no campo da administração tem merecido inúmeras, distintas e complementares formas de classificações, cada qual retratando um modo de olhar e compreender este ente complexo e muito presente na vida associada. O conhecimento dos diferentes tipos de organização e estrutura organizacional é relevante para o administrador, na medida em que sua atuação profissional ocorre predominantemente no ambiente organizacional e de suas interfaces com entes assemelhados (fornecedores, concorrentes, agências de regulação, entes governamentais, entidades do terceiro setor e clientes em geral). Nesse contexto, o capítulo apresentará os conceitos e as características das organizações, os ambientes, as estruturas organizacionais. E, além disso, o capítulo irá fornecer as bases conceituais para avançarmos em direção ao entendimento da dinâmica que envolve as organizações no agronegócio. Um bom estudo a todos e todas! Conceitos e Características das Organizações Quando pensamos em organizações, de qualquer tipo (veremos na sequência), parece difícil imaginar atividades que não estejam interligadas 12 Gestão do Agronegócio I na forma de construir relações sociais e de produção. As organizações estão presentes no nosso dia a dia e nos diferentes setores, uma vez que “afetam fortemente cada aspecto da existência humana – nascimento, crescimento, desenvolvimento, educação, trabalho, relacionamento social, saúde, e até mesmo a morte” (SILVA, 2013, p. 43). Por exemplo, podemos pensar nos irmãos McDonald (Dick e Mac). Eles começaram um negócio simples, empregando princípios comuns da administração, mas com um produto que possui raízes na agropecuária, como o trigo, o suíno e o bovino. Como tal, sua história é, certamente, uma história de negócios. Mas o mais importante, é uma história do agronegócio. Entre a produção da matéria- prima até a empresa dos irmãos Dick e Mac, há inúmeras organizações, algumas pertencentes ao mesmo tipo (veremos os tipos nos quadros 2 e 3). Você pode não ter percebido, mas por trás desse pequeno exemplo há inúmeros elementos que serão vistos ao longo do capítulo e nos demais capítulos. Aqui, porém, focaremos nas organizações. Ao se estudar organizações é necessário fazer delimitações, selecionando e priorizando características e dimensões que determinam a complexidade do contexto organizacional (SCHULTZ, 2016). McDonald’s Corporation é a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food de hambúrguer, com sede nos Estados Unidos. Quadro 1 – Definições de organizações Autores Definição Morgan (1996, p. 24) Organização, organon em grego, quer dizer “ferramenta ou instrumento”. Stoner e Free- man (1985, p. 4) “Duas ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcan- çar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos”. Silva (2013, p. 43) As organizações são identificadas como possuindo quatro elementos principais: “pessoas, divisão do trabalho, limites de atuação e objetivos”. Mas, antes disso, você deve estar se perguntando: O que é uma organi- zação? Por possuir dimensões concreta e abstrata (ou tangíveis e intangíveis), as organizações podem ter muitos significados ao mesmo tempo, dependendo da perspectiva de análise. Desta forma, o Quadro 1 apresenta algumas definições de organizações. 13 Introdução às Organizações Capítulo 1 Jones (2010, p. 7) “[...] é uma ferramenta que as pessoas usam para coordenar suas ações e obter alguma coisa que desejam ou valorizam”. Daft (2014, p. 12) As organizações, de qualquer tipo, grandes ou pequenas, públicas ou priva- das, possuem algumas características em comum: são “entidades sociais”; são “orientadas por metas”; são “projetadas como sistemas de atividade deliberada- mente estruturados e coordenados”; são “ligadas ao ambiente externo”. Simon (1965, p. 17) Organização é muito mais do que somente organogramas e um conjunto de cargos gerenciais, e pode ser pensada como “uma casa a ser habitada por seres humanos” ou um “complexo sistema de comunicações e inter-relações existentes num grupamento humano”. A organização pode ser considerada, portanto, como um “sistema de papéis” que proporciona aos membros deste sistema tomar decisões. Caravantes (1998, p. 26) Uma organização é “um sistema de atividades pessoais ou forças conscien- temente coordenadas”. Caravantes (1998, p. 27) “Uma organização é um grupo humano, composto por especialistas que tra- balham em conjunto em uma atividade comum”. Chanlat (1996, p. 40) Organização é um “subsistema estrutural e material” e um “subsistema simbó- lico”. O primeiro está relacionado à função produção e segundo as represen- tações individuais, sendo o poder a forma utilizada para mediar as relações entre estes dois subsistemas e com isso gerar o que o autor chama de “ordem organizacional”. Parsons (1967, p. 44) A definição de organização está condicionada primeiramente à existência de uma “meta específica”, o que diferencia este sistema de outros sistemas so- ciais. Entretanto, para ser definida como um sistema social, uma organização deve possuir uma “estrutura descritível”, em duas dimensões: a “cultural e institucional” como “padrão de valores” do sistema; e os “papéis” dos grupos e indivíduos no funcionamento da organização. Sandroni (1994, p. 248) “Conjunto de relações de ordem estrutural (direção, planejamento, operação e controle). [...] Consiste num sistema por meio do qual os desempenhos pessoais são operacionalizados e coordenados”. Merton (1967, p. 57) Uma organização é uma “estrutura social racionalmente organizada”, também definida como uma organização formal ou burocrática. Pagliuso, Car- doso e Spiegel (2010, p. 27) Organizações são “constructos sociais” em que são importantes as insta- lações físicas, as relações interpessoais, a natureza humana e as relações externas. O autor ressalta a importância da cultura (valores, crenças e regras de conduta) na organização, o que a caracteriza como “organismo vivo”, “con- textualizado”, “sistêmico”, “complexo” e como “seres que aprendem”. Fonte: Adaptado de Schultz (2016). 14 Gestão do Agronegócio I É possível perceber que o termo “Organização” tem sido utilizado em uma série de maneiras. Mas, de um modo geral, como descrito por Cunha et al. (2007), é utilizado em quatro sentidos diferentes, como um: i) processo; ii) estrutura de relacionamento; iii) grupo de pessoas; iv) sistema. • Organização como um processo: a organização é tratada como um processo dinâmico (que se modifica continuamente). É uma atividade gerencial que é essencial para o planejamento dos recursos da empresa. • Organização como um quadro de relacionamento: refere-se à estrutura de relacionamentos. Essa abordagem focaliza o relacionamento dos grupos entre si e as estruturas nas quais são desempenhados papéis como vendas e produção, ou seja, o grau de centralização ou descentralização e o “clima” dos valores e expectativas e objetivos das organizações, algo a que ocasionalmente nos referimos como o “caráter” das organizações. • Organização como um grupo de pessoas: a organização é, por vezes, vista como um grupo de pessoas que contribuem com os seus esforços para atingir certas metas. Essa abordagem prioriza a análise com grupos de pessoas que exercem suas atividades em conjunto e de organizações com níveis maiores de complexidade. Essa divisão, por vezes, se sobrepõe à abordagem anterior, pois também é analisado o relacionamento entre pessoas. • Organização como um sistema: a organização é vista como um sistema. Esse sistema reconhece que as organizações são compostas por “componentes” e que cada qual tem propriedades únicas, capacidades e relacionamento mútuo. O elemento constituinte de um sistema está ligado entre si de forma tão complexa que as ações tomadas por um, por exemplo, têm grande alcance e efeito sobre os outros. Sistema é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo