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Bioética e Direitos

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Prévia do material em texto

2018
Bioética e Direitos 
Humanos
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Prof.ª Raquel Riffel
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Prof.ª Raquel Riffel
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 174.9574
 C824b Correa, Paula Dittrich
 Bioética e direitos humanos / Paula Dittrich Correa; Raquel 
Riffel. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 177 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0141-2
 
 1.Bioética. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
Para que você, acadêmico, possa ampliar seus conhecimentos, vamos 
iniciar nossos estudos sobre Bioética e Direitos Humanos. O conteúdo deste 
livro, bem como as orientações, contribuirá positivamente em relação ao 
direcionamento do processo ensino e aprendizagem.
A elaboração deste Livro de Estudos tem como finalidade 
direcionar você a ordenar os conteúdos e aspectos teóricos que auxiliarão 
no desenvolvimento global do seu estudo, agregando conhecimento e 
possibilitando, no final do curso, sua inserção no mercado de trabalho, 
através do seu mérito e dedicação.
Os assuntos pertinentes a esta disciplina não serão esgotados, porém, 
caberá ao acadêmico contribuir através do seu interesse e esforço, a fim de 
assimilar o conteúdo aqui apresentado. Assim, convidamos você a conhecer 
brevemente cada unidade que será abordada neste Livro de Estudos.
Na Unidade 1, você compreenderá os aspectos relacionados à bioética, 
ética, moral e como esses assuntos se relacionam no contexto atual da vida 
do ser humano, conhecerá também os problemas éticos que decorrem dos 
avanços científicos na área da biologia e da medicina.
Na Unidade 2, você estudará a bioética, que envolve os direitos 
humanos presentes no nosso dia a dia, também assimilará as declarações e 
pactos em favor dos direitos humanos, em prol da igualdade entre as pessoas 
e o reconhecimento dos direitos do homem.
Na Unidade 3, você estudará o tema Justiça social e sua relação com 
os conflitos sociais e direitos humanos, além de teorias contemporâneas, 
como a diversidade, a justiça social e a cidadania.
Nesse contexto delineamos os assuntos importantes a serem 
conhecidos e, dessa forma, convidamos você para se inteirar e assimilar este 
conhecimento.
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Prof.ª Raquel Riffel
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1: QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO............... 1
TÓPICO 1: A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA............................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 BIOÉTICA .............................................................................................................................................. 3
2.1 ORIGEM ........................................................................................................................................... 4
2.2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................................... 5
2.3 PRINCÍPIOS .................................................................................................................................... 7
3 BIOÉTICA E RESPEITO À PESSOA HUMANA ........................................................................... 8
4 ÉTICA ...................................................................................................................................................... 9
4.1 CONCEITO ....................................................................................................................................... 10
4.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL .......................................................................................... 12
4.3 ÉTICA PROFISSIONAL .................................................................................................................. 13
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21
TÓPICO 2: BIOÉTICA E A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ......................................................... 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA ........................................................... 23
2.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL ....................................................................................................... 25
2.2 FECUNDAÇÃO IN VITRO ............................................................................................................. 25
2.3 TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE GAMETAS ............................................................... 27
3 IMPLICAÇÕES LEGAIS ..................................................................................................................... 29
3.1 PROTEÇÃO JURÍDICA DO EMBRIÃO HUMANO .................................................................. 29
3.2 POSICIONAMENTO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FRENTE ÀS TÉCNICAS DE 
REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA ...................................................................................... 31
3.3 PROJETOS DE LEI ........................................................................................................................... 34
4 PROBLEMAS SOCIAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS 
REPRODUTIVAS ..................................................................................................................................... 35
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39
TÓPICO 3: BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA ................................................................ 41
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41
2 GENÉTICA COMO NOVA FRONTEIRA DA BIOÉTICA ........................................................... 41
3 CLONAGEM HUMANA ..................................................................................................................... 44
3.1 CLONAGEM REPRODUTIVA ...................................................................................................... 45
3.2 CLONAGEM TERAPÊUTICA ....................................................................................................... 46
4 HISTÓRIA DA OVELHA DOLLY ..................................................................................................... 46
5 CÉLULAS-TRONCO ............................................................................................................................ 48
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 51
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52
sumário
VIII
UNIDADE 2: INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS .............................................................. 53
TÓPICO1: BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................... 55
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55
2 DIREITOS HUMANOS ....................................................................................................................... 55
2.1 CONCEITO ....................................................................................................................................... 56
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................................................. 57
2.3 CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 62
3 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................................................... 63
3.1 DIREITOS HUMANOS DE 1ª GERAÇÃO .................................................................................. 64
3.2 DIREITOS HUMANOS DE 2ª GERAÇÃO ................................................................................... 64
3.3 DIREITOS HUMANOS DE 3ª GERAÇÃO ................................................................................ 65
3.4 DIREITOS HUMANOS DE 4ª E 5ª GERAÇÃO ....................................................................... 67
4 PACTOS E DECLARAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ........................................................... 68
4.1 PACTO DE SAN JOSE DA COSTA RICA .................................................................................... 68
4.2 PROTOCOLO DE SAN SALVADOR ............................................................................................ 71
4.3 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75
TÓPICO 2: BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO ............... 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 POBREZA E QUESTÕES SOCIAIS DA BIOÉTICA...................................................................... 78
3 BIOÉTICA E BIODIREITO ................................................................................................................. 81
3.1 CONCEITO DE BIODIREITO ........................................................................................................ 83
 3.2 PRINCÍPIOS DE BIODIREITO...................................................................................................... 87
4 A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................... 90
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95
TÓPICO 3: AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: 
DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS ................................................................. 97
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 97
2 O DIREITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ................................................................ 97
3 COLISÃO ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS E A DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA .............................................................................................................................................. 98
3.1 CONCEITO DE DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ........................................................... 99
3.2 DIREITO À VIDA ..........................................................................................................................100
3.3 RECUSA DE TRANSFUSÃO DE SANGUE ...............................................................................101
3.4 EUTANÁSIA ...................................................................................................................................102
4 AVANÇOS TECNOLÓGICOS E O IMPACTO NA EXCLUSÃO SOCIAL .............................104
4.1 DIREITO À ADEQUAÇÃO DE SEXO ........................................................................................104
4.2 CONTROVÉRSIAS NA QUESTÃO DA HOMOSSEXUALIDADE ....................................................107
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112
UNIDADE 3: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, 
CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL ........................................................113
TÓPICO 1: BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS .............115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
IX
2 JUSTIÇA SOCIAL ..............................................................................................................................116
2.1 CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL .............................................................................................116
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL ......................................120
2.3 BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL ..................................................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127
TÓPICO 2: BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS ......................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 CIDADANIA .......................................................................................................................................129
2.1 CONCEITO DE CIDADANIA .....................................................................................................1302.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE CIDADANIA ............................................................................131
2.3 CIDADANIA NO DIREITO BRASILEIRO ................................................................................135
2.4 BIOÉTICA E CIDADANIA .........................................................................................................142
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
TÓPICO 3: BIOÉTICA E DIVERSIDADE CULTURAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂ-
 NEOS ...................................................................................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 OS DIREITOS HUMANOS ..............................................................................................................149
3 DIVERSIDADE VERSUS DIVERSIDADE CULTURAL .............................................................154
3.1 DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL ................................................................................161
3.2 BIOÉTICA E DIVERSIDADE CULTURAL ...............................................................................163
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................164
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 171
X
1
UNIDADE 1
QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO 
AVANÇO TECNOLÓGICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender conceitos básicos sobre bioética;
• estudar os princípios da bioética;
• compreender conceitos básicos de ética e moral;
• diferenciar ética de moral;
• conceituar ética profissional;
• conhecer algumas técnicas de reprodução humana assistida;
• entender as implicações legais relacionadas à reprodução humana assistida;
• reconhecer a proteção jurídica do embrião humano;
• conhecer alguns projetos de lei referentes às técnicas de reprodução huma-
na assistida.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que o 
ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados e, ao final de cada um 
deles, terá atividades que o ajudarão a assimilar os conhecimentos teóricos 
adquiridos.
TÓPICO 1 – A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
TÓPICO 2 – BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
TÓPICO 3 – BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Estudaremos, neste tópico, aspectos relacionados à bioética, ética, moral e 
como esses assuntos se relacionam no contexto atual da vida do ser humano, bem 
como, na atuação e conscientização do profissional diante da sua organização.
