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Tutela Coletiva e Direitos Metaindividuais

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277RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
A tutela coletiva efetivada pelos 
sindicatos e associações civis
Considerações gerais
Recebido em 3/6/15
Aprovado em 14/9/15
EVAIR DE JESUS ZAGO
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar as formas de atuação dos 
chamados corpos intermediários no processo coletivo. Objetiva-se, à 
luz do direito posto, da doutrina e da jurisprudência, classificar os cha-
mados direitos metaindividuais, apresentar as formas de atuação dos 
sindicatos e das associações civis na promoção da tutela desses direitos, 
bem como identificar os pontos controversos da atuação desses entes 
no âmbito coletivo.
Palavras-chave: Direitos coletivos. Associações civis. Sindicatos.
1. Introdução
O direito coletivo, entendido como o ramo do saber jurídico que se 
ocupa da disciplina relativa à defesa dos direitos metaindividuais, foi 
impulsionado pelo aparecimento da chamada sociedade de massas. Nas 
palavras de Venturi (2007, p. 43),
se o florescimento dos interesses meta-individuais antecedeu, certa-
mente, a sociedade qualificada como de massa, foi precisamente em 
decorrência dela, ou seja, do incremento quantitativo e qualitativo das 
lesões provocadas pelas profundas alterações havidas no modo de ser 
das relações sociais, que nasceu propriamente a preocupação relativa 
à busca de formas adequadas para sua proteção jurisdicional, toman-
do em conta o absoluto despreparo dos sistemas processuais, até então 
vocacionados a atender pretensões de natureza tipicamente individual.
Assim, o direito e o processo coletivos foram concebidos como for-
ma de oferecer mecanismos de proteção a essas relações sociais massi-
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ficadas. Esse novo regramento leva em consideração o atual contexto 
social, em que o potencial lesivo de uma conduta é exponencialmente 
aumentado e pode atingir um número indeterminado de pessoas. 
Nesse contexto, surgem as chamadas ações coletivas, instrumentos 
processuais aptos a levar ao Judiciário essas demandas que perpassam 
a esfera meramente individual das pessoas para atingir direitos que 
“não pertencem a uma pessoa física ou jurídica determinada, mas a 
uma comunidade amorfa, fluida e flexível, com identidade social, po-
rém sem personalidade jurídica” (GIDI, 2005, apud MALCHER, 2008, 
p. 74). 
Conceitua-se a ação coletiva como
o instrumento processual constitucional colocado à disposição de de-
terminados entes públicos ou sociais, arrolados na Constituição ou na 
legislação infraconstitucional – na forma mais restrita, o cidadão – para 
a defesa via jurisdicional dos direitos coletivos em sentido amplo (AL-
MEIDA, 2002, apud GOMES JÚNIOR, 2008, p. 14-15).
Para os limites deste trabalho, emprega-se a expressão ação coletiva 
para designar o instituto processual apto a levar ao Judiciário quaisquer 
espécies de pretensões coletivas lato sensu, sem a preocupação demons-
trada por alguns autores de classificar como ações civis públicas as de-
mandas que veiculem pretensões difusas e coletivas, e ações coletivas as 
que visem a tutelar direitos individuais homogêneos.
Essas afirmações, contudo, não representam, obviamente, o fim do 
direito e do processo individuais. Estes continuam a disciplinar as rela-
ções intersubjetivas, os clássicos conflitos de Caio versus Tício.
2. Conceituação dos direitos e interesses metaindividuais
As ações de natureza coletiva objetivam submeter, à apreciação do 
Poder Judiciário, ofensas ou ameaças de lesão a direitos transindividu-
ais, buscando desse órgão a proteção ou reparação adequada a essa nova 
modalidade de direitos. O objeto das ações coletivas são, portanto, os 
chamados direitos e interesses metaindividuais, ou transindividuais, ou, 
ainda, direitos e interesses coletivos lato sensu, que se subdividem em 
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, pre-
vistos expressamente no artigo 81, parágrafo único, incisos I, II e III, 
da Lei no 8.078/1990 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor – 
CDC). Direitos e interesses metaindividuais são, portanto, o gênero, que 
se subdivide nas espécies direito difuso, direito coletivo stricto sensu e 
direito individual homogêneo.
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2.1. Direitos e interesses: uma breve reflexão
A doutrina mais recente reputa, senão equivocada, ao menos des-
necessária a referência à expressão interesses contida nos três incisos 
do parágrafo único do artigo 81 do CDC. Para Venturi (2007, p. 44), a 
referência a interesses decorreu do fato de que os ordenamentos jurídi-
cos, não conseguindo compreender a verdadeira natureza dessas novas 
pretensões (coletivas), comuns a toda comunidade, mas não imputáveis 
a ninguém individualmente, não ousavam qualificá-las como autênticos 
direitos subjetivos, uma vez que não se enquadravam nas concepções 
então existentes sobre os direitos subjetivos. 
O ordenamento jurídico brasileiro, em nível constitucional e infra-
constitucional, alberga os direitos coletivos lato sensu como verdadeiros 
direitos, afigurando-se, de fato, irrelevante a referência à expressão inte-
resses contida no dispositivo mencionado. 
2.2. Direitos difusos
Direitos difusos são, conceitualmente, os transindividuais, de natu-
reza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e liga-
das por circunstâncias de fato (CDC, art. 81, parágrafo único, I). Nas 
palavras do desembargador Antônio Carlos Malheiros (apud GOMES 
JÚNIOR, 2008, p. 9),
os direitos difusos possuem as seguintes características: a) ausência de 
vínculo associativo: não há necessidade de uma ligação, de uma affec-
tio societatis entre seus membros; b) alcance de uma cadeia abstrata de 
pessoas: não há como determinar, com precisão, os seus titulares; c) po-
tencial e abrangente conflituosidade: advém do superdimensionamento 
do Estado, cuja atuação se entrelaça com as atividades empresariais, e do 
emprego da mais avançada tecnologia, gerando frustrações em determi-
nados meios sociais, como, por exemplo, o desenvolvimento imediatista 
(a qualquer custo) em detrimento da ecologia; d) ocorrência de lesões 
disseminadas em massa: atinge a toda uma coletividade, sem individua-
lizações precisas. A lesão, portanto, é pouco circunscrita e tem natureza 
extensiva; d) vínculo fático entre os titulares dos interesses: sem uma 
relação base que una todos os interessados. 
Pode-se afirmar, portanto, que são notas essenciais dos direitos di-
fusos, no plano subjetivo, a transindividualidade e, no plano objetivo, a 
indivisibilidade. Em face dessas características, “a coisa julgada que ad-
vier das sentenças de procedência será erga omnes (para todos), ou seja, 
irá atingir a todos de maneira igual (art. 103, I, CDC), salvo no caso de 
improcedência por falta de provas, quando poderá ser reproposta por 
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quaisquer dos colegitimados”, conforme lição 
de Didier Júnior (2009, p. 74).
2.3. Direitos coletivos
Direitos coletivos stricto sensu, por seu tur-
no, na dicção do artigo 81, parágrafo único, II, 
do CDC, são os transindividuais de natureza 
indivisível de que seja titular grupo, categoria 
ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a 
parte contrária por uma relação jurídica-base.
A análise dessa disposição legal possibilita a 
diferenciação entre essa modalidade de direitos 
(coletivos) e os direitos difusos: nestes a regra 
é a indeterminação dos titulares do direito e a 
ligação entre eles faz-se por circunstâncias me-
ramente fáticas, ao passo que naqueles a titula-
ridade dos direitos é atribuída aos integrantes 
do grupo, classe ou categoria, os quais mantêm 
um vínculo associativo entre si ou com a par-
te contrária. Desse modo, os direitos coletivos 
têm como marca indelével a determinação dos 
sujeitos e o vínculo associativo que os une entre 
si ou com a parte contrária por uma relação ju-
rídica base. Venturi (2007, p. 57) pontifica que 
“os direitos coletivos não são passíveisde cisão. 
Isto porque a pretensão meta-individual cole-
tiva não decorre da mera soma dos interesses 
individuais de cada integrante do grupo, senão 
de sua síntese”. Assim, para esse autor,
não podem as pretensões genuinamente co-
letivas ser identificáveis em relação a apenas 
alguns membros da classe, pois são comuns 
a toda uma categoria, grupo ou classe so-
cial (v.g., dos trabalhadores de determinado 
ramo produtivo, dos pais e alunos do siste-
ma de ensino fundamental de certo Municí-
pio, dos usuários de determinado plano de 
saúde) (VENTURI, 2007).
Todavia, discordamos do autor. Embora 
devam dizer respeito a grupo, classe ou cate-
goria de pessoas, as pretensões coletivas não 
exigem, necessariamente, o envolvimento de 
todos os seus integrantes. Dentro do grupo, 
classe ou categoria podem existir, e frequen-
temente existem, pessoas cujos interesses não 
se coadunam com os dos demais, sendo, por 
vezes, antagônicos, sem que com isso possa 
ser repelida a natureza de direitos coletivos. 
