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GESTÃO AMBIENTAL E OS PROCESSOS DE ARMAZENAGEM NA LOGÍSTICA Lorete Kossowski Mocelin G es tã o G E S T Ã O A M B IE N T A L E O S P R O C E S S O S D E A R M A Z E N A G E M N A L O G ÍS T IC A Lo re te K os so w sk i M oc el in 2ª Edição Curitiba 2018 Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística Lorete Kossowski Mocelin Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 M688g Mocelin, Lorete Kossowski Gestão ambiental e os processos de armazenagem na logística / Lorete Kossowski Mocelin. – 2. ed. Curitiba: Fael, 2018. 242 p.: il. ISBN 978-85-5337-001-6 1. Gestão ambiental 2. Armazenagem (Logística) I. Título CDD 333.7 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção de Produção Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Jaqueline Damasio Moreira Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem da Capa Shutterstock.com/3DDock Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social | 7 2. A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios | 27 3. Sistemas de gestão ambiental e as normas da série ISO 14000 | 45 4. Auditoria e avaliação de impactos ambientais | 65 5. Logística empresarial | 89 6. Armazenagem e Tipologias de Armazéns | 107 7. Movimentação de materiais e equipamentos | 127 8. Movimentação externa de materiais e equipamentos | 145 9. Processo de distribuição e centros de distribuição | 167 10. Embalagens | 185 Conclusão | 203 Gabarito | 205 Referências | 229 Prezado(a) aluno(a), A presente obra apresenta uma leitura fácil e dinâmica. Espera-se que o conteúdo abordado possa ajudar nos seus estu- dos, assim como enriquecer os seus conhecimentos sobre Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística. O meio ambiente é um assunto muito discutido nos dias de hoje, porque muitos danos já foram causados à natureza, compro- metendo o bem-estar da atual e das futuras gerações. Com frequência, a mídia transmite a repercussão das tra- gédias ambientais, dos prejuízos imensuráveis, dos seres vivos afe- tados e, finalmente, da imprudência do ser humano, pois, muitos Carta ao Aluno – 6 – Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística dos problemas ambientais poderiam ter sido evitados se as empresas tivessem mais planejamento e prudência em determinadas situações de risco. Esse livro versará desde os princípios básicos referentes ao meio ambiente, até as questões mais aprofundadas, como a normatização ISO 14000. Implan- tar um sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser a escolha certa para empresas que desejam obter lucros, por meio de diferenciais competitivos e sustentáveis. Isto porque o SGA pode trazer melhorias constantes nos proces- sos organizacionais, acarretando assim, maior aceitação de um novo perfil de consumidor, mais exigente e preocupado com questões ambientais. Do mesmo modo, percebe-se a insatisfação dos clientes ao efetuarem a compra de produtos estragados ou ainda, entregues fora do prazo determi- nado. Em um segundo momento, a obra abordará a logística empresarial, com foco nos processos de armazenagem. No âmbito geral, a organização do livro se dá pela apresentação de tópi- cos teóricos sobre a gestão ambiental e os processos de armazenagem na logís- tica, com o objetivo principal de promover a compreensão e incentivar o desenvolvimento de práticas ambientais e logísticas relacionadas a assuntos do setor industrial. Os capítulos desse material foram cuidadosamente elaborados para sus- citar o debate de assuntos atuais e de extrema importância para profissionais e estudantes. Espera-se assim, que a obra contribua, de alguma forma, para estimular o leitor ao estudo sobre o tema abordado e que, por meio do uso adequado do tempo, os conceitos aqui apresentados sejam aceitos ou refuta- dos, utilizados ou descartados, mas, principalmente, testados, de modo a ofe- recerem uma experiência teórica e prática em busca de soluções sustentáveis. Desejo a todos uma excelente leitura! 1 Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social A gestão ambiental e os processos de armazenagem na Logís- tica são funções essenciais em qualquer organização, independen- temente do tipo, ramo ou porte. Ela tem por objetivo verificar e avaliar a questão do meio ambiente como suporte da interação entre os meios social e físico-natural. Atualmente, muito se fala do uso eficiente de recursos naturais, gestão de resíduos e carbono, logo, é fundamental que as empresas estejam atentas a estes temas para assim se tornarem um elo essencial na cadeia de equilíbrio do meio ambiente como um todo. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 8 – Objetivos de aprendizagem: Este capítulo apresentará os conceitos básicos relacionados a abordagem principal deste livro. Os objetivos de aprendizagem do capítulo serão: 2 Apresentar conceitos sobre gestão ambiental; 2 Fazer uma descrição cronológica de fatos relevantes para esse campo de estudo; 2 Descrever a gestão ambiental no contexto empresarial, seus aspec- tos econômicos e a responsabilidade social. 1.1 O que é Gestão? O termo gestão é vastamente utilizado pelas pessoas e nos meios empre- sariais, mas poucos sabem definir o que significa corretamente, quando inda- gados. Por este motivo dedicou-se um tópico isolado para tais explicações. O dicionário Michaelis mostra que o termo gestão significa o ato de gerir, ou ainda, administração, direção. O sistema de gestão é um ingrediente crucial da capacidade de res- posta a mudanças do ambiente, pois determina o modo pelo qual a administração percebe os desafios, diagnostica seus impactos, decide o que fazer e põe em prática suas decisões (ANSOFF; MCDON- NELL 1993) Para Megginson et al. (1998), Administração “pode ser definida como trabalho com recursos humanos, financeiros e materiais, para atingir objeti- vos organizacionais através do desempenho das funções de planejar, organi- zar, liderar e controlar”. Pode-se afirmar e concluir que o ato de administrar/gerir é um método constante que depende do contexto histórico, dos conhecimentos, habilidades do administrador e formas como interage com outras áreas do conhecimento. 1.2 A questão ambiental “Uma comunidade humana interage com os outros sistemas vivos, de maneira a permitir que esses seres vivam e se desenvolvam cada qual de acordo com a sua natureza.” (Capra, 1996) – 9 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social Para que seja possível preservar e gerir da forma correta os recursos natu- rais disponíveis no planeta, é necessário entender o que é meio ambiente. Segundo Neves e Tostes (1992, p. 17), “Meio ambiente é tudo o que tem a ver com a vida de um ser ou de um grupo de seres vivos. Tudo o que tem a ver com a vida, sua manu- tenção e reprodução. Nesta definição estão: os elementos físicos (a terra, o ar, a água), o clima, os elementos vivos (as plantas, os animais, os homens), elementos culturais (os hábitos, os costumes, o saber, a história de cada grupo, de cada comunidade) e a maneira como estes elementos são tratados pela sociedade. Ou seja, como as ativi- dades humanas interferem com estes elementos. Compõe também o meio ambiente as interações destes elementos entre si, e entre eles e as atividades humanas. Assim entendido, o meio ambiente não diz respeito apenas ao meio natural, mas também às vilas, cidades, todo o ambiente construído pelo homem.” A questão ambiental refere-se ao modo que as sociedades, ao longo dos anos, se correlacionam com o meio físico-natural, ou seja, desde o homo sapiens, o convívio entre atividade humana e meio ambiente existe (o homem sempre dependeu delepara assegurar a sua sobrevivência). Leia a história abaixo. “Era uma vez um grão de onde cresceu uma árvore, que foi abatida por um lenhador e cortada numa serração. Um marceneiro trabalhou- -a a um vendedor de móveis. O móvel foi decorar um apartamento e, mais tarde, deitaram-no fora. Foi apanhado por outras pessoas que venderam numa feira. O móvel estava lá no adeleiro, foi comprado barato e, finalmente, houve quem o partisse para fazer lenha. O móvel transformou-se em chama, fumo e cinzas. Eu quero ter o direito de refletir sobre esta história, sobre o grão que se transforma em árvore que se torna móvel e acaba no fogo, sem ser lenhador, marceneiro, ven- dedor, que não veem senão um segmento da história” (MORIN 1991) O mundo evoluiu e o meio ambiente passou por uma transformação de ordem humana. As atividades que antes eram por meio da força humana passaram a ser desenvolvidas por máquinas. Com a evolução veio também um mundo que pensa e age mais rápido, logo, o meio ambiente passou a ser afetado de forma mais acelerada. As cidades são consideradas ecossistemas artificiais, ou seja, criados pelo homem. Sendo assim, administrar os recursos naturais de modo responsável significa integrar na empresa uma gestão ambiental responsável. A gestão ambiental não é um problema de administração das relações do homem Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 10 – com a natureza, mas um processo de constante mudança nos paradoxos socioambientais. 1.3 Poluição O verbo poluir é de origem Latina, Polluere, e significa profanar, man- char, sujar. Em outras palavras pode-se afirmar que a poluição é entendida como uma condição ao redor dos seres vivos (ar, água, solo) que lhes possa ser danosa. Infelizmente, as atividades humanas são as grandes responsáveis por sujar o ambiente. São exemplos de poluentes: 2 Elementos ou compostos químicos presentes nas águas superficiais ou subterrâneas; 2 Material particulado ou gases potencialmente nocivos presentes na atmosfera; 2 Ruídos, medidos usualmente em decibéis; 2 Vibrações; 2 Radiações ionizantes. Os padrões ambientais são unidades de medidas para mensurar se a situ- ação pode ser considerada de risco/poluente ou não. Poder medir a poluição e estabelecer padrões ambientais são ações que permitem que sejam determi- nados com clareza os direitos e as responsabilidades do poluidor e do fiscal (órgãos públicos), assim como, da população. Esses padrões não são estáticos, ou seja, estão em constante evolução, por meio de pesquisas que aprofun- dam os conhecimentos dos processos naturais e seus efeitos poluentes sobre o homem e os ecossistemas. 