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APS - Direito do Trabalho

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FMU - Faculdade Metropolitana Unidas 
Curso: Direito 
Turno: Noturno 
Câmpus: Morumbi 
Disciplina: Direito das Relações do Trabalho 
Professor: Alicio Santos Petiz 
Aluno: Luan Vitor Miranda da Costa 
RA: 2571676 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
O trabalho forçado e análogo ao escravo, infelizmente, ainda é um problema que a sociedade 
brasileira tem que enfrentar. Mesmo com a evolução de normas, assinatura de tratados 
internacionais e medidas coercitivas que impedem a execução desta prática degradante e criminosa, 
ainda percebe-se uma insistência de criminosos ao objetificarem humanos como objetos, sem dar a 
eles o devido tratamento que não apenas o trabalhador, mas qualquer pessoa merece. 
 O texto “Combate ao Trabalho Forçado: Manual Para Empregadores e Empresas” (OIT, 
2011) vem com intuito de apresentar medidas que devem ser praticadas, de forma que o combate 1
ao trabalho forçado e análogo à escravidão aconteçam. Ao alertar as empresas acerca desta 
ilegalidade, enxerga-se o intuito não apenas coercitivo da aplicação das leis trabalhistas, mas 
também, um viés pedagógico ao instruir os empregadores acerca do que e do que não fazer, sob 
pena de cometerem crimes. 
 Um dos pontos que devem ser discutidos sob a luz deste manual é o porquê da persistência 
desta prática horrenda em pleno século XXI. Ainda que a Lei Áurea date de 1888 (Brasil, 1888) e 2
com isso a escravidão no Brasil tenha sido extinto na forma da lei, esta atividade ainda é a realidade 
de uma camada da sociedade que sofre com os desmandos de empregadores e empresas. E o que 
mais impressiona, é perceber que isso não acontece apenas no campo, mas também, em grandes 
cidades, comprovando que a aplicação do Direito Trabalhista deve ser universalmente defendido em 
todo o território nacional. 
 OIT. Combate ao Trabalho Forçado: Manual Para Empregadores e Empresas. 2011. Disponível em: < https://1
www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/publication/wcms_227292.pdf >. 
Acesso em: 26 de abril de 2021. 
 BRASIL. Lei Áurea. 1888. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM3353.htm>. Acesso 2
em: 27 de abril de 2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM3353.htm
 Antes de tudo, faz-se importante conceituar o que vem a ser de fato o trabalho forçado. A 
Organização Internacional do Trabalho, em sua Convenção número 29 define que trabalho forçado 
como "todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de uma sanção e para qual 
uma pessoa não se ofereceu espontaneamente. Sua exploração pode ser feita por autoridades do 
Estado, pela economia privada ou por pessoas físicas” (OIT, 1930) . Portanto, os Estados devem 3
criar legislações com o intuito de coibir esta atividade degradante. 
 E, considerando que o Direito do Trabalho tenha uma vasta gama de leis, normas e tratados 
que regem a matéria, faz-se importante identificar quais são os diplomas legais que alimentam este 
campo. Para tanto, esta análise começará com os dispostos constitucionais, tendo em vista que é a 
lei maior que rege o Brasil, e posteriormente serão analisadas as normas infraconstitucionais, além 
de como os Tribunais pátrios aplicam esta legislação. 
 A Constituição Federal de 1988 traz logo no artigo 1 que 
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (BRASIL, 1988). 4
O artigo 5, XIII, rege que "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer” (IDEM) e no XLVII, c, informa que "não haverá 
penas de trabalhos forçados” (IDEM). Diante destes dispositivos, fica clara a proibição da prática de 
trabalho escravo e que não respeitem a dignidade da pessoal humana. Acrescenta-se que ainda na 
Carta Magna, no artigo 243, existe a previsão de expropriação de caráter sancionatória quando 
constatado o trabalho escravo. Segue a norma: 
As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas 
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na 
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de 
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de 
outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5o. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional no 81, de 2014) 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em 
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de 
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação 
específica, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional no 81, de 
2014). (IDEM). 
