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ADMINISTRAÇÃO RURAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Rafael Pazeto Alvarenga
 Jeniffer de Nadae
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Omar Inácio Benedetti Santos
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 630.681
 A473a Alvarenga, Rafael Pazeto
 Administração rural / Rafael Pazeto Alvarenga; Jeniffer de 
 Nadae . Indaial : UNIASSELVI, 2017.
 157 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-61-9
 1. Administração Rural – Agropecuária – Custos.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Rafael Pazeto Alvarenga
Jeniffer de Nadae
Doutor em Engenharia Agrícola pela 
Universidade Estadual de Campinas. Mestre em 
Engenharia de Produção pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho, campus de Bauru 
e graduação em Administração de Empresas e 
Agronegócios pela mesma instituição, campus de 
Tupã. É professor universitário em disciplinas com 
foco em gestão da produção e pesquisador na 
área de agronegócios.
Professora Adjunta da Universidade Federal do Cariri. Dou-
tora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica 
da USP, linha de pesquisa Qualidade e Engenharia do Produ-
to (QEP) – 2016, doutorado Sanduíche Université du Québec 
à Trois-Rivières. Mestre em Engenharia de Produção pela Facul-
dade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista 
Julio de Mesquita Filho (UNESP/Bauru) no ano de 2010. Possui 
graduação em Administração de Empresas e Agronegócios (2008) 
pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNE-
SP/UD – Tupã/SP). Pertence ao grupo de pesquisa do CNPQ pela 
universidade. Tem experiência na área de Administração, Gestão da 
Produção, Certificações integradas (ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 
18001, ISO 16001), Supply Chain Management e Sustentabilidade 
com os temas: gestão do conhecimento, comportamento do con-
sumidor, análise mercadológica de feiras livres, estudo dos siste-
mas de gestão de empresas pertencentes a clusters, implantação 
integrada de sistemas de gestão (ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 
18001 e ISO 16001) e sustentabilidade baseada no conceito do 
triple bottom line.
Principais publicações dos autores:
ALVARENGA, R. P.; ARRAES, N. A. M. Certificação fairtrade na ca-
feicultura brasileira: análises e perspectivas. Coffee Science, v. 12, 
n. 1, p. 124–147, 2017a. 
______. Perfil de avaliações de impacto da certificação fairtrade na 
cafeicultura. Espacios, v. 38, n. 32, 2017b. 
ALVARENGA, R. P.; QUEIRÓZ, T. R.; NADAE, J. Cleaner produc-
tion and environmental aspects of the sugarcane-alcohol segment : 
brazilian issues. Espacios, v. 38, n. 1, p. 11, 2017.
______. Risco tóxico e potencial perigo ambiental no ciclo de vida 
da produção de milho. Espacios, v. 38, n. 1, p. 12, 2017. 
MAIA, M.; VALE, J. W. S. P.; NADAE, J.; CARVALHO, M. M.; MO-
RAES, R. O. Gerentes de projetos em novos negócios: estudo de 
múltiplos casos de microcervejarias. RBGP. Revista Brasileira de 
Gerenciamento de Projetos, v. 1, p. 2, 2016.
NADAE, J.; CARVALHO, M. M.; VIEIRA, D. R. Analysing the Stag-
es of Knowledge Management in a Brazilian Project Management 
Office. The Journal of Modern Project Management, v. 3, p. 70-
79-79, 2015.
NADAE, J.; OLIVEIRA, J. A.; OLIVEIRA, O. J. Um estudo de caso 
sobre a adoção dos programas e ferramentas da qualidade em 
uma empresa do setor gráfico com certificação ISO 9001. Revis-
ta Eletrônica de Administração (Garça. On-line), v. 9, p. 15-33, 
2009.
NADAE, J.; GALDAMEZ, E. V. C.; CARPINETTI, L. C.; SOUZA, F. 
B.; OLIVEIRA, O. J. Método para desenvolvimento de práticas 
de gestão integrada em clusters industriais. Produção (São 
Paulo. Impresso), v. 24, p. 776-786, 2014.
OLIVEIRA, J. A.; NADAE, J.; ALVARENGA, R. P.; OLIVEIRA, O. 
J. Responsabilidade Socioambiental em instituições financeiras: di-
ficuldades e perspectivas. Revista Eletrônica de Administração 
(Garça. On-line), v. 9, p. 10-19, 2009.
OLIVEIRA, J. A.; NADAE, J.; OLIVEIRA, O. J.; SALGADO, M. 
H. Um estudo sobre a utilização de sistemas, programas 
e ferramentas da qualidade em empresas do interior 
de São Paulo. Produção (São Paulo. Impresso), v. 21, 
p. 708-723, 2011.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Introdução à Problemática Estudada .................................9
CAPÍTULO 2
Administração no Contexto do Agronegócio .................27
CAPÍTULO 3
Consideração de Impactos Ambientais no
Gerenciamento do Agronegócio .........................................67
CAPÍTULO 4
Agronegócio na Prática .......................................................83
APRESENTAÇÃO
O agronegócio brasileiro é responsável pela geração de divisas ao país e fonte de 
renda para agropecuaristas e trabalhadores rurais. Em um contexto geral, os agentes 
que atuam nos campos agropecuários do Brasil são detentores de um conhecimento 
técnico forte que ajuda muito nas altas taxas de produção do agronegócio do país. 
Falta, muitas vezes, conhecimento gerencial capaz de contribuir para uma atuação 
mais eficiente nos mercados que atuam. Para contribuir neste sentido, este livro 
aborda sobre gerenciamento rural. 
O livro é composto de quatro capítulos. No primeiro capítulo contextualizamos o 
amplo cenário que se relaciona ao tema do nosso livro, como por exemplo, definição 
de agronegócio e segmentos da produção agropecuária; e sistemas, cadeias e 
complexos agroindustriais. 
No segundo capítulo abordamos alguns importantes fatores vinculados ao 
universo da administração, que nos permitem compreender e aplicar especificamente 
na administração rural. 
No terceiro capítulo destacamos alguns importantes aspectos associados 
ao campo da gestão ambiental no cenário agropecuário e também oferecemos os 
exemplos da Avaliação do Ciclo de Vida e da Produção mais Limpa como instrumentos 
possíveis de aplicação na gestão ambiental de sistemas agroindustriais. 
Já no quarto capítulo, oferecemos exemplos de fatores que devem ser 
considerados na gestão de propriedades criadoras de bovinos e produtoras de 
grãos, cana-de-açúcar e café. Neste último capítulo daremos um foco especial ao 
fator da sustentabilidade socioambiental nos sistemas de produção vinculados a tais 
propriedades. Uma vez que existe uma alta demanda pela adequação socioambiental 
no setor agropecuário, conhecer suas implicações nestes sistemas de produção 
contribui com o aumento de chances de retornos dos negócios gerenciados. 
Os autores.
CAPÍTULO 1
Introdução à problemática
estudada
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer a definição de agronegócio.
� Explicar quais são os principais fatores associados ao contexto do agronegócio. 
� Apontar as diferenças entre sistema agroindustrial, cadeia agroindustrial e 
complexo agroindustrial. 
� Diferenciar importantes fatores associados ao contexto do agronegócio.
10
 Administração Rural
11
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
Contextualização
Neste capítulo pretendemos introduzir quais são os principais fatores 
que possuem relação com a principal temática do nosso livro. Assim, ao final 
deste capítulo, você será capaz de identificar e compreendersobre definição 
de agronegócio; sistemas agroindustriais; cadeias agroindustriais; complexos 
agroindustriais; principais agentes envolvidos no campo dos negócios que 
são desenvolvidos em torno do setor agropecuário, assim como relevantes 
características envolvidas no setor agropecuário.
Principais Características Ligadas 
ao Campo da Gestão Rural
Para compreender a problemática envolvida no contexto do 
agronegócio, é preciso saber que o setor agropecuário (neste livro é 
usado o termo “agropecuário” para designar os setores inerentes à 
agricultura, pecuária, pesca e afins) não deve ser analisado como estando 
independente dos demais setores produtivos (ARAÚJO, 2007; BATALHA, 
2014; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). A própria definição do termo “agronegócio” 
carrega o carácter de dependência entre o setor agropecuário, tal como destacam 
dois autores vinculados a esta temática no Brasil: 
Agronegócio é o conjunto de todas as operações e transações 
envolvidas desde a fabricação dos insumos agropecuários, 
das operações de produção nas unidades agropecuárias, 
até o processamento e distribuição e consumo dos produtos 
agropecuários “in natura” ou industrializados (ARAÚJO, 2007, 
p. 16).
Agronegócio é a soma de todas as operações de produção 
e distribuição de suprimentos agrícolas, as operações de 
produção nas unidades agrícolas, do armazenamento e 
distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir 
deles (BATALHA, 2014, p. 5).
Portanto, está implícito nestas definições o fato das análises a respeito do 
setor agropecuário serem feitas mediante junção de outros setores. 
O setor agropecu-
ário não deve ser 
analisado como es-
tando independente 
dos demais setores 
produtivos.
12
 Administração Rural
Os Segmentos da Produção 
Agropecuária
A noção de conjunto implícita às operações agropecuárias fica melhor 
compreendida a partir de uma visão sistêmica sobre as três dimensões associadas 
ao agronegócio, que são:
a) Segmento antes da porteira ou a montante da produção agropecuária.
b) Segmento dentro da porteira ou produção agropecuária propriamente dita.
c) Segmento fora da porteira ou a jusante da produção agropecuária.
Vamos conhecer melhor cada uma dessas dimensões? Então, vamos lá!
a) Segmento antes da porteira
No segmento antes da porteira são realizadas as operações 
vinculadas à produção dos insumos que são necessários à produção 
agropecuária em geral, como por exemplo, fertilizantes, defensivos 
agrícolas, ração e material genético, medicamento veterinário, 
sementes, implementos e máquinas agrícolas. Este segmento pode 
ser dividido em dois subsetores diferentes. Um deles se refere à 
disponibilização e produção de insumos para o agronegócio. Já o outro 
diz respeito à prestação de serviços direcionados para o agronegócio 
(CALLADO, 2015).
No Brasil, importantes instituições têm se destacado por apoiar 
o setor agropecuário do país a se desenvolver, bem como também 
o agronegócio como um todo, tais quais são alguns exemplos: 
universidades com faculdades com foco em Ciências Humanas, Exatas 
e Ciências Agrárias; grupos de pesquisa (PENSA, GEPAI); institutos de pesquisa 
(IAC, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural e as diversas 
ramificações da EMBRAPA com especialidades específicas, como por exemplo, 
milho e sorgo, café, meio ambiente, entre outros). 
Afora estes, outras instituições também contribuem apoiando o 
desenvolvimento da agropecuária do Brasil, como por exemplo, de acordo com 
Callado (2015):
a) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
b) Secretarias estaduais de agricultura / produção rural.
c) Ministério de Ciência e Tecnologia.
No segmento 
antes da porteira 
são realizadas as 
operações vinculadas 
à produção dos 
insumos que 
são necessários 
à produção 
agropecuária em 
geral, como por 
exemplo, fertilizantes, 
defensivos 
agrícolas, ração e 
material genético, 
medicamento 
veterinário, sementes, 
implementos e 
máquinas agrícolas.
13
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
b) Segmento dentro da porteira
No segmento dentro da porteira são efetuadas as operações 
de produção agropecuária propriamente dita (CALLADO, 2015), por 
exemplo, de acordo com este autor:
• Atividades pecuárias, como bovinocultura, avicultura, 
bubalinocultura, ovinocultura, suinocultura.
• Atividades agrícolas, tais quais as tarefas envolvidas desde o plantio até a 
colheita de milho, soja e sorgo.
• Serviços, como turismo rural, suporte técnico / laboratorial, consultoria / 
assessoria.
c) Segmento depois da porteira
Já no segmento depois da porteira são realizadas as operações 
de armazenamento, beneficiamento, industrialização e embalagem, 
por exemplo (ARAÚJO, 2005). Tal como aponta Callado (2015), 
este segmento se vincula a todas atividades que estão associadas 
à comercialização e distribuição dos produtos agroindustriais até 
que cheguem aos consumidores finais. De acordo com este autor, o 
segmento depois da porteira é subdividido em dois subsetores, que são 
logística e canais de comercialização. Tal como salientam os autores (ARAÚJO, 
2005; CALLADO, 2015), o processo de comercialização dos produtos associados 
ao agronegócio pode ser composto por oito níveis mais frequentes, tais como 
mencionados a seguir e tal como descrito abaixo, na Figura 1.
Nível 1: produtores rurais.
Nível 2: intermediários (primários, secundários, terciários etc.).
Nível 3: agroindústrias, concentradores e mercados dos produtores.
Nível 4: representantes, distribuidores e vendedores.
Nível 5: atacadistas, bolsas de mercadorias, governos, centrais de abastecimento 
etc.
Nível 6: feiras livres, pontos de venda, supermercados e exportação.
Nível 7: consumidores.
Nível 8: importação.
No segmento 
dentro da porteira 
são efetuadas as 
operações de pro-
dução agropecuária 
propriamente dita.
Já no segmento 
depois da porteira 
são realizadas 
as operações de 
armazenamento, 
beneficiamento, 
industrialização e 
embalagem, por 
exemplo.
14
 Administração Rural
Figura 1 - Fluxo dos produtos através dos diversos níveis de comercialização
Fonte: Adaptado de Araújo (2005 apud CALLADO, 2015).
Visão Sistêmica do Agronegócio
Segundo os autores (ARAÚJO, 2007; BATALHA, 2014; CALLADO, 2015), 
compreender os mecanismos de interação destes segmentos através de uma 
visão sistêmica do agronegócio permite:
a) Compreensão do funcionamento da atividade agropecuária.
b) Formulação de estratégias corporativas.
c) Melhor precisão para antecipar tendências.
Para compreender de forma ampla todo o contexto vinculado à problemática 
aqui estudada, faz-se necessário entender o que são cadeias, complexos e 
sistemas agroindustriais. Segundo (BATALHA, 2009; 2014), é muito frequente se 
confundir quanto às definições das expressões sistema agroindustrial, complexo 
agroindustrial e cadeia agroindustrial. 
15
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
Sistema, Cadeia e Complexo 
Agroindustrial
De acordo com Batalha (2014), Sistema Agroindustrial é a soma de atividades 
que competem para a produção de produtos agroindustriais. Isso desde a 
produção dos insumos (sementes, máquinas agrícolas, adubos) até a chegada do 
produto final (massas, queijo, biscoito) ao consumidor. Sistemas Agroindustriais 
não estão vinculados, especificamente, a nenhum produto final ou matéria-prima. 
 
Para Farina (1999), Sistemas Agroindustriais são definidos como 
agrupamentos de contratos que possibilitam a viabilidade das estratégias de 
negócio entre os vários agentes que atuam no agronegócio. 
Complexos Agroindustriais, por sua vez, partem de uma matéria-prima 
como base, a exemplo: complexo leite, cana, soja. A arquitetura do complexo 
agroindustrial é regida pela “explosão” da matéria-prima principal que a originou, 
de acordo com os distintos processos comerciais e industriais que ela pode passar 
até se transformar nos distintos produtos finais (BATALHA, 2014). SegundoZylbersztajn e Neves (2000, p. 9), cadeia de produção pode ser entendida como:
[...] uma sequência de operações que conduzem à produção de 
bens. Sua articulação é amplamente influenciada pela fronteira 
de possibilidades ditadas pela tecnologia e é definida pelas 
estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus 
lucros. As relações entre os agentes são de interdependência 
ou complementariedade e são determinadas por forças 
hierárquicas. Em diferentes níveis de análise a cadeia é um 
sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria 
transformação.
Portanto, Cadeia de Produção Agroindustrial está vinculada a um produto 
principal final, sendo a cadeia uma parte segmentada do próprio Sistema 
Agroindustrial. Em Cadeias Agroindustriais existe uma ênfase das relações 
estabelecidas entre indústria de transformação, agropecuária e distribuição 
circunscritas ao produto principal da cadeia (FARINA, ZYLBERSTAJN, 1992). 
a) Principais características associadas às cadeias agroindustriais 
Para Morvan (1988 apud BATALHA, 2014), existem três fatores que estão 
vinculados à caracterização de uma cadeia de produção. Para o autor, uma cadeia 
de produção pode ser caracterizada como: 
16
 Administração Rural
• Um prosseguimento de operações de transformação que são dissociáveis. 
Tais operações podem ser ligadas e separadas entre elas mesmas através 
de um encadeamento técnico.
• Um agrupamento de relações financeiras e comerciais. Estas ditam, no 
conjunto dos diferentes estados de transformação, fluxos de trocas, que 
ocorrem de montante a jusante, entre clientes e fornecedores.
• Um somatório de ações econômicas que asseguram o desenvolvimento das 
operações e ditam a valoração dos meios de produção. 
A exemplo, Batalha (2014) cita as cadeias de produção da margarina e 
do requeijão. Apesar de partir de um mesmo produto (o leite), cada uma possui 
operações comerciais, técnicas e logísticas que são distintas e necessárias para a 
produção de cada um dos produtos. Portanto, sistema agroindustrial pode ser visto 
como formado por complexos agroindustriais. Complexos agroindustriais, por sua 
vez, são formados por cadeias de produção Agroindustriais (BATALHA, 2014). 
O conhecimento dos principais elementos constituintes das Cadeias 
Agroindustriais pode contribuir para o melhor entendimento de seu funcionamento. 
Entre tais elementos, citam-se seus principais macrossegmentos, seus principais 
elos e seus principais mercados. De acordo com Batalha (2014), uma cadeia de 
produção agroindustrial pode ser segmentada, de jusante a montante, em três 
macrossegmentos, que são:
• Produção de matéria-prima: agrega às empresas que oferecem matérias-
primas iniciais para outras empresas darem continuidade ao processo de 
produção do produto final (agricultura, pesca, pecuária, piscicultura etc.) 
• Industrialização: diz respeito às empresas que transformam matérias-primas 
em produtos finais, que possuem como destino o mercado consumidor. 
Por consumidor entende-se tanto unidades familiares como também uma 
agroindústria, por exemplo.
• Comercialização: está relacionada às empresas que mantêm contato com 
o cliente estabelecido no elo final da cadeia de produção. Estão a cargo 
somente da logística de distribuição, tornando possíveis o comércio dos 
produtos finais e também o consumo. Como exemplo, citam-se restaurantes, 
supermercados e padarias. 
Geralmente, cadeias de produção agroindustriais possuem sete principais 
elos, que são, de acordo com Batalha (2014), produtores, processadores, 
atacadistas, distribuidores, prestadores de serviço, varejistas e consumidores. 
17
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
Para o autor, envolvidos nestes elos existem quatro tipos de mercados muito 
distintos, que são os mercados mantidos entre produtores e indústrias de 
insumos; produtores e agroindústria; agroindústria e distribuidores; distribuidores 
e consumidores. Para exemplificar, apresentamos a Figura 2, que representa um 
modelo de duas cadeias industriais envolvidas no processo de produção de três 
produtos, tal como mencionada por Batalha (1995; 2014).
Figura 2 – Exemplo de duas cadeias de produção agroindustriais 
quaisquer envolvidas na produção de três produtos quaisquer
Fonte: Adaptado de Batalha (1995; 2014).
Por este exemplo, em que as operações explanadas na figura podem ser, 
do ponto de vista conceitual, de origens técnica, comercial ou logística, outros 
fatores ficam claros no que diz respeito às Cadeias de Produção. Um ponto é 
que o mesmo produto pode estar vinculado a mais de uma cadeia. Outro fato 
é que nem sempre há linearidade nas cadeias agroindustriais. No exemplo, a 
operação sete pode ser seguida das operações nove e doze ou da operação dez, 
que originam, respectivamente, os produtos um e dois. Outro ponto é que a lógica 
de encadeamento das Cadeias Agroindustriais, tal como afirmado, sempre ocorre 
de jusante a montante (BATALHA, 2014).
18
 Administração Rural
Neste contexto, de acordo com Batalha (2014), a articulação entre os 
agentes da cadeia ocorre basicamente por duas vias, independentemente do grau 
de competitividade entre os agentes. Uma delas é via articulação horizontal, 
que busca identificar as organizações de representação dos agentes que 
podem cumprir um papel fundamental no estabelecimento de ações articuladas 
de interesse comum. A outra é via articulação vertical, onde empresas 
processadoras podem individualmente coordenar estruturas de governança. 
• Estrutura de governança nas cadeias agroindustriais 
De acordo com vários autores especialistas nesta temática 
(ARAÚJO, 2007; BATALHA, 1995; 2014; SILVA, 1995; CALLADO, 2015; 
FARINA, 1999; SYLBERSZTAJN; FARINA, 2001; ZYLBERSZTAJN; 
NEVES, 2000), um dos principais desafios envolvidos no campo das 
cadeias agroindustriais reside justamente no âmbito do gerenciamento 
das estruturas de governança de cadeias agroindustriais. De acordo 
com Araújo (2007), a coordenação de uma cadeia produtiva, também 
denominada “estrutura de governança”, diz respeito à estrutura 
dominante na cadeia. Tal estrutura é dominante porque é ela que 
orienta e interfere em todo o processo produtivo e comercial. Tal dominação 
pode ocorrer de maneira frágil ou intensa, podendo determinar desde o modo 
de produção até o de comercialização dos produtos. De acordo com os autores 
(ARAÚJO, 2007; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000), existem dez principais 
estruturas de coordenação em uma cadeia de produção agroindustrial, que são:
– Mercados.
– Agências de estatística. 
– Mercados futuros.
– Agências e programas governamentais. 
– Firmas individuais.
– Tradings.
– Cooperativas. 
– Integrações.
– Joint ventures.
– Tecnologia. 
Dada a existência de uma imensidade de fluxos de produtos e de informações 
no decorrer das cadeias agroindustriais, recomenda-se analisá-las com base 
em um foco sistêmico baseado na noção de Commodity System Approach. A 
abordagem sistêmica reconhece e enfatiza a interdependência dos componentes 
do sistema (BATALHA, 2009; 2014). Existem cinco aspectos muito associados 
à aplicação da abordagem sistêmica no estudo das cadeias agroindustriais que 
devem ser levados em consideração, que são, tal como os autores Batalha (2014) 
e Souza-Filho (2009) enfatizam:
Um dos principais 
desafios envolvidos 
no campo 
das cadeias 
agroindustriais reside 
justamente no âmbito 
do gerenciamento 
das estruturas 
de governança 
de cadeias 
agroindustriais.
19
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
– Coordenação dentro da cadeia, inerente à própria definição de uma estrutura 
de coordenação/governança adequada.
– Orientação pela demanda, já que as condições de demanda (quantidade, 
qualidade, preço etc.) em um macrossegmento da cadeia agroindustrial 
geram informações e condicionantes que determinam as características dos 
fluxos de produtos e serviços no macrossegmento a montante deste primeiro.
– Verticalidade, jáque a dinâmica de funcionamento de um macrossegmento 
da cadeia agroindustrial, nos seus aspectos tecnológicos, comerciais, sociais, 
logísticos etc., é frequentemente influenciada pelas condições estabelecidas 
em outro macrossegmento, em que são encontrados a montante ou a jusante 
deste primeiro.
– Alavancagem, já que a análise sistêmica busca identificar pontos-chave 
na sequência produção-distribuição-consumo onde ações podem ajudar a 
melhorar a eficiência de um grande número de participantes da cadeia de 
uma só vez.
– Competitividade entre os canais, já que um sistema pode envolver 
mais que um canal de suprimento ou distribuição (por exemplo, 
exportação e mercado doméstico), restando à análise sistêmica 
buscar entender os mecanismos de competição entre os canais e 
examinar como alguns canais podem ser criados para melhorar o 
desempenho econômico do sistema estudado.
Nesse contexto, o enfoque sistêmico em cadeias agroindustriais 
ajuda na compreensão dos fatores associados aos Sistemas 
Agroindustriais, como por exemplo, oferecimento de arcabouço 
teórico para compreensão da forma como os sistemas agroindustriais 
funcionam e sugestão das variáveis que afetam o desempenho dos 
Sistemas Agroindustriais (BATALHA, 2009; 2014). 
b) Principais elementos associados aos sistemas agroindustriais 
A compreensão da abrangência dos Sistemas Agroindustriais passa, 
necessariamente, pelo conhecimento dos principais elementos que os constituem, 
como por exemplo, atores envolvidos e a interferência dos ambientes institucional 
e organizacional (ZYLBERSZTAJN, 2005). Para isso, a Figura 3 apresenta um 
modelo de Sistema Agroindustrial. 
O enfoque sistêmico 
em cadeias agroin-
dustriais ajuda na 
compreensão dos fa-
tores associados aos 
Sistemas Agroindus-
triais, como por exem-
plo, oferecimento de 
arcabouço teórico 
para compreensão da 
forma como os siste-
mas agroindustriais 
funcionam e sugestão 
das variáveis que 
afetam o desempe-
nho dos Sistemas 
Agroindustriais.
20
 Administração Rural
Figura 3 - Modelo de Sistema Agroindustrial
Fonte: Adaptado de Zylbersztajn (2005).
Para os autores Zylbersztajn (2005) e Zylbersztajn e Neves 
(2000), o Sistema Agroindustrial é composto por seis atores, que são: 
• Produção agropecuária. 
• Atacado.
• Varejo.
• Indústria de insumos.
• Consumidores.
• Indústria distribuidora. 
Estes atores agem influenciados por dois ambientes distintos: institucional 
e organizacional. Tais ambientes não são neutros nos Sistemas Agroindustriais. 
O ambiente institucional é o que “detém as regras do jogo”. É no ambiente 
institucional que se formam a integração social e econômica envolvidas no 
Sistema Agroindustrial. São pertinentes a este ambiente os sistemas legais, as 
tradições e os costumes, as políticas públicas, monetárias, fiscais, tributárias, 
comerciais, por exemplo. Já o ambiente organizacional oferece suporte ao Sistema 
Agroindustrial. Contribui para que o mesmo funcione pela provisão de bens e 
serviços. Fazem parte deste ambiente: empresas, universidades, cooperativas e 
associações de produtores, por exemplo (FARINA, 1999; ZYLBERSZTAJN, 2005; 
ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
 Envolvidos nestes dois ambientes, os atores do Sistema Agroindustrial 
mantêm relações internas de cooperação e conflito. Tais relações ocorrem por 
meio de transações diversas, por exemplo, via mercado spot, via contratos e 
O Sistema 
Agroindustrial é 
composto por seis 
atores.
21
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
via integração. Nos Sistemas Agroindustriais, os tipos de relacionamentos, bem 
como os tipos das transações, estão muito relacionados ao comportamento dos 
seus agentes e também aos atributos das transações (ZYLBERSZTAJN, 2005; 
ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).
No Sistema Agroindustrial, dois aspectos devem ser levados em consideração 
para se analisar o comportamento dos seus agentes. Um deles é a questão da 
racionalidade limitada dos agentes que estão inseridos no Sistema Agroindustrial. 
Isso porque estão envolvidos em um ambiente complexo e não possuem poder de 
acesso a todas as informações necessárias para decisões mais eficientes. O outro 
está vinculado ao oportunismo dos agentes frente a possíveis oportunidades de 
negócio confrontadas com os acordos previamente firmados. Entre as principais 
razões apontadas para que não haja quebra de contratos, por exemplo, estão a 
garantia legal, manutenção da reputação e permanência de atitudes baseadas em 
princípios éticos (ZYLBERSZTAJN, 2005; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
• Transações nos sistemas agroindustriais
As transações no Sistema Agroindustrial estão vinculadas a 
três principais tipos de atributos: incertezas, frequências (número 
de vezes que os agentes realizam transações), especificidade dos 
ativos. Basicamente, os ativos podem ser específicos de seis formas 
diferentes, tendo, assim, os seguintes tipos de especificidades: marca, humana, 
física, dedicada, geográfica e temporal (FARINA, 1999; ZYLBERSZTAJN, 2005; 
ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
No contexto dos Sistemas Agroindustriais, geralmente as 
especificidades temporal e geográfica são as principais. Comumente, 
quando há baixa especificidade dos ativos, as transações ocorrem via 
mercado spot e quanto há alta especificidade as transações ocorrem 
via contratos, híbrida ou hierárquica, por exemplo (ZYLBERSZTAJN, 
2005; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000). 
Nas transações efetuadas nos Sistemas Agroindustriais podem ocorrer 
diferentes custos de transações. Tais custos possuem relação direta com o 
tipo de relacionamento que é estabelecido entre os agentes e também com os 
atributos das transações. Isso implica a necessidade de sistemas eficientes de 
governanças e comercialização nos Sistemas Agroindustriais (ZYLBERSZTAJN, 
2005; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).
A forma de governança eficiente advém do conjunto entre as características das 
transações e os pressupostos comportamentais dos agentes. Na medida em que se 
aumenta a especificidade dos ativos, o mercado convencional acaba não sendo mais 
As transações no 
Sistema Agroindus-
trial estão vinculadas 
a três principais tipos 
de atributos.
No contexto dos 
Sistemas Agroindus-
triais, geralmente 
as especificidades 
temporal e geográfica 
são as principais.
22
 Administração Rural
a melhor opção. Assim, é necessário um controle maior. Para isso, frequentemente 
as alternativas residem na opção pela integração vertical e também pela estruturação 
de contratos que asseguram pontos mais específicos estabelecidos entre os agentes 
envolvidos. Neste cenário, é necessário se conhecer, em detalhes, as características 
das transações e organizá-las para se obter economia nos custos de transação. 
Para se elaborar contratos eficientes, é essencial que se conheça a natureza das 
transações (ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000).
Para aprofundamento nos estudos sobre Sistemas 
Agroindustriais, sugerimos a leitura dos seguintes artigos:
 
FARINA, E. M. M. Q. Competitividade e coordenação de 
sistemas agroindustriais: um ensaio conceitual. Gestão e Produção, 
v. 6, n. 3, p. 147–161, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
gp/v6n3/a02v6n3.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2017.
ZYLBERSZTAJN, D. Papel dos contratos na coordenação 
agroindustrial: um olhar além dos mercados. Revista de Economia 
e Sociologia Rural, v. 43, n. 3, p. 385-420, 2005. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/resr/v43n3/27739.pdf>. Acesso em: 3 jun. 
2017.
• Categorias de sistemas agroindustriais
Diante deste contexto, dada a vastidão de abrangência do 
setor agropecuário, os principais autores do Brasil (ARAÚJO, 2007; 
BATALHA, 2014; CALLADO, 2015; FARINA, 1999; QUEIROZ; ZUIN, 
2006; ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000), que atuam com agronegócio, 
afirmam que os SAG (Sistemas Agroindustriais) são divididos em 
duas distintas categorias. Uma delas é denominada de Sistema 
Agroindustrial Alimentar, que está vinculada às operações e aos 
processos associados à produção alimentar.A outra categoria é 
denominada Sistema Agroindustrial não Alimentar, que está 
associada às operações e processos ligados à produção de bens 
derivados da produção agropecuária, mas que não se destinam à alimentação, 
como por exemplo, têxtil, papel e celulose, couros, fumos, madeiramento 
para construção civil, entre outros. Tanto um tipo quanto outro de Sistemas 
Agroindustriais são amparados pelas chamadas “Indústrias de Apoio”, tal como 
exemplos salientados por Batalha (2014): transporte, combustível e mecânica. 
Diante deste 
contexto, dada 
a vastidão de 
abrangência do 
setor agropecuário, 
os principais autores 
do Brasil, que atuam 
com agronegócio, 
afirmam que os 
SAG (Sistemas 
Agroindustriais) são 
divididos em duas 
distintas categorias.
23
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
Tal como este capítulo deixa claro, o setor agropecuário não pode 
ser analisado de modo independente. Existem fluxos de produtos, 
serviços, operações e informações no decorrer das cadeias e sistemas 
agroindustriais que devem ser conhecidos e gerenciados para que haja 
maior eficiência nas transações efetuadas entre os agentes que os compõem. 
Portanto, é o trabalho em sinergia entre os agentes envolvidos no decorrer das 
cadeias e dos sistemas agroindustriais que pode contribuir de maneira decisiva 
para a alavancagem do setor agropecuário, e também dos outros setores que 
estão vinculados a este setor.
Para aprofundar os estudos sobre os tópicos discutidos neste 
capítulo, sugerimos a leitura dos seguintes livros: 
BATALHA, M. O. Gestão agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014.
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos 
negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.
ARAÚJO, M. J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2007.
CALLADO, A. A. C. Agronegócio. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
Atividades de Estudos:
 1) O que é agronegócio?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 2) O que é uma cadeia de produção?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
O setor agropecu-
ário não pode ser 
analisado de modo 
independente.
24
 Administração Rural
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 3) O que são Sistemas Agroindustriais?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 4) O que são Complexos Agroindustriais?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 5) Quais são os ambientes envolvidos nos Sistemas 
Agroindustriais e como são compostos?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Algumas Considerações
Neste momento de encerramento do nosso primeiro capítulo, esperamos que 
você tenha compreendido os seguintes aspectos vinculados ao agronegócio para 
conseguirmos dar prosseguimento aos nossos estudos:
As decisões tomadas no decorrer dos sistemas de produção agropecuário 
devem levar em consideração que este setor não está isolado dos demais setores 
produtivos.
25
Introdução à Problemática Estudada Capítulo 1 
Existe diferença entre Sistema Agroindustrial, Cadeia Agroindustrial e 
Complexo Agroindustrial: Sistema agroindustrial pode ser visto como formado por 
complexos agroindustriais. Complexos agroindustriais, por sua vez, são formados 
por cadeias de produção agroindustriais.
A sinergia entre os agentes das cadeias agroindustriais pode contribuir para 
a melhoria das eficiências específicas.
