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HOLDING FAMILIAR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE 
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO lato sensu EM DIREITO DE FAMÍLIA E 
SUCESSÕES 
 
 
 
GABRIELLE COSTA CARVALHO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR 
COMO INSTITUTO DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2021 
 
 
GABRIELLE COSTA CARVALHO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO 
INSTITUTO DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
Artigo apresentado como Trabalho de 
Conclusão do Curso da Pós-Graduação 
lato sensu em Direito de Família e 
Sucessões, vinculado ao Centro de 
Ciências Jurídicas da Universidade 
Federal de Pernambuco. 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Sílvio Romero Beltrão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2021
 
 
2 
A POSSIBILIDADE JURÍDICA DE UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO 
INSTITUTO DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
THE LEGAL POSSIBILITY OF USING FAMILY HOLDING AS AN INSTITUTE OF 
SUCCESSORY PLANNING 
 
Gabrielle Costa Carvalho de Oliveira1* 
Sílvio Romero Beltrão2** 
 
RESUMO: 
 
O estudo realizado tem como ponto principal demonstrar a possibilidade jurídica de 
utilização da holding familiar como instituto do planejamento sucessório. Por 
consequência, serão abordados tópicos do Direito Sucessório no que concerne o 
planejamento sucessório, contextualizando a realidade social aos ditames legais. 
Ademais, este instrumento jurídico permite a organização, em vida, da destinação do 
patrimônio de uma pessoa após o seu falecimento, ou seja, é uma alternativa mais 
rápida e menos burocrática para esta finalidade, principalmente quando encarada 
diante do contexto social vivido atualmente, diante de uma pandemia. Dessa forma, o 
trabalho ressaltará as vantagens obtidas na realização do planejamento sucessório, 
apresentando a forma como ele pode e deve ser realizado. Ao abordar os institutos 
que compõem o planejamento sucessório, esta análise realçará o papel da holding 
familiar, demonstrando seus aspectos legais, que envolvem questões desde a sua 
criação até a sua extinção, exibindo principalmente os tópicos referentes ao Direito 
Tributário, pois estes tendem a despertar a atenção dos interessados no assunto. 
 
Palavras-chave: Direito das Sucessões. Planejamento Sucessório. Holding Familiar. 
 
ABSTRACT: 
 
The main study carried out is to demonstrate the legal possibility of using the family 
holding company as an institute for succession planning. Consequently, topics of 
Succession Law will be addressed in what concerns succession planning, 
contextualizing the social reality to the legal dictates. In addition, this legal instrument 
allows the organization, in life, of the destination of a person's patrimony after his death, 
that is, it is a faster and less bureaucratic alternative for this purpose, especially when 
faced with the social context experienced today, facing of a pandemic. In this way, the 
work will highlight the advantages obtained in carrying out succession planning, 
presenting the way it can and should be carried out. In addressing the institutes that 
 
1 Bacharela em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP); Pós-graduanda em 
Direito de Família e Sucessões pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/FDR); Servidora 
Pública do Estado de Pernambuco; e-mail: gabrielle_costa_29@hotmail.com. 
 
2 Doutorado e Mestrado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, Pós-Doutorado em 
Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Professor adjunto da Universidade Federal 
de Pernambuco. Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. 
 
 
 
3 
make up succession planning, this analysis will highlight the role of the family holding 
company, demonstrating its legal aspects, which involve issues from its creation to its 
extinction, showing mainly the topics related to Tax Law, as they tend to awaken the 
attention of those interested in the subject. 
 
Keywords: Succession Law. Succession Planning. Family Holding. 
 