Exemplificativamente: numa categoria profis-
sional, pode a grande maioria dos trabalhado-
res objetivar a preservação dos seus empregos, 
ao passo que outros tenham interesse em ver 
rescindidos os seus contratos – o que não des-
figura como coletiva a pretensão dos primei-
ros.
A coisa julgada que se forma nas sentenças 
proferidas nas ações que tenham por objeto 
direitos coletivos será ultra partes, isto é, bene-
ficiará a todos os integrantes do grupo, classe 
ou categoria (CDC, artigo 103, II), salvo se im-
procedente por insuficiência de provas, caso 
em que poderá ser reproposta pelo legitima-
do-autor ou por quaisquer outros legitimados.
2.4. Direitos individuais homogêneos
Na linguagem do CDC, direitos ou interes-
ses individuais homogêneos são os decorrentes 
de origem comum (artigo 81, parágrafo úni-
co, III).O CDC afirma, de forma singela, que 
tais direitos, embora suscetíveis de tratamento 
coletivo, em face da relevância que assumem, 
são, em sua essência, direitos individuais. 
Spalding (2006, p. 30-31) afirma que o di-
reito individual homogêneo, em face de sua 
origem comum, “foi erigido à categoria de in-
teresse metaindividual meramente para fins de 
tutela coletiva. Desta forma, podem ser tutela-
dos tanto individual como coletivamente [...]”. 
Diz a autora que a transindividualidade do di-
reito individual é “legal ou artificial” e salienta 
que Barbosa Moreira já explicava, com maes-
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tria, que “ao se tratar do tema das ações coletivas poder-se-ia distinguir 
duas espécies de litígios: aqueles essencialmente coletivos, referindo-se 
aos direitos coletivos e difusos, e outros acidentalmente coletivos, re-
ferindo-se aos direitos individuais homogêneos”. Mazzilli (2007, p. 54) 
esclarece que
tanto os interesses individuais homogêneos como os difusos originam-
-se de circunstâncias de fato comuns; entretanto, são indetermináveis 
os titulares de interesses difusos, e o objeto de seu interesse é indivisível; 
já nos interesses individuais homogêneos os titulares são determinados 
ou determináveis, e o objeto da pretensão é divisível (isto é, o dano ou 
a responsabilidade se caracterizam por sua extensão divisível ou indivi-
dualmente variável) [...].
Ajuizada a ação coletiva que tenha por objeto a tutela de direitos 
individuais homogêneos, o legitimado buscará um provimento judicial 
que condene o réu a uma obrigação genérica de indenizar. No procedi-
mento cognitivo, portanto, o direito a ser tutelado mostra-se indivisível, 
pois a sentença simplesmente imporá ao réu o dever de indenizar, não 
estabelecendo nominalmente quem são os beneficiados, nem os valores 
que lhes serão devidos. Em momento posterior, por ocasião da liquida-
ção e da execução, o direito é tipicamente divisível, pois cada uma das 
vítimas poderá provar o dano causado e a sua extensão. A coisa julgada 
que se forma nas demandas que digam respeito a direitos individuais 
homogêneos produz efeitos erga omnes, beneficiando todas as vítimas e 
sucessores. É a chamada coisa julgada in utilibus.
3. Legitimação para as ações coletivas
Objetiva-se neste tópico analisar a legitimação ativa outorgada aos 
diversos entes pela Lei de Ação Civil Pública (LACP) e pelo CDC, com 
especial ênfase para as associações civis e sindicatos. 
3.1. A legitimação nas ações individuais
A análise da legitimação ativa para a propositura das ações coletivas 
requer uma abordagem, ainda que sumária, da condição da ação no âm-
bito do processo individual. 
Em nosso ordenamento jurídico-processual, em regra, é ao titular 
do direito material que se concede a faculdade de fazê-lo valer em juízo, 
conforme se depreende dos preceitos estabelecidos nos artigos 3o e 6o 
do CDC. 
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Mazzilli (2007, p. 61) escreve que a “clássica 
maneira de defender interesses em juízo dá-se 
por meio da chamada legitimação ordinária, 
ou normal, segundo a qual a própria pessoa 
que se diz lesada defende seu interesse”. Como 
corolário dessa afirmação, só excepcionalmen-
te se confere a alguém a possibilidade de levar 
ao Poder Judiciário uma pretensão material de 
que não seja o legítimo titular. 
Câmara (2007, p. 130) preleciona que “em 
algumas situações, expressamente previstas 
em lei, terá legitimidade de parte alguém que 
não é apresentado em juízo como titular da re-
lação jurídica deduzida no processo. Fala-se, 
nessa hipótese, em legitimidade extraordiná-
ria”.
A legitimação extraordinária poderá ocor-
rer, segundo a lição de Mazzilli (2007, p. 62): 
“a) quando, em nome próprio, alguém esteja 
autorizado a defender direito alheio (na subs-
tituição processual)”. A substituição processu-
al é, portanto, espécie de legitimação extraor-
dinária consistente na possibilidade de alguém 
defender em juízo, em nome próprio, direito 
alheio. Para os fins deste trabalho, importante 
também diferenciar os institutos da substitui-
ção e da representação processual.
Colhe-se a lição do processualista italiano 
Calamandrei (2003, p. 304): 
enquanto o representante faz valer em juí-
zo direito alheio em nome alheio (ou seja, 
um direito do representado em nome do 
representado), o substituto faz valer em ju-
ízo um direito alheio em nome próprio (ou 
seja, um direito do substituído, em nome do 
substituto); isto significa que, enquanto na 
representação a parte em causa é o repre-
sentado, e não o representante, na substitui-
ção a parte em causa é o substituto, não o 
substituído.
As afirmativas do eminente processualista 
aplicam-se integralmente ao nosso direito.
3.2. A legitimação nas ações coletivas
A ausência de um arquétipo processual de-
senvolvido adequada e especificamente para o 
enquadramento das demandas coletivas tem 
levado a doutrina e a jurisprudência a desen-
volver várias teorias objetivando dar trata-
mento científico e uniforme ao tema da legi-
timação ativa nessas espécies de ação. Venturi 
(2007, p. 164), após descrever sumariamente a 
perspectiva da aferição da legitimidade ativa 
nas ações individuais, assevera que 
salta aos olhos a dificuldade de se enqua-
drá-la em matéria de proteção jurisdicional 
dos direitos meta-individuais, seja em fun-
ção da inviabilidade de se atribuir a titulari-
dade da pretensão material deduzida, com 
exclusividade, a quem quer que seja, seja 
diante da impraticabilidade da presença em 
juízo de todos os seus titulares.
Três são as teorias mais relevantes desen-
volvidas pela doutrina: a) a teoria da legitima-
ção extraordinária por substituição processual, 
que tem em Barbosa Moreira o seu expoente; 
b) a da legitimação ordinária das associações 
e outros corpos intermediários, desenvolvida 
por Kazuo Watanabe, com base em uma inter-
pretação larga do artigo 6o do CPC; e c) a te-
oria da legitimação autônoma para condução 
do processo, que teve em Nelson Nery Jr. o seu 
precursor. As duas primeiras foram elaboradas 
ainda antes da edição da LACP, que expressa-
mente dispôs sobreo rol dos legitimados ati-
vos para aquela ação.
Barbosa Moreira apregoava a possibilidade 
da substituição processual em ações coletivas, 
a qual poderia ser depreendida do próprio sis-
tema, ainda que inexistente a expressa autori-
zação legal. Segundo Didier Jr. (2009, p. 190), 
para Barbosa Moreira, embasado em lição 
clássica de Arruda Alvim,
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o sistema poderia aceitar que a simples menção de legitimado diverso 
do titular de direito, ou a autorização legal (a exemplo dos dispositivos 
da CLT – art. 513 – e do Estatuto da OAB antigo – art. 1o, § 1o da Lei 
4.215, de 27.04.1963), mesmo não sendo expressa e taxativa a substitui-
ção, significaria a abertura para legitimação extraordinária. Isso ocorre 
porque o sistema brasileiro não prevê a obrigatoriedade de disposição 
expressa, como no sistema italiano (art. 81, CPC italiano).
Em 1984, Watanabe, expressou seu descontentamento com a im-
possibilidade de se pleitearem direitos coletivos perante o Poder Judi-
ciário, oportunidade em que pugnou por uma interpretação mais elás-
tica do artigo 6o do CPC, a fim de que fosse permitido o ajuizamento 
de ações em benefício da sociedade pelas associações e outros entes 
eventualmente criados (WATANABE, 1984, apud SPALDING, 2008, 
p. 53). 