Referências
ARAÚJO, M. J. Fundamentos do gronegócio. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 
______. Fundamentos de gronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
BATALHA, M. O. As cadeias de produção agroindustriais: uma perspectiva para 
o estudo das inovações tecnológicas. Revista de Administração, v. 30, n. 4, p. 
43–50, 1995. 
______. Gestão agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
______. Gestão agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. da. Marketing & agribusiness: um enfoque 
estratégico. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 5, p. 30–39, 
1995. 
BATALHA, M. O.; SOUZA-FILHO, H. M. Agronegócio no Mercosul: uma 
agenda para desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2009. 
CALLADO, A. A. C. Agronegócio. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
FARINA, E. M. M. Q. Competitividade e coordenação de sistemas agroindustriais: 
um ensaio conceitual. Gestão e Produção, v. 6, n. 3, p. 147–161, 1999. 
FARINA, E. M. M. Q.; ZYLBERSTAJN, D. Organização das cadeias 
agroindustriais de alimentos. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 20, 
1992, Campos de Jordão. Anais... São Paulo: 1992. p. 189-207.
QUEIROZ, T. R.; ZUIN, L. F. S. Agronegócios – gestão e inovação. 1. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2006. 
26
 Administração Rural
SYLBERSZTAJN, D.; FARINA, E. M. M. Q. Projeto: diagnóstico sobre o sistema 
agroindustrial de cafés especiais e qualidade superior do estado de Minas 
Gerais. São Paulo: Universidade de São Paulo (PENSA) / SEBRAE, 2001. 
ZYLBERSZTAJN, D. Papel dos contratos na coordenação agroindustrial: um 
olhar além dos mercados. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 43, n. 3, 
p. 385-420, 2005. 
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios 
agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.
CAPÍTULO 2
Administração no Contexto do 
Agronegócio
A parti da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Descrever quais são os principais fatores associados ao campo da 
administração, bem como suas principais teorias e evolução no decorrer do 
tempo.
� Explicar como o planejamento estratégico pode contribuir para o sucesso das 
organizações gerenciadas.
� Conhecer quais são as características que devem ser levadas em consideração 
ao se efetuar o gerenciamento e planejamento de propriedades rurais.
� Elaborar um planejamento estratégico no contexto do segmento agropecuário.
� Propor alternativas para gerenciamento de propriedades rurais considerando 
as principais especificidades presentes no semento agropecuário.
28
 Administração Rural
29
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Contextualização
Neste capítulo daremos destaque para dois pontos essenciais no universo 
da Administração. O primeiro diz respeito às principais teorias e enfoques da 
administração e que acabam por oferecer subsídios na gestão rural, tais quais: 
Escola Clássica, Enfoque Comportamental, Enfoque Sistêmico, Enfoque da 
Qualidade e Modelo Japonês de Administração. Já o segundo ponto é vinculado 
ao primeiro, uma vez que abordamos sobre planejamento e empreendedorismo, 
dando destaque para: processo de planejamento estratégico e principais fatores a 
serem considerados no planejamento de propriedades rurais. 
Entendendoo Ambiente da Gestão
O conceito de administração é muito similar entre diversos autores 
da área. As proximidades das definições ocorrem da seguinte forma, tal 
como o levantamento feito por Chiavenato (2011, p. 4):
O processo de alcançar objetivos pelo trabalho com 
e por intermédio de pessoas e outros recursos organizacionais 
(Definição de Samuel C. Certo);
O ato de trabalhar com e por intermédio de outras pessoas 
para realizar os objetivos da organização, bem como de 
seus membros (Definição de Patrick J. Montana e Bruce H. 
Charnov);
O processo de planejar, organizar, liderar e controlar o 
trabalho dos membros da organização e utilizar todos os 
recursos organizacionais disponíveis para alcançar objetivos 
organizacionais definidos (Definição de James A. F. Stoner, R. 
Edward Freeman e Daniel A. Gilbert);
O alcance de objetivos organizacionais de maneira eficaz e 
eficiente graças ao planejamento, à organização, à liderança e 
ao controle dos recursos organizacionais (Definição de Richard 
L. Daft);
O processo de planejar, organizar, liderar e controlar o uso de 
recursos para alcançar objetivos de desempenho (Definição de 
John R. Schermerhorn).
Portanto, tal como enfatizado pelas definições apresentadas, as principais 
similaridades envolvendo o conceito de administração envolvem pessoas 
trabalhando e sendo guiadas pelo alcance de objetivos predefinidos, de modo 
organizado e planejado. 
O conceito de 
administração é 
muito similar entre 
diversos autores da 
área.
30
 Administração Rural
a) Teorias administrativas
Desde o início dos estudos associados a esta temática, diversas 
teorias contribuíram para o avanço da administração. A Escola Clássica 
da Administração é a grande propulsora dos estudos no campo da 
administração. Tal como ilustrado pela figura a seguir, e de acordo 
com Maximiano (2000), esta escola tem como base quatro principais 
profissionais: Frederick Taylor, Henry Ford, Henri Fayol e Max Weber, 
cada um deles com suas ênfases específicas.
A Escola Clássica 
da Administração é 
a grande propulsora 
dos estudos 
no campo da 
administração.
Existem muitas 
teorias envolvendo 
os estudos em 
Administração, tal 
como demonstrado 
pelo quadro a seguir.
Figura 4 - Principais formadores da Escola Clássica da Administração
Fonte: Adaptado de Maximiano (2000).
Existem muitas teorias envolvendo os estudos em Administração, 
tal como demonstrado pelo quadro a seguir:
31
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Quadro 1 - Principais Teorias Administrativas: Principais Ênfases e Enfoques
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011).
Teorias administrativas Principal ênfase Principais enfoques
Administração Científica Nas tarefas Racionalização do trabalho no nível operacional.
Teoria Clássica
Na estrutura
Organização formal.
Teoria Neoclássica
Princípios gerais da administração, funções do 
administrador.
Teoria da Burocracia
Organização formal burocrática, racionalidade 
organizacional.
Teoria Estruturalista
Múltipla abordagem em: organização formal e 
informal; análise intraorganizacional e interorga-
nizacional.
Teoria das Relações 
Humanas
Nas pessoas
Organização formal. Motivação, liderança, comu-
nicações e dinâmica de grupo.
Teoria do Comportamento 
Organizacional
Estilos de Administração. Teoria das decisões, 
integração dos objetivos organizacionais e 
individuais.
Teoria do Desenvolvimento 
Organizacional
Mudança organizacional planejada, abordagem 
de sistema aberto.
Teoria Estruturalista
No ambiente
Análise intraorganizacional e análise ambiental. 
Abordagem de sistema aberto.
Teoria da Contingência
Análise ambiental (imperativo ambiental). Abor-
dagem de sistema aberto.
Teoria da Contingência Na tecnologia
Administração da tecnologia (imperativo tecno-
lógico).
Novas abordagens na 
Administração
Na competitivi-
dade
Caos e complexidade. Aprendizagem organiza-
cional. Capital intelectual.
Tal como afirma Maximiano (2000), existem muitos pensamentos básicos 
envolvendo as diferentes vertentes estudadas em Administração. Muitos possuem 
relação entre si, sendo que alguns contribuíram para o surgimento de fortes 
correntes administrativas, tal como mostra a figura a seguir.
32
 Administração Rural
Figura 5 – Principais ideias envolvendo o campo dos 
estudos em Administração: evolução e interligação
Fonte: Adaptado de Maximiano (2000).
Assim, diante desta figura, afirma-se que as principais características dos 
principais enfoques mencionados são, tal como mencionado pelo autor:
• Enfoque comportamental: tem como principais áreas de interesse 
os seguintes aspectos associados ao comportamento e às diferenças 
individuais: percepção, personalidade, competências (conhecimentos; 
aptidões e habilidades; atitudes, interesses e valores), estilos em relação à 
liderança e à motivação. No que diz respeito ao comportamento coletivo e 
aos processos interpessoais, foca principalmente nos seguintes aspectos: 
cultura organizacional, clima organizacional, grupos informais, processo de 
comunicação, de liderança e de motivação (MAXIMIANO, 2000). 
• Enfoque sistêmico: suas principais bases consideram que a organização é um 
sistema composto por partes técnicas e sociais; sistemas influenciam-se de forma 
mútua; existe um ambiente que cerca a organização; o papel da administração é 
zelar pelo desempenho global do sistema (MAXIMIANO, 2000).
• Enfoque da qualidade: o enfoque da qualidade possui três principais eras com 
características muito peculiares. A primeira é a era da inspeção, em que produtos são 
33
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
verificados um a um; cliente participa da inspeção; inspeção encontra defeitos, mas 
não produz qualidade. A segunda é a era do controle estatístico, em que produtos 
são verificados por amostragem; departamento especializado faz controle da 
qualidade; ênfase na localização de defeitos. Já a terceira é a era da qualidade total, 
tendo como foco o processo produtivo controlado; toda a empresa é responsável 
pela qualidade; ênfase na prevenção de defeitos; qualidade assegurada com base 
em sistema de administração da qualidade (MAXIMIANO, 2000).
• Modelo japonês de administração: de forma geral, pode se afirmar que as 
bases do modelo japonês de administração derivam do próprio Sistema Toyota 
de produção. Este, por sua vez, sofre forte influência do Sistema Ford de 
produção, da Administração Científica, do modelo de Qualidade Total e das 
próprias bases culturais do Japão (MAXIMIANO, 2000). 
Para aprofundamento nos estudos sobre teorias e enfoques da 
administração, sugerimos a leitura dos seguintes livros: 
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 4. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
 
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2000. 
b) Funções básicas da administração
De forma geral, a maioria das correntes esbarram em quatro 
funções básicas para as ações que envolvem o gerenciamento. Estas 
funções são: 
• Planejamento, que está associado ao próprio planejamento das ações 
necessárias para se atingir os objetivos que são alvo de serem realizados. 
• Organização, que está vinculada à estruturação de todos os recursos 
(recursos humanos, equipamentos, capital etc.), que serão demandados 
para concretizar as ações envolvidas no planejamento.
• Direção, que diz respeito ao processo de gerenciamento de todos os 
processos e etapas planejadas. 
De forma geral, 
a maioria das 
correntes esbarram 
em quatro funções 
básicas para as 
ações que envolvem 
o gerenciamento.
34
 Administração Rural
• Controle, que é relacionado ao acompanhamento do andamento do 
planejamento, identificando procedimentos errôneos para evitar repetições. 
Ao controle compete prever acontecimentos não desejados, tal como 
salientado por Ribeiro (2006).
Neste sentido, uma vez que todas as etapas passam, necessariamente, 
pelo próprio planejamento,daremos ênfase agora a um dos mais importantes 
componentes do campo da Administração: o processo de planejamento 
estratégico. A partir da menção dos principais aspectos envolvendo o planejamento 
estratégico, oferecemos uma contextualização mais aproximada ao caso do 
planejamento no ambiente do agronegócio.
Processo de Planejamento 
Estratégico
O planejamento estratégico é uma das principais necessidades 
ligadas ao campo da gestão de qualquer empreendimento. Falhas 
ligadas ao planejamento estratégico são apontadas por especialistas 
(BATALHA, 2014; CHIAVENATO, 2006, 2011; DORNELAS, 2008; 
ZYLBERSZTAJN; NEVES, 2000) como sendo as principais causas de 
sérios problemas nas organizações. O planejamento estratégico possui 
muitos aspectos que são essenciais, dentre os quais se destacam 
(CHIAVENATO, 2011): 
a) É projetado no longo prazo.
b) Envolve a empresa como um todo.
c) Está voltado para as relações entre a empresa e seu ambiente de tarefa.
No Brasil, mais de 50% das falências são ocasionadas por 
problemas como falta de planejamento estratégico ou erros em sua 
elaboração, implantação ou gestão. O planejamento estratégico possui 
vários elementos e características. Os principais estão vinculados 
ao próprio processo de planejamento estratégico. Para exemplificar 
a relação entre os seus elementos, as figuras a seguir apresentam 
exemplificações que se complementam, com base nos autores 
Chiavenato (2011) e Dornelas (2008):
Falhas ligadas 
ao planejamento 
estratégico são 
apontadas por 
especialistas como 
sendo as principais 
causas de sérios 
problemas nas 
organizações.
No Brasil, mais de 
50% das falências 
são ocasionadas 
por problemas 
como falta de 
planejamento 
estratégico ou erros 
em sua elaboração, 
implantação ou 
gestão.
35
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Figura 6 – Etapas do Planejamento Estratégico
Figura 7 – Processo de Planejamento Estratégico
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011).
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
Portanto, tal como salientado pelas duas últimas figuras, o processo de 
planejamento estratégico passa, necessariamente, pela definição de objetivos e 
pelas análises dos ambientes externo e interno, que são essenciais no processo 
de planejamento estratégico. Todo o trabalho desempenhado nesta tarefa não deve 
ser visto como estático, já que frequentemente são necessárias as revisões sobre 
decisões previamente tomadas. A seguir, tendo como base a Figura 7, abordaremos 
em detalhes cada uma das etapas do processo de planejamento estratégico. 
36
 Administração Rural
a) Missão, visão e valores organizacionais
A primeira etapa condizente ao planejamento estratégico é a definição da missão, 
da visão e dos valores e princípios do negócio. Tais definições são fundamentais para 
qualquer organização, pois servem como referência sobre o sentido da organização, 
como aspirações futuras e métodos de trabalho, por exemplo. 
A missão da organização deve expressar o seu “sentido de ser”, o 
“porquê” da sua existência, o que a empresa faz (DORNELAS, 2008). 
Para exemplificar, oferecemos declarações de missão das seguintes 
instituições: Disney, Banco do Brasil e Ford.
• Disney: “alegrar as pessoas”.
• Banco do Brasil: “a missão do Banco do Brasil é ser um banco rentável e 
competitivo, atuando com espírito público em cada uma de suas ações, junto 
a clientes, acionistas e toda sociedade”.
• Ford: “somos uma família global e diversificada, com um legado histórico do 
qual nos orgulhamos e estamos verdadeiramente comprometidos em oferecer 
produtos e serviços excepcionais, que melhorem a vida das pessoas”.
Já a visão expressa às aspirações futuras, o lugar em que a 
organização deseja chegar, a direção que a empresa pretende seguir 
(DORNELAS, 2008). No mesmo sentido, são oferecidos exemplos das 
mesmas instituições. 
• Disney: “criar um mundo onde todos possam se sentir crianças”.
• Banco do Brasil: “nossa visão é a de ser o banco mais confiável e relevante 
para a vida dos clientes, funcionários e para o desenvolvimento do Brasil”.
• Ford: “ser a empresa líder mundial na avaliação do consumidor em produtos 
e serviços automotivos”.
Dadas as possíveis dúvidas existentes entre missão e visão organizacional, 
apresenta-se a Figura 8 para elucidação.
A missão da 
organização deve 
expressar o seu 
“sentido de ser”, 
o “porquê” da sua 
existência, o que a 
empresa faz.
Já a visão expressa 
às aspirações 
futuras, o lugar em 
que a organização 
deseja chegar, 
a direção que a 
empresa pretende 
seguir
37
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Figura 8 – Diferenças entre Missão e Visão
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2006).
Já os princípios e valores afirmam sobre sua base de crença. 
Geralmente, a declaração de princípios e valores deixa claro sobre 
quais condições e termos a empresa atua, tal como exemplos das 
declarações da Disney e do Banco do Brasil.
• Disney: “não ao ceticismo; criatividade, sonhos e imaginação; atenção 
fanática aos detalhes; preservação e controle da magia Disney”.
• Banco do Brasil: “espírito público: consideramos simultaneamente o todo e a 
parte em cada uma de nossas ações para dimensionar riscos, gerar resultados 
e criar valor; Ética: é inspiração e condição de nosso comportamento pessoal e 
institucional; Potencial humano: acreditamos no potencial de todas as pessoas 
e na capacidade de um se realizar e contribuir para a evolução da sociedade; 
Eficiência: otimizamos permanentemente os recursos disponíveis para a criação 
de valor para todos os públicos de relacionamento; Inovação: cultivamos uma 
cultura de inovação como garantia de nossa perenidade; Visão do cliente: 
conhecemos os nossos clientes, as suas necessidades e expectativas 
e proporcionamos experiências legítimas que promovem relações de 
longo prazo e que reforçam a confiança na nossa marca”.
Algumas empresas, em vez de declararem publicamente seus 
valores e princípios, optam por uma declaração da sua política 
de qualidade, visando atingir diretamente os interesses dos seus 
consumidores. Tal é o caso, por exemplo, da Ford, como exemplificado 
a seguir:
Já os princípios e 
valores afirmam 
sobre sua base de 
crença
Algumas empresas, 
em vez de declara-
rem publicamente 
seus valores e 
princípios, optam 
por uma declaração 
da sua política de 
qualidade, visando 
atingir diretamente 
os interesses dos 
seus consumidores.
38
 Administração Rural
• Ford: “atingir continuamente resultados consistentemente 
melhores em termos de satisfação do consumidor com nossos 
produtos e serviços. Processos e pessoas têm sido e sempre serão a 
chave para conseguirmos estes resultados”.
b) Análise dos ambientes interno e externo
Definidas as declarações de missão, visão e valores, uma tarefa 
posterior fundamental no processo de planejamento estratégico é 
a análise dos ambientes interno e externo da organização, também 
conhecida como análise de SWOT. Na análise interna são feitas as 
ponderações sobre os pontos fortes e os pontos fracos circunscritos ao 
universo do controle da própria empresa. Para exemplificar uma forma 
básica de análise dos pontos fortes e fracos, o quadro a seguir monstra 
um checklist que pode ser útil neste tipo de análise. De acordo com o 
quadro, a análise do ambiente interno é feita com base em fatores que 
estão completamente ao controle da organização, em áreas diversas, 
tais como produção, marketing, finanças e produção, por exemplo. 
Para cada uma destas, são elencados elementos cujas interferências 
podem impactar positiva ou negativamente o desempenho do negócio. 
Definidas as 
declarações de 
missão, visão e 
valores, uma tarefa 
posterior fundamental 
no processo de 
planejamento 
estratégico é 
a análise dos 
ambientes interno 
e externo da 
organização, também 
conhecida como 
análise de SWOT.
A análise do 
ambiente interno é 
feita com base em 
fatores que estão 
completamente 
ao controleda 
organização, em 
áreas diversas, tais 
como produção, 
marketing, finanças 
e produção, por 
exemplo.
Quadro 2 – Checklist de pontos fortes e fracos
39
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Quadro 3 – Bases para análises do ambiente externo
Fonte: Adaptado de Kotler (1998 apud DORNELAS, 2008).
Já a análise externa é feita tendo como base critérios que não 
são controláveis pela organização. Entre alguns exemplos, estão 
acontecimentos nos contextos social, político e macroeconômico, que 
podem afetar de alguma forma o desempenho da empresa, mas que 
não tem poder de diminuir ou aumentar seus efeitos sobre o andamento 
dos seus negócios. Para exemplificar, o quadro a seguir mostra alguns casos de 
fatores associados à análise do ambiente externo.
Já a análise externa 
é feita tendo como 
base critérios que 
não são controláveis 
pela organização.
Cenário Oportunidades Ameaças
Político legal
1- 1-
2- 2-
Tecnológico
1- 1-
2- 2-
Sociocultural
1- 1-
2- 2-
40
 Administração Rural
Econômico
1- 1-
2- 2-
Demográfico
1- 1-
2- 2-
Empresarial
1- 1-
2- 2-
Ambiental
1- 1-
2- 2-
Outros
1- 1-
2- 2-
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
Tão importante quanto fazer esta análise interna e externa, é desenvolver 
uma análise criteriosa sobre os principais competidores do negócio, a fim de 
melhorar a sua performance no mercado. Para isso, a quadro a seguir oferece 
uma base de apoio.
Quadro 4 – Base para análise dos principais concorrentes do negócio
Atributos
Seus
diferenciais
Diferenciais do 
competidos A
Diferenciais do 
competidos B
Diferenciais do 
competidos C
Produtos / serviço 
Participação de mercado em 
vendas
 
Canais de venda utilizados 
Qualidade 
Preço 
Localização 
Publicidade 
Performance 
Tempo de entrega 
Métodos de distribuição 
Garantias 
Capacidade de produção e 
atendimento da demanda
 
Funcionários 
Métodos gerenciais 
Métodos de produção 
41
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
Saúde financeira 
Posicionamento estratégico 
Flexibilidade 
Tecnologia 
Pesquisa e desenvolvimento 
Vantagens competitivas 
Pontos fortes 
Pontos fracos 
c) Definição de objetivos e metas
Derivadas das análises feitas nos ambientes interno e externo, estão as 
definições dos objetivos, das metas e das estratégias da organização. De acordo 
com Dornelas (2008), os objetivos e metas:
• São o referencial do planejamento estratégico.
• Ajudam a indicar o que a empresa busca atingir.
• Devem ser mencionados de maneira transparente para que permita 
comparações, medições e avaliações.
Os objetivos indicam os desejos organizacionais em nível macro, as 
intenções gerais da organização, bem como o caminho pelo qual a organização 
deve percorrer para conquistar o que procura. Os objetivos são estabelecidos 
com frases e palavras, bem como devem explanar resultados amplos que definam 
o compromisso da empresa em atingi-los. Além disso, os objetivos devem ser 
ambiciosos e expressando necessidades de esforços que superem a normalidade 
e sirvam para que a empresa os tenha como ponto de superação. Se assim não 
for, os objetivos não contribuirão para motivar os colaboradores da organização. 
As metas, por sua vez, são as ações específicas, medíveis, atingíveis, relevantes 
e temporais que devem ser tomadas para que se atinjam os objetivos 
estabelecidos. Dessa forma, um único objetivo pode ter mais de uma 
meta específica (DORNELAS, 2008). Com base neste autor, exemplos 
de objetivos são: 
• Conseguir a liderança de mercado.
• Ser a empresa que oferece os menores preços.
• Conquistar o retorno sobre o investimento em 30 meses.
• Conquistar o ponto de equilíbrio em julho de 2018.
Um único objetivo 
pode ter mais de 
uma meta específica.
42
 Administração Rural
d) Definição das estratégias
No que diz respeito ao delineamento das estratégias, geralmente 
as mesmas estão vinculadas diretamente ao mercado em que a 
empresa atua. Existem diversos exemplos de estratégias. As mais 
comuns, tal como salienta Dornelas (2008), são direcionadas para penetração de 
mercado; manutenção de mercado; expansão de mercado; diversificação. 
e) Planos de ações e feedback 
Vale ressaltar que uma das etapas essenciais do processo de planejamento 
estratégico é a própria implantação dos planos de ações desenvolvidos. Em todo 
o processo deve-se dar atenção especial para as pessoas que estão envolvidas 
nas tarefas associadas, desde a elaboração até a implantação de cada ação. As 
pessoas envolvidas devem estar cientes sobre as implicações de suas funções. 
Para isso é necessário que haja sintonia e sinergia entre os profissionais das 
mais diversas áreas da empresa. É preciso deixar claro que cada ação tem como 
objetivo impactar positivamente o desempenho geral da organização, e não 
somente de um departamento funcional em específico.
Diante disso, é de suma importância que todo o processo 
de planejamento estratégico seja organizado e gerenciado. 
Sobre todas as etapas são necessários acompanhamentos e 
monitoramentos constantes. Uma das formas mais eficientes para 
isso é o estabelecimento de rotineiros feedbacks entre todos os envolvidos 
nas implantações das diretrizes e ações. Feedbacks entre líderes e liderados 
contribuem para a diminuição das chances de repetição de possíveis insucessos 
e também otimizam as possibilidades de acertos mais precisos. Em algumas 
ocasiões, decisões sobre o planejamento estratégico podem incidir sobre 
alterações significativas em planos anteriormente formatados. Por este motivo, os 
feedbacks entre as partes envolvidas são tão importantes.
Assim como demais peculiaridades inerentes às organizações, o 
planejamento estratégico deve ser algo “vivo” nas organizações, ou seja, uma 
vez feito, o mesmo deve ser sempre alimentado com base nas informações 
coletadas dos membros envolvidos e também em possíveis alterações estruturais 
nas organizações, bem como mudanças no ambiente externo que podem 
afetar de modo positivo ou negativo o desempenho das empresas. Caso seja 
bem desenvolvido, implantado, monitorado e gerenciado, o planejamento 
estratégico pode ajudar significativamente para o sucesso das organizações. 
Consequentemente, o planejamento estratégico também contribui para que haja 
menos chances de insucesso de organizações, sobretudo as que estão iniciando 
suas atividades. 
Existem diversos 
exemplos de 
estratégias.
Os feedbacks entre 
as partes envolvidas 
são tão importantes.
43
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Planejamento no Contexto da 
Gestão Rural
Dada a importância do planejamento na gestão das propriedades rurais, 
abordamos aqui alguns pontos que consideramos como de suma importância 
para elaboração do planejamento de propriedades rurais. Para isso, neste tópico, 
daremos destaque para fatores que impactam o gerenciamento tanto de grandes 
quanto de pequenas propriedades. 
No Brasil, a maioria dos estabelecimentos agropecuários são 
pertencentes a pequenos proprietários cujos perfis se enquadram no 
grupo dos agricultores familiares. De acordo com Lei nº 11.326, de 
24 de julho de 2006 (BRASIL, 2006), que define agricultura familiar, é 
considerado como agricultor familiar no Brasil o produtor que: i) não 
possui área maior que quatro módulos fiscais; ii) emprega de forma 
predominante trabalho próprio ou familiar em sua propriedade, bem 
como renda predominante oriunda das atividades desenvolvidas na 
propriedade; iii) dirige sua propriedade (ALVARENGA; ARRAES, 2017). 
Com base em dados do Censo Agropecuário feito em 1996, Nantes e 
Scarpelli (2014) mencionam que aproximadamente 65% dos agropecuaristas 
do Brasil eram proprietários de estabelecimentos com até 20 hectares, tal como 
ilustra a figura a seguir. O perfil da extrema maioria destes proprietários está 
relacionadoà baixa adesão de tecnologia no campo, bem como à mão de obra e a 
renda é predominantemente familiar e provinda da atividade no campo. Neste tipo 
de propriedade, o proprietário gere atividades estabelecidas desde a produção 
até a comercialização dos produtos agropecuários (NANTES; SCARPELLI, 2014). 
A maioria dos 
estabelecimentos 
agropecuários são 
pertencentes a 
pequenos proprietá-
rios cujos perfis se 
enquadram no grupo 
dos agricultores 
familiares.
Figura 9 – Quantidade de estabelecimentos rurais no Brasil em 1996
Fonte: Adaptado de Nantes e Scarpelli (2014).
44
 Administração Rural
Para nos aprofundarmos neste universo, abordaremos agora importantes 
fatores que devem ser levados em consideração no planejamento das mais 
comuns propriedades rurais do Brasil. Para tanto, abordamos fatores mais 
associados às pequenas e às grandes propriedades, bem como elementos que 
devem ser considerados no planejamento de ambos os tipos. 
a) Consideração de fatores no contexto geral do planejamento rural
Por mais que haja diferenças entre os portes das propriedades 
rurais, existem alguns fatores que são comuns na consideração do 
desenvolvimento de seus planejamentos. Tais fatores estão vinculados 
à/ao: especificidades da produção agropecuária, capacitação técnica 
e gerencial, possibilidade de agregação de valor aos produtos, 
informação constante, mitigação dos impactos ambientais. 
• Especificidades da produção agropecuária
Tal como afirma Araújo (2007), existem três principais 
especificidades associadas à produção agropecuária, que são: 
sazonalidade da produção, influência de fatores biológicos e 
perecibilidade rápida dos produtos agropecuários. A produção 
agropecuária é completamente dependente das condições climáticas, 
que não são idênticas em todas as regiões produtoras. As condições 
climáticas implicam diretamente sobre o que se pode produzir e sobre 
a quantidade do que será produzido. As condições climáticas afetam 
também a comercialização dos produtos agropecuários, uma vez que 
não existe muita variação no decorrer do ano sobre as quantidades 
demandadas, que são relativamente constantes. Dessa forma, em função 
da sazonalidade da produção, frequentemente ocorrem algumas situações 
especificamente vinculadas aos mercados agrícolas, que são, por exemplo, 
variação de preço (épocas de safras com preços mais baixos e preços mais altos 
em situação inversa), necessidade de infraestrutura para estoque e conservação 
dos produtos agropecuários, épocas que se utilizam mais os insumos de produção 
e fatores de produção (mão de obra, equipamentos, agroquímicos, por exemplo), 
características específicas de transformação e processamento de matéria-prima 
(ARAÚJO, 2007).
No que diz respeito à influência de fatores biológicos, estes também podem 
causar implicações em todos os ciclos envolvendo a produção agropecuária. 
Isso porque os produtos agropecuários são propícios para o ataque de pragas 
e doenças que causam diminuição nas quantidades produzidas e também na 
qualidade dos produtos ofertados. Frequentemente, em lavouras tradicionais 
não orgânicas, o combate às pragas e às doenças é feito com base na aplicação 
Por mais que 
haja diferenças 
entre os portes 
das propriedades 
rurais, existem 
alguns fatores que 
são comuns na 
consideração do 
desenvolvimento de 
seus planejamentos.
Existem três 
principais 
especificidades 
associadas 
à produção 
agropecuária, que 
são: sazonalidade da 
produção, influência 
de fatores biológicos 
e perecibilidade 
rápida dos produtos 
agropecuários.
45
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
do uso de agrotóxicos. A administração destes produtos implica diretamente os 
seguintes fatores: aumento dos custos de produção, aumento dos riscos para o 
meio ambiente e para a saúde dos trabalhadores, possibilidade de ocorrência 
de resíduos tóxicos nos produtos que são consumidos à mesa pelo consumidor 
(ARAÚJO, 2007).
O terceiro fator, que se vincula à perecibilidade rápida dos produtos, causa 
implicações tanto no planejamento da quantidade a ser produzida quanto na 
quantidade que poderá ser comercializada. A vida útil dos produtos agropecuários 
é rápida. Em função disso, necessitam ser consumidos ou processados em 
um tempo muito curto para que consigam manter suas características. Neste 
aspecto, tão importante quanto produzir em quantidades satisfatórias é ter canais 
de comercialização já definidos capazes de absorver a produção sem que haja 
perda dos produtos por causa de excesso de tempo em estoque ou também 
desvantagem na negociação associada a alta oferta (ARAÚJO, 2007).
• Capacitação técnica e gerencial
O segmento agropecuário dentro da porteira passou 
por transformações no decorrer dos anos que deixaram sua 
operacionalização e gerenciamento tão exigente quanto organizações 
formais. A adoção de novas tecnologias nos campos contribuiu para 
que o Brasil atingisse patamares de excelência no cenário de produção 
agropecuária mundial. Os avanços ocorreram em etapas que estão 
circunscritas desde a produção até a comercialização. Neste contexto, 
é importante que os agentes envolvidos no gerenciamento rural estejam 
a par das tecnologias e inovações tecnológicas que estão associadas aos seus 
negócios. Quase sempre as adoções de novas tecnologias nos campos brasileiros 
acarretam redução nos custos de produção e também maior retorno financeiro, 
tão importante quanto é a capacitação gerencial, e não apenas técnica, dos 
envolvidos na administração rural. No Brasil, proprietários rurais, muitas vezes, 
dominam as técnicas que vão desde o plantio/cria até a colheita da matéria-prima 
produzida. Muitos agropecuaristas, contudo, não gerenciam suas propriedades tal 
como um negócio. Portanto, a capacitação gerencial de muitos agropecuaristas é 
ainda um gargalo para o agronegócio nacional. 
• Informação constante
O principal fator implicante aqui é o uso da informação para tomada de 
decisões, sejam elas associadas desde a produção até a venda dos produtos. No 
Brasil, importantes meios podem ser considerados como importantes fontes de 
informação para o segmento agropecuário, sendo algumas principais: 
O segmento agro-
pecuário dentro da 
porteira passou por 
transformações no 
decorrer dos anos 
que deixaram sua 
operacionalização e 
gerenciamento tão 
exigente quanto or-
ganizações formais.
46
 Administração Rural
i) Feiras e exposições agropecuárias.
ii) Revistas especializadas no setor. 
iii) Instituições de pesquisa (Embrapa, Emater, IAC etc.).
iv) Associações de produtores.
v) Universidades com faculdades de Ciências Agrárias e Ciências Sociais 
Aplicadas com foco em estudo do agronegócio.
vi) Secretarias de Agricultura.
• Mitigação dos impactos ambientais
Talvez aqui esteja um dos principais pontos a ser considerado no 
gerenciamento que envolve o contexto agropecuário. Isso porque existe 
uma forte demanda mundial pela redução de impactos ambientais no 
decorrer dos sistemas produtivos, sendo o setor agropecuário um dos 
que mais contribui para tal. Neste setor são gerados impactos sobre 
recursos naturais, tais como água e solo, por exemplo. Além disso, 
uma vez que este setor atua, necessariamente, com a produção 
alimentar, a segurança alimentar também possui relações diretas 
com a necessidade de redução de impactos ambientais ocasionados pelos 
processos agrícolas. Neste aspecto em específico, resíduos de agrotóxicos nos 
alimentos estão entre as maiores preocupações de grupos de consumidores e 
entidades públicas e privadas. Para oferecer melhor entendimento acerca desta 
problemática, apresentaremos mais adiante em nosso livro o caso do uso de 
agrotóxicos no Brasil e também um exemplo de um estudo nosso que quantificou 
o consumo de agrotóxicos no decorrer do ciclo de vida da produção de milho. 
b) Consideração de fatores no planejamento de grandes propriedades
Para grandes propriedades, aspectos muito comuns que devem estarpresentes no seu planejamento dizem respeito à/ao:
• Contratação de mão de obra
Sobre este quesito, dois fatores se correlacionam de forma muito importante. 
