Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2018 Bioética e Direitos Humanos Prof.ª Paula Dittrich Correa Prof.ª Raquel Riffel Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.ª Paula Dittrich Correa Prof.ª Raquel Riffel Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 174.9574 C824b Correa, Paula Dittrich Bioética e direitos humanos / Paula Dittrich Correa; Raquel Riffel. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 177 p. : il. ISBN 978-85-515-0141-2 1.Bioética. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresentação Para que você, acadêmico, possa ampliar seus conhecimentos, vamos iniciar nossos estudos sobre Bioética e Direitos Humanos. O conteúdo deste livro, bem como as orientações, contribuirá positivamente em relação ao direcionamento do processo ensino e aprendizagem. A elaboração deste Livro de Estudos tem como finalidade direcionar você a ordenar os conteúdos e aspectos teóricos que auxiliarão no desenvolvimento global do seu estudo, agregando conhecimento e possibilitando, no final do curso, sua inserção no mercado de trabalho, através do seu mérito e dedicação. Os assuntos pertinentes a esta disciplina não serão esgotados, porém, caberá ao acadêmico contribuir através do seu interesse e esforço, a fim de assimilar o conteúdo aqui apresentado. Assim, convidamos você a conhecer brevemente cada unidade que será abordada neste Livro de Estudos. Na Unidade 1, você compreenderá os aspectos relacionados à bioética, ética, moral e como esses assuntos se relacionam no contexto atual da vida do ser humano, conhecerá também os problemas éticos que decorrem dos avanços científicos na área da biologia e da medicina. Na Unidade 2, você estudará a bioética, que envolve os direitos humanos presentes no nosso dia a dia, também assimilará as declarações e pactos em favor dos direitos humanos, em prol da igualdade entre as pessoas e o reconhecimento dos direitos do homem. Na Unidade 3, você estudará o tema Justiça social e sua relação com os conflitos sociais e direitos humanos, além de teorias contemporâneas, como a diversidade, a justiça social e a cidadania. Nesse contexto delineamos os assuntos importantes a serem conhecidos e, dessa forma, convidamos você para se inteirar e assimilar este conhecimento. Prof.ª Paula Dittrich Correa Prof.ª Raquel Riffel IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1: QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO............... 1 TÓPICO 1: A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA............................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 BIOÉTICA .............................................................................................................................................. 3 2.1 ORIGEM ........................................................................................................................................... 4 2.2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................................... 5 2.3 PRINCÍPIOS .................................................................................................................................... 7 3 BIOÉTICA E RESPEITO À PESSOA HUMANA ........................................................................... 8 4 ÉTICA ...................................................................................................................................................... 9 4.1 CONCEITO ....................................................................................................................................... 10 4.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL .......................................................................................... 12 4.3 ÉTICA PROFISSIONAL .................................................................................................................. 13 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21 TÓPICO 2: BIOÉTICA E A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ......................................................... 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23 2 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA ........................................................... 23 2.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL ....................................................................................................... 25 2.2 FECUNDAÇÃO IN VITRO ............................................................................................................. 25 2.3 TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE GAMETAS ............................................................... 27 3 IMPLICAÇÕES LEGAIS ..................................................................................................................... 29 3.1 PROTEÇÃO JURÍDICA DO EMBRIÃO HUMANO .................................................................. 29 3.2 POSICIONAMENTO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FRENTE ÀS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA ...................................................................................... 31 3.3 PROJETOS DE LEI ........................................................................................................................... 34 4 PROBLEMAS SOCIAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS REPRODUTIVAS ..................................................................................................................................... 35 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 38 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39 TÓPICO 3: BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA ................................................................ 41 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41 2 GENÉTICA COMO NOVA FRONTEIRA DA BIOÉTICA ........................................................... 41 3 CLONAGEM HUMANA ..................................................................................................................... 44 3.1 CLONAGEM REPRODUTIVA ...................................................................................................... 45 3.2 CLONAGEM TERAPÊUTICA ....................................................................................................... 46 4 HISTÓRIA DA OVELHA DOLLY ..................................................................................................... 46 5 CÉLULAS-TRONCO ............................................................................................................................ 48 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52 sumário VIII UNIDADE 2: INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS .............................................................. 53 TÓPICO1: BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................... 55 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55 2 DIREITOS HUMANOS ....................................................................................................................... 55 2.1 CONCEITO ....................................................................................................................................... 56 2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................................................. 57 2.3 CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 62 3 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................................... 63 3.1 DIREITOS HUMANOS DE 1ª GERAÇÃO .................................................................................. 64 3.2 DIREITOS HUMANOS DE 2ª GERAÇÃO ................................................................................... 64 3.3 DIREITOS HUMANOS DE 3ª GERAÇÃO ................................................................................ 65 3.4 DIREITOS HUMANOS DE 4ª E 5ª GERAÇÃO ....................................................................... 67 4 PACTOS E DECLARAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 68 4.1 PACTO DE SAN JOSE DA COSTA RICA .................................................................................... 68 4.2 PROTOCOLO DE SAN SALVADOR ............................................................................................ 71 4.3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................... 72 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 TÓPICO 2: BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO ............... 77 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77 2 POBREZA E QUESTÕES SOCIAIS DA BIOÉTICA...................................................................... 78 3 BIOÉTICA E BIODIREITO ................................................................................................................. 81 3.1 CONCEITO DE BIODIREITO ........................................................................................................ 83 3.2 PRINCÍPIOS DE BIODIREITO...................................................................................................... 87 4 A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................... 