1.4 Degradação Ambiental Conforme Johnson et al. (1997), a degradação é um termo negativo e de acordo com a moderna literatura é quase sempre ligado a uma mudança artificial ou perturbação de causa humana. – 11 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social A degradação de um ambiente é muitas vezes associada a ideia de perda de qualidade. Segundo Johnson et al. (1997), a qualidade ambiental “é uma medida da condição do ambiente relativa aos requisitos de uma ou mais espécies e/ou de qualquer necessidade ou objetivo humano” (p 584). Para Sánchez (2008, p 27): “a degradação ambiental pode ser conceituada como qualquer alteração adversa dos processos, funções ou componentes ambientais, ou como uma alteração adversa da qualidade ambiental. Em outras palavras, degradação ambiental corresponde a impacto ambiental negativo.” Uma vez que o ambiente pode ser degradado de diversos modos, a expressão “área degradada” sumariza os resultados da deterioração do solo, do desmatamento da vegetação e, muitas vezes, da poluição da água. A figura abaixo mostra a degradação ocorrida no acidente ambiental com barragens, ocorrido em Mariana. Figura 1: Fotos do desastre ocorrido em Mariana (MG) no ano de 2015. Fonte: Rogério Alves/Senado Federal/CC by-SA 2.0 1.5 Impactos Ambientais A expressão “impactos ambientais” está associada a danos que ocorreram na natureza, como o derramamento de óleo nas águas do mar, a emissão de gases tóxicos na atmosfera etc. Na literatura existem várias definições para o termo. Dentre elas, podem ser citadas: Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 12 – 2 Impacto ambiental é qualquer alteração no meio ambiente - em um ou mais de seus componentes - provocada por uma ação humana (Moreira, 1992, p.113); 2 Impacto ambiental é o efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem (Westman, 1985, p. 5); 2 Impacto ambiental é a mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada (Wathern, 1988, p.7). Todos já devem ter escutado na mídia, inúmeras vezes, o termo “impacto ambiental”. Isso ocorre porque essas mudanças no meio ambiente impactam a sobrevivência da humanidade, logo é uma expressão muito utilizada pela imprensa. Nos próximos capítulos, você poderá se aprofundar no assunto. 1.6 Contexto histórico Os interesses ambientais surgiram na metade do século XX, por meio de temas como o “buraco” na camada de ozônio e o aquecimento global. Os problemas aqui relatados não surgiram de um dia para o outro, ou seja, o ser humano sempre explorou a natureza sem pensar em suas consequências futuras. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, acelerou o andamento da ação devastadora do homem, além de modificar significativamente as relações de trabalho, onde homens, mulheres e até crianças foram submetidos a con- dições de trabalho desumanas nas indústrias (este cenário pode ser assistido no filme “A máquina que mudou o mundo”). Em 1952, o mundo presenciava o crescimento econômico da Inglaterra, devido à Revolução Industrial. Conforme Curi (2011), neste cenário, os lon- drinos passam a queimar mais carvão do que no passado, ocasionando assim, uma liberação maior de enxofre. Como consequência, pode-se verificar uma poluição atmosférica em Londres, que acaba provocando aproximadamente 8 mil mortes por problemas cardíacos e respiratórios. Este episódio ficou conhecido como smog (junção das palavras smoke, que significa fumaça e fog, traduzida por neblina). – 13 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social Devido à degradação do homem, percebe-se que seria necessária uma intervenção, e assim, foram criadas as áreas de preservação ambiental. O par- que Yellowstone, nos Estados Unidos, foi o primeiro a ser inaugurado, em 1872. O mundo animal também sofre as consequências, e, segundo o pro- fessor José Carlos Barbieri (2007), o primeiro acordo internacional sobre as questões de meio ambiente foi assinado em 1883, em Paris, com a proposta de proteger as focas do mar de Bering. Após a Segunda Guerra mundial, com as bombas nucleares lançadas contra Hiroshima e Nagasaki, o mundo despertou para um considerável movimento ambientalista. Ao longo dos anos, e até hoje, o planeta experi- menta ações da natureza como: furacões, enchentes, tsunamis, secas, entre outras catástrofes. Todos esses acontecimentos são indícios de que a Terra vem sendo explorada desordenadamente pelo homem. A escassez de água, por exemplo, devido a fatores como a poluição, o desenfreado desperdício, a má distribuição dos recursos hídricos e as mudanças climáticas trazem sérias implicações econômicas e sociais, como foi possível presenciar no estado de São Paulo, no ano de 2015, que sofreu com uma crise de abastecimento de água (Veja mais detalhes na seguinte matéria: http://epoca.globo.com/colu- nas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/06/crise-da-agua-em-sao-paulo- -quanto-falta-para-bo-desastreb.html). Se esse cenário não mudar, as sociedades enfrentarão consequências seve- ras, que impactam na dinâmica do desenvolvimento humano: o esgotamento de reservas, a poluição dos rios e a falta de saneamentobásico afetam o fornecimento de água potável; o avanço da economia, que depende da disponibilidade de água (principalmente o setor agrícola) estará limitado; os impactos sobre a produção e venda de produtos no setor industrial poderão afetar a competitividade de diver- sas regiões, entre outras trágicas consequências ambientais (fauna e flora). Neste aspecto, surge a necessidade de ações imediatas relacionadas às políticas públicas, como o planejamento e a gestão integrada, que refletirão em nosso futuro, pois a sobrevivência do homem depende dos recursos natu- rais oferecidos pelo planeta Terra. Neste contexto, as empresas e os indivíduos devem adotar uma postura de desenvolvimento sustentável. A partir deste momento será desenvolvida uma linha de raciocínio histórico com fatos relevantes para a Gestão Ambiental e o desenvolvimento sustentável. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 14 – 2 1923: Paris foi sede do I Congresso Internacional para a proteção da Natureza para discutir a preservação ambiental. 2 1933: criou-se a Convenção para Preservação da Fauna e da Flora no continente africano. 2 1948: os Estados Unidos contavam com uma lei de controle da Poluição das Águas. 2 1955: os Estados Unidos contavam com uma lei de controle da Poluição do Ar. 2 1956: o Reino Unido decretava uma lei de Ar Limpo. 2 1968: ocorreu uma reunião de especialistas sobre a biosfera, onde foi acordado que homem e natureza dependem um do outro. 2 1972: aconteceu a Conferência de Estocolmo, uma das mais mar- cantes da história, onde foram discutidos diversos fatores ambientais relacionados à ecologia, assuntos políticos e econômicos. Na pre- sente conferência foi aprovada a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, que continha 110 recomendações e 26 Princípios (maio- res detalhes podem ser visualizados no seguinte endereço: www. mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc). A Conferência de Estocolmo foi um passo relevante para as questões ambientais do mundo e a criação do Programa das Nações Uni- das para o Meio Ambiente (PNUMA) foi um dos resultados mais importantes (para conhecer melhor, acesse: www.pnuma.org.br). 2 1975: o Rio de Janeiro estabeleceu suas próprias leis de controle de poluição. 2 1976: São Paulo estabeleceu suas próprias leis de controle de poluição. 2 1976: ocorreu o acidente de Seveso, na Itália, considerado uma das maiores catástrofes ecológicas: a explosão de um reator de dioxina liberou substância venenosa no meio ambiente. A nuvem de fumaça alcançou uma extensão de 11 km e contaminou apro- ximadamente 1000 pessoas. A fábrica, que era de posse de uma subsidiária da Hoffmann-La Roche foi desmontada. Este episódio originou o chamado “Direito de Seveso”, que foi uma diretriz da – 15 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social Comunidade Europeia, tornando compulsório que determinadas fábricas possuam serviços de emergência, incluindo todos os pro- dutos químicos estocados nas plantas. 2 1980: foi descoberto um “buraco” na camada de ozônio sobre a Antártida. Essa camada é essencial para a vida humana e funciona como um filtro solar natural (ela está localizada na estratosfera, de 15km a 50 km da superfície). (Conheça mais sobre o assunto na seguinte matéria: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por- -que-os-buracos-da-camada-de-ozonio-ficam-nos-polos). 2 1983: é apresentado o Relatório Brundtland (publicado em 1987). O nome é uma referência à primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, que liderou o documento final dos estudos sobre ques- tões ambientais, conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Neste período criou-se a Comissão Mundial para o desenvolvimento e Meio Ambiente (CMDMA), para conciliar interesses econômicos e ambientais, ou seja, de que forma seria possível incentivar o cres- cimento econômico sem impactar a sobrevivência das próximas gerações. Este tipo de proposta para o crescimento econômico foi denominado desenvolvimento sustentável. 