Um está relacionado ao ciclo da produção agropecuária e o outro à carência de 
mão de obra capacitada para operar equipamentos agropecuários que possuem 
tecnologias de última geração. Existem culturas que possuem grandes diferenças 
na quantidade de mão de obra empregada nos seus distintos ciclos. São os 
casos específicos de culturas que necessitam empregar grande quantidade de 
trabalhadores braçais em épocas de plantio e colheita, principalmente. Entre 
alguns casos podem ser citados, por exemplo, colheita de café e cana-de-açúcar 
em áreas que não suportam a operacionalização de colheitadeiras mecanizadas, 
Existe uma forte 
demanda mundial 
pela redução de 
impactos ambientais 
no decorrer dos 
sistemas produtivos, 
sendo o setor 
agropecuário um dos 
que mais contribui 
para tal.
47
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
plantio de cana-de-açúcar, colheita de feijão e frutas diversas. Neste quesito há 
dois pontos fundamentais. O primeiro é estar amparado por contratações legais, 
adequadas às leis trabalhistas. O segundo é efetuar um planejamento adequado 
sobre a quantidade correta de mão de obra a ser empregada, de modo que não 
haja nem desperdício de dinheiro com contratações desnecessárias nem perdas 
(colheitas não feitas, mudas não plantadas em épocas corretas) e sobrecarga de 
trabalho aos colaboradores empregados. 
• Tecnologia
No que diz respeito ao emprego de tecnologia no campo, muitas regiões 
do Brasil estão enfrentando dificuldades para encontrar mão de obra qualificada 
para operar equipamentos no campo. São os casos, por exemplo, das grandes 
propriedades produtoras de grãos e também das usinas de açúcar e álcool. 
Muitas vezes, o problema está além da falta de cursos de capacitação com focos 
específicos para os operadores. Isso porque a falta de educação formal de muitos 
trabalhadores rurais os impossibilitam de compreender pontos fundamentais para 
tal capacitação, tal como é o caso, por exemplo, da própria leitura dos manuais 
dos equipamentos. 
A adoção de tecnologia nos campos do Brasil tem contribuído muito 
para a alavancagem do agronegócio nacional. Tanto os equipamentos 
e implementos que propiciam o desenvolvimento do plantio direto nos 
campos do Brasil, quanto a tecnologia envolvida na agricultura de 
precisão, são fatores que se destacam positivamente. Da mesma forma, 
destaca-se também o uso de pivôs de irrigação, tal como monstra a 
figura a seguir, como exemplos que podem ser mencionados como importantes 
para o aumento da produtividade agropecuária no Brasil, sobretudo no que diz 
respeito ao aumento da produção de grãos. 
A adoção de tecno-
logia nos campos 
do Brasil tem 
contribuído muito 
para a alavancagem 
do agronegócio 
nacional.
Figura 10 – Irrigação com pivô central e área plantada com pivô central
Fonte: Os autores.
48
 Administração Rural
Além dos pivôs de irrigação, outra tecnologia que tem contribuído muito para 
o avanço do agronegócio do país é o acondicionamento de grãos em silos de 
armazenagem diretamente nas próprias fazendas, tal como ilustra a figura a seguir:
Figura 11 – Silo de armazenagem de grãos
Fonte: Os autores.
As principais vantagens destes equipamentos têm sido nas seguintes 
direções:
I) Possibilidade de vender a produção em períodos de preços melhores, uma 
vez que o produtor não precisa, necessariamente, vender a produção no 
pico da colheita, quando preços podem não ser tão atrativos, já que existe 
excesso de produto no mercado.
II) Possibilidade de estocar a produção em condições adequadas na própria 
propriedade, diminuindo também as chances de a mercadoria obter umidade, 
que implica diminuição do valor pago pelo grão.
III) Possibilidade de saber, ainda na propriedade, a quantidade produzida, já 
que a maioria das propriedades que possuem silos instalados trabalham 
também com balanças acopladas. Isso permite tanto um maior controle aos 
proprietários sobre suas produções como também diminuem as chances de 
distorções caso a mercadoria seja quantificada em balanças que estão em 
outras localidades, tal como é o caso de balanças dos próprios compradores, 
de cooperativas ou de galpões terceirizados de armazenagem, por exemplo.
• Conhecimento da operacionalização das diferentes formas de 
comercialização
Tão importante quanto produzir com eficiência, é comercializar utilizando 
as possibilidades associadas aos mercados de produtos agrícolas. Dentre as 
49
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
principais alternativas de comercialização de produtos agroindustriais, 
podem ser citados os seguintes tipos: mercado spot, mercado a termo, 
mercado de futuros e contratos de longo prazo.
I) Mercado spot: neste mercado, as transações comerciais ocorrem 
em um único momento e as relações e processos de comércio são 
esporádicas, tais como aquelas que ocorrem em supermercados, 
por exemplo. Nestas relações de mercado, é fácil identificar que não 
existe obrigação de uma relação de comércio futura de nenhuma das 
partes envolvidas na operação. No mercado spot de produtos agroindustriais 
não existe certeza sobre os preços praticados, já que os preços oscilam com 
frequência (AZEVEDO, 2014). 
II) Mercado a termo: neste mercado, os agentes envolvidos nas transações 
estabelecem contratos onde há acordos sobre certos fatores futuros 
envolvidos nas transações. Assim, os vendedores e compradores podem 
estabelecer os seguintes exemplos de acordos preestabelecidos, como por 
exemplo: meio de transporte (caminhão, trem, navio, por exemplo) a ser 
utilizado para escoar a mercadoria, forma de pagamento, localidade e data 
da entrega da mercadoria (AZEVEDO, 2014).
III) Mercado de futuros: aqui os contratos especificam apenas fatores vinculados 
ao prazo e local de entrega da mercadoria; produto comercializado (soja, 
milho, por exemplo). O mercado de futuros é um tipo de mercado que possui 
custos que são relativamente baixos por causa da padronização envolvida 
nas transações (AZEVEDO, 2014).
IV) Contratos de longo prazo: são contratos que objetivam garantir maior 
estabilidade nas transações através de garantias preestabelecidas que 
são condizentes tanto ao tempo como à forma de demanda do produto. No 
caso dos produtos agroindustriais, tanto contratos de franquias, integrações 
verticais e joint ventures podem ser citados como exemplos de contratos de 
longo prazo (AZEVEDO, 2014).
Para aprofundamentos nestes tipos de comercialização, ler 
artigo: 
AZEVEDO, P. F. de. Comercialização de produtos 
agroindustriais. In: BATALHA, M. O. (Ed.). Gestão Agroindustrial 1. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 63-112. 
Dentre as principais 
alternativas de 
comercialização de 
produtos agroindus-
triais, podem ser 
citados os seguintes 
tipos: mercado spot, 
mercado a termo, 
mercado de futuros 
e contratos de longo 
prazo.
50
 Administração Rural
c) Consideração de fatores no planejamento de pequenas propriedades
No que diz respeito às pequenas propriedades, os seguintes fatores são 
mais comuns na consideração da elaboração do planejamento:
• Tecnologia e produção apropriada
Para pequenas propriedades, este é um importante aspecto 
a ser levado em consideração. Isso porque muitos pequenos 
agricultores brasileiros gerenciam e operam suas propriedades 
usando equipamentos e implementos que são mais condizentes para 
grandes propriedades. Neste mesmo sentido, tão importante quanto 
utilizar equipamentos e implementos condizentes com as condições 
da propriedade, é não depender de apenas um tipo de cultura para 
gerar receitas para as propriedades. É muito comum encontrar no 
Brasil pequenos agropecuaristas produzindo suas culturas nos moldes 
de grandes produtores, que ganham por escala de produção. Para pequenas 
propriedades, é importanteque haja diversificação da produção, bem como 
também maior proximidade com mercados consumidores e diversificação da 
produção. O concílio de diversas culturas e criações tem sido uma das principais 
alternativas que acarretam em rendas superiores para pequenos agropecuaristas.
• Atenção quanto às opções de crédito disponíveis
No Brasil, uma das principais instituições financeiras que oferecem crédito 
para agropecuária é o Banco do Brasil. Existem linhas específicas para pequenos 
produtores nas seguintes linhas de financiamento: custeio, investimento, 
comercialização e capital de giro. 
• Vínculo a cooperativas e associações
Uma das estratégias que pode ser utilizada por pequenos 
produtores é o seu vínculo a associações ou cooperativas de 
produtores. As principais vantagens deste tipo de vínculo ocorrem 
em duas importantes direções. A primeira está associada à aquisição 
de insumos necessários para produção dos produtos agropecuários. 
Estando vinculados a cooperativas e associações, abrem-se para 
possibilidades de comprar insumos em maiores quantidades por preços menores 
do que se fossem comprados individualmente. Já a outra principal vantagem está 
atrelada à comercialização. Em conjunto, os pequenos produtores conseguem 
atingir mercados que não conseguiriam se estivessem atuando sozinhos, 
justamente pelo fato de venderem em maiores quantidades.
Isso porque 
muitos pequenos 
agricultores 
brasileiros gerenciam 
e operam suas 
propriedades usando 
equipamentos e 
implementos que são 
mais condizentes 
para grandes 
propriedades.
Uma das estratégias 
que pode ser utilizada 
por pequenos 
produtores é o seu 
vínculo a associações 
ou cooperativas de 
produtores.
51
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
• Aproximação dos mercados consumidores: selos de certificação 
Outra estratégia diz respeito à adequação das produções aos variados tipos 
de certificação existentes. Há uma demanda muito forte por produção sustentável 
e existe uma quantidade significativa de certificações que atuam nestes mercados. 
Para aprofundar nesta temática, ofereceremos como exemplificação, no Capítulo 
4 do nosso livro, o caso das certificações socioambientais no setor cafeeiro.
• Sucessão familiar
A sucessão familiar da propriedade rural deve ser um fator 
presente no processo de planejamento estratégico. Isso porque um dos 
pontos centrais envolvidos no processo de planejamento estratégico 
está envolvido com o horizonte temporal e muitas propriedades rurais 
familiares do Brasil não estão tendo com quem deixar a continuidade da 
produção agropecuária familiar. Nestas propriedades, atuar no campo 
para os filhos dos proprietários não é uma opção frente outras formas de 
vida longe da produção agropecuária. A principal alternativa para atrair 
a retenção dos filhos dos proprietários agropecuários na continuidade 
do negócio familiar é oferecer opções de vida no campo que tenham as 
comodidades básicas encontradas nos centros urbanos (tais como residências 
confortáveis com instalações elétricas, internet, energia elétrica, estradas 
conservadas) e, sobretudo, que os retornos econômicos obtidos das atividades 
do campo sejam tão vantajosos quanto outras opções fora dele. Para tanto, um 
caminho seguro é adotar atitude empreendedora e gerir a propriedade rural tal 
como uma organização convencional. Para continuar oferecendo subsídios neste 
sentido, abordamos agora sobre um ponto fundamental no gerenciamento de 
qualquer negócio: empreendedorismo.
Empreendedorismo No Contexto Da 
Gestão Rural
Desenvolver o empreendedorismo entre os agricultores brasileiros 
está entre algumas das principais necessidades do país. Pensar e gerir 
a propriedade tal como um negócio é a forma mais indicada para o 
sucesso das propriedades rurais brasileiras. 
Tal como afirma Dornelas (2008), empreendedores de sucesso possuem 
algumas características em comum, sendo as principais: 
Um dos pontos cen-
trais envolvidos no 
processo de plane-
jamento estratégico 
está envolvido com o 
horizonte temporal e 
muitas propriedades 
rurais familiares do 
Brasil não estão ten-
do com quem deixar 
a continuidade da 
produção agropecu-
ária familiar.
Pensar e gerir a 
propriedade tal como 
um negócio é a 
forma mais indicada 
para o sucesso das 
propriedades rurais 
brasileiras.
52
 Administração Rural
a) São visionários.
b) Sabem tomar decisões.
c) Sabem explorar ao máximo as oportunidades.
d) São determinados e dinâmicos.
e) São dedicados.
f) São otimistas.
g) São apaixonados pelo que fazem.
h) São independentes e motivados por construir o próprio destino.
i) São líderes e formadores de equipes.
j) Possuem um bom networking.
k) São ótimos planejadores.
l) Possuem conhecimento sobre o negócio.
m) Assumem riscos calculados.
n) Criam valor para a sociedade.
À frente de um negócio, é importante que se busque reunir o máximo das 
características mencionadas para evitar o fracasso no negócio em andamento ou 
ainda em planejamento. No Brasil, grande quantidade de empresas não consegue 
dar continuidade aos seus negócios. Baseado em pesquisa do SEBRAE, em 
dados das empresas que foram abertas nos cinco anos compreendidos entre 
1997 e 2001, Dornelas (2008) afirma, tal como ilustrado pela Figura 12, que no 
quinto ano aproximadamente o dobro de pequenas empresas são encerradas 
quando comparado com o primeiro ano de vida. Tal como afirma o autor, esta é a 
taxa de empresas que permanecem em atividade entre o primeiro e quinto ano, 
respectivamente: 69%, 63%, 51%, 47%, 40%. 
Figura 12 – Percentual de pequenas empresas encerradas e em 
atividade no Brasil nos primeiros cinco anos: base entre 1997 a 2001
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
53
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
As causas de insucesso são inúmeras e similares entre as diversas 
localidades. Tal como ilustra a Figura 13, baseada em pesquisa feita 
nos Estados Unidos, Dornelas (2008) afirma que a extrema maioria das 
causas primárias do fracasso de start-ups daquele país tem motivo em 
fatores associados a deficiências no gerenciamento. A Figura 13 mostra 
os seguintes percentuais que foram apontados como causas de fracasso 
das empresas citadas: incompetência gerencial (45%), inexperiência no 
ramo (9%), inexperiência em gerenciar (18%) e expertise desbalanceada (20%).
A extrema maioria 
das causas primárias 
do fracasso de 
start-ups daquele 
país tem motivo em 
fatores associados 
a deficiências no 
gerenciamento.
Figura 13 – causas de fracasso de start-ups americanas
Fonte: Adaptado de Dornelas (2008).
Geralmente existem algumas etapas básicas implícitas desde os primeiros 
levantamentos sobre o negócio. Segundo Dornelas (2008), são quatro as etapas 
muito bem identificadas, implícitas no processo empreendedor:
a) Identificar e avaliar a oportunidade.
b) Desenvolver o plano de negócios.
c) Determinar e captar os recursos necessários.
d) Gerenciar a empresa criada.
Entre estas quatro etapas do processo empreendedor, o Plano de Negócios 
é apontado por especialistas (CHIAVENATO, 2006; DORNELAS, 2008) como a 
etapa capaz de deixar estruturado de forma clara e sucinta todo o planejamento 
da empresa a ser criada e também de empresas já em andamento. Dada sua 
importância, daremos destaque as suas principais características. 
54
 Administração Rural
a) Plano de negócios
O desenvolvimento do Plano de Negócios deve reunir as principais 
informações sobre a empresa. De forma sucinta, sua elaboração passa, 
necessariamente, pela resposta a questões que estão vinculadas a 
nove pontos principais. Segundo Chiavenato (2006), estas são:
1- Ramo de atividade: Por que escolheu o negócio?
2- Mercado consumidor: Quem são os clientes? O que tem valor para os 
clientes?
3- Mercado fornecedor: Quem são os fornecedores de insumos e serviços?
4- Mercado concorrente: Quem são os seus concorrentes?
5- Produtos/serviços a serem ofertados: Quais são ascaracterísticas dos 
produtos/serviços? Quais são os seus usos menos evidentes? Quais são as 
suas vantagens e desvantagens diante dos concorrentes? Como vai criar 
valor para o cliente por meio dos produtos/serviços?
6- Localização: Quais são os critérios para a avaliação do local ou do “ponto” do 
seu negócio? Qual é a importância da localização para o seu negócio?
7- Processo operacional: Como sua empresa vai operar etapa por etapa? Como 
será fabricado e vendido? Qual trabalho será feito? Quem fará o trabalho? 
Qual material e equipamento será utilizado? Quem tem conhecimento e 
experiência no setor? Como fazem os concorrentes?
8- Previsão de produção, de vendas ou de serviços: Qual é a necessidade e a 
procura do mercado? Qual é a sua provável capacidade de produção? Qual é 
a disponibilidade de matérias-primas e de insumos básicos? Qual é o volume 
de produção/vendas/serviços que você planeja para o seu negócio?
9- Análise financeira: Qual é a estimativa da receita da empresa? Qual é o 
capital inicial necessário? Quais são os gastos com materiais? Quais são os 
gastos com pessoal de produção? Quais são os gastos gerais de produção? 
Quais são as despesas administrativas? Quais são as despesas de vendas? 
Qual é a margem de lucro desejada?
O oferecimento de respostas a estas indagações pode ter como auxílio 
um processo básico para a própria elaboração do Plano de Negócios, tal como 
ilustrado pela figura a seguir.
O desenvolvimento 
do Plano de 
Negócios deve 
reunir as principais 
informações sobre a 
empresa.
55
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Figura 14 – Processos para elaboração de um plano de negócios
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2006).
Neste contexto, uma vez que, tanto o desenvolvimento de um negócio 
associado ao mercado agropecuário, como o próprio desenvolvimento de um 
Plano de Negócios, passa pela necessidade de se conhecer as características 
básicas dos mercados existentes no contexto estudado, daremos ênfase 
agora à caracterização básica dos mercados agropecuários. No Brasil, autores 
(AZEVEDO, 2014; NEVES, 2000; SILVA; BATALHA, 2014) têm focado esforços 
em compreender os mercados envolvidos nos Sistemas Agroindustriais. 
Para aprofundamento nos estudos sobre empreendedorismo, 
sugerimos a leitura dos seguintes livros: 
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito 
empreendedor. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
DORNELAS, J. C. Empreendedorismo: transformando ideias 
em negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
56
 Administração Rural
Principais Estratégias e Mercados 
no Contexto do Agronegócio
Entre as etapas mais importantes envolvidas no processo de planejamento 
estratégico é a própria formulação da estratégica mais adequada. De acordo 
com Silva e Batalha (2014), existem algumas opções estratégicas para firmas 
agroindustriais que se destacam, que são: 
a) Especialização.
b) Integração vertical.
c) Diversificação.
d) Inovação.
e) Fusões e aquisições.
A consideração destas formas de estratégias passa também 
pela própria consideração dos distintos mercados existentes no 
decorrer dos sistemas agroindustriais e pelos dois tipos de compras 
(individuais e industriais) existentes ao longo do mesmo. Nos sistemas 
agroindustriais, a maioria das transações envolvidas ocorrem entre 
empresas. Uma das estratégias mais utilizadas para conhecer quais empresas 
são mais adequadas para se manter relações de negócio é a segmentação de 
mercado (NEVES, 2000).
Para um processo de segmentação eficaz, os segmentos devem 
ser passíveis de mensuração, ter tamanhos suficientes para que 
compensem a execução de uma ação mais focada da empresa, se 
comportar efetivamente de maneira semelhante e ser possível de ser 
atingido pela empresa. Neste contexto, no Sistema Agroindustrial, 
o processo de segmentação de mercado passa, necessariamente, 
pelo agrupamento de indivíduos e também empresas (NEVES, 2000). 
Conforme afirma Neves (2000), o agrupamento ocorre através das bases para 
segmentação de mercado, que são baseadas nas seguintes quatro características, 
quando o foco é o indivíduo: 
a) Geográficas (região, tamanho do município, concentração da população).
b) Demográficas (idade, sexo, crescimento populacional, religião).
c) Psicográficas (classe social, estilo de vida e personalidade).
d) Comportamentais (que estão baseadas em seu conhecimento e atitude 
em relação ao produto – condição do usuário – já usou, se não conhece – taxa de 
uso, grau de lealdade). 
Nos sistemas 
agroindustriais, 
a maioria das 
transações 
envolvidas ocorrem 
entre empresas.
No Sistema 
Agroindustrial, 
o processo de 
segmentação de 
mercado passa, 
necessariamente, 
pelo agrupamento de 
indivíduos e também 
empresas
57
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
De acordo com Neves (2000), basicamente, a sequência envolvida entre 
identificar as variáveis e posicionar o produto no mercado é composta por seis 
etapas, inseridas em três fases, tal como mostra a figura a seguir.
Figura 15 – Sequência para caracterização dos grupos a serem segmentados
Fonte: Adaptado de Neves (2000).
No caso dos mercados industriais, o processo envolvido é idêntico, mas as 
variáveis são ligeiramente distintas. Em vez de se basear em quatro variáveis, tal 
como é o caso dos mercados individuais, as variáveis envolvidas na segmentação 
dos mercados industriais são cinco, a saber, de acordo com Neves (2000): 
1- Demográficas: tipo de indústria (conjunto de organizações que atua em 
determinado mercado), localização geográfica e tamanho das empresas 
dentro das indústrias.
2- Operacionais: capacidade financeira do comprador; grau de uso da tecnologia 
que é utilizada, avaliando se é usuário ou não.
3- Abordagens de compra: quais são os critérios, as políticas, as quantidades, 
como são os relacionamentos entre os agentes.
4- Fatores situacionais: pedidos para tamanhos e utilidades específicas; pedidos 
de urgência. 
5- Características pessoais: proximidade entre vendedor e comprador, risco e 
lealdade envolvido. 
58
 Administração Rural
Neste contexto, dentre as etapas mais importantes para se 
conseguir/manter em um determinado mercado agroindustrial diz 
respeito à diferenciação de produtos e serviços. A diferenciação é 
uma estratégia mercadológica que pode ser atingida de quatro formas 
distintas, tal como afirma Neves (2000): 
1- Diferenciação do produto, como aparência visual, origem, sanidade, 
qualidade, sabor, teor de ingredientes, desempenho, durabilidade, estilo. 
2- Serviços oferecidos, como por exemplo, por meio de regularidade de entrega, 
qualidade da equipe técnica, serviços de manutenção.
3- Atendimento, como por exemplo, em uma relação mais próxima com o cliente 
industrial; reputação da empresa.
4- Marca, que representa a imagem da organização no mercado que atua.
Outro ponto importantíssimo para o entendimento a ser levado 
em consideração no gerenciamento de marketing dos sistemas 
agroindustriais é entender os diferentes tipos de mercados existentes 
no decorrer das cadeias agroindustriais. De acordo com autores (SILVA; 
BATALHA, 2014), existem quatro enfoques de mercado presentes em 
uma cadeia agroindustrial, que são: marketing alimentar, marketing 
agroindustrial, marketing agrícola e marketing rural, tais quais estão 
ilustrados na figura que segue.
Dentre as etapas mais 
importantes para se 
conseguir/manter 
em um determinado 
mercado agroindustrial 
diz respeito à 
diferenciação de 
produtos e serviços.
Existem quatro 
enfoques de mercado 
presentes em uma 
cadeia agroindustrial, 
que são: marketing 
alimentar, marketing 
agroindustrial, 
marketing agrícola e 
marketing rural.
Figura 16 – Distintos enfoques de marketing no contexto do agronegócio
Fonte: Adaptado de Silva e Batalha (2014).
59
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
Para elucidar as diferenças de cada um destes enfoques,destacamos as 
características de cada um deles. 
a) Marketing alimentar 
O marketing alimentar fica localizado no nível do consumidor 
final. É representado, principalmente, pela venda do comércio varejista 
ao consumidor final. Tem como característica um grande número de 
consumidores e um número restrito de distribuidores. O estudo do marketing 
alimentar não se diferencia muito do marketing que é operacionalizado em 
outros produtos de consumo de massa que são comercializados pela grande 
distribuição. Em nível do marketing alimentar existem quatro estratégias que mais 
são praticadas pelas empresas agroindustriais: diferenciação; diversificação; 
proliferação de marcas e pseudodiferenciação (BATALHA; SILVA, 1995; SILVA; 
BATALHA, 2014). 
Basicamente, o marketing alimentar é dividido entre marketing da distribuição 
e marketing do produto. O marketing da distribuição diz respeito à posição do 
próprio estabelecimento e vendas perante as necessidades do consumidor, já 
que o consumidor pode optar pela escolha de determinado estabelecimento de 
vendas, ou também outro tipo de distribuição, por meio da avaliação da imagem 
que os pontos de venda possuem, mediante o conjunto de critérios que são 
condicionantes para sua escolha (BATALHA; SILVA, 1995). Já o marketing do 
produto tem como objetivo destacar o produto para o consumidor propriamente 
dito. Assim, suas bases de diferenciação frequentemente estão presas ao 
destaque dos diferenciais tecnológicos, em qualidade percebida pelo consumidor 
ou em investimento no desenvolvimento da própria marca, por exemplo 
(BATALHA; SILVA, 1995; SILVA; BATALHA, 2014).
É óbvio que as possibilidades de diferenciação do produto são diretamente 
proporcionais aos seus próprios atributos. Assim, as chances de diferenciação são 
tão grandes quanto forem as próprias características que diferenciam o produto. 
Para produtos alimentares (que não são fáceis de serem diferenciados em relação 
aos seus aspectos técnicos – carnes e frutas, por exemplo), é comum que a 
diferenciação seja através de “pseudodiferenciação”. Neste caso, a diferenciação 
ocorre através do próprio desenvolvimento da marca do produto, dando-se 
destaque para atributos que chamem a atenção para a qualidade implícita no 
produto (BATALHA; SILVA, 1995). 
Consumidores podem perceber a qualidade implícita no produto alimentar 
mediante os seguintes critérios, que podem ser tanto subjetivas ou objetivas 
(BATALHA, 1995): 
O marketing alimen-
tar fica localizado no 
nível do consumidor 
final.
60
 Administração Rural
1- Facilidade de acesso.
2- Características nutritivas.
3- Características organolépticas (textura, sabor, odor, cor).
4- Características socioeconômicas (localidade onde o alimento é consumido 
e posição social do alimento).
5- Características de utilização (facilidade de manipulação).
b) Marketing agroindustrial
Quanto ao marketing agroindustrial, situa-se entre os 
macrossegmentos “industrialização” e “distribuição” e também entre 
os diversos segmentos de produção. De forma geral, o marketing 
agroindustrial apresenta as seguintes características: possui número 
restrito de vendedores e/ou compradores; existe a possibilidade de 
formação de parcerias entre compradores e vendedores, sendo a 
demanda derivada e os mercados heterogêneos (SILVA; BATALHA, 
2014). 
c) Marketing agrícola
O marketing agrícola se localiza entre a agroindústria e a 
agricultura. Entre suas principais características, destacam-se: 
grande quantidade de produtores (que são os vendedores) e pouca 
quantidade de compradores; é o mercado que mais tem similaridade 
com uma situação de concorrência pura e perfeita. Em decorrência, seus 
principais problemas são resultados das próprias forças oligopsônicas (poucos 
compradores perante muitos vendedores), que agem neste mercado (BATALHA; 
SILVA, 1995). Em contrapartida, a organização dos produtores em cooperativas 
acaba sendo uma alternativa. Uma comprando e vendendo por meio de 
cooperativas, os produtores frequentemente conseguem aumentar as chances de 
agregar valor ao produto e também aumentar seu poder de barganha perante os 
poucos compradores que existem no seu mercado. Em determinados casos, há 
possibilidade de se atingir tanto o setor de distribuição quanto os consumidores 
de forma direta (SILVA; BATALHA, 2014). 
d) Marketing rural
Diferentemente do marketing agrícola, o marketing rural é aquele 
situado entre os produtores rurais e os produtores de insumos. Trata-
se de um mercado que é heterogêneo, onde operam produtores 
familiares, patronais e cooperativas (BATALHA; SILVA, 1995; SILVA; 
BATALHA, 2014). Neste mercado, as estratégias podem ser muito 
variadas nos seguintes sentidos: porte da empresa fornecedora, 
Marketing 
agroindustrial, 
situa-se entre os 
macrossegmentos 
“industrialização” 
e “distribuição” e 
também entre os 
diversos segmentos 
de produção.
Diferentemente do 
marketing agrícola, 
o marketing rural é 
aquele situado entre 
os produtores rurais 
e os produtores de 
insumos.
O marketing agrícola 
se localiza entre a 
agroindústria e a 
agricultura.
61
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
periodicidade e valor das compras, porte do comprador. Em um contexto 
amplo, o mercado de insumos agropecuários tem forte dominância de 
empresas multinacionais, que geralmente são muito bem organizadas 
em forma de lobby, contribuindo para que seu poder seja aumentado 
tanto perante os produtores rurais como também perante instituições 
governamentais (BATALHA; SILVA, 1995). 
Portanto, apesar da existência de diferentes vertentes associadas 
ao campo do gerenciamento, notamos aqui que o processo de 
planejamento estratégico é um ponto em comum que pode definir o 
sucesso de qualquer empreendimento, sobretudo aqueles vinculados a 
algum elo de alguma cadeia de produção. No que tange à atuação dos 
agentes envolvidos nas cadeias agropecuárias, é importante que se levem em 
consideração os fatores que aqui elencamos como forma de se evitar problemas 
associados ao andamento do negócio, bem como também otimizar as chances de 
sucesso do mesmo. 
Para aprofundar conhecimentos sobre marketing agrícola, 
agroindustrial, rural e alimentar, sugerimos a leitura dos seguintes 
materiais: 
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Marketing & agribusiness : um 
enfoque estratégico. Revista de Administração de Empresas, v. 
35, n. 5, p. 30–39, 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rae/v35n5/a05v35n5.pdf>.
SILVA, A. L.; BATALHA, M. O. Marketing estratégico aplicado ao 
agronegócio. In: BATALHA, M. O. (Ed.). Gestão Agroindustrial 1. 3. 
ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 113–183.
Atividades de Estudos: 
 1) Qual é a importância do planejamento estratégico para as 
organizações?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Apesar da existên-
cia de diferentes 
vertentes associadas 
ao campo do geren-
ciamento, notamos 
aqui que o processo 
de planejamento es-
tratégico é um ponto 
em comum que pode 
definir o sucesso de 
qualquer empreen-
dimento, sobretudo 
aqueles vinculados a 
algum elo de alguma 
cadeia de produção.
62
 Administração Rural
____________________________________________________
____________________________________________________
 2) Quais são as principais informações que devem ser inseridas 
em um Plano de Negócios?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 3) De que forma o uso de tecnologia e produção apropriada deve 
afetar o planejamento de um empreendimento rural? 
 ________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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 4) Descreva quais são as principais características do: 
 a) Marketing rural:
 ____________________________________________________
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 b) Marketing agrícola:
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 c) Marketing agroindustrial:
 ____________________________________________________
____________________________________________________
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Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 d) Marketing alimentar:
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 5) Tendo como base os quadros 2, 3 e 4 do presente livro, 
descreva quais são os seguintes possíveis aspectos associados 
a um negócio a ser implantado por você, cujo mercado principal 
seja voltado para algum dos enfoques apresentados pela Figura 
16:
 a) Checklist de pontos fortes e fracos:
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
 b) Análise da concorrência:
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
 c) Análise do ambiente externo.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
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64
 Administração Rural
Algumas Considerações
Neste momento, esperamos que os seguintes fatores tenham ficado muito 
bem esclarecidos para você, leitor:
• Que existem diversas abordagens no campo da administração.
• Que a causa de insucesso de muitas organizações são as deficiências no 
gerenciamento e falta de planejamento.
• Que o os empreendedores devem possuir um conjunto de características 
para aumentar suas chances de êxito.
• Que o Planejamento Estratégico é uma das alternativas mais indicadas para 
se definir a estruturação de um negócio.
• Que o Plano de Negócios é um dos principais guias para se documentar o 
negócio a ser implantado.
• Que o planejamento no contexto do segmento agropecuário deve considerar, 
necessariamente, suas especificidades, tais como aquelas associadas às 
condições climáticas, porte da propriedade e sazonalidade da produção, por 
exemplo.
• Que o Plano de Negócios é um dos principais guias para se documentar o 
negócio a ser implantado.
• Que existem diferentes tipos de mercados no contexto dos sistemas 
agroindustriais, tendo cada um suas características próprias, que devem ser 
levadas em consideração tanto no gerenciamento quanto no planejamento 
dos elos das cadeias agroindustriais.
Referências
ALVARENGA, R. P.; ARRAES, N. A. M. Certificação fairtrade na cafeicultura 
brasileira: análises e perspectivas. Coffee Science, v. 12, n. 1, p. 124–147, 2017. 
ARAÚJO, M. J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
AZEVEDO, P. F. Comercialização de produtos agroindustriais. In: BATALHA, M. 
O. (Ed.). Gestão Agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 63-112. 
BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Marketing & agribusiness: um enfoque estratégico. 
Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 5, p. 30-39, 1995. 
65
Administração no Contexto do Agronegócio Capítulo 2 
BRASIL. Lei nº 11326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para 
a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos 
Familiares Rurais. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11326.htm>. Acesso em: 15 jan. 2016. 
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 2. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
______. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2011. 
DORNELAS, J. C. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 3. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 
2000. 
NANTES, J. F. D.; SCARPELLI, M. Elementos de gestão na produção rural. In: 
BATALHA, M. O. (Ed.). Gestão Agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
p. 629-664. 
NEVES, M. F. Marketing no agribusiness. In: ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. 
F. (Eds.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: 
Pioneira, 2000. p. 109-136. 
RIBEIRO, A. D. L. Teorias da administração. São Paulo: Saraiva, 2006. 
SILVA, A. L. da; BATALHA, M. O. Marketing estratégico aplicado ao agronegócio. 
In: BATALHA, M. O. (Ed.). Gestão agroindustrial 1. 3. ed. São Paulo: Atlas, 
2014. p. 113-183. 
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios 
agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. 
66
 Administração Rural
CAPÍTULO 3
Consideração de Impactos
Ambientais no Gerenciamento do 
Agronegócio
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer a “Avaliação do Ciclo de Vida” e a “Produção mais Limpa” como 
estratégias para mitigação de impactos ambientais nos sistemas de produção. 