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. 1. DIREITO DAS SUCESSÕES: O PLANEJAMENTO 
SUCESSÓRIO E SUAS VANTAGENS. 2. A HOLDING FAMILIAR NO 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO. 3. CRIAÇÃO, FUNCIONAMENTO E EXTINÇÃO 
DA HOLDING FAMILIAR. 4. REPERCUSSÕES DA HOLDING FAMILIAR NO 
DIREITO TRIBUTÁRIO. CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O planejamento sucessório é um tema atual e de magna relevância, tendo em 
vista a preocupação dos indivíduos com a destinação do seu patrimônio após seu 
falecimento. Ademais, diante do cenário de pandemia que assola o mundo, esse 
assunto se tornou bastante comentado e questionado, após o impacto de milhares de 
mortes em decorrência do Corona vírus (COVID-19). A partir da realidade de 
incertezas ocasionadas pela doença, o planejamento sucessório se destaca ao 
possibilitar uma tomada de decisão, ou seja, por ser um instrumento que torna 
possível a efetivação da autonomia da vontade em uma parcela da sua vida. 
O argumento bastante utilizado para encorajar sua utilização é voltado para os 
benefícios tributários garantidos, que, de fato, pesa positivamente nessa decisão, 
porém esse planejamento não se resume a isso. Deve-se ir além e entender essa 
ferramenta como um instrumento a ser usado de forma inteligente, apto a satisfazer 
os anseios tanto do dono do patrimônio, quanto os dos seus sucessores ao evitar 
entraves e conflitos familiares desnecessários. Desta forma, a família, tenha ela vasto 
ou reduzido patrimônio, se beneficia dele de acordo com o seu interesse. Abordar o 
planejamento sucessório significa, portanto, programar a vontade da destinação dos 
seus bens, organizá-los de forma a facilitar sua transferência para os devidos 
sucessores. 
A arquitetura sucessória abarca diversos institutos, como por exemplo o 
testamento, a doação e a previdência privada. Dentro desse enquadramento, ter-se-
ão as razões jurídicas pelas quais as holdings familiares estão incluídas como um dos 
 
 
4 
institutos que compõe esse instrumento, através delimitação dos aspectos jurídicos a 
serem demonstrados. 
O avanço da economia despertou a necessidade de melhor dispor sobre o 
patrimônio, ou seja, de gerenciá-lo, tendo em vista haver diversas empresas atuando 
concomitantemente no mercado. Ao administrar uma empresa, a organização deve 
ser bem trabalhada para que o seu crescimento ocorra e haja a garantia de uma 
estabilidade. Para tanto, se faz necessário um planejamento multidisciplinar, 
juridicamente falando, pois, os pilares de uma boa empresa são feitos a partir da união 
de normas societárias, financeiras e, principalmente, sucessórias. Ao elaborar formas 
de dar continuidade a essas empresas, com o intuito de consagrar-se em diversas 
gerações, em diversas oportunidades opta-se pela utilização da holding familiar. 
Desta forma, a holding familiar objetiva monitorar o patrimônio de pessoas 
físicas de uma entidade familiar, que possuem participação em outras sociedades. 
Portanto, ela pode ser considerada como uma empresa que controla outras empresas, 
sendo estas gerenciadas por pessoas do mesmo seio familiar. Isso posto, ela visa 
proteger o patrimônio alcançado pelas outras empresas mencionadas, possibilitando 
avanços e evitando perdas do patrimônio, que podem ocorrer com a morte de algum 
dos seus acionistas ou cotistas caso não sejam bem organizadas. 
Perpassadas as considerações sobre a contextualização e o conceito da 
holding familiar, adentrar nos aspectos sucessórios, societários e financeiros que 
permeiam esse instituto se faz de extrema relevância. Para tanto, o estudo contará 
com tópicos destinados a detalhar cada uma dessas questões de acordo com os 
posicionamentos doutrinários, apresentando as razões para enquadrar a holding 
familiar como instituto do planejamento sucessório, as legislaçõesaplicáveis, os tipos 
de holding, os tipos societários da holding, os aspectos tributários de constituição e 
manutenção da holding, as vantagens tributárias ao escolher a holding, dentre outros 
temas relevantes. 
 