Na oportunidade, assim se expressou o ilustre processualista:
Em que pese a essa douta ilação, ouso apresentar à critica de todos os 
estudiosos da matéria uma conclusão mais otimista. Parece-me que é 
possível interpretar-se o art. 6o do Código de Processo Civil com maior 
abertura e largueza, extraindo de seu texto a legitimação ordinária das 
associações e outros corpos intermediários, que sejam criados para a 
defesa de interesses difusos (WATANABE, 1984, apud SPALDING, 
2006, p. 53).
O autor fundamentava seu raciocínio afirmando que a
Associação que se constitua com o fim institucional de promover a tu-
tela de interesses difusos (meio ambiente, saúde pública, consumidor 
etc.), ao ingressar em juízo, estará defendendo um interesse próprio, 
pois os interesses de seus associados e de outras pessoas eventualmente 
atingidas são também seus, uma vez que ela se propôs a defendê-los 
como sua própria razão de ser (Watanabe, 1984, apud VENTURI, 2007, 
p. 174).
A terceira teoria, desenvolvida por Nery Júnior (apud SPALDING, 
2006, p. 59), já com suporte na atribuição de legitimação pela LACP e 
pelo CDC, e subsidiado pela doutrina alemã, sustenta que a legitima-
ção para a defesa dos direitos difusos e coletivos não é ordinária nem 
extraordinária, mas representa uma legitimidade para a condução do 
processo, sendo, portanto, uma legitimação objetiva, independente da 
relação de direito material que veicula.
Girardelli (2005, p. 140), com base nessa teoria, escreve que “a legiti-
midade para a defesa dos direitos difusos e coletivos em juízo não é ex-
traordinária nem ordinária; a lei elegeu alguém para a defesa de direitos 
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porque seus titulares não podem individualmente fazê-lo”. Prossegue 
dizendo que “já no caso de interesses individuais homogêneos, trata-se 
de substituição processual, pois o legislador tratou de legitimar outrem 
para a defesa em juízo, e em nome próprio, de direito alheio, cujo res-
pectivo titular é identificável e individualizável”.
No momento atual, no tocante ao tema, prevalecem na doutrina as 
teses apresentadas pela primeira corrente (Thereza A. Alvim Wambier, 
Luiz Fernando Belinetti, Ricardo Barros Leonel) e pela terceira (Mazzili 
e Pedro da Silva Dinamarco, entre outros).
Não obstante, considerando que as classificações mencionadas leva-
riam em conta o enquadramento da legitimidade para ações coletivas 
em categorias desenvolvidas para a legitimação para ações individuais, 
alguns autores propõem uma nova classificação, como é o caso de Go-
mes Júnior (2008, p. 84). Ele assevera que “o equívoco da doutrina [...] 
é tentar ‘encaixar’ as Ações Coletivas aos conceitos tradicionalmente 
usados no direito processual. Não se almejou criar algo novo para ser 
utilizado em uma nova categoria de ações, mas sim adaptar essas ao que 
já existia”. Para o autor, nas ações coletivas
estará sempre presente uma legitimação processual coletiva, que é jus-
tamente a possibilidade de almejar a proteção dos direitos coletivos lato 
sensu (difusos, coletivos e individuais), ainda que haja coincidência 
entre os interesses próprios de quem atua com os daqueles que serão, 
em tese, beneficiados com a decisão a ser prolatada (GOMES JÚNIOR, 
2008, p. 85).
3.3. Eleição dos entes legitimados
Procederemos agora à análise da legitimação atribuída pela vigente 
LACP, pelo CDC e pela Constituição Federal (CF), para a defesa de di-
reitos coletivos lato sensu.
3.3.1. Transição do modelo de legitimação individual para a 
legitimação coletiva nas ações coletivas
A primeira manifestação de tutela coletiva no Brasil foi eviden-
ciada na Lei de Ação Popular, prevista nas Constituições de 1937, 
1946, 1967, 1969 e 1988. Sua regulamentação ocorreu com a Lei no 
4.717/1965. Em sua feição original, a ação popular era o instrumento 
processual que permitia ao cidadão a defesa do erário público. A CF 
ampliou significativamente o seu objeto, passando a dispor, no artigo 
5o, LXXIII, que 
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qualquer cidadão é parte legítima para pro-
por ação popular que vise a anular ato lesivo 
ao patrimônio público ou de entidade de que 
o Estado participe, à moralidade adminis-
trativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais 
e do ônus da sucumbência (BRASIL, 1988).
Venturi (2007, p. 166) informa que “a ação 
popular pode ser considerada o primeiro ins-
trumento de tutela de direitos meta-individu-
ais no Brasil, qualificada como canal de parti-
cipação social na administração da coisa pú-
blica”. O autor (2007, p. 169) leciona também 
que a experiência da legitimação individual 
para a tutela de direitos difusos não obteve o 
alcance e o êxito que se esperava, em decorrên-
cia de várias circunstâncias, como dificuldades 
na obtenção de provas, o ambiente pouco favo-
rável a iniciativas populares, face à ausência de 
liberdade democrática etc. Afirma ainda que, 
em razão disso, o
modelo de legitimação individual para as 
ações coletivas restringiu-se à ação popular, 
tendo sido repelido posteriormente para as 
demais ações civis que instrumentalizam 
tutela de direitos difusos e coletivos (e in-
dividuais homogêneos, acrescenta-se) [...] 
(VENTURI, 2007, p. 169-170).
A ação popular é, portanto, a única ação 
reconhecida como coletiva que atribui ao indi-
víduo (cidadão) a legitimação para a defesa de 
direitos transindividuais. Nas demais, a legiti-
mação é conferida a entes escolhidos previa-
mente pelo legislador, excluindo-se a iniciativa 
individual.
O estudo do direito comparado demonstra 
que são vários os critérios adotados pelos pa-
íses para a atribuição de legitimação coletiva 
aos diferentes entes. Santos (2014, p. 263) in-
forma que as diversas soluções apontam para 
a adoção singular (integral, única) ou mista 
(híbrida) dos seguintes sistemas: a) publicista 
(em que a legitimação é conferida a órgãos pú-
blicos); b) privatista (com a legitimação relega-
da à iniciativa dos indivíduos interessados); e 
c) associacionista (que se fundamenta na atri-
buição da legitimidade aos grupos sociais ou 
associações privadas). E acrescenta (SANTOS, 
2014, p. 263) que a “solução que mais vem sen-
do aplicada reside na gradual e crescente con-
cessão de legitimação às associações, aos entes 
públicos e a grupos organizados”.
Segundo o esquema supracitado, o nosso 
ordenamento jurídico – aqui analisados com 
especial ênfase o CDC, a LACP e a CF – optou 
por combinar os sistemas publicista e associa-
cionista.
3.3.2. Os entes legitimados
Seguindo a linha evolutiva acima delinea-
da, a Lei no 7.347/1985 – que disciplinaa Ação 
Civil Pública de responsabilidade por danos 
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, his-
tórico, turístico e paisagístico –, em seu artigo 
5o, estabeleceu os legitimados à sua propositu-
ra. Eis a sua atual redação: 
Têm legitimidade para propor a ação princi-
pal e a ação cautelar: I – o Ministério Públi-
co; II – a Defensoria Pública; III – a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios; IV – a autarquia, empresa pública, 
fundação ou sociedade de economia mista; 
V – a associação que, concomitantemente: 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) 
ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre 
suas finalidades institucionais, a proteção 
ao patrimônio público e social, ao meio am-
biente, ao consumidor, à ordem econômica, 
à livre concorrência, aos direitos de grupos 
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimô-
nio artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico. (BRASIL, 1985).
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A CF, com o nítido propósito de impulsionar a criação e o desen-
volvimento das associações e dos sindicatos, entidades “catalisadoras 
dos interesses difusos e coletivos” (VENTURI, 2007, p. 199), estabele-
ceu normas que possibilitam o seu desembaraçado e saudável desen-
volvimento. Dispôs, no artigo 5o e incisos, que a criação de associações 
independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu 
funcionamento (art. 5o, inc. XVIII); que só poderão ser compulsoria-
mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, 
exigindo o trânsito em julgado em caso de dissolução compulsória (art. 
5o, inc. XIX); que estas, quando expressamente autorizadas, têm legi-
timidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
que podem impetrar mandado de segurança coletivo em defesa dos in-
teresses de seus associados (art. 5o, inc. LXX).
Aos sindicatos, espécie do gênero associação, a CF conferiu as se-
guintes prerrogativas, constantes no artigo 8o e incisos: liberdade de 
fundação (inexigibilidade de autorização estatal), ressalvado o registro 
no órgão competente (art. 8o, inciso I); defesa dos direitos e interesses 
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou 
administrativas (art. 8o, inc. III); participação obrigatória nas negocia-
ções coletivas de trabalho (art. 8o, inc. VI).