 Tendo em vista o exposto acima, percebe-se a vontade do legislador constituinte de trazer no 
corpo da Lei Régia nacional a ojeriza que a sociedade deve ter com a prática do trabalho escravo e o 
abuso por parte dos empregadores para com o trabalhador. O passado escravagista brasileiro ainda 
 OIT. Convenção sobre trabalho forçado ou compulsório. 1930. Disponível em: <https://www.ilo.org/brasilia/temas/3
trabalho-escravo/WCMS_393058/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 27 de abril de 2021. 
 BRASIL. Constituição Federal de 1988. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/4
constituicao.htm>. Acesso em: 27 de abril de 2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
se faz presente, e por conta disso, faz-se necessária a punição destas atividades, como consta no 
Direito Penal brasileiro, autuando na forma da lei estes abusadores. 
 Existem três artigos no Código Penal que punem especificamente aqueles que fazem uso de 
trabalho escravo. O primeiro deles é trata especificamente acerca da redução a condição análoga ao 
escravo: 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a 
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições 
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em 
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei 
no 10.803, de 11.12.2003) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. (Redação dada pela Lei no 10.803, de 11.12.2003) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei no 10.803, de 11.12.2003) 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim 
de retê-lo no local 
de trabalho; (Incluído pela Lei no 10.803, de 11.12.2003) 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos 
ou objetos pessoais 
do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei no 
10.803, de 11.12.2003) 
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei no 
10.803, de 
11.12.2003) 
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei no 10.803, de 11.12.2003) 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela 
Lei no 10.803, de 11.12.2003) (BRASIL, 1940) . 5
 O próximo artigo trata acerca da frustração de direito assegurado por lei trabalhista: 
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação 
do trabalho: 
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. (Redação 
dada pela Lei no 9.777, de 29.12.1998) 
§ 1o Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei no 9.777, de 1998) 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, 
para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído pela 
Lei no 9.777, de 1998) 
II - impede alguém dese desligar de serviços de qualquer natureza, mediante 
coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. 
(Incluído pela Lei no 9.777, de 1998) 
§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito 
anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. 
(Incluído pela Lei no 9.777, de 1998) (IDEM). 
 Por fim, no artigo 207, existe a previsão de punição aliciamento de trabalhadores de um 
local para outro do território nacional 
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade 
do território nacional: Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação dada 
pela Lei no 9.777, de 29.12.1998) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de 
execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de 
qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno 
ao local de origem. (Incluído pela Lei no 9.777, de 1998) 
 BRASIL. Código Penal. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/5
del2848compilado.htm>. Acesso em: 27 de abril de 2021. 
§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito 
anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. 
(Incluído pela Lei no 9.777, de 1998) (IDEM). 
 No âmbito específico do Direito do Trabalho, a Consolidação das Leis Trabalhistas traz 
princípios caros à este ramo do direito e que são aplicados na temática discutida neste texto. O 
primeiro é referente ao Princípio Protetor, que “está vinculado à ideia de se atribuir interpretação 
mais favorável ao trabalhador na aplicação da norma jurídica” (NAHAS, 2020) . Tal principio 6
encontra lastro, sobretudo na concepção que direitos sociais são fundamentais e devem ser 
protegidos sob o manto de cláusulas pétreas (Idem). 