2 1984: ocorreu o desastre de Bhopal, na Índia, onde um gás tóxico escapou de uma fábrica da empresa norte-americana Union Car- bide, matando aproximadamente 3 mil pessoas e deixando pelos menos 20 mil deficientes. 2 1985: ocorreu a Convenção de Viena sobre a camada de ozônio. 2 1986: ocorreu a explosão de um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Este acidente gerou uma nuvem radioativa em diversos países da Europa, matando inúmeras pessoas. (Conheça mais sobre o caso na seguinte matéria: http://mundoeducacao.bol. uol.com.br/historiageral/acidente-chernobyl.htm) 2 1986: também ocorreu o acidente de Basel (desastre do rio Reno), causado por um grande incêndio em um armazém de produtos quí- micos, pertencentes à empresa Sandoz, que acabaram sendo derra- mados no rio Reno. Esse acontecimento provocou a morte da maio- Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 16 – ria dos peixes e plantas aquáticas do rio, por quase 200 km. Mais detalhes sobre este episódio podem ser lidos no link a seguir: http:// www.dw.com/pt/1986-cat%C3%A1strofe-ecol%C3%B3gica-no- -reno/a-666757 2 1987: ocorreu o acidente radiológico de Goiânia, gerado pela conta- minação por Césio-137, que afetou a saúde de centenas de pessoas. Conheça mais sobre o caso na seguinte matéria: http://mundoedu- cacao.bol.uol.com.br/quimica/acidente-com-cesio137-goiania.htm. 2 1988: o Painel intergovernamental sobre mudança Climática (IPCC) foi incumbido pela ONU, de promover estudos científicos sobre o aquecimento global. 2 1989: ocorreu o desastre ecológico do Valdez, um navio-cargueiro que encalhou no Alasca e derramou aproximadamente 50 milhões de litros de óleo. Durante o acidente, a empresa americana Exxon- Mobil (detentora do navio), pressionada pela opinião pública, mobilizou 11 mil homens, entre biólogos, pa ra cuidarem dos ani- mais afetados e realizarem a limpeza do local. O trabalho em equipe durou seis meses e teve o custo, na época, de aproximadamente 1 bilhão de dólares. A Exxon tornou-se referência em boas práticas, inclusive, ajudando outras empresas que tiveram acidentes similares. 2 1990: foi relatado pelo IPCC o aumento da concentração de gases causadores do efeito estufa. O aumento desses gases intensifica o aquecimento global. 2 1992: ocorreu o Rio 92 (também conhecido por Cúpula da Terra). O presente evento foi promovido na cidade do Rio de Janeiro e reuniu 178 países. Embasado no relatório “Nosso futuro comum”, de 1987, que tem como base o desenvolvimento sustentável, foi sugerido que era necessário: • convencer os países pobres sobre os riscos ambientais da industrialização a qualquer custo; • contar com a boa vontade das nações ricas para que com- partilhassem tecnologias não poluentes com os países menos desenvolvidos. A Eco 92 foi responsável pela criação dos 5 documentos abaixo: – 17 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social a) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: são apresentadas as instruções para que as sociedades façam as pazes com a Natureza. (Conheça mais detalhes neste documento: http://www. onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf ). b) Declaração sobre os princípios florestais: os brasileiros são donos da Floresta Amazônica, considerada a maior floresta tropical do mundo. Conheça mais detalhes neste documento: http://www. meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/agenda21/Decla- racao_de_Principios_sobre_Florestas.pdf. c) Convenção sobre mudanças climáticas: surge com o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, evitando-se assim, consequências catastróficas ao planeta. Para efeitos de pesquisa: os raios solares, ao serem emi- tidos à Terra seguem dois destinos: parte é refletida e direcionada ao espaço (radiação ultravioleta), enquanto que a outra é absorvida e transformada em calor. Com a emissão de gases poluidores na atmosfera, como o CO2,grande parte da radiação fica retida na superfície do pla- neta, impedindo que o calor volte para o espaço. Esse fenômeno é chamado de efeito estufa. O efeito estufa natural existe muito antes do surgimento do homem, sendo um fenômeno que permite a manu- tenção da temperatura do planeta. Já o efeito estufa artificial é assim chamado, por ser potencializado por ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, o uso de alguns fertilizantes, entre outros fatores que acabam gerando um intenso aquecimento global. Conheça mais detalhes neste documento: http://www. bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_ pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/especial/clima.pdf. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 18 – d) Convenção sobre Biodiversidade: biodiversidade signi- fica tudo aquilo que vive em nosso planeta. Durante o Rio 92 foi proposto livre acesso aos recursos biológicos, desde que os lucros sejam distribuídos de forma ade- quada. Conheça mais detalhes neste site: http://www.mma. gov.br/biodiversidade/convencao-da-diversidade-biologica. e) Agenda 21: Neste documento são encontradas soluções de inúmeros problemas ecológicos, além de apresentar um conteúdo importante sobre os diversos protocolos e acordos existentes até o presente momento. Conheça mais detalhes neste site: http://www.mma.gov.br/respon- sabilidade-socioambiental/agenda-21. 2 1995: o IPCC, incumbido pela ONU de promover estudos cien- tíficos sobre o aquecimento global lançou o seu segundo relatório comprovando que as ações do homem geram impacto significativo sobre o clima global. 2 1997: foi assinado o Protocolo de Quioto, que propõe um corte de 5% nas emissões de gases de efeito estufa entre 2008 e 2012. Conheça mais detalhes neste documento: http://www.mct.gov.br/ upd_blob/0012/12425.pdf. 2 2001: o IPCC, incumbido pela ONU de promover estudos cien- tíficos sobre o aquecimento global lançou o seu terceiro relatório confirmando que as ações humanas são as maiores causadoras do aquecimento global nos últimos 50 anos. 2 2009: o clima era ao assunto da reunião COP XV, realizada em Copenhague. Durante a reunião, os países acordaram que a tempe- ratura do planeta não pode aumentar mais do que 2º C até 2020. 2 2010: ocorreu o acidente da BP Petroleum, no Golfo do México. Neste episódio, a plataforma Deepwater Horizon, da petrolífera inglesa British Petroleum (BP) explodiu, provocando a morte de sete trabalhadores e o vazamento de cerca de 5 milhões de barris de petróleo no mar (o que significa o dobro da produção diária brasileira). Para conhecer mais detalhes do episódio, acesse: http:// – 19 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Pior-vazamento-de-petro- leo-completa-cinco-anos/ 2 2010: ocorre a reunião CPO XVI, em Cancún (México), onde sur- gem controvérsias, fazendo com que o protocolo de Quioto não fosse substituído. Os participantes da conferência criaram princí- pios para proteger as florestas e discutiram o que era preciso realizar para que o mundo se adaptasse às mudanças climáticas. 2 2015: o mundo acompanhou o acidente ambiental com barra- gens ocorrido em Mariana. Conheça mais detalhes sobre o caso, no site: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-01/ desastre-em-mariana-e-o-maior-acidente-mundial-com-barragens- -em-100-anos 1.7 As três fases da Evolução da Gestão Ambiental Acima, foram apresentados diversos fatos históricos importantes para a gestão ambiental. Atualmente, muitas empresas já melhoraram a sua postura e comportamento frente ao meio ambiente. O impacto ambiental afeta diretamente a imagem e o patrimônio das empresas envolvidas e, por este motivo, muitas delas modificaram seus pro- cessos produtivos e aperfeiçoaram suas mercadorias, passando a utilizar seus recursos de forma sustentável. Façamos uma pergunta: preservar ou conservar? Muitas pessoas con- fundem os termos e julgam se tratar da mesma coisa, mas adotar medidas preservacionistas significa manter a natureza intocável, proibindo totalmente a ação do homem sobre o meio ambiente. Posicione-se no lugar do dono de uma casa em péssimas condições. Você tem duas opções para fazer a sua escolha: 1. Reformar a sua casa para prevenir vazamentos, curto-circuito etc. 2. Consertar os problemas, à medida em que aparecem, e investir dinheiro da reforma em outros bens. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 20 – Conforme Alexandre Shingunov, Lucila Campos e Tatiana Shigunov (2009), a evolução da gestão Ambiental pode ser dividida em três fases, con- forme apresentado abaixo. 1.7.1 Primeira Fase Nesta fase, as empresas escolheriam a segunda opção acima exposta (“consertar os problemas, à medida que aparecem, e investir dinheiro da reforma em outros bens”), ou seja, os problemas somente eram reparados quando começassem a incomodar. Neste período, a sociedade não estava preocupada com a conservação do meio ambiente e, em muitos casos, a poluição era vista como sinônimo de progresso: acreditava-se que a mãe natureza estaria sempre de mãos abertas doando os seus recursos ao ser humano, um infeliz pensamento. 1.7.2 Segunda Fase Após a conferência de Estocolmo, a consciência ecológica e o meio ambiente passaram a ser temas relevantes para sociedade. Nesta fase, as empresas foram pressionadas a diminuir o impacto negativo das suas ativi- dades sobre o ecossistema. Durante a década de 70, as empresas realizaram a troca de equipamentos poluentes por outros menos prejudiciais, e passaram a estudar fontes limpas de energia, além de descobrir a importância de reciclar e reaproveitar o lixo. 1.7.3 Terceira Fase O relatório Brundtland, publicado em 1987, e a Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, influenciaram significativamente esta fase. As empresas entenderam que a conservação da natureza era importante para ajudar a atrair clientes e não somente para o cumprimento da lei. Exemplos: uso do papel reciclado, logística reversa, marketing verde etc. O Marketing verde, que surgiu nesse período, tem por objetivo deter o cliente que se importa com os impactos ambientais de suas compras. Para esse consumidor, há o consenso de que é preciso conservar o meio ambiente. – 21 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social De acordo com o relatório Brundtland, o desenvolvimento sustentável se apoia no tripé: equilíbrio ambiental, igualdade social e conhecimento eco- nômico, logo, para ser um bom gestor ambiental, faz-se necessário combinar a conservação do meio ambiente com a responsabilidade social e o cresci- mento econômico. 