta a ação do próprio pesquisador. É, por assim dizer um trabalho em que um professor, fazendo investigação de coleta de dados por exemplo do processo aprendizagem da leitura e escrita dos seus alunos, a observa e registra . No tocante à entrevista essa pode também ser utilizada como entrevista estruturada ou semi-estruturada, segundo o grau de sistematização delas. A entrevista estruturada é a técnica de coleta de dados em que o pesquisador segue rigorosamente um roteiro preestabelecido para suas entrevistas. Podemos considerar que o questionário é um instrumento muito usado na pesquisa de campo, e o mesmo tem o máximo da estruturação possível para uma entrevista. A entrevista semi-estruturada é como o próprio nome indica o meio termo entre a estruturada e a totalmente livre como uma conversa entre entrevistador e entrevistado sobre os temas de interesse da pesquisa. 25 3.3. A pesquisa documental Como o sugeridopelo nome essa modalidade de pesquisa consiste na coleta dos dados, através de documento que pode ser histórico, institucional, associativo, ou oficial. Isso significa dizer que a busca de dados estará focada nos documentos, que exigem uma análise, para a partir daí produzir-se conhecimentos. A seguir estão alguns exemplos de documentos que podem ser utilizados para esse trabalho em Educação: O Relatório Mundial da Educação lnfantil da Unesco A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 O Plano Nacional de Educação Os Parâmetros Curriculares Nacionais. Os Referênciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. As Diretrizes Curriculares para os cursos de Pedagogia Agenda 21 e a Carta de Salamanca Concluimos ressaltando que a pesquisa documental em educação é, portanto, uma análise que o pesquisador faz a documentos que tenham significado para a organização da educação ou do ensino. (Anexo 3) Que outros importantes documentos você poderia citar como exemplo para pesquisa documental em Educação? 26 3 .4 A pesquisa-ação Tal como o nome indica, a pesquisa-ação visa produzir mudanças através ação e ao mesmo tempo através da pesquisa se busca a compreensão a respeito da ação da qual se participa.(Anexo 4) .A consideração dessas duas dimensões, mudanças e compreensão, podem dar uma importante contribuição na elaboração do projeto de pesquisa. Nessa metodologia a pesquisa-ação a produção de conhecimentos é articulada com a ação educativa. Fazer pesquisa- ação significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária. Por um lado investiga, produz conhecimentos sobre a realidade a ser estudada e, por outro, realiza um processo educativo para o enfrentamenlo dessa mesma realidade. Essa modalidade da pesquisa qualitativa também é conhecida como pesquisa participante, pesquisa participativa ou pesquisa-ação-participativa. E considerada "uma modalidade nova de conhecimento coletivo do mundo e das condições de vida de pessoas, grupos e classes populares" (BRANDÃO, 1981, p. 9). Tem como ponto forte a participação democrática dos sujeitos envolvidos. tomando como ponto de partida os problemas reais, e refletindo sobre eles, visa-se romper a separação entre teoria e prática na produção de conhecimentos sobre os processos educativos. " Atividade Compare as afirmativas e estabeleça as suas conclusões a respeito da pesquisa- ação, a partir do exposto pelos dois autores. 27 Texto 1 (...)consiste em uma alternativa de pesquisa que coloca a ciência a serviço da emancipação social, trazendo duplo desafio: o de pesquisar e o de participar, o de investigar e educar, realizando a articulação entre teoria e prática no processo educativo. (DEMO, 1992 citado por TOZONI REIS,p.41). Texto 2 A pesquisa-ação tem como ponto de partida a articulação entre a produção de conhecimentos para a conscientizaçao dos sujeitos e solução de problemas socialmente significativos (THIOLLENT, 2000 citado por TOZONI REIS, p.41). Nessa modalidade de pesquisa os participantes deixam de ser "objetos" de estudo para serem pesquisadores, produtores de conhecimentos sobre sua própria realidade. O sujeito que vive a realidade socioambiental em estudo é, portanto, um sujeito-parceiro das investigações definidas participativamente; ou ainda, um pesquisador comunitário que constrói e produz conhecimentos sobre essa realidade em parceria com aquele que seria identificado, numa outra modalidade de pesquisa, como pesquisador acadêmico. São claros os fundamentos político-sociais da pesquisa científica sob a metodologia da pesquisa-ação em educação. Referem-se, em especial, à necessidade de superar um modelo de ciência que se fundamenta na separação entre a teoria e a prática. Por outro lado para alguns pesquisadores que utilizam métodos e metodologias convencionais, a pesquisa ação é pobre, porque não 28 existem as condições metodológicas exigidas para um trabalho considerado “científico”. Ao final da apresentação das quatro formas mais comuns de pesquisa metodológica em Educação, é válido registrar que no Brasil, as pesquisas em educação têm crescido muito em número e qualidade da produção . Ressaltamos que não há necessidade de se fechar um círculo, levando em conta somente os tipos de pesquisa apresentados no nosso capítulo. Há na verdade um desejo de construir práticas inovadoras de pesquisa em Educação, de forma a permitir a elaboração de um retrato cada vez mais próximo da realidade educativa em nosso país, para que todos os envolvidos em Educação possam auxiliar com seus trabalhos para a construção da sonhada sociedade mais justa e democrática. Fica aqui o convite: vamos então partir para o processo de pesquisa e registro da mesma? O próximo capítulo tratará de auxiliá-lo a construir conhecimentos a esse respeito. 