90 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 94 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95 TÓPICO 3: AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS ................................................................. 97 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97 2 O DIREITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ................................................................ 97 3 COLISÃO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA .............................................................................................................................................. 98 3.1 CONCEITO DE DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ........................................................... 99 3.2 DIREITO À VIDA ..........................................................................................................................100 3.3 RECUSA DE TRANSFUSÃO DE SANGUE ...............................................................................101 3.4 EUTANÁSIA ...................................................................................................................................102 4 AVANÇOS TECNOLÓGICOS E O IMPACTO NA EXCLUSÃO SOCIAL .............................104 4.1 DIREITO À ADEQUAÇÃO DE SEXO ........................................................................................104 4.2 CONTROVÉRSIAS NA QUESTÃO DA HOMOSSEXUALIDADE ....................................................107 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109 RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112 UNIDADE 3: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL ........................................................113 TÓPICO 1: BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS .............115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 IX 2 JUSTIÇA SOCIAL ..............................................................................................................................116 2.1 CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL .............................................................................................116 2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL ......................................120 2.3 BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL ..................................................................................................123 RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 126 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 TÓPICO 2: BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS ......................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 CIDADANIA .......................................................................................................................................129 2.1 CONCEITO DE CIDADANIA .....................................................................................................1302.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE CIDADANIA ............................................................................131 2.3 CIDADANIA NO DIREITO BRASILEIRO ................................................................................135 2.4 BIOÉTICA E CIDADANIA .........................................................................................................142 RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 146 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147 TÓPICO 3: BIOÉTICA E DIVERSIDADE CULTURAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂ- NEOS ...................................................................................................................................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 2 OS DIREITOS HUMANOS ..............................................................................................................149 3 DIVERSIDADE VERSUS DIVERSIDADE CULTURAL .............................................................154 3.1 DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL ................................................................................161 3.2 BIOÉTICA E DIVERSIDADE CULTURAL ...............................................................................163 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164 RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 169 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 171 X 1 UNIDADE 1 QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender conceitos básicos sobre bioética; • estudar os princípios da bioética; • compreender conceitos básicos de ética e moral; • diferenciar ética de moral; • conceituar ética profissional; • conhecer algumas técnicas de reprodução humana assistida; • entender as implicações legais relacionadas à reprodução humana assistida; • reconhecer a proteção jurídica do embrião humano; • conhecer alguns projetos de lei referentes às técnicas de reprodução huma- na assistida. Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que o ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados e, ao final de cada um deles, terá atividades que o ajudarão a assimilar os conhecimentos teóricos adquiridos. TÓPICO 1 – A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA TÓPICO 2 – BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA TÓPICO 3 – BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 1 INTRODUÇÃO Estudaremos, neste tópico, aspectos relacionados à bioética, ética, moral e como esses assuntos se relacionam no contexto atual da vida do ser humano, bem como, na atuação e conscientização do profissional diante da sua organização. O grande desenvolvimento na área das ciências biomédicas trouxe novas situações, as quais provocam indagações e um complexo número de problemas, tais como: pesquisas genéticas e a consequente possibilidade da interferência humana, técnicas de reprodução humana, clonagem humana, manipulação genética e direitos humanos relacionados a essas questões. Dessa forma, é necessário retomar as reflexões éticas sobre a vida humana, como resultado desses reflexos surgiu o termo “bioética”, que se refere aos problemas éticos que decorrem dos avanços científicos na área da biologia e da medicina. A partir de agora, estudaremos e compreenderemos a origem, conceitos, princípios da bioética, a relação da bioética com os direitos humanos, e teremos uma visão de como a ética e a moral estão relacionadas ao ser humano. Caro acadêmico! Neste tópico, nossa intenção é conduzir você ao conhecimento da bioética frente aos avanços científicos e problemas éticos vivenciados pelos profissionais da área da saúde. Aproveite essa bagagem de conhecimento para se inteirar e crescer na sua vida acadêmica e como futuro profissional. 2 BIOÉTICA Os avanços nas ciências biológicas e médicas e os problemas éticos gerados evidenciaram a necessidade do estabelecimento de limites para a atuação dos cientistas. Este processo se deu por meio de um estudo ético aplicado às ciências da vida, conhecida por bioética. Conforme Potter (apud CAMARGO, 2003), são necessários profissionais ligados às ciências da vida, para dizer o que se pode e se deve fazer para sobreviver e o que não se deve fazer, considerando que se espera a manutenção e melhoria da qualidade de vida nas próximas décadas. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 4 O destino do mundo depende da interação, preservação e extensão do conhecimento que possui um reduzido número de homens que, somente agora, começam a perceber o poder desproporcional que possuem e quão enorme é a tarefa a se realizar (CAMARGO, 2003). 2.1 ORIGEM Acadêmico! Você, certamente, já ouviu falar sobre a origem da vida, sobre as várias teorias que envolvem esse contexto. E sobre a origem da bioética, você tem conhecimento? Claro que normalmente a origem de determinado evento está atrelada a fatos que estão relacionados a algum período histórico, e se pensarmos, conseguimos entender que a Segunda Guerra Mundial está diretamente ligada a Hitler, que mudou a história da humanidade. Também podemos citar as experiências biomédicas do III Reich, realizadas nos campos de concentração nazistas, as dolorosas consequências das bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki ao fim da II Guerra e a perspectiva da inseminação artificial (in vitro) no curso da década de 1970 (HOGEMANN, 2003). Todos esses exemplos suscitaram preocupações de ordem mundial, cujos assuntos foram vinculados e ligados ao meio ambiente e as preocupações que nasceram com a aplicação dos resultados da biologia molecular. Conforme relata Hogemann (2003), as pesquisas médicas realizadas pelos nazistas nos campos de concentração ao longo da II Guerra Mundial, sem qualquer freio ético, configurando atrocidades inomináveis, levaram a comunidade científica mundial a produzir um documento por intermédio do Tribunal de Nuremberg (1946), que estabeleceu uma série de regras que vinculavam e estabeleciam limites concretos às pesquisas científicas que envolvessem seres humanos, a partir de uma visão ética, de respeito ao ser humano, visando limites éticos para as pesquisas e a aplicação biotecnológica dos novos descobrimentos nos seres humanos. Ao longo dos tempos, verificou-se uma evolução na história da humanidade, face a novas descobertas científicas mudando a vida das pessoas. Tal evolução teve seus aspectos positivos, mas também os negativos. Vários filmes e documentários tentaram retratar a realidade vivenciada por muitas pessoas que foram perseguidas no governo Hitler, que foi um retrocesso humano, inspirado no desprezo à pessoa, sem falar da utilização dos seres humanos como cobaias. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 5 As experimentações feitas pelo regime nazista da Alemanha e a consequente condenação, pelo Tribunal de Nuremberg, em 1947, de médicos considerados culpados de conduta contrária aos valores do humanitarismo, assentaram uma nova fase da bioética (CAMARGO, 2003). Prezado acadêmico! Você já deve ter ouvido que toda ação possui uma reação, não é mesmo? Dessa forma, vamos conhecer um pouco sobre a Declaração de Nuremberg,aprovada em 1946, que foi criada e aprovada após as atrocidades de Hitler. Essa declaração contém os seguintes objetivos, na visão de Drumond (2005): 1) é absolutamente necessário o consentimento voluntário do paciente na experimentação; 2) o experimento deve buscar resultados saudáveis à sociedade; 3) o experimento deve ser conduzido de tal forma que evite todo sofrimento ou injúria física e mental; 4) o grau de risco a ser corrido pelo paciente não deve exceder a importância do problema a ser resolvido pelo experimento; 5) o experimento só pode ser realizado por pessoal tecnicamente qualificado; 6) deverá haver suspensão da experiência a qualquer momento que possa colocar em risco sério a saúde do paciente. Mas você pensa que essa foi a única declaração que foi criada para preservar a dignidade da pessoa humana? Não, pois outra declaração apareceu, foi a Declaração de Helsinki, considerada um documento internacional de grande prestígio para a regulação da pesquisa em seres humanos, desde o Código de Nuremberg. Os significativos avanços do conhecimento científico desde a década de 1940 indicavam que a humanidade estava vivendo um mundo novo, marcado pela explosão científica e da inovação tecnológica que, consequentemente, marcavam a vulnerabilidade da natureza e do corpo humano (DRUMOND, 2005). Foi a partir dos avanços científicos que a bioética se impôs, como uma reação imediata, frente aos problemas que surgem, desde as atrocidades nazistas, até os recentes experimentos em manipulação genética. 2.2 DEFINIÇÃO Agora que conseguimos compreender a origem da bioética, vamos estudar a raiz da palavra, ou seja, seu significado. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 6 O prefixo da palavra bioética, que é bios, significa vida, e o sufixo, no grego ethos, significa costume, comportamento, ética, ou seja, vida e ética, sendo um neologismo que quer dizer ética da vida, adequação da realidade da vida com a da ética (CAMARGO, 2003). Você sabe quem foi Van Rensselaer Potter? Foi médico e biólogo que criou o termo bioética, estabelecendo uma ligação entre os valores éticos e os fatos biológicos. A bioética é considerada, em sua raiz, a ética nas ciências da vida, da saúde e do meio ambiente, porém implica, obrigatoriamente, diversos desdobramentos, todos eles imprescindíveis para a compreensão, para a prática e para a caracterização da bioética. (CAMARGO, 2003). Você pode questionar, para que saber tudo isso? Quando estudamos algum assunto, precisamos nos dedicar e mergulhar fundo no conhecimento, para conseguirmos fazer relação com os demais conteúdos e uni-los, com o objetivo de nos tornarmos experts na área de conhecimento. A bioética é, em sentido amplo, uma resposta da ética às novas situações decorrentes da ciência no âmbito da saúde, ocupando-se com problemas provocados pelas tecnociências biomédicas, que dizem respeito ao início e fim da vida humana. A bioética impõe limites às pesquisas realizadas em seres humanos, bem como às formas de eutanásia, distanásia, às técnicas de engenharia genética, às terapias gênicas, aos métodos de reprodução humana assistida, à eugenia, à mudança de sexo em caso de transexualidade, à esterilização compulsória, entre outros. Diniz (2008) acredita que, além desses itens, a bioética também contribui positivamente para evitar a degradação do meio ambiente, a destruição do equilíbrio ecológico e do uso de armas químicas. A bioética seria, então, um conjunto de reflexões filosóficas e morais sobre a vida em geral e sobre as práticas médicas em particular. Para tanto, abarcaria pesquisas multidisciplinares, envolvendo-se na área antropológica, filosófica, teológica, sociológica, genética, médica, biológica, psicológica, ecológica, jurídica, política, etc., para solucionar problemas individuais e coletivos derivados da biologia molecular, da embriologia, da engenharia genética, da medicina, da biotecnologia etc., decidindo sobre a vida, a morte, a saúde, a identidade ou a integridade física e psíquica, procurando analisar eticamente aqueles problemas, para que a biossegurança e o direito possam estabelecer limites à biotecnociência, impedir quaisquer abusos e proteger os direitos fundamentais das pessoas e das futuras gerações (DINIZ, 2008, p. 11-12). Dessa forma, nós podemos compreender que a bioética é uma forma de ética com regras, desencadeada por novos questionamentos e necessidades humanas que veio para auxiliar a ética tradicional, pois esta não consegue mais abarcar muitas questões, porque ficou limitada em um mundo ultrapassado. Ela não conseguiu ultrapassar as fronteiras da inovação biomédica e tecnológica. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 7 Acadêmico! Até aqui enfatizamos o motivo do surgimento da bioética, bem como seu conceito, e assim ficou fácil de entender que ela é considerada uma ciência que objetiva garantir a evolução da biotecnologia com segurança e respeito ao homem. Então, qual é a relação dessa nova ciência com o homem? Relação sólida de conduta compatível com a dignidade humana, em busca da moralidade com o modo de agir das pessoas, nas áreas da ciência da vida, sempre investigando o que é lícito ou tecnicamente possível. Assim, conseguirmos assegurar que a bioética abrange uma significativa gama de questões, que envolvem desde a procriação assistida, diagnósticos pré- implantação, clonagem e pesquisas com células-tronco embrionárias, clonagem terapêutica e clonagem reprodutiva, doação de órgãos, participação de seres humanos em protocolos de experimentação e em testes clínicos, terapias gênicas, sequenciamento genético e uso dos dados e até questões relacionadas com o fim da vida. Portanto, nos tempos atuais, a bioética tem lugar de destaque nos estudos relacionados à conduta, saúde e vida dos seres humanos, pois trata de abordar questões relacionadas à deontologia médica e tudo o que está relacionado com a vida e a saúde. 2.3 PRINCÍPIOS Você já tentou viver de uma maneira preguiçosa, baseada na mentira, sendo inútil e medíocre, para perceber quais são as consequências? Se pensarmos que podemos viver tudo isso ao contrário, ou seja, baseado nas verdades fundamentais, então encontramos o significado de princípios. Essa aplicação tem validade universal, pois serve tanto para pessoas, famílias, organizações públicas e privadas, e o que é muito importante relatar nesse pensamento é que independe de época ou situação. No início da década de 1980, a bioética começou a entrar em evidência, com as questões decorrentes de problemas de saúde, tanto com paciente, quanto com os profissionais de saúde, pois necessitava de imposição de limites, tanto para quem recebesse um tratamento, quanto para quem auxiliasse no tratamento. Destacamos que estava em evidência o princípio da autonomia, ou seja, aquele com o qual o ser humano (paciente) tem o direito de ser responsável por seus atos, de exercer seu direito de escolha (autodeterminação), respeitando-se sua vontade, valores e crenças, reconhecendo-se seu domínio pela própria vida e o respeito à sua intimidade (CAMARGO, 2003). UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 8 Esse princípio requer que o profissional da saúde respeite a vontade do paciente, ou de seu representante, levando em conta seus valores morais e crenças religiosas. Reconhecer o domínio do paciente sobre a própria vida (corpo e mente) e o respeito à sua intimidade, restringindo, com isso, a intromissão alheia no mundo daquele que está sendo submetido a um tratamento. A partir desse entendimento, é necessário que a pessoa responsável esteja no comando da saúde do paciente e decida por ele o que deve ser feito, mas, para isso, assinará um termo de consentimento, caso o paciente seja incompetente ou incapaz, respondendo integralmente por ele. Outro princípio que deve ser levado a sério é o da beneficência, que envolve o médico, no sentido de manter a integridadedo paciente, não efetuar tratamento que não esteja formalizado, bem como evitar qualquer dano à saúde de quem está doente. Na verdade, de forma mais clara, o profissional da saúde, em particular o médico, só pode usar o tratamento para beneficiar o paciente, conforme sua competência e juízo, e jamais para fazer o mal ou praticar a injustiça. Segundo Camargo (2003), esse princípio baseia-se na obrigatoriedade do profissional da saúde (médico) de promover, em primeiro lugar, o bem-estar do paciente, tendo a função de fazer o bem, passar confiança e evitar danos, tratamentos inúteis e desnecessários. O princípio da não maleficência é um desdobramento da beneficência, por conter a obrigação de não acarretar dano intencional (DINIZ, 2008). O princípio da justiça requer a imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios, no que atina à prática médica pelos profissionais da saúde, pois os iguais deverão ser tratados igualmente. Pode ser também postulado, através dos meios de comunicação, por terceiros ou instituições que defendem a vida ou por grupos de apoio à prevenção da AIDS, cujas atividades exercem influência na opinião pública, para que não haja discriminações (DINIZ, 2008). Este princípio impõe que, inobstante suas diferenças, as pessoas sejam tratadas de forma igualitária no exercício da medicina e nos resultados das pesquisas científicas. 