1.8 O progresso sustentável e o capitalismo moderno O argumento mundial para o desenvolvimento, ligado à preservação do meio ambiente, tem fundamento no conceito de desenvolvimento sustentá- vel, que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer as das gerações futuras. O argumento aceito globalmente para o desenvolvimento sustentável é fundado na teoria de que a sustentabilidade ecológica se constitui, também, como uma condição de sustentabilidade no processo econômico, logo, fato- res como a pobreza, a desigualdade e a degradação ambiental não podem ser avaliados de modo isolado. Para Capra (1982) existem dois processos de transformação social corrente: a) Capitalismo Global: é baseado em uma rede financeira com fluxo de informação. Surgiu há 30 anos, devido à revolução da informação. Gerou um novo tipo de capitalismo, com as seguintes características: 2 Atividades econômicas centradas em uma perspectiva global; 2 Inovação adicionada à informação, sendo principal fonte geradora de produtividade e de competitividade; 2 Base de sustentação em uma vasta rede de fluxo de informação. b) Surgimento da comunidade sustentável: é baseado em uma rede ecológica com fluxo de matérias e energia, se contrapondo à maxi- mização dos lucros com a sustentabilidade.Neste contexto capitalista de economia, as transações financeiras ocor- rem em tempo real. O desenvolvimento sustentável deve ser instruído de Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 22 – forma a compatibilizar o rápido crescimento econômico, que exige políticas pertinentes, planejamento antecipado e investimentos prudentes. Conclui-se que o capitalismo global tem proporcionado ascensão da economia de muitos países em desenvolvimento, mas também trouxe graves consequências ambientais e sociais. A ascensão do capitalismo global tem sido acompanhada pela ascen- são e polarização das desigualdades sociais dentro e fora dos países, em particular a pobreza, e as desigualdades sociais têm aumentado através do processo de exclusão social, a qual é uma consequência de estrutura em rede da nova economia. À medida que o fluxo de capital e a informação interligam redes de escala mundial, eles excluem des- tas mesmas redes todas as populações e territórios que não têm valor ou interesses para suas buscas de ganho financeiro. Como resultado, certos segmentos da sociedade, áreas das cidades, regiões e mesmo países inteiros tornam-se economicamente irrelevantes. Assim, um novo segmento empobrecido da humanidade emerge em volta do mundo como consequência direta da globalização. Isto compreende grandes áreas do planeta, como as áreas abaixo do Saara Africano, as áreas rurais da Ásia e da América Latina. Mas a geografia da exclusão social também inclui porções de todos os países e de todas as cidades do mundo. Se você quer a face humana da globalização, veja as fotos do conhecido fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado. Dois anos atrás ele completou um projeto de sete anos intitulado “Migrações”, que o levou a quarenta países em volta do mundo, onde ele tirou milhares de fotos de migrantes e refugiados, mostrando seus grandes pesares e tristezas, mas também sua coragem e infinita esperança. As fotos épicas de Salgado, de um mar de humanidade sem fim, são um impressionante testemunho da dignidade humana e do fracasso do capitalismo global. (CAPRA, 2004) O mercado global, ou a nova ordem mundial, é composto por redes eletrônicas que geram informações comerciais e financeiras. Neste contexto, questiona-se: se estas redes eletrônicas são programáveis, seria possível incluir valores sociais e ambientais? Para Capra, a globalização econômica foi cons- cientemente projetada e pode ser modificada. Veja o trecho abaixo. Na verdade, trabalhar em rede tem sido uma das principais atividades das organizações políticas de base por muitos anos. Os movimentos ambientais, os movimentos pelos direitos humanos, os feministas, os movimentos pela paz e muitos outros movimentos de base política e cultural têm se organizado como rede que transcendem as fronteiras – 23 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social nacionais. O Fórum Social Mundial é uma celebração do trabalho global em rede. Com o uso inteligente da internet, as ONGs são capazes de partilhar informação e mobilizar seus membros com uma velocidade sem precedentes. Como resultados, as novas ONG’s glo- bais emergem como atores políticos efetivos, independentes da tradi- ção nacional ou instituições internacionais. Eles constituem-se numa nova espécie de sociedade civil global. Para colocar um discurso polí- tico dentro de uma perspectiva sistêmica e ecológica, a sociedade civil global apoia-se numa rede de pensadores, institutos de pesquisa, gru- pos de intelectuais, e centro de aprendizados que operam totalmente à margem das nossas instituições acadêmicas, organizações de negócio e agências governamentais. Hoje existem dezenas dessas organizações de pesquisas e aprendizado no mundo. A característica comum entre elas é que executam suas pesquisas e ensinam dentro de uma estrutura explícita de valores centrais partilhados (Capra, 2004). 1.9 Gestão Ambiental no Brasil No Brasil, os problemas ambientais são antigos. A degradação ambiental teve início com a colônia Portuguesa, por meio da agricultura, da pecuária e da construção de novas cidades. Exemplo disso foi a exploração do pau- -brasil, que atualmente é uma árvore rara em nosso país. No Século XIX houve uma possível tentativa ambiental, quando o rei de Portugal D. João VI inaugurou o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Mas, infelizmente, o objetivo do monarca era o de cultivar plantas asiáticas para satisfazer o gosto dos nobres da época. Em 1822 ocorreu a independência do Brasil, seguida pela proclamação da República, em 1889. Porém, somente na década de 1930 é que os bra- sileiros começaram a pensar em questões ambientais. Em 1973, inspirado na conferência de Estocolmo, o Brasil criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). 1.10 Definindo o sistema de Gestão Ambiental (SGA) O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser considerado um con- junto de funções em uma empresa que tem por objetivo reduzir o impacto Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 24 – negativo de suas atividades sobre a natureza. Fazer campanhas para a socie- dade plantar árvores uma vez ao ano, por exemplo, não pode ser considerado um SGA, ou seja, a empresa precisa engajar todos os funcionários na missão de promover melhorias em sua relação com o meio ambiente. A filosofia essencial do SGA é aumentar a produtividade sem abandonar a eficiência, isto é, fazer mais por menos e gerar lucros crescentes. Para que o SGA ocorra é essencial a existência da gestão da qualidade e a segurança no trabalho. Alguns modelos de SGA foram criados ao redor do mundo para que fosse estabelecida uma definição, mas é dever da empresa moldar o seu sistema, conforme as suas necessidades. Em capítulos futuros, esse assunto será aprofundado. 1.10.1 Sistema de Gestão Ambiental segundo a ICC Segundo a Câmara do Comércio Internacional (ICC), esse modelo pres- supõe que: 2 As empresas devem se tornar sustentáveis se não quiserem perder vendas; 2 Todas as pessoas e departamentos devem fazer a sua parte nesse processo; 2 É necessário investir em treinamentos e projetos de conscientização ambiental dos funcionários; 2 Deve-se utilizar uma abordagem estratégica; 2 A responsabilidade social também deve estar em pauta; 2 É dever da empresa ouvir os stakeholders1. Destaca-se a criação da carta empresarial da Câmara de Comércio Internacio- nal, com 16 princípios de gestão ambiental. 1.10.2 Sistema de Gestão Ambiental segundo a União Europeia Este sistema foi intitulado Eco Management and Audit Scheme (EMAS), considerado o sistema de Ecogestão e Auditoria da União Europeia. Ao longo 1 São as partes interessadas e capazes de afetar positivamente ou negativamente o ne- gócio/empresa, como por exemplo: clientes, concorrentes, sociedade, governo, fornecedores, dentre outros. – 25 – Introdução à gestão ambiental e o contexto empresarial, econômico e social dos anos tornou-se referência para as empresas de todos os ramos e serviu como base para a ISO 14001. Nesse sistema: 2 As empresas precisam provar que o seu SGA está em concordância com os requerimentos do Parlamento Europeu. 2 Serão envolvidos os departamentos operacionais e administrativos; 2 A empresa, como um todo, deve estar engajada no processo de Ges- tão ambiental; 2 Ao invés de remediar os problemas ambientais, as empresas euro- peias devem prevenir a poluição; 2 A empresa será submetida a avaliações constantes para identifi- car erros e corrigi-los, ou seja, não basta apenas implementar este modelo sem manutenção. Ressalta-se que esse sistema é de difícil obtenção, mas os clientes europeus dão preferência pela compra de mercadorias em empresas ecologicamente corretas, mesmo que por um custo mais elevado. 