 O segundo princípio a ser discutido é o Princípio da Condição Mais Benéfica. De acordo 
com o Tribunal Superior do Trabalho (2019), tal princípio "consiste na garantia, ao longo prazo de 
todo o contrato de trabalho, da preservação de cláusulas contratuais mais vantajosas ao empregado 
para evitar que ele sofra prejuízos" . 7
 No âmbito da CLT não se encontram dispositivos que tratam especificamente acerca do 
trabalho forçado. Este compilado de normas se debruça acerca dos direitos trabalhistas, tais como 
Carteira de Trabalho e Previdência Social, 13o salário, férias remuneradas, licenças, descansos, 
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Além disso, trata acerca dos mais diversos procedimentos 
acerca da temática da busca pelos direitos negados pelo empregador. Como informa Luma 
Cavaleiro de Macêdo Scaff (2012), 
na esfera do direito do trabalho, esta infração é identificada pela reunião do “não-
obedecer” a diversas normas. Trata-se de uma conceituação por negativa; ao “não 
proceder” de acordo com as normas obreiras, o empregador estará adotando um 
comportamento “não-decente”, logo, por estar à margem da(s) lei(s), o trabalho será 
identificado como “forçado” ou “análogo à escravo”. Não há, contudo, uma 
tipificação trabalhista para este tipo de trabalho, exceto pela negativa . 8
 No que diz respeito à tratados internacionais incorporados ao direito brasileiro, destacam-se 
a ja mencionada Convenção sobre trabalho forçado ou compulsório de 1930, que em seu artigo 10 
dispõe que “o trabalho forçado ou obrigatório exigido a título de imposto e o trabalho forçado ou 
obrigatório exigido, para os trabalhos de interesse público, por chefes que exerçam funções 
administrativas, deverão ser progressivamente abolidos”(OIT, 1930). 
 NAHAS, Thereza Christina. Princípio protetor no Direito do Trabalho. Enciclopédia Jurídica da PUCSP. Tomo 6
Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. 1 ed, Agosto de 2020. Disponível em: <https://
enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/373/edicao-1/principio-protetor-no-direito-do-trabalho>. Acesso em: 27 de abril 
de 2021. 
 TST. Direito Garantido: princípio da condição mais benéfica. 2019. Disponível em: <https://www.tst.jus.br/noticia-7
destaque-visualizacao/-/asset_publisher/89Dk/content/direito-garantido-principio-da-condicao-mais-benefica/pop_up>. 
Acesso em: 27 de abril de 2021.
 SCAFF, Luma Cavaleiro de Macêdo. Trabalho forçado é lícito trabalhista ou penal?. Consultor Jurídico. 2012. 8
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2012-out-21/luma-scaff-trabalho-forcado-ilicito-trabalhista-ou-penal>. 
Acesso em: 26 de abril de 2021. 
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/373/edicao-1/principio-protetor-no-direito-do-trabalho
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/373/edicao-1/principio-protetor-no-direito-do-trabalho
 Já a Convenção 105 da OIT do ano de 1957, disciplina em seu art. 1º a abolição do trabalho 
forçado, como se vê a seguir: 
Art. 1 — Qualquer Membro da Organização Internacional do Trabalho que ratifique 
a presente convenção se compromete a suprimir o trabalho forçado ou obrigatório, e 
a não recorrer ao mesmo sob forma alguma: 
a) como medida de coerção, ou de educação política ou como sanção dirigida a 
pessoas que tenham ou exprimam certas opiniões políticas, ou manifestem sua 
oposição ideológica à ordem política, social ou econômica estabelecida; 
b) como método de mobilização e de utilização da mão-de-obra para fins de 
desenvolvimento econômico; 
c) como medida de disciplina de trabalho; 
d) como punição por participação em greves; 
e) como medida de discriminação racial, social, nacional ou religiosa. (OIT, 1957) . 9
A OIT tem ainda outros instrumentos que se destacam por tratar desta matéria, tais como o 
Protocolo à Convenção sobre o Tratado Forçado, de 2014 e as Recomendações sobre Trabalho 
Forçado, do mesmo ano. Tais diplomas não serão esmiuçados ao longo deste texto, porém, é um 
guia importante no que tange ao combate ao trabalho escravo. 