O grande desenvolvimento na área das ciências biomédicas trouxe novas 
situações, as quais provocam indagações e um complexo número de problemas, 
tais como: pesquisas genéticas e a consequente possibilidade da interferência 
humana, técnicas de reprodução humana, clonagem humana, manipulação 
genética e direitos humanos relacionados a essas questões. 
Dessa forma, é necessário retomar as reflexões éticas sobre a vida humana, 
como resultado desses reflexos surgiu o termo “bioética”, que se refere aos problemas 
éticos que decorrem dos avanços científicos na área da biologia e da medicina. 
A partir de agora, estudaremos e compreenderemos a origem, conceitos, 
princípios da bioética, a relação da bioética com os direitos humanos, e teremos 
uma visão de como a ética e a moral estão relacionadas ao ser humano.
Caro acadêmico! Neste tópico, nossa intenção é conduzir você ao conhecimento 
da bioética frente aos avanços científicos e problemas éticos vivenciados pelos 
profissionais da área da saúde. Aproveite essa bagagem de conhecimento para se 
inteirar e crescer na sua vida acadêmica e como futuro profissional.
2 BIOÉTICA
Os avanços nas ciências biológicas e médicas e os problemas éticos gerados 
evidenciaram a necessidade do estabelecimento de limites para a atuação dos 
cientistas. Este processo se deu por meio de um estudo ético aplicado às ciências 
da vida, conhecida por bioética. 
Conforme Potter (apud CAMARGO, 2003), são necessários profissionais 
ligados às ciências da vida, para dizer o que se pode e se deve fazer para sobreviver 
e o que não se deve fazer, considerando que se espera a manutenção e melhoria 
da qualidade de vida nas próximas décadas. 
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
4
O destino do mundo depende da interação, preservação e extensão do 
conhecimento que possui um reduzido número de homens que, somente agora, 
começam a perceber o poder desproporcional que possuem e quão enorme é a 
tarefa a se realizar (CAMARGO, 2003).
2.1 ORIGEM 
Acadêmico! Você, certamente, já ouviu falar sobre a origem da vida, sobre 
as várias teorias que envolvem esse contexto. E sobre a origem da bioética, você 
tem conhecimento?
Claro que normalmente a origem de determinado evento está atrelada 
a fatos que estão relacionados a algum período histórico, e se pensarmos, 
conseguimos entender que a Segunda Guerra Mundial está diretamente ligada a 
Hitler, que mudou a história da humanidade.
Também podemos citar as experiências biomédicas do III Reich, realizadas 
nos campos de concentração nazistas, as dolorosas consequências das bombas 
atômicas lançadas pelos norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki ao fim da II 
Guerra e a perspectiva da inseminação artificial (in vitro) no curso da década de 
1970 (HOGEMANN, 2003).
Todos esses exemplos suscitaram preocupações de ordem mundial, cujos 
assuntos foram vinculados e ligados ao meio ambiente e as preocupações que 
nasceram com a aplicação dos resultados da biologia molecular. 
Conforme relata Hogemann (2003), as pesquisas médicas realizadas pelos 
nazistas nos campos de concentração ao longo da II Guerra Mundial, sem qualquer 
freio ético, configurando atrocidades inomináveis, levaram a comunidade 
científica mundial a produzir um documento por intermédio do Tribunal de 
Nuremberg (1946), que estabeleceu uma série de regras que vinculavam e 
estabeleciam limites concretos às pesquisas científicas que envolvessem seres 
humanos, a partir de uma visão ética, de respeito ao ser humano, visando limites 
éticos para as pesquisas e a aplicação biotecnológica dos novos descobrimentos 
nos seres humanos.
Ao longo dos tempos, verificou-se uma evolução na história da 
humanidade, face a novas descobertas científicas mudando a vida das pessoas. 
Tal evolução teve seus aspectos positivos, mas também os negativos.
Vários filmes e documentários tentaram retratar a realidade vivenciada 
por muitas pessoas que foram perseguidas no governo Hitler, que foi um 
retrocesso humano, inspirado no desprezo à pessoa, sem falar da utilização dos 
seres humanos como cobaias. 
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
5
As experimentações feitas pelo regime nazista da Alemanha e a 
consequente condenação, pelo Tribunal de Nuremberg, em 1947, de médicos 
considerados culpados de conduta contrária aos valores do humanitarismo, 
assentaram uma nova fase da bioética (CAMARGO, 2003).
Prezado acadêmico! Você já deve ter ouvido que toda ação possui uma 
reação, não é mesmo? Dessa forma, vamos conhecer um pouco sobre a Declaração 
de Nuremberg,aprovada em 1946, que foi criada e aprovada após as atrocidades 
de Hitler.
Essa declaração contém os seguintes objetivos, na visão de Drumond 
(2005):
1) é absolutamente necessário o consentimento voluntário do paciente na 
experimentação; 
2) o experimento deve buscar resultados saudáveis à sociedade; 
3) o experimento deve ser conduzido de tal forma que evite todo sofrimento ou 
injúria física e mental; 
4) o grau de risco a ser corrido pelo paciente não deve exceder a importância do 
problema a ser resolvido pelo experimento; 
5) o experimento só pode ser realizado por pessoal tecnicamente qualificado; 
6) deverá haver suspensão da experiência a qualquer momento que possa colocar 
em risco sério a saúde do paciente.
Mas você pensa que essa foi a única declaração que foi criada para preservar a 
dignidade da pessoa humana? Não, pois outra declaração apareceu, foi a Declaração 
de Helsinki, considerada um documento internacional de grande prestígio para a 
regulação da pesquisa em seres humanos, desde o Código de Nuremberg. 
Os significativos avanços do conhecimento científico desde a década de 
1940 indicavam que a humanidade estava vivendo um mundo novo, marcado pela 
explosão científica e da inovação tecnológica que, consequentemente, marcavam 
a vulnerabilidade da natureza e do corpo humano (DRUMOND, 2005).
Foi a partir dos avanços científicos que a bioética se impôs, como uma 
reação imediata, frente aos problemas que surgem, desde as atrocidades nazistas, 
até os recentes experimentos em manipulação genética.
2.2 DEFINIÇÃO
Agora que conseguimos compreender a origem da bioética, vamos estudar 
a raiz da palavra, ou seja, seu significado.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
6
O prefixo da palavra bioética, que é bios, significa vida, e o sufixo, no 
grego ethos, significa costume, comportamento, ética, ou seja, vida e ética, sendo 
um neologismo que quer dizer ética da vida, adequação da realidade da vida com 
a da ética (CAMARGO, 2003).
Você sabe quem foi Van Rensselaer Potter? Foi médico e biólogo que 
criou o termo bioética, estabelecendo uma ligação entre os valores éticos e os 
fatos biológicos. A bioética é considerada, em sua raiz, a ética nas ciências da 
vida, da saúde e do meio ambiente, porém implica, obrigatoriamente, diversos 
desdobramentos, todos eles imprescindíveis para a compreensão, para a prática e 
para a caracterização da bioética. (CAMARGO, 2003).
Você pode questionar, para que saber tudo isso? Quando estudamos 
algum assunto, precisamos nos dedicar e mergulhar fundo no conhecimento, para 
conseguirmos fazer relação com os demais conteúdos e uni-los, com o objetivo de 
nos tornarmos experts na área de conhecimento. 
A bioética é, em sentido amplo, uma resposta da ética às novas situações 
decorrentes da ciência no âmbito da saúde, ocupando-se com problemas 
provocados pelas tecnociências biomédicas, que dizem respeito ao início e fim da 
vida humana.
A bioética impõe limites às pesquisas realizadas em seres humanos, bem como 
às formas de eutanásia, distanásia, às técnicas de engenharia genética, às terapias 
gênicas, aos métodos de reprodução humana assistida, à eugenia, à mudança de sexo 
em caso de transexualidade, à esterilização compulsória, entre outros.
Diniz (2008) acredita que, além desses itens, a bioética também contribui 
positivamente para evitar a degradação do meio ambiente, a destruição do 
equilíbrio ecológico e do uso de armas químicas.
A bioética seria, então, um conjunto de reflexões filosóficas e morais 
sobre a vida em geral e sobre as práticas médicas em particular. Para 
tanto, abarcaria pesquisas multidisciplinares, envolvendo-se na área 
antropológica, filosófica, teológica, sociológica, genética, médica, 
biológica, psicológica, ecológica, jurídica, política, etc., para solucionar 
problemas individuais e coletivos derivados da biologia molecular, 
da embriologia, da engenharia genética, da medicina, da biotecnologia 
etc., decidindo sobre a vida, a morte, a saúde, a identidade ou a 
integridade física e psíquica, procurando analisar eticamente aqueles 
problemas, para que a biossegurança e o direito possam estabelecer 
limites à biotecnociência, impedir quaisquer abusos e proteger os direitos 
fundamentais das pessoas e das futuras gerações (DINIZ, 2008, p. 11-12).