1.10.3 Sistema de Gestão ambiental segundo a ISO 140001 Este é um dos sistemas mais aceitos de forma global. Pense em uma empresa que produz a mercadoria X, que deverá ser enviada para outro país, com regras específicas.Se o produto X estiver fora dos mínimos requerimentos de segurança do país para onde será destinado, a empresa terá que ter tempo hábil para adaptar suas regras e seu produto para cada situação como essa. Esse processo levaria tempo e envolveria dinheiro. Por esse motivo, surgiu a organização internacional de padronização (Inter- national Organization for Standardization – ISO). A ISO foi fundada em 1947, para facilitar o comércio entre países por meio da criação de regras internacionais para os mais diversos produtos e serviços. Exemplos: plástico, alimentos, educação etc. A ISO 14000 surgiu como uma série que possui normas sobre o SGA, auditoria, ciclo de vida do produto e rotulagem ambiental. A ISO 14001 é conhecida no Brasil como NBR ISO 14001 - Sistemas de Gestão Ambiental, sendo a única da sério ISO 14000 passível de certificação. Vale a pena ressal- Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 26 – tar que a ISO 14001 não possui característica de lei, ou seja, ela tem por obje- tivo ajudar as empresas, mostrando o caminho certo para a sustentabilidade. Síntese No presente capítulo foi abordado o conceito do termo Gestão. Pode-se dizer que é o ato de administrar recursos, pessoas e outros serviços, para assim atingir o objetivo estabelecido. Posteriormente, tratamos da Gestão Ambiental, que é definida como a administração de recursos naturais de modo responsável. Nos tópicos seguintes foram aprofundados os significados de poluição, degradação ambiental e impactos ambientais, seguidos de um vasto histó- rico de fatos, acidentes e outros episódios relevantes para a área Ambiental. Mencionou-se que a Gestão Ambiental pode ser dividida em três fases. Buscando entender esse campo de estudo em um contexto mais amplo foram abordados o progresso sustentável e o capitalismo moderno, seguidos da Gestão Ambiental no Brasil. Para finalizar o capítulo definiu-se o que é o sistema de Gestão ambiental e foram apresentados os três sistemas abaixo, existentes no mundo: 2 Sistema de Gestão Ambiental segundo a ICC; 2 Sistema de Gestão Ambiental segundo a União Europeia; 2 Sistema de Gestão Ambiental segundo a ISO 140001. Atividades 1. Defina o que é Gestão Ambiental. 2. No capítulo 1 foram apresentadas inúmeras informações históricas relevantes. Faça uma leitura das mesmas e sumarize, abaixo, três casos relevantes, que promoveram melhorias no processo de Gestão Ambiental. Justifique. 3. Nesse capítulo foram citados três sistemas de gestão ambiental. Defina-os e busque na internet casos de empresas que utilizam tais sistemas. 4. Defina o que são impactos ambientais. 2 A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios Conforme mencionado no capítulo anterior, a Gestão Ambiental teve um vasto progresso no decorrer dos últimos anos. Mesmo assim, ainda se faz necessário estar em constante avaliação sobre as questões ambientais. Avaliar, reformular e rejeitar hábitos pessoais e processos produtivos é de extrema importância para que as futuras gerações possam viver com qualidade. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 28 – Objetivos de aprendizagem: O presente capítulo irá descrever a Gestão Ambiental nas Organizações produtivas e seus desafios. Os objetivos de aprendizagem do capítulo serão: 2 Definir o que é organização; 2 Trazer conceitos relacionados à organização; 2 Definir e exemplificar a produtividade; 2 Falar sobre as organizações produtivas e a Gestão Ambiental; 2 Descrever a Gestão empresarial com foco ambiental; 2 Apresentar e analisar os conceitos de Mercado Verde e Marke- ting Verde; 2 Tratar do ciclo de vida do produto; 2 Esclarecer o processo de padronização; 2 Delinear a rotulagem ambiental; 2 Abordar a sobrevivência sustentável; 2 Discorrer sobre o mercado internacional e o meio ambiente. 2.1 O que é Organização? A palavra organização é originada do grego “organon” e significa ato ou efeito de organizar, segundo o dicionário Michaelis. O termo organização também é utilizado para designar uma empresa, logo, a organização pode ser a forma como se dispõe um sistema para atingir os resultados pretendidos. Quando se fala em organização, as pessoas relacionam o conceito à empresa, mas é importante entender que existem outras definições, como por exemplo: torcida organizada, organização escolar etc. Pode-se afirmar que organização é a forma como as pessoas se inter-relacionam com uma finali- dade comum. Uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma orga- – 29 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios nização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações. Maximiano (1992). Para exemplificar, torcidas organizadas também podem ser definidas como organizações empresariais. Apesar de ambas serem consideradas uma organização, uma é do tipo informal e a outra é do tipo formal. Veja a dife- rença nos parágrafos a seguir. A organização é considerada formal quando apresenta uma estrutura com relações profissionais entre as pessoas, ou seja, possui um organograma, que é a descrição gráfica para representar as relações hierárquicas dentro da empresa. A organização formal é legalmente reconhecida e planejada de modo a ajudar a realização dos seus objetivos globais. Além disso, ela traz o modo lógico e racional de se estruturar, com a finalidade de coordenar e integrar os esforços de todos os membros. Os órgãos são exemplos de organizações for- mais, com departamentos, divisões, seções, setores etc. Outra representação é a FAEL, que está devidamente registrada, em concordância com a legislação brasileira, e possui: 2 Organograma com cargos: diretores, gerentes, supervisores, funcio- nários e operários; 2 Hierarquia de autoridade com responsabilidades previamente definidas; 2 Objetivos e planos definidos para atingi-los. A organização informal, por sua vez, não engloba entidades totalmente mecânicas, apesar de possuírem uma natureza lógica e racional. Em todas as empresas e ambientes diversos da sociedade existem padrões de comporta- mento não descritos em um organograma, ou seja, indivíduos que ocupam posições dentro da empresa formal podem formar grupos de afinidades e interesses que são criados além dessa estrutura predefinida. As amizades e antagonismos, pessoas que se identificam, grupos que se aproximam, além de uma grande diversidade de relações no trabalho, ou fora dele, formam assim, a chamada organização informal. De modo geral pode-se definir a organização informal como uma rede de relacionamentos e interações desen- Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 30 – volvidas espontaneamente entre as pessoas que ocupam posições na organi- zação formal, ou seja, ela é formada por sentimentos de afeição ou rejeição entre indivíduos, com ações favoráveis ou desfavoráveis no tocante às práticas administrativas, de colaboração ou rivalidade entre grupos. Os principais atri- butos das organizações informais são: 2 Grupos que são criados conforme interesses comuns e a identifica- ção entre as pessoas. Podem ser considerados aglomerados de inte- resses, círculos de amizades, “panelinhas” etc; 2 Atitudes e comportamentos que geram entendimentos positivos ou negativos em relação às práticas administrativas; 2 Assim como ocorreu no episódio da experiência de Hawthorne, realizada em 1927, na fábrica Western Electric Company, em Chi- cago, para determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários, medida por meio da produção, verificou- -se que os grupos estabelecem normas informais de trabalho como padrão de desempenho aceitável para as suas atividades, de forma autônoma às normasformais e oficiais da empresa; Saiba mais Para conhecer mais sobre a experiência de Hawthorne, acesse: http://www5.fgv.br/ctae/publicacoes/Ning/Publicacoes/00-Arti- gos/JogoDeEmpresas/Karoshi/glossario/ESTUDOS.html ) 2 As práticas de liderança podem atribuir autoridade informal a deter- minadas pessoas, indiferentemente de suas posições na organização formal. Como exemplo podemos citar os líderes de sindicatos. Conclui-se que é um grande desafio para o gestor conseguir conciliar a organização formal com a informal, para assim, alcançar a sinergia e suprimir qualquer tipo de diferença entre elas. – 31 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios Organograma, fluxograma e cronograma NÃO significam a mesma coisa. Organograma: é um tipo de diagrama utilizado para representar as relações hierárquicas de uma empresa ou setores, cargos, unidades funcionais e a comuni- cação existente entre eles. Veja o exem- plo na figura abaixo: Figura 1 - Exemplo de Organograma Fonte: O autor (2016) Cronograma: é uma representação grá- fica do tempo a ser investido em uma determinada tarefa. Considerado uma ferramenta para a gestão de atividades, normalmente por meio de tabela, o cro- nograma ajuda a controlar o progresso do trabalho mostrando quando as ativi- dades serão iniciadas e finalizadas. Em conceitos mais recentes, as empresas estão determinando o curso do projeto por intermédio do cronograma. Figura 2 - Exemplo de Cronograma ATIVIDADES / SEMANAS 1 - De�nição do Projeto 2 - Levantamento de dados 3 - Instalação dos programas inicais 4 - Fase de testes 5 - Aplicação das mudanças técnicas 6 - Fase de testes 2 1 x 2 3 4 5 6 x x x x x x x Fonte: O autor (2016) Fluxograma: é a descrição gráfica de processos ou fluxo de trabalho existentes na empresa. Ele é normalmente realizado com recursos como figuras geométricas normalizas (linguagem universal), com setas unindo as mesmas. O fluxograma é essencial para a simplificação e racionalização do trabalho, concedendo entendi- mento e posterior