3 BIOÉTICA E RESPEITO À PESSOA HUMANA Com o reconhecimento ao respeito à dignidade do ser humano, a bioética passa a ter um sentido humanista, estabelecendo um vínculo com a justiça. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 9 Os direitos humanos, decorrentes da condição humana e das necessidades fundamentais de toda pessoa, referem-se à preservação da integridade e da dignidade dos seres humanos e à plena realização de sua personalidade. A bioética anda junto com os direitos humanos, “não podendo, por isso, obstinar-se em não ver as tentativas da biologia molecular ou da biotecnociência de manterem injustiças contra a pessoa humana, sob a máscara modernizante de que buscam o processo científico em prol da humanidade” (DINIZ, 2008, p. 19). Se em algum lugar houver qualquer ato que não assegure a dignidade humana, ele deverá ser repudiado por contrariar as exigências ético-jurídicas dos direitos humanos. Desta forma, intervenções científicas sobre a pessoa humana que possam atingir sua vida e a integridade físico-mental deverão subordinar-se a preceitos éticos e não poderão contrariar os direitos humanos. As práticas da ciência da vida, que podem trazer enormes benefícios à humanidade, contêm riscos potenciais muito perigosos e imprevisíveis e, por tal razão, os profissionais da saúde devem estar atentos, para que não transponham os limites éticos impostos pelo respeito à pessoa humana (DINIZ, 2008). Diniz (2008) faz um destaque para a necessidade de que todos os seres humanos, em particular os médicos, os biólogos e os geneticistas, devem intensificar sua luta em prol do respeito à dignidade do ser humano, sem acomodações e com muita coragem, para que haja efetividade dos direitos humanos. Essa ideia é considerada uma conquista dos direitos humanos, reconhecida com respeito, liberdade e dignidade frente ao homem, perfazendo um caminho de conquistas dos valores humanos. 4 ÉTICA Na trajetória do homem, desde a época das cavernas, houve muitas lutas e conflitos, seja pela caça, pela posição de líder em grupos sociais, ou na criação de artefatos, equipamentos, repercutindo essa conduta nos dias atuais, pela disputa de cargos de alta hierarquia nas empresas, ou indústrias, mas visando os bons costumes, a convivência harmônica entre as pessoas, bem como para a sociedade, demonstrando o respeito pelos seus pares. A ética prima por uma conduta correta e digna, visando aos valores morais perante a sociedade. Você já pensou por que necessitamos estar ao lado da ética? Você já pensou que na maioria das vezes, agimos de acordo com padrões impostos pela sociedade, do que é bom e moral? Na verdade, a ética está intrínseca ao nosso caráter, pois está ligada à maneira digna de agir, ou seja, necessitamos demonstrar um comportamento adequado e correto. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 10 4.1 CONCEITO A ética sempre existiu na humanidade, intrinsecamente ou não, ela regula a atitude das pessoas, padroniza comportamentos e regula a maneira de agir dentro do convívio social. A ética foi conceituada por grandes filósofos, como Sócrates, Aristóteles, entre outros, foi discutida dentro da teologia por padres e pastores durante a Idade Média, até chegar aos conceitos atuais. O termo ética é de origem grega, que nos transporta ao conceito de ser, ao nosso caráter, a maneira de agir, de que forma nos comportamos, e está implicitamente relacionado às regras e aos códigos morais que dirigem a conduta humana. Nesse sentido, Srour (2005) corrobora que a ética se origina do grego ethos, que significa caráter do indivíduo, maneira de agir, pensar e de se comportar, ou seja, é utilizado para definir a forma como o homem age em determinadas circunstâncias, visando o bem-estar, com atitudes que conseguem distinguir o certo do errado, ponderando, dessa forma, suas atitudes. Para Lopes de Sá (2010, p. 15), a ética, em sentido amplo: É entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas. Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face de suas intenções e atuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da comunidade em que se insere. Srour (2005) também colaborou para o conceito de ética, mas sob o ponto de vista filosófico e científico, dessa forma, a ética filosófica visa difundir princípios válidos de boas condutas na vida em sociedade, e a ética científica tem o objetivo de qualificar o bem e o mal. A ética está ligada aos hábitos e valores demonstrados pela cultura de determinado povo, ou seja, está relacionada aos diversos valores morais que existem em várias culturas, e seu objetivo é demonstrar e informar as bases da moralidade e indicar o caminho e os princípios abstratos da moral. De acordo com Sá (2000), a ética é estudada sob dois aspectos: o primeiro diz respeito a uma ciência que estuda a conduta dos seres humanos, onde suas atitudes devam refletir sempre a favor dos homens; e o segundo, como ciência que busca os meios de conduta, que são convenientes aos objetivos do homem. Para Arruda (2002) a ética deve ser vista e analisada como um conjunto de valores associados ao comportamento do indivíduo, cujas normas são resultado da própria cultura de uma sociedade, se transformando em uma regra ética de atitude, opção e escolha. Dessa forma, o autor cita algumas condutas compatíveis com a ética, que podem ser exemplos de conduta para o indivíduo, como: TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 11 a) Não importa a situação ou o contexto no qual o indivíduo está enquadrado, mas a honestidade desse tomar o controle da situação. b) Mesmo que num determinado momento sua opinião seja diversa da de outras pessoas, é necessário ter coragem para se posicionar e assumir as decisões. c) Ter equilíbrio frente às controvérsias do cotidiano é importante, pois a opinião dos demais colegas pode não estar de acordo com a sua, mas o importante é ouvir e dialogar sem agressividade. d) Mesmo diante de tantos valores distorcidos da sociedade, é necessário ter integridade, para agir de acordo com os princípios éticos. e) A humildade também é um fator importante, pois reconhecer erros e corrigi-los é essencial para o desenvolvimento dos trabalhos, sendo um ponto importante para o sucesso do trabalho em equipe. Apesar dos vários conceitos trazidos para você, sobre ética, é importante termos a noção deque quando falamos em ética, ela não está longe de nós, muito pelo contrário, faz parte do nosso cotidiano, do nosso dia a dia. FIGURA 1– QUESTÃO DE ÉTICA FONTE: Disponível em: <https://empreendadentista.com.br/2016/04/19/ propaganda-irregular>. Acesso em: 10 ago. 2017. Nas últimas décadas, se ouviu falar muito sobre ética, acabou virando moda, todos acabam falando dela, admiram-na, mas muitos não querem fazer parte desta inspiração, não a incorporam nos seus hábitos, deixando de lado a noção do que é certo e do que é errado. Se pensarmos aonde podemos encontrar a ética, não é difícil de relacioná- la, pois ela surge na família, no trabalho, no lazer, na igreja, no círculo de amigos, ou seja, onde nós estamos, aí está a ética, para interagir conosco e proporcionar a busca do bem comum. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 12 4.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL É fácil confundir os conceitos de ética e moral, pois na maioria das vezes, eles são utilizados como sinônimos e acabam representando a mesma definição, entretanto, há uma diferença significativa, pois a ética está atrelada ao estudo da conduta humana em relação aos valores, já a moral está relacionada ao conjunto de normas baseadas nos costumes e na cultura de uma sociedade. Vamos exemplificar, a fim de que essa questão fique mais simples, imagine um médico que trabalha no pronto-socorro de um hospital e é surpreendido por um atropelamento de uma criança, que em meio a uma anamnese, ou seja, um exame físico, constata que é necessária uma transfusão de sangue para salvar essa vida. Acontece que a criança e seus pais, por questões religiosas, não permitem que o médico realize o procedimento. E agora? O que o médico deve fazer? Vamos analisar a situação. FIGURA 2 – CONTROVÉRSIAS NA TRANSFUSÃO DE SANGUE FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/ transfusao-de-sangue-riscos-e-beneficios>. Acesso em: 10 ago. 2017. O médico está diante de um grande conflito, no qual dois valores estão em questão: o religioso e o do juramento que o médico realizou ao se formar, quando se comprometeu em fazer todo o possível para salvar vidas. Acadêmico, você percebeu que esses dois valores estão ligados à moral? Nesse momento, o médico necessita avaliar esses valores e decidir qual é o mais importante, para tomar a atitude que acredita ser correta, avaliará racionalmente essas questões e se baseará nas experiências práticas já ocorridas. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 13 Nesse sentido, Vasquez (2006) corrobora com essa ideia, quando aduz que o comportamento prático-moral, que se encontra no meio social, faz com que o ser humano crie, a partir de determinados problemas, atitudes que o levem a um denominador comum e avalie as situações de uma maneira, a partir das experiências vividas, dentro da sociedade em que está inserido e das experiências e dos costumes de suas comunidades. Dessa forma, o homem é capaz de tomar decisões com o auxílio de normas ou regras de comportamento da sociedade ou no meio em que vive e, por meio delas, poderá adquirir a conduta correta para determinados conflitos. Assim, Alonso et al. (2008, p. 30) acreditam que “É nas escolhas de toda hora que nos defrontamos com a qualificação moral, com a opção entre o bem e o mal”. Segundo Vázquez (2006), de acordo com as exigências das condições nas quais as pessoas se organizam e estabelecem formas de relacionamento, seu comportamento moral varia, conforme o tempo e o lugar. Podemos pensar de uma maneira ampla e fazer um comparativo entre a civilização oriental e ocidental, pois enquanto na primeira as crianças podem matar pessoas em nome de “Alá”, a civilização ocidental não caracteriza como correto o homicídio, enquadrando em penalidade, sob forma de prisão perpétua (dependendo do país) ou em prisão por um determinado período de tempo. Com relação à ética, podemos dizer que ela tenta entender o comportamento humano e os motivos que geram determinadas condutas. Dessa forma, a ética é utilizada sob forma de avaliar o bem e o mal, ou seja, utilizar nossa liberdade com consciência e sabedoria em busca de caminhos corretos. Podemos encerrar este assunto da relação entre ética e moral com o conhecimento de Vásquez (2006), que diz que a ética é teórica e reflexiva, enquanto que a moral é apenas prática. Assim, uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. 4.3 ÉTICA PROFISSIONAL Podemos dizer que ética profissional é um conjunto de padrões que regem a conduta humana, relacionada à atividade que o homem desempenha profissionalmente, com respeito ao seu próximo, não arguindo fofocas, desentendimentos, picuinhas, agindo com honestidade, assiduidade, responsabilidade, pontualidade, transparência no desempenho de suas funções e respeito à hierarquia. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 14 Dessa forma, a ética envolve o relacionamento de profissionais, a fim de resgatar a dignidade humana e a construção do bem comum. Sá (2010) elenca uma relação de valores, os quais são essenciais à prática dos serviços profissionais, entre elas: abnegação, atitude, benevolência, coerência, disciplina, eloquência, fidelidade, gratidão, honestidade, idealismo, entre outras. Quando a honestidade e a benevolência são pioneiras no desempenho do ambiente de trabalho, é possível identificar o caráter do profissional, garantindo a extensão da ética para o benefício comum de todos. Assim, Medeiros e Hernandes (2004, p. 98) esclarecem que: A ética profissional é o conjunto de princípios que regem a conduta funcional de uma profissão. Princípios esses que são essenciais para atuação profissional. No entanto, é importante perceber o quanto esse conjunto de normas morais se faz necessário no desempenho profissional, pois é através dos preceitos éticos incorporados nas ações individuais de cada sujeito, que se pode avaliar a conduta profissional de cada indivíduo. Vamos prosseguir nesse assunto e contar uma história superinteressante de Platão, que se chama O Mito do Anel de Giges. Essa estória vai ilustrar uma pergunta que fazemos inicialmente: a ética é uma essência humana ou é uma convenção social? Giges era um pastor de ovelhas, a serviço do rei, que reinava na Lídia. Um certo dia, Giges estava no campo e de repente apareceu uma grande tempestade, com um terremoto, nesse momento o solo abriu como uma fenda e uma grande abertura se formou onde pastava seu rebanho. FIGURA 3 – FENDA FORMADA PELO TERREMOTO FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 ago. 2017. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 15 Admirado com o que viu, desceu pela abertura e, entre muitas maravilhas que avistava, viu um grande cavalo de bronze, oco, com portinhas, então passou a cabeça através de uma delas. FIGURA 4 – CAVALO DE BRONZE FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QqB-s0nvdUs>. Acesso em: 10 ago. 2017. Viu um homem que estava morto, cuja estatura ultrapassava a estatura humana. Esse morto estava nu, tinha somente um anel de ouro na mão. Giges o pegou e saiu da grande fenda, novamente para cuidar do seu rebanho. FIGURA 5 – CADÁVER COM ANEL DE GIGES FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 ago. 2017. Retornando posteriormente para se reunir com outros pastores de ovelhas, como era de costume, pois todos faziam um relatório mensal ao rei sobre o estado dos rebanhos, Giges foi à assembleia, levando no dedo o seu anel. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 16 FIGURA 6 – ANEL DE GIGES FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 ago. 2017. Tendo tomado o lugar entre os pastores, girou por acaso o anel, de tal modo que a pedra ficou do lado de dentro de sua mão, e imediatamente ele se tornou invisível para os seus colegas, falava-sedele como se tivesse partido, o que o encheu de espanto. Girando de novo o seu anel, virou a pedra para fora e imediatamente tornou a ficar visível. Atônito com o efeito, ele repetiu a experiência para ver se o anel realmente tinha esse poder, e constatou que, virando a pedra para dentro, tornava-se invisível e, para fora, visível. FIGURA 7 – PALÁCIO DO REI FONTE: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:PaestumItalien. jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 17 Tendo essa certeza, entrou no palácio, sequestrou a rainha, atacou e matou o rei, sendo que em seguida apoderou-se do trono real. FIGURA 8 – MORTE DO REI DA LÍDIA FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Le_Morte_d'Arthur#/media/ File:Edward_Burne-Jones.The_last_sleep_of_Arthur.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017. O que podemos extrair de proveito com essa estória de Platão? Podemos observar a moral e a ética, afinal de contas, quando você toma alguma atitude, o faz porque está agindo pelo que aprendeu que é justo? Ou está agindo porque alguém está observando você? Nós agimos de maneira certa ou errada, porque temos convicção quanto à nossa atitude? Nesse sentido, a ética é intrínseca ou extrínseca porque tem alguém observando? Você percebeu que o pastor de ovelhas pegou o anel do dedo do cadáver, pois ninguém estava observando? Além disso, quando ele constatou que conseguia ficar invisível diante de todos, articulou um plano para matar o rei e se apoderar do trono real. Será que se estivesse visível também colocaria seu plano em prática? Claro que não! No dia a dia, como agimos? Na vida profissional, como é o nosso comportamento perante os colegas, perante a empresa, a instituição e o público em geral? Agimos de acordo com a ética, a moral, o costume, os bons valores e conforme a legislação legal? A pergunta que deixo para você é: se você tivesse encontrado o anel de Giges, o que faria? Em seguida, convidamos você para fazer a seguinte reflexão: os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem serem descobertos e punidos? Em que pensamento você se enquadra? Como já estudamos sobre ética, faça a seguinte reflexão: UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 18 FIGURA 9 – PERGUNTA SOBRE ÉTICA FONTE: Disponível em: <http://www.oqueeetica.com/o-que-e-etica>. Acesso em: 10 ago. 2017. Vamos ajudá-lo oferecendo um conceito que engloba todas as qualidades que já estudamos até agora, ou seja, ética é o conjunto de valores e princípios que usamos no dia a dia. São as normatizações da sociedade, são os exemplos, são os comportamentos sociais aceitos pela sociedade. É a maneira de agir, de se comportar, de pensar. De discernir o certo do errado, sempre avaliando as suas atitudes e o comportamento humano em geral. Já abordamos o assunto moral, então, agora desafiamos você em responder à pergunta a seguir: FIGURA 10 – PERGUNTA SOBRE MORAL FONTE: Disponível em: <http://www.escoladocarater.com.br/2016/02/post- o-que-e-moral.html>. Acesso em: 10 ago. 2017. TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA 19 Então, vamos explicar de uma maneira simples que moral é a prática da ética. Se adotamos comportamentos válidos, eticamente aceitos, a moral é a prática. Por exemplo, o princípio ético é de não roubar, o comportamento moral é se decidimos roubar ou não. Moral, portanto, são as nossas condutas perante a ética estabelecida, determinada pelos valores e princípios aceitos e válidos em cada tempo. Muito bem, já conceituamos ética, moral e agora vamos aprofundar nosso conhecimento, respondendo à pergunta a seguir: FIGURA 11 – QUESTIONAMENTO SOBRE CONSCIÊNCIA HUMANA FONTE: Disponível em: <http://www.tvassembleia.org/noticiasConteudo_inc. php?idNoticia=227>. Acesso em: 12 ago. 2017. É o conhecimento daquilo que se pratica. São as escolhas, as tomadas de decisões perante o que é moral e ético. É a propriedade individual de cada pessoa diante de suas atitudes perante o mundo e perante as interações humanas que se estabelecem. A ética profissional pode ser um diferencial para a empresa, instituição, ou melhor dizendo, no mercado empresarial, mas para ela ser evidenciada é necessária a conduta adequada dos profissionais, e assim, auxiliará nos desempenhos e resultados da organização. 20 Neste tópico estudamos que: • O termo “bioética” foi criado em 1971 pelo oncologista e biólogo Van Rensselaer Potter. • A bioética é, em sentido amplo, uma resposta da ética às novas situações oriundas da ciência no âmbito da saúde. • A bioética está pautada em quatro princípios. • A bioética anda junto com os direitos humanos. • Diante da evolução da pesquisa científica, a bioética surgiu como uma reação à realidade tecnológica na área da saúde. • A ética regula a atitude das pessoas. • A ética está relacionada ao estudo da conduta humana, já a moral está atrelada ao conjunto de normas baseadas nos costumes e na cultura de uma sociedade. • O conjunto de padrões que regem a conduta humana é conhecido por ética profissional e está relacionado à atividade que o homem desempenha profissionalmente. • Resguardar a harmonia humana é uma das funções da bioética. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 Estabeleça o conceito de bioética. 2 O Código de Nuremberg é um conjunto de princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos. Foi criado no final da Segunda Guerra Mundial, para direcionar o que seria permitido fazer nos experimentos médicos. Dessa forma, cite dois itens que constam nessa declaração. 3 Estabeleça a diferença entre ética e moral. 4 Explique em que contexto histórico a bioética surgiu. 5 Ao falarmos sobre o conjunto de valores e princípios que usamos no dia a dia, sobre as normatizações da sociedade, a maneira de agir, de se comportar, de pensar e de conseguir compreender o certo do errado, estamos falando de: ( ) Ética. ( ) Bioética. ( ) Moral. ( ) Consciência humana. AUTOATIVIDADE 22 23 TÓPICO 2 BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, a medicina avançou com passos largos referente à reprodução humana assistida, porém não conseguiu acompanhá-la com a edição de normas ou legislações, a fim de contemplar expectativas legais, gerando direitos e deveres na esfera da concepção artificial e manutenção da vida. No Brasil, há pouco respaldo legal para o estudo e experimentações com embriões, pois esse assunto gera polêmica e controversas no meio social e científico. De qualquer forma, vamos conhecer, neste tópico, algumas técnicas de reprodução humana, o posicionamento da legislação brasileira e problemas que podem acontecer no percurso da fertilização. Normalmente, os casais recorrem a alguma técnica de reprodução humana assistida, quando o método convencional de fecundação não é exitoso, assim, o desejo por ter filhos aflora e os consultórios médicos ficam em evidência, para satisfazer o desejo maternal e paternal. Neste percurso nem tudo é perfeito, há decepções quando a técnica recorrida não supre as expectativas do casal, pois elas não oferecem 100% de sucesso. Mas nada como manter a perseverança e tentar novamente. Então, vamos aprimorar nosso conhecimento para compreendermos o mundo da reprodução humana assistida. Bons estudos! 2 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA Esse tipo de técnica é conhecido por um conjunto composto de vários métodos específicos, com características próprias, objetivando auxiliar ou viabilizar o desejo da procriação tanto de homens, quanto de mulheres estéreis ou inférteis. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 24 Normalmente, a reprodução assistida é procurada por indivíduos que não conseguem alcançar a reprodução pelos métodos convencionais, então basicamente procuram um consultório médico para esclarecer seus anseios e externar seu desejo por algum método de reprodução humana. FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO DO DESEJO INFRUTÍFERO DEUM CASAL INFÉRTIL FONTE: Disponível em: <https://boutiquedeluxo.wordpress.com>. Acesso em: 12 ago. 2017. A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 8 a 15% dos casais em idade reprodutiva têm algum problema de infertilidade, sendo que entre as mulheres, as principais causas são: idade, doença inflamatória pélvica, fumo e sobrepeso, porém, atualmente há várias técnicas reprodutivas que oferecem chances de sucesso no tratamento (BRASIL, 2013). Segundo Abdelmassih (2001), a esterilidade atinge em torno de 20% dos casais, e nos últimos anos houve intenso desenvolvimento de tecnologias, drogas e condições laboratoriais que possibilitam a disponibilização de maiores chances de sucesso no tratamento deste problema. Conforme o referido autor, ao conjunto de técnicas que auxiliam o processo de reprodução humana foi dado o nome de técnicas de reprodução assistida (TRA), as quais podem ser divididas em métodos de baixa complexidade e de alta complexidade. Considerando os princípios do biodireito, é preciso que os médicos optem por adotar uma das técnicas quando de fato não houver possibilidade de outro tratamento para contornar a infertilidade, haja visto se tratar de um processo complexo e que ocasiona expectativas para as partes envolvidas. TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 25 2.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Entre as várias técnicas de reprodução, a inseminação artificial (IA) é a mais simples, ela consiste na introdução de um esperma no útero da mulher, com o auxílio de um cateter, sendo que a fecundação ocorre sem interferência humana e no interior do útero da mulher (ORSELLI, 2006). É uma técnica que apresenta duas classificações, uma chamada homóloga e a outra chamada heteróloga. A primeira não gera polêmica, tampouco é discutida sob o ponto de vista ético, pois o material utilizado pertence ao marido ou companheiro, já a segunda classificação é controversa, pois o material utilizado é de um terceiro doador, ou seja, de uma pessoa desconhecida. A inseminação artificial será utilizada por quem apresenta alguma disfunção no organismo e que não consegue realizar o sonho da concepção de gerar filhos naturalmente, mas que possui o desejo latente da maternidade ou paternidade. Podemos dizer que o sonho de conceber uma criança não é apenas de casais heterossexuais, pois atualmente as técnicas estão sendo muito desejadas e procuradas por casais homoafetivos e pessoas solteiras. A inseminação artificial foi a primeira técnica de reprodução humana praticada pelos médicos, sendo que seu sucesso depende do cálculo exato da ovulação da mulher, uma vez que o material germinativo masculino é introduzido no útero, necessitando do desenvolvimento natural da gestação, ou seja, a fecundação ocorre dentro do corpo da mulher (FERRAZ, 2016). Para Fernandes (2005), essa técnica seria uma maneira de ajudar na procriação, já que houve insucesso pelo método natural de fecundação humana, motivada pela impotência masculina, infertilidade da mulher, qualidade do esperma, ou por alguma inconsistência sexual entre o casal. 2.2 FECUNDAÇÃO IN VITRO Você já ouviu falar em bebê de proveta? Provavelmente sim, mas pelo nome científico, talvez você não fosse reconhecer, pois é chamado de fecundação in vitro, então vamos estudar como é realizado esse método. A fecundação in vitro, também conhecida pela sigla FIV, consiste na retirada de espermatozoides do corpo do homem e do óvulo do corpo da mulher. Dessa forma, são colocados em tubo de ensaio, para que ocorra a fecundação, é interessante observar que é um método de reprodução fora do ambiente uterino, mas quando o zigoto é formado, horas depois, ele é colocado no útero de quem forneceu o óvulo. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 26 Prezado acadêmico! Observe a figura a seguir, para entender que a coleta de óvulos é feita por meio da punção folicular, acompanhado por ultrassom, ou seja, a agulha de aspiração atravessa o abdômen, a bexiga, o fundo da vagina e a uretra, onde é aspirado o conteúdo e imediatamente preparado, objetivando a implantação no útero (FERNANDES, 2005). FIGURA 13 – COLETA DE ÓVULOS FEITA POR PUNÇÃO FOLICULAR, COM O AUXÍLIO DO ULTRASSOM FONTE: Disponível em: <http://www.boavidaonline.com.br/fertilizacao-in-vitro-em- goiania>. Acesso em: 12 ago. 2017. Assim como o óvulo precisa de preparo, o espermatozoide também necessitará de cuidados extras, pois há alguns critérios para sua escolha, por exemplo, ter uma boa mobilidade e ser um espermatozoide microscopicamente excelente, para então receber o óvulo em um tubo de ensaio e aguardar a fecundação e, após esse preparo, transferi-lo ao útero. Um problema que incomoda grande parte da sociedade, órgãos de proteção humana e alguns cientistas, é a quantidade de embriões que serão gerados para implante no útero, pois a recomendação perante a legislação brasileira é de que sejam implantados no máximo quatro embriões, pois o excesso pode causar transtornos para a saúde da gestante, como parto prematuro e aborto. Barroso (2007) aduz que o ideal é que a transferência de embriões para o útero materno fosse de dois, podendo chegar a três, evitando gravidez de risco, portanto, os embriões excedentes deverão ser congelados. TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 27 FIGURA 14 – CHARGE QUE REPRESENTA A IMPLANTAÇÃO DE EMBRIÕES SEM LIMITAÇÃO DE QUANTIDADE, COM PLENO SUCESSO FONTE: Disponível em: <http://emip804.blogspot.com.br/2014_02_01_archive. html>. Acesso em: 12 ago. 2017. É incrível pensar que há algumas décadas, só havia um entendimento de que a gestação ocorreria apenas no útero materno e esse pensamento era consentido por todos, ou seja, somente em filmes futuristas poderia ser pensado em desenvolvimento de bebês dentro de vidros. Por incrível que pareça, o tempo passou e isso já é realidade, a medicina está evoluindo a passos largos. 