29 4. O PROJETO DE PESQUISA E A APRESENTAÇÃO DOS SEUS RESULTADOS Quando pretendemos realizar uma boa pesquisa há dois grandes momentos que merecem atenção especial. O primeiro deles trata da elaboração do projeto de pesquisa e o segundo da forma correta de registrar seus resultados. 4-1 Considerações sobre a elaboração do projeto de pesquisa Ao partirmos para a pesquisa faz-se necessário elaborar um projeto de pesquisa adequado ao que se pretende e ao mesmo tempo procurando atender às normas técnicas e à qualidade científica. É nele que o pesquisador esboça, delimita e expõe o objeto de estudo explicitando o tipo de abordagem que pretende dar ao assunto sobre o qual trabalhará. De acordo com Tozoni-Reis(2010) podemos entender projeto de pesquisa nãopode ser entendido como via de única mão, sem possibilidades de contornar quando suregirem os imprevistos Dessa forma, ressalva que o projeto nos permite criar as condições concretas para evitar qualquer coisa que nos imobilize. O meio acadêmico dá ao projeto de pesquisa uma importância que se assemelharia ao cartão de vista do pesquisador. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer o passo a passo necessário para construir um projeto de pesquisa Estabelecer relação entre as partes do projeto inicial com a elaboração do relato final da introdução da pesquisa Identificar os elementos pré, pós e textuais na montagem de um trabalho acadêmico 30 Eis aqui o meu projeto! Você vai elaborar um projeto de pesquisa? Que tal seguir os princípios apresentados por Rudio(1986 citado por TOZONI REIS, 2010). Podemos partir desses princípios para pensar no projeto de pesquisa.que será realizado. O que pesquisar? Resposta: formulação do problema, das hipóteses e das referências teóricas. Por que pesquisar? Resposta: justificativas. Como pesquisar? Resposta: metodologia da pesquisa. Quando pesquisar? Resposta: cronograma Com que recursos? Resposta: orçamento. Quem pesquisa? Resposta: pesquisador/coordenador/orientador e/ou grupo de pesquisa. (RUDIO,1986) 31 Nossa caminhada até aqui está possibilitando que você perceba a importância da elaboração de um bom projeto? Os esquemas para realizar as pesquisas podem apresentar pequenas alterações de acordo com o que a Instituição propõe para a realização. .(Anexo 5) MODELO DE PROJETO DE PESQUISA 1. INTRODUÇÃO 2. DELIMITAÇÃO DO TEMA 3. OBJETIVOS 4. JUSTIFICATIVA 5. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 6. HIPÓTESE(S) 7. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 8. METODOLOGIA DA PESQUISA 9. CRONOGRAMA 10. BIBLIOGRAFIA Dessa forma as decisões a serem tomadas no projeto de pesquisa dizem respeito não só ao tema e sua importância mas também aosobjetivos, às justificativas, ao problema, às hipóteses, aos procedimentos metodológicos, ao tempo de execução, aos recursos financeiros necessários e aos pesquisadores participantes. Exemplo de esquema de Projeto de Pesquisa do Trabalho de Término de Curso do Centro Universitário da Cidade-UNIVERCIDADE 32 O assunto e o tema da pesquisa: informações da introdução Todo trabalho científico, seja ele uma proposta ou um relatório de pesquisa em forma de artigo ou texto completo tem início com a introdução. Essa introdução precisa ter a qualidade necessária para integrá-la ao corpo do trabalho. A introdução tem o objetivo de traçar um panorama geral do estudo proposto, isto é, descrever em linhas gerais o estudo que será apresentado A introdução deve informar ao leitor o ponto a partir do qual o autor da proposta concebe o assunto e o tema a ser estudado. Para isso, necessitamos, em primeiro lugar, apresentar o assunto em estudo e, então, apresentar o tema. Um assunto, no processo de investigação científica, diz respeito a uma abordagem mais geral do tema a ser estudado. Assim, se vamos estudar, por exemplo, um tema sobre a a introdução do colegiado escolar numa dada instituição, podemos considerar que o assunto é a Gestão escolar. Outro exemplo: se o assunto de um estudo monográfico é alfabetização, o tema pode ser a alfabetização na Educação Infantil. Assunto Tema Assim é recomendável que na introdução o pesquisador, a partir do assunto mais geral, caminhe para enfocar seu tema. 33 Uma introdução bem escrita não precisa ser longa, mas deve ser objetiva, tratar do assunto e do tema estudado de forma a fazer quem lê se interessar e seguir adiante com a leitura É válido apresentar ao leitor na introdução, o que e como será tratada a temática a ser desenvolvida no decorrer do texto. Falando de uma forma mais livre, a introdução pode ser comparada ao lançamento de uma novela ou um filme que vá estrear. Antes deles acontecerem, a televisão mostra partes do conteúdo, traça o perfil rápido dos personagens de maneira a interessar o público. Assim, é importante que o tema seja contextualizado na introdução para que se possa compreender melhor as perspectivas de análise. Se o pesquisador apresentar o trabalho acerca da alfabetização na Educação Infantil, como citado no exemplo anterior, é imprescindivel que na introdução ele deixe claro o que ele entende como "Educação Infantil" e "alfabetização" para esse grupo de crianças, explicando os principais conceitos que serão abordados pelo trabalho. Fará essa explicação a partir de uma breve análise das principais concepções defendidas e/ou criticadas por outros autores. Assim, a introdução de um projeto de pesquisa tem necessariamente algumas tarefas a cumprir: deve fazer uma breve revisão bibliográfica sobre o assunto e o tema, tomar posição acerca das diferentes concepções sobre eles, anunciar o estudo a ser empreendido e apresentar, brevemente e parte a parte, o restante do projeto. Justificativa Outro aspecto essencial ao projeto de pesquisa diz respeito às justificativas