Dessa forma, nós podemos compreender que a bioética é uma forma 
de ética com regras, desencadeada por novos questionamentos e necessidades 
humanas que veio para auxiliar a ética tradicional, pois esta não consegue mais 
abarcar muitas questões, porque ficou limitada em um mundo ultrapassado. Ela 
não conseguiu ultrapassar as fronteiras da inovação biomédica e tecnológica.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
7
Acadêmico! Até aqui enfatizamos o motivo do surgimento da bioética, 
bem como seu conceito, e assim ficou fácil de entender que ela é considerada 
uma ciência que objetiva garantir a evolução da biotecnologia com segurança e 
respeito ao homem.
 Então, qual é a relação dessa nova ciência com o homem? Relação sólida 
de conduta compatível com a dignidade humana, em busca da moralidade com 
o modo de agir das pessoas, nas áreas da ciência da vida, sempre investigando o 
que é lícito ou tecnicamente possível.
Assim, conseguirmos assegurar que a bioética abrange uma significativa 
gama de questões, que envolvem desde a procriação assistida, diagnósticos pré-
implantação, clonagem e pesquisas com células-tronco embrionárias, clonagem 
terapêutica e clonagem reprodutiva, doação de órgãos, participação de seres 
humanos em protocolos de experimentação e em testes clínicos, terapias gênicas, 
sequenciamento genético e uso dos dados e até questões relacionadas com o fim 
da vida.
Portanto, nos tempos atuais, a bioética tem lugar de destaque nos estudos 
relacionados à conduta, saúde e vida dos seres humanos, pois trata de abordar 
questões relacionadas à deontologia médica e tudo o que está relacionado com a 
vida e a saúde.
2.3 PRINCÍPIOS 
Você já tentou viver de uma maneira preguiçosa, baseada na mentira, 
sendo inútil e medíocre, para perceber quais são as consequências? Se pensarmos 
que podemos viver tudo isso ao contrário, ou seja, baseado nas verdades 
fundamentais, então encontramos o significado de princípios.
Essa aplicação tem validade universal, pois serve tanto para pessoas, 
famílias, organizações públicas e privadas, e o que é muito importante relatar 
nesse pensamento é que independe de época ou situação.
No início da década de 1980, a bioética começou a entrar em evidência, 
com as questões decorrentes de problemas de saúde, tanto com paciente, quanto 
com os profissionais de saúde, pois necessitava de imposição de limites, tanto 
para quem recebesse um tratamento, quanto para quem auxiliasse no tratamento.
Destacamos que estava em evidência o princípio da autonomia, ou seja, 
aquele com o qual o ser humano (paciente) tem o direito de ser responsável por 
seus atos, de exercer seu direito de escolha (autodeterminação), respeitando-se 
sua vontade, valores e crenças, reconhecendo-se seu domínio pela própria vida e 
o respeito à sua intimidade (CAMARGO, 2003).
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
8
Esse princípio requer que o profissional da saúde respeite a vontade 
do paciente, ou de seu representante, levando em conta seus valores morais e 
crenças religiosas. Reconhecer o domínio do paciente sobre a própria vida (corpo 
e mente) e o respeito à sua intimidade, restringindo, com isso, a intromissão 
alheia no mundo daquele que está sendo submetido a um tratamento.
A partir desse entendimento, é necessário que a pessoa responsável esteja 
no comando da saúde do paciente e decida por ele o que deve ser feito, mas, para 
isso, assinará um termo de consentimento, caso o paciente seja incompetente ou 
incapaz, respondendo integralmente por ele.
Outro princípio que deve ser levado a sério é o da beneficência, que 
envolve o médico, no sentido de manter a integridadedo paciente, não efetuar 
tratamento que não esteja formalizado, bem como evitar qualquer dano à saúde 
de quem está doente. 
Na verdade, de forma mais clara, o profissional da saúde, em particular 
o médico, só pode usar o tratamento para beneficiar o paciente, conforme sua 
competência e juízo, e jamais para fazer o mal ou praticar a injustiça. 
Segundo Camargo (2003), esse princípio baseia-se na obrigatoriedade 
do profissional da saúde (médico) de promover, em primeiro lugar, o bem-estar 
do paciente, tendo a função de fazer o bem, passar confiança e evitar danos, 
tratamentos inúteis e desnecessários.
O princípio da não maleficência é um desdobramento da beneficência, 
por conter a obrigação de não acarretar dano intencional (DINIZ, 2008).
O princípio da justiça requer a imparcialidade na distribuição dos riscos 
e benefícios, no que atina à prática médica pelos profissionais da saúde, pois os 
iguais deverão ser tratados igualmente. Pode ser também postulado, através dos 
meios de comunicação, por terceiros ou instituições que defendem a vida ou por 
grupos de apoio à prevenção da AIDS, cujas atividades exercem influência na 
opinião pública, para que não haja discriminações (DINIZ, 2008). 
Este princípio impõe que, inobstante suas diferenças, as pessoas sejam 
tratadas de forma igualitária no exercício da medicina e nos resultados das 
pesquisas científicas.
3 BIOÉTICA E RESPEITO À PESSOA HUMANA
Com o reconhecimento ao respeito à dignidade do ser humano, a bioética 
passa a ter um sentido humanista, estabelecendo um vínculo com a justiça.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
9
Os direitos humanos, decorrentes da condição humana e das necessidades 
fundamentais de toda pessoa, referem-se à preservação da integridade e da 
dignidade dos seres humanos e à plena realização de sua personalidade.
 A bioética anda junto com os direitos humanos, “não podendo, por isso, 
obstinar-se em não ver as tentativas da biologia molecular ou da biotecnociência 
de manterem injustiças contra a pessoa humana, sob a máscara modernizante de 
que buscam o processo científico em prol da humanidade” (DINIZ, 2008, p. 19).
Se em algum lugar houver qualquer ato que não assegure a dignidade 
humana, ele deverá ser repudiado por contrariar as exigências ético-jurídicas dos 
direitos humanos. Desta forma, intervenções científicas sobre a pessoa humana 
que possam atingir sua vida e a integridade físico-mental deverão subordinar-se 
a preceitos éticos e não poderão contrariar os direitos humanos. 
As práticas da ciência da vida, que podem trazer enormes benefícios à 
humanidade, contêm riscos potenciais muito perigosos e imprevisíveis e, por tal 
razão, os profissionais da saúde devem estar atentos, para que não transponham 
os limites éticos impostos pelo respeito à pessoa humana (DINIZ, 2008).
Diniz (2008) faz um destaque para a necessidade de que todos os seres 
humanos, em particular os médicos, os biólogos e os geneticistas, devem intensificar 
sua luta em prol do respeito à dignidade do ser humano, sem acomodações e com 
muita coragem, para que haja efetividade dos direitos humanos.
Essa ideia é considerada uma conquista dos direitos humanos, reconhecida 
com respeito, liberdade e dignidade frente ao homem, perfazendo um caminho 
de conquistas dos valores humanos.
4 ÉTICA
Na trajetória do homem, desde a época das cavernas, houve muitas lutas e 
conflitos, seja pela caça, pela posição de líder em grupos sociais, ou na criação de 
artefatos, equipamentos, repercutindo essa conduta nos dias atuais, pela disputa 
de cargos de alta hierarquia nas empresas, ou indústrias, mas visando os bons 
costumes, a convivência harmônica entre as pessoas, bem como para a sociedade, 
demonstrando o respeito pelos seus pares.
A ética prima por uma conduta correta e digna, visando aos valores 
morais perante a sociedade. Você já pensou por que necessitamos estar ao lado da 
ética? Você já pensou que na maioria das vezes, agimos de acordo com padrões 
impostos pela sociedade, do que é bom e moral? Na verdade, a ética está intrínseca 
ao nosso caráter, pois está ligada à maneira digna de agir, ou seja, necessitamos 
demonstrar um comportamento adequado e correto.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
10
4.1 CONCEITO
A ética sempre existiu na humanidade, intrinsecamente ou não, ela regula 
a atitude das pessoas, padroniza comportamentos e regula a maneira de agir 
dentro do convívio social. A ética foi conceituada por grandes filósofos, como 
Sócrates, Aristóteles, entre outros, foi discutida dentro da teologia por padres e 
pastores durante a Idade Média, até chegar aos conceitos atuais.