2.3 TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE GAMETAS Na transferência intratubária de gametas, conhecida por GIFT, ocorre a retirada de materiais genéticos do homem, que serão colocados, em seguida, nas trompas de falópio, onde ocorrerá a fecundação espontânea (ORSELLI, 2006). Ferraz (2016) também corrobora com este conceito, informando que é uma fecundação natural, onde o sêmen é introduzido nas trompas de falópio, para que neste local ocorra o processo de fertilização. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 28 FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE GAMETAS FONTE: Disponível em: <http://reproducaoassistida.blogspot.com. br/2013/10/tecnicas-transferencia-intratubaria-de.html>. Acesso em: 12 ago. 2017. É interessante notar que esta técnica difere da fertilização in vitro, quanto ao local da fecundação, pois a fertilização in vitro ocorre em tubo de ensaio e a transferência intratubária de gametas ocorre no próprio corpo da mulher. Como já estudamos, na fertilização in vitro, normalmente há excesso de embriões, já neste tipo de fertilização em questão não há excesso de embriões, portanto, não sofrerão o ato do congelamento, sem saber se um dia serão usados, assim, esta técnica é bem aceita por casais que não desejam a concepção em laboratório, por questões morais ou religiosas. Dessa forma, Camargo (2003) explica exatamente o que acabamos de estudar, que a GIFT é uma variante da FIV, visando atender sobretudo aos casais que se debatem com dilemas éticos e morais por motivos religiosos. Para que a concepção não ocorra num laboratório, mas sim no próprio organismo da mulher, os óvulos e os espermatozoides são colocadas em um cateter e, então, depositados nas trompas da paciente, antes da fecundação. A técnica GIFT se assemelha à da fertilização in vitro na fase de estimulação da ovulação e coleta dos espermatozoides, sendo que o material é transferido para uma ou para as duas trompas, por meio de um cateter, onde acontecerá a fecundação do óvulo. Dessa forma, enquanto a FIV ocorre extracorporeamente,a técnica GIFT ocorre nas trompas, portanto, no interior do corpo da mulher (FERRAZ, 2016). TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 29 3 IMPLICAÇÕES LEGAIS É importante esclarecer que o termo embrião é empregado para todas as etapas do zigoto, desde a fecundação do óvulo até o estágio fetal que ocorre na oitava semana de gravidez. Já a palavra feto é usada após esta fase, quando todos os principais órgãos estão formados (FERNANDES 2005). Uma outra questão que merece destaque está em torno dos embriões excedentes, ou seja, aqueles embriões que não foram transferidos para o útero, ou seja, os embriões que sobraram em virtude de não apresentarem bons sinais de desenvolvimento, ou mesmo porque ultrapassaram o número máximo recomendado para transferência. Vejamos o que a legislação fala a respeito do embrião, quanto aos limites traçados pelas normas com relação à experimentação humana. 3.1 PROTEÇÃO JURÍDICA DO EMBRIÃO HUMANO A ordem legislativa civil reconhece os seres humanos nascidos como pessoas naturais, protegendo-lhes os direitos. Também preserva os interesses dos nascituros (concebidos no ventre materno e em vias de se tornarem pessoas, ao nascerem com vida) e assegura vantagem à denominada prole eventual, que diz respeito aos seres humanos ainda não concebidos (FERNANDES, 2005). FIGURA 16 – CHARGE DO EMBRIÃO EM BUSCA DOS SEUS DIREITOS FONTE: Disponível em: <http://todososdireitosdoembriao.blogspot.com.br>. Acesso em: 12 ago. 2017. Aqui se instala um contraponto gigante para a sociedade, pois, para muitas pessoas, não há problema algum se o aborto é realizado no início da reprodução. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 30 Prezado acadêmico! Não vamos entrar nessa discussão, só vamos lançar um questionamento para você refletir, pois a ciência acredita que com a fecundação se inicia um processo de uma vida, então será que o aborto no início da vida não deveria ser crime? Deveria ser permitido? E essa vida latente, será extirpada? E como ficam os direitos perante o código brasileiro desse ser que um dia teve uma vida muito breve? Para Diniz (2008), o material celular humano vivo, desde seus primeiros instantes, já é um ser humano merecedor de proteção jurídica, pelo que é e pelo que irá ser. É um ser humano em desenvolvimento, distinto de seus genitores, tendo, desde sua concepção, identidade genética própria e permanente. A Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida por Pacto de San José da Costa Rica, de 1969, ratificada pelo Brasil em 1992, em seu art. 4º, alínea 1 “Direito à vida”, estipula: “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente” (CAMARGO, 2003, p. 73). Há muito interesse despertando no meio científico, com o objetivo de não findar as experimentações e investigações científicas, mas, por outro lado, surgiram conflitos de tamanho vultoso, argumentando ilicitudes que acontecem na manipulação dessas técnicas. Conforme destacado por Camargo (2003), as técnicas reprodutivas são importantes para a sociedade em geral, cada um com sua particularidade para utilizá-la, dessa forma, essas técnicas não podem ser pormenorizadas pelo legislador. Como exemplo, podemos citar a primeira alteração significativa evidenciada pelo novo Código, que foi a substituição do próprio título do Capítulo II, que antes tratava Da Filiação Legítima, e agora, mais abrangente, trata simplesmente “Da Filiação”. Tal alteração reflete a determinação constitucional (art. 227, § 6º) de se afastar qualquer designação discriminatória relativa à filiação. Reconhecendo essa realidade, o novo Código Civil estabelece em seu artigo 1.597 a presunção de paternidade em favor dos filhos havidos por inseminação artificial, mesmo que dissolvido o casamento ou falecido o marido. Nos casos de concepção artificial homóloga, diz o Código que os filhos daí havidos presumir-se-ão concebidos na constância do casamento, pouco importando se a implantação do embrião venha a ocorrer anos após a dissolução do vínculo conjugal (FERNANDES, 2005). O CFM (Conselho Federal de Medicina) editou a Resolução nº 1.358, em 1992, reconhecendo a importância da infertilidade humana como problema de saúde, com implicações médicas e psicológicas, e a legitimidade do anseio de superá-la trouxe normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução humana assistida (FERNANDES, 2005). TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 31 Para o Conselho Federal de Medicina, as técnicas em questão não podem ser utilizadas deliberadamente, mas deve haver um diagnóstico concreto, no sentido de indicar o motivo do impedimento da fecundação por parte do casal, para então recorrer às técnicas de reprodução humana assistida, a fim de evitar procedimentos desnecessários e colocar a vida do paciente em risco. O Código de Ética Médica, no seu art. 46, destaca a importância do consentimento, que determina o princípio da autonomia, um dos fundamentos da bioética. Tal consentimento deve ser livre e esclarecido, ou seja, consciente, sem coação física, moral ou psíquica, e só será admitido depois de fornecidas todas as informações sobre o tratamento, riscos e probabilidades de sucesso ou insucesso (CAMARGO, 2003). Por fim, queremos enfatizar a Resolução do CFM, que dispõe, conforme mencionado por Almeida Junior (2005, p. 6): V - CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES 1 - As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar espermatozoides, óvulos e pré-embriões. 2 - O número total de pré-embriões produzidos em laboratório será comunicado aos pacientes, para que se decida quantos pré-embriões serão transferidos a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, não podendo ser descartado ou destruído. 3 - No momento da criopreservação, os cônjuges ou companheiros devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-embriões criopreservados, em caso de divórcio, doenças graves ou de falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-los. Sem dúvida, o assunto reprodução humana assistida originou debates acirrados entre religiosos, cientistas e a sociedade em geral. 