� Explicar como os sistemas agropecuários podem impactar negativamente os 
campos dos pilares da sustentabilidade.
� Apontar quais são importantes fatores socioambientais que estão associados 
aos sistemas de produção agrícola.
� Escolher as alternativas que visem à mitigação de impactos vinculados aos 
sistemas de produção agropecuário.
� Demonstrar como técnicas de gestão ambiental podem ajudar no gerenciamento 
das cadeias agroindustriais.
68
 Administração Rural
69
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
Contextualização
Neste capítulo, daremos destaque para as principais implicações que estão 
vinculadas ao campo da sustentabilidade na temática do agronegócio. Além de 
oferecermos exemplos de alguns dos principais impactos ocasionados pelos 
sistemas de produção agropecuários, também apresentaremos duas importantes 
técnicas de gestão ambiental que frequentemente têm sido utilizadas para gerir a 
mitigação de impactos. 
Problemática Ambiental No 
Segmento Agropecuário
Os impasses ambientais da agropecuária podem contribuir para a 
baixa da sustentabilidade do setor agrícola, tanto em escalaregional, 
quanto em escala global. Alterações nos recursos de água e solo, por 
exemplo, associam-se frequentemente aos impactos regionais. No que 
tange aos exemplos de como o setor agropecuário pode ocasionar 
impactos para escala global, cita-se sua participação para a geração 
dos gases causadores do efeito estufa, como exemplo citamos o 
metano eliminado pela fermentação entérica do gado. 
Para o entendimento da problemática ambiental, e até da socioeconomia 
relacionada à agropecuária, toma-se como exemplo uma possível elevação da 
demanda por carnes em um contexto amplo e duradouro, baseado em Knudsen 
et al. (2006). Em resposta a esta demanda, surge a necessidade de se elevar a 
criação de gado, que traz como consequência da necessidade de se aumentar a 
disponibilidade de terras destinadas às pastagens. Tanto uma maior quantidade 
de pastagens e de animais pastando nestas terras, como também o comércio 
de alimentos (que fica mais acirrado), remetem a impactos ambientais e 
socioeconômicos do sistema de produção alimentar. Exemplos destes impactos 
são melhores exemplificados pela Figura 17.
Os impasses 
ambientais da 
agropecuária podem 
contribuir para a 
baixa da sustentabili-
dade do setor agríco-
la, tanto em escala 
regional, quanto em 
escala global.
70
 Administração Rural
Figura 17 – Ilustração da problemática ambiental relacionada ao setor agrícola
Fonte: Adaptado de Knudsen et al. (2006).
Pela análise da Figura 17, nota-se que o desmatamento do terreno para ser 
utilizado como pastagem pode, por exemplo, acarretar em aquecimento global, 
redução da biodiversidade, erosão e perda dos recursos de produção do solo. 
Ao se analisar o caso do avanço da pecuária no Brasil, por exemplo, é possível 
71
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
perceber que o desmatamento para formação de novas áreas de 
pastagens é uma das maiores fontes emissoras de gases do efeito 
estufa, sobretudo os ocorridos na região Amazônica, cuja expansão 
da pecuária entre os anos de 2003 e 2008 foi responsável por 75% do 
desflorestamento do bioma desta região.
Neste sentido, pela exposição da Figura 17, fica evidente que além 
do surgimento dos impactos ambientais, emergem também aspectos 
positivos e negativos do ponto de vista socioeconômico. Uma vez que o 
aumento da produção gera mais oferta de alimentos no mercado com preços mais 
satisfatórios, pode haver também a marginalização dos pequenos pecuaristas 
devido à atuação dos grandes produtores que conseguem ofertar um produto com 
preço menor por causa de sua produção em escala lhe proporcionar menores 
custos unitários de produção. Portanto, de acordo com Knudsen et al. (2006), 
a resposta para a pergunta que fica em aberto na Figura 17 é que pode existir 
equidade entre os aspectos apresentados, desde que sejam revistos os meios de 
se produzir. 
Neste contexto, pode-se afirmar que a agricultura está diante de um 
desafio. Estimativas indicam que o planeta poderá contar com nove bilhões 
de habitantes até metade deste século, sendo necessário aproximadamente 
o dobro da produção de alimentos de hoje para suprir esta futura demanda. O 
desafio, então, é o contínuo aumento da produção amparada pela manutenção 
e melhoria da qualidade da água, do solo e da conservação da biodiversidade. 
Portanto, o caminho para a agricultura está na sintonia da produtividade com a 
sustentabilidade (GAZONNI, 2011).
Para que tal sintonia seja eficiente, um dos mecanismos viáveis, é 
a utilização de indicadores de desempenho voltados à agricultura. De 
acordo com o autor, um comitê governamental australiano identificou 
fatores-chave que podem ser considerados como indicadores para uma 
agricultura sustentável, sendo: viabilidade das propriedades agrícolas 
manterem balanço financeiro positivo a longo prazo, competência gerencial, 
qualidade da água e do solo e também a consideração de aspectos ambientais 
como base para aperfeiçoar uma decisão relacionada ao campo nacional e ao 
campo regional.
Dessa forma, a relevância destes indicadores e a necessidade da 
sustentabilidade do agronegócio reflete no comércio internacional de produtos 
agrícolas, fazendo com que a adoção de barreiras comerciais estabelecidas com 
base em exigências agroquímicas e fitossanitárias corrobore para isso. Cita-se, 
como exemplo destas barreiras, a proibição do comércio de produtos agrícolas 
que tenham sido produzidos com algum agrotóxico composto por qualquer tipo 
O desmatamento 
do terreno para 
ser utilizado como 
pastagem pode, por 
exemplo, acarretar 
em aquecimento 
global, redução 
da biodiversidade, 
erosão e perda dos 
recursos de produ-
ção do solo.
Fatores-chave 
que podem ser 
considerados como 
indicadores para 
uma agricultura 
sustentável.
72
 Administração Rural
de ingrediente ativo considerado como propício a causar risco severo à saúde 
humana ou ao meio ambiente. 
Técnicas de Gestão Ambiental
A literatura apresenta algumas ferramentas e técnicas que podem 
contribuir para a melhoria da gestão da sustentabilidade agrícola. 
No intuito de contribuir neste sentido, oferecemos dois dos principais 
exemplos que auxiliam na gestão sustentável agrícola, tais quais: 
Avaliação do ciclo de vida e Produção mais limpa.
a) Avaliação do ciclo de vida 
O conceito de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) surgiu no início dos anos 
1960 associado às preocupações a respeito das limitações das matérias-primas 
e dos recursos energéticos no cenário mundial. Neste período, ainda não havia 
uma estruturação completa sobre como se desenvolver uma ACV. O interesse 
neste tipo de estudo foi ganhando mais força por volta de 1975 até início dos 
anos 1980, no decorrer da crise do petróleo e no constante aumento do interesse 
sobre os impactos ao meio ambiente por parte dos setores públicos e privados, 
contribuindo para a ACV emergir como uma técnica de gestão ambiental propícia 
para analisar problemas ambientais (ALVARENGA, 2012).
Em sua forma completa, a ACV é uma técnica de Gestão 
Ambiental que avalia o produto ou processo ao longo de seu ciclo de 
vida, parcial ou total. Ela considera os impactos gerados desde o início 
do processo produtivo até sua disposição final, tanto que também é 
conhecida como uma técnica propícia a avaliar a geração de impactos 
ambientais do “berço ao túmulo”, sendo o berço uma alusão ao local de origem 
dos insumos primários mediante a extração dos recursos naturais e o túmulo 
uma representação da disposição final dos resíduos que não são reciclados 
(ALVARENGA; RENOFIO; ARAÚJO, 2013).
Um estudo de ACV é dividido em quatro fases que são completamente 
relacionadas e dependentes umas das outras, sendo estas: Definição do Objetivo 
e Escopo; Análise de Inventário; Avaliação de Impactos; e Interpretação do Ciclo de 
Vida. Logo, estão inseridos nestas fases todos os processos relacionados desde 
a elaboração do objetivo que se pretende dar à referida ACV até a interpretação 
sobre como os potenciais impactos ambientais resultantes do ciclo de vida do 
produto analisado acarretam em prejuízos ao meio ambiente, possibilitando, 
assim, o surgimento de estratégias mitigadoras destes.
Dois dos principais 
exemplos que 
auxiliam na gestão 
sustentável agrícola, 
tais quais: Avaliação 
do ciclo de vida e 
Produção mais limpa.
 ACV é uma técnica 
de Gestão Ambiental 
que avalia o produto 
ou processo ao longo 
de seu ciclo de vida, 
parcial ou total.
73
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
Neste sentido, uma ACV pode abranger vários segmentos produtivos, bem 
como atender aos diversos objetivos. As aplicações de uma ACV podem ser 
subdivididas em duas principais vertentes, a saber: comparação do desempenho 
ambiental de produtos que ocupem uma mesma função e identificação de 
oportunidades de melhoria de desempenho ambiental. Neste contexto, Curran 
(2008) associa a possibilidadede uma ACV contribuir para os seguintes objetivos 
(ALVARENGA et al., 2012), entre outros:
• Desenvolver uma avaliação sistemática das consequências ambientais 
associadas a um determinado produto. 
• Analisar os trade-offs associados a um ou mais produtos e processos 
específicos.
• Quantificar lançamentos no ar, água e solo para cada estágio do ciclo de vida 
ou processo.
• Avaliar os efeitos humanos e ecológicos do consumo de material e os 
lançamentos ambientais para a comunidade local, região ou mundo.
• Ajudar e identificar mudanças significativas nos impactos ambientais entre os 
estágios do ciclo de vida e o meio ambiente.
• Compilar um inventário de energia, entrada de materiais e liberações 
ambientais. 
Diante destas possibilidades e do fato que uma ACV pode ser 
direcionada a diferentes segmentos produtivos, tal como para as 
atividades agrícolas e agropecuárias, foco deste livro. De acordo com 
Horne e Grant (2009), em decorrência da atividade agrícola, existem 
diversos impactos associados ao uso da terra, às emissões de gases 
poluentes e ao uso da água que podem ser avaliados por meio de 
uma ACV, fazendo desta uma técnica relevante para ser aplicada na 
agricultura, porém a adoção da ACV no setor agrícola pode ser mais 
complexa do que aquelas realizadas no campo industrial.
A agricultura não consome insumos em um sentido linear, tal como ocorre 
em vários processos industriais. Devido a isso, muitos dos seus recursos centrais 
são derivados de outros sistemas agrícolas, como é o caso das sementes, de 
alguns fertilizantes e do solo, por exemplo. Nem todas as categorias de impactos 
possuem uma total cobertura em ACVs agrícolas, como é o caso dos incidentes 
sobre o uso da terra, que possuem uma cobertura parcial. Sistemas agrícolas 
são relativamente abertos e envolvem recursos como terra, biodiversidade, e uma 
gama de inter-relações químicas e biológicas, sendo constante a existência de 
diferentes modos de produção para um mesmo produto agrícola. É necessário 
ser desenvolvida uma metodologia mais específica para a área, que pode ser 
alcançada através da interação com demais áreas afins envolvidas de alguma 
forma com a atividade (ALVARENGA et al., 2012). 
Em decorrência da 
atividade agrícola, 
existem diversos 
impactos associados 
ao uso da terra, às 
emissões de gases 
poluentes e ao uso 
da água que podem 
ser avaliados por 
meio de uma ACV
74
 Administração Rural
Deste modo, a consideração de aspectos relacionados à perda da 
biodiversidade em atividades agrícolas é uma das formas de se complementar 
as lacunas existentes na metodologia. Assim, uma das maneiras viáveis de ser 
fazer isso é o modelamento de um sistema que considere os impactos que podem 
incidir sobre as mais importantes espécies envolvidas com a prática agrícola 
(ALVARENGA et al., 2012).
Neste sentido, envolver os amplos aspectos que dizem respeito à 
biodiversidade pode ser considerado como um dos principais desafios 
condizentes com a execução de ACVs de produtos agrícolas, pois 
diferentes tipos de lavouras podem acarretar em distintos tipos e graus 
de impactos ambientais (ALVARENGA et al., 2012). Toma-se como 
exemplo a relação existente entre a biodiversidade e qualidade do 
ecossistema com as perdas ocasionadas para o solo em decorrência 
do uso deste por plantações de trigo, café convencional, café orgânico, 
agroflorestas, pastagens de pradaria e floresta tropical, expostos pela Figura 18. 
Envolver os amplos 
aspectos que 
dizem respeito à 
biodiversidade pode 
ser considerado 
como um dos 
principais desafios 
condizentes com a 
execução de ACVs 
de produtos agrícolas
Portanto, quanto mais 
extensiva a utilização 
do solo, maiores são 
as perdas e vice-
versa.
Figura 18 – Relações entre uso da terra por massa e biodiversidade
Fonte: Adaptado de Knudsen e Haldberg (2007).
Numa relação simples, nota-se que quanto maior a qualidade 
do ecossistema requerido, maiores são as perdas do solo por kg de 
produto demandado, sendo esta relação completamente associada 
ao grau de intensidade e extensidade da cultura plantada. Portanto, 
quanto mais extensiva a utilização do solo, maiores são as perdas e 
vice-versa (ALVARENGA et al., 2012).
75
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
A ACV tem contribuído para gerar resultados satisfatórios no campo da 
agricultura, tal como é o caso dos trabalhos que envolvem comparações entre 
diferentes processos e insumos agrícolas (ALVARENGA et al., 2012), mas 
dependendo da abrangência do estudo, a coleta de dados pode ser problemática 
e a disponibilidade dos dados pode ter grande impacto na precisão dos resultados 
finais. Neste sentido, os seguintes fatores podem limitar a consecução de uma 
ACV: elevado consumo de recursos humanos, elevado consumo de tempo, falta 
de disponibilidade de alguns dados que podem afetar o resultado final, entre 
outros (ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017a).
• Avaliação do ciclo de vida simplificada
No entanto, a depender de algumas variáveis implícitas no objeto 
de estudo, tais como objetivo pretendido e recursos disponíveis, 
algumas destas limitações podem ser transpostas pela adoção de 
estudos simplificados de ACVs. Uma ACV simplificada é como uma 
variedade menos complexa de uma ACV detalhada, conduzida de 
acordo com guias de execução, mas não em total consonância com 
os padrões das normas da série ISO relacionadas ao estudo de uma 
ACV. Ao se aprofundar nos estudos desta metodologia, constata-
se que há possibilidade de se trabalhar com três diferentes tipos de 
ACVs simplificadas, sendo estas: qualitativas, quantitativas e também 
semiquantitativas (ALVARENGA; QUEIROZ; RENOFIO, 2012).
 A maioria das ACVs simplificadas são concebidas pelo desenvolvimento 
de matrizes, onde os principais recursos utilizados no sistema estudado são 
analisados sobre diversos aspectos relacionados ao campo ambiental. Pelo 
processo de tais matrizes, derivaram-se diversos métodos de condução de 
ACVs simplificadas, sendo muitas vezes estes específicos para determinados 
segmentos produtivos para certos tipos de materiais consumidos ao longo 
do ciclo de vida do produto, bem como para finalidade da avaliação ambiental 
(ALVARENGA; QUEIROZ; RENOFIO, 2012). 
Geralmente, os principais fatores favoráveis ao desenvolvimento de ACVs 
simplificadas são custo e tempo, pois ACVs completas demoram mais para serem 
concluídas e também são mais caras. Estes dois principais aspectos são proporcionais 
uns aos outros, já que os custos totais de um projeto que envolve uma ACV diminuem 
a partir do momento em que há redução do tempo na fase de coleta de dados. O 
principal motivo que justifica isso é que a maior parte dos recursos financeiros 
requeridos em projetos de ACV são destinados a cobrir gastos relacionados à fase 
de coleta de dados, processos geralmente muito demorados. No entanto, estes não 
são os únicos pontos favoráveis de uma ACV simplificada. Em determinados casos, 
trabalhos guiados por métodos simplificados podem servir como apoio na condução 
Uma ACV simplifi-
cada é como uma 
variedade menos 
complexa de uma 
ACV detalhada, 
conduzida de 
acordo com guias de 
execução, mas não 
em total consonância 
com os padrões das 
normas da série 
ISO relacionadas ao 
estudo de uma ACV.
76
 Administração Rural
de ACVs completas, pois dados qualitativos e semiquantitativos podem servir como 
complemento para a realização de ACVs mais amplas e resultar em um estudo mais 
abrangente (ALVARENGA; QUEIROZ; RENOFIO, 2012).
Tais fatos contribuem para que ACVs simplificadas possam oferecer 
respostas mais rápidas e diretas sobre quais são os insumos envolvidos em 
determinados ciclos produtivos que mais causam potenciais impactos ambientais 
(ALVARENGA; QUEIROZ; RENOFIO, 2012). Matrizes utilizadas para avaliações 
qualitativas e semiquantitativas são menos complexas do que as ACVs 
tradicionais, facilitando a comunicação dos resultados,bem como o entendimento 
das análises por indivíduos que estejam envolvidos com o sistema, mas que 
não possuem conhecimentos consistentes sobre ferramentas de avaliação de 
impactos ambientais (ALVARENGA; QUEIROZ; RENOFIO, 2012; JACOVELLI; 
FIGUEIREDO, 2003).
Neste contexto, para exemplificar com mais clareza, no Capítulo 4 
ofereceremos um exemplo prático de adequação de uma ACV simplificada 
aplicada no contexto agrícola do Brasil.
Para aprofundar conhecimentos sobre o desenvolvimento 
de ACVs no segmento agrícola, sugerimos a leitura dos seguintes 
materiais:
OMETTO, A. R. Avaliação do ciclo de vida do álcool 
etílico hidratado combustível pelos métodos EDIP, Exergia e 
Emergia. 2005. 200 f. Tese (Doutorado em Engenharia Hidráulica 
e Saneamento), Universidade de São Paulo, 2005. Disponível em: 
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-10072008-
151015/pt-br.php>. Acesso em: 10 jun. 2017.
CLAUDINO, E. S.; TALAMINI, E. Análise do ciclo de vida 
(ACV) aplicada ao agronegócio – uma revisão de literatura. Revista 
de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 17, n. 1, p. 77-85, 2013. 
Disponível em: <http://www.agriambi.com.br/revista/v17n01/
v17n01a11.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017.
RUVIARO, C. F. et al. Life cycle assessment in Brazilian 
agriculture facing worldwide trends. Journal of Cleaner Production, 
v. 28, p. 9-24, 2012.
77
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
b) Produção Mais Limpa
Produção Mais Limpa é uma estratégia ambiental preventiva aplicada 
a processos, produtos e serviços para minimizar os impactos sobre o meio 
ambiente. É uma abordagem de proteção ambiental ampla que considera todas 
as fases do processo de manufatura ou ciclo de vida do produto, com o objetivo 
de prevenir e minimizar os riscos para os seres humanos e o ambiente, em curto 
e longo prazo. É uma abordagem que requer ações para conservar energia e 
matéria-prima, eliminar sustâncias tóxicas e reduzir os desperdícios e a poluição 
resultantes dos produtos e dos processos produtivos (ALVARENGA; QUEIROZ, 
2009; ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017b).
A Produção Mais Limpa estabelece uma hierarquia de prioridades de acordo 
com a seguinte sequência: prevenção, redução, reuso e reciclagem, tratamento 
com recuperação de materiais e energia, tratamento e disposição final. É uma 
abordagem que requer ações para conservar energia e matéria-prima, eliminar 
sustâncias tóxicas e reduzir os desperdícios e a poluição resultantes dos produtos 
e dos processos produtivos. A indústria sucroalcooleira, tanto no setor agrícola 
quanto no setor industrial, pode reduzir seus problemas ambientais mediante 
Produção Mais Limpa (ALVARENGA; QUEIROZ, 2009; ALVARENGA; QUEIROZ; 
NADAE, 2017b).
A Produção Mais Limpa pode ser aplicada a produtos, processos e 
serviços. O modelo de gestão ambiental Produção Mais Limpa aumenta 
a eficiência ambiental e reduz os riscos ao homem e ao meio ambiente. 
Dessa forma, a Produção Mais Limpa é aplicada em processos 
produtivos na conservação de matérias-primas, água e energia, na 
eliminação de toxidade de matérias-primas e resíduos (ALVARENGA; 
QUEIROZ, 2009).
Em produtos, sua aplicação possui o intuito de reduzir os impactos negativos 
dos produtos ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas 
até sua disposição final (ALVARENGA; QUEIROZ, 2009). Em serviços sua 
implantação é na forma de incorporar questões ambientais no planejamento e 
execução dos serviços. De acordo com Barbieri (2011), a Produção Mais Limpa 
estabelece uma hierarquia de prioridades de acordo com a seguinte sequência: 
prevenção, redução, reuso e reciclagem, tratamento com recuperação de 
materiais e energia, tratamento e disposição final. Essa hierarquia apontada por 
Barbieri (2011) pode ser simplificada de acordo com a Figura 19.
O modelo de gestão 
ambiental Produção 
Mais Limpa aumenta 
a eficiência ambien-
tal e reduz os riscos 
ao homem e ao meio 
ambiente.
78
 Administração Rural
Figura 19 – Níveis de intervenção da Produção Mais Limpa
Fonte: Adaptado de Barbieri (2011).
Tal figura apresenta três níveis de Produção Mais Limpa. As de nível 1 
são caracterizadas como de prioridade máxima, possuem o objetivo de reduzir 
emissões e resíduos na fonte e envolvem modificações em produtos e processos. 
No nível 2 estão as emissões e os resíduos que continuam sendo gerados. Já 
o nível 3 ocorre quando a emissão ou o resíduo não tem como ser aproveitado 
pela unidade produtiva que o gerou, sendo nesse caso a reciclagem externa 
a alternativa, vendendo ou doando os resíduos para quem possa utilizá-los 
(ALVARENGA; QUEIROZ, 2009).
Neste sentido e com o objetivo de oferecermos um cunho prático de 
aplicabilidade desta técnica no contexto agrícola, apresentaremos na segunda 
parte do livro, no Capítulo 4, exemplos de como a Produção Mais Limpa pode ser 
trabalhada em uma importante cadeia de produção agrícola do Brasil: cana-de-
açúcar. 
Para aprofundamento no assunto abordado neste capítulo, 
sugerimos a leitura do seguinte livro: 
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, 
modelos instrumentos. 3. ed. São Paulo: Savaiva, 2011. 
79
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
Atividades de Estudos:
 1) Mencione três impactos ambientais ocasionados por sistemas 
agrícolas.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
 2) O que é e para que serve a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
 3) O que é e para que serve a Produção Mais Limpa?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
Algumas Considerações
Ao terminarmos este capítulo, esperamos que você tenha entendido os 
relevantes fatores aqui discutidos, por exemplo:
• Que a agropecuária é responsável pela geração de impactos ambientais que 
devem ser reduzidos visando à melhoria das condições de vida e produção.
• Que a técnica Avaliação do Ciclo de Vida pode oferecer resultados que 
podem contribuir para o gerenciamento da sustentabilidade nos sistemas de 
produção agroindustrial.
80
 Administração Rural
• Que a adoção da Produção Mais Limpa pode ser uma opção para mitigação 
de impactos ambientais vinculados aos sistemas agroindustriais.
Referências
ALVARENGA, R. P. et al. Avaliação do ciclo de vida na agricultura: um 
levantamento bibliográfico envolvendo publicações nacionais e internacionais. 
XIX Simpósio de Engenharia de Produção. Anais...Bauru: SIMPEP, 2012.
ALVARENGA, R. P. Subsídios para avaliação do ciclo de vida de modo 
simplificada da produção agrícola de milho, por meio de um estudo 
de caso. 2012. 162 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), 
Universidade Estadual Paulista, 2012.
ALVARENGA, R. P.; QUEIROZ, T. R. Produção Mais Limpa e aspectos 
ambientais na indústria sucroalcooleira. 2 International Workshop Advances in 
cleaner production. Anais... São Paulo, 2009.
ALVARENGA, R. P.; QUEIROZ, T. R.; NADAE, J. de. Risco tóxico e potencial 
perigo ambiental no ciclo de vida da produção de milho. Espacios, v. 38, n. 1, p. 
12, 2017a. 
ALVARENGA, R. P.; QUEIRÓZ, T. R.; NADAE, J. de.Cleaner production and 
environmental aspects of the sugarcane-alcohol segment : brazilian issues. 
Espacios, v. 38, n. 1, p. 11, 2017b. 
ALVARENGA, R. P.; QUEIROZ, T. R.; RENOFIO, A. Avaliação do ciclo de vida 
simplificada: um levantamento bibliográfico sobre as mais recentes publicações 
nacionais e internacionais. XXXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 
Anais... Bento Gonçalves: ENEGEP, 2012.
ALVARENGA, R. P.; RENOFIO, A.; ARAÚJO, A. T. de. Avaliação da 
periculosidade ambiental da produção de milho por meio de um estudo qualitativo 
de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): um estudo de caso. XXXIII Encontro 
Nacional de Engenharia de Produção. Anais... Salvador: 2013.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos 
instrumentos. 3. ed. São Paulo: Savaiva, 2011. 
CURRAN, M. A. Life Cycle Assessment. In: JORGENSEN, S. E.; FATH, B.D. 
Human Ecology. v. 3, p. 2168-2174, 2008.
81
Consideração de Impactos Ambientais no 
Gerenciamento do Agronegócio Capítulo 3 
GAZONNI, D. L. Os desafios dos cientistas agrícolas. Revista Agroanalysis. 
2011. Disponível em: <http://agroanalysis.com.br/index.php/3/2011/conteudo-
especial/caderno-de-ciencias-agrarias-especial-ciencias-agrarias>. Acesso em: 5 
jun. 2017.
HORNE, R.; GRANT, T. Life Cycle Assessment and agriculture: challenges 
and prospects. In: HORNE, R.; GRANT, T, VERGHESE, K. (Ed.). Life Cycle 
Assessment: principles, practice and prospects. Melbourne: CSIRO, 2009. pp. 
107-124.
IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. 2009. Disponível em: 
<http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/Resumo_Principais_Conclusoes_
emissoes_da_pecuaria_vfinalJean.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2017. 
JACOVELLI, S. J.; FIGUEIREDO, P. J. M. Avaliação de ciclo de vida simplificada 
aplicada a evolução de tornos. XXIII Encontro Nacional de Engenharia de 
Produção. Anais... Ouro Preto: ENEGEP, 2003.
KNUDSEN, M. T. et al. Global trends in agriculture and food systems. In: 
HALDBERG, N.; ALROE, H. F; KNUDSEN, M. T; KRISTENSEN, E. S. (Ed.). 
Global Development of Organic Agriculture: Challenges and Prospects. 
Walllingford: CABI, 2006. pp.1-48. 
KNUDSEN, M. T.; HALBERG, N. How to include on-farm biodiversity in LCA 
in food? In: Contribution to the LCA Food Conference, 25-26 abril de 2007, 
Gothenburg. Anais… Golthenburg, 2007. Disponível em: <http://orgprints.
org/18411/1/18411.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2017.
82
 Administração Rural
CAPÍTULO 4
Agronegócio na Prática
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Identificar gargalos no gerenciamento de sistemas de produção agropecuário.
� Conhecer o cenário de uso de terras no Brasil, conhecer o panorama de 
produção de importantes culturas do Brasil.
� Explicar como estratégias de Responsabilidade Social Corporativa têm sido 
utilizadas por agentes das cadeias agroindustrial.
� Definir opções para mitigação de impactos sociais e ambientais associados às 
cadeias de produção agroindustrial estudadas.
� Analisar e diagnosticar importantes fatores críticos para o sucesso do 
gerenciamento no contexto do agronegócio.
84
 Administração Rural
85
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Contextualização
De agora em diante, apresentamos a você, pós-graduando, exemplos de 
aplicabilidade de gerenciamento no contexto rural. Muitos dos exemplos que 
destacamos são frutos de nossas pesquisas já publicadas em revistas científicas 
e também de nossos projetos de mestrado e doutorado. 
Neste contexto, os casos de aplicação de gestão aqui apresentados 
passam por quatro das mais importantes cadeias de produção do agronegócio 
do Brasil: milho, cana-de-açúcar, bovinos e café. Para cada uma destas cadeias, 
oferecemos: a) posicionamento de produção no Brasil, regiões e estados; b) 
apontamentos sobre quais são os principais fatores críticos para o sucesso da 
gestão em cada cadeia em específico. Além disso, destacamos em cada uma 
destas cadeias, exemplos de gargalos nos campos ambiental e social que podem 
impactar seus respectivos desempenhos e continuidade dos negócios atrelados 
a elas. Entendemos que é de suma importância fazer o entrelaçamento com 
estes aspectos da sustentabilidade, sobretudo porque os cenários dos distintos 
mercados demandam pela mitigação dos impactos negativos ambientais, 
econômicos e sociais vinculados às cadeias de produção. Uma vez que estas 
demandas podem alterar os padrões dos mecanismos de mercado, os gestores 
associados ao agronegócio devem guiar suas ações para o rumo das exigências 
estabelecidas. A você, pós-graduando, desejamos uma boa apreciação desta 
segunda etapa do nosso trabalho.
Uso de Terras no Brasil e 
Sustentabilidade
A tecnologia e a forma de se cultivar em escala mudaram o perfil 
agrícola mundial, fazendo com que o uso da terra pela agricultura fosse 
ampliado. O aumento de hectares plantados nos últimos anos está 
associado ao crescimento da demanda por produtos agrícolas. Este, 
por sua vez, é propulsionado por elevação do número de habitantes 
no planeta, aumento do poder de compra de muitas economias asiáticas e maior 
interesse por lavouras destinadas para fins não alimentares, tal como é o caso 
dos biocombustíveis (ALVARENGA, 2012).
Knudsen et al. (2006), após pesquisarem em banco de dados da Food and 
Agriculture Organization (FAO), relacionam o avanço da produção agrícola à 
expansão de 170 milhões de hectares, entre terras aráveis e terras cobertas com 
A tecnologia e a 
forma de se cultivar 
em escala mudaram 
o perfil agrícola 
mundial,
86
 Administração Rural
culturas permanentes, bem como a adição de 190 milhões de hectares irrigados 
entre os anos de 1950 e 2000. Ainda, enfatizam a contribuição da incorporação 
de sistemas agrícolas mistos, tal como é o caso da combinação de lavouras com 
pastagens. 
No Brasil, vegetação florestal e pastagens são os tipos 
predominantes de cobertura e uso da terra no país. Até 2014 (IBGE, 
2016), por exemplo, o Brasil possuía 3.175.597 km2 de suas terras 
cobertas com vegetação florestal, 1.600.238 km2 com pastagem natural 
e 998.944 km2 com pastagem com manejo. Até aquele ano, tal como 
enfatizado pela Tabela 1, o país tinha 558.549 km2 de suas terras 
especificamente sendo utilizadas para fins agrícolas. 
No Brasil, vegetação 
florestal e pastagens 
são os tipos 
predominantes de 
cobertura e uso da 
terra no país.
A terra no Brasil 
não é usada pela 
pecuária de forma 
otimizada.
Tabela 1 – Forma de cobertura e uso da terra no Brasil em 2014
Fonte: Adaptado de IBGE (2016).
Forma de cobertura / uso de terra no país Área (km 2) %
Vegetação florestal 3.175.597 38,53%
Pastagem natural 1.600.238 19,42%
Pastagem com manejo 998.944 12,12%
Mosaico de área agrícola com remanescentes florestais 792.933 9,62%
Área agrícola 558.549 6,78%
Mosaico de vegetação florestal com atividade agrícola 453.560 5,50%
Mosaico de área agrícola com remanescentes campestres 396.863 4,82%
Vegetação campestre 88.320 1,07%
Silvicultura 85.972 1,04%
Área úmida 42.440 0,51%
Área artificial 42.437 0,51%
Áreas descobertas 5.844 0,07%
Total 8.241.697 100,00%
Portanto, em um contexto mais específico, pode-se afirmar, tal 
como ilustra a figura a seguir, que cerca de 70% da área do país é 
ocupada por vegetação florestal (quase 40%), pastagem natural (quase 
20%) e pastagem com manejo (quase 12%). Assim como mostrado na 
Tabela 1, o Brasil possui aproximadamente 7% de suas terras sendo utilizadas 
especificamente para agricultura. Neste contexto, diante de uma realidade em 
que cerca de 32% das terras brasileiras são ocupadas por pastagens, a terra no 
Brasil não é usada pela pecuária de forma otimizada.
87
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Fonte: Adaptado de IBGE (2016).
Para conhecimento mais aprofundado sobre uso de terras no 
Brasil, leia o seguinte material:
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mudanças 
nacobertura e uso da terra no Brasil: 2000 – 2010 – 2012 – 
2014. 2016. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_
ambientais/cobertura_e_uso_da_terra/mudancas/documentos/
mudancas_de_cobertura_e_uso_da_terra_2000_2010_2012_2014.
pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017.
No Brasil predomina a criação bovina extensiva, sendo esta a razão do 
setor, não só demandar imensas áreas como também utilizar de pastagens 
naturais, condições estas que contribuem para a má distribuição de terra no país 
(ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010).
Bovinos
Neste tópico daremos destaque a aspectos importantes vinculados à cadeia 
produtiva bovina no Brasil, tais quais: eficiência produtiva, cenário da criação de 
gado no Brasil, gargalos ambientais no setor de couro e fatores críticos para o 
gerenciamento de propriedades criadoras de bovinos do país. 