otimização dos processos realizados em cada departamento da organização. Veja o exemplo na figura abaixo: Figura 3 - Exemplo de Fluxograma Ínicio O ventilador não funciona Está plugado na Estragou? Comprar um novo Plugar na tomada ... SIM SIM NÃO NÃO Fonte: O autor (2016) Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 32 – 2.2 O que é produtividade? O ser humano sempre visou melhorar as suas condições de vida, pro- curando aumentar seu conforto, minimizar os esforços e garantir a segurança para manter o que foi conquistado. (...) Os recordes esportivos estão constantemente sedo ultrapassados (...), a produtividade vem batendo recordes ao longo do tempo, pois cada vez se consegue fazer mais com menos recursos. As empresas, na busca constante por vantagens competitivas, aprimo- ram seus processos, inventam dispositivos, melhoram sua relação com os seus colaboradores, para conquistar melhores índices de produtividade e, consequentemente, melhores resultados. (FILHO, 2012, p. 151). Conforme descrito acima, a produtividade pode ser encontrada em diversos cenários, ou seja, está presente em tudo o que fazemos e impacta diretamente o trabalho, carreira e empresas. A produtividade pode apresentar diversas definições no mundo atual. Dentre elas, vale a pena citar: 2 Produtividade pode ser considerada uma medida da eficiência eco- nômica que apresenta como os recursos disponíveis são transforma- dos em produtos/serviços; 2 Produtividade é considerada a relação em input (entradas no sis- tema produtivo) e output (saídas do sistema produtivo); 2 A produtividade pode ser definida como produzir mais por menos; 2 Produtividade é a otimização do uso dos recursos aplicados no iní- cio do processo, para assim, maximizar as saídas destes; 2 Um valor que se acrescenta à empresa. EFICIÊNCIA: é a medida da razão entre os insumos aplicados no processo. EFICÁCIA: está ligada aos objetivos finais da empresa, isto é, o resultado obtido pelo sistema como um todo. Veja no quadro comparativo a diferença entre Eficiência e Eficácia: – 33 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios Figura 4 - Quadro comparativo de eficiência e Eficácia EFICIÊNCIA EFICÁCIA Fazer corretamente as coisas. Soluciona problemas. Economiza recursos. Cumpre as obrigações. Diminui custos. Faz as coisas corretas. Antecipa-se aos problemas. Otimiza a utilização de recursos. Obtém resultados. Aumenta os lucros. Fonte: Drucker (1980) 2.3 As Organizações Produtivas e a Gestão Ambiental A gestão ambiental vem se tornando fundamental para as organizações, levando-se em consideração que as catástrofes ambientais têm sido tema de debate internacional, ao longo dos últimos anos, conforme já exposto no capítulo anterior, além do surgimento de um novo perfil de consumidor, pre- ocupado com atitudes ecológicas e ambientais corretas, que buscam a preser- vação do planeta. Frederick Taylor foi um engenheiro mecânico estadunidense que, por volta de 1886, revolucionou os modelos de Administração vigentes na época, tornando-se o pai da administração cientifica. A sua proposta era baseada em controle rígido e eficácia operacional, ou seja, ele propôs aos funcioná- rios uma rotina exaustiva que aumentou de forma crescente a produtividade, por meio de tarefas sistemáticas e controladas do início ao fim. Pode-se citar como exemplo o tempo de produção padronizado. Henry Ford lançou a primeira linha de montagem no século XX. Em sua fábrica, A Ford Motor Company, ele ordenou os operários em linha, ao longo da esteira rolante, onde cada funcionário se tornou especialista em uma parte específica do processo de montagem. Este modelo proporcionou a redução expressiva no custo dos automóveis que se tornaram mais acessíveis para a população como um todo. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 34 – Dica: Assista o filme “Tempos Modernos” ou “A máquina que mudou o mundo” para ilustrar a linha de montagem criada por Ford. O setor industrial seguiu evoluindo desde Ford, tornando o processo produtivo mais eficiente, o que gerou um surto industrial nos séculos XIX e XX. Em decorrência deste fato, a sociedade, assustada com o aceleramento da produtividade, trouxe os seus primeiros sinais de preocupação com o meio ambiente, ou seja, eles já defendiam que o meio ambiente não suportaria o aumento crescente da busca por recursos naturais. Em 1973 ocorreu a primeira crise do petróleo em países árabes, pro- vando que este não era um recurso inesgotável. Em apenas três meses, o barril teve o seu preço triplicado. Em 1980, como já visto no capítulo anterior, o relatório de Brundtland trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável. Há pouco tempo, a área de Marketing começou a focar os seus esforços em um público preocupado com as questões ambientais por meio dos nichos “verdes” de mercado, ou seja, marca, custo, qualidade e preço não são mais suficientes para manter a competitividade e obter sucesso. O consumidor do século XXI está preocupado em conhecer a empresa e se assegurar de que a mesma não está gerando impactos ambientais. O novo perfil de consumidores, preocupados com essas ações, influen- ciou a criação dos famosos selos verdes pela economia mundial (exemplo: Greenpeace e WWF), que serão tratados em capítulos futuros. Vale ressaltar a criação do tributo verde, também chamado de ICMS verde ou ICMS ecológico, que objetiva ações de preservação do meio ambiente e já é utilizado por alguns estados brasileiros. Para exemplificar, parte da arrecadação do Imposto Estadual de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pertence à receita do estado, enquanto o restante é desti- nado aos municípios. Aqueles que usam o ICMS Verde e, portanto, realizam atividades de conservação ambiental, recebem parcelas maiores do repasse. Conheça mais sobre o assunto em: www.tributoverde.com.br.– 35 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios Conforme exposto acima, conclui-se que a preservação ambiental, que antes era vista como um empecilho para o desenvolvimento, tornou-se sinô- nimo de vantagem competitiva. Assim, o novo paradigma da organização é completamente diferente do nascido há cerca de 100 anos, que corresponde às teorias clássicas de organização e gestão. Se estabelecermos um contraste entre as velhas e as novas organizações, verificamos que o que é importante agora é a inteligência; a capacidade de fazer uso inteligente da informação para criar ideias que acrescentam valor e aumentam a competitividade. As novas organizações são achatadas na estrutura, ou melhor, a estrutura perde a importância e ganha destaque o posicionamento de áreas fun- cionais voltadas para o gerenciamento das questões de proteção ao meio ambiente e da responsabilidade social. (Tachizawa, 2010, p. 26). Responsabilidade social é o ato das empresas, voluntaria- mente, contribuírem para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo, ou seja, não somente o lucro é relevante. Responsabilidade socioambiental diz respeito à prática de preservação do meio ambiente. Uma empresa responsável neste sentido é conhecida pela criação de políticas conscientes em relação às questões ambientais, visando à sustentabilidade (mentalidade, atitude ou estratégia ecologicamente correta). 2.4 Gestão empresarial com foco ambiental De acordo com as argumentações apresentadas até o momento, é ine- gável a influência da gestão ambiental no dia a dia das empresas, afetando inclusive a competitividade, conforme mencionado nos tópicos anteriores. As questões ambientais trazem restrições à produção e ao comércio em diversos aspectos, logo, seria utopia dizer que todas as empresas conseguem se adaptar com zero impacto ambiental, mas é possível afirmar que elas estão aperfeiçoando os seus processos para reduzir os danos ao meio ambiente. Perante este novo mercado, torna-se cada vez mais importante o uso de ferramentas de gestão que melhorem o sistema produtivo e permitam a rea- lização de práticas ambientas em conformidade com as questões ambientais. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 36 – Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), pesquisas realiza- das pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) demonstraram uma tendência pela preservação ambiental por parte do consumidor, afirmando que os desempenhos econômicos tornam-se cada vez mais dependentes de estratégias ambientais: a transformação e influência ecológica nos negócios se farão sentir de maneira crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem decisões estratégicas integradas à questão ambiental e eco- lógica conseguirão significativas vantagens competitivas, quando não, redução de custos e incremento nos lucros a médio e longo prazo. Empresas como a 3M, somando as 270 mil toneladas de poluentes na atmosfera e 30 mil toneladas de efluentes nos rios que deixou de despejar no meio ambiente desde 1975, consegue economizar mais de US$ 810 milhões combatendo a poluição nos 60 países onde atua. Outra empresa, a Scania Caminhões, contabiliza economia em torno de R$1 milhão com programa de gestão ambiental que reduziu 8,6% o consumo de energia, de 13,4% de água e de 10% no volume de resíduos produzidos apenar no ano de 1999 (...). Pesquisa conjunta feita pelo CNI, SEBRAE e BNDES (1998) revela que metade das empresas pesquisadas realizou investimentos ambien- tais nos últimos anos, variando de cerca de 90% nas grandes a 35% nas microempresas. Esta mesma pesquisa revelou que as razões para a adoção de práticas de gestão ambiental (quase 85% das empresas pesquisadas adotam algum tipo de procedimento associado à gestão ambiental) não foram apenas em função da legislação, mas, principal- mente, por questões que poderíamos associar a [sic] gestão ambiental: aumentar a qualidade dos produtos; aumentar a competitividade das exportações; atender ao consumidor com preocupações ambientais; atender à reivindicação da comunidade; atender à pressão de organi- zação não governamental ambientalista; estar em conformidade com a política social da empresa; melhorar a imagem perante a sociedade [...]. (Tachizawa, 2001, p. 38-48) 2.5 Mercado Verde e Marketing Verde Com todo o exposto até o momento, é nítido que a preocupação ambiental trará vantagem competitiva. O termo mercado verde é relativamente novo e tem por objetivo desig- nar produtos fabricados de maneira ecologicamente correta em todos os – 37 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios níveis e setores de produção. Os clientes que compõe este mercado verde, são consumidores ambientalmente conscientizados e seletivos quanto aos produ- tos e serviços, sendo assim, eles estabelecem novas exigências mercadológicas. O mercado verde traz um dos grandes desafios das empresas, que é har- monizar o meio ambiente e o mercado por meio da adoção de novos padrões produtivos e inclusão dos indicadores de desempenho. Justamente com esta questão, vem o aumento de custos. Imagine produtos metálicos produzidos na China e que são comer- cializados por preços baixíssimos: eles provocam alto impacto ao meio ambiente (plástico, alumínio). Desse modo, os custos ambientais aca- bam sendo desprezados para tornar o produto mais competitivo no mercado. (Caldas, 2015, p. 19-20) De acordo com a revista Exame (VASSALO, 2008), milhões de chi- neses não contavam com direitos mínimos: os contratos eram firma- dos verbalmente, deixando os trabalhadores à mercê da boa vontade (ou falta dela) dos patrões. A legislação não amparava sequer casos de doença, gravidez, ou acidente de trabalho. Com tantos “atrativos”, a China despertou o interesse de indústrias irresponsáveis até 2008, quando seu governo colocou em vigor a maior reforma trabalhista dos últimos 30 anos. Teve início, então, o deslocamento de muitas empresas para a índia e o Vietnã, onde conseguiram manter custos socioambientais baixos. Essas práticas irresponsáveis vêm sendo cada vez mais repudiadas pelo consumidor, que evita produtos de empresas envolvidas em situações dessa natureza. Em contrapartida, o modelo de gestão pós-industrial deverá se apoiar cada vez mais em princípios como a responsabilidade socioambiental. Questões ligadas a salário, segurança do trabalho e proteção ao meio ambiente são levadas em conta por muitos clientes e investidores, reforçando a necessidade de adaptação das empresas ao novo paradigma. (Curi, 2010, p. 81) Analisando o texto acima, fica claro que o desafio atual das empresas é conciliar os interesses de desenvolvimento econômico com as questões ambientais. Com essa nova postura, uma ética ecológica será criada, modi- ficando os valores da cultura organizacional e, por consequência, produtos, serviços e marcas serão atrelados a esta imagem ecologicamente correta. Nesta linha surge o Marketing verde, que busca conectar a responsabilidade socio- ambiental da empresa com a geração de ofertas competitivas no mercado. Veja abaixo um exemplo de anúncio de Marketing verde. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 38 – Figura 5 - Exemplo de campanha de Marketing Verde Fonte: Shutterstock.com/ Macrovector Dessa forma, o mesmo produto, se for produzido em diferentes paí- ses e sob diferentes condições (como transportes, tecnologias etc.), não poderá, efetivamente, ser considerado “o mesmo produto” ou “a mesma coisa”, principalmente sob o ponto de vista ambiental, e passa a exigir, assim, ações diferenciadas, que estão associadas, por exemplo, à obtenção de um recurso natural. Perceba que, para fabricação de cerveja, são necessários vários litros de água de boa qualidade para cada litro de cerveja produzido. Então, se a fábrica estiver localizada em uma região que forneçauma água de boa qualidade, os custos de produção podem ser reduzidos pela não necessidade de um trata- mento de água mais sofisticado, ao passo que o contrário também é verdadeiro: não havendo no local, água de boa qualidade, os custos de produção podem ser aumentados. (Mazzaroto & Berte, 2016, p. 62) O novo conceito de produto e serviço requerido por este mercado verde resulta em modelos de mercado embasados em ciclo de vida, padronização e rotulagem ambiental. Veja nos tópicos a seguir, uma breve explicação dos itens, com foco no marketing verde. 2.5.1 Ciclo de vida do produto O ciclo de vida do produto diz respeito à criação, produção, destino e disposição deste, ou seja, é a história completa da vida útil de uma merca- – 39 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios doria. Essa forma de avaliação é relevante para a gestão ambiental, pois, por intermédio dela é possível avaliar cuidadosamente os impactos ambientais. Por meio da avaliação do ciclo de vida do produto, a empresa pode, por exemplo: 2 Realizar a substituição de matéria-prima; 2 Avaliar a possibilidade de novas embalagens; 2 Promover ações de marketing específicas; 2 Fazer o levantamento de pontos fortes e fracos; 2 Otimizar recursos e pesquisar alternativas de transporte menos poluentes; 2 Realizar mudanças no sistema produtivo; 2 Comparar produtos similares; 2 Criar estratégias para melhoria ambiental; 2 Retirar o produto do mercado, se necessário. Segundo a ABNT (2009), a avaliação do ciclo de vida do produto (ACV) é “uma ferramenta de avaliação dos impactos potenciais associados a um produto ou serviço para: construir um inventário de entrada e saída do sistema, avaliar os potenciais e interpretar os resultados da análise, correlacio- nando com os objetivos de estudo da ACV”. 2.5.2 Padronização Vamos relembrar o nosso exemplo dos produtos produzidos na China em diferentes condições ambientais. Com a evolução das práticas ambientais ao redor do mundo, as barreiras comerciais começaram a surgir, podendo ser: 2 Tarifárias: geram tarifas de importações de produtos; 2 Não tarifárias: são as medidas de restrições quantitativas, como por exemplo: licenciamento, medidas sanitárias, subsídios etc. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 40 – Algumas medidas, como a ISO e os selos, foram criadas para minimizar os impactos da padronização. Nos capítulos a seguir, estes temas serão trata- dos com mais detalhes. Conclui-se que o principal objetivo da padronização é promover o desenvolvimento mundial por meio do intercâmbio internacional de serviços e produtos. Segundo Kant (1989) “sem acordo, não poderá haver paz. E sem paz, não poderá haver prosperidade duradoura. Normas internacionais são ferramentas essenciais nos contínuos esforços da humanidade para se conse- guir alcançar mais de ambas». 2.5.3 Rotulagem Ambiental A rotulagem ambiental são os instrumentos informativos dos produtos. Ao longo dos anos foram criados os “rótulos ambientais”, com selos e bandei- ras internacionais que identificam o produto como ecologicamente correto. Nos capítulos a seguir, especialmente no capítulo sobre embalagens, o tema será aprofundado. Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope mostra que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos no dia a dia evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva, em que os resultados econômicos passam a depender cada vez mais das decisões empresa- riais que levem em conta que: a) não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental; b) o movimento ambientalista cresce em escala mundial; c) clientes e comunidades em geral passam a valorizar cada vez mais a proteção do meio ambiente; e d) a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfa- tizarão suas preferências por produtos e organizações ecologicamente corretos. (Tachizawa, 2004, p.23) 2.6 Sobrevivência sustentável Levando em consideração todo o conteúdo exposto até o momento, verifica-se que o desenvolvimento sustentável das empresas é importante e está cercado de desafios. – 41 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios O conceito de ecoeficiência, criado pelo Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável diz que para ser ecoeficiente não é neces- sário consumir menos, mas consumir de forma consciente e responsável. Este mesmo conceito aplicado às empresas mostra que é preciso reduzir o uso de recursos naturais, cortar os custos e aumentar os lucros. Veja na figura abaixo, algumas ideias que podem auxiliar no aumento da eficiência: Figura 6 - As várias estratégias que compõe o paradigma da ecoeficiência. Racionar o uso de matéria-prima e aumentar a sua e�ciência. Reduzir a quantidade de lixo tóxico. Reduzir o número de acidentes. Diminuir o consumo de energia. Reciclar materiais. Aproveitar as fontes de energia limpa disponíveis (ex: eólica, solar, etc.) Gestão ambiental Fonte: Curi, 2011 2.7 Mercado internacional e meio ambiente É verdadeiro que os aspectos ambientais afetam o setor produtivo e podem criar vantagens competitivas, logo, a Organização Mundial do Comércio (OMC), que direciona o comércio internacional mundial, tem o dever de discutir o tema e propor soluções para os conflitos existentes entre as políticas comerciais, o progresso e as questões ambientais. Algumas ações de protecionismo ambiental podem resultar em efeitos similares aos das barreiras não tarifárias para o comércio. Porém, por outro lado, o reconhecimento da variável ambiental nos processos pro- dutivos pode apontar para oportunidades de mercado. Dentro desse contexto, os países e o setor produtivo se preparam para a completa internalização dos custos gerados por práticas de proteção ambiental, resultando em uma adequação dos padrões de produção, de consumo e, finalmente, do comércio. (Mazzarotto; Berté, 