do estudo. Justificar é mostrar que o tema proposto é relevante procurando 34 enfatizar as razões pelas quais se justifica sua realização. É possível conseguir argumentos a partir da leitura dos autores e obras que tratam do tema. Esses darão suporte ou subsídios para a justificativa. De acordo com Deslandes devemos considerar algumas indagações: "Quais os motivos que a justificam? Que contribuições para a compreensão, intervenção ou solução para o problema trará a realização de tal pesquisa?" (DESLANDES,1998). Nos projetos de pesquisa em educação, é na justificativa que o pesquisador argumenta sobre a relevância social e científica do tema em estudo que deve ter razões que comprovem a importância da realização mesma. Definição dos objetivos Um objetivo é um propósito, uma meta, um alvo que se pretende atingir, uma ação a ser realizada, a própria materialização do estudo. Assim, a definição dos objetivos é uma das mais importantes etapas de um trabalho científico. É a partir da formulação dos objetivos que se pode delinear o projeto de pesquisa. A formulação deles obedece a uma certa ordem e coerência. Vejamos de que forma isso deve ser considerado. É conveniente apresentar, primeiramente, objetivos gerais do estudo para, em seguida, traçar os objetivos específicos. Também não é interessante apresentar muitos objetivos, mas aqueles que têm mais significado para o trabalho. Facilita muito a leitura se os objetivos estiverem interligados entre si e apresentados de forma sequencial. É recomendável para garantir a clareza da ação a ser realizada, iniciar sempre a formulação deum objetivo usando uma ação no infinitivo: identificar, analisar, compreender etc. 35 O problema de pesquisa A escolha e formulação ao problema de pesquisa, parte importante do projeto, é uma das tarefas mais difíceis na construção da proposta da pesquisa. O tema necessita, num primeiro momento, ser explorado de tal forma pelo pesquisador a ponto de criar os indicativos para um problema de pesquisa, ainda mais específico. O problema emerge, dessa forma, do tema criando a problematização. Para Salomon(2004) o proposto é partir de um assunto mais amplo, delimitar um tema, pensá-lo na perspectiva do estudo, e dos objetivos, é chegar perto da formulação do problema. Como o problema decorre de um aprofundamento do tema, ele é sempre individualizado e específico. Autores ligados à metodologia da pesquisa indicam que o problema deve ter algumas características. A mais usual delas é formular o problema como pergunta, o que serve para facilitar a pesquisa. A formulação do problema deve ser clara e precisa. A apresentação como pergunta parece ser a mais simples, além do que facilita sua identificação por quem consulta o projeto de pesquisa. A escolha de um problema merece que o pesquisador faça sérias indaga- ções (RUDIO, 1986 citado por TOZONI-REIS 2010, p.2): a) Trata-se de um problema original? b) O problema é relevante? c) Ainda que seja "interessante", é adequado para mim? d) Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo? e) Existem recursos financeiros para a investigação desse tema? f) Terei tempo suficiente para investigar tal questão? 36 A formulação das hipóteses O que são hipóteses e qual seu papel no projeto de pesquisa? Hipóteses têm ligação com as indagações que orientam a investigação. Isto é, são respostas provisórias aos problemas de pesquisa e têm como função principal nortear as investigações. As hipóteses orientam o diálogo do investigador com a realidade a ser compreendida e interpretada, portanto, devem ser claras, objetivas, específicas e ter como base as referências teóricas do estudo apresentado pelo projeto. Para Salomon(2004, p 35) a hipótese e problema formam um todo indivisível, quando se pensa no projeto, tanto em termos de metodologia quanto teoricamente. A definição da hipótese como resposta provisória ao problema é um dado interessante. Por ser a "solução" indicada a hipótese precisa ser comprovada ou rejeitada pela pesquisa. Assim a coleta de dados e sua análise se fazem em função da(s) hipótese(s) Tanto o problema como a hipótese são formulados dentro do marco teó- rico de referência adotado pelo pesquisador. O esboço desse marco teórico já deve existir e ser revelado no projeto. O processo de pesquisa, particularmente nas fases do levantamento bibliográfico e da documentação, proporcionam ao pesquisador sua complementação ou sua reformulação. Marco teórico também é chamado de referencial teórico.O que é preciso fazer para construir um marco teórico? Revisar a literatura, isto é, ler os livros e os autores que tratam do assuntoque você pretende pesquisar e reconhecer e escolher a teoria de um autor sobre o assunto. Isto se chama: revisão de literatura. 37 A escolha da metodologia A metodologia tem como objetivo principal informar sobre o caminho a ser percorrido na pesquisa,tanto na monografia, no projeto de pesquisa ou trabalho de término de curso. Deve apresentar todo caminho percorrido, com a coerência teórico-metodológica necessária. Assim, num projeto de pesquisa em educação encontramos na metodologia, em primeiro lugar, uma reflexão teórica sobre a metodologia de pesquisa qualitativa e a modalidade de pesquisa escolhida para o trabalho: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, pesquisa documental, pesquisa-ação etc. Deslandes (1998) nos inspira a sintetizar os principais elementos da meto- dologia para realização da pesquisa: definição do universo ou campo onde se fará a pesquisa; coleta de dados; e organização e análise dos dados, isto é, após a reflexão teórica acerca da modalidade de pesquisa escolhida, na metodologia devem constar a abrangência do universo a ser pesquisado (lembremos que a pesquisa qualitativa não se baseia em critérios estatísticos de amostragem do universo de pesquisa, mas exige que ele seja definido e anunciado), as técnicas e instrumentos que vão viabilizar a coleta de dados, descritos da maneira mais detalhada possível (entrevistas, observações, questionários etc.), e a descrição também detalhada de como serão organizados e analisados os dados coletados. É uma boa possibilidade anexar o roteiro, mesmo que provisório, das observações, entrevistas e/ou questionários ao projeto de pesquisa. 