1. DIREITO DAS SUCESSÕES: O PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO E SUAS 
VANTAGENS 
 
O Direito das Sucessões é um dos ramos do Direito Civil brasileiro e pode ser 
entendido sumariamente como o direito relativo à sucessão causa mortis, ou seja, 
 
 
5 
decorrida da morte. Previsto constitucionalmente no artigo 5º, inciso XXX, CF/883, ele 
está estritamente ligado ao Direito de Família, pois as regras trazidas neste 
influenciam diretamente na aplicação daquele. 
Sincronizando esse entendimento com o posicionamento doutrinário, Pablo 
Stolze e Rodolfo Pamplona4 conceituam o Direito das Sucessões como o conjunto de 
normas que disciplina a transferência patrimonial de uma pessoa em função de sua 
morte. Ele identifica ser a modificação da titularidade dos bens o objeto de 
investigação especial desse ramo do Direito Civil. 
José de Oliveira Ascensão5 incrementa esse pensamento, alegando ser o 
Direito das Sucessões o instrumento que permite dar a continuidade possível ao 
descontínuo causado pela morte, sendo essa sua finalidade institucional. Entende-se 
que essa continuidade pode ser tanto no plano individual, formada pela figura da 
vontade do autor perante seus herdeiros, por isso leciona-se a relevância do 
testamento, ou a social, que é consubstanciada na participação do falecido em atos 
da vida, como a celebração de contratos. 
Flávio Tartuce6 exprime a junção dessas ideias ao alegar que é possível alinhar 
o Direito das Sucessões não só ao Direito de Família conforme mencionado alhures, 
mas também ao Direito de Propriedade, perante a análise do artigo 5º, XXII e XXIII7, 
da CF/88. Além disso, ele visualiza a sucessão causa mortis como um dos meios de 
valorização constate da dignidade da pessoa humana, tanto do ponto de vista 
individual como do coletivo, conforme o artigo 1º, III, e o artigo 3º, I, da Constituição 
Federal. 
Dentre os diversos temas inseridos no Direito Sucessório, o planejamento 
sucessório é um dos que mais possui relevância prática no cenário que assola o 
mundo atualmente, inclusive sendo alvo de inúmeros debates. Ele deve ser 
considerado como um instrumento do Direito das Sucessões, utilizado para organizar 
a transferências dos bens quando houver morte de quem os possuía. Esse 
instrumento permite a celeridade nesse processo, além de dirimir os conflitos que 
 
3 Art. 5º, XXX. É garantido o direito de herança. 
4 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de Direito Civil, volume 7: direito 
das sucessões. 6 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 47. 
5 ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil, Sucessões. 5. Ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000, 
p.13. 
6 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2019, p. 1318. 
7 Art. 5º, XXII. É garantido o direito de propriedade; Art. 5º XXIII. A propriedade atenderá a sua função 
social. 
 