Importa ressaltar que as entidades sindicais, conforme assevera San-
tos (2014, p. 50), “constituem espécies particulares de associação, com 
elementos peculiares que justificam variações na sua disciplina em rela-
ção à disciplina geral”. Destaca que, entre essas peculiaridades, estão os 
poderes e as prerrogativas sindicais, entre os quais releva o poder de es-
tipular acordos e convenções coletivas de trabalho, que tem abrangência 
categorial. Acrescenta o autor (SANTOS, p. 50-51) que “por ser uma es-
pécie de associação, aos sindicatos, além dos poderes, prerrogativas e de-
veres decorrentes de sua personalidade sindical, lhes são aplicáveis todos 
os dispositivos constitucionais referentes às associações, acima citados”.
Posteriormente à CF, e visando à concretização de preceito nela inse-
rido no artigo 5o, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor”), foi editada a Lei no 8.078/1990 (CDC), estatuto nor-
mativo que disciplina, no Título III, a defesa do consumidor em juízo, 
estabelecendo que a defesa dos interesses e direitos dos consumidores 
e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo (artigo 81). A defesa coletiva será exercida quando se tratar de 
direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos. A fim de pro-
mover as ações relativas a lesões a direitos coletivos dos consumidores, 
o legislador atribuiu legitimidade concorrente aos entes mencionados 
no artigo 82. O rol desses legitimados guarda estreita semelhança com 
aqueles apontados na LACP.
287RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
Para os limites deste trabalho, cabe apenas 
ressaltar que estão igualmente legitimadas as 
associações legalmente constituídas há pelo 
menos um ano e que incluam entre seus fins 
institucionais a defesa dos interesses e dos 
direitos protegidos pelo Código, dispensada 
a autorização assemblear (CDC, art. 82, inc. 
IV). Esse requisito de pré-constituição anual 
pode ser dispensado se, versando a causa so-
bre direitos individuais homogêneos, houver 
manifesto interesse social evidenciado pela 
dimensão ou característica do dano, ou pela 
relevância do bem jurídico protegido (CDC, 
art. 82, § 1o).
Uma leitura meramente literal dos artigos 
5o da LACP e 82 do CDC poderia levar o in-
térprete à conclusão de que os sindicatos não 
estariam legitimados para a propositura de 
ações coletivas previstas na LACP e no CDC, 
dado que não há referência expressa a essas 
pessoas jurídicas. Nada mais equivocado, con-
tudo, conforme se demonstra em seguida. No 
entanto, para bem fundamentar essa posição, 
é importante a fixação dos contornos da cons-
tituição, da atuação e, sobretudo, da natureza 
jurídica dos sindicatos e das associações.
3.3.3. Natureza jurídica das associações e dos 
sindicatos 
O Código Civil de 2002 (CC), ao dividir as 
pessoas jurídicas em “pessoas jurídicas de di-
reito público e de direito privado” (artigo 40), 
atribuiu às associações esta última qualidade, 
dispondo que elas se constituem pela união de 
pessoas que se organizem para fins não eco-
nômicos (artigo 53). Nos artigos 53 a 61 do 
CC, encontra-se a regulamentação dessas as-
sociações, dispondo-se ali sobre o arcabouço 
jurídico de sua constituição, direitos e deveres 
dos associados, forma de dissolução, destino 
do patrimônio em caso de dissolução etc.
Spalding (2006, p. 143) esclarece que, para 
que uma associação esteja constituída legal-
mente, é necessária a inscrição de seu estatuto 
no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, confor-
me os artigos 114 a 121 da Lei no 6.015/1973, 
que disciplina os Registros Públicos. No âmbi-
to do processamento de ações coletivas, é rele-
vante essa circunstância, haja vista a existência 
do requisito de pré-constituição anual, que de-
verá – ou poderá – ser aferido pelo juiz com 
base nesse registro. 
Venturi (2007, p. 200) salienta que
as associações civis apresentam-se, pois, na 
célebre lição de Capelletti, como verdadei-
ros corpos intermediários entre o indivíduo 
e o Estado, quebrando os velhos esquemas 
dogmáticos relacionados à legitimação ati-
va, na medida em que se apresentam como 
autênticas molas propulsoras da proteção 
dos interesses meta-individuais em juízo.
Os chamados corpos intermediários, ou 
instâncias intermediárias, são configurações 
sociais que emergiram da necessidade de se tu-
telarem os interesses transindividuais. Repre-
sentam uma nova forma de gestão, descentra-
lizada, não mais limitada ao plano estatal, que 
possibilita que as decisões sobre os destinos da 
sociedade sejam tomadas pelos seus represen-
tantes diretos. As associações, portanto, têm 
natureza jurídica de pessoas jurídicas consti-
tuídas pela união de pessoas que se organizam 
para fins não econômicos.
Os sindicatos, por seu turno, por serem 
uma espécie de associação com destinação 
constitucional específica, são também pessoas 
jurídicas de direito privado, aplicando-se-lhes 
o regramento pertinente às associações. Não 
obstante a aplicação desse mesmo regramen-
to, submetem-se a peculiaridades próprias: a 
aquisição de sua personalidade sindical não 
decorre unicamente do registro de seu estatuto 
288 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, mas do registro de seus estatutos 
no Ministério do Trabalho e Emprego; aos sindicatos compete a defesa 
dos direitos e interesses coletivos ou individuais de uma categoria. Por 
categoria entende-se a solidariedade de interesses econômicos dos que 
empreendem atividades idênticas, similares ou conexas (categoria eco-
nômica) ou a similitudede condições de vida oriunda da profissão ou 
trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade eco-
nômica ou em atividades similares ou conexas (categoria profissional), 
conceito legal extraído do artigo 511, §§ 1o e 2o, da Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT).
A respeito da necessidade de sujeição dos estatutos da entidade sin-
dical ao órgão do Ministério do Trabalho e Emprego, Santos (2014, p. 
53) afirma que, no sistema brasileiro, para a aquisição de personalidade 
sindical, uma associação deve sujeitar-se a dois registros: um no Ca-
dastro Nacional de Pessoas Jurídicas, que lhe conferirá personalidade 
jurídica e, consequentemente, a capacidade de ser titular de direitos e 
obrigações; e outro, específico – o depósito dos seus estatutos no Minis-
tério do Trabalho –, que lhe proporcionará a aquisição de personalidade 
sindical e que lhe possibilitará, assim, “atuar com todas as prerrogativas 
conferidas aos entes sindicais e capacidade para defender os integrantes 
da categoria”.
Os sindicatos, pois, apresentam natureza jurídica de pessoas jurídi-
cas constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não 
econômicos, consistentes na defesa dos direitos e interesses coletivos e 
individuais da categoria.
3.3.4. Limites da atuação das associações e sindicatos 
Apresentam-se, agora, os fundamentos para a atuação de sindicatos 
e associações civis na defesa dos direitos transindividuais, bem como se 
busca delimitar o âmbito de atuação de cada um deles.
3.3.4.1. A legitimação dos sindicatos para a propositura de ações 
coletivas (LACP e CDC) em decorrência de sua natureza de associação
Retomando a discussão sobre a legitimação dos sindicatos para a 
propositura de ações coletivas previstas na LACP e CDC, discussão mo-
tivada pelo fato de não haver expressa referência a essas entidades nes-
sas duas leis, cumpre registrar que a doutrina afirma categoricamente 
que os sindicatos são portadores dessa legitimidade.
Dinamarco (2001, p. 253) manifesta-se no sentido de que “os sin-
dicatos são legitimados para a propositura da ação civil pública, apesar 
289RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
de a Lei 7.347, de 24.07.1985, e do Código de Defesa do Consumidor 
nada disporem a respeito”. Conclui o autor: “além de não poder haver 
contrariedade à Constituição Federal, os sindicatos têm natureza de as-
sociação civil”.
Outro não é o ensinamento de Watanabe apud Grinover (2001, p. 
760), para quem a alusão às associações – expressa no inciso IV do art. 
82 do CDC – abrange os sindicatos, as cooperativas e as demais formas 
de associativismo (CF, art. 174, § 2o), desde que preenchidos os requisi-
tos preestabelecidos na lei.
3.3.5. Requisitos para a atuação das associações civis
Além da expressa previsão nos artigos 5o, V, da LACP, e 82, IV, do 
CDC, as associações civis também estão legitimadas para as ações co-
letivas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 
no 8.069/1990), artigo 210, inciso III; e no Estatuto do Idoso (Lei no 
10.741/2003), artigo 81, inciso IV.
Gomes Júnior (2008, p. 117) aponta que “os quatro diplomas nor-
mativos têm como indispensáveis os seguintes requisitos: constituição 
há pelo menos um ano e vinculação entre a finalidade de sua criação e 
os direitos que serão objeto de tutela jurisdicional, ou seja, pertinência 
temática”. 
Pertinência temática, segundo Mazzilli (2007, p. 290), é “requisito 
indispensável, que corresponde à finalidade institucional compatível 
com a defesa judicial do interesse”. É, portanto, a compatibilidade entre 
os objetivos que a associação se propõe a defender, quando de sua cons-
tituição, e o efetivo direito levado a juízo.