38 É possível ainda apresentar uma descrição detalhada de todos os pro- cedimentos de pesquisa usados no trabalho. Trata-se de especificar quantas entrevistas foram previstas, quantas foram realizadas, com que público, onde, além dos procedimentos de organização e análise dos dados. Leia o exemplo que visa auxiliá-lo a identificar as partes do projeto de pesquisa, no resumo final de uma pesquisa realizada.. Uma professora procurou descobrir porque havia diferenças na forma de denominar um mesmo colégio quando os alunos estavam cursando a primeira fase da Ensino Fundamental e outra quando ingressavam na segunda fase. Para entender o porquê da diferença de representação para a mesma instituição na passagem do 5º ano para o 6º ano, a professora entrevistou professores de ambos os segmentos, pais de alunos que também eram professores do mesmo colégio e assitiu às aulas tanto do primeiro quanto do segundo segmento para tentar descobrir no discurso dos diferentes agentes sociais, as razões para a diferença de nomenclatura e atitude, dentro da mesma instituição. Para isso usou a análise de discurso como forma de desvelamento daquela realidade , além da pesquisa bibliográfica e documental. 39 4.2. A ordem de montagem de um trabalho Com o projeto de pesquisa bem elaborado, podemos partir para a realização e apresentação da pesquisa, que conterá também os chamados elementospré-textuais, os textuais e ospós-textuais. 2 Reforçando as ideias apresentadas Essa estrutura conta com: elementospré-textuais (capa, folha de rosto, resumo, sumário); elementos textuais (introdução e seus componentes, desenvolvimento e conclusão) e elementospós-textuais (referências e anexos). 4.2.1. Os elementos pré-textuais São assim considerados a Capa, Folha de Rosto e Sumário. Esses componentes são utilizados em todos os trabalhos acadêmicos. A capa, a folha de rosto e o sumário, devem vir cada um deles em folha separada. Eles fazem parte da apresentação inicial do projeto de pesquisa de uma monografia e depois é transformado na própria apresentação do trabalho. É importante ressaltar que cada Instituição estabelece o modelo que deseja aplicar a seus trabalhos, especialmente quanto à capa e folha de rosto.. 40 Os tipos de letra mais comumente aplicadas são a Times New Roman e a Arial no tamanho 12 . O sumário é obrigatório segundo as regras da ABNT e consiste na enumeração das divisões, capítulos e outras partes do trabalho com o respectivo número de página. Há algumas regras para a apresentação do sumário que podem ser procuradas por você na ABNT sob o número 6027/1989. Optamos por não apresentá-las nesse seu primeiro contato com a metodologia da pesquisa. À medida que seu interesse pelo método de apresentação da pesquisa for crescendo, você deverá buscar mais informações sobre as normas na ABNT. Observe as sugestões de modelo, que se referem aos elementos pré textuais publicado em nosso manual de estágio. 2 portaldoprofessor.mec.gov.br 41 NOME DA INSTITUIÇÃO NOME DO ALUNO (letra maiúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) RELATÓRIO DE ESTÁGIO (letra maiúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) Local (cidade) e ano (da entrega) (letra minúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) 42 NOME DA INSTITUIÇÃO NOME DO ALUNO (letra maiúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) RELATÓRIO DE ESTÁGIO (letra maiúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) Relatório de Estágio apresentado para a conclusão do Estágio Supervisionado do Módulo (nº do Módulo) da (nome da instituição) Tutor: Local (cidade) e ano (da entrega) (letra maiúscula, fonte arial ou times new roman 14, negrito centralizado) 43 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................XX DESENVOLVIMENTO.....................................................................................XX CONCLUSÃO..................................................................................................XX REFERÊNCIAS...............................................................................................XX ANEXOS..........................................................................................................XX 44 4.2.2 Os elementos textuais da pesquisa Daqui em diante estaremos apresentando as formas de registro dos resultados de sua pesquisa. Ao apresentar um trabalho acadêmico você tem três partes principais e inevitáveis, quais sejam : a introdução o desenvolvimento e a conclusão, (ABNT- NBR14.724/2002) e cada uma delas apresenta aspectos que precisam ser cuidados ao tratarmos de um trabalho de pesquisa. A introdução é a parte inicial do texto que deve conter a delimitação do assunto e tema estudado, objetivos, e demais elementos que ajudam a situar o universo pesquisado. Para destacar as partes da Introdução Já criamos pistas para você construir a Introdução de qualquer trabalho acadêmico. Quando precisamos descrever os resultados do trabalho, aquele esquema do projeto de pesquisa nos trará os aportes para se construir a Introdução da monografia propriamente dita. Você poderá, comparando o exemplo do Anexo 5 mais esquemático com o do anexo 6, que contém a introdução de um trabalho já feito, estabelecer as suas conclusões. Você também verificará o quanto o projeto é valioso durante a pesquisa , para elaborar a introdução dos resultados da pesquisa, mas também para a continuidade do estudo. 