 
6 
possam surgir durante essa fase. Embora seja um mecanismo que atenda 
corriqueiramente àqueles que desfrutam de maior patrimônio, ele pode ser utilizado 
por todo indivíduo que constitua qualquer tipo patrimônio, em razão da sua 
praticidade. 
Nessa linha, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona 8 lecionam que o planejamento 
sucessório consiste em um conjunto de atos que organiza a transferência e a 
manutenção, de forma estável, do patrimônio do disponente em favor dos devidos 
sucessores. Para tanto, o doutrinador encara a necessidade de observar certos 
aspectos do planejamento sucessório, como o ajuste de interesses entre herdeiros na 
administração dos bens, a organização do patrimônio, a redução de custos de 
eventual processo judicial de inventário e partilha e a conscientização sobre o impacto 
tributário, com o intuito de redução de custos. 
Tecendo críticas ao sistema jurídico brasileiro quanto ao Direito Sucessório, 
Danielle Teixeira9 afirma que ele se encontra engessado em razão das necessidades 
das famílias contemporâneas e das funções patrimoniais, pois elas devem ser 
atendidas de acordo com os princípios constitucionais, embora disponham de poucas 
alternativas para exercer a própria autonomia. Diante desse pensamento que se faz 
pesar a necessidade e a importância do planejamento sucessório na atualidade. 
No mesmo liame, Gladston e Eduarda Mamede10 também discutem a 
importância do planejamento sucessório, sob um olhar prático, ao afirmar que ele 
permite ao pais proteger o patrimônio a ser destinado aos filhos através de cláusulas 
de proteção, ou seja, por meio de cláusulas restritivas. Para evitar entraves conjugais, 
somente é necessário haver a doação das quotas ou ações com cláusula de 
incomunicabilidade, tendo, portanto, os títulos excluídos da comunhão, com a ressalva 
aos frutos recebidos durante o casamento ou os dividendos e juros sobre o capital 
próprio no caso de títulos societários, ou seja, as quotas ou ações. 
Dito isso, é notória a relevância do planejamento sucessório para a vida 
humana. A aplicação desse instrumento deve ser obtida a partir dos diversos institutos 
 
8 GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de Direito Civil, volume 7: direito 
das sucessões. 6 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 425. 
9 TEIXEIRA, Daniele Chaves. Planejamento sucessório: pressupostos e limites. 2 ed. Belo Horizonte: 
Fórum, 2019, p. 40-41. 
10 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas vantagens. 12 ed. Brasil: 
Atlas, 2019, p. 88. 
 
 
7 
que ele abarca, podendo serem citados como os mais procurados o testamento, a 
doação e a holding familiar, esta a ser trabalhada no próximo capítulo. 
A doação pode ser conceituada como um contrato realizado para a 
transferência de patrimônio, bens ou vantagens de uma pessoa para outra, realizado 
sob liberalidade, ou seja, com autonomia de vontade11. Infere-se, portanto, que ela se 
trata de um contrato bilateral, pois deve haver a união da vontade do doador em doar 
com a vontade do donatário em receber para a perfeita celebração desse tipo de 
contrato. 
Tendo em vista que cada indivíduo possui liberdade em dispor de metade do 
seu patrimônio, a doação alcança apenas essa parcela que equivale à parte 
disponível. Desta forma, ao realiza-la dentro desse limite legal, o doador poderá 
destinar parte dos seus bens, ainda em vida, para aqueles que ele julga serem 
merecedores ou necessitados dos bens. Portanto, faz-se imperioso afirmar que essa 
ferramenta é um instituto do planejamento sucessório. 
Assim como a doação, o testamento é outro instituto do planejamento 
sucessório. Tal qual, ele deve respeitar o limite da legítima, ou seja, a metade do 
patrimônio, para a sucessão dos herdeiros necessários, podendo dispor da outra 
metade. Entretanto, destoando do outro instituto, o testamento é um negócio jurídico 
unilateral e gratuito. Além disso, ele é personalíssimo e revogável a qualquer tempo, 
até o momento da morte do testador. Desta forma, caso ele opte por alterá-lo, 
incluindo ou excluindo cláusulas, nada o impedirá, exceto seu falecimento12. 
Os tipos de testamentos mais comuns no ordenamento jurídico brasileiro são o 
testamento público e o testamento particular. Aquele é realizado através de um 
procedimento mais formal, em que se confia maior segurança, tendo em vista serem 
as declarações de vontade dirigidas ao oficial público de um registro notarial, com 
averbação em livro de notas na presença de duas testemunhas. Desta forma, esse é 
um ato que detém fé pública após sua concretização. Já o testamento particular é 
escrito a próprio punho ou por meio mecânico, lido perante a presença de três 
testemunhas, que devem assiná-lo. Apóso falecimento do testador, nesse caso, 
 
11 Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu 
patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 
12 Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 
 
 
8 
deverá haver uma confirmação em juízo do testamento particular, ocasião que serão 
chamadas a participar tanto as testemunhas como os herdeiros do testador13. 
 
 
2. A HOLDING FAMILIAR NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
A definição de holding familiar é um tanto controversa no cenário doutrinário. 
Entretanto, antes de adentrar especificamente nesse tema, se faz necessário 
conhecer o que é a holding, qual a sua definição jurídica e os principais objetivos da 
sua constituição para poder diferenciar suas espécies e visualizar a importância desse 
instituto no âmbito econômico e jurídico. 
Também chamada de sociedade controladora, a holding pode ser brevemente 
conceituada em uma empresa criada para controlar empresas e para administrar 
investimentos. Um conceito amplamente difundido pela doutrina sobre a holding é o 
encontrado no art. 2º, §3º da Lei das Sociedades Anônimas, a Lei nº 6.404/76. Nele, 
é permitida a criação de uma sociedade anônima, que tenha por objeto participar de 
outras sociedades, ainda que não prevista no estatuto, seja para realizar o objeto 
social ou para beneficiar-se de incentivos fiscais14. 
Fábio Silva e Alexandre Rossi15 conceituam a holding como uma sociedade 
constituída objetivando manter participações em outras empresas, tendo como papel 
cumprir seu objeto social. Outrossim, ele visualiza a possibilidade de a holding ser 
também uma empresa de participação societária, seja através de ações, seja por 
quotas representativas do capital de outras sociedades, sendo esta outra 
conceituação desse instituto. 
Desta forma, a depender do tipo empresarial constituído, há uma finalidade 
específica alinhada ao seu desenvolvimento. Quando se refere às grandes 
corporações, é possível identificar que ela visa a consolidação do poderio econômico 
do grupo empresarial através do controle centralizado, que possibilita uma gestão 
estratégica unida. Por outro lado, a holding familiar pode abarcar esses mesmos 
 
13 Art. 1.862. São testamentos ordinários: I – o público; III – o particular. 
14 Art. 2º, § 3º. A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista 
no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de 
incentivos fiscais. 
15 SILVA, Fábio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do 
planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015, p.16. 
 
 
9 
fundamentos, porém a intenção essencial da sua constituição é a garantia da 
manutenção do patrimônio conquistado pelos membros nela formados16. 
Destrinchando os objetivos da holding, é possível identificar três núcleos 
apartados: o planejamento societário, o sucessório e o tributário. Falar de 
planejamento societário é indispensável na criação da holding, pois é a partir dele que 
há a escolha do tipo adequado de holding, apta a suprir as necessidades e os objetivos 
familiares, buscando o sucesso da estratégia empresarial, inclusive quando há 
questões relativas ao controle societário envolvidas. Já o planejamento sucessório 
possui como objetivo principal a antecipação da legítima, atuando a partir da partilha 
do patrimônio empresarial e particular pelos chefes ainda em vida, com o intuito de 
dirimir os custos sucessórios, além de manter a manutenção do patrimônio no âmbito 
familiar. Por fim, o planejamento tributário possui como objetivo a redução legal da 
carga tributária das atividades empresariais da família, ou seja, a holding permite 
alcançar esse fim de acordo com hipóteses previstas e autorizadas pela legislação, 
portanto, não havendo risco fiscal. 
Desta forma, conforme observado, além do planejamento sucessório, a holding 
se complementa com o efetivo planejamento societário e tributário. Embora ela possa 
estar intrinsecamente ligada a apenas um ou dois desses planejamentos, quando há 
a união de todos os elementos que compõem esses planejamentos, se faz possível 
diminuir os riscos do desenvolvimento de atividades empresariais, evitar os 
inconvenientes da sucessão hereditária de bens e estabelecer uma estrutura jurídica 
eficaz do ponto de vista fiscal, reduzindo legalmente a carga tributária17. 
Conforme abordado inicialmente, há divergência doutrinária quanto à definição 
da holding familiar. Isso pois há dificuldade em indicar quais são as espécies de 
holding. Parte da doutrina defende ser a holding familiar e a holding patrimonial 
espécies de holding, enquanto os demais entendem essa classificação como 
incorreta, por vislumbrarem apenas duas modalidades de holding: a holding pura e a 
holding mista. 
Fábio18 traz a conceituação para essas duas modalidades de holding. Para ele, 
entende-se por holding pura aquela que possui como objeto social e exclusivo a 
 