O termo ética é de origem grega, que nos transporta ao conceito de ser, ao 
nosso caráter, a maneira de agir, de que forma nos comportamos, e está implicitamente 
relacionado às regras e aos códigos morais que dirigem a conduta humana.
Nesse sentido, Srour (2005) corrobora que a ética se origina do grego ethos, 
que significa caráter do indivíduo, maneira de agir, pensar e de se comportar, 
ou seja, é utilizado para definir a forma como o homem age em determinadas 
circunstâncias, visando o bem-estar, com atitudes que conseguem distinguir o 
certo do errado, ponderando, dessa forma, suas atitudes.
Para Lopes de Sá (2010, p. 15), a ética, em sentido amplo:
É entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus 
semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação 
da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente 
de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações 
virtuosas. Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face 
de suas intenções e atuações, quer relativos à própria pessoa, quer em 
face da comunidade em que se insere.
Srour (2005) também colaborou para o conceito de ética, mas sob o 
ponto de vista filosófico e científico, dessa forma, a ética filosófica visa difundir 
princípios válidos de boas condutas na vida em sociedade, e a ética científica tem 
o objetivo de qualificar o bem e o mal.
A ética está ligada aos hábitos e valores demonstrados pela cultura de 
determinado povo, ou seja, está relacionada aos diversos valores morais que 
existem em várias culturas, e seu objetivo é demonstrar e informar as bases da 
moralidade e indicar o caminho e os princípios abstratos da moral. 
De acordo com Sá (2000), a ética é estudada sob dois aspectos: o primeiro 
diz respeito a uma ciência que estuda a conduta dos seres humanos, onde suas 
atitudes devam refletir sempre a favor dos homens; e o segundo, como ciência 
que busca os meios de conduta, que são convenientes aos objetivos do homem.
Para Arruda (2002) a ética deve ser vista e analisada como um conjunto de 
valores associados ao comportamento do indivíduo, cujas normas são resultado 
da própria cultura de uma sociedade, se transformando em uma regra ética de 
atitude, opção e escolha. Dessa forma, o autor cita algumas condutas compatíveis 
com a ética, que podem ser exemplos de conduta para o indivíduo, como:
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
11
a) Não importa a situação ou o contexto no qual o indivíduo está enquadrado, 
mas a honestidade desse tomar o controle da situação.
b) Mesmo que num determinado momento sua opinião seja diversa da de outras 
pessoas, é necessário ter coragem para se posicionar e assumir as decisões.
c) Ter equilíbrio frente às controvérsias do cotidiano é importante, pois a opinião 
dos demais colegas pode não estar de acordo com a sua, mas o importante é 
ouvir e dialogar sem agressividade.
d) Mesmo diante de tantos valores distorcidos da sociedade, é necessário ter 
integridade, para agir de acordo com os princípios éticos.
e) A humildade também é um fator importante, pois reconhecer erros e corrigi-los 
é essencial para o desenvolvimento dos trabalhos, sendo um ponto importante 
para o sucesso do trabalho em equipe.
Apesar dos vários conceitos trazidos para você, sobre ética, é importante 
termos a noção deque quando falamos em ética, ela não está longe de nós, muito 
pelo contrário, faz parte do nosso cotidiano, do nosso dia a dia.
FIGURA 1– QUESTÃO DE ÉTICA
FONTE: Disponível em: <https://empreendadentista.com.br/2016/04/19/
propaganda-irregular>. Acesso em: 10 ago. 2017.
Nas últimas décadas, se ouviu falar muito sobre ética, acabou virando 
moda, todos acabam falando dela, admiram-na, mas muitos não querem fazer 
parte desta inspiração, não a incorporam nos seus hábitos, deixando de lado a 
noção do que é certo e do que é errado.
Se pensarmos aonde podemos encontrar a ética, não é difícil de relacioná-
la, pois ela surge na família, no trabalho, no lazer, na igreja, no círculo de amigos, 
ou seja, onde nós estamos, aí está a ética, para interagir conosco e proporcionar a 
busca do bem comum.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
12
4.2 RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL
É fácil confundir os conceitos de ética e moral, pois na maioria das vezes, 
eles são utilizados como sinônimos e acabam representando a mesma definição, 
entretanto, há uma diferença significativa, pois a ética está atrelada ao estudo da 
conduta humana em relação aos valores, já a moral está relacionada ao conjunto 
de normas baseadas nos costumes e na cultura de uma sociedade.
Vamos exemplificar, a fim de que essa questão fique mais simples, imagine 
um médico que trabalha no pronto-socorro de um hospital e é surpreendido por 
um atropelamento de uma criança, que em meio a uma anamnese, ou seja, um 
exame físico, constata que é necessária uma transfusão de sangue para salvar essa 
vida. Acontece que a criança e seus pais, por questões religiosas, não permitem 
que o médico realize o procedimento. E agora? O que o médico deve fazer? Vamos 
analisar a situação.
FIGURA 2 – CONTROVÉRSIAS NA TRANSFUSÃO DE SANGUE
FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/
transfusao-de-sangue-riscos-e-beneficios>. Acesso em: 10 ago. 2017.
O médico está diante de um grande conflito, no qual dois valores estão em 
questão: o religioso e o do juramento que o médico realizou ao se formar, quando 
se comprometeu em fazer todo o possível para salvar vidas. Acadêmico, você 
percebeu que esses dois valores estão ligados à moral?
Nesse momento, o médico necessita avaliar esses valores e decidir qual 
é o mais importante, para tomar a atitude que acredita ser correta, avaliará 
racionalmente essas questões e se baseará nas experiências práticas já ocorridas.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
13
Nesse sentido, Vasquez (2006) corrobora com essa ideia, quando aduz que 
o comportamento prático-moral, que se encontra no meio social, faz com que 
o ser humano crie, a partir de determinados problemas, atitudes que o levem 
a um denominador comum e avalie as situações de uma maneira, a partir das 
experiências vividas, dentro da sociedade em que está inserido e das experiências 
e dos costumes de suas comunidades.
Dessa forma, o homem é capaz de tomar decisões com o auxílio de normas 
ou regras de comportamento da sociedade ou no meio em que vive e, por meio 
delas, poderá adquirir a conduta correta para determinados conflitos. Assim, 
Alonso et al. (2008, p. 30) acreditam que “É nas escolhas de toda hora que nos 
defrontamos com a qualificação moral, com a opção entre o bem e o mal”.
Segundo Vázquez (2006), de acordo com as exigências das condições 
nas quais as pessoas se organizam e estabelecem formas de relacionamento, seu 
comportamento moral varia, conforme o tempo e o lugar.
Podemos pensar de uma maneira ampla e fazer um comparativo entre 
a civilização oriental e ocidental, pois enquanto na primeira as crianças podem 
matar pessoas em nome de “Alá”, a civilização ocidental não caracteriza como 
correto o homicídio, enquadrando em penalidade, sob forma de prisão perpétua 
(dependendo do país) ou em prisão por um determinado período de tempo.
Com relação à ética, podemos dizer que ela tenta entender o comportamento 
humano e os motivos que geram determinadas condutas. Dessa forma, a ética é 
utilizada sob forma de avaliar o bem e o mal, ou seja, utilizar nossa liberdade com 
consciência e sabedoria em busca de caminhos corretos.
Podemos encerrar este assunto da relação entre ética e moral com o 
conhecimento de Vásquez (2006), que diz que a ética é teórica e reflexiva, 
enquanto que a moral é apenas prática. Assim, uma completa a outra, havendo 
um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir 
são indissociáveis.
4.3 ÉTICA PROFISSIONAL
Podemos dizer que ética profissional é um conjunto de padrões que 
regem a conduta humana, relacionada à atividade que o homem desempenha 
profissionalmente, com respeito ao seu próximo, não arguindo fofocas, 
desentendimentos, picuinhas, agindo com honestidade, assiduidade, 
responsabilidade, pontualidade, transparência no desempenho de suas funções 
e respeito à hierarquia.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
14
Dessa forma, a ética envolve o relacionamento de profissionais, a fim de 
resgatar a dignidade humana e a construção do bem comum. Sá (2010) elenca uma 
relação de valores, os quais são essenciais à prática dos serviços profissionais, 
entre elas: abnegação, atitude, benevolência, coerência, disciplina, eloquência, 
fidelidade, gratidão, honestidade, idealismo, entre outras. 
Quando a honestidade e a benevolência são pioneiras no desempenho do 
ambiente de trabalho, é possível identificar o caráter do profissional, garantindo 
a extensão da ética para o benefício comum de todos.