45 Descrever o desenvolvimento do trabalho significa acompanhar a exposição detalhada e pormenorizada da temática estudada. O desenvolvimento é constituído de capítulos e seções abordando os aspectos da pesquisa realizada. Representa um longoexercício de elaboração escrita e precisa ser abordado levando em conta a coerência e a clareza. Ao compor os capítulos do texto você sempre fará referências a autores, citando-os direta ou indiretamente. Esse assunto será abordado em capítulo posterior. Por fim , entre os elementos textuais, encontra-se a conclusão , onde você deve expor o que foi possível verificar, referindo-se o que você expôs na introdução. É comum também que sejam trazidas recomendações, tendo em vista as ações futuras. Questionário síntese sobre esse capítulo Na abordagem de introdução de um trabalho qual dessas duas partes é considerada mais geral: o assunto ou o tema? Que parte da Introdução pode ser apresentada como uma pergunta? Que parte da introdução é considerada como propósito ou meta? Como se denomina o caminho que se escolhe para realizar a pesquisa? As instituições adotam sempre os mesmos modelos de projeto de pesquisa? 46 Em que parte do projeto de pesquisa são indicados instrumentos que serão utilizados tais como : questionários,entrevistas e observações ? Quais são os três grupos de elementos que estruturam a ordem de montagem para apresentação de uma pesquisa? Qual a denominação geral para a capa, folha de rosto e sumário? Ao expor seu trabalho de pesquisa há três partes, chamadas textuais , que não podem ser esquecidas. Quais são elas? Que parte inicial da apresentação escrita da pesquisa tem o projeto como fonte de inspiração para redigi-la ? Banco de respostas às perguntas Atenção ! Há respostas repetidas e respostas que não serão usadas Introdução - Metodologia - Elementos pré./pós/ e textuais.- Objetivos Introdução, desenvolvimento e conclusão - Problema Sim - Hipótese- Elementos pré textuais.- Não Assunto - Tema - Elementos pós textuais.- Objetivos 47 5- CUIDADOS NECESSÁRIOS COM AS REFERÊNCIAS E CITAÇÕES Quando citamos autores no nosso trabalho de pesquisa precisamos também atender às normas técnicas de apresentação dos mesmos, tanto nas citações no texto quanto na apresentação das referências bibliográficas. Assim este capítulo será dedicado a apresentação de tópicos sobre as referências e as.citações As referências são um componente importante do projeto de pesquisa, pois têm o papel de oferecer ao leitor mais algumas pistas sobre os caminhos teóricos e metodológicos percorridos pelo pesquisador. Sua finalidade objetiva é apresentar a documentação usada nos estudos empreendidos para desenvolvimento do tema, proporcionando um maior aprofundamento dos estudos. As diretrizes e normas para as referências são as mesmas tanto para projetos quanto para relatórios de pesquisa quer sejam monografias, trabalhos de término de curso, dissertações, teses artigos científicos ou relatos de estágios. Muitos pesquisadores até iniciam a leitura de um trabalho científico pelas referências, pois, a partir dos autores tratados no estudo, temos um conjunto de informações a respeito da abordagem dada ao tema, e isso já fornece uma pista do interesse do leitor pelo estudo. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer as referências como um conjunto padronizado de elementos retirados de um documento que permite a sua identificação. Identificar e diferenciar as citações diretas e as indiretas. Entender a importância da veracidade da utilização da citação de autor, de forma a evitar o plágio na construção do texto. 48 A apresentação das referências devem ser bastante detalhadas, uma vez que objetivam padronizar as informações em todos os países do mundo. No Brasil, como já citamos, essa normatização é feita pela ABNT. Para o objetivo do nosso estudo serão trazidas a você alguns informes essenciais dada a importância que essa parte da pesquisa apresenta. As referências completas devem vir sempre no final do texto, mas à medida que desenvolvemos o trabalho há também alguns cuidados no tratamento das mesmas sendo essencial observar rigorosamente as normas de referências. Dessa forma todos os autores citados ou referenciados durante o texto têm que estar nas Referências. Se um autor teve muita importância na fundamentação teórica do trabalho, ele tem que estar citado ou referido durante o mesmo. Há duas formas de citar um autor: de forma direta ou indireta A citação direta é a fala literal do autor, transcrita diretamente do texto lido. Para fazer "citações diretas' de autores quando forem muito adequadas ao tema abordado deve-se ter em conta alguns procedimentos. Para trechos transcritos com até 3 linhas, colocar a citação no corpo do trecho, sempre entre aspas, sem itálico e com fonte igual a do restante do texto. Se a citação ultrapassar as três linhas ela deve ser apresentada em destaque, com fonte menor e com recuo em relação ao parágrafo utilizado no texto. Observe o recurso sendo usado no nosso módulo na página 8. Atenção: o número da página da obra de onde a citação direta for extraída precisa aparecer também. A citação indireta é um recurso que indica a influência dos autores lidos nas ideias apresentadas pelo pesquisador. Para chamada no texto, deve-se en- trar com o último sobrenome do autor e o ano de publicação. Exemplos: (GARCIA, 1993) caso ela venha no final da paráfrase ou se você preferir ou Garcia (1993) se estiver se referindo a ele durante a paráfrase.. 