Segundo Girardelli (2005, p. 146), “os estatutos das associações de-
vem conter uma cláusula de forma expressa e específica, com a missão 
de defender determinados interesses. Sua condição de legitimidade nas-
ce com a demonstração de um compromisso estatutário”. 
O requisito da pré-constituição há pelo menos um ano tem o obje-
tivo de “estabelecer um tempo mínimo de existência e conferir à asso-
ciação civil condições legais de representatividade do grupo. Não é im-
posto aos demais colegitimados ativos de que cuidam a LACP e o CDC”, 
conforme mencionado por Mazzilli (2007, p. 291). Esse requisito, ao 
contrário da verificação da pertinência temática, pode ser dispensado 
pelo juiz, desde que haja manifesto interesse social evidenciado pela di-
mensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a 
ser protegido (CDC, art. 82, § 1o; e LACP, art. 5o, § 4o). 
Com base nessas premissas, pode-se dizer que, no sistema judicial 
brasileiro, a adequada representatividade (adequacy of representation) 
290 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
das associações civis e sindicatos, ao contrário dos demais entes, pode 
ser aferido pelo juiz (verificação ope judicis), pelo menos quanto a esses 
dois requisitos. Ressalte-se que parte da doutrina afirma que, em relação 
aos demais entes, o legislador já estabeleceu previamente o rol de legiti-
mados, firmando uma presunção absoluta de adequada representação. 
Nesses casos, portanto, a análise de representação adequada é feita ope 
legis, não se facultando ao juiz afastar-lhes a legitimidade.
3.3.6. A defesa dos direitos metaindividuais pelas associações
Feitas tais considerações, julga-se didaticamente importante separar 
a abordagem dos limites de atuação de cada um desses entes (sindicatos 
e associações) na defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais ho-
mogêneos. E assim se entende em razão de haver dissenso doutrinário 
quanto ao dimensionamento do espectro de abrangência da defesa dos 
direitos metaindividuais pelas associações civis (stricto sensu) e pelos 
sindicatos.
Esclarecendo melhor: na doutrina, há divergência quanto ao âmbi-
to de atuação dos sindicatos, entendendo alguns que essas entidades se 
limitam à defesa dos direitos coletivos e individuais homogêneos dos 
integrantes da categoria. Para outros, inexiste essa limitação e os sindi-
catos podem tutelar todas as espécies de direitos coletivos, e o resultado 
de sua atuação excede ou pode exceder a dimensão da categoria. Tal 
controvérsia não ocorre quanto à atuação das associações civis (stricto 
sensu). Analisa-se, por isso, em primeiro lugar, a defesa coletiva levada 
a efeito por estas.
Às associações civis não podem ser opostas quaisquer espécies de 
obstáculos para a defesa dos direitos metaindividuais, sejam difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos. Dessa forma, desde que devida-
mente constituída há pelo menos um ano e tenha entre seus fins insti-
tucionais a defesa de determinados direitos, poderá pleitear judicial ou 
extrajudicialmente as medidas necessárias à prevenção ou conservação 
destes direitos. Assim, por exemplo, poderá uma associação criada para 
a defesa do meio ambiente postular todas as medidas necessárias para 
a preservação e conservação do ambiente ecologicamente equilibrado, 
objetivando pô-lo a salvo de todas as formas de agressões e degradações, 
com vistas a que todos possam desfrutar de uma sadia qualidade de vida 
(CF, art. 225). Poderá, portanto, no caso de um despejo de resíduos quí-
micos em um rio, pleitear liminarmente a imediata cessação dessa ativi-
dade, beneficiando a todos os que se utilizam de suas águas e/ou poderá 
requerer medidas coletivas de repovoamento das espécies de peixes que 
ali viviam, visando a restabelecer a atividade pesqueira de cooperativa 
291RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
de pescadores que dele retiram o seu sustento 
e/ou, ainda, buscar a reparação pelos prejuízos 
suportados por estes pescadores. Também na 
defesa dos direitos coletivos lato sensu previs-
tos no CDC podem as associações atuar irres-
tritamente, objetivando a mais ampla tutela.
Há que se destacar que a atuação da as-
sociação independe de autorização de sua 
assembleia para a propositura de ações que 
objetivem a tutela dos direitosmetaindividu-
ais ínsitos nos seus fins institucionais. O artigo 
82, inciso IV, do CDC, em sua parte final, ex-
pressamente dispensa essa necessidade de au-
torização assemblear. Essa disposição do CDC 
aplica-se igualmente à LACP, dispensando-se 
também nessas ações a necessidade de autori-
zação assemblear, por força do chamado mi-
crossistema de tutela coletiva que entrelaça a 
ambos os diplomas legais, conforme os artigos 
90 do CDC e 21 da LACP.
Por fim, cabe apontar que a redação dos 
artigos 210 do ECA e 81, IV, do Estatuto do 
Idoso, deixa expresso que “fica dispensada a 
autorização da assembleia, se houver prévia 
autorização estatutária”, o que se traduz em 
um aperfeiçoamento legislativo em relação 
à disposição do CDC, que apenas explicita a 
dispensa de autorização assemblear. No entan-
to, essa ilação já se extraía do texto do CDC. 
Mazzilli (2007, p. 298) perguntava-se, para em 
seguida responder: “Por que o CDC dispensou 
a autorização de assembleia? Porque, se a as-
sociação incluir entre seus fins institucionais 
a defesa dos direitos e interesses dos consumi-
dores, já terá havido a bastante autorização de 
assembleia geral”.
Ilação diversa conduziria ao entendimento 
de que a associação estaria agindo por repre-
sentação, visto que estaria defendendo apenas 
aqueles que lhe tivessem outorgado poderes 
para representá-los, e não como substituto 
processual (ou condutor autônomo do proces-
so), que é a sua real qualidade na condução de 
ações coletivas. 
Por fim, um último aspecto relevante, que 
diz respeito ao estudo da abrangência da de-
fesa realizada pelas associações stricto sensu: 
podem estas defender direitos metaindividuais 
que transcendam o âmbito dos próprios asso-
ciados? A resposta é positiva e dada uma vez 
mais por Mazzilli (2007, p. 299), para quem, 
quando uma associação litiga em defesa de di-
reitos difusos e coletivos, tem-se reconhecido 
que possa buscar provimento que beneficie a 
todo o grupo, ainda que se beneficiem pessoas 
que não sejam suas associadas. 
De fato, isso decorre da própria natureza 
dos direitos difusos, que não podem ser fracio-
nados para abranger a alguns e não a outros. O 
mesmo autor dá como exemplo o caso de uma 
associação de moradores de um bairro que 
pretenda impedir o lançamento de poluentes 
numa represa que abasteça não só o bairro, 
mas toda a cidade.
3.3.7. A defesa dos direitos metaindividuais 
pelos sindicatos
Embora os sindicatos tenham natureza 
jurídica de associações, aborda-se de forma 
separada a atuação daqueles e destas, em face 
de dissenso na doutrina quanto ao âmbito de 
atuação das entidades sindicais. Em suma, 
divide-se a doutrina sobre a possibilidade, ou 
não, de um sindicato defender direito difuso, 
assim como há questionamentos sobre a pos-
sibilidade de a ação sindical restringir-se, ou 
não, ao âmbito da categoria. Trata-se de temas 
umbilicalmente ligados. 
A par da análise da natureza jurídica dos 
sindicatos, cabe realçar alguns aspectos da sua 
existência. Os sindicatos são objeto de estu-
do do chamado direito coletivo do trabalho 
que é, nas palavras de Plá Rodriguez (1993, p. 
292 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
24), “uma parte do Direito do Trabalho subs-
tancialmente ligada à anterior (ao direito in-
dividual do trabalho)”. Para o autor uruguaio 
(PLÁ RODRIGUEZ, 1993, p. 24): 
A união dos trabalhadores se situa no iní-
cio do fenômeno trabalhista e constitui a 
resposta natural à injustiça e à exploração 
dos empresários. A princípio, a união dos 
trabalhadores atraiu a atenção pública para 
o fenômeno laboral. Dessa atenção para o 
fenômeno laboral derivou a legislação do 
trabalho. Essa legislação foi reconhecendo 
a realidade social e sindical, o que signifi-
cou suprimir entraves à união dos traba-
lhadores. Na medida em que se formaram 
associações profissionais, surgiu uma nova 
forma de criação do Direito do Trabalho: a 
de origem profissional e extra-estatal, que 
teve nas convenções coletivas sua expressão 
máxima. [...] Por isso, em todo o Direito do 
Trabalho, há um ponto de partida: a união 
dos trabalhadores; e há um ponto de che-
gada: a melhoria das condições dos traba-
lhadores.