3.2 POSICIONAMENTO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FRENTE ÀS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA O início da vida de um ser humano é um marco decisivo para a verificação da legitimidade ou da ilegitimidade moral da manipulação de seres humanos, qualquer que seja seu estado de desenvolvimento. Entende-se que a vida humana desponta no próprio momento da concepção, ou seja, com o início da fertilização ou fecundação, começa uma nova vida humana, única e irrepetível. Daí os argumentos contra a individualidade do zigoto e/ou do embrião humano, manejados por aqueles que pretendem utilizá-lo para experimentação ou eliminá-los por motivos distintos, sem nenhum tipo de escrúpulos (CAMARGO, 2003). UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 32 FIGURA 17 – MOMENTO DA FECUNDAÇÃO (ESPERMATOZOIDE E ÓVULO) FONTE: Disponível em: <https://www.todopapas.com.pt>. Acesso em: 14 ago. 2017. Conforme Namba (2015), os primeiros limites estabelecidos pelo biodireito no âmbito de qualquer Estado são os limites traçados pelo Direito Constitucional, os quais formam a espinha dorsal do biodireito, irradiando-se por todas as legislações referentes à matéria. Assim, ao estabelecer na Constituição que é inviolável o direito à vida, à integridade física e à saúde, estes direitos devem ser respeitados e observados pelas legislações infraconstitucionais, que tratam de temas relacionados às experimentações científicas. Por outro lado, quando a mesma Constituição estabelece que é livre o exercício de qualquer ofício ou profissão, além de garantir o direito à liberdade de pensamento e de consciência e prática científica, esta Constituição confere à comunidade médico-científica um limite de ingerênciaem sua profissão que igualmente deve ser observado. A regulamentação médica existente sobre o assunto, a Resolução nº 1.358/92- CFM, mostra-se insuficiente, haja visto ser uma norma meramente deontológica, exigindo uma pronta manifestação jurídica, para apreciar os problemas cada vez mais graves que estão surgindo nesta área (CAMARGO, 2003). O direito brasileiro contempla os direitos individuais de cada um, colocando-os a salvo desde a concepção (art. 2º do novo Código Civil). De igual forma age quando prescreve curador aos concebidos e ainda não nascidos (art. 1.179 do novo Código Civil) e quando coloca o aborto entre os crimes praticados contra a vida (arts. 124 a 126, Código Penal) (CAMARGO, 2003). A personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas o nascituro já é um ser individual desde a sua concepção, pois de outra forma o Direito não teria a preocupação de considerá-lo objeto de tutela do Estado. Já há muito tempo não se discute a relevância do ser humano para o Direito, tanto que o Código Penal reconheceu a inviolabilidade da vida fetal ao tipificar o aborto. TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 33 Contudo, é preciso ter em conta o que afirma Almeida Junior (2005), que o Direito é um fenômeno social, dessa forma, o avanço legal nunca é pari passu ao avanço social, pois essa questão de reprodução humana assistida é bem discutida, entretanto, o Direito ficou ultrapassado por essa temática. De fato, no mundo este tema das técnicas de reprodução assistida é discutido há duas décadas, aproximadamente. Alguns países já possuem legislação satisfatoriamente avançada a respeito, mas no Brasil pode-se dizer que foi iniciada uma discussão recente, acerca das implicações éticas da reprodução assistida. Em alguns países houve e continua havendo debates para formar um consenso a respeito das implicações éticas do desenvolvimento das técnicas reprodutivas, estabelecendo-se as diretrizes a serem adotadas. Como exemplo pode-se citar a Declaração Ibero-americana sobre ética e genética, na qual estão relatados os resultados dos encontros sobre bioética e genética na Espanha em 1996 e na Argentina em 1998, visando alertar os países ibero-americanos acerca da necessidade de adotarem medidas para incrementar o estudo, desenvolvimento de projetos de pesquisa e difusão de informações sobre os aspectos sociais, éticos e jurídicos relacionados à genética humana (FERRAZ, 2016). Ferraz (2016) acredita que no Brasil há uma situação desenfreada, ou até mesmo clandestina para a reprodução assistida, realizada por clínicas de fertilização. Mesmo havendo pouca legislação, o pouco que existe já deveria conter a reprodução ilimitada, pois assim, ignoram-se os pré-requisitos da reprodução assistida. Cabe destacar que a ANVISA editou a Resolução nº 33, no ano de 2006, a qual dispõe sobre o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos. O Código Civil de 1916 não tratou da matéria, já o Código Civil de 2002, embora de forma ainda insuficiente, abordou a questão da reprodução humana assistida no capítulo referente à filiação. Especificamente sobre reprodução humana assistida, além do que expusemos para você, é importante informar que foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 24 de março de 2005, a Lei da Biossegurança, Lei nº 11.105/05. Lembram de quando falamos da preocupação que a sociedade fomentou com relação ao que fazer com os embriões excedentes? Aqui temos resposta com base na Lei nº 11.105, de 2005, pois disciplina alguns assuntos, entre eles, autoriza o uso de células-tronco de embriões humanos para pesquisa e terapia, além da liberação para a utilização de células-tronco embrionárias excedentes, resultantes de embriões humanos produzidos pela FIV. A Lei nº 11.105/05 assegura a pesquisa com embriões considerados inviáveis ou congelados, a partir de três anos após sua criação, contados da data de congelamento. Outra exigência é que, em qualquer dos casos, a pesquisa só UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 34 poderá ser feita com o consentimento dos pais, que devem assinar termo de consentimento livre e esclarecido, conforme norma específica do Ministério da Saúde, que também regulamenta a terapia das células-tronco (BRASIL, 2005). Dessa forma, mesmo que em passos curtos, o Brasil conseguiu iniciar a largada com estudos de células-tronco embrionárias humanas, bem como, com embriões excedentes, assim, esperamos que em um futuro próximo a medicina traga muitos benefícios à humanidade. 3.3 PROJETOS DE LEI Mesmo com uma legislação sobre a reprodução humana assistida, ainda está sendo difícil aparecer legislação referente às técnicas de reprodução assistida, seja no sentido de proteção do embrião, ou para efetivamente liberação de pesquisas e experiências com células-tronco e embrião, pois, como estudamos até aqui, essas questões envolvem a vida e se faz necessário, muitas vezes, eliminar uma vida (embrião, célula) para salvar muitas outras vidas. Nesse sentido, alguns projetos de lei (PL) no Brasil foram elaborados, mas não foram aprovados pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Vamos conhecer alguns desses projetos. O senador José Sarney foi uma das personalidades públicas no cenário político que apresentou o PL nº 1.184/2003, referente ao destino do embrião, bem como a doação de gametas que privilegiava tanto a mulheres solteiras, como casais, previu que o número máximo de embriões produzidos fosse dois e também possibilitou a quebra de sigilo do doador (MALUF, 2015). Os projetos de lei são diversos e podemos perceber que os assuntos são variados, mas eles se complementam, também podemos dizer que alguns itens com o passar do tempo foram aceitos, porém em partes, como é o caso da Resolução nº 1358/92 do CFM, permitindo a implantação de no máximo quatro embriões, conforme já estudamos. Confúcio Moura, deputado na época, sugeriu o PL 2855/97, que contemplava o destino do embrião em excesso para ser criopreservado, autorizando o descarte deles. Assim como José Sarney, ele autorizou a doação de gametas, mas não mencionou o número máximo de embriões a serem produzidos e nem mesmo falou quanto à quebra de sigilo do doador em caso de necessidade clínica (MALUF, 2015). Interessante foi o PL 120/2003, apresentado pelo deputado na época Roberto Pessoa, que versou sobre a investigação de paternidade de pessoas nascidas de técnicas de reprodução assistida. Também não previu o destino do embrião excedentário, nem quanto ao número máximo de embriões a serem produzidos, mas previu a possibilidade de quebra do sigilo do doador em caso de necessidade clínica, privilegiando assim a filiação social. TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA 35 Como já mencionamos, esses projetos de lei não foram aprovados, mas paralelo a eles, foram surgindo normatizações quanto à reprodução assistida, sendo que ainda carecemos dessa matéria. 4 PROBLEMAS SOCIAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS REPRODUTIVAS É válido abordar dois aspectos bastante contemporâneos relacionados à reprodução humana: a queda das taxas de natalidade e a infertilidade. Acredita-se que devido à política governamental, houve uma queda acentuada nas taxas de natalidade no Brasil. Mas nem sempre foi assim, o cenário era diferente, pois até o século XIX a característica familiar era conceber muitos filhos, porém, com a entrada dos métodos contraceptivos, como o preservativo e o anticoncepcional, houve considerável queda do nascimento de crianças, principalmente nas classes média e alta. FIGURA 18 – TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL: NÚMERO MÉDIO ANUAL DE FILHOS NOS ESTADOS BRASILEIROS ENTRE 2000 E 2008 FONTE: Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/a05b.htm>. Acesso em: 12 ago. 2017. UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO 36 Pela tabela acima, podemos verificar o que ocorreu, continuando o declínio das
Compartilhar