2013, p.47). A globalização está presente no mundo empresarial e na vida das pessoas que complicam a relação entre mercado e meio ambiente, portanto, entende-se que os conceitos que definem o comércio internacional estão relacionados a: Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 42 – compra e venda de mercadorias que atravessam fronteiras dos países. Como qualquer outro aspecto relacionado à soberania e ao território de cada nação, as normas de comércio exterior são formuladas pelo governo nacional de cada país. Existem três enfoques para o comércio exterior: protecionismo, livre comércio e comércio regulado. a) O objetivo do protecionismo é proteger as indústrias nacionais da concorrência estrangeira. O protecionismo pode se dar por meio de imposição de tarifas que tornam os produtos importados mais caros que os similares nacionais; pode existir sob a forma de quotas para a quantidade de mercadorias importadas; pode ocorrer sob a forma de proibição à importação; e finalmente, pode se dar sob a forma de pedido de restrição voluntária de importação. b) Livre comércio significa o intercâmbio ilimitado de comércio entre compradores e vendedores através das fronteiras. Embora o livre comércio seja frequentemente associado à desregulamentação, não requer de forma obrigatória a eliminação de padrões de produtos, leis de proteção do trabalho e do trabalhador ou leis ambientais. Ao contrário, o livre comércio busca assegurar que as legislações traba- lhistas, as leis de defesa do consumidor e as leis ambientais de um país não sejam aplicadas de forma a discriminar injustamente as empre- sas estrangeiras. O conceito de livre comércio fundamenta-se num princípio econômico conhecido como vantagem comparativa. Este princípio sugere que um país deveespecializar-se nos bens que produz de forma mais eficiente e trocá-los com outros países por bens que produzam com mais eficiência, mesmo quando os dois países podem produzir bens similares; c) Comércio regulado é o meio termo entre os ideais opostos do pro- tecionismo e do livre comércio. Os governos que adotam esta prática permitem amplo comércio internacional, mas intervêm através de tarifas, subsídios e outras políticas para tornar os produtos nacionais mais atrativos e estimular novas indústrias, a pesquisa e o desenvolvi- mento nacional. Embora as regras de comércio exterior sejam determinadas por cada país, normalmente elas obedecem a parâmetros estabelecidos por acordos internacionais. Atualmente, o sistema de comércio inter- nacional é regido por um conjunto de acordos comerciais multila- terais, regionais e bilaterais. Além disso, determinadas instituições internacionais têm importantes papéis na coordenação das políticas comerciais entre grupos de nações. Esta mesma situação se repete no trato das questões ambientais. (Wathen, citado por Barbosa, 1996, p. 21-30, grifo original). – 43 – A gestão ambiental nas organizações produtivas e seus desafios Síntese Ao longo desse capítulo, pode-se discorrer sobre o conceito de organiza- ção, identificando a diferença entre as estruturas formal e informal. Os tipos de representações gráficas (organograma, cronograma e fluxo- grama), que definem as relações hierárquicas, auxiliam na gestão de atividades e no fluxo de trabalho, respectivamente, também se apresentaram na mesma divisão do material. A produtividade foi abordada como um processo vantajoso para a obten- ção de resultados satisfatórios. Neste tocante, foram relacionadas as questões da organização produtiva e da gestão ambiental, assim como, a gestão empre- sarial com foco ambiental. Nos tópicos seguintes, os termos Mercado Verde e Marketing Verde se caracterizaram por uma nova forma de fabricar produtos de maneira ecologica- mente correta, para um público consumidor ambientalmente conscientizado. Como forma de amenizar os impactos ambientais explorou-se as téc- nicas de padronização e rotulagem, além da importância do ciclo de vida de um produto. Vale ressaltar que em toda a composição do capítulo foram evidenciados os desafios da Gestão Ambiental para as organizações. Para finalizar, um tópico sobre a sobrevivência sustentável com aborda- gem no mercado internacional e sua relação com o meio ambiente foi exposto para proporcionar a compreensão aprofundada do tema. Atividades 1. Define o que é Organização. Qual a diferença entre Organização formal e informal. 2. Defina o que é Produtividade. 3. No decorrer do capítulo foram apontados inúmeros desafios / cenários que as empresas precisam enfrentar para se adaptarem a este novo mercado, preocupado com as questões ambientais. Des- creva pelo menos 3 situações. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 44 – 4. Defina o que é Mercado Verde e Marketing verde. 3 Sistemas de gestão ambiental e as normas da série ISO 14000 A gestão ambiental permite uma avaliação criteriosa sobre os impactos ambientais gerados pelo ser humano. Com o objetivo de avaliar e advertir sobre essas ações, que comprometem a qua- lidade do meio ambiente, criou-se o Sistema de Gestão Ambien- tal (SGA). Esse controle demonstra a importância de se trabalhar com ações preventivas e providenciar devidamente as ações corre- tivas, quando necessário, buscando o equilíbrio nas relações entre o homem e a natureza. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 46 – Objetivos de aprendizagem: O presente capítulo irá versar sobre os sistemas de Gestão Ambiental e normas da ISO 14000. Os objetivos de aprendizagem do capítulo serão: 2 Discorrer sobre o meio ambiente e o mercado internacional; 2 Apresentar abordagens para a Gestão Ambiental Empresarial; 2 Definir o que é o Sistema de Gestão Ambiental (SGA); 2 Abordar as vantagens do SGA em organizações; 2 Apontar os requisitos para implementação de um SGA; 2 Analisar modelos de SGA; 2 Entender o conceito ISO e analisar a série ISO 14000; 2 Mostrar a relação da ISO 14001:2004 com ciclo PDCA. 3.1 Introdução Os capítulos anteriores apresentaram a importância da conscientização ambiental no núcleo corporativo e as consequências positivas desse processo, como a redução de danos e acidentes ecológicos, o aumento da produtividade e a conquista de vantagens competitivas. Neste contexto, verifica-se a necessidade de se entender como os impac- tos ambientais podem ser minimizados, ou seja, de que forma as organizações devem executar o gerenciamento de suas atividades, produtos e serviços. 3.2 Meio Ambiente e Mercado Internacional As questões ambientais impactam o setor produtivo das organizações e são também consideradas fatores de competitividade, mas, infelizmente, nem todas as empresas aceitam a sustentabilidade como componente fundamental da gestão, ou seja, muitas organizações implantam soluções precárias para necessidades imediatas. O mundo tenta encontrar uma solução para o impasse, porém, alguns entraves dificultam o processo, como o fato de cada país possuir diferen- – 47 – Sistemas de gestão ambiental e as normas da série ISO 14000 tes critérios e especificações de padronização. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é um dos órgãos internacionais que se preocupa com a relação entre a questão ambiental e o comércio, ou seja, propõe soluções e políticas em relação ao conflito existente entre os países. Para sobreviver à concorrência acirrada, as empresas optam, como alternativas para a diminuição dos seus custos de produção, pela migração para países com incentivos governamentais e leis ambien- tais menos criteriosas, o que é mais vantajoso financeiramente que adequar-se às exigências de seus países de origem. (...) adoção de padrões mais sustentáveis e um nivelamento com base nos critérios mais rigorosos. Todavia, o que evidenciamos é que, com a migração, transfere-se a degradação ambiental, diminuindo a qualidade de vida da população anfitriã, na maioria dos casos. Dessa forma, percebemos que a abertura comercial não aumentou a eficiência produtiva em termos de qualidade ambiental, sobretudo porque, em troca de um ideal de desenvolvimento, muitos países man- têm níveis baixos de controle ambiental, tomando atitudes ambiental- mente suicidas, a fim de se tornarem mais atrativos aos investimentos de empresas estrangeiras. (MAZAROTTO & BERTÉ, 2013) Como exemplo dessa situação, se for considerado que os custos ambien- tais devem ser incluídos no valor final do produto, como é possível comprar um dispositivo de armazenagem móvel (pen drive) por aproximadamente 2 dólares, como verificamos em alguns países? A resposta para essa questão é simples, possivelmente trata-se de uma mercadoria produzida na China, país que possui políticas ambientais menos restritivas, ou seja, o custo ambiental é menor e o preço final também será reduzido. Na busca de sobreviver às leis do mercado, várias questões ambientais e sociais são desconsideradas em países com políticas ambientais menos taxativas, o que gera conflito entre o intercâmbio de produtos entre regiões. 3.3 Abordagens para a Gestão Ambiental Empresarial Segundo Barbieri (2007), as empresas podem adotar três abordagens para cuidar da natureza, que serão explicadas a seguir. Essas abordagens podem ser entendidas como fases de desenvolvimento de um Sistema de Ges- tão Ambiental. Gestão Ambiental e os Processos de Armazenagem na Logística – 48 – Quadro 1 - Três abordagens possíveis para a gestão ambiental empresarial Controle de Poluição Prevenção de Poluição Abordagem Estratégica Preocupação Básica Cumprimento da legislação e resposta às pressões da comunidade Uso eficiente dos insumos Competitividade Postura Típica Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa Percepção de empresários e administra- dores Custo
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