 Decidindo acerca desta matéria, o Ministério Público do Trabalho editou a Portaria 1.129 de 
13 de outubro de 2017, que trouxe a definição de trabalho com jornada exaustiva, trabalho forçado, 
condições degradante e condição análoga à de escravo: 
Art. 1º, I - trabalho forçado: aquele exercido sem o consentimento por parte do 
trabalhador e que lhe retire a possibilidade de expressar sua vontade; 
II - jornada exaustiva: a submissão do trabalhador, contra a sua vontade e com 
privação do direito de ir e vir, a trabalho fora dos ditames legais aplicáveis a sua 
categoria; 
III - condição degradante: caracterizada por atos comissivos de violação dos direitos 
fundamentais da pessoa do trabalhador, consubstanciados no cerceamento da 
liberdade de ir e vir, seja por meios morais ou físicos, e que impliquem na privação 
da sua dignidade; 
IV - condição análoga à de escravo: 
a) a submissão do trabalhador a trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso 
de coação, realizado de maneira involuntária; 
b) o cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, 
com o fim de retê-lo no local de trabalho em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto, caracterizando isolamento geográfico; 
c) a manutenção de segurança armada com o fim de reter o trabalhador no local de 
trabalho em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto; 
d) a retenção de documentação pessoal do trabalhador, com o fim de reter o 
trabalhador no local de trabalho (MPT, 2017) . 10
 Por fim, é importante trazer à discussão como este tema é tratado nos tribunais superiores, 
sobretudo no Tribunal Superior do Trabalho e no Supremo Tribunal Federal. No que diz respeito ao 
TST, é importante destacar a seguinte decisão proferida 
A G R AV O D E I N S T R U M E N T O I N T E R P O S T O P E L O S R É U S . 
INTEMPESTIVIDADE. Interposto agravo de instrumento fora do prazo legal, deve 
ser considerado intempestivo. Agravo de instrumento não conhecido. RECURSO 
DE REVISTA INTERPOSTO PELO AUTOR. MINISTÉRIO PÚBLICO DO 
TRABALHO. TRABALHO EM CONDIÇÕES ANÁLOGAS À DE ESCRAVO.OIT. Convenção nº 105 da OIT. 1957. Disponível em: <https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235195/9
lang--pt/index.htm>. acesso em: 26 de abril de 2021.
 MPT. Portaria 1.129/2017. 2017. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=351466>. Acesso 10
em: 26 de abril de 2021.
https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235195/lang--pt/index.htm
https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_235195/lang--pt/index.htm
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=351466
CONFIGURAÇÃO. No caso em análise, o eg. Tribunal Regional considerou que 
"embora reconhecida a realização de trabalho em condições degradantes, não restou 
demonstrado nos autos a redução dos representados à condição análoga à de 
escravo", concluindo que "em nenhum momento, houve alusão a qualquer 
impedimento à ampla liberdade de locomoção dos trabalhadores" e que "a liberdade 
de ir e vir é incompatível com a condição de trabalhador escravo". Com a redação 
alterada do art. 149 do Código Penal pela Lei nº 10.803/2003, o tipo penal passou a 
trazer explicitamente o conceito do que vem a ser o crime de redução a condição 
análoga à de escravo, trazendo as hipóteses configuradoras, dentre as quais "sujeitar 
a condições degradantes de trabalho", exatamente a situação descrita pelo eg. 