Assim, Medeiros e Hernandes (2004, p. 98) esclarecem que:
A ética profissional é o conjunto de princípios que regem a conduta 
funcional de uma profissão. Princípios esses que são essenciais para 
atuação profissional. No entanto, é importante perceber o quanto 
esse conjunto de normas morais se faz necessário no desempenho 
profissional, pois é através dos preceitos éticos incorporados nas ações 
individuais de cada sujeito, que se pode avaliar a conduta profissional 
de cada indivíduo.
Vamos prosseguir nesse assunto e contar uma história superinteressante 
de Platão, que se chama O Mito do Anel de Giges. Essa estória vai ilustrar uma 
pergunta que fazemos inicialmente: a ética é uma essência humana ou é uma 
convenção social?
Giges era um pastor de ovelhas, a serviço do rei, que reinava na Lídia. Um 
certo dia, Giges estava no campo e de repente apareceu uma grande tempestade, 
com um terremoto, nesse momento o solo abriu como uma fenda e uma grande 
abertura se formou onde pastava seu rebanho. 
FIGURA 3 – FENDA FORMADA PELO TERREMOTO
FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 
ago. 2017.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
15
Admirado com o que viu, desceu pela abertura e, entre muitas maravilhas 
que avistava, viu um grande cavalo de bronze, oco, com portinhas, então passou 
a cabeça através de uma delas. 
FIGURA 4 – CAVALO DE BRONZE
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QqB-s0nvdUs>. Acesso 
em: 10 ago. 2017.
Viu um homem que estava morto, cuja estatura ultrapassava a estatura 
humana. Esse morto estava nu, tinha somente um anel de ouro na mão. Giges o 
pegou e saiu da grande fenda, novamente para cuidar do seu rebanho.
FIGURA 5 – CADÁVER COM ANEL DE GIGES
FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 ago. 2017.
Retornando posteriormente para se reunir com outros pastores de ovelhas, 
como era de costume, pois todos faziam um relatório mensal ao rei sobre o estado 
dos rebanhos, Giges foi à assembleia, levando no dedo o seu anel. 
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
16
FIGURA 6 – ANEL DE GIGES
FONTE: Disponível em: <http://www.stephenhicks.org>. Acesso em: 10 
ago. 2017.
Tendo tomado o lugar entre os pastores, girou por acaso o anel, de tal 
modo que a pedra ficou do lado de dentro de sua mão, e imediatamente ele se 
tornou invisível para os seus colegas, falava-sedele como se tivesse partido, o que 
o encheu de espanto.
Girando de novo o seu anel, virou a pedra para fora e imediatamente 
tornou a ficar visível. Atônito com o efeito, ele repetiu a experiência para ver se 
o anel realmente tinha esse poder, e constatou que, virando a pedra para dentro, 
tornava-se invisível e, para fora, visível. 
FIGURA 7 – PALÁCIO DO REI
FONTE: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:PaestumItalien.
jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
17
Tendo essa certeza, entrou no palácio, sequestrou a rainha, atacou e matou 
o rei, sendo que em seguida apoderou-se do trono real.
FIGURA 8 – MORTE DO REI DA LÍDIA
FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Le_Morte_d'Arthur#/media/
File:Edward_Burne-Jones.The_last_sleep_of_Arthur.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017.
O que podemos extrair de proveito com essa estória de Platão? Podemos 
observar a moral e a ética, afinal de contas, quando você toma alguma atitude, 
o faz porque está agindo pelo que aprendeu que é justo? Ou está agindo porque 
alguém está observando você?
Nós agimos de maneira certa ou errada, porque temos convicção quanto 
à nossa atitude? Nesse sentido, a ética é intrínseca ou extrínseca porque tem 
alguém observando?
Você percebeu que o pastor de ovelhas pegou o anel do dedo do cadáver, 
pois ninguém estava observando? Além disso, quando ele constatou que 
conseguia ficar invisível diante de todos, articulou um plano para matar o rei e se 
apoderar do trono real. Será que se estivesse visível também colocaria seu plano 
em prática? Claro que não!
No dia a dia, como agimos? Na vida profissional, como é o nosso 
comportamento perante os colegas, perante a empresa, a instituição e o público 
em geral? Agimos de acordo com a ética, a moral, o costume, os bons valores e 
conforme a legislação legal?
A pergunta que deixo para você é: se você tivesse encontrado o anel de 
Giges, o que faria? Em seguida, convidamos você para fazer a seguinte reflexão: 
os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem serem 
descobertos e punidos? Em que pensamento você se enquadra?
Como já estudamos sobre ética, faça a seguinte reflexão:
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
18
FIGURA 9 – PERGUNTA SOBRE ÉTICA
FONTE: Disponível em: <http://www.oqueeetica.com/o-que-e-etica>. Acesso em: 
10 ago. 2017.
Vamos ajudá-lo oferecendo um conceito que engloba todas as qualidades 
que já estudamos até agora, ou seja, ética é o conjunto de valores e princípios 
que usamos no dia a dia. São as normatizações da sociedade, são os exemplos, 
são os comportamentos sociais aceitos pela sociedade. É a maneira de agir, de se 
comportar, de pensar. De discernir o certo do errado, sempre avaliando as suas 
atitudes e o comportamento humano em geral.
Já abordamos o assunto moral, então, agora desafiamos você em responder 
à pergunta a seguir:
FIGURA 10 – PERGUNTA SOBRE MORAL
FONTE: Disponível em: <http://www.escoladocarater.com.br/2016/02/post-
o-que-e-moral.html>. Acesso em: 10 ago. 2017.
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
19
Então, vamos explicar de uma maneira simples que moral é a prática 
da ética. Se adotamos comportamentos válidos, eticamente aceitos, a moral é a 
prática. Por exemplo, o princípio ético é de não roubar, o comportamento moral 
é se decidimos roubar ou não. Moral, portanto, são as nossas condutas perante 
a ética estabelecida, determinada pelos valores e princípios aceitos e válidos em 
cada tempo.
Muito bem, já conceituamos ética, moral e agora vamos aprofundar nosso 
conhecimento, respondendo à pergunta a seguir:
FIGURA 11 – QUESTIONAMENTO SOBRE CONSCIÊNCIA HUMANA
FONTE: Disponível em: <http://www.tvassembleia.org/noticiasConteudo_inc.
php?idNoticia=227>. Acesso em: 12 ago. 2017.
É o conhecimento daquilo que se pratica. São as escolhas, as tomadas de 
decisões perante o que é moral e ético. É a propriedade individual de cada pessoa 
diante de suas atitudes perante o mundo e perante as interações humanas que se 
estabelecem.
A ética profissional pode ser um diferencial para a empresa, instituição, 
ou melhor dizendo, no mercado empresarial, mas para ela ser evidenciada 
é necessária a conduta adequada dos profissionais, e assim, auxiliará nos 
desempenhos e resultados da organização. 
20
Neste tópico estudamos que:
• O termo “bioética” foi criado em 1971 pelo oncologista e biólogo Van Rensselaer 
Potter.
• A bioética é, em sentido amplo, uma resposta da ética às novas situações 
oriundas da ciência no âmbito da saúde.
• A bioética está pautada em quatro princípios.
• A bioética anda junto com os direitos humanos.
• Diante da evolução da pesquisa científica, a bioética surgiu como uma reação à 
realidade tecnológica na área da saúde.
• A ética regula a atitude das pessoas.
• A ética está relacionada ao estudo da conduta humana, já a moral está atrelada 
ao conjunto de normas baseadas nos costumes e na cultura de uma sociedade.
• O conjunto de padrões que regem a conduta humana é conhecido por 
ética profissional e está relacionado à atividade que o homem desempenha 
profissionalmente.
• Resguardar a harmonia humana é uma das funções da bioética.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
1 Estabeleça o conceito de bioética.
2 O Código de Nuremberg é um conjunto de princípios éticos que regem 
a pesquisa com seres humanos. Foi criado no final da Segunda Guerra 
Mundial, para direcionar o que seria permitido fazer nos experimentos 
médicos. Dessa forma, cite dois itens que constam nessa declaração.
3 Estabeleça a diferença entre ética e moral. 
4 Explique em que contexto histórico a bioética surgiu.
5 Ao falarmos sobre o conjunto de valores e princípios que usamos no dia a dia, 
sobre as normatizações da sociedade, a maneira de agir, de se comportar, de 
pensar e de conseguir compreender o certo do errado, estamos falando de:
( ) Ética.
( ) Bioética.
( ) Moral.
( ) Consciência humana.