88
 Administração Rural
a) Necessidade de melhorar eficiência na criação de bovinos no Brasil
A sustentabilidade no setor agropecuário passa, necessariamente, 
pela adoção de medidas que visem tanto otimizar a área utilizada 
por pastagens como também reduzir alguns dos impactos negativos 
ambientais ocasionados por este setor (ALVARENGA; RENOFIO; 
QUEIROZ, 2010; RENOFIO et al., 2011). No que diz respeito à 
otimização das pastagens, é preciso que seja revertido o quadro de 
aproveitamento do uso da terra para pastagens no país. Uma das 
formas de otimização é a própria alternância da utilização das pastagens naturais 
por áreas de pasto trabalhadas sobre constantes técnicas de manejo, tal como o 
piqueteamento de pastagens, por exemplo. 
No Brasil, a média de aproveitamento da agropecuária é de aproximadamente 
uma cabeça por hectare. Caso o Brasil atinja a produtividade média do estado de 
São Paulo, por exemplo, o país poderia ter disponível cerca de 50 a 70 milhões 
de hectares (JANK, 2007), que poderiam ser utilizados para outros fins, como 
agricultura, por exemplo. Neste estado, conforme salienta Jank (2007), a média 
de aproveitamento das pastagens é de 1,4 cabeças por hectare. Neste contexto, 
é necessário o manejo visando à otimização do setor em todas as localidades 
produtoras do Brasil. A exemplo, um bom guia para tal melhoramento é explorar 
o caso da agropecuária paulista, cuja média de produtividade chega a ser 71% 
melhor que a nacional (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010; JANK, 2007; 
RENOFIO et al., 2011). 
Tal como mostrado na figura a seguir, no decorrer dos anos, a otimização da 
área de pastagens no estado de São Paulo vem sendo gradualmente positiva. 
Neste estado, a otimização das áreas de pastagens possibilitou o uso da terra 
para outras culturas, como a cana-de-açúcar (ALVARENGA; QUEIROZ, 2008), 
que constantemente avança pelo território paulista em função de atrativos como 
terra propícia para cultura, bem como indústrias de base próximas às usinas de 
açúcar e álcool, que acabam contribuindo para a redução dos custos de produção. 
No que diz respeito 
à otimização das 
pastagens, é 
preciso que seja 
revertido o quadro 
de aproveitamento 
do uso da terra para 
pastagens no país.
89
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Figura 20 – Total de bovinos e pastagens no estado 
de São Paulo entre 2001 e 2006
Fonte: Adaptado de Jank (2007).
Para conhecimento mais aprofundado sobre otimização do uso 
de terras no Brasil e uso de terra pela agricultura e pecuária, leia o 
seguinte material:
JANK, M. S. A velha cana-de-açúcar. Revista Opiniões, v. 
3, n. 4, p. 12-13, 2007. Disponível em: <http://sucroenergetico.
revistaopinioes.com.br/revista/detalhes/3-velha-cana-de-acucar/>. 
Acesso em: 7 jun. 2017.
Para melhorar a eficácia e produtividade do setor, o manejo de pastagens 
naturais, que ocupa cerca de 20% da terra do país (Tabela 1), necessita de alguns 
cuidados especiais. Estes são exemplos de atenções requeridas:
• Equilibrar a quantidade de gado bovino com a forrageira disponível na 
pastagem.
• Compor a pastagem com animais cujas espécies sejam adequadas ao solo e 
clima local.
• Realizar sistema de rotação dos animais no pasto com o intuito de tornar o 
manejo eficaz e assim primar pela manutenção da pastagem natural.
• Disponibilizar os animais no pasto de acordo com a capacidade deste.
90
 Administração Rural
A otimização das áreas de pastagens, bem como o manejo 
adequado do rebanho pode contribuir para a redução de diversos 
impactos ambientais e sociais vinculados ao setor. Manter atenção 
sobre os problemas ambientais e sociais vinculados à agropecuária 
do Brasil é de suma importância. A formação de pastagens destinada 
à criação de gado deve ser tão importante quanto o tratamento que 
é feito no solo para a ocupação das lavouras agrícolas. A criação 
de gado brasileiro tem ocupado grandes porções de matas nativas, 
como cerrados e floresta amazônica, nas regiões Centro-Oeste e Norte do país. 
Dispensar atenção para a eficiência da agropecuária nestas regiões é de suma 
importância para o desenvolvimento do país (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 
2010; RENOFIO et al., 2011). 
Para conhecimento mais aprofundado sobre impactos 
ocasionados pela criação de gado no Brasil, leia o seguinte material:
CAMPOS, A.; BARROS, C. J.; SAKAMOTO, L.; VIGNES, S. 
Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia: quem se beneficia 
com a destruição da Amazônia. ONG Repórter Brasil e Papel Social 
Comunicação. 2008. Disponível em: <http://reporterbrasil.org.br/
documentos/conexoes_sustentaveis.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017.
b) Cenário da criação de bovinos no Brasil
Nas regiões Norte e Centro-Oeste concentram-se a maioria do 
rebanho bovino do Brasil. No ano de 2015, por exemplo, tal como 
apresentado na Tabela 2, o Brasil tinha 215.199.488 cabeças de 
bovinos espalhadas em todos os estados do país e no Distrito Federal 
(IBGE, 2017). Naquela ocasião, concentravam-se nas regiões Norte e Centro-
Oeste aproximadamente 35% (aproximadamente 76 milhões de cabeças) do 
rebanho bovino do Brasil, tal como monstra a Figura 22.
A formação de 
pastagens destinada 
à criação de gado 
deve ser tão 
importante quanto 
o tratamento que é 
feito no solo para 
a ocupação das 
lavouras agrícolas.
Nas regiões Norte 
e Centro-Oeste 
concentram-se a 
maioria do rebanho 
bovino do Brasil.
Tabela 2 – Cabeças de bovinos no Distrito Federal 
e nos estados do Brasil em 2015
Localidade Cabeças de bovinos % 
Mato Grosso 29.364.042 13,65%
Minas Gerais 23.768.959 11,05%
Goiás 21.887.720 10,17%
Mato Grosso do Sul 21.357.398 9,92%
91
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
Figura 21 – Milhões de cabeças de bovinos nas regiões do Brasil em 2015
Pará 20.271.618 9,42%
Rio Grande do Sul 13.737.316 6,38%
Rondônia 13.397.970 6,23%
Bahia 10.758.372 5,00%
São Paulo 10.468.135 4,86%
Paraná 9.314.908 4,33%
Tocantins 8.401.580 3,90%
Maranhão 7.643.128 3,55%
Santa Catarina 4.382.299 2,04%
Acre 2.916.207 1,36%
Ceará 2.516.197 1,17%
Rio de Janeiro 2.351.451 1,09%
Espírito Santo 2.223.531 1,03%
Pernambuco 1.948.357 0,91%
Piauí 1.649.549 0,77%
Amazonas 1.293.325 0,60%
Alagoas 1.255.696 0,58%
Sergipe 1.231.130 0,57%
Paraíba 1.170.803 0,54%
Rio Grande do Norte 918.952 0,43%
Roraima 794.783 0,37%
Distrito Federal 96.576 0,04%
Amapá 79.486 0,04%
Brasil 215.199.488 100,00%
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
92
 Administração Rural
Neste contexto, e condizente com os dados da Tabela 2, os estados que 
são os maiores criadores de gado bovino do Brasil estão expostos na Figura 23. 
Conforme indicado nesta figura, os estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, 
Mato Grosso do Sul e Pará respondem por quase 55% de todo efetivo bovino 
brasileiro.
Figura 22 – Cabeças de bovinos nos principais estados do Brasil em 2015
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
Os estados do Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso integram o 
território denominado de Amazônia Legal, assim como as áreas dos estados de 
Tocantins e Goiás ao norte do paralelo 13º S, bem como a parcelado estado do 
Maranhão localizada a oeste do meridiano 44º W. Nesses locais existe grande 
concentração do rebanho bovino brasileiro, sendo que sua ocupação se dá em 
áreas de pastagens naturais e também de áreas em que houve desmatamentos 
com cabo de aço ou correntes arrastados por pares de máquinas de esteira e 
posterior queima não controlada (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010; 
RENOFIO et al., 2011).
A lucratividade do pecuarista nessa região frequentemente é 
obtida devido ao baixo preço pago na aquisição das terras, mão de 
obra e também pelo fato de já usarem pastagens já formadas. 
A relação do número de cabeças de gado por habitante, na região 
da Amazônia Legal, é de 3,3 (uma relação três vezes maior do que a 
média do país). O número de abates na região e de reses nela criada 
representa 41% do total de carne nacional e um terço da carne in 
natura exportada pelo Brasil, no ano de 2007 (CAMPOS et al. 2008; 
ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010).
A lucratividade 
do pecuarista 
nessa região 
frequentemente é 
obtida devido ao 
baixo preço pago na 
aquisição das terras, 
mão de obra e 
também pelo fato de 
já usarem pastagens 
já formadas.
93
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
 De acordo com Bustamante et al. (2009), a maior fonte de geração de gases 
do enfeito estufa da pecuária bovina advém do desmatamento para formação de 
áreas novas de pastagem, particularmente ocorridos na região Amazônica. No 
período de 2003 e 2008, Bustamente et al. (2009) constataram que: 
• No bioma amazônico, 75% do desmatamento ocorrido foi devido à expansão 
da pecuária.
• No cerrado, a pecuária foi responsável, no período, por 56% do 
desmatamento.
• Além do desmatamento, a fermentação entérica do gado e o manejo 
através da queima de antigas pastagens e da própria madeira advinda 
do desmatamento, constituem as principais fontes de emissão de gases 
poluentes.
• Por ser responsável por aproximadamente 50% dos gases causadores do 
efeito estufa, o setor da pecuária tem responsabilidade de contribuir, e muito, 
para mitigação do efeito estufa. 
De acordo com Bustamante et al. (2009), é possível que haja 
mitigação de tais impactos negativos. Para isso, é necessária sinergia 
entre os setores públicos e privados para que ocorra essa redução. 
Para os autores, as seguintes medidas devem ser tomadas:
• Redução do desmatamento.
• Eliminação do fogo no manejo das pastagens.
• Recuperação de pastagens e solos degradados. 
• Regeneração de floresta secundária.
• Redução da fermentação entérica por meio da melhoria da dieta dos animais.
• Integração da lavoura com a pecuária de corte.
• Investimento em tecnologia e qualidade na formação e manejo de pastagens.
• Redução da expectativa de impunidade nas práticas de ocupação de terras 
públicas e nos crimes e nas infrações ambientais.
• Zoneamento com base em parâmetros territoriais e biofísicos para a 
implantação de frigoríficos.
• Acompanhamento por meio do sensoriamento das pastagens com o intuito de 
avaliar a ocupação das terras com pastagem, a produtividade e a ocupação 
do gado.
Neste contexto, tão importante quanto conhecer o cenário e os impactos 
associados ao contexto macro da produção de gado no Brasil, faz-se necessário 
também ter conhecimento sobre os impactos gerados por uma relevante cadeia 
de produção adjacente à produção agropecuária do Brasil: a cadeia de produção 
de couro do Brasil.
É possível que haja 
mitigação de tais 
impactos negativos.
94
 Administração Rural
c) Gargalos ambientais do setor de couro
Um dos principais entraves na cadeia de produção de couro do Brasil é a 
geração de resíduos. Nos processos necessários para se produzir o couro bovino 
são utilizadas inúmeras substâncias químicas que resultam em resíduos nocivos 
ao meio ambiente, tal como é o caso, por exemplo, da disposição de metais 
pesados ao solo e ao lençol freático. 
São raras as curtidoras que possuem políticas eficientes de 
gestão de resíduos, sendo os mesmos lançados in natura ao meio 
ambiente, degradando os recursos naturais. Nas maiores empresas 
do setor, os processos de curtimento são verdadeiras “caixas pretas”, 
não se fornecendo nem quais produtos nem respectivas quantidades 
empregadas, sob a alegação de “segredo industrial” (ALVARENGA; 
RENOFIO; QUEIROZ, 2010; RENOFIO et al., 2011). 
Os resíduos gerados nos curtumes podem ser classificados em 
três tipos, a saber: os curtidos, os não curtidos e outros resíduos. Aparas 
caleadas e não caleadas e carcaças são exemplos de resíduos não 
curtidos. Serragem cromada, aparas curtidas, pó da lixadeira e aparas 
de couro semiacabado e acabado, constituem exemplos dos resíduos 
já curtidos. O cromo e os resíduos da pintura são enquadrados como 
pertencentes à categoria outros resíduos. Caso não haja o destino e o 
tratamento correto, todos os três causam prejuízos ambientais, sendo 
o cromo o mais nocivo (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010; 
RENOFIO et al., 2011).
Concentrações elevadas de cromo no lençol freático e no solo oferecem 
grande risco à saúde, ao equilíbrio ambiental e é de difícil tratamento e/ou 
remediação (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010).
Entretanto, não se devem sobrestar as ações requeridas nas etapas da 
primeira fase da cadeia, uma vez que a constante expansão da pecuária na 
Amazônica Legal é responsável por uma série de problemas, tanto ambientais 
quanto sociais. Além do desmatamento, existe também o problema da exploração 
da mão de obra local. Outras vezes, expulsa desses territórios populações 
tradicionais e escraviza trabalhadores em atividades como desmatamento para 
formação de pastagem, não oferecem equipamento de proteção individual (EPI) 
para os trabalhadores e pastoreio do gado. Em seis fazendas autuadas por 
trabalho escravo, localizadas no município São Felix do Xingu, cinco tem como 
atividade direta a pecuária extensiva de corte (CAMPOS et al. 2008; ALVARENGA; 
RENOFIO; QUEIROZ, 2010).
São raras as 
curtidoras que 
possuem políticas 
eficientes de 
gestão de resíduos, 
sendo os mesmos 
lançados in natura 
ao meio ambiente, 
degradando os 
recursos naturais. 
Nas maiores 
empresas do setor, 
os processos de 
curtimento são 
verdadeiras “caixas 
pretas”, não se 
fornecendo nem 
quais produtos 
nem respectivas 
quantidades 
empregadas, sob 
a alegação de 
“segredo industrial
95
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
É possível mitigar os danos ambientais provocados pela pecuária 
bovina. Para tanto, é necessário reduzir a fermentação entérica do 
gado, o desmatamento de áreas protegidas ou não para formação 
de novas pastagens, os resíduos de frigoríficos e curtumes. Essas 
medidas aliadas a um eficiente sistema de fiscalização e de gestão 
podem contribuir para a sustentabilidade da cadeia, condição requerida 
por parcela do mercado internacional atenta às condições brasileira de 
produção (ALVARENGA; RENOFIO; QUEIROZ, 2010; RENOFIO et al., 
2011).
d) Fatores críticos no gerenciamento de propriedades rurais 
produtoras de bovinos
Na abordagem deste tópico, convidamos Jonathas Alfredo Zakir Pereira para 
nos oferecer seu posicionamento sobre os fatores críticos que estão vinculados 
ao gerenciamento de propriedades rurais que criam bovinos. Jonathas é, além de 
pecuarista, também administrador e especialista em agronegócios. 
É possível mitigar 
os danos ambien-
tais provocados 
pela pecuária 
bovina. Para tanto, 
é necessário reduzir 
a fermentação 
entérica do gado, o 
desmatamento de 
áreas protegidas ou 
não para formação 
de novas pastagens, 
os resíduos de frigo-
ríficos e curtumes.
FATORES CRÍTICOS NO GERENCIAMENTO 
DE PROPRIEDADES RURAIS CRIADORAS DE 
BOVINOS: A POSIÇAO DE UM PRODUTOR
Por Jonathas A. Zakir Pereira
Por fatores críticos associados ao gerenciamento da 
bovinocultura pode-se entender aqueles sinais que acarretam 
atrasos no crescimento da empresa rural, seja ela familiar 
ou corporativista. Como em toda atividade econômica, na 
bovinocultura existemdiversos entraves que se apresentam como 
âncoras em seus processos, sejam eles no processo produtivo 
principal do empreendimento ou nas atividades ligadas à gestão 
de todo o sistema. Neste ambiente é importante diferenciar a 
bovinocultura de corte e de leite, e passar brevemente pelas 
diversas realidades, divididas pelo tamanho da propriedade, 
pequeno, médio e grande, ou pela forma como o processo 
produtivo é gerenciado.
No gerenciamento de propriedades produtoras de bovinos, 
quase sempre, os seguintes fatores devem ser levados em 
consideração ao se traçar planos de gerenciamento: 
a) Variedades de clima e relevo.
b) Acontecimentos na geopolítica que podem impactar o mercado.
96
 Administração Rural
c) Aptidão do gestor/proprietário para a atividade.
d) Conhecimentos do gestor/proprietário sobre as distintas 
características encontradas nos variados tipos de 
empreendimentos rurais, como por exemplo: pequenos sítios 
que a família reside, grande fazenda recebida como herança 
sem pessoas residindo no local, média propriedade gerenciada 
pela família, propriedades que a bovinocultura é responsável 
por diferentes proporções na renda familiar, grandes empresas 
agropecuárias automatizadas e profissionalizadas (existem 
pequenas propriedades que intensificam de tal forma seu 
modo de produzir que requerem gerenciamento profissional, 
outras grandes propriedades que sequer apresentam o 
mínimo de gestão empresarial).
O fato é que cada uma tem suas dificuldades. De um modo 
geral, o produtor rural é tomador de preço, sempre. Não pode exigir 
o preço que lhe convém ou que lhe dará o maior lucro, mesmo se 
o mercado não estiver correspondendo com a realidade dentro da 
porteira. Então, um primeiro fator crítico é a vulnerabilidade dos 
preços. Isso porque o gestor acaba sendo obrigado a vender seu 
produto final pelo preço que lhe oferecem, respeitando os preços 
oferecidos pelo mercado. Isso dificulta outros pontos, como o 
investimento a médio e longo prazo na propriedade, o custeio 
de acordo com a realidade produtiva, planejamento da área 
financeira, entre outros. 
Se ao produtor rural fosse permitido fazer a precificação 
do seu produto final, seja leite, carne ou animais de reposição, 
seria mais fácil e acessível pensar nos fatores citados acima. 
O planejamento das suas ações de investimento em estrutura, 
genética, recursos humanos, nutrição animal e sanidade do 
rebanho poderiam tomar uma forma mais consistente. Em 
propriedades de médio porte, por exemplo, o produtor vê-se 
obrigado a limitar seus gastos de acordo com a proporção da 
renda bruta.
Outro fator crítico diz respeito à instabilidade dos preços dos 
variados insumos. De maneira genérica, os principais insumos 
para bovinocultura, tanto extensiva quanto intensiva, são:
a) Suplementos alimentares (ração, sal mineral, suplementos 
ricos em proteína).
b) Mão de obra.
c) Fertilizantes.
d) Medicamentos.
e) Defensivos agrícolas.
f) Combustível.
g) Material para construção e manutenção em geral de cercas e 
currais, por exemplo.
97
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
h) Insumos para equipamentos e peças de reposição.
A maioria dos preços desses produtos sofre influência de 
diversos fatores, que não apenas localizados à realidade do 
país produtor, como por exemplo: o preço do petróleo, a cotação 
do dólar, as taxas de juros, as recentes crises econômicas em 
diferentes países do mundo. Neste ambiente, o produtor é 
praticamente obrigado a pagar o que lhe é imputado. Exceto 
em raríssimas situações, o produtor consegue pagar valor 
mais condizente. Uma estratégia para isso são as compras 
antecipadas em caso de produtos sazonais ou coletivas, em 
caso de cooperativas ou associações. Mas estas não são 
constantes nem comuns entre a maioria dos produtores do país.
Outro fator crítico diz respeito ao acesso às linhas de crédito, 
que são demasiadamente difíceis de se conseguir. Embora 
existam linhas de financiamento da produção para diversas 
realidades (tal como para produtores familiares, médios produtores 
ou grandes corporações), o acesso a esse dinheiro é oneroso 
do ponto de vista administrativo. A burocracia dificultosa e lenta 
no Brasil, os processos inadequados e a grande quantidade de 
projetos a serem analisados tornam quase impossível de se obter 
algum tipo de apoio financeiro. Diferentemente do que ocorre na 
produção agrícola, a produção bovina não possui um período de 
safra bem definido. Sobretudo no que diz respeito às práticas 
dos confinamentos e o desenvolvimento tecnológico aplicado no 
campo, que acabam interferindo no prazo para pagamento do 
empréstimo, que pode ser elástico. 
Em todo sistema de produção, um fator determinante é 
a aplicação de tecnologia de ponta. Para a bovinocultura não 
podia ser diferente. Embora estejam mais difundidas atualmente, 
essas ferramentas não chegaram à maioria das propriedades, 
como são os exemplos: inseminação artificial, controle biológico 
de pragas, misturadores de ração hiperprecisos, maquinário de 
agricultura de precisão, softwares de gestão. As ferramentas 
mais desenvolvidas tecnologicamente esbarram em problemas 
básicos. Tal é o caso, por exemplo, da tentativa que houve 
de se implementar os softwares para a gestão do rebanho. 
O sinal de internet fraco ou oneroso nas propriedades rurais 
implicava no insucesso. Além do mais, muitos produtores 
analisam investimentos similares como algo supérfluo, sem 
muita importância para sua produção. Em relação às demais 
tecnologias, o custo de uso do capital nelas empatado inviabiliza 
sua utilização, quando se leva em consideração fatores como: 
o prazo do retorno do investimento, que costuma ser de médio 
e longo prazo; os custos envolvidos na implementação no 
empreendimento, como treinamento de pessoal, readequação 
das pastagens e estruturas físicas, por exemplo.
98
 Administração Rural
Qualificação de mão de obra em todos os setores da 
economia é determinante para o sucesso do empreendimento. 
Não seria diferente para a produção rural, que é repleta de 
pessoas de bom coração, mas que aprenderam o que sabem na 
prática, no dia a dia do trabalho no campo, geralmente com seus 
pais e avós. Não se deve desmerecer, de forma alguma, esse tipo 
de conhecimento. Aliás, é o conhecimento destes profissionais 
que mantém a maioria das propriedades rurais em atividade. 
No entanto, de forma geral, muitos produtores não buscam 
conhecimentos que os possibilitem melhorar a gestão e produção 
do seu negócio. Isso contribui para a dificuldade apontada no 
quesito anterior que tratou da aplicação da tecnologia de ponta. 
Motivar os trabalhadores rurais a permanecer no campo e a 
terem qualidade de vida e de trabalho para si e suas famílias é um 
desafio enfrentado desde os primórdios do período de êxodo rural 
e parece que não será dirimido tão cedo. Aptidão para o trabalho 
no campo, levando em consideração a história, costumes, gostos 
e virtudes, é algo a se considerar no que tange à gestão da 
bovinocultura. Muitos empreendedores de sucesso demoraram 
muitos e longos anos para produzir rebanhos, sobretudo no campo 
da genética leiteira ou de corte, debaixo de situações drásticas e 
condições adversas. As gerações mais novas talvez não tenham 
similaridades neste sentido por causa de diferenças encontradas 
entre suas gerações antecedentes. Entre os exemplos, podem ser 
citadas as diferenças nos próprios valores a que se dão atenção 
e que impactam diretamente no modo com que foi desenvolvida a 
pecuária no Brasil. 
Uma vez que as gerações mais novas de pecuaristas não 
possuem capacidade de resiliência ou persistência nas atividades, 
acabam não conseguindo permanecer na bovinocultura por muito 
tempo. Muitos herdeiros, ao se depararem com planilhas negativas 
e condições difíceis, migram a atividade produtiva do gado para 
outro produto. Outra alternativa tem sido o arrendamento ou 
venda das terras para usinas de cana-de-açúcar ou para outros 
produtoresrurais. Esse fator modifica o espaço rural e as relações 
de trabalho. Modifica também o meio ambiente, que cada dia mais 
sofre com o chamado fenômeno do “deserto verde”, acarretado 
pela monocultura e práticas agrícolas defasadas e prejudiciais.
Não se pode deixar de lado a questão insegurança, seja ela 
física, financeira ou de propriedade. Muitos produtores rurais se 
deparam perante ameaças pelos constantes assaltos e roubos 
que acontecem de forma mais frequentes nas propriedades 
rurais. Nos campos do Brasil, tem sido muito comum encontrar 
casos de assaltos e roubos aos bens das casas rurais, bem 
como também de assaltos e roubos de implementos agrícolas, 
99
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
produção agrícola e animais. A descapitalização também é 
motivo de insegurança para a maioria dos produtores. Quando 
precisam realizar um aporte maior de capital no empreendimento 
ou usá-lo para gastos pessoais, precisam vender animais, seja a 
circunstância encontrada no mercado propícia ou não. Invasões 
em propriedades por parte de movimentos sociais que não levam 
em consideração, muitas vezes, a situação de produtividade da 
empresa rural ou da legalidade da propriedade das terras em que 
se encontram, também é fonte de incerteza sobre o futuro.
O mercado que engloba a bovinocultura, por vezes, pode 
ser muito especulativo. Com compradores de animais ou de seus 
produtos muito afinados entre si, gerando incertezas quanto à 
capacidade de garantias, quanto à venda ou de confiança entre 
os agentes da mesma cadeia produtiva. Há em alguns casos um 
verdadeiro lobby de compradores que desejam usufruir desses 
relacionamentos e que prejudicam as transações, tornando um 
mercado que poderia ser competitivo em uma engrenagem que 
gira com bastante dificuldade.
Fonte: PEREIRA, J. A. Z. P. Fatores críticos no gerenciamento de 
propriedades rurais produtoras de bovinos: a posição de um produtor. 
Texto concedido para composição de capítulo. Junho de 2017.
Pelos apontamentos destacados por Jonathas, fica claro que diversos 
aspectos podem afetar o gerenciamento em propriedades rurais criadoras 
de bovinos, sendo os mais comuns: aspectos de ordem técnica (como uso de 
tecnologia), financeira (custos dos insumos que não acompanham o preço de 
venda), humana (falta de mão de obra qualificada e desinteresse/despreparo 
das gerações futuras para assumirem as propriedades dos seus pais) e político-
econômica (flutuações de câmbio e crises diversas). 
Milho
Aqui, abordamos a produção de milho no Brasil, destacando os seguintes 
pontos: cenário da produção de milho no Brasil, apontamentos sobre milho 
transgênico no Brasil e também um panorama sobre o risco tóxico e perigo 
ambiental presente no ciclo de vida da produção de milho. A cultura do milho 
possui muitas similaridades de processos com outras importantes culturas que 
abastecem o mercado de grãos do Brasil e do mundo, tais como soja, sorgo e 
trigo, por exemplo. Assim, o conhecimento sobre alguns dos principais tópicos 
100
 Administração Rural
que abordamos aqui também pode oferecer subsídios para se compreender o 
funcionamento destas culturas que possuem similaridades de processos. Dentre 
estes, existem os próprios fatores críticos que estão vinculados ao gerenciamento 
de propriedades produtoras de grãos e o caso do consumo de agrotóxico.
a) Cenário do milho no Brasil
A cultura do milho é uma das que mais ocupam as terras agrícolas 
do Brasil e é uma das principais fontes de renda para pequenos, 
médios e grandes agricultores brasileiros. Em seu sistema de cultivo, há 
basicamente dois métodos de trabalho utilizados no Brasil, que são: plantio 
direto e plantio convencional. Enquanto o plantio direto é mais presente 
nas grandes propriedades agrícolas, o método do plantio convencional é 
mais restrito aos pequenos agricultores (ALVARENGA, 2012). 
No Brasil, cerca de 80% do milho produzido no país possui como destino o 
mercado de ração animal. Quanto ao consumo humano, o milho é transformado 
em diversos produtos, como por exemplo: farinha, amido, xarope de glicose, flocos 
para cereais matinais, óleo, margarina, entre outros produtos (ALVARENGA, 2012).
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo. Estados Unidos e 
China ocupam o primeiro e segundo lugar, respectivamente (USDA, 2016). Alguns 
dos principais fatores contribuem para os Estados Unidos ocuparem a primeira 
posição, entre eles: i) o alto uso de tecnologia; ii) a constante demanda por etanol 
produzido de milho naquele país; iii) sua alta produtividade por hectare. Ao se 
comparar, por exemplo, na Tabela 3, os dados de safras dos dois principais países 
produtores de milho da América Latina e os dados dos Estados Unidos no que 
tange à área plantada, produção e produtividade por hectare, confirma-se que o 
país tem uma eficiência de produção muito aquém dos dois países comparados 
(ALVARENGA, 2012).
A cultura do milho é 
uma das que mais 
ocupam as terras 
agrícolas do Brasil e 
é uma das principais 
fontes de renda para 
pequenos, médios e 
grandes agricultores 
brasileiros.
Tabela 3 – Comparativo de produção de milho entre 
Estados Unidos, Argentina e Brasil
Fonte: Adaptado de Alvarenga (2012), mediante dados de Agrianual 2010 (2010).
Países 
produtores
Estados Unidos Brasil Argentina
Safra
Área (mil 
ha)
Produção 
(mil ton.)
Produt. 
(kg/ha)
Área
Produção 
(mil ton.)
Produt. 
(kg/ha)
Área
Produção 
(mil ton.)
Produt. 
(kg/ha)
2004/05 29.798 299.914 10.065 12.208 35.007 2.867 3.400 20.500 6.029
2006/07 28.586 267.503 9.358 14.000 51.078 3.648 3.580 21.800 6.089
2008/09 31.825 307.386 9.659 14.143 50.971 3.604 3.500 19.000 5.429
101
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Um dos principais fatores que justificam a alta produtividade de milho do 
Brasil é a ampla disponibilidade de terras destinada à cultura do milho. Grande 
parte da produção do milho brasileiro provém de produtores que ainda operam 
suas propriedades mediante processos semelhantes aos de subsistência. Nestes 
sistemas produtivos, a baixa produtividade por hectare ocorre em circunstância 
da falta de conhecimento e de adoção de novas tecnologias, principalmente por 
pequenos e médios agricultores. Assim, o desenvolvimento destes agricultores 
pode alavancar as chances de a cadeia produtiva do milho ser mais eficiente 
mediante uma atenção voltada ao conhecimento sobre os seguintes aspectos: 
manuseio de máquinas e implementos agrícolas, práticas culturais, gestão 
ambiental e funcionamento do mercado em que atuam). Outros fatores que 
podem ser listados, de acordo com Companhia Nacional de Abastecimento estão 
associados ao incremento de tecnologia no campo, tais como: utilização de 
sementes de qualidade, acompanhamento da cultura por profissional qualificado 
(ALVARENGA, 2012).
Apesar de tais necessidades, o mercado de grãos brasileiro 
apresenta um forte potencial. Cerca de 80% da produção de grãos 
brasileiros é representado pelas colheitas da soja e do milho. Contudo, 
a maior parte do milho produzido no Brasil é consumido internamente e 
o volume de milho exportado é baixo, quando comparado à quantidade 
produzida. Devido a isso, o volume importado também é baixo.
Apesar de uma relativa baixa eficiência produtiva comparada com 
os Estados Unidos e Argentina, o cenário para o Brasil é promissor no 
que diz respeito à melhoria da sua eficiência de produção. Tal como 
confirmado pela figura a seguir, tem ocorrido no Brasil no decorrer dos 
últimos anos não apenas um aumento da área plantada, mas também 
da produtividade média por hectare. 
Cerca de 80% 
da produção de 
grãos brasileiros é 
representado pelas 
colheitas da soja e 
do milho.
O cenário para o 
Brasil é promissor 
no que diz respei-
to à melhoria da 
sua eficiência de 
produção.
Figura 23 – Área plantada e produtividade média 
de milho no Brasil entre 2003 e 2015
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
102
 Administração Rural
No Brasil,a região Centro-Oeste é a maior produtora de milho do país, 
tal como enfatizado pela figura a seguir. Na safra de 2015, por exemplo, foram 
produzidas no país aproximadamente 85 milhões de toneladas de milho. Destas, 
48% foram produzidas na região Centro-oeste, 29% na região Sul, 14% na região 
Sudeste, 7% na região Nordeste e 3% na região Norte.
Figura 24 – Produção de milho nas regiões do 
Brasil em 2015: milhões de toneladas
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
Assim como ocorrem diferenças entre a eficiência produtiva entre o Brasil 
e outros importantes países produtores, também se presenciam diferenças 
significativas neste quesito entre as regiões brasileiras, bem como também entre 
o Distrito Federal e os estados do Brasil. A Tabela 4 e a Figura 25 mostram estas 
discrepâncias.
Tabela 4 – Área plantada, produção e produtividade por hectare 
de milho nas regiões do Brasil na safra de 2015
Localidade Hectares plantados
Toneladas 
produzidas
 
Toneladas 
por hectare
Norte 622.359 2.314.968 3,72
Nordeste 2.687.968 5.865.820 2,18
Sudeste 2.110.908 11.564.629 5,48
Sul 3.698.680 24.417.444 6,60
Centro-Oeste 6.726.602 41.121.795 6,11
Brasil 15.846.517 85.284.656 5,38
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
103
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Figura 25 – Toneladas de milho por hectare no Distrito 
Federal e todos os estados do Brasil em 2015
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
Um dos principais motivos que justificam estas disparidades está vinculado 
aos seguintes aspectos, presentes em muitas propriedades localizadas nas 
principais regiões produtoras de milho do Brasil:
• Alta adoção de tecnologia no campo (pivôs de irrigação, máquinas agrícolas 
modernas, gerenciamento profissional das propriedades agrícolas, adoção 
do plantio direto).
• Grandes áreas plantadas.
• Duas colheitas anuais, com poucas diferenças de produtividade 
entre uma e outra.
• Lavouras sendo acompanhadas constantemente por agrônomos e 
técnicos agrícolas.
• Forte presença de importantes institutos de pesquisa desenvolvendo 
tecnologias específicas para a cultura, tal como é o caso, por exemplo, da 
Embrapa Milho e Sorgo e também das diversas universidades do Brasil com 
foco em Ciências Agrárias, Sociais e Exatas. 
No que tange às participações estaduais na produção de milho no Brasil, 
Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais são, 
respectivamente, os cinco maiores produtores de milho do Brasil, tal como 
confirmado pela Tabela 5.