Feitas essas ponderações que demonstram 
a vinculação entre o sindicalismo, o desenvol-
vimento de uma consciência social de classe e 
a busca por melhores condições de trabalho, 
pode-se concluir que, por excelência, os sin-
dicatos são entes a quem o legislador constitu-
cional confiou a defesa dos direitos coletivos e 
individuais das categorias econômicas e pro-
fissionais (art. 8o, III, CF).
Leciona Gomes Júnior (2008, p. 130) que 
Barbosa Moreira, com apoio no texto do artigo 
8o, III, da CF, “limita a legitimidade dos sindi-
catos apenas para a defesa dos interesses cole-
tivos ou individuais da sua respectiva categoria 
profissional”. O próprio Gomes Júnior (2008, p. 
130) aduz que o referido texto autoriza a exe-
gese restritiva apontada por Barbosa Moreira, 
isto é, a limitação da ação sindical à defesa dos 
direitos coletivos ou individuais da categoria.
Santos (2014, p. 209), mesmo negando essa 
concepção restrita da atuação sindical em ma-
téria de direitos coletivos lato sensu, assevera:
Em vista da adoção de uma organização 
sindical por categorias, firmou-se o enten-
dimento, em determinados setores da dou-
trina e da jurisprudência, de que os sindica-
tos devem tutelar somente os interesses da 
categoria sobre a qual foram constituídos. 
[...] Essa orientação, a priori, numa análise 
perfunctória, parece encontrar-se em vários 
dispositivos constitucionais e infraconsti-
tucionais, com se observa do art. 8o, III, da 
Constituição Federal [...] e do artigo 513, 
alínea a da CLT, o qual preceitua como prer-
rogativa dos sindicatos representar, perante 
as autoridades administrativas e judiciárias, 
os interesses gerais da respectiva categoria 
ou profissão liberal ou os interesses indivi-
duais dos associados relativos à atividade ou 
profissão exercida.
Prossegue o autor (SANTOS, 2014, p. 210) 
dizendo que se difundiu a ideia segundo a qual
o sindicato, por constituir um tipo específi-
co de associação, detentora de personalida-
de sindical, somente poderia atuar na defe-
sa de direitos e interesses da respectiva cate-
goria para a qual fora juridicamente criado. 
Por esse pensamento, sindicato e categoria 
seriam institutos visceralmente vinculados; 
o sindicato só poderia atuar na defesa de di-
reitos da categoria, ainda que parcialmente; 
determinada categoria, por sua vez, deveria 
ser representada somente pelo sindicato, 
devidamente reconhecido pela lei ou pelo 
órgão estatal.
Conforme se verá adiante, esse autor tem 
posição que alarga os horizontes de atuação 
dos sindicatos na defesa de todas as espécies 
de direito e propõe uma reconfiguração do 
conceito de categoria.
Bezerra Leite (2002, p. 187) está entre 
aqueles que advogam a impossibilidade de 
293RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
defesa dos direitos difusos pelos sindicatos, pelo menos de uma forma 
imediata. Admite, contudo, que possa o sindicato, de forma mediata, 
amparar direitos difusos.
Santos (2014, p. 271-272) aponta, dentre os defensores da tese da 
possibilidade de defesa dos direitos difusos pelos sindicatos, os seguin-
tes autores: Amauri Mascaro do Nascimento, João Hilário Valentim, 
Francisco Antonio de Oliveira, Nelson Nery Jr., Raimundo Simão de 
Mello, Celso Antonio Pacheco Fiorillo e Hugo Nigro Mazzilli.
Mazzilli (2007, p. 302) diz que “embora a Lei Maior não seja expres-
sa quanto à possibilidade de defesa de direitos difusos pelo sindicato, 
entendemos estarem incluídos dentro do sentido lato da expressão inte-
resses coletivos”. E exemplifica dizendo que nada obsta que os sindicatos 
defendam o meio ambiente do trabalho, onde estariam presentes inte-
resses difusos. 
Embora se respeite a posição do autor, no caso de agressão ao meio 
ambiente do trabalho, entende-se que só será difusa a lesão se houver 
extrapolação de suas consequênciaspara o meio ambiente natural e/ou 
para pessoas estranhas ao ambiente de trabalho. Não se reputa correto 
afirmar que a constatação de insalubridade no âmbito de um estabele-
cimento empresarial possa ser qualificada como lesão a direito difuso, 
pois normalmente seus efeitos maléficos ficarão adstritos às pessoas que 
ali laboram. Entende-se, portanto, que esse tipo de agressão melhor se 
caracteriza como lesão a direito coletivo stricto sensu. 
Fiorillo (1995, p. 23), em sua obra pioneira, afirma que a verdadei-
ra concepção dos sindicatos não pode envolvê-lo em uma “camisa de 
força”, destinada a resolver questões de índole única e exclusivamente 
laboral. O autor (FIORILLO, 1995, p. 103) pontua que os sindicatos têm 
perfil de “órgão aglutinador de interesses não só de trabalhadores de 
uma determinada categoria como de órgão representativo dos anseios 
de toda a sociedade civil” e salienta não haver incompatibilidade entre a 
atuação sindical e a defesa de interesses difusos. 
Por fim, para Fiorillo (1989, apud SANTOS, 2014, p. 271), por se-
rem os sindicatos, em sua conformação, verdadeiras associações civis, 
“bastar-lhes-ia adequarem seus estatutos ao que dispõem os incisos I e 
II do art. 5o da Lei 7347/85, para adquirir aptidão para tutelar interesses 
difusos, como eventuais danos causados ao meio ambiente, ao consu-
midor, a bens e direitos de valor artístico, à saúde dos trabalhadores e 
outros estabelecidos em lei”. 
Melo (2002, apud SANTOS, 2014, p. 272) atribui aos sindicatos a 
legitimidade presumida para a defesa dos direitos coletivos stricto sen-
su e individuais homogêneos, uma vez que, por força do artigo 8o, III, 
da CF, essas prerrogativas estão em pertinência direta com sua função 
294 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
institucional. No entanto, para a defesa dos direitos difusos, o Procura-
dor do Trabalho reputa necessária a expressa previsão nos estatutos da 
entidade. Segundo seu entendimento, pode o sindicato, em determina-
das hipóteses, defender direitos difusos, mas não como fim imediato 
de sua ação. Exemplifica com o ajuizamento de ação civil pública para 
a implantação de portas eletrônicas em agência bancária visando à pro-
teção dos trabalhadores da categoria. Nesse caso, a tutela obtida abran-
gerá, além dos próprios trabalhadores, todas as pessoas que têm acesso 
à agência bancária. Aduz que a própria natureza do direito implica a 
extrapolação dos limites subjetivos da categoria, atingindo, de forma re-
flexa, todas as pessoas que tenham acesso à agência.
Interessante o estudo realizado por Santos (2014, p. 271) sobre a 
atuação dos sindicatos nas ações coletivas, trabalho em que o autor de-
monstra uma visão progressista da atuação dos sindicatos. Assinala que 
a previsão de que aos sindicatos cabe a defesa dos direitos e interesses 
coletivos e individuais da categoria, contida no artigo 8o, III, da CF, não 
importa restrição ou proibição de que essas entidades atuem na defesa 
de outros interesses, que não os referentes à categoria. “A circunstância 
de a lei dispor sobre a permissão de um fato não significa a proibição 
de todos os fatos que daqueles se distinguem” (SANTOS, 2014, p. 271).
Para o autor (SANTOS, 2014, p. 271), a “interpretação do art. 8o, III, 
da CF/88 de acordo com os valores da própria Carta Magna remete à 
ilação de que a expressão ‘interesses coletivos’ foi utilizada no sentido 
amplo, para designar a defesa de interesses transindividuais”. Assim, a 
locução direitos e interesses coletivos não se identifica com a descrição 
prevista no artigo 81, parágrafo único, II, do CDC – ou seja, com os 
direitos e interesses coletivos stricto sensu –, mas abrange todas as es-
pécies de direitos transindividuais, ou seja, os difusos, os coletivos e os 
individuais homogêneos. Assevera que compete aos sindicatos, 
sem abandonar a inspiração pela luta em prol da melhoria das condi-
ções de trabalho e de vida dos trabalhadores, despirem-se do véu do 
conflito ideológico (capital/trabalho) para assumir a sua parcela de res-
ponsabilidade na defesa de interesses outros que nem sempre se interli-
gam diretamente com as relações de emprego, mas que dizem respeito 
àqueles que participam, participaram ou participarão do mercado de 
trabalho (SANTOS, 2014, p. 214).