AUTOATIVIDADE
22
23
TÓPICO 2
BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a medicina avançou com passos largos referente à 
reprodução humana assistida, porém não conseguiu acompanhá-la com a edição 
de normas ou legislações, a fim de contemplar expectativas legais, gerando 
direitos e deveres na esfera da concepção artificial e manutenção da vida.
No Brasil, há pouco respaldo legal para o estudo e experimentações 
com embriões, pois esse assunto gera polêmica e controversas no meio social e 
científico. De qualquer forma, vamos conhecer, neste tópico, algumas técnicas de 
reprodução humana, o posicionamento da legislação brasileira e problemas que 
podem acontecer no percurso da fertilização.
Normalmente, os casais recorrem a alguma técnica de reprodução humana 
assistida, quando o método convencional de fecundação não é exitoso, assim, o 
desejo por ter filhos aflora e os consultórios médicos ficam em evidência, para 
satisfazer o desejo maternal e paternal.
Neste percurso nem tudo é perfeito, há decepções quando a técnica 
recorrida não supre as expectativas do casal, pois elas não oferecem 100% de 
sucesso. Mas nada como manter a perseverança e tentar novamente.
Então, vamos aprimorar nosso conhecimento para compreendermos o 
mundo da reprodução humana assistida.
Bons estudos!
2 TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA
Esse tipo de técnica é conhecido por um conjunto composto de vários 
métodos específicos, com características próprias, objetivando auxiliar ou 
viabilizar o desejo da procriação tanto de homens, quanto de mulheres estéreis 
ou inférteis.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
24
Normalmente, a reprodução assistida é procurada por indivíduos que 
não conseguem alcançar a reprodução pelos métodos convencionais, então 
basicamente procuram um consultório médico para esclarecer seus anseios e 
externar seu desejo por algum método de reprodução humana.
FIGURA 12 – REPRESENTAÇÃO DO DESEJO INFRUTÍFERO DEUM CASAL 
INFÉRTIL
FONTE: Disponível em: <https://boutiquedeluxo.wordpress.com>. Acesso 
em: 12 ago. 2017.
A Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 8 a 15% 
dos casais em idade reprodutiva têm algum problema de infertilidade, sendo 
que entre as mulheres, as principais causas são: idade, doença inflamatória 
pélvica, fumo e sobrepeso, porém, atualmente há várias técnicas reprodutivas 
que oferecem chances de sucesso no tratamento (BRASIL, 2013).
Segundo Abdelmassih (2001), a esterilidade atinge em torno de 20% dos 
casais, e nos últimos anos houve intenso desenvolvimento de tecnologias, drogas 
e condições laboratoriais que possibilitam a disponibilização de maiores chances 
de sucesso no tratamento deste problema.
Conforme o referido autor, ao conjunto de técnicas que auxiliam o processo 
de reprodução humana foi dado o nome de técnicas de reprodução assistida 
(TRA), as quais podem ser divididas em métodos de baixa complexidade e de 
alta complexidade.
Considerando os princípios do biodireito, é preciso que os médicos optem 
por adotar uma das técnicas quando de fato não houver possibilidade de outro 
tratamento para contornar a infertilidade, haja visto se tratar de um processo 
complexo e que ocasiona expectativas para as partes envolvidas.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
25
2.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Entre as várias técnicas de reprodução, a inseminação artificial (IA) é a 
mais simples, ela consiste na introdução de um esperma no útero da mulher, com 
o auxílio de um cateter, sendo que a fecundação ocorre sem interferência humana 
e no interior do útero da mulher (ORSELLI, 2006).
É uma técnica que apresenta duas classificações, uma chamada homóloga 
e a outra chamada heteróloga. A primeira não gera polêmica, tampouco é 
discutida sob o ponto de vista ético, pois o material utilizado pertence ao marido 
ou companheiro, já a segunda classificação é controversa, pois o material utilizado 
é de um terceiro doador, ou seja, de uma pessoa desconhecida.
A inseminação artificial será utilizada por quem apresenta alguma 
disfunção no organismo e que não consegue realizar o sonho da concepção de 
gerar filhos naturalmente, mas que possui o desejo latente da maternidade ou 
paternidade.
Podemos dizer que o sonho de conceber uma criança não é apenas de 
casais heterossexuais, pois atualmente as técnicas estão sendo muito desejadas e 
procuradas por casais homoafetivos e pessoas solteiras.
A inseminação artificial foi a primeira técnica de reprodução humana 
praticada pelos médicos, sendo que seu sucesso depende do cálculo exato da 
ovulação da mulher, uma vez que o material germinativo masculino é introduzido 
no útero, necessitando do desenvolvimento natural da gestação, ou seja, a 
fecundação ocorre dentro do corpo da mulher (FERRAZ, 2016).
Para Fernandes (2005), essa técnica seria uma maneira de ajudar na 
procriação, já que houve insucesso pelo método natural de fecundação humana, 
motivada pela impotência masculina, infertilidade da mulher, qualidade do 
esperma, ou por alguma inconsistência sexual entre o casal. 
2.2 FECUNDAÇÃO IN VITRO
Você já ouviu falar em bebê de proveta? Provavelmente sim, mas pelo 
nome científico, talvez você não fosse reconhecer, pois é chamado de fecundação 
in vitro, então vamos estudar como é realizado esse método.
A fecundação in vitro, também conhecida pela sigla FIV, consiste na 
retirada de espermatozoides do corpo do homem e do óvulo do corpo da mulher. 
Dessa forma, são colocados em tubo de ensaio, para que ocorra a fecundação, é 
interessante observar que é um método de reprodução fora do ambiente uterino, 
mas quando o zigoto é formado, horas depois, ele é colocado no útero de quem 
forneceu o óvulo. 
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
26
Prezado acadêmico! Observe a figura a seguir, para entender que a coleta 
de óvulos é feita por meio da punção folicular, acompanhado por ultrassom, ou 
seja, a agulha de aspiração atravessa o abdômen, a bexiga, o fundo da vagina e 
a uretra, onde é aspirado o conteúdo e imediatamente preparado, objetivando a 
implantação no útero (FERNANDES, 2005).
FIGURA 13 – COLETA DE ÓVULOS FEITA POR PUNÇÃO FOLICULAR, COM O 
AUXÍLIO DO ULTRASSOM
FONTE: Disponível em: <http://www.boavidaonline.com.br/fertilizacao-in-vitro-em-
goiania>. Acesso em: 12 ago. 2017.
Assim como o óvulo precisa de preparo, o espermatozoide também 
necessitará de cuidados extras, pois há alguns critérios para sua escolha, por 
exemplo, ter uma boa mobilidade e ser um espermatozoide microscopicamente 
excelente, para então receber o óvulo em um tubo de ensaio e aguardar a 
fecundação e, após esse preparo, transferi-lo ao útero. 
Um problema que incomoda grande parte da sociedade, órgãos de proteção 
humana e alguns cientistas, é a quantidade de embriões que serão gerados para 
implante no útero, pois a recomendação perante a legislação brasileira é de que 
sejam implantados no máximo quatro embriões, pois o excesso pode causar 
transtornos para a saúde da gestante, como parto prematuro e aborto.
Barroso (2007) aduz que o ideal é que a transferência de embriões para o 
útero materno fosse de dois, podendo chegar a três, evitando gravidez de risco, 
portanto, os embriões excedentes deverão ser congelados.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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FIGURA 14 – CHARGE QUE REPRESENTA A IMPLANTAÇÃO DE EMBRIÕES SEM 
LIMITAÇÃO DE QUANTIDADE, COM PLENO SUCESSO
FONTE: Disponível em: <http://emip804.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.
html>. Acesso em: 12 ago. 2017.
É incrível pensar que há algumas décadas, só havia um entendimento 
de que a gestação ocorreria apenas no útero materno e esse pensamento era 
consentido por todos, ou seja, somente em filmes futuristas poderia ser pensado 
em desenvolvimento de bebês dentro de vidros. Por incrível que pareça, o tempo 
passou e isso já é realidade, a medicina está evoluindo a passos largos.
2.3 TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE GAMETAS
Na transferência intratubária de gametas, conhecida por GIFT, ocorre a 
retirada de materiais genéticos do homem, que serão colocados, em seguida, nas 
trompas de falópio, onde ocorrerá a fecundação espontânea (ORSELLI, 2006).
Ferraz (2016) também corrobora com este conceito, informando que é uma 
fecundação natural, onde o sêmen é introduzido nas trompas de falópio, para que 
neste local ocorra o processo de fertilização.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA INTRATUBÁRIA DE 
GAMETAS
FONTE: Disponível em: <http://reproducaoassistida.blogspot.com.
br/2013/10/tecnicas-transferencia-intratubaria-de.html>. Acesso em: 12 
ago. 2017.