49 Para reforçar Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas. Exemplo: Ramal (2002) e, quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas. Exemplo: (RAMAL, 2002) Continuando a nossa conversa sobre as citações há ainda mais algumas informações úteis. Assim nas citações diretas ou indiretas, quando se trata de uma obra de dois autores, deve-se colocar "e" entre eles. Exemplo: De acordo com Gandin e Gandin (1999) ... ou (GANDIN e GANDIN,1999) se estiver no final do texto citado. Por outro lado usa-se "et al” se os autores forem três ou mais por exemplo: (MINAYO et al, 2005) ou Reis et at (2005). Outra regra a ser seguida é a de que para fazer omissões de partes do trecho citado ou saltos maiores nas citações, deve-se usar reticências entre colchetes [...];.Você pode observar a aplicação da regra na página 9 do nosso módulo. Quando se você quer citar um autor que foi citado por outro (citação de citação), porque não se tem a obra original usa-se apud ou citado por. Exemplo: Segundo Montessori (apud GADOTTI, 2002). Algumas vezes as notas de rodapé são necessárias .Use-as somente para completar informações. A versão mais moderna dos editores de texto oferece esse recurso, podendo se colocar o número no texto e no rodapé. A referência já vai aparecer com letra menor do que a do texto e com espaço simples. 50 Algo mais sobre citação Citação é a menção de uma informação extraída de outra fonte. Ela pode ser direta ou indireta. Citação direta é a transcrição textual de parte da obra do autor consultado. Citação indireta é o texto baseado na obra do autor consultado. Sempre que utilizar citações diretas, é necessário especificar no texto a página, volume, tomo ou seção da fonte consultada. Na citação indireta, a indicação da página consultada é opcional. Exemplos com citações indiretas: O diretor de escola, que deveria ser um agente envolvido na formação do aluno, acaba por se transformar num burocrata que se limita a assinar papéis e seguir ordens superiores. (HORA, 1994) Exemplos com citações diretas: As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Primeiro exemplo ParaLibâneo, “o campo da atividade pedagógica extra-escolar é extenso. Poder-se-ia incluir no item da educação extra-escolar toda gama de agentes pedagógicos que atuam no âmbito da vida privada e social.” (LIBÂNEO, 1997, p.52) Segundo exemplo As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem aspas. 51 As mudanças recentes no capitalismo internacional colocam novas questões para a Pedagogia. O mundo assiste hoje a intensas transformações, como a internacionalização da economia, as inovações tecnológicas e científicas que levam à introdução, no processo produtivo, de novos sistemas de organização do trabalho, mudança de perfil profissional e novas exigências de qualificação dos trabalhadores, que acabam afetando os sistemas de ensino. (LIBÂNEO, 1997, p.20) Fique atento Há autores que diferenciam bibliografia de referências bibliográficas nos trabalhos acadêmico científicos. Dessa forma a bibliografia seria a Para fazer as citações indiretas usamos as paráfrases. Paráfrase é a interpretação de um texto com palavras próprias, mantido o pensamento original. (KOOGAN/HOUAISS, 1994) 52 apresentação dos autores lidos, mesmo os que não são referidos ou citados no texto, e as referências mostram apenas os autores referidos e citados. Como nossos módulos não são apresentação de trabalho científico optamos por usar as duas denominações, tendo em conta que, por exemplo, nos módulos da Língua portuguesa seria contra producente para a continuidade da sua leitura, a cada exemplo citar de que gramática o mesmo estava sendo retirado. No entanto, em trabalhos acadêmicos deve-se usar apenas a referência bibliográfica. Há diferentes possibilidades de apresentação das referências mas a mais usada é a da colocação em ordem alfabética de autores. Nos trabalhos científicos, as referências devem apresentar os seguintes dados: autor, título da obra, numeração da edição, local da publicação, editora e ano de publicação. Esses são os dados mais comuns, porém, dependendo do tipo de referência, é preciso também constar indicação do volume, coleção, número de série, do tradutor, número de páginas, data mais completa de publicação, do endereço de acesso eletrônico etc. Para saber mais sobre as referências consulte as normas ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas). 53 6- A CONSTRUÇÃO DO TEXTO DE UM CAPÍTULO E A CONCLUSÃO Para descrever os capítulos e elaborar a conclusão do trabalho são necessários alguns cuidados. 6-1 Construindo o texto de um capítulo Ao começar um capítulo deve-se apresentar um parágrafo introdutório que aborde, de forma geral, o que vai ser descrito nos subitens do mesmo. Ao final do capítulo o mesmo deve ter um fechamento sobre o que foi pesquisado e relatado, cabendo fazer referência ao que vai ser desenvolvido a seguir, no próximo capítulo. Para que o leitor não tenha a leitura longa que leve à dispersão, procure abrir parágrafos com freqüência. Elimine também o uso de parênteses e não use reticências nem pontos de exclamação. Ao elaborar um texto para um trabalho científico é aconselhável o uso de forma impessoal na terceira pessoa como nas sugestões: Achou-se por bem; Utilizaram-se os dados disponíveis; Procurou- se elucidar. (ISKANDAR, 2003). Essa rigidez de forma pode ser e já é flexibilizada, com a possibilidade da utilização da primeira pessoa do plural. Observe o exemplo: É interessante que ao termos coragem de romper com as fronteiras disciplinares vamos encontrar respostas a nossas questões as quais, na Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar expressões que ajudam a citar os autores que dão suporte aos capítulos Relacionar os objetivos