Duas colheitas 
anuais, com poucas 
diferenças de produ-
tividade entre uma 
e outra.
104
 Administração Rural
Tabela 5 – Panorama da produção de milho no Distrito 
Federal e nos estados brasileiros na safra de 2015
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
Localidade Hectares plantados Toneladas produzidas
% da produ-
ção do país
Toneladas 
por hectare
Mato Grosso 3.570.606 21.353.295 25,04% 5,98
Paraná 2.439.400 15.777.409 18,50% 6,47
Mato Grosso do 
Sul
1.681.672 9.727.809 11,41% 5,78
Goiás 1.409.102 9.512.503 11,15% 6,75
Minas Gerais 1.281.452 6.839.297 8,02% 5,34
Rio Grande do Sul 854.793 5.563.555 6,52% 6,51
São Paulo 808.374 4.688.951 5,50% 5,8
Santa Catarina 404.487 3.076.480 3,61% 7,61
Bahia 814.311 2.683.111 3,15% 3,29
Maranhão 456.746 1.397.831 1,64% 3,06
Piauí 409.277 1.101.439 1,29% 2,69
Rondônia 175.952 787.093 0,92% 4,47
Pará 228.871 759.662 0,89% 3,32
Tocantins 162.078 639.736 0,75% 3,95
Distrito Federal 65.222 528.188 0,62% 8,1
Sergipe 175.135 495.729 0,58% 2,83
Ceará 495.927 130.887 0,15% 0,26
Acre 41.876 94.483 0,11% 2,26
Espírito Santo 18.642 30.147 0,04% 1,62
Pernambuco 194.147 25.867 0,03% 0,13
Amazonas 6.604 16.816 0,02% 2,55
Alagoas 34.224 15.800 0,02% 0,46
Roraima 5.221 15.528 0,02% 2,97
Paraíba 65.286 10.934 0,01% 0,17
Rio de Janeiro 2.440 6.234 0,01% 2,55
Rio Grande do 
Norte
42.915 4.222 0,01% 0,1
Amapá 1.757 1.650 0,00% 0,94
Brasil 15.846.517 85.284.656 100,00% 5,38
105
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Assim como enfatizado na Tabela 5 e na Figura 26, apenas o 
estado do Mato Grosso produz aproximadamente 25% do milho do 
Brasil. Em um sentido mais agregado, apenas cinco estados brasileiros 
produzem cerca de 75% do milho do país, tal como demonstra a figura 
a seguir. 
Apenas cinco 
estados brasileiros 
produzem cerca de 
75% do milho do 
país.
O fator mais impor-
tante que motiva a 
troca da semente 
convencional pela 
transgênica é o 
econômico.
Figura 26 – Produção de milho nos principais estados 
do Brasil em 2015: milhões de toneladas
Fonte: Adaptado de IBGE (2017).
No Brasil, um fator que também tem contribuído para o aumento da produção 
e eficiência produtiva é a adoção de sementes transgênicas no campo.
b) Milho transgênico no Brasil
A questão da liberação do cultivo da semente de milho transgênica no Brasil 
foi discutida por entidades competentes por mais de dez anos, tendo sido aprovado 
no ano de 2008. No entanto, apesar do relativo recente aval para comercialização 
da semente transgênica, nota-se uma tendência para a permanência do plantio 
com este tipo de semente nos campos brasileiros (ALVARENGA, 2012).
O fator mais importante que motiva a troca da semente convencional 
pela transgênica é o econômico. As perdas de produtividade da cultura 
do milho em decorrência de insetos tidos como pragas para a cultura 
do milho são de quase 20%, fazendo com que o agronegócio do milho 
deixe de ganhar aproximadamente dois bilhões de reais anualmente 
(WAQUIL; VILLELA, 2004). De acordo com Embrapa (2008), gasta-se em torno de 
23 milhões de dólares anualmente nas aplicações de inseticidas e no tratamento 
de sementes para se conter as principais pragas da cultura do milho, fazendo das 
106
 Administração Rural
variedades de sementes de milho transgênico tolerantes a insetos e herbicidas 
uma forma viável de se conter estes prejuízos econômicos.
Algumas consequências são possíveis de acontecer devido ao uso de 
sementes de milho transgênicas. Uma destas é o fluxo de genes dos organismos 
modificados para as variedades locais não modificadas (PIÑEYRO-NELSON 
et al., 2009). Outra é o risco à segurança alimentar, pois pode ser que surjam 
efeitos colaterais naqueles indivíduos que consumirem alimentos constituídos de 
compostos transgênicos. Além destes, há possibilidade de ocorrer resistência das 
plantas daninhas aos herbicidas e também resistência dos insetos aos inseticidas, 
criando um círculo vicioso de necessidade de agrotóxicos cada vez mais fortes 
(EMBRAPA, 2008).
Neste sentido, as pesquisas envolvendo sementes de milho transgênicas 
apontam para caminhos diversos. Embrapa (2008) afirma que no decorrer 
de dezesseis anos do comércio agrícola de produtos transgênicos não foram 
observadas consequências relevantes para a saúde humana nem para o meio 
ambiente. No caso da adoção da semente de milho transgênica nos campos 
do Brasil, as chances de ocorrer efeitos ambientais por fluxo gênico são raras, 
pois não existem no país plantas nativas passíveis de serem cruzadas com as 
variedades de milho.
No entanto, ao se observar o panorama da plantação de sementes 
transgênicas de milho em outros países, as pesquisas direcionam a necessidade 
de mais estudos sobre as consequências que este tipo de cultura pode causar. 
Segundo Binemelis (2008), a lavoura de milho transgênico em uma região da 
Espanha contribuiu para a queda da produção de milho orgânico, o que indica a 
inviabilidade de coexistir estas duas distintas lavouras. 
No México, em lavoura experimental destinada à pesquisa, Piñeyro-Nelson 
et al. (2009) descobriram contaminação de uma variedade de milho comum 
da região pelos transgênicos. Neste país, apesar da produção comercial do 
milho transgênico ainda não ter sido liberada, as pesquisas na área se tornam 
relevantes, pois existem muitas variedades de milho que, se contaminadas, 
podem comprometer a diversidade genética dos milhos existentes (ACEVEDO et 
al., 2011), já que não existem formas de se parar ofluxo de genes para as plantas 
nativas da região (DALTON, 2009).
No caso brasileiro, apesar das considerações de Embrapa (2008) sobre a 
situação dos fluxos gênicos, o trabalho de Ferment et al. (2009) indica relevantes 
considerações sobre a cultura de milho transgênico nos campos nacionais, sendo 
as principais:
107
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
• O milho transgênico pode comprometer outras variedades, 
pois barreiras destinadas a conter movimento de sementes ou 
polinização não são efetivas completamente.
• Falta ainda estabelecer regras legais para responsabilização e 
compensação de eventuais danos causados por lavouras de milho 
transgênicos em outras variedades.
• A norma divulgada pela Comissão Técnica Nacional de 
Biossegurança (CTNBio) sobre a situação do milho transgênico 
não é completa e não garante a possibilidade de coexistência de variedades 
de milho transgênicos e convencionais. 
Contudo, mesmo diante destas questões ainda em aberto, verifica-se que o 
plantio de milho transgênico no Brasil já é realizado em suas principais regiões 
produtoras em proporções consideráveis. Na safra 2009/10, por exemplo, 25% 
do milho do Brasil foi plantado com semente transgênica. Naquela safra, as 
seguintes proporções foram plantadas com sementes transgênicas nas regiões 
do Brasil: Centro-oeste, 50%; Sul, 37%; Sudeste, 31%; Nordeste, 5%; Norte, 1% 
(AGRIANUAL, 2010).
c) Agrotóxicos na agricultura do Brasil
Assim como o caso da ampliação do uso da terra pela agricultura e 
agropecuária, os insumos químicos também contribuíram para o aumento 
da produção. Tal como afirma Borges Filho (2004), a intensificação do 
uso de agrotóxicos contribuiu para a maior produtividade, tal como é 
o caso das monoculturas dos trópicos, por exemplo. Contudo, o mau 
uso de agrotóxicos acarretou problemas ambientais decorrentes da 
atividade agrícola. Além das contaminações da água, do solo e dos alimentos que 
o uso indiscriminado de agrotóxicos pode causar, há ainda a possibilidade das 
pragas agrícolas combatidas se tornarem resistentes aos produtos, fazendo com 
que haja desequilíbrio da cadeia de predadores e presas, pois os agrotóxicos são 
mais nocivos aos inimigos naturais das pragas que se pretendem eliminar do que 
aos próprios insetos, fungos e ervas daninhas presentes nas lavouras.
• Problemas tóxicos e ambientais associados ao uso de agrotóxicos 
no Brasil
No Brasil, os problemas ambientais e tóxicos associados aos agrotóxicos 
requerem especial atenção. O país é o maior consumidor destes 
insumos no planeta (ABRASCO, 2012; COSTA; NOMURA, 2016) 
e também o país que mais utiliza agrotóxicos proibidos em outros 
países (ABRASCO, 2012). A maior parte dos agrotóxicos utilizados 
na agricultura brasileira são consumidos nas culturas de soja (32,6%), 
milho (12%), citros (10%), cana (7,6%) e café (7%), respectivamente 
(SPADOTTO et al., 2004).
Falta ainda estabe-
lecer regras legais 
para responsabili-
zação e compen-
sação de eventuais 
danos causados por 
lavouras de milho 
transgênicos em 
outras variedades.
Contudo, o mau 
uso de agrotóxicos 
acarretou problemas 
ambientais decor-
rentes da atividade 
agrícola.
O país é o maior 
consumidor 
destes insumos no 
planeta e também 
o país que mais 
utiliza agrotóxicos 
proibidos em outros 
países.
108
 Administração Rural
Agrotóxicos causam sérios problemas ambientais na agricultura (TILMAN 
et al., 2002). Entre os mais comuns estão: degradação da matéria orgânica e 
eutrofização de solos (MORENO-MATEOS et al., 2015), de águas superficiais e 
de águas subterrâneas, bem como redução da biodiversidade e da qualidade do 
solo (TILMAN et al., 2002) e dá água (PIMENTEL et al., 2004; TILMAN et al., 2002; 
WATTS et al., 2015). No Brasil, pesquisas já comprovaram danos ambientais que 
foram causados por agrotóxicos, tais quais: contaminação de solo e água em área 
agrícola do cerrado do país (SOARES; PORTO, 2007); contaminação de água 
subterrânea e superficial propícia para consumo humano (VEIGA et al., 2006); 
morte de plantas urbanas devido à pulverização agrícola (PIGNATI; MACHADO; 
CABRAL, 2007); redução de polinização por abelhas (PACÍFICO-DA-SILVA; 
MELO; SOTO-BLANCO, 2016), bem como também envenenamento (ROSSI et 
al., 2013) e morte de abelhas (LIMA; ROCHA, 2012).
Os agrotóxicos de uso agrícola também estão entre os insumos 
que mais causam intoxicação humana no Brasil (BOCHNER, 2007). 
Pesquisas que foram desenvolvidas com trabalhadores rurais 
mencionam os seguintes casos de malefícios causados à saúde por 
agrotóxicos: doenças crônicas, problemas auditivos e na qualidade 
de, problemas reprodutivos, ardência nos olhos, tonturas, cefaleia 
e náuseas e morte. Entre os trabalhadores rurais existe uma série de motivos 
que contribuem para suas intoxicações, como por exemplo: não utilização de 
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), manuseio prolongado do agrotóxico 
e falta de informação sobre a maneira correta de aplicar e manusear o insumo 
tóxico (FARIA; FASSA; FACCHIN, 2007). Para maiores esclarecimentos neste 
sentido, a Tabela 6 mostra exemplos de casos de intoxicação por agrotóxicos no 
Brasil que ocorreram no ano de 2007.
Os agrotóxicos 
de uso agrícola 
também estão 
entre os insumos 
que mais causam 
intoxicação humana 
no Brasil.
Tabela 6 – Quantidade de casos de intoxicação por 
agrotóxicos registrados no Brasil no ano de 2007
Causa da intoxicação
Agrotóxico uso 
agrícola
Uso doméstico Produto veterinário Raticidas
Acidente individual 1271 2205 618 1528
Acidente coletivo 85 66 20 43
Acidente ambiental 16 8 4 3
Ocupacional 1557 120 69 12
Ingestão de alimentos 9 1 2 0
Tentativa de suicídio 2443 754 392 2560
Tentativa de aborto 9 4 1 14
Violência / homicídio 36 7 1 35
Uso indevido 30 95 49 7
Outra 96 113 38 29
109
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde (2009).
Ignorada 138 60 24 140
Total 5690 3433 1218 4371
Ao se analisar a situação geral dos casos de intoxicação por agrotóxicos, 
averígua-se que quase quinze mil casos de intoxicação por agrotóxicos foram 
registrados no Brasil no ano de 2007. Afora os casos de tentativa de suicídio, 
constatam-se as maiores ocorrências de intoxicação por acidentes individuais em 
todas as categorias, além de uma maior ocorrência de acidentes de trabalho na 
categoria dos agrotóxicos de uso agrícola.
• Cenário das vendas de agrotóxicos no Brasil
Tendo-se como base dados de vendas de um importante instituto 
ambiental brasileiro, (IBAMA, 2017), pode-se ter um posicionamento 
sobre o próprio aumento do consumo destes produtos no país ao longo 
dos anos, como também sobre quais são as regiões e os estados 
brasileiros que mais utilizam agrotóxicos. Tal como enfatizado na Figura 
27, que mostra a quantidade de agrotóxico vendida no Brasil entre 2000 e 
2017 (milhares de toneladas de ingrediente ativo), elevou-se em mais de 
três vezes o consumo de agrotóxico no Brasil entre o período destacado. 
Dos dados explanados nesta figura, faz-se exceção para os dados das 
vendas dos anos de 2007 e 2008. De acordo com o IBAMA (2017), os 
dados destes dois anos não foram sistematizados pelo instituto.
Tal como enfatizado 
na Figura 27, que 
mostra a quantida-
de de agrotóxico 
vendida no Brasil 
entre 2000 e 2017 
(milhares de tonela-
das de ingrediente 
ativo), elevou-se 
em mais de três 
vezes o consumo de 
agrotóxico no Brasil 
entre o período 
destacado.
Figura 27 – Venda de agrotóxico no Brasil entre 2000 e 
2014: milhares de toneladas de ingrediente ativo
Fonte: Adaptado de IBAMA (2017).
110
 Administração Rural
No Brasil, a região que mais faz uso de agrotóxico é a Centro-oeste, seguida 
pelas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte, respectivamente. Com base em 
dados de 2014, a Figura 28 mostra a quantidade de agrotóxico vendida no Brasil 
nas cinco regiões brasileiras. De acordo com tal figura, foram vendidos naquele 
ano as seguintes quantidades (milharesde toneladas de ingrediente ativo) de 
agrotóxico nas regiões brasileiras: Norte, 17,44 (3% do Brasil); Centro-oeste, 
166,18 (33% do Brasil); Nordeste, 50,20 (10% do Brasil); Sudeste, 110,82 (22% 
do Brasil); Sul, 127 (25% do Brasil). De acordo com IBAMA (2017), das vendas 
realizadas em 2014, quase 37 mil toneladas (7%) não foram possíveis de se 
determinar a localidade vendida porque as empresas detentoras dos registros, 
responsáveis por repassar os dados para o Instituto, não conheciam com exatidão 
a distribuição no território das vendas, por ser uma tarefa executada por terceiros. 
Figura 28 – Agrotóxicos vendidos nas regiões brasileiras em 
2014: milhares de toneladas de ingrediente ativo
*Quantidade comercializada sem certeza da localidade que foi vendida.
Fonte: Adaptado de IBAMA (2017).
No Brasil, um estado do Centro-oeste e três estados do eixo 
sudeste-sul são os líderes em uso de agrotóxico no país. Em 2014, 
por exemplo, foram vendidos em Mato Grosso 91.290,46 toneladas 
(ingredientes ativos) de agrotóxicos. Naquele ano, foram vendidos 
quase 20% do agrotóxico do país somente para este estado. Já São 
Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná são os estados que ocupam o 
segundo, terceiro e quarto lugar, respectivamente, no ranking das 
vendas de agrotóxicos no país. Tal como enfatizado pela Figura 
29, somente para estes quatro estados, Mato Grosso, São Paulo, 
Rio Grande do Sul e Paraná, foram vendidos cerca de 55% de todo 
agrotóxico do país em 2014. Em um contexto mais amplo, estes 
quatro estados, mais os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso 
Em um contexto 
mais amplo, estes 
quatro estados, 
mais os estados 
de Goiás, Minas 
Gerais, Mato Grosso 
do Sul e Bahia 
consumiram, em 
2014, cerca de 
82% (416.525,30 
toneladas de 
ingrediente ativo) do 
agrotóxico vendido 
no Brasil.
111
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
*Quantidade comercializada sem certeza da localidade que foi vendida
Fonte: Adaptado de IBAMA (2017).
do Sul e Bahia consumiram, em 2014, cerca de 82% (416.525,30 toneladas de 
ingrediente ativo) do agrotóxico vendido no Brasil.
Figura 29 – Agrotóxicos vendidos nos principais estados do Brasil 
em 2014: milhares de toneladas de ingrediente ativo
• Classificação dos agrotóxicos no Brasil 
No Brasil, os agrotóxicos são classificados em quatro categorias 
que os relacionam aos seus potenciais de causarem perigos ambientais 
e riscos de toxicidade. Os Potenciais de Periculosidade Ambiental (PPP) 
dos agrotóxicos são avaliados e classificados pelo Instituto Brasileiro 
do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) nas seguintes 
classes: I - produto altamente perigoso; II - produto muito perigoso; 
III - produto perigoso; IV - produto pouco perigoso (IBAMA, 1996). A 
classificação do PPP ocorre por meio dos seguintes parâmetros: 
toxicidade a organismos não alvos do insumo (organismos do solo, organismos 
aquáticos, aves, abelhas, mamíferos); transporte (solubilidade, mobilidade e 
absorção); persistência (hidrólise, fotólise e biodegradabilidade); bioacumulação; 
potencial teratogênico, mutagênico e carcinogênico (IBAMA, 1996; ZERBETTO, 
2009).
Já potenciais dos agrotóxicos para causar riscos de toxicidade são avaliados 
e classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nas 
seguintes classes: I - produto extremamente tóxico; II - produto altamente tóxico; 
III - produto moderadamente tóxico; IV - produto pouco tóxico. Os parâmetros para 
classificação da toxicidade dos agrotóxicos estão associados às concentrações 
No Brasil, os agrotó-
xicos são classifi-
cados em quatro 
categorias que os 
relacionam aos 
seus potenciais de 
causarem perigos 
ambientais e riscos 
de toxicidade.
112
 Administração Rural
(quilograma ou litro) dos agrotóxicos capazes de provocar corrosão, ulceração 
e opacidade na córnea. A forma de aplicação dos agrotóxicos também é levada 
em consideração como parâmetro para classificação. É considerado como 
mais propenso a causar problemas devido à toxicidade os produtos aplicados 
da seguinte forma, respectivamente: i) fumigação de ambientes fechados para 
tratamento de grãos; ii) pulverização de partes aéreas de culturas altas por via 
terrestre; iii) pulverização de partes de culturas altas por avião; iv) pulverização 
de culturas baixas; v) tratamento de solo (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA, 1992). 
Segundo Londres (2011), a toxidade dos agrotóxicos é determinada por meio 
de estudos laboratoriais com exposição inalatória, oral e dérmica para identificar 
a Concentração Letal (CL) e Dose Letal (DL) capaz de matar 50% dos animais 
utilizados nos testes laboratoriais. Dessa forma, a toxidade é indicada em termos 
do valor da Dose Letal 50% (DL50), representada por miligramas do produto, 
testado por peso vivo do animal, preciso para matar a metade dos animais 
utilizados nos testes (CORDEIRO, 2003).
Para as análises indicativas por via oral, por exemplo, produtos sólidos são 
classificados na Classe I quando a DL50 é ≤ 0,005 grama/kg de peso do animal. 
Na Classe II, quando DL50 é > 0,005 até 0,05 grama/kg. Na Classe III, DL50 > 
0,05 a 0,5 gramas/kg. Já na Classe IV, DL50 > 0,5 gramas/kg. Portanto, após 
feitos os testes, a classe toxicológica do produto será determinada pela mais 
tóxica que surgir em um dos estudos agudos (LONDRES, 2011). 
No intuito de simplificar a compreensão das classificações de periculosidade 
ambiental e de risco tóxico, a quadro a seguir enfatiza em detalhes as respectivas 
classificações. 
Quadro 5 – Classificação toxicológica e de periculosidade ambiental
Fonte: 1IBAMA (1996) e 2secretaria de Vigilância Sanitária (1992).
Classes Classificação de periculosidade ambiental1 Classificação toxicológica2
Classe I Produto altamente perigoso Extremamente tóxico
Classe II Produto muito perigoso Muito tóxico
Classe III Produto medianamente perigoso Moderadamente tóxico
Classe IV Produto pouco perigoso Pouco tóxico
113
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
No Brasil, todos os agrotóxicos comercializados apresentam em 
suas bulas e em seus rótulos, além da concentração do ingrediente 
ativo do agrotóxico, os graus de periculosidade ambiental e toxicológica 
do agrotóxico. Assim, como forma de exemplificar a associação de cada 
ingrediente ativo ao seu respectivo grau de periculosidade ambiental e 
toxicológica, bem como a concentração de cada um no volume total do 
agrotóxico comercializado, o Quadro 6 (ANDREI, 2013; MINISTÉRIO 
DA AGRICULTURA, 2015) enfatiza a relação de alguns agrotóxicos 
pelos seus elementos ativos (e não pelo nome comercial), função, 
classe de risco de toxicidade, classe de periculosidade ambiental e 
concentração em gramas por litro.
No Brasil, todos 
os agrotóxicos 
comercializados 
apresentam em 
suas bulas e em 
seus rótulos, além 
da concentração do 
ingrediente ativo do 
agrotóxico, os graus 
de periculosidade 
ambiental e 
toxicológica do 
agrotóxico.
Quadro 6 – Características dos ingredientes ativos de agrotóxicos
Ingrediente Ativo Função do insumo
Classe de 
toxicidade
Classe de periculosi-
dade Ambiental
Concentração 
(g/l)
Atrazina Herbicida III III 500
Atrazina + S-Meto-
lacloro
Herbicida II II 370 + 290
Azoxistrobina + 
Ciproconazol
Fungicida III II 200 + 80
Carfentrazona-etílica Herbicida II II 400
Chlorantraniciprole Inseticida III II 200
Clorpirifós Inseticida I I 480
Espinosade Inseticida III III 480
Éster metílico de 
óleo de soja
Adjuvante IV IV 720
Fenpropatrina Inseticida I II 300
Glifosato Inseticida III II 480
Imidacloprido + 
Tiodicarbe 
Inseticida II II 150+450
Lufenurom Inseticida IV II 50
Metomil Inseticida I III 215
Óleo mineral
 Inseticida / acarici-
da / adjuvante
IV III 760
Óleo mineral Adjuvante IV III 428
Óxido de fembuta-
tina
Acaricida I II 500
Permetrina Inseticida II I 384
Tebuconazol Fungicida III II 200
114
 Administração Rural
Tembotriona Herbicida III III 420
Tiametoxam+Lamb-
da Cialotrina
Inseticida III 141+106 
Tiodicarbe Inseticida II III 800 g / kg
Fonte: Adaptado de Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários – 
AGROFIT (2011) e Ministério da Agricultura (2015).
A partir da tabela acima, o produtor envolvido com o consumo de agrotóxicos 
pode utilizar de tais dados para decisões envolvendo os riscos de periculosidade 
ambiental e riscos de toxicidade nos sistemas que estão associados aos sistemas 
de produção agrícola. Assim, no intuito de exemplificar como isso pode ocorrer, 
apresenta-se a seguir o caso de uma avaliação do ciclo de vida simplificada 
que foi desenvolvida levando-se em consideração a produção da semente e a 
produção do grão de milho. 
Para conhecimento mais aprofundado sobre agrotóxicos no 
Brasil, acesse os seguintes materiais:
1 - ALVARENGA, R. P.; QUEIROZ, R. T.; NADAE, J. Risco tóxico 
e potencial perigo ambiental no ciclo de vida da produção de milho. 
Espacios, v. 38, n. 1, p. 12,2017. Disponível em: <https://www.
researchgate.net/publication/312503117_Risco_toxico_e_potencial_
perigo_ambiental_no_ciclo_de_vida_da_producao_de_milho>. 
Acesso em: 7 jun. 2017.
2 – ABRASCO – ASSOCIÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE 
COLETIVA (2012). Dossiê ABRASCO – um alerta sobre os impactos 
dos agrotóxicos na saúde. Parte 1 - agrotóxicos, segurança alimentar 
e nutricional e saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO. Disponível 
em: <http://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/
uploads/2013/10/DossieAbrasco_2015_web.pdf>. Acesso em: 7 jun. 
2017.
3 - BOCHNER, R. (2007). Sistema Nacional de Informações 
Tóxico-Farmacológicas SINITOX e as intoxicações humanas por 
agrotóxicos no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 12, n. 1, p. 73-
89, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n1/08.
pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017.
115
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
4 - LIMA, M. C. DE; ROCHA, S. A. (2012). Efeitos dos 
agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil: proposta 
metodológica de acompanhamento. Brasília: IBAMA. Disponível 
em: <http://www.semabelhasemalimento.com.br/wp-content/
uploads/2015/02/efeitos_agrotoxicos_abelhas_silvestres_brasil.pdf>. 
Acesso em: 7 jun. 2017.
5 - MARTINS, M. K. S.; CERQUEIRA, G. S.; SAMPAIO, A. M. 
A.; LOPES, A. A.; FREITAS, R. M. (2012). Exposição ocupacional 
aos agrotóxicos: um estudo transversal. Revinter Revista de 
Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 3, p. 6–27. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n1/11.pdf>. Acesso 
em: 7 jun. 2017.
6 - NEVES, P. D. M.; BELLINI, M. (2013). Intoxicações por 
agrotóxicos na mesorregião norte central paranaense, Brasil – 2002 
a 2011. Ciência e Saúde Coletiva, v. 18, n. 11, p. 3147–3156. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n11/05.pdf>. Acesso 
em: 7 jun. 2017.
7 - PIGNATI, W. A.; MACHADO, J. M. H.; CABRAL, J. F. (2007). 
Acidente rural ampliado: o caso das “chuvas” de agrotóxicos sobre a 
cidade de Lucas do Rio Verde - MT Major rural accident. Ciência e 
Saúde Coletiva, v. 12, n. 1, p. 105-114. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/csc/v12n1/10.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017.
8 - SPADOTTO, C. A.; GOMES, M. A. F.; LUCHINI, L. C.; 
ANDRÉA, M. M. (2004). Monitoramento do risco ambiental de 
agrotóxicos: princípios e recomendações. Documentos - Embrapa 
Meio Ambiente, v. 42, n. Dezembro, p. 1-29. Disponível em: <http://
www.cnpma.embrapa.br/download/documentos_42.pdf>. Acesso 
em: 7 jun. 2017.
d) Risco tóxico e perigo ambiental associado ao ciclo de vida da 
produção de milho 
Esta seção descreve resumidamente o principal escopo e os principais 
resultados de uma pesquisa (ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017a) que 
desenvolvemos a respeito do consumo de agrotóxicos na cultura do milho. 
116
 Administração Rural
Para acessar a pesquisa completa, veja o artigo:
ALVARENGA, R.P.; QUEIROZ, R.T.; NADAE, J. Risco tóxico e 
potencial perigo ambiental no ciclo de vida da produção de milho. 
Espacios, v. 38, n. 1, p. 12, 2017. Disponível em: <https://www.
researchgate.net/publication/312503117_Risco_toxico_e_potencial_
perigo_ambiental_no_ciclo_de_vida_da_producao_de_milho>. 
Acesso em: 7 jun. 2017.
Nesta pesquisa, utilizamos como técnica uma Avaliação do Ciclo de Vida, 
estudada na primeira parte deste livro. No desenvolvimento da referida pesquisa, 
tivemos como guia de execução e motivação para o trabalho, responder a algumas 
perguntas, entre as quais destacamos duas aqui:
• Quais são os tipos de agrotóxicos consumidos no ciclo de vida da produção 
de milho que mais possuem chances de causarem problemas por toxicidade 
e perigo ambiental?
• Quais são as etapas do ciclo de vida que mais possuem potencialidade para 
causar perigo ambiental e riscos de intoxicação? 
Na pesquisa, levamos em consideração tanto os estágios da produção da 
semente do milho quanto os estágios da produção do grão do milho, tal como 
enfatizado pela figura que segue.
Figura 30 – Estágios do ciclo de vida do milho grão (simplificado)
Fonte: Adaptado de Alvarenga, Queiroz e Nadae (2017a).
Dos dois estágios destacados, foram avaliadas nove etapas pertinentes aos 
dois sistemas de produção, tal como enfatizado pela figura a seguir.
117
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Figura 31 – Etapas avaliadas no ciclo de vida
Figura 32 – Quantidade de cada tipo de agrotóxico consumido 
no ciclo de vida da produção de vida avaliada
Fonte: Adaptado de Alvarenga, Queiroz e Nadae (2017a).
Fonte: Adaptado de Alvarenga, Queiroz e Nadae (2017a).
Ao se considerar o ciclo avaliado, foram usados seis tipos de 
agrotóxicos, tal como enfatizado pela Figura 32, as seguintes quantidades 
de cada tipo de agrotóxico: dois tipos de adjuvante, um tipo de acaricida, 
quatro tipos de fungicida, sete tipos de herbicida, treze tipos de inseticida 
e um produto com tripla função (inseticida, acaricida e adjuvante). 
Ao se considerar o 
ciclo avaliado, foram 
usados seis tipos de 
agrotóxicos.
Foram os herbicidas 
os mais usados.
No ciclo de vida, apesar de herbicidas e inseticidas terem sido 
os agrotóxicos mais nocivos em ambos os casos, foram os herbicidas 
os mais usados. Tal como mostra a Figura 33, as concentrações por 
unidade funcional de cada tipo de agrotóxico utilizado no ciclo de vida avaliado 
foram: tripla função, 69,39; acaricida, 42,77; adjuvante, 164,73; fungicida, 15,51; 
herbicida, 403,06; inseticida, 42,85.
118
 Administração Rural
Figura 33 – Concentração (gramas por unidade funcional) de cada tipo de 
agrotóxico consumido no ciclo de vida da produção de milho avaliado
Fonte: Adaptado de Alvarenga, Queiroz e Nadae (2017a).
Deste estudo, os principais resultados e conclusões são, tal como 
enfatizado pelos autores (ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017a):
• A extrema maioria dos agrotóxicos (99,5%) que foram consumidos 
no ciclo de vida avaliado possuem potencial para causar muito e 
moderado perigo ambiental.
• No que diz respeito ao risco de toxicidade, apenas 30% dos 
agrotóxicos que foram consumidos representam baixo risco (classe) 
de toxicidade. 
• Tal como destacado na pesquisa, inseticidas e herbicidas são 
os agrotóxicos que oferecem mais risco de intoxicação e perigo 
ambiental. Logo, estes insumos devem ser manuseados com maior 
cuidado. 
e) Fatores críticos no gerenciamento de propriedades rurais 
produtoras de grãos
O Brasil, como um dos principais produtores de grãos (como soja, 
milho e trigo, por exemplo) do mundo, enfrenta algumas dificuldades 
que implicam o gerenciamento de suas propriedades rurais em 
sentidos diversos, sendo os principais relacionados à/ao: mão de obra, 
mercado e produção. 
Para propriedades produtoras de grãos, o fator mão de obra pode 
ser considerado crítico no gerenciamento de suas atividades. Sobretudo 
para grandes áreas, localizadas em regiões como Centro-oeste, Norte 
e Nordeste. Tal comentamos na primeira etapa do nosso livro, o baixo 
nível de escolaridade de trabalhadores contratados para trabalhar 
A extrema maioria 
dos agrotóxicos 
(99,5%) que foram 
consumidos no ciclode vida avaliado 
possuem potencial 
para causar muito 
e moderado perigo 
ambiental.
Apenas 30% dos 
agrotóxicos que 
foram consumidos 
representam baixo 
risco (classe) de 
toxicidade.
O Brasil, como 
um dos principais 
produtores de 
grãos (como soja, 
milho e trigo, por 
exemplo) do mundo, 
enfrenta algumas 
dificuldades 
que implicam o 
gerenciamento de 
suas propriedades 
rurais em sentidos 
diversos, sendo 
os principais 
relacionados à/
ao: mão de 
obra, mercado e 
produção.
119
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
no campo implica dificuldade para acompanhar o desenvolvimento 
tecnológico do setor. Muitas grandes propriedades produtoras de grãos 
do Brasil estão equipadas com máquinas e implementos agrícolas de 
última geração, tais como exemplificadas pela Figura 34. Conseguir 
mão de obra capaz de operar tais equipamentos é uma dificuldade 
que produtores estão enfrentando nos campos do Brasil. Não é raro 
encontrar em tais propriedades processos e equipamentos parados ou 
atrasados por falta de mão de obra capaz de operar os equipamentos. 
O baixo nível de 
escolaridade de 
trabalhadores 
contratados para 
trabalhar no campo 
implica dificuldade 
para acompanhar 
o desenvolvimento 
tecnológico do setor.
No que diz respeito 
ao mercado, a 
principal dificuldade 
enfrentada diz 
respeito à incerteza 
do preço de 
comercialização 
no momento da 
colheita.
Figura 34 – Máquinas, implementos e equipamentos 
usados na produção de grãos
Fonte: Os autores.