É interessante notar que esta técnica difere da fertilização in vitro, quanto 
ao local da fecundação, pois a fertilização in vitro ocorre em tubo de ensaio e a 
transferência intratubária de gametas ocorre no próprio corpo da mulher.
Como já estudamos, na fertilização in vitro, normalmente há excesso de 
embriões, já neste tipo de fertilização em questão não há excesso de embriões, 
portanto, não sofrerão o ato do congelamento, sem saber se um dia serão usados, 
assim, esta técnica é bem aceita por casais que não desejam a concepção em 
laboratório, por questões morais ou religiosas.
Dessa forma, Camargo (2003) explica exatamente o que acabamos de 
estudar, que a GIFT é uma variante da FIV, visando atender sobretudo aos casais 
que se debatem com dilemas éticos e morais por motivos religiosos. Para que 
a concepção não ocorra num laboratório, mas sim no próprio organismo da 
mulher, os óvulos e os espermatozoides são colocadas em um cateter e, então, 
depositados nas trompas da paciente, antes da fecundação. 
A técnica GIFT se assemelha à da fertilização in vitro na fase de estimulação 
da ovulação e coleta dos espermatozoides, sendo que o material é transferido 
para uma ou para as duas trompas, por meio de um cateter, onde acontecerá a 
fecundação do óvulo. Dessa forma, enquanto a FIV ocorre extracorporeamente,a técnica GIFT ocorre nas trompas, portanto, no interior do corpo da mulher 
(FERRAZ, 2016).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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3 IMPLICAÇÕES LEGAIS
É importante esclarecer que o termo embrião é empregado para todas as 
etapas do zigoto, desde a fecundação do óvulo até o estágio fetal que ocorre na 
oitava semana de gravidez. Já a palavra feto é usada após esta fase, quando todos 
os principais órgãos estão formados (FERNANDES 2005).
Uma outra questão que merece destaque está em torno dos embriões 
excedentes, ou seja, aqueles embriões que não foram transferidos para o útero, 
ou seja, os embriões que sobraram em virtude de não apresentarem bons sinais 
de desenvolvimento, ou mesmo porque ultrapassaram o número máximo 
recomendado para transferência.
Vejamos o que a legislação fala a respeito do embrião, quanto aos limites 
traçados pelas normas com relação à experimentação humana.
3.1 PROTEÇÃO JURÍDICA DO EMBRIÃO HUMANO
A ordem legislativa civil reconhece os seres humanos nascidos como 
pessoas naturais, protegendo-lhes os direitos. Também preserva os interesses dos 
nascituros (concebidos no ventre materno e em vias de se tornarem pessoas, ao 
nascerem com vida) e assegura vantagem à denominada prole eventual, que diz 
respeito aos seres humanos ainda não concebidos (FERNANDES, 2005).
FIGURA 16 – CHARGE DO EMBRIÃO EM BUSCA DOS SEUS DIREITOS
FONTE: Disponível em: <http://todososdireitosdoembriao.blogspot.com.br>. Acesso em: 
12 ago. 2017.
Aqui se instala um contraponto gigante para a sociedade, pois, para muitas 
pessoas, não há problema algum se o aborto é realizado no início da reprodução.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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Prezado acadêmico! Não vamos entrar nessa discussão, só vamos 
lançar um questionamento para você refletir, pois a ciência acredita que com a 
fecundação se inicia um processo de uma vida, então será que o aborto no início 
da vida não deveria ser crime? Deveria ser permitido? E essa vida latente, será 
extirpada? E como ficam os direitos perante o código brasileiro desse ser que um 
dia teve uma vida muito breve?
Para Diniz (2008), o material celular humano vivo, desde seus primeiros 
instantes, já é um ser humano merecedor de proteção jurídica, pelo que é e pelo 
que irá ser. É um ser humano em desenvolvimento, distinto de seus genitores, 
tendo, desde sua concepção, identidade genética própria e permanente.
 A Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida por Pacto de 
San José da Costa Rica, de 1969, ratificada pelo Brasil em 1992, em seu art. 4º, 
alínea 1 “Direito à vida”, estipula: “Toda pessoa tem o direito de que se respeite 
sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento 
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente” (CAMARGO, 
2003, p. 73).
Há muito interesse despertando no meio científico, com o objetivo de 
não findar as experimentações e investigações científicas, mas, por outro lado, 
surgiram conflitos de tamanho vultoso, argumentando ilicitudes que acontecem 
na manipulação dessas técnicas. 
Conforme destacado por Camargo (2003), as técnicas reprodutivas 
são importantes para a sociedade em geral, cada um com sua particularidade 
para utilizá-la, dessa forma, essas técnicas não podem ser pormenorizadas pelo 
legislador. Como exemplo, podemos citar a primeira alteração significativa 
evidenciada pelo novo Código, que foi a substituição do próprio título do 
Capítulo II, que antes tratava Da Filiação Legítima, e agora, mais abrangente, trata 
simplesmente “Da Filiação”. Tal alteração reflete a determinação constitucional 
(art. 227, § 6º) de se afastar qualquer designação discriminatória relativa à filiação.
Reconhecendo essa realidade, o novo Código Civil estabelece em 
seu artigo 1.597 a presunção de paternidade em favor dos filhos havidos por 
inseminação artificial, mesmo que dissolvido o casamento ou falecido o marido. 
Nos casos de concepção artificial homóloga, diz o Código que os filhos daí havidos 
presumir-se-ão concebidos na constância do casamento, pouco importando se 
a implantação do embrião venha a ocorrer anos após a dissolução do vínculo 
conjugal (FERNANDES, 2005).
O CFM (Conselho Federal de Medicina) editou a Resolução nº 1.358, 
em 1992, reconhecendo a importância da infertilidade humana como problema 
de saúde, com implicações médicas e psicológicas, e a legitimidade do anseio 
de superá-la trouxe normas éticas para a utilização das técnicas de reprodução 
humana assistida (FERNANDES, 2005).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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Para o Conselho Federal de Medicina, as técnicas em questão não podem 
ser utilizadas deliberadamente, mas deve haver um diagnóstico concreto, no 
sentido de indicar o motivo do impedimento da fecundação por parte do casal, 
para então recorrer às técnicas de reprodução humana assistida, a fim de evitar 
procedimentos desnecessários e colocar a vida do paciente em risco. 
O Código de Ética Médica, no seu art. 46, destaca a importância do 
consentimento, que determina o princípio da autonomia, um dos fundamentos 
da bioética. Tal consentimento deve ser livre e esclarecido, ou seja, consciente, 
sem coação física, moral ou psíquica, e só será admitido depois de fornecidas 
todas as informações sobre o tratamento, riscos e probabilidades de sucesso ou 
insucesso (CAMARGO, 2003).
Por fim, queremos enfatizar a Resolução do CFM, que dispõe, conforme 
mencionado por Almeida Junior (2005, p. 6):
V - CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES
1 - As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar 
espermatozoides, óvulos e pré-embriões.
2 - O número total de pré-embriões produzidos em laboratório será 
comunicado aos pacientes, para que se decida quantos pré-embriões 
serão transferidos a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, 
não podendo ser descartado ou destruído.
3 - No momento da criopreservação, os cônjuges ou companheiros 
devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será 
dado aos pré-embriões criopreservados, em caso de divórcio, doenças 
graves ou de falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam 
doá-los.
Sem dúvida, o assunto reprodução humana assistida originou debates 
acirrados entre religiosos, cientistas e a sociedade em geral.
3.2 POSICIONAMENTO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FRENTE 
ÀS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA
O início da vida de um ser humano é um marco decisivo para a verificação 
da legitimidade ou da ilegitimidade moral da manipulação de seres humanos, 
qualquer que seja seu estado de desenvolvimento. 
Entende-se que a vida humana desponta no próprio momento da 
concepção, ou seja, com o início da fertilização ou fecundação, começa uma nova 
vida humana, única e irrepetível. Daí os argumentos contra a individualidade do 
zigoto e/ou do embrião humano, manejados por aqueles que pretendem utilizá-lo 
para experimentação ou eliminá-los por motivos distintos, sem nenhum tipo de 
escrúpulos (CAMARGO, 2003).
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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FIGURA 17 – MOMENTO DA FECUNDAÇÃO (ESPERMATOZOIDE E ÓVULO)
FONTE: Disponível em: <https://www.todopapas.com.pt>. Acesso em: 14 ago. 2017.