do trabalho com a construção dos capítulos Reconhecer a necessidade de retorno à Introdução no momento de construir a conclusão 54 fronteira disciplinar que alguns insistem em nos prender, não havíamos encontrado. Como enfocar, por exemplo, o problema do fracasso escolar se nos mantivermos na gaveta disciplinar fechada e o entregarmos aos especialistas avaliadores do sistema? (ALVES E GARCIA, 2001, p.95) Ao elaborar o texto dos capítulos você deverá, citar os autores cujas obras darão sustentação as suas ideias a respeito do tema escolhido, utilizando- se das citações diretas e indiretas, cuja forma de apresentação técnica já estudamos. Não fica muito agradável a leitura de textos com citações diretas muito longas . Evite também utilizar muitas citações numa página só. É muito comum a utilização de citações indiretas ou paráfrases. Para citar indiretamente existem algumas expressões que podem nos servir de auxílio. Há algumas expressões úteis na elaboração desses comentários: Parece acertado que; dever-se-ia dizer que; é lícito supor; conclui- se daí que; ao exame desse texto percebe-se que... Exercícios com paráfrases e citações Atividade 1 PERRENOUD, Philippe. Avaliação entre duas lógicas: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999, P.14. A escola conformou-se com as desigualdades de êxito por tanto tempo quanto elas pareciam "na ordem das coisas". Dentro dessa perspectiva, uma avaliação formativa não tinha muito sentido: a escola ensinava e, se tivessem vontade e meios intelectuais, os alunos aprendiam. A escola não se sentia responsável pelas aprendizagens, limitava- se a oferecer a todos a oportunidade de aprender: cabia a cada um aproveitá-la! A noção de desigualdade das oportunidades não significou, até um período recente, nada, além disto: que cada um tenha acesso ao ensino, sem entraves geográficos ou financeiros, sem inquietação com seu sexo ou sua condição de origem. 55 Use o espaço abaixo e parafraseie as ideias expressas pelo autor. Você poderá usar: Segundo... - de acordo com... - como lembra... -, atendendo ao que propõe. - a partir do pensamento de... -... (ano).Obs.: sempre se coloca o ano da obra consultada. Segundo Perrenoud (1999) 6.2 A elaboração da conclusão Esta é a parte final do texto e para elaborá-la você deve se preocupar em voltar à Introdução e verificar se seus objetivos, sua hipótese e se os autores referenciados como essenciais permitiram que você cumprisse o roteiro que havia traçado. Abra parágrafos referentes às conclusões a que você chegou a cada capítulo. Apresente sugestões para ação a partir do que você concluiu. Também é interessante relatar se a pesquisa que você realizou instigou-o, a saber, mais sobre a temática envolvida. O texto da conclusão é uma criação sua, uma vez que relata seus achados diante do que foi pesquisado. Por tanto, na conclusão, evite colocar citações de autores . O capítulo que concluímos buscou instrumentalizá-lo para escrever seu texto com coesão, coerência e atendendo às normas técnicas.Surge uma oportunidade de você treinar a utilização dessas normas porque você terá que fazer seu relatório de estágio. 56 7- AJUDANDO A ELABORAR RELATÓRIO DE ESTÁGIO Durante o nosso curso você precisará estagiar e apresentar relatório a respeito dos estágios realizados. Essa é uma exigência legal obrigatória para cursos como o que você está realizando. A legislação pertinente está no nosso manual de estágio. Serão cinco os relatórios de estágio a serem desenvolvidos no curso: 1- sobre a Educação Infantil, 2-sobre os Aspectos Administrativos de uma instituição, 3-sobre o Ensino Fundamental correspondendo à alfabetização e à observação nas turmas até o quinto ano, e por fim,correspondendo ao módulo III os relatórios :4-observação de Inclusão e 5-Educação de jovens e adultos.Assim nesse capítulo abordaremos informações para ajudá-lo a fazer a observação e elaborar o documento escrito, após a realização do estágio. 7-1 Como e o que observar? O manual de estágio da nossa instituição determina objetivos dos estágios e o foco de cada um deles, como já citamos acima. Contém também roteiros de direcionamento do olhar para cada um, com esquemas e perguntas que poderão ajudá-lo durante a fase de estágio. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens tais como: Identificar as partes essenciais num bom relatório Reconhecer que a linguagem a ser utilizada no relatório é uma linguagem que precisa seguir normas técnicas Reconhecer a importância do diário de campo e relacionar as anotações feitas com as informações a serem registradas no relatório 57 Preste muita atenção: nosso estágio deve ser feito em Instituição escolar cuja documentação legal já esteja registrada para funcionamento. O estabelecimento deve ter CNPJ e Ato autorizativo. Agora é hora de partir para o campo prático , o que mais se pode pensar quanto ao estágio? Você já ouviu falar em diário de campo? O diário de campo é um caderno onde você poderá anotar as suas percepções, vivências, encaminhamentos, opinião de avaliação do estágio, sugestões sobre como você pensa que a atividade poderia estar sendo feita etc. Esse diário é opcional. Joazeiro (2002) faz várias considerações sobre a utilização do diário de campo : anotar dificuldades, surpresas, fatos, reações das pessoas é a primeira delas. Anotar também as suas próprias percepções e questionamentos sobre o que está acontecendo é importante. É preciso também saber fazer uma avaliação Ato Autorizativo- Autorização de funcionamento é o ato pelo qual o Conselho de Educação, após análise e aprovação de processo específico, permite o funcionamento das atividades educacionais em estabelecimentos integrantes do seu Sistema. CNPJ Quando se abre e registra