Tribunal Regional. Sob esse enfoque, a caracterização do trabalho escravo não mais 
está atrelada condicionalmente à restrição da liberdade de locomoção do empregado 
- conceito revisto em face da chamada "escravidão moderna". É preciso aperfeiçoar 
a interpretação do fato concreto, de modo a adequá-lo ao conceito contemporâneo 
de trabalho escravo contemporâneo. Nesse sentido têm caminhado a jurisprudência 
e a doutrina. Uma vez configuradas as condições degradantes a que eram 
submetidos os empregados, evidenciado o trabalho em condição análoga à de 
escravo, o que se declara, nos exatos termos do art. 149 do Código Penal. Recurso 
de revista conhecido e provido. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MORAIS COLETIVOS. Não se conhece do recurso de revista quando a parte 
recorrente deixa de rebater todos os fundamentos postos na decisão recorrida, pois 
não atende o disposto no art. 896, § 1º-A, III, da CLT, segundo o qual deve a parte 
cotejar analiticamente os dispositivos que indica terem sido violados e a tese posta 
no v. acórdão regional. Recurso de revista não conhecido. (TST; 
ARR-53100-49.2011.5.16.0021, 6a Turma, Relator Ministro Aloysio Correa da 
Veiga, DELT12/05/2017). (TST, 2017) . 11
 Já no âmbito do STF, destaca-se a decisão que versa sobre portaria ministerial e restrição das 
condutas do crime de redução a condição análoga à de escravo: 
I- Trata-se de pedido de medida liminar em Arguição de Descumprimento de 
Preceito Funda- mental em que se argumenta que a Portaria do Ministério do 
Trabalho 1.129/2017 inviabilizaria o com- bate ao trabalho escravo no Brasil, 
violando vários preceitos constitucionais (artigos 1o, III; 3o, I, III e IV; 5o, caput, 
III e XXXIII; 6o; 37, caput). A portaria impugnada trouxe nova definição dos 
conceitos de trabalho forçado, jornada exaustiva e condições análogas à de escravo, 
para fins de concessão do seguro-desemprego, fiscalização pelo Ministério do 
Trabalho e inclusão no Cadastro de Empregadores. 
II. A Ministra Relatora deferiu a medida cautelar, para suspender a norma 
impugnada, considerando que “o art. 1o da Portaria do Ministério do Trabalho no 
1.129/2017, ao restringir indevidamente o conceito de ‘redução à condição análoga 
a escravo’, vulnera princípios basilares da Constituição, so- nega proteção adequada 
e suficiente a direitos fundamentais nela assegurados e promove desalinho em 
relação a compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil e 
que moldaram o conteúdo desses direitos.” Esclareceu, nesse sentido, que, de 
acordo com a evolução do direito inter- nacional, há escravidão quando o 
cerceamento da liberdade não decorre apenas de constrangimentos físicos, mas 
também daqueles econômicos. Ademais, a reificação do indivíduo, por meio da 
privação de sua liberdade e dignidade, é repudiada pela ordem constitucional e pode 
ocorrer inclusive nas situ- ações em que lhe é limitado o direito ao trabalho digno. 
[ADPF 489 MC, rel. min. Rosa Weber, decisão monocrática, j. 23-10-2017, DJE de 
26-10-2017] (STF. 2017, p. 5 ). 12
Merece destaque, também, decisões ja proferidas que caracterizam o crime da redução a condição 
análoga à de escravo. A Suprema Corte decidiu que não há necessidade de violência física, de 
coação direta a liberdade de ir e vir ou de servidão por dívida para caracterizar o crime de redução a 
condição análoga à de escravo, como se verá a seguir: 
 TST. ARR-53100-49.2011.5.16.0021. 2017. Disponível em: <https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/457793487/11
arr-531004920115160021/inteiro-teor-457793507>. Acesso em: 26 de abril de 2021. 
 STF. Boletim de Jurisprudência Internacional - Trabalho Escravo. 2017. Disponível em: <>. Acesso em: 26 de 12
abril de 2021. 
https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/457793487/arr-531004920115160021/inteiro-teor-457793507
https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/457793487/arr-531004920115160021/inteiro-teor-457793507
I. Trata-se de decisão de recebimento de denúncia, na qual os réus foram acusados 
pelo crime do artigo 149 do Código Penal, porque aliciavam e empregavam 
trabalhadores migrantes nordestinos em Minas Gerais. Os trabalhadores sofriam 
violações a sua dignidade, em vista das precárias condições do alojamento em que 
viviam, das jornadas exaustivas, do comprometimento de suas rendas com compras 
perante estabelecimento comercial ligado ao empregador e da impossibilidade de 
retornarem a suas regiões de origem, em razão do custo da viagem de regresso. A 
defesa alegou que os trabalhadores não eram submetidos a vigilância, tendo 
liberdade de ir e vir. 
II. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, seguindo jurisprudência 
da Corte, que não era necessária a violência física para configurar o delito de 
redução à condição análoga à de escravo, bastando haver “a coisificação do 
trabalhador, com a reiterada ofensa a direitos fundamentais, vulnerando a sua 
dignidade como ser humano”. Em vista disso, recebeu a denúncia. 
[Inq 3564, rel. min. Ricardo Lewandowski, 2a T, j. 19-8-2014, DJE de 17-10-2014] 
I. Trata-se de decisão de recebimento de denúncia, na qual os réus foram acusados 
pelo crime do artigo 149 do Código Penal, por empregarem trabalhadores em 
condições irregulares. A fiscalização do Ministério do Trabalho apurou que os 
trabalhadores ficavam em alojamento precário, sem acesso a água potável, sem 
ambiente adequado para as refeições, sem banheiro; não lhes eram fornecidos 
equipamentos de proteção adequados; seu transporte era feito em veículos 
precários; a jornada de trabalho era exaustiva; não era fornecido transporte para 
retorno à residência, nas folgas. A defesa alegou que os fatos narrados configuravam 
apenas descumprimento da legislação laboral. 
II. O Supremo Tribunal Federal, por maioria, recebeu a denúncia. Entendeu-se que a 
caracterização da escravidão moderna é mais sutil do que a do séc. XIX, não sendo 
necessário haver a coação física da liberdade de ir e vir. Basta que a vítima seja 
submetida a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva ou a condições degradantes 
de trabalho, “condutas alternativamente previstas no tipo penal”. Haveria privação 
da liberdade e restrição da dignidade ao se tratar alguém como coisa, o que 
ocorreria nos casos de “violação intensa e persistente de seus direitos básicos, 
inclusive do direito ao trabalho digno”. Assinalou-se, contudo, que não é qualquer 
violação aos direitos trabalhistas que configura trabalho escravo, mas apenas aquela 
intensa, persistente e em altos níveis “e se os trabalhadores são submetidos a 
trabalhos forçados, jornadas exaustivas ou a condições degradantes de trabalho”. 
[Inq 3412, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Rosa Weber, P, j. 29-3-2012, 
DJE 12-11-2012]I. Trata-se de recebimento de denúncia, na qual os réus foram acusados de submeter 
trabalha- dores rurais a jornada exaustiva, a condições degradantes e a restrição de 
locomoção por dívidas contraídas em armazém da fazenda. 
II. O Supremo Tribunal Federal, por maioria, recebeu a denúncia. Houve debate 
sobre a necessidade da privação da liberdade para configurar o crime, mas a maioria 
entendeu que a submissão à jornada exaustiva e a sujeição do empregado a 
condições degradantes era suficiente para permitir o prosseguimento do processo. 
[Inq 2131, rel. min. Ellen Gracie, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, P, j. 23-2-2012, DJE 
de 7-8-2012] (Idem, p. 7-9). 
 Como restou comprovado ao longo deste estudo, a temática não se exaure apenas com a 
edição de normas nem com compilados de decisões de tribunais, muito menos com a assinatura de 
tratados internacionais. Para se combater o trabalho escravo de forma eficaz, deve-se, acima de 
tudo, criar boas práticas e torná-las rotineiras no ambiente de trabalho. Para tanto, o texto "Combate 
ao Trabalho Forçado: Manual Para Empregadores e Empresas” que serviu de inspiração para este 
estudo, deve ser analisado com bastante cuidado pelas empresas e pelos contratantes. 
 Para se fazer valer de forma correta e certeira, este manual deve ser acolhido com bastante 
atenção por aqueles que contratam, bem como pelos trabalhadores. O conhecimento dos deveres é 
obrigação de todo trabalhador, mas o conhecimento acerca de seus direitos é o que garantirá que 
abusos sejam evitados e que ilegalidades sejam cometidas. Como bem informado ao longo do texto, 
a identificação de situações de trabalho forçado é um inicio libertador para muitos trabalhadores.

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