Dessa forma, é necessário um novo enfoque na atuação das entida-
des sindicais, ampliando-se o espectro de bens tuteláveis para além das 
clássicas garantias trabalhistas. O autor (SANTOS, 2014, p. 213) aponta 
vários campos para os quais se deve voltar a atuação sindical, entre elas, 
a luta pela geração de emprego, que pressupõe relação de solidariedade 
295RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
entre os empregados e desempregados, trabalhadores informais etc.; a 
luta pela inserção de pessoas no mercado de trabalho, que impõe a rea-
lização de um trabalho que abranja as mais diversas categorias sociais, 
como os jovens, os trabalhadores com idade avançada, os portadores de 
deficiência, os negros etc.; a proscrição de condutas discriminatórias no 
trabalho; o combate às fraudes nas relações de trabalho (pseudocoope-
rativas, estágios irregulares etc.). Esses novos temas, que devem constar 
da pauta de atuação dos sindicatos, demonstram que a sua atuação não 
se restringe à defesa dos empregados integrantes da categoria, mas abar-
cam, em razão da própria abrangência dos direitos a serem tutelados, 
pessoas que não estejam inseridas em uma relação formal de emprego, 
tais como desempregados, aposentados, deficientes etc. Assim, a lesão a 
direitos metaindividuais importa, não raras vezes, em extrapolação do 
âmbito restrito dos trabalhadores ligados ao seu empregador, irradian-
do seus efeitos para além dos membros da categoria.
Reportando-se, ainda, aos contornos da categoria, instituto sobre o 
qual se funda o sistema da unicidade sindical, Santos (2014, p. 218) res-
salta que esse critério de agregação de pessoas “não se coaduna com a 
atuação sindical na tutela dos interesses transindividuais”. O autor não 
reputa necessária a modificação da legislação para possibilitar a atua-
ção dos sindicatos na tutela de interesses transindividuais, dado que os 
elementos presentes atualmente no ordenamento jurídico não somente 
permitem a tutela desses direitos pelos sindicatos, mas os fomentam. 
No entanto, aponta que “tal circunstância não elimina a necessidade de 
uma reformulação da legislação sindical, inclusive como forma de tor-
nar mais eficaz e célere essa tutela dos interesses transindividuais pelas 
entidades sindicais”.
De fato, a feição dos novos direitos sociais – v.g., a proibição de dis-
criminação no ambiente de trabalho, a inserção de trabalhadores jovens, 
idosos e/ou deficientes no mercado de trabalho, a proibição de contrata-
ção de servidores públicos sem concurso, entre outros –, autoriza uma 
interpretação ampliativa do conceito de categoria, para além daqueles 
trabalhadores diretamente ligados a um empregador. A concepção tra-
dicional de categoria não permite a adequada tutela dos direitos e in-
teresses metaindividuais pelas entidades sindicais, razão pela qual seu 
espectro deve ser redimensionado, para abarcar pessoas que não estão 
diretamente vinculadas a um empregador.
Com base nesses apontamentos, pode-se inferir que os direitos me-
taindividuais, sobretudo os difusos, só poderão ser suficientemente tu-
telados com a expansão da atual dimensão de categoria, a adoção de um 
novo conceito, mais afeito à tutela coletiva e à atuação sindical: o con-
ceito de metacategoria. Dessa forma, não haveria paradoxo algum em se 
296 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
afirmar a possibilidade de defesa de direito difuso pelos sindicatos, uma 
vez que estes não ficariam adstritos aos membros da categoria, mas po-
deriam alcançar pessoas cujos direitos não se enquadram perfeitamente 
na noção de categoria.
SANTOS (2014, p. 219), nessa linha de pensamento, salienta que 
a idéia de categoria não implica o desprovimentodos sindicatos de po-
deres para atuar em seara que extrapole os lindes daquele. Como visto, o 
conceito de categoria é uma construção artificial [...]. Ao atuar na defesa 
de interesses transindividuais – difuso, coletivos e individuais homogê-
neos –, a ação sindical não se orienta pelos limites impostos pela noção 
de categoria, tendo em vista que esses interesses possuem um campo de 
irradiação que não se limita a esferas e círculos previamente delineados.
Esse autor, contudo, entende não haver paradoxo entre a concep-
ção de direitos transindividuais e o vocábulo “categoria”, como se verá 
adiante. Afirma também (SANTOS, p. 277) que, no domínio dos direi-
tos transindividuais, a delimitação do âmbito de atuação sindical não 
se afere pela noção de categoria, mas sim pela da pertinência temática 
– socioeconômica e profissional – do sindicato com o ramo de atividade 
econômica em que atua. Exemplifica asseverando que o sindicato de 
uma determinada atividade profissional (têxtil, v.g.) estará legitimado a 
defender interesses difusos, coletivos e individuais de todos os trabalha-
dores atuantes nessa atividade econômica, ainda que os efeitos dessa sua 
atuação venham a se projetar sobre outras pessoas da sociedade.
Desse modo, o correto entendimento da legitimação dos sindicatos 
em matéria de direitos coletivos parece incluir os seguintes pontos: a) 
os direitos coletivos mencionados no artigo 8o, III, da CF, devem ser 
interpretados extensivamente, para abrigar direitos coletivos lato sensu 
(difusos, coletivos propriamente ditos e individuais homogêneos); b) a 
definição do âmbito da tutela proferida em ações coletivas movidas pe-
los sindicatos guardará estreita correspondência com o direito tutelado, 
não se restringindo, no caso de direitos difusos, aos membros efetivos 
da categoria, podendo alcançar pessoas que não se encontram nela in-
cluídas; c) é o conceito de pertinência temática e não o de categoria que 
deve servir como critério para aferição da legitimação dos sindicatos 
em matéria de tutela de direitos transindividuais, sob pena de indevida 
restrição de sua atuação, pois seriam alijados da defesa de interesses que 
perpassam a noção de categoria. 
Ressalte-se, por fim que, na lição de Santos (2014, p. 278), não há 
paradoxo algum entre a interpretação extensiva da expressão “coletivos” 
constante no texto do artigo 8o, III, da CF e a referência à categoria. Para 
ele, ao “reportar-se a interesses coletivos lato sensu da categoria, o legis-
297RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
lador nos fornece a base para a determinação da legitimação das entida-
des sindicais em matéria de interesses transindividuais, na sua esfera de 
atuação primária”. O autor (SANTOS, 2014, p. 278) ainda pontifica que 
o vocábulo “categoria” não limita a atuação sindical apenas à defesa dos 
membros da categoria, mas determina uma baliza para a atuação das 
entidades sindicais na defesa dos interesses coletivos em sentido amplo. 
Assim se expressa o autor (SANTOS, 2014, 278): 
Deve haver uma adequação entre a atividade da empresa e a represen-
tação do sindicato, o que equivale a dizer que determinado sindicato 
profissional estará legitimado a atuar em face de empresa pertencente à 
categoria econômica correspondente à respectiva categoria profissional 
por ele representada.
De fato, só essa interpretação permite conferir coerência a afirma-
ções como as de Mazzilli (2007, p. 302), para quem as entidades sindi-
cais “detêm hoje legitimação para a defesa judicial não só dos interesses 
individuais, mas dos interesses coletivos, em sentido lato, de toda a cate-
goria”. Uma análise menos acurada conduziria a se reputar como ambí-
gua ou paradoxal essa afirmativa, uma vez que, se o direito é difuso, não 
poderia ser limitado à categoria, a qual tem contornos limitados a um 
grupo de pessoas ligadas por afinidades econômicas ou profissionais. 
Portanto, de forma primária, a atuação dos sindicatos deve voltar-se 
para a defesa da categoria, o que não significa dizer que deva restringir-
-se a ela. 
Essas considerações permitem inferir que a noção de categoria atua 
como uma condição necessária para a admissibilidade das demandas 
coletivas, uma vez que se afigura inadmissível a propositura de ação co-
letiva que não objetive proporcionar-lhe alguma utilidade, seja de for-
ma direta, indireta ou conexa. É necessário, também, que a providência 
judicial pleiteada esteja inserida nos fins institucionais da entidade sin-
dical.
Assim, reputa-se que carece de ação sindicato que ajuíze ação cole-
tiva para, por exemplo, proibir a importação de determinado equipa-
mento de proteção individual que cause agravos à saúde dos trabalha-
dores, quando o equipamento cuja importação se quer ver proibida não 
é sabidamente utilizado por membros da categoria. Dessa forma, ainda 
que a medida pleiteada – proibição de importação ou comercialização 
de equipamentos de proteção individual (EPI) – se insira no âmbito de 
direitos tuteláveis pela entidade sindical, o resultado da tutela concedida 
não trará nenhum benefício aos interesses primários da categoria.
Se a defesa dos direitos difusos é objeto de grande celeuma na dou-
trina, o mesmo não ocorre com relação à defesa dos direitos coletivos 
298 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
stricto sensu e individuais homogêneos. A defesa dos primeiros está na 
essência da atividade sindical, pois os sindicatos se constituem pela or-
ganização dos trabalhadores para a defesa desses direitos, que dizem 
respeito ao grupo de trabalhadores. A referência prevista no artigo 8o, 
III, da CF, evidencia que a atividade sindical deve voltar-se prioritaria-
mente à defesa desses direitos.