Outro fator associado à mão de obra nestas propriedades está associado 
à distância entre as propriedades rurais e os centros urbanos. Como muitos 
trabalhadores contratados vivem nas cidades, produtores rurais se deparam com 
duas principais situações típicas: providenciar transporte desde as áreas urbanas 
até o campo ou disponibilizar moradia para tais trabalhadores nas próprias 
propriedades rurais. Em ambos os casos, além das próprias implicações nos 
custos de produção que estas providências ocasionam, há muitas situações em 
que trabalhadores faltam ao trabalho por optarem por permanecer nas cidades. 
No que diz respeito ao mercado, a principal dificuldade enfrentada 
diz respeito à incerteza do preço de comercialização no momento 
da colheita, já que se trata de commodities agrícolas. Neste sentido, 
sobretudo para grandes produtores, a principal indicação recai sobre 
a necessidade do domínio das diferentes formas de comercialização, 
nos distintos mercados, tal como os que foram estudados na primeira 
etapa do nosso livro. Para pequenos produtores, o conselho vai além, 
120
 Administração Rural
pois tanto a diversificação da produção como a tentativa de agregar valor aos 
produtos já dentro da porteira com uma aproximação dos consumidores finais são 
alternativas mais seguras sugeridas.
Já em relação à produção, tanto fatores de mercado quanto as 
próprias características específicas necessárias para se produzir implicam 
maiores atenções. No Brasil é muito comum que produtores de grãos 
tenham como parâmetro para o plantio da safra os índices de preços 
da safra imediatamente anterior à safra que será plantada. Se o preço 
da soja, por exemplo, ofereceu bons retornos na safra 2017, é certo que 
muitos produtores plantarão soja na safra seguinte em detrimento de outras opções. 
Logo, tal como frequentemente ocorre e inserido neste exemplo, na safra 2018 os 
preços podem não ser tão atrativos por causa do excesso de oferta do produto no 
mercado. Já no que diz respeito às condições específicas, os fatores climáticos são 
os principais que afetam o gerenciamento da produção. Tais fatores são praticamente 
imprevisíveis a médio e longo prazos. Então, produtores praticamente ficam sujeitos 
à dependência de uma adequada incidência de chuvas para sua cultura. Da mesma 
forma, são também dependentes para fatores adversos que podem repercutir 
em perdas significativas de sua produção, como é o caso de geadas, excesso 
de chuvas e períodos secos prolongados, por exemplo. Nesse sentido, entre as 
alternativas para se evitar problemas vinculados a erros de previsão de demanda, 
bem como problemas climáticos que podem afetar a produção, podem ser citadas, 
respectivamente: acompanhamento constante das previsões de oferta e demanda 
por institutos especializados (Instituto de Economia Agrícola, Embrapa, Secretarias 
de Agricultura etc.) e a contratação de seguros agrícolas específicos.
Café
Neste momento, destacamos outra importante cultura do agronegócio 
brasileiro, o café. Esta é uma cultura que vem sofrendo profundas transformações 
no decorrer dos anos, sobretudo de ordem gerencial pelos cafeicultores que têm 
buscado cada vez mais se diferenciarem no mercado. Sobre tal cultura, oferecemos 
aqui: o panorama da cafeicultura no agronegócio brasileiro, o caso de como as 
políticas de Responsabilidade Social Corporativa têm impactado a estrutura de 
produção e mercado da cafeicultura, sobretudo através dos selos de certificação 
socioambiental. Por fim, abordamos alguns fatores que podem ser considerados 
como críticos no gerenciamento de propriedades rurais produtoras de café. 
a) Cafeicultura no Brasil
A cafeicultura está presente em diversos países. Brasil e Vietnã são os 
maiores produtores mundiais. Juntos, estes dois países produzem metade do 
café consumido no mundo. Aproximadamente 36% do café ofertado no mundo 
Produtores 
praticamente 
ficam sujeitos à 
dependência de 
uma adequada 
incidência de chuvas 
para sua cultura.
121
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
tem origem brasileira, enquanto aproximadamente 15% tem origem vietnamita. O 
café é cultivado em sessenta países (CHAGAS et al., 2009). Alguns países que 
se destacam na produção deste produto são: Índia, Peru, Guatemala, 
Uganda, Burundi, Indonésia, Colômbia, Nicarágua, Etiópia, Nicarágua, 
Honduras e México, por exemplo (BLISKA; VEGRO, 2011). 
A participação do café na economia nacional sempre foi relevante 
e por muito tempo este produto foi o mais significativo nas exportações 
brasileiras. Apesar de atualmente o país possuir mais oferta de 
outras commodities agrícolas, o café ainda é um importante gerador de divisas 
econômicas e continua mantendo sua relevância sobre o ponto de vista social. 
No Brasil, o café se destaca tanto pelo lado da produção como também pelo lado 
do consumo, já que, além de ser o maior produtor mundial, o país também é o 
segundo consumidor global deste produto, sendo os Estados Unidos o principal 
consumidor mundial. 
No cenário da cafeicultura, a diversificação das fontes de divisas que 
ocorreram no Brasil e no México ajudaram a economia destes países a não 
dependerem exclusivamente da comercialização do café. Contudo, o inverso 
desta situação ocorre em países como Uganda, Etiópia, Burundi, Guatemala e 
Nicarágua, onde as respectivas economias nacionais são dependentes das 
vulnerabilidades das flutuações dos preços do café no mercado internacional 
(BLISKA; VEGRO, 2011).
No Brasil, cerca de dois mil municípios (BLISKA et al., 2011) distribuídos 
entre o Distrito Federal e os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Pará, 
Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás (IBGE, 2017) abrigam 
aproximadamente 370 mil propriedades produtoras de café (BLISKA et al., 2011). 
Apesar desta distribuição da cafeicultura no país, nem todas as regiões brasileiras 
se destacam na produção cafeeira. 
A região Sudeste é a maior produtora. Três dos estados desta 
região, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, são os maiores 
produtores do país, respectivamente. Apenas Minas Gerais é 
responsável por cerca de 52% do café nacional. Juntos, estes três 
estados mais os estados da Bahia, Paraná, Rondônia e Goiás são 
responsáveis por quase 99% de todo o café brasileiro, tal como pode 
ser observado pelo Quadro 7, que reflete dados da Pesquisa Agrícola 
Municipal, realizadapelo IBGE.
A cafeicultura 
está presente em 
diversos países. 
Brasil e Vietnã 
são os maiores 
produtores 
mundiais.
A região Sudeste é 
a maior produtora. 
Três dos estados 
desta região, Minas 
Gerais, Espírito 
Santo e São Paulo, 
são os maiores 
produtores do país, 
respectivamente.
122
 Administração Rural
Quadro 7 – Toneladas e percentual de café arábica e 
canephora produzidos no Brasil na safra de 2012
Fonte: Adaptado de IBGE - Produção Agrícola Municipal (2017).
 Tipo de café 
 Arábica Canephora Total Arábica e Canephora
Localidade
Grãos 
produzidos
Percentual
Grãos 
produzidos
Percentual 
produzido
Grãos 
produzidos
Percentual
Percentual 
acumulado
Minas 
Gerais
1.578.355 69,26 17.986 2,37 1.596.341 52,55 52,55
Espírito 
Santo
183.310 8,04 588.739 77,59 772.049 25,42 77,97
São Paulo 275.183 12,08 - 0 275.183 9,06 87,03
Bahia 94.449 4,14 47.453 6,25 141.902 4,67 91,7
Paraná 104.966 4,61 - 0 104.966 3,46 95,16
Rondônia - 0 85.444 11,26 85.444 2,81 97,97
Goiás 19.048 0,84 550 0,07 19.598 0,65 98,62
Rio de 
Janeiro
15.732 0,69 - 0 15.732 0,52 99,13
Pará - 0 10.011 1,32 10.011 0,33 99,46
Mato 
Grosso
150 0,01 6.430 0,85 6.580 0,22 99,68
Demais 
estados
7.545 0,33 2.183 0,29 9.728 0,32 100
Brasil 2.278.738 100 758.796 100 3.037.534 100 - 
Quase 70% de todo café arábica produzido provém de Minas Gerais, 
enquanto aproximadamente 77% do total de café canephora é originário do 
Espírito Santo. Segundo Bliska et al. (2005), apenas estas duas espécies de café 
possuem relevância econômica no mercado de cafés, sendo que o café canephora 
é o mais usado na indústria de solubilização e o café arábica mais apropriado 
para o uso na torra e moagem. 
123
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
No âmbito do progresso do setor, a cafeicultura brasileira acompanhou o 
desenvolvimento tecnológico. Tanto a qualidade quanto a quantidade do produto 
final são afetados positivamente por fatores como, por exemplo, o uso de irrigação, 
colheita mecanizada em determinadas áreas, maior densidade de plantas por 
área (BLISKA et al., 2009, 2011). Contudo, a cafeicultura brasileira demanda forte 
trabalho intensivo (BLISKA et al., 2011). Apesar do avanço que ocorreu no setor, 
a colheita manual do café ainda é fortemente empregada, contribuindo para que 
aproximadamente 50% dos custos de produção do café sejam advindos desta 
etapa (BLISKA et al., 2011). 
A diversidade de fatores culturais, sociais e ambientais, como por exemplo, 
topografia, latitude, solo e índices pluviométricos, contribui para que o café 
produzido nas diferentes regiões brasileiras apresente disparidade entre os tipos 
de cafés produzidos e também diferenças nos sistemas de produção empregado 
e na própria competitividade de cada sistema de produção (BLISKA et al., 2009, 
2011).
No que tange ao tamanho das propriedades cafeicultoras, por exemplo, o 
cenário brasileiro é muito próximo ao cenário de outros países produtores. No 
Brasil, de acordo com o IBGE, 81% das propriedades de café são de agricultores 
familiares que empregam 1,8 milhões de trabalhadores. Em termos de área, 44% 
das terras destinadas aos cafezais são destes agricultores, que são responsáveis 
por 38% do café brasileiro. 
Devido a esta representatividade da agricultura familiar na 
cafeicultura, pontos específicos deste tipo de agricultura devem ser 
levados em consideração no momento de se tecer as estratégias com 
foco no desenvolvimento da cadeia produtiva do café. A produção 
de cafés de boa qualidade, que atendam exigências do mercado 
consumidor, bem como o aprimoramento técnico e administrativo das 
propriedades são alguns dos principais fatores a serem destacados 
ao se implantar estratégias visando à continuidade da cafeicultura 
nacional, direcionadas tanto aos agricultores familiares como também 
aos não familiares (BLISKA et al., 2009). Outro fator importante que 
vale ser destacado neste sentido é o foco no mercado de produtos 
diferenciados, em especial, no mercado de cafés especiais. 
A produção de cafés diferenciados pode aumentar a competitividade do café 
brasileiro neste mercado, que tem como principal vantagem ao cafeicultor um 
melhor preço de venda. 
A produção de cafés 
de boa qualidade, 
que atendam 
exigências do 
mercado consumidor, 
bem como o 
aprimoramento 
técnico e 
administrativo 
das propriedades 
são alguns dos 
principais fatores a 
serem destacados 
ao se implantar 
estratégias visando 
à continuidade da 
cafeicultura nacional,
124
 Administração Rural
Quais tipos de café podem ser considerados diferenciados ao 
ponto de serem denominados pelo mercado como “cafés especiais”? 
O conceito envolvendo a denominação sobre o que é um café especial não é 
muito preciso (CHAGAS et al., 2009; VIANA, 2013) e autores diversos apresentam 
definições distintas e complementares. 
Para os autores Sylbersztajn e Farina (2001), o conceito do que é um café 
especial está relacionado aos atributos sensoriais do consumidor mediante o 
sentimento de prazer associado ao consumo de café. Já para os autores Donnet, 
Weatherspoon e Hoehn (2007), cafés especiais são aqueles feitos dos grãos de 
qualidades superiores e que são torrados e apreciados mediante procedimentos 
capazes de elevar ao máximo as potencialidades do café. Estes autores também 
afirmam que o café especial é a revitalização da arte de cultivar, torrar, preparar 
e apreciar uma bebida de aroma e sabores superiores. O especialista Rhinehart 
(2009), membro da Specialy Coffee Association of America, menciona a definição 
de cafés especiais desta associação e enfatiza que cafés especiais são definidos 
pela qualidade implícita no produto e também pela qualidade de vida que o café 
pode oferecer a todos os envolvidos no seu cultivo, preparo e degustação. Para 
esta associação, é tido como café especial o café que contribui para a agregação 
de valor às vidas e meios de subsistência de todos os envolvidos. 
Mediante conceitos diversos, a compreensão sobre o que vem a ser um 
café especial pode ser obtida ao se entender quais são os principais aspectos 
que diferenciam os cafés convencionais dos cafés especiais. Para Chagas et al. 
(2009), tais aspectos estão associados às condições às quais foram produzidos 
os grãos e também aos fatores que condicionam a melhora da qualidade da 
bebida, que estão quase sempre associados aos aspectos presentes 
desde a etapa dos tratos culturais até a pós-colheita do grão, bem 
como também relacionado com a variedade e origem do café. 
Assim, os cafés especiais se diferenciam dos convencionais 
porque apresentam uma série de características, sendo as principais: 
qualidade superior dos grãos, emprego de técnica diferenciada de 
colheita, origem do café, história, e variedades raras e escassas, por 
exemplo. Além dessas particularidades associadas até a etapa de 
produção do grão, merece também destaque alterações feitas na etapa 
industrial, tais como a descafeinização e a adição de aromatizadores, 
bem como também o emprego de técnicas diferenciadas da etapa de 
Os cafés especiais 
se diferenciam dos 
convencionais porque 
apresentam uma série 
de características, 
sendo as principais: 
qualidade superior 
dos grãos, 
emprego de técnica 
diferenciada de 
colheita, origem 
do café, história, e 
variedades raras 
e escassas, por 
exemplo.
125
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
preparação da bebida. Outra forma de distinção é pela sustentabilidade social, 
ambiental e econômica implícita na fase produtiva, que visa maior equilíbrio entre 
os elos da cadeia produtiva (SYLBERSZTAJN; FARINA, 2001). Em certos tipos 
de cafés especiais, tais aspectos podem estar presentes de forma isolada ou em 
conjunto, conquanto que tenha o principal requisito: qualidade. 
No Brasil, até pouco tempo, não havia uma tradição consolidada 
em se produzir cafés especiais. A produção de cafés especiais não era 
prioritária, principalmente devido à políticade intervenção no mercado 
de café, que vigorou até 1989 e teve como foco o aumento do volume 
das sacas exportadas para que fosse elevado o valor das exportações 
do agronegócio nacional. Até este período, praticamente não se distinguia nas 
exportações um café de qualidade do café de menor qualidade, pois todo o volume 
era comercializado como commoditiy. Consequentemente, os cafés de qualidade 
superior eram misturados com os de qualidade inferior (SOUZA; SAES; OTANI, 
2002). Tais fatos contribuíram para que o país se despontasse como um ícone 
de produtividade de café commodity e não fosse tão representativo ofertando o 
produto para o mercado de cafés especiais.
Atualmente, a participação dos cafés especiais no mercado mundial tem um 
crescimento de 15% ao ano, enquanto que o crescimento do café commodity é 
de 2% (EMBRAPA CAFÉ, 2014). Há cerca de oito anos, essa relação era de 12% 
e 1,5%, respectivamente (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). Os principais 
fatores que explicam esta desproporção é o crescente desejo do consumidor por 
produtos produzidos por meios sustentáveis, a melhor qualidade destes cafés em 
comparação aos convencionais, o melhor preço pago ao cafeicultor (CHAGAS et 
al., 2009) e também o fato de que o mercado de café convencional praticamente 
já se encontra estabilizado e sem espaço para alterações significativas. De acordo 
com a entidade Brazil Speciaty Coffee Association (2016), o preço de venda dos 
cafés especiais é maior do que o preço de venda dos cafés convencionais numa 
ordem de 30% a 40%, sendo também existentes casos em que essa diferença 
pode ser maior que 100%. 
Aproveitar esta oportunidade de mercado pode contribuir para a melhoria 
da competitividade da cafeicultura brasileira e para o crescimento do sistema 
agroindustrial do café (BLISKA et al., 2009). Neste sentido, uma das alternativas 
mais seguras para se conquistar solidez no mercado de cafés especiais é ofertar 
um café que tenha a qualidade como o principal pré-requisito de diferenciação, 
mas que também seja diferenciado por carregar consigo selos que ofereçam 
credibilidade quanto à denominação de origem do produto e também quanto às 
formas de produção baseadas em critérios de responsabilidade social e ambiental 
(BLISKA et al., 2009; SOUZA; SAES; OTANI, 2002). Dado que os mecanismos 
para esta diferenciação estão ligados também às ações de Responsabilidade 
Social Corporativa (RSC), a seção seguinte aborda sobre o contexto dos 
programas socioambientais presentes na cafeicultura que estão ligados à RSC. 
No Brasil, até 
pouco tempo, não 
havia uma tradição 
consolidada em 
se produzir cafés 
especiais.
126
 Administração Rural
b) Responsabilidade social corporativa na cafeicultura
Para contextualizar RSC e os programas socioambientais presentes 
na cafeicultura, esta seção primeiramente apresenta quais são as principais 
implicações que contribuem para o entendimento da própria RSC, tais quais: 
definição de RSC, interesses envolvidos e seus aspectos positivos e negativos, 
de acordo com bibliografia consultada. Após este posicionamento, a seção é 
subdivida em uma subseção específica que trata sobre a RSC na cafeicultura. 
A definição de RSC mais difundida pela literatura é aquela que 
envolve seu papel no relacionamento entre os cidadãos, os governos 
dos países e as corporações globais. Ao se centrar nas explicações que 
envolvem a RSC em um ambiente mais localizado, a definição de RSC 
foca no relacionamento estabelecido entre a empresa e a sociedade onde 
a mesma está instalada ou pratica suas atividades de negócio. Outros 
tipos de definição de RSC se inclinam sobre o relacionamento mais direto 
entre a empresa e seus stakeholders (GROWTHER; ARAS, 2008).
Autores como Davis e Blomstrom (1971), Gavin e Maynard (1975) e Purcell 
(1974) estão na linha dos que afirmam que a função da RSC possui um caráter 
mais altruísta. Para Gavin e Maynard (1975), RSC é a junção das práticas das 
empresas no combate aos problemas causados pela pobreza e pelo consumismo 
mundial, bem como seu engajamento em defesa da ecologia, dos direitos civis e 
do bem-estar físico e psicológico dos trabalhadores. Davis e Blomstrom (1971) 
afirmam que RSC é a forma das organizações avaliarem a repercussão de suas 
decisões e ações no sistema social global, frente às demandas da sociedade por 
posturas éticas das empresas. 
Já Purcell (1974) afirma que RSC é uma ação voluntária por parte dos 
gestores organizacionais em basearem suas decisões em causas de cunho 
moral e voltadas aos problemas sociais que de uma forma ou de outra estão 
ligados às atividades das empresas. Segundo o autor, devem ser consideradas 
as necessidades de todos os agentes envolvidos no campo de atuação da 
empresa, objetivando-se não apenas o lucro como resultado das operações das 
corporações, mas também o bem-estar de tais agentes quando em situações 
adversas às obrigações legais ou outros tipos de pressões por parte de outras 
entidades. A RSC pode também ser definida como as expectativas da sociedade 
sobre as organizações em dado período de tempo no que diz 
respeito ao comportamento ético, econômico, legal e filantrópico das 
organizações.
Avesso a esta abordagem, outros autores afirmam que o papel 
da organização não é de ficar engajada em atitudes visando o bem-
estar coletivo, sendo o lucro o principal fim da empresa. De acordo com 
A definição de RSC 
mais difundida pela 
literatura é aquela que 
envolve seu papel 
no relacionamento 
entre os cidadãos, os 
governos dos países 
e as corporações 
globais.
Outros autores 
afirmam que o papel 
da organização não 
é de ficar engajada 
em atitudes visando 
o bem-estar coletivo, 
sendo o lucro o 
principal fim da 
empresa.
127
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Growther e Aras (2008), o interesse de se levar em consideração o papel social 
das organizações em seus negócios nem sempre é aceito. Na área comercial, 
as empresas e seus gestores são pressionados pela opinião pública para que 
exerçam funções cada vez mais ativas no sentido de contribuir para o bem-estar 
social. Contudo, este não é o intuido da organização. Segundo estes autores, não 
há motivos para os acionistas se empenharem em causas sociais, porque além 
de ações neste sentido não lhes trazerem retornos econômicos, ainda contribuem 
para a redução dos dividendos da organização para o seu mau desempenho no 
mercado de ações e para a perda de competitividade. 
Existem estudos que indicam que a única responsabilidade das empresas 
é visar ao aumento do retorno econômico mediante o destino dos seus recursos 
em atividades desenvolvidas em um ambiente amparado pelas regras legais do 
negócio da empresa, tal qual um ambiente de concorrência livre, sem fraudes e 
sem enganos. Carroll e Shabana (2010), por exemplo, listam alguns apontamentos 
ao afirmarem que a responsabilidade de uma organização é maximizar os lucros 
dos seus donos ou acionistas e que os esforços feitos no sentido do campo social 
devem ser direcionados para a área de negócio da empresa. As organizações não 
têm como objetivo ações de cunho social e nem estão preparadas para agirem 
neste caminho. As organizações também já possuem poderes suficientes, não 
sendo necessárias ações voltadas à área social. Além disso, os investimentos 
de esforços feitos em RSC podem afetar negativamente a competitividade da 
organização (CARROLL; SHABANA, 2010). 
Apesar de alguns argumentos contrários, a adoção à RSC é 
crescente. As críticas favoráveis à RSC são baseadas na crença de 
que manter projetos de RSC nas organizações é uma estratégia de 
interesse da empresa porque existe demanda da sociedade para que 
as organizações tenham políticas de responsabilidade social e que as mesmas 
sejam responsáveis pelas suas atividades que podem causar impactos. O ponto 
de vista de que manter uma postura de proatividade é melhor para o desempenho 
da organização do que apenas ter um comportamento reativo diante de situaçõesadversas, também é uma justificativa para se optar pela RSC. Outra razão para se 
engajar à RSC está ligada à regulamentação governamental, pois estar acima das 
obrigatoriedades legais pode reduzir custos e transtornos de modificações legais 
repentinas. Os investimentos feitos em RSC são também do próprio interesse 
da organização, pois possibilita melhores chances futuras se a organização se 
resguardar mediante a implantação da RSC (CARROLL; SHABANA, 2010), caso 
surja algum problema que possa “manchar” a imagem da companhia.
Segundo Growther e Aras (2008), programas de RSC são baseados nos 
princípios da responsabilidade, transparência e da sustentabilidade. 
Apesar de alguns 
argumentos 
contrários, a adoção 
à RSC é crescente.
128
 Administração Rural
O princípio da responsabilidade está fundamentado pela 
necessidade de a organização reconhecer que suas ações podem 
causar impactos no ambiente externo e assumir responsabilidades 
pelos possíveis impactos ambientais e sociais que possam ser 
causados. Também é necessário que a organização relate, mediante 
relatórios disponibilizados a todos seus stakeholders, quais foram 
os impactos que a organização gerou, como os agentes externos à 
organização foram impactados e quais foram as medidas tomadas para 
mitigar os impactos gerados. No princípio da responsabilidade, está 
implícito que a organização deve reconhecer que seus stakeholders 
externos também podem influenciar as decisões tomadas pela 
organização (GROWTHER; ARAS, 2008).
De acordo com Slop (2008), transparência pode ser traduzida como a 
abertura e comunicação sobre os assuntos que são importantes para os que são 
impactados pelas organizações. No princípio da transparência está implícita a 
necessidade de todas as informações presentes nos relatórios serem verídicas, 
bem como de fácil acesso a todos os stakeholders externos da organização, 
de modo que a informação possa ser útil como meio para tomada de decisão 
(GROWTHER; ARAS, 2008). Um dos principais objetivos da transparência é 
melhorar a confiança e credibilidade da organização frente aos seus principais 
stakeholders, uma vez que a percepção destes a respeito da reputação da 
empresa pode afetar o desempenho da organização (JIEYI, 2009; SLOP, 2008).
No princípio da sustentabilidade, as principais implicações dizem respeito 
à tentativa de as organizações informarem à sociedade que seus lucros são 
advindos de ações baseadas no respeito às causas ambientais e sociais 
pertinentes aos seus negócios.
As pressões existentes sobre as corporações para que elas estejam alinhadas 
com as demandas sociais e ambientais não dizem respeito somente à fase de 
produção no ambiente fabril, mas a sua responsabilidade pelos impactos gerados 
ao longo da cadeia produtiva da qual elas fazem parte. Corporações do segmento 
alimentar, por exemplo, são cobradas e possuem responsabilidades pelos 
impactos ambientais e sociais gerados na fase agrícola em que foram produzidos 
os seus insumos. Condições de trabalho escravo e impactos ambientais causados 
na fase de produção de algodão e café, por exemplo, podem contribuir para a 
perda de valor de imagem de corporações dos segmentos têxteis e alimentares 
que adquirem insumos sobre tais circunstâncias. Para evitar prejuízo por uma 
repercussão negativa associada à insustentabilidade, os programas de RSC 
acabam tendo como destino diversos setores, como o cafeeiro, por exemplo, 
que possui nas normas de certificações um dos principais instrumentos para 
aplicabilidade da RSC. 
O princípio da 
responsabilidade 
está fundamentado 
pela necessidade 
de a organização 
reconhecer que suas 
ações podem causar 
impactos no ambiente 
externo e assumir 
responsabilidades 
pelos possíveis 
impactos ambientais 
e sociais que possam 
ser causados.
129
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
• RSC na cafeicultura: as quatro principais certificações 
socioambientais
No segmento agrícola, a utilização de normas podem ser 
consideradas relevantes porque elas são tidas como mecanismos 
regulatórios, principalmente em países que ainda estão em processo de 
desenvolvimento e cujas estruturas legislativas são muitas vezes fracas 
(MCEWAN; BEK, 2009; VOGEL, 2010). Neste ambiente, as certificações 
podem ser vistas como instrumentos úteis para operacionalizar ações 
de RSC. Em um contexto global, onde ainda existem sistemas de 
produção estabelecidos em países cujas leis voltadas aos campos 
sociais e ambientais são fracas, não cumpridas ou até mesmo 
inexistentes perante a demanda social, as normas se tornaram formas 
reconhecidas de controlar, coordenar e guiar comportamentos voltados 
às adequações organizacionais para os campos sociais e ambientais 
(POETZ; HAAS; BALZAROVA, 2013).
A inclinação das ações de RSC para o setor agrícola se deve ao fato 
de que a produção agrícola lida diretamente com a produção de alimentos. 
Alguns tópicos merecem atenção no que diz respeito à produção alimentar, 
tal como é o caso da segurança do alimento, por exemplo. Outros estão 
associados aos impactos socioambientais dos sistemas de produção e 
consumo, como os casos de degradação ambiental e exploração da mão 
de obra, bem como também os casos de problemas socioeconômicos 
derivados destes sistemas. Na tentativa de mitigar tais problemas, 
os programas de RSC atuam como mecanismos de adequação às 
obrigatoriedades sociais e ambientais para se produzir os alimentos e contribuem 
para proporcionar continuidade do negócio mediante o oferecimento de credibilidade 
à atividade praticada (POETZ; HAAS; BALZAROVA, 2013). 
De acordo com Iseal Alliance (2013), a demanda por selos de certificações 
socioambientais existe por parte de setores diversos, tais como: Organizações 
não Governamentais (ONGs), instituições financeiras, governos, empresas e 
consumidores. 
Para se aprofundar neste quesito, veja a publicação:
ISEAL ALLIANCE. Para produzir e consumir com 
responsabilidade no Brasil: status e tendências dos sistemas de 
certificação de sustentabilidade. 2013. Disponível em: <https://www.
isealalliance.org/sites/default/files/Para-produzir-e-consumir-com-
responsabilidade-no-Brasil-Dec-13.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017.
No segmento 
agrícola, a utilização 
de normas podem 
ser consideradas 
relevantes porque 
elas são tidas 
como mecanismos 
regulatórios, 
principalmente em 
países que ainda 
estão em processo 
de desenvolvimento 
e cujas estruturas 
legislativas são 
muitas vezes fracas.
A demanda por selos 
de certificações 
socioambientais 
existe por parte de 
setores diversos, tais 
como: Organizações 
não Governamentais 
(ONGs), instituições 
financeiras, 
governos, empresas 
e consumidores.
130
 Administração Rural
O interesse por estas certificações está diretamente ligado às políticas de 
Responsabilidade Social Corporativa (RSC) nas organizações porque aspectos 
éticos, sociais e ambientais associados às empresas podem fazer parte dos 
critérios de compra dos consumidores. Uma reputação ruim neste sentido pode 
afetar os resultados financeiros de organizações por meio de boicotes 
dos consumidores, por exemplo (CASTALDO et al., 2008). Então, frente 
aos objetivos das políticas de RSC, os selos socioambientais podem ser 
úteis para as organizações porque oferecem, por exemplo, segurança 
na aquisição de insumos produzidos por fornecedores certificados, já 
que se diminui a possibilidade de a imagem organizacional estar presa 
a práticas negativas a montante de seu controle. 
Na cafeicultura, os programas de certificações socioambientais 
são alternativas que buscam a comprovação do vínculo com 
estratégias de RSC. Existem, neste setor, quatro certificações que são 
mais utilizadas: Rainforest Aliance, Orgânica, UTz e Fairtrade. 
Para conhecimento mais aprofundado destas certificações no 
Brasil, acesse os seguintes artigos:
1 - ALVARENGA, R. P.; ARRAES, N. A. M. Certificação fairtrade 
na cafeicultura brasileira: análises e perspectivas. CoffeeScience, v. 
12, n. 1, p. 124-147, 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/publication/315716051_Certificacao_fairtrade_na_cafeicultura_
brasileira_analises_e_perspectivas>. Acesso em: 9 jun. 2017.
2 - GOMES, F. A. et al. Características da certificação na 
cafeicultura brasileira. 53º Congresso da SOBER (Sociedade 
Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural). Anais... 
João Pessoa: 2015. Disponível em: <http://icongresso.itarget.com.br/
tra/arquivos/ser.5/1/5670.pdf>. Acesso em: 9 jun. 2017.
3 - MELO, M. F. S. et al. Certificação sustentável para café : 
revisão sistemática da literatura e lacunas de pesquisa. Espacios, 
v. 38, n. 17, p. 31, 2017. Disponível em: <http://www.revistaespacios.
com/a17v38n17/a17v38n17p31.pdf>. Acesso em: 9 jun. 2017.
4 - MOREIRA, C. F.; FERNANDES, E. A. de N.; VIAN, C. 
E. de F. Características da certificação na cafeicultura brasileira. 
Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 13, n. 3, p. 344–351, 
2011. Disponível em: <http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/
view/429/328>. Acesso em: 9 jun. 2017.
Na cafeicultura, 
os programas 
de certificações 
socioambientais 
são alternativas 
que buscam a 
comprovação 
do vínculo com 
estratégias de RSC. 
Existem, neste setor, 
quatro certificações 
que são mais 
utilizadas: Rainforest 
Aliance, Orgânica, 
UTz e Fairtrade.
131
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Estas certificações possuem em comum a bandeira da 
sustentabilidade presente ainda na fase agrícola. É comum na 
cafeicultura encontrar mais de um único selo certificando um sistema de 
produção, já que as especificações de cada uma destas certificações 
podem ser complementares em muitos aspectos. O principal fator 
que motiva os cafeicultores a terem mais de uma certificação é a ampliação 
das chances de conquista dos mercados específicos de cada um destes selos. 
O entendimento sobre as diferenciações entre estas principais certificações já é 
bastante difundido pela literatura. Autores como Elder, Zerriffi e Le Billon (2013), 
Kilian et al. (2004, 2006) e Moreira, Fernandes e Vian (2011) apresentam suas 
contribuições no sentido de entender quais são as principais peculiaridades delas. 
1) Certificação orgânica
Os aspectos da certificação orgânica estão diretamente vinculados aos 
principais objetivos da agricultura orgânica. Segundo Kilian et al. (2004), o 
objetivo da agricultura orgânica é conseguir melhorar a qualidade dos aspectos 
agrícolas e ambientais mediante o respeito à capacidade de suporte do solo, 
fauna e flora local. O principal fator que diferencia a agricultura orgânica da 
agricultura convencional é o respeito e a proteção ao meio ambiente em que a 
agricultura é desenvolvida. Este respeito e esta proteção são atingidos pelo não 
uso de agroquímicos na lavoura, mas pelo uso de técnicas de cultivo que utilizam 
os próprios recursos da biodiversidade para produzir e controlar as doenças que 
frequentemente atingem os campos agrícolas. 
Para que a produção do café possa ser certificada como orgânica, o solo 
onde o café é cultivado não pode receber os agroquímicos proibidos pela 
certificadora, tais como fungicidas, pesticidas, fertilizantes sintéticos e reguladores 
de crescimento, por um período de pelo menos três anos (KILIAN et al., 2006). No 
decorrer deste período, também há um acompanhamento da certificadora antes 
da efetiva certificação (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). Os cafeicultores e 
os processadores do café também devem manter arquivada a relação de todos os 
produtos que foram utilizados no decorrer do ciclo de vida do produto, bem como 
o detalhamento dos processos que foram empregados (KILIAN et al., 2004, 2006).
2) Certificação Rainforest Alliance
A Rainforest Alliance é uma certificação que tem como principal foco a 
conservação da vida selvagem e o bem-estar dos trabalhadores (KILIAN et al., 
2004), concomitante à produção de commodities agrícolas nos países tropicais 
(MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). É uma certificação que tem o café como 
o principal produto certificado (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). Por esta 
certificação é possível o uso de certos agroquímicos, desde que de maneira 
Estas certificações 
possuem em 
comum a bandeira 
da sustentabilidade 
presente ainda na 
fase agrícola.