uma empresa na Junta Comercial, ela recebe um número de CNPJ assim como nós temos o CPF. Esse número é o documento principal da empresa, que a acompanha por toda a sua trajetória, mesmo que ela mude de endereço, objetivo social ou nome. 58 sobre cada informação obtida. Se perceber que estratégias de abordagem para obter os dados que precisa, não estão trazendo bons resultados, pense em mudança. O diário de campo serve também para controle de carga horária diária, porque depois você terá facilidade em preencher o documento da nossa instituição sobre o dia a dia de observação. Lembramos que o diário de campo é algo exclusivo do estudante estagiário e que a ele compete resguardá-lo sob sigilo Lembre-se : Use a ética e mantenha seu diário como documento de uso pessoal e particular. Cumprida a carga horária estipulada para o estágio, e com as suas anotações feitas, o próximo passo é o desafio de passar suas impressões sobre as atividades anotadas para a linguagem escrita mais técnica do relatório.Isso significa dizer que a forma como suas anotações forma feitas, no diário de campo, não podem ser transcritas literalmente. Elaborar o relatório exige reflexão. Seu relatório precisa ter coerência interna, não sendo necessário utilizar, no relato escrito, a cronologia dos fatos observados. A cronologia vai aparecer na sua ficha de observação de estágio , naquele modelo padrão da nossa Instituição. 7.2. Como será a linguagem adequada a um relatório? O relatório é um documento que também tem normas técnicas,de acordo com a ABNT, para a elaboração. 59 "É a exposição escrita na qual se descrevem fatos verificados mediante pesquisas ou se historia a execução de serviços ou de experiências. " (UFPR, 1996) . Ou ainda: O relatório, então, é uma exposição escrita na qual se descrevem fatos verificados mediante pesquisas ou se historia a execução de serviços ou de experiências .(UFPR, 2000). Pode ser acompanhado de documentos demonstrativos, tais como tabelas, gráficos, estatísticas .No caso específico do nosso estágio escolar poderá ter anexos os documentos comuns à escola como exemplo de circulares, provas, comunicados, convites de eventos, festas e da documentação relativas ao Projeto Pedagógico da Instituição, do regimento da escola etc. Esses documentos devem ter correspondência com o que está sendo descrito ao longo do texto.. Por exemplo se você estiver comentando sobre a avaliação do terceiro ano e tem o teste para anexar, cite-o em coloque entre parênteses o número de anexo correspondente ao mesmo(1) . 7.3. Algumas recomendações para a elaboração do texto do relatório Para elaboração do relatório , você deve reler as recomendações da nossa apostila, especialmente os capítulos 5 e 6 . No entanto, para reforçar aspectos importantes seguem algumas sugestões . O relatório terá obrigatoriamente elementos textuais, pré textuais e pós textuais. No tocante à parte textual é obrigatório que você apresente: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução apresente um parágrafo inicial que aborde, de forma geral, a importância do estágio e a seguir descreva especificamente o que vai ser observado. 60 Ao elaborar o texto fuja da utilização da primeira pessoa do singular. É preferível que você, com frequência, abra parágrafos e assim evite um texto muito longo. De preferência elimine parênteses, não use reticências e nem pontos de exclamação. Para elaborar o texto você deverá, certamente, citar os autores cujas obras dão sustentação as suas ideias a respeito do tema abordado. Assim ao descrever as observações, por exemplo, na Educação Infantil , faça uma ponte entre o que você viu e o que estudou no nosso curso e no material de cada disciplina estudada. Você encontrará as referências dos autores que o auxiliarão a elaborar as ideias a serem expostas no seu texto. Para fazer referência aos autores, utilizam-se as citações diretas e indiretas de duas maneiras: A) cita-se um texto para depois ser interpretado . B) cita-se um texto como apoio à uma interpretação já feita. Para criar as subdivisões do desenvolvimento volte aos aspectos citados no manual de estágio para cada o módulo.. O manual direciona o seu olhar para alguns tópicos, mas isso não impede de você registrar no seu relatório observações que vão além do está sugerido . Ao escrever o texto devemos utilizar expressões impessoais como: de acordo com as observações feitas... foi possível perceber durante o estágio... pelo que foi observado é possível que ... em decorrência do que foi exposto... cabe pois concluir que ... parece acertado que... conclui-se daí que ... 61 Outra parte muito importante é a hora de elaborar a conclusão. Como já citamos no capítulo anterior,é interessante voltar à Introdução , onde normalmente se traçam os objetivos do estágio, seu foco de observação e suas expectativas , para construir uma conclusão coerente com a proposta feita na Introdução. É igualmente importante apresentar alguma sugestão pertinente ao que foi observado, como contribuição à equipe que o acolheu como estagiário. Quanto aos elementos pré textuais verifique a padronização para capa folha de rosto e sumário, constantes do manual de estágio do IECS. Para os elementos pós-textuais alguns lembretes são necessários. Ao elaborar as referências bibliográficas verifique as normas que aparecem no capítulo 5 e também observe a forma como estão apresentadas as referências bibliográficas do material de cada disciplina. Um lembrete sempre necessário quanto a busca de informações em sites : procure sites de credibilidade e informe o endereço e data de acesso ao material. Como normalmente os relatórios têm anexos,eles devem constar do sumário
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