Mancuso (apud SANTOS, 2008, p. 257) salienta que as entidades 
sindicais são instituições previamente constituídas para a defesa de in-
teresses coletivos, pois 
o grau de agregação dos interesses coletivos, mais intenso do que em 
relação aos difusos, os transforma num gênero mais delineado e afetado 
a segmentos e categorias sociais bem definidas, como o interesse dos 
metalúrgicos, dos têxteis etc. [...] e determinam a sua representação por 
essas espécies de instituições.
Os direitos individuais homogêneos de há muito encontram previ-
são expressa no ordenamento jurídico-trabalhista. Os artigos 872 e 195, 
§ 2o, ambos da CLT, permitem a atuação do sindicato como substituto 
processual da categoria, nas demandas que objetivem, respectivamente, 
o cumprimento de sentença normativa e o pleito de pagamento de adi-
cional de insalubridade. A Lei no 8.036/1990, em seu artigo 25, dispõe 
que poderá o próprio trabalhador, seus dependentes e sucessores, ou 
ainda o sindicato a que estiver vinculado, acionar diretamente a empre-
sa por intermédio da Justiça do Trabalho, para compeli-la a efetuar os 
depósitos das importâncias devidas nos termos daquela lei.
Santos (2014, p. 267) afirma que mesmo a doutrina mais conserva-
dora admite a legitimação dos sindicatos para a defesa dos interesses 
individuais homogêneos, os quais estão abrangidos quer no vocábulo 
“coletivos” – para os que admitem uma interpretação extensiva –, quer 
no termo “individuais” – para aqueles que sustentam uma interpretação 
restritiva do dispositivo constitucional.
Algumas palavras são necessárias para expressar a posição do Tribu-
nal Superior do Trabalho (TST) sobre a legitimação dos sindicatos para 
atuar como substituto processual da categoria. O TST mantinha posição 
restritiva da possibilidade de atuação dos sindicatos como substituto pro-
cessual, conforme o enunciado na já revogada Súmula no 310. Em resu-
mo, o TST assentava que o artigo 8o, III, da CF não assegurava a substitui-
ção processual pelo sindicato. O item V da referida Súmula dispunha que 
“em qualquer ação proposta pelo sindicato como substituto processual 
todos os substituídos serão individualizados na petição inicial e, para iní-
cio da execução, devidamente identificados, pelo número da Carteira de 
Trabalho e PrevidênciaSocial ou de qualquer documento de identidade”.
299RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
A doutrina insurgiu-se contra essa orientação do TST. Mazzilli 
(2007, p. 303), comentando aquele item V, afirmava tratar-se de exi-
gência descabida, “tanto que a Súmula 310 foi revogada, embora com 
tardança”. De fato, por meio da Resolução no 119, de 1o/10/2003, o TST 
revogou aquela Súmula, o que permite ao Judiciário trabalhista maior 
liberdade para deliberar sobre os casos em que as entidades sindicais in-
gressam em juízo com ações de interesse das suas respectivas categorias.
Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal, em 12/6/2006, anali-
sando o Recurso Extraordinário no 193.503-1-São Paulo, em acórdão 
relatado pelo Min. Joaquim Barbosa, deixou assentado que o “artigo 8o, 
III, da Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos 
sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou 
individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa legiti-
mação extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução 
dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hi-
pótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização 
dos substituídos”.
Essa evolução do entendimento jurisprudencial das mais altas cortes 
do País sobre a defesa coletiva produzida pelos sindicatos em matéria de 
direitos coletivos sintoniza-se com as vozes dos doutrinadores, no sen-
tido de propiciar um amplo acesso à Justiça, prestigiando a participação 
dos chamados corpos intermediários na solução de conflitos que digam 
respeito à sociedade como um todo ou aos grupos, classes ou catego-
rias de pessoas. Comentando aquela decisão proferida pelo STF, Mello 
(2008, p. 143) assim se manifesta:
Trata-se de decisão de grande significado para a efetivação dos direi-
tos fundamentais dos trabalhadores, que agora passam a ter assegurado 
o seu pleno acesso à justiça, por intermédio da proteção sindical. Nas 
palavras textuais pronunciadas pelo Ministro Sepúlveda Pertence, a de-
cisão promove a “reação à sina histórica da Justiça do Trabalho de ser a 
justiça dos desempregados”. 
4. O quadro atual de atuação das associações e sindicatos 
no âmbito coletivo
Caracterizada a legitimidade de associações civis e sindicatos para 
a propositura das ações coletivas, apresenta-se, com base nas obras 
doutrinárias estudadas, o quadro demonstrativo da atuação destas en-
tidades; salienta-se, de antemão, que o resultado não reflete a expansão 
quantitativa desses entes nos últimos anos.
300 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
Mancuso (2002, p. 108-109) ressalta que as estatísticas relevam ab-
soluta superioridade do número de ações propostas pelo Ministério Pú-
blico em relação àquelas ajuizadas pelos demais colegitimados. O autor 
leciona:
Antonio Augusto Mello de Camargo Ferraz observa que “não deixa de 
preocupar a larga preponderância dessa instituição quando se trata de 
atuação em defesa de interesses difusos (com certeza é ela responsá-
vel pela atuação em mais de 90% dos casos). Preocupa, pois esse é um 
sintoma claro da fragilidade de nossa democracia, na medida em que 
revela o grau ainda incipiente de organização da chamada ‘sociedade ci-
vil’, a grave crise nacional da educação, a baixa consciência dos cidadãos 
quanto aos seus direitos mais elementares, o sentimento generalizado 
de impotência diante da impunidade”.
Mello (2008, p. 142), ao analisar a participação dos sindicatos na 
propositura de ações civis públicas, afirma que, por várias razões, dentre 
elas o desconhecimento do instituto e o receio da ilegitimidade, pouca 
era a atuação destas entidades. Todavia, acentua que na atualidade tem 
havido mudanças em relação à melhor acolhida do instituto pelos juízes 
do trabalho e, consequentemente, ao número de ações ajuizadas pelos 
sindicatos.
Com efeito, embora se verifique que os chamados corpos intermedi-
ários tenham gradativamente ganhado espaço na sociedade, sua partici-
pação efetiva na tutela dos interesses transindividuais ainda se encontra 
em estágio aquém do desejável, cabendo a todos, como partícipes da 
denominada sociedade participativa e plural, estimular a ação dessas 
entidades, na medida das possibilidades de cada um.
5. Conclusão
Conclui-se este trabalho com a convicção de que o sistema coleti-
vo vigente não descurou da tendência mundial de oferecer à sociedade 
e aos grupos sociais, como representantes de parte dela, mecanismos 
aptos à defesa dos chamados direitos transindividuais. A legitimação 
concedida às associações civis, nelas incluídos os sindicatos, amplia o 
potencial de defesa desses direitos, haja vista que possibilita a proteção 
de interesses que, se fossem esperar a iniciativa de indivíduos isolada-
mente considerados, certamente ficariam sem a devida proteção e/ou 
reparação.
Deve nortear a inteligência dos operadores do direito coletivo, com 
vistas a potencializar o acesso à justiça, uma exegese extensiva, em con-
301RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
sonância com a realidade social, que permita a expansão dos direitos 
coletivos lato sensu e sua efetiva proteção, 
Dos chamados corpos intermediários, aguarda-se uma adequada es-
truturação e uma crescente busca de aprimoramento na tutela dos direi-
tos coletivos lato sensu. 
Sobre o autor
Evair de Jesus Zago é mestre em Direito Coletivo, Cidadania e Função Social pela 
Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), Ribeirão Preto, SP, Brasil; professor de Direito 
do Trabalho no Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro Victório Cardassi 
(IMESB-VC), Bebedouro, SP, Brasil; auditor-fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho 
e Emprego, Barretos, SP, Brasil. 
Email: evairzago@gmail.com
Título, resumo e palavras-chave em inglês1
JUDICIAL COLLECTIVE PROTECTION MADE EFFECTIVE BY LABOR UNION 
AND CIVIL ASSOCIATIONS
GENERAL CONSIDERATIONS
ABSTRACT: This article has for objective to present an analysis on the forms of 
performance of the called intermediate bodies in the collective process. Objective, to the 
light of the law rank, the doctrine and the jurisprudence, to classify the metaindividuals 
right calls, to present the forms of performance of the unions and civil associations in 
the promotion of the guardianship of these rights, good thus to identify the controversial 
points of the performance of these beings in the collective plan.
KEYWORDS: COLLECTIVE RIGHTS. CIVIL ASSOCIATIONS. LABOR UNIONS.
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de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, 25 jul. 1985.
1 Sem revisão do editor.
302 RIL Brasília a. 53 n. 209 jan./mar. 2016 p. 277-302
_______.  Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.  Brasília: Senado 
Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1988.
_______. Lei no  8.036, de  11  de  maio  de 1990.  Dispõe sobre o Fundo de Garantia do 
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