132
 Administração Rural
controlada, tal como diretrizes da certificadora (KILIAN et al., 2004). As ressalvas 
quanto ao uso de agroquímicos estão relacionadas à proibição de produtos muito 
tóxicos e ao menor uso de agrotóxicos que são permitidos. Para se obter esta 
certificação, deve ser cumprida uma série de critérios, tais como alguns exemplos: 
proibição da caça de animais silvestres, proibição de que sejam descartadas 
águas residuais sem devido tratamento nos corpos d’agua e manutenção de um 
programa voltado à conservação do ecossistema (MOREIRA; FERNANDES; 
VIAN, 2011).
No campo social, os trabalhadores de propriedades certificadas pela 
Rainforest Alliance possuem como principais benefícios um ambiente de trabalho 
mais seguro, limpo e adequado no que diz respeito às legalidades trabalhistas. 
Propriedades rurais de todos os tamanhos podem aderir a esta certificação, e 
as vantagens almejadas para os proprietários estão ligadas à melhoria da 
eficiência de suas propriedades por meio da redução dos custos com insumos 
e adoção de ações visando a melhorias dos processos gerenciais. Além disso, 
eles têm também contratos estáveis, opções de créditos favoráveis, publicidade, 
assistência técnica e mercado especial para seus produtos. 
3) Certificação UTz
As principais abordagens da certificação UTz recaem sobre os campos 
econômicos, gerenciais, ambientais e sociais. No que tange às coberturas sociais, 
as principais devem ser voltadas para a saúde e educação dos trabalhadores 
e de seus familiares, bem como garantia de que as condições de trabalho dos 
trabalhadores estão em sintonia com as leis nacionais (KILIAN et al., 2004). 
Como por exemplo, cita-se a necessidade dos trabalhadores serem cobertos por 
assistência médica e também que eles sempre usem equipamento de proteção 
individual (EPI) nas atividades que exigem maior segurança, tal como é o caso 
das aplicações de agroquímicos, por exemplo (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 
2011). 
A certificação UTz tem o intuito de melhorar a situação econômica através 
da melhoria das práticas gerenciais. No campo ambiental, tem como meta a 
minimização da erosão, poluição do solo e uso de energia não renovável (KILIAN 
et al., 2004). Esta certificação permite a utilização de certos agroquímicos, sendo 
proibidos aqueles que não são permitidos nos Estados Unidos, Japão e países 
da União Europeia. A utilização de defensivos agrícolas alternativos e o manejo 
integrado de pragas é estimulado por esta certificação. Para manter o controle 
sobre os insumos utilizados, esta certificação enfatiza sobre a rastreabilidade 
do produto e sobre o monitoramento dos insumos empregados ao longo dos 
processos produtivos (MOREIRA; FERNANDES; VIAN, 2011). 
133
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
4) Certificação Fairtrade
Quanto à certificação Fairtrade, seu principal objetivo é contribuir para a 
melhoria das condições de vida de produtores marginalizados localizados em 
países ainda em desenvolvimento por meio do comércio dos seus produtos 
certificados (ELDER; ZERRIFFI; LE BILLON, 2013). As origens e princípios 
deste selo estão vinculados ao movimento do Comércio Justo. Tal movimento 
nasceu com o intuito de oferecer aos pequenos produtores maiores chances de 
retornos sobre os produtos por eles produzidos mediante a criação de formas de 
venda direta ou quase direta aos consumidores finais. A redução da quantidade 
de agentes atravessadores ao longo das cadeias produtivas é uma estratégia 
que é praticada visando ao aumento da rentabilidade dos pequenos produtores. 
Outra estratégia disseminada é o senso de “pagamento justo” pelo produto que é 
repassado ao consumidor final.Está implícito neste termo que o preço cobrado é 
justo ao ponto de pelo menos conseguir cobrir os custos de produção e também 
proporcionar meios para que o produtor tenha uma rentabilidade viável para a 
manutenção da sua atividade produtiva e acesso a melhorias de qualidade de 
vida (ALVARENGA; ARRAES, 2017a).
O selo fairtrade certifica dezoito produtos, tais como frutas frescas, arroz, 
quinoa, chá, vinho, cacau e café, por exemplo (FAIRTRADE INTERNATIONAL, 
2014). É uma certificação que é destinada a pequenos produtores organizados 
em cooperativas ou associações. Em alguns casos, é permitido que produtores 
maiores se vinculem às associações de produtores. No caso da cafeicultura, 
as organizações e cooperativas devem ser compostas por pelo menos 51% de 
pequenos produtores (ALVARENGA; ARRAES, 2017a). 
Para conseguir a certificação fairtrade, os produtores devem se adequar 
a uma série de critérios voltados aos pilares da sustentabilidade (ELDER; 
ZERRIFFI; LE BILLON, 2013). No caso da cafeicultura, o café certificado como 
fairtrade pode ser cultivado tanto pela maneira orgânica quanto convencional. 
No campo ambiental, existem restrições sobre o uso de certos agroquímicos nas 
lavouras. Existem também singelas ações direcionadas para a proteção do solo e 
da biodiversidade local. No campo social, tem ações em benefício da comunidade 
local e dos trabalhadores, bem como de empoderamento dos produtores. No 
entanto, um dos principais atrativos desta certificação é o pagamento de um preço 
mínimo ao produtor e um preço prêmio que é destinado às cooperativas. 
Para proporcionar um melhor entendimento sobre estas quatro certificações, 
o Quadro 8, que foi elaborado com base em pesquisa (GOMES et al., 2015) sobre 
as características das diversas certificações na cafeicultura do Brasil, apresenta 
uma visão geral a respeito dos principais fatores associados às certificações 
Rainforest Aliance, UTz, Fairtrade e Orgânica. 
134
 Administração Rural
Quadro 8 – Comparativo entre fatores das certificações 
Rainforest, UTz, Fairtrade e Orgânica na cafeicultura
Fatores de com-
paração
Certificações
Rainforest UTz Fairtrade Orgânica
Certificadora 
responsável
Imaflora Imaflora FLO Cert IBD e Imaflora
Enfoque da 
certificação
Sustent. e Estrutura 
Social
Rastreabilidade e 
estrutura organiz e 
social
Estrutura 
Sócioec. 
Sustentab. e 
estrutura social
Tipo de critérios
Critérios críticos e 
não críticos
Não descrito Pontuação Não descrito
Cumprimento 
geral
80% dos critérios Não descrito Obrigatório
100% dos 
critérios
Auditorias
3 auditorias míni-
mas (ao ano)
Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Programa de 
conservação, 
de identificação, 
proteção dos 
ecossistemas
Obrigatório Não descrito Necessário Obrigatório
Conservação ou 
recuperação dos 
ecossistemas
30% da área total Não descrito Necessário Obrigatório
Uso restritivo 
e/ou exclusão 
de defensivos 
agrícolas
Obrigatório Não necessário Obrigatório Obrigatório
Período de 
implantação do 
plano
10 anos Não descrito Não descrito 2 anos
Tratamento de 
água residual
Obrigatório Não descrito Necessário Obrigatório
Respeitar o Có-
digo Trabalhista 
vigente
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Treinamento 
contínuo
Necessário Necessário Obrigatório Não descrito
135
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Fonte: Adaptado de Gomes et al. (2015).
Possui monitora-
mento da quali-
dade do café
Não descrito Não descrito Não descrito Não descrito
Possui rastreabi-
lidade do café
Sim Sim Não descrito Sim
Dentre estas quatro certificações, fairtrade tem atraído a demanda dos 
grupos de cafeicultores do Brasil. O Brasil já se destaca perante outros países 
produtores fairtrade. O país possui 44 organizações produtoras de frutas frescas, 
mel, castanha, suco e café. Até 2013, o país era o sétimo com mais organizações 
fairtrade no mundo. Tal como enfatizado pela Figura 35, até 2013 o Brasil 
ocupava, juntamente com Honduras, a sexta posição em relação aos países que 
mais possuíam organizações de cafeicultores fairtrade no mundo (ALVARENGA; 
ARRAES, 2017b). 
Figura 35 – Organizações de produtores de café no mundo em 2014
Fonte: Adaptado de Alvarenga e Arraes (2017b).
Atualmente o Brasil possui 28 cooperativas de cafeicultores 
produzindo café certificado fairtrade em cinco estados do país. Destas, 
28 produzem café em cinco estados: Minas Gerais (60% de todas 
cooperativas estão em Minas Gerais), Rondônia, Paraná, Espírito 
Santo e São Paulo. Tal como apresentado na Figura 36, a certificação 
faitrade está presente na cafeicultura do Brasil desde 1998, tendo 
sido a partir de 2009 que houve um crescimento mais acentuado, já 
que 50% das cooperativas de café do Brasil foram certificadas entre 
2009 e 2015. Um dos fatores que contribuem para esta certificação 
Um dos fatores que 
contribuem para 
esta certificação 
na cafeicultura do 
Brasil está vinculado 
ao perfil agrário da 
cafeicultura do país. 
No país, cerca de 
85% dos cafeicul-
tores do Brasil são 
familiares.
136
 Administração Rural
na cafeicultura do Brasil está vinculado ao perfil agrário da cafeicultura do país 
(ALVARENGA; ARRAES, 2017a). No país, cerca de 85% dos cafeicultores do 
Brasil são familiares. Destes cafeicultores, 80% possuem menos de 20 hectares. 
Cafeicultores familiares brasileiros produzem aproximadamente 38% do café do 
país (BRITO, 2013).
Figura 36 – Evolução da certificação fairtrade na cafeicultura 
do Brasil entre os anos de 2008 e 2015
Fonte: Adaptado de Alvarenga e Arraes (2017a).
Para conhecimento mais aprofundado sobre a certificação 
fairtrade na cafeicultura do Brasil, acesse o seguinte artigo:
ALVARENGA, R. P.; ARRAES, N. A. M. Certificação fairtrade na 
cafeicultura brasileira: análises e perspectivas. Coffee Science, v. 
12, n. 1, p. 124-147, 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/publication/315716051_Certificacao_fairtrade_na_cafeicultura_
brasileira_analises_e_perspectivas>. Acesso em: 9 jun. 2017.
c) Fatores críticos no gerenciamento de propriedades rurais produtoras 
de café
No Brasil, estudos de autores (BLISKA et al., 2007a, 2007b) contribuem 
por oferecer exemplos de alguns outros fatores críticos que podem impactar o 
gerenciamento de propriedades rurais produtoras de café. Entre os exemplos 
137
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
explorados, daremos destaque aqui para: fatores climáticos, formas de cultivo de 
café, proliferação de pragas e doenças, colheita, bem como pós-colheita.
No que diz respeito ao clima, os principais fatores críticos estão vinculados: 
a temperaturas baixas e temperaturas elevadas, que podem causar morte das 
flores e diminuição na qualidade e na produtividade do café; à falta de água ou 
distribuição não adequada de água ao longo do ciclo, que pode impactar na 
redução do florescimento e consequente redução da produtividade e qualidade 
do café; à altitude elevada, como ventos frios que são prejudiciais, podendo 
causar queda na produção e maior incidência de doenças; à altitude baixa, com 
repercussão associada devido ao calor, déficit de água e maior incidência de 
doenças, como o bicho mineiro, podendo implicar em queda de produção (BLISKA 
et al., 2007a).
Entre as formas de plantio do café, duas têm se destacado com muita 
frequência: cultivo convencional e cultivo orgânico. No cultivo convencional pode 
ocorrer erosão e afogamento de muda. As principais implicações podem repercutir 
em: aumento dos custos de produção por causa de necessidade de replantio, 
assoreamento de rios, redução da capacidade de produção do solo. No cultivo 
orgânico, há uma menor produtividade e existe dificuldade em se controlar pragas 
e doenças. Neste sistema, o alto custo de produção reflete em um custo elevado 
do café no mercado (BLISKA et al., 2007a). 
Afora os fatores climáticos e as diferentes formas de cultivo, há também as 
implicações associadas à proliferação de pragas e doenças nos cafezais.Tal 
como ilustra o Quadro 9, cuidados para se evitar este tipo de problema, já que há 
repercussões diretamente sobre a qualidade e produtividade do café. 
Quadro 9 – Fatores críticos associados às doenças e pragas nos cafezais
Fonte: Adaptado de Bliska et al. (2007b).
Fatores críticos associados às doenças e às pragas Principais implicações
Doenças
Ferrugem, antracnose; phoma; mancha-aureola-
da; cercóspora; coletotrichum.
Baixa qualidade e produtividade.
Pragas
Bicho mineiro; broca do café; cochonilhas; ácaros 
(quando nível de ataque for alto); mosca, cochoni-
lha da raiz e lagartas (quando nível de ataque for 
muito alto).
Baixa qualidade e produtividade.
Pragas Nematoides.
Menor produtividade das culti-
vações não enxertadas; custo 
extra com mudas enxertadas.
138
 Administração Rural
Na cafeicultura existem diferentes formas de se colher o café, sendo 
as principais: derriça no chão, derriça no pano, colheita a dedo e colheita 
mecânica. Cada uma dessas requer diferentes tipos de cuidados para se evitar, 
principalmente e de acordo com o Quadro 10: custos elevados e perdas de 
qualidade do café.
Quadro 10 – Fatores críticos associados às diferentes formas de 
colheita: derriça no chão, no pano, a dedo e colheita mecânica
Fonte: Adaptado de Bliska et al. (2007b).
Fatores críticos associados aos tipos de colheita Principais implicações
Derriça no 
chão
Mistura com impurezas; frutos contaminados do 
chão e frutos com diferentes graus de maturação 
(maduros, verdes, secos e passas).
Redução da qualidade.
Derriça no 
pano
Custo; mistura de frutos (verdes e passas). Redução da qualidade.
Colheita a 
dedo
Maior necessidade de mão de obra. Custo mais elevado.
Colheita 
mecânica
Preço; maior incidência de frutos verdes.
Redução da qualidade; inviável 
para pequena propriedade.
Após a colheita, os processos efetuados devem ser devidamente 
gerenciados para se evitar problemas na qualidade do café e 
contaminação dos recursos hídricos, principalmente, tal como exemplo 
enfatizado no Quadro 11, dos principais fatores críticos associados na 
etapa de pós-colheita.
Após a colheita, 
os processos 
efetuados devem 
ser devidamente 
gerenciados para se 
evitar problemas na 
qualidade do café e 
contaminação dos 
recursos hídricos, 
principalmente
Quadro 11 – Fatores críticos associados na etapa de pós-colheita
Fonte: Adaptado de Bliska et al. (2007b).
Fatores críticos associados ao pós-colheita Principais implicações
Processamento via seca (café natural); impurezas; 
mistura de grãos; espessura da camada de grãos e 
sua movimentação.
Menor qualidade.
Processamento via semiúmida (café cereja des-
cascado); espessura da camada de grãos e sua 
movimentação.
Menor qualidade.
Processamento via úmida (café despolpado; desmu-
cilado): tempo de fermentação.
Menor qualidade; contaminação de recur-
sos hídricos.
139
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Além destes fatores, há também os associados ao gerenciamento dos 
recursos humanos nas lavouras de café do Brasil. Tal como mencionamos, o Brasil 
é o principal produtor de café do mundo. Por causa da sua representatividade 
produtiva, muitos agentes vinculados aos diversos elos da cadeia de produção 
do café têm acompanhado de perto como o país vem lidando com os impactos 
ambientais e sociais gerados pela cafeicultura. Tanto que no ano de 2016 uma 
Organização não Governamental reconhecida internacionalmente lançou um 
relatório (DANWATCH, 2016) enfatizando a existência de problemas por uso de 
mão de obra infantil, trabalhadores atuando de maneira ilegal e sendo mal pagos. 
Problemas desta natureza devem ser evitados. Além das implicações legais aos 
cafeicultores que atuam com mão de obra ilegal e, sobretudo os prejuízos aos 
trabalhadores, a imagem do agronegócio brasileiro é afetada negativamente nos 
mercados que atingem. 
Cana-de-Açúcar
A última cultura que abordaremos é a cana-de-açúcar. Uma vez que no 
Capítulo 3 destacamos o exemplo da Produção Mais Limpa como estratégia com 
foco no gerenciamento ambiental, aqui mostraremos como medidas de Produção 
Mais Limpa podem ser adotadas no setor sucroalcooleiro. Além disso, também 
apresentaremos quais são os principais fatores críticos que estão vinculados ao 
gerenciamento de propriedades rurais produtoras de cana.
a) Exemplos de aplicabilidade da Produção Mais Limpa no setor 
sucroalcooleiro 
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, atingindo 
mais de 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano (safra 
2012/2013). O país também é o primeiro produtor mundial de açúcar, 
responsável por 25% da produção mundial e 50% das exportações 
mundiais e o 2º Produtor Mundial de Etanol, sendo responsável por 20% 
da produção mundial e 20% das exportações mundiais (UNICA, 2013). 
Esse setor tem um PIB setorial de US$ 48 bilhões, com exportações no 
montante de US$ 15 bilhões. Além disso, destaca-se pela sua relevância como 
biocombustível, abastecendo uma frota de veículos que já ultrapassa 20 milhões. 
Apesar de tal posição, existem no setor desafios sociais e 
ambientais que devem ser superados no decorrer dos seus setores. O 
setor sucroalcooleiro envolve o setor agrícola, com aspectos ligados às 
atividades desenvolvidas na área em que a cultura da cana-de-açúcar 
O Brasil é o maior 
produtor de cana-
-de-açúcar do mun-
do, atingindo mais 
de 590 milhões de 
toneladas de cana-
-de-açúcar por ano 
(safra 2012/2013).
Existem no setor 
desafios sociais 
e ambientais que 
devem ser supera-
dos no decorrer dos 
seus setores.
140
 Administração Rural
ocupa, e o setor industrial, com os aspectos associados à fábrica de açúcar e à 
destilaria de álcool (ALVARENGA; QUEIROZ; NADAE, 2017b).
Alguns dos principais impactos negativos na área agrícola são: redução da 
biodiversidade; geração excessiva de resíduos (bagaço); contaminação das águas 
superficiais e do solo; compactação do solo por conta do tráfego de máquinas; 
assoreamento; fuligem e gases de efeito estufa (ALVARENGA; QUEIROZ; 
NADAE, 2017b).
Um dos pontos mais críticos e discutidos a respeito dos impactos negativos 
da cana-de-açúcar é a queima da sua palha e as consequentes emissões de gás 
carbônico (CO2) emitidos na atmosfera. O gás carbônico é absorvido pela cana 
durante o crescimento da planta (OMETTO, 2005) e é liberado à atmosfera em 
poucos minutos quando a palha da cana é queimada para que posteriormente 
haja o corte da cana. 
Além do CO2, também existem impactos em decorrência do ozônio, que é um 
gás poluente que não se dissipa facilmente em baixa altitude e pode ser danoso 
em sentidos diversos, como por exemplo, ao crescimento e desenvolvimento de 
plantas (AZANIA; AZANIA, 2014).
Como subproduto da queimada tem-se a fuligem da cana-de-açúcar, 
podendo provocar danos pela sujeira e doenças respiratórias. Há constatação 
de que existe a presença de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (PHAs), 
composto cancerígeno, no sangue da maioria dos cortadores de cana-de-açúcar 
(LANGOWSKI, 2013) como também nas imediações de canaviais que sofreram 
queima de suas palhas (ARBEX et al., 2014; ASSUNÇÃO et al., 2014). 
Para sanar os problemas decorrentes das queimadas no Brasil, 
a Lei Estadual nº 11.241 proíbe, gradativamente, a queima da palha 
da cana. Até o ano 2021, não será permitido fazer queimada em 
nenhuma área que comporte o uso de colheitadeiras mecânicas. Já 
nas áreas com declividade superior a 12%, onde não é possível o corte 
mecanizado, mas somente o corte manual, as queimadas serão ilegais 
até o ano 2031 (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO, 2002). 
Com o fim das queimadas pode haver redução dos empregos gerados com o 
corte manual.
É preciso considerar também os gases provenientes da utilização de 
combustíveis fósseis, que são oriundos da utilização de máquinas como tratores, 
caminhões e colheitadeiras utilizados no setor (OMETTO; ZWICKY; ROMA, 
2009). Os gases mais nocivos ao meio ambiente são monóxido de carbono,dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e material particulado 
(CARVALHO et al., 2015; MOITINHO et al., 2013).
Para sanar 
os problemas 
decorrentes das 
queimadas no Brasil, 
a Lei Estadual nº 
11.241 proíbe, 
gradativamente, a 
queima da palha da 
cana.
141
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Em relação à produção industrial, os principais impactos ocorrem em 
decorrência do alto consumo de água para processamento da cana e da geração 
de vinhaça e torta de filtro. 
A vinhaça é originária em maior grau a partir da fermentação 
da cana no processo de fabricação do álcool e em menor como 
subproduto da fabricação de açúcar. Já a torta de filtro é um resíduo 
composto da mistura do lodo de decantação, que é originário a partir 
do processo de clarificação do açúcar e do bagaço moído.
A vinhaça é um subproduto que pode ser usado como forma de Produção 
Mais Limpa pela indústria sucroalcooleira. Ela é rica em matéria orgânica como 
potássio, cálcio e enxofre (JENA; POGGI, 2013). Sua produção pode variar entre 
10 e 15 litros para cada litro de álcool produzido. Seu destino tem como fim a 
fertirrigação (irrigação do solo com a vinhaça). Caso haja dosagem excessiva, 
este subproduto pode trazer impactos negativos ao meio ambiente, como a 
contaminação do solo e da manta freática (CHRISTOFOLETTI et al., 2013) em 
decorrência da vinhaça ser composta por amônia, ferro, magnésio, alumínio, 
cloreto e matéria orgânica (CHRISTOFOLETTI et al., 2013; PIACENTE, 2005; 
SILVA; GRIEBELER; BORGES, 2007). 
Em terrenos muito arenosos o solo absorve um metro de vinhaça a cada 4 
dias, e em terrenos mais compactados a cada 8 dias. Isso é um risco alto, uma 
vez que depois de constatada a contaminação, as possibilidades de reversão são 
pequenas (CHRISTOFOLETTI et al., 2013; PIACENTE, 2005).
O subproduto torta de filtro é um composto rico em proteína. Sua utilização 
ocorre tanto na irrigação do solo preparado para o plantio da cana-de-açúcar 
como também no lançamento direto na vala onde a muda da cana será plantada 
(GONZÁLEZ et al., 2014). Para cada tonelada de cana, obtém-se uma média de 
35 kg deste subproduto (PIACENTE, 2005).
A adoção de substitutos químicos, como a torta e a vinhaça, pode diminuir 
os custos em torno de US$ 60 por hectare (UDOP, 2015). No entanto, da mesma 
forma que a vinhaça, a torta também pode acarretar sérios danos à manta freática 
e ao solo, caso não administrado e armazenado corretamente. Seu depósito 
não pode ser diretamente ao solo, mas sim sobre alguma proteção, como lonas 
plásticas, por exemplo (PIACENTE, 2005).
 
Assim, de maneira abrangente, nota-se que o setor sucroalcooleiro é muito 
dependente de recursos naturais, principalmente água e solo (DAVIS et al., 2013; 
142
 Administração Rural
HISCOX et al., 2015; SILVA-OLAYA et al., 2013; SOUZA; SEABRA, 2014). A parte 
agrícola apresenta aspectos e características ligados diretamente ao processo 
de ocupação territorial e a utilização excessiva de recursos naturais como água 
e solo. Já a divisão industrial apresenta seus aspectos mais ligados com os 
processos de transformações da matéria-prima, que também são responsáveis 
pela geração de diversas externalidades negativas.
Neste contexto, a adoção de Produção Mais Limpa neste setor pode contribuir 
de diversas formas, tal como mostram os Quadros 12 e 13, que tiveram como 
base de desenvolvimento estudos publicados a respeito do tema (ALVARENGA; 
QUEIROZ; NADAE, 2017b; ALVARENGA; QUEIROZ, 2009; CETESB, 2002).
Quadro 12 – Exemplos de formas de adoção de Produção Mais 
Limpa no segmento sucroalcooleiro: água e melaço rejeitados
Fonte: Adaptado de Alvarenga e Queiroz (2009); Alvarenga, 
Queiroz e Nadae (2017b) e CETESB (2002).
Rejeito
Exemplos de medidas de P + L
Redução Reuso / Reciclagem
Ág
ua
 de
 la
va
ge
m 
da
 ca
na
Eliminação das queimadas para despalha 
reduz a concentração de terra e pedregulhos, 
podendo haver dispensa da lavagem.
Reciclagem no processo de embe-
bição (permite recuperação de parte 
da sacarose diluída).
Lavagem em mesas separadas onde ocorre 
o desfribrilamento (evita perda de bagacilho 
aderido).
Reciclagem no processo de lava-
gem (necessário tratamento para 
remoção de sólidos grosseiros e 
resíduos sedimentáveis, e eventual-
mente para remoção de substâncias 
orgânicas solúvei
Remoção a seco de parte das impureza. 
Ág
ua
 do
s c
on
de
ns
ad
or
es
 ba
ro
mé
tric
os
 e 
ág
ua
 
co
nd
en
sa
da
 no
s e
va
po
ra
do
re
s
Redução perda do xarope.
Reciclagem da água no próprio pro-
cesso (cuidado com teor de açúcar).
Redução da velocidade do fluxo.
Reciclagem no processo, mas em 
outra etapa, como:
Redução da temperatura da água de conden-
sação.
Embebição da cana.
 Recuperação do xarope.
Lavagem do mel após cristalização 
do açúcar.
Uso de obstáculos que diminuam o arraste 
(separadores e recuperadores de arraste).
Geração de vapor.
 Aumento da altura dos evaporadores. Lavagem filtros.
 
Preparo de solução para calagem 
(na clarificação).
Me
la- ço
Praticamente todo usado na produção do 
álcool.
Produção de álcool.
Fabricação de levedura
143
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
Quadro 13 – Exemplos de formas de adoção de Produção Mais Limpa no 
segmento sucroalcooleiro: bagaço, torta, vinhaça e água das dornas rejeitados
Fonte: Adaptado de Alvarenga e Queiroz (2009); Alvarenga, 
Queiroz e Nadae (2017b) e CETESB (2002).
Rejeito Forma de reuso / reciclagem
Bagaço
Cogeração energia elétrica; composto para adubação; produção de ração, 
aglomerados e celulose. 
Torta Uso como condicionador do solo, produção de ração animal.
Vinhaça Uso como fertilizante.
Água de lavagem 
das dornas
Uso como fertilizante.
Melaço Produção de etanol, fabricação de levedura.
Ponta de cana Alimentação animal.
Torta Uso como condicionador do solo, produção de ração animal.
Para conhecimento mais aprofundado sobre Produção 
Mais Limpa no setor sucroalcooleiro e demais impactos do setor 
sucroalcooleiro, acesse os seguintes artigos: 
1 - ALVARENGA, R. P.; QUEIROZ, T.; NADAE, J. Cleaner 
production and environmental aspects of the sugarcane-alcohol 
segment : brazilian issues. Espacios, v. 38, n. 1, p. 11, 2017. Disponível 
em: <https://www.researchgate.net/publication/312496700_Cleaner_
production_and_environmental_aspects_of_the_sugarcane-alcohol_
segment_Brazilian_issues>. Acesso em: 9 jun. 2017.
2 - FONTANETTI, C. S.; BUENO, O. C. Cana-de-açúcar e seus 
impactos: uma visão acadêmica. Bauru: Canal 6, 2017. Disponível 
em: <http://www.cdn.ueg.br/arquivos/cora_coralina/conteudoN/2582/
os_impactos_da_cana_de_acucar.pdf>. Acesso em: 9 jun. 2017.
144
 Administração Rural
b) Fatores críticos associados ao gerenciamento de propriedades rurais 
produtoras de cana
No Brasil, o mais comum é todo o processo de produção e 
colheita ficar a cargo das próprias usinas que fabricam açúcar e/ou 
álcool. Uma das principais razões para isso está associada aos custos 
de produção, colheita e transporte da cana, principalmente. Sobretudo 
para pequenos e médios produtores, tais custos não propiciam retornos 
econômicos tão vantajosos quando comparado com outras alternativas 
para o uso da terra, como seguir para outras culturas ou arrendar a terra para 
usinas plantarem a cana.
No ciclo da cana-de-açúcar, os processos de plantio e colheita 
são os que mais são onerosos financeiramente. Apesar de existir 
alternativas de mecanização para o plantio da cana-de-açúcar, a 
maioria dos canaviais brasileiros são plantados mediante demanda de 
alta quantidade de mão de obra braçal. Uma vez que o plantio é feito 
por mudas, a mão de obra empregada é destinada para tarefas como 
corte, seleção, transporte e plantio das mudas. Para usinas de açúcar e 
álcool os custos são diluídos como integrantes do negócio completo da empresa, 
diferentemente de pequenos e médios produtores. Como trabalham com grandes 
áreas, as usinas possuem: 
• Áreasplantadas especificamente para formação de mudas.
• Mão de obra contratada fixa ou terceirizada, que geralmente é amparada 
pelo próprio corpo jurídico e de Recursos Humanos da organização.
• Maquinários (tratores, caminhões, rebocadores, carretas, entre outros) próprios 
necessários e específicos para transporte e também plantio das mudas.
• Poder para adquirir insumos (combustível, agrotóxicos, fertilizantes) a preços 
mais vantajosos porque compram em grandes quantidades.
Outro processo oneroso está vinculado à colheita e transporte da cana 
até as usinas. Tal como comentamos, o corte manual para colheita está sendo 
substituído pelo mecanizado nos canaviais do Brasil. Esta etapa requer seus 
próprios equipamentos (colheitadeiras, transbordos, caminhões, carretas, tratores, 
guinchos, entre outros) e mão de obra especializada para operá-los. Após colhida, 
a cana deve ser destinada à usina para ser processada em tempo curto (menos de 
48 horas) para que não perca suas propriedades. Logo, exige-se muitos recursos 
nos processos de colheita, carregamento e transporte até as usinas, que podem 
inviabilizar também o investimento na cultura por produtores rurais. 
Quando optam por seguir no segmento de produção, produtores geralmente 
possuem duas opções. Uma é ser responsável por todos os processos, sendo 
mais raro de se encontrar casos assim no Brasil. O caso mais comum envolve os 
No Brasil, o mais 
comum é todo 
o processo de 
produção e colheita 
ficar a cargo das 
próprias usinas que 
fabricam açúcar e/ou 
álcool.
Para usinas de 
açúcar e álcool os 
custos são diluídos 
como integrantes do 
negócio completo 
da empresa, 
diferentemente de 
pequenos e médios 
produtores.
145
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
produtores plantarem a cana por conta própria e a venderem “em pé”. Neste caso, 
a usina fica responsável pelos processos envolvidos entre o corte e transporte até 
a indústria. 
Atividades de Estudos:
 1) Quais são as similaridades entre os fatores críticos para 
o gerenciamento de propriedades rurais no que diz respeito 
especificamente à mão de obra quando comparamos os casos 
das propriedades produtoras de grãos e propriedades criadoras 
de gado bovino?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 2) Como estratégias de Responsabilidade Social Corporativa 
podem afetar as decisões dos produtores rurais?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 3) O Brasil é um importante criador de gado bovino e também 
produtor de grãos. O país tem potencial para se destacar ainda 
mais se vencer alguns gargalos (ambientais, infraestrutura etc.) 
ainda presentes. Quais são os exemplos de gargalos para cada 
um destes dois casos?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 4) Quais têm sido as principais vantagens para os produtores de 
grãos quando os mesmos optam pelo investimento em silos de 
armazenagem?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
146
 Administração Rural
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 5) Quais são os principais objetivos dos produtores rurais ao 
optarem por certificações socioambientais? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Algumas Considerações
Ao fecharmos este capítulo, retomamos importantes assuntos que estudamos 
no contexto da aplicabilidade do gerenciamento rural, tendo como exemplos 
importantes cadeias agroindustriais e também o caso do uso de agrotóxicos e 
exploração de terras no Brasil. Sobre tais aspectos, é válido que os seguintes 
tópicos fiquem muito claros para você, pós-graduando:
• Os fatores críticos de sucesso no gerenciamento de propriedades rurais 
quase sempre estão associados ao porte da propriedade correlacionados 
à aspectos como: Custo de produção. Adequação legal da mão de obra 
contratada. Adequação às especificidades de cada sistema de produção. 
Necessidades e exigências do mercado.
• O Brasil é um dos mais importantes países no cenário de produção 
agropecuária mundial e tem capacidade para se destacar ainda mais, se: 
Houver otimização do uso da terra e o consequente aumento da produtividade 
por hectare (exemplos da pecuária bovina e do milho); Incremento de 
tecnologia propícia às especificidades de cada sistema de produção.
• O Brasil possui gargalos no campo do segmento agropecuário que precisam 
ser superados, tal como é o exemplo do uso de agrotóxicos nocivos ao meio 
ambiente e à saúde humana nos sistemas de produção agrícola e também 
o exemplo da emissão de resíduos por importantes indústrias (couro, 
sucroalcooleira, produção agropecuária) do segmento agroindustrial do 
Brasil.
147
Agronegócio na Prática Capítulo 4 
• Estratégias de Responsabilidade Social Corporativa adotadas por agentes 
das cadeias agroindustriais partem de demandas de consumidores por 
segurança alimentar e ausência de impactos ambientais, econômicos e 
sociais no decorrer dos sistemas de produção. Neste ponto, afirmamos que: 
O uso de ferramentas e técnicas de gestão ambiental e estudos de impacto 
têm sido utilizadas para se avaliar a sustentabilidade nos sistemas de 
produção; As certificações socioambientais podem servir como mecanismos 
que oferecem apoio para se atingir tais objetivos.
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