Conforme Namba (2015), os primeiros limites estabelecidos pelo biodireito 
no âmbito de qualquer Estado são os limites traçados pelo Direito Constitucional, 
os quais formam a espinha dorsal do biodireito, irradiando-se por todas as 
legislações referentes à matéria. Assim, ao estabelecer na Constituição que é 
inviolável o direito à vida, à integridade física e à saúde, estes direitos devem 
ser respeitados e observados pelas legislações infraconstitucionais, que tratam de 
temas relacionados às experimentações científicas. 
Por outro lado, quando a mesma Constituição estabelece que é livre o 
exercício de qualquer ofício ou profissão, além de garantir o direito à liberdade 
de pensamento e de consciência e prática científica, esta Constituição confere 
à comunidade médico-científica um limite de ingerênciaem sua profissão que 
igualmente deve ser observado.
A regulamentação médica existente sobre o assunto, a Resolução nº 1.358/92-
CFM, mostra-se insuficiente, haja visto ser uma norma meramente deontológica, 
exigindo uma pronta manifestação jurídica, para apreciar os problemas cada vez 
mais graves que estão surgindo nesta área (CAMARGO, 2003).
O direito brasileiro contempla os direitos individuais de cada um, 
colocando-os a salvo desde a concepção (art. 2º do novo Código Civil). De igual 
forma age quando prescreve curador aos concebidos e ainda não nascidos (art. 
1.179 do novo Código Civil) e quando coloca o aborto entre os crimes praticados 
contra a vida (arts. 124 a 126, Código Penal) (CAMARGO, 2003).
A personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas o nascituro 
já é um ser individual desde a sua concepção, pois de outra forma o Direito não 
teria a preocupação de considerá-lo objeto de tutela do Estado. Já há muito tempo 
não se discute a relevância do ser humano para o Direito, tanto que o Código 
Penal reconheceu a inviolabilidade da vida fetal ao tipificar o aborto.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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Contudo, é preciso ter em conta o que afirma Almeida Junior (2005), que 
o Direito é um fenômeno social, dessa forma, o avanço legal nunca é pari passu ao 
avanço social, pois essa questão de reprodução humana assistida é bem discutida, 
entretanto, o Direito ficou ultrapassado por essa temática. 
De fato, no mundo este tema das técnicas de reprodução assistida é 
discutido há duas décadas, aproximadamente. Alguns países já possuem legislação 
satisfatoriamente avançada a respeito, mas no Brasil pode-se dizer que foi iniciada 
uma discussão recente, acerca das implicações éticas da reprodução assistida.
Em alguns países houve e continua havendo debates para formar um 
consenso a respeito das implicações éticas do desenvolvimento das técnicas 
reprodutivas, estabelecendo-se as diretrizes a serem adotadas. Como exemplo 
pode-se citar a Declaração Ibero-americana sobre ética e genética, na qual estão 
relatados os resultados dos encontros sobre bioética e genética na Espanha em 
1996 e na Argentina em 1998, visando alertar os países ibero-americanos acerca da 
necessidade de adotarem medidas para incrementar o estudo, desenvolvimento 
de projetos de pesquisa e difusão de informações sobre os aspectos sociais, éticos 
e jurídicos relacionados à genética humana (FERRAZ, 2016).
Ferraz (2016) acredita que no Brasil há uma situação desenfreada, ou 
até mesmo clandestina para a reprodução assistida, realizada por clínicas de 
fertilização. Mesmo havendo pouca legislação, o pouco que existe já deveria conter 
a reprodução ilimitada, pois assim, ignoram-se os pré-requisitos da reprodução 
assistida. Cabe destacar que a ANVISA editou a Resolução nº 33, no ano de 2006, a 
qual dispõe sobre o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos.
O Código Civil de 1916 não tratou da matéria, já o Código Civil de 2002, 
embora de forma ainda insuficiente, abordou a questão da reprodução humana 
assistida no capítulo referente à filiação.
Especificamente sobre reprodução humana assistida, além do que 
expusemos para você, é importante informar que foi aprovada pelo Congresso e 
sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 24 de março de 
2005, a Lei da Biossegurança, Lei nº 11.105/05.
Lembram de quando falamos da preocupação que a sociedade fomentou 
com relação ao que fazer com os embriões excedentes? Aqui temos resposta com 
base na Lei nº 11.105, de 2005, pois disciplina alguns assuntos, entre eles, autoriza 
o uso de células-tronco de embriões humanos para pesquisa e terapia, além da 
liberação para a utilização de células-tronco embrionárias excedentes, resultantes 
de embriões humanos produzidos pela FIV.
A Lei nº 11.105/05 assegura a pesquisa com embriões considerados 
inviáveis ou congelados, a partir de três anos após sua criação, contados da data 
de congelamento. Outra exigência é que, em qualquer dos casos, a pesquisa só 
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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poderá ser feita com o consentimento dos pais, que devem assinar termo de 
consentimento livre e esclarecido, conforme norma específica do Ministério da 
Saúde, que também regulamenta a terapia das células-tronco (BRASIL, 2005).
Dessa forma, mesmo que em passos curtos, o Brasil conseguiu iniciar a 
largada com estudos de células-tronco embrionárias humanas, bem como, com 
embriões excedentes, assim, esperamos que em um futuro próximo a medicina 
traga muitos benefícios à humanidade.
3.3 PROJETOS DE LEI
Mesmo com uma legislação sobre a reprodução humana assistida, ainda 
está sendo difícil aparecer legislação referente às técnicas de reprodução assistida, 
seja no sentido de proteção do embrião, ou para efetivamente liberação de 
pesquisas e experiências com células-tronco e embrião, pois, como estudamos até 
aqui, essas questões envolvem a vida e se faz necessário, muitas vezes, eliminar 
uma vida (embrião, célula) para salvar muitas outras vidas.
Nesse sentido, alguns projetos de lei (PL) no Brasil foram elaborados, mas 
não foram aprovados pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Vamos 
conhecer alguns desses projetos.
O senador José Sarney foi uma das personalidades públicas no cenário 
político que apresentou o PL nº 1.184/2003, referente ao destino do embrião, 
bem como a doação de gametas que privilegiava tanto a mulheres solteiras, 
como casais, previu que o número máximo de embriões produzidos fosse dois e 
também possibilitou a quebra de sigilo do doador (MALUF, 2015).
Os projetos de lei são diversos e podemos perceber que os assuntos 
são variados, mas eles se complementam, também podemos dizer que alguns 
itens com o passar do tempo foram aceitos, porém em partes, como é o caso da 
Resolução nº 1358/92 do CFM, permitindo a implantação de no máximo quatro 
embriões, conforme já estudamos.
Confúcio Moura, deputado na época, sugeriu o PL 2855/97, que 
contemplava o destino do embrião em excesso para ser criopreservado, 
autorizando o descarte deles. Assim como José Sarney, ele autorizou a doação de 
gametas, mas não mencionou o número máximo de embriões a serem produzidos 
e nem mesmo falou quanto à quebra de sigilo do doador em caso de necessidade 
clínica (MALUF, 2015).
Interessante foi o PL 120/2003, apresentado pelo deputado na época 
Roberto Pessoa, que versou sobre a investigação de paternidade de pessoas 
nascidas de técnicas de reprodução assistida. Também não previu o destino do 
embrião excedentário, nem quanto ao número máximo de embriões a serem 
produzidos, mas previu a possibilidade de quebra do sigilo do doador em caso 
de necessidade clínica, privilegiando assim a filiação social.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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Como já mencionamos, esses projetos de lei não foram aprovados, mas 
paralelo a eles, foram surgindo normatizações quanto à reprodução assistida, 
sendo que ainda carecemos dessa matéria.
4 PROBLEMAS SOCIAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO 
DAS TÉCNICAS REPRODUTIVAS
É válido abordar dois aspectos bastante contemporâneos relacionados à 
reprodução humana: a queda das taxas de natalidade e a infertilidade.
Acredita-se que devido à política governamental, houve uma queda 
acentuada nas taxas de natalidade no Brasil. Mas nem sempre foi assim, o cenário 
era diferente, pois até o século XIX a característica familiar era conceber muitos 
filhos, porém, com a entrada dos métodos contraceptivos, como o preservativo 
e o anticoncepcional, houve considerável queda do nascimento de crianças, 
principalmente nas classes média e alta.
FIGURA 18 – TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL: NÚMERO MÉDIO ANUAL DE FILHOS NOS 
ESTADOS BRASILEIROS ENTRE 2000 E 2008 
FONTE: Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/a05b.htm>. Acesso em: 12 
ago. 2017.
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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Pela tabela acima, podemos verificar o que ocorreu, continuando o declínio 
das

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