16 SILVA, Fábio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do 
planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015, p.16. 
17 Ibidem, p. 14. 
18 Ibidem, p. 17-18. 
 
 
10 
participação no capital de outras sociedades, ou seja, uma empresa que mantém 
como única atividade possuir quotas ou ações de outras companhias. Em razão dessa 
definição, esse tipo de holding é também conhecido como sociedade de participação, 
já que tem como objetivo a participação em outras empresas. Para determinar o 
conceito da holding mista, o doutrinador explica que seu objeto social não se restringe 
à participação em outras empresas, como ocorre na holding pura, pois cabe a ela 
também a exploração de atividade empresarial diversa do habitual. 
Exploradas essas divergências e encarados esses conceitos, Gladston e 
Eduarda Mamede19 brilham ao produzir um conceito próprio para a holding familiar, 
ao não atribuir ela a um tipo específico, mas a uma contextualização específica. Ou 
seja, encarando-a como uma holding pura ou mista, de administração, de organização 
ou patrimonial, além de considerarem isso como indiferente. Atribuem à holding 
familiar a marca característica como o fato de se encartar no âmbito de determinada 
família e, dessa forma, servir ao planejamento desenvolvido por seus membros, 
considerando desafios como organização do patrimônio, administração de bens, 
otimização fiscal, sucessão hereditária, entre outros. 
Dessa forma, perpassado o entendimento sobre a holding, é possível clarear a 
ideia dela sendo formada no seio familiar, na qual obtém a nomenclatura de holding 
familiar. Conforme observado, portanto, ao caminhar por essa esfera, a holding 
familiar notadamente se configura como um instituto do planejamento sucessório, 
devendo ser encarada como tal no ensinamento jurídico. Destarte, entender o 
processo pelo qual a holding familiar caminha é de extrema necessidade para 
observar suas diversas formas e como isso pode interferir, favorável ou 
desfavoravelmente, na prática, os seus membros. 
 
 
3. CRIAÇÃO, FUNCIONAMENTO E EXTINÇÃO DA HOLDING FAMILIAR 
 
A constituição da holding familiar inicia-se a partir da elaboração de um 
levantamento sobre a situação do cliente e das metas almejadas por ele para sua 
criação. Esse instituto não precisa necessariamente corresponder a um tipo específico 
de sociedade nem a uma natureza específica. Na verdade, ela é caracterizada 
 
19 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas vantagens. 12 ed. Brasil: 
Atlas, 2019, 11-12. 
 
 
11 
principalmente pelo seu objetivo, pela função a que lhe é atribuída e não pelanatureza 
jurídica ou pelo tipo societário. Desta forma, a holding familiar pode ser criada em 
formato de sociedade simples, de sociedade em nome coletivo, de sociedade 
anônima, nos padrões da sociedade limitada ou da sociedade em comandita por 
ações.20 
De fato, a ela pode ser atribuída a estrutura de qualquer tipo societário, portanto 
é possível concluir que ela é livre quanto à sua criação. Entretanto, o único tipo 
societário que não se compatibiliza com a holding familiar é a sociedade cooperativa, 
visto que esse tipo societário atende às características essenciais do movimento 
cooperativo mundial. Em suma, essa escolha acarreta grande importância, pois 
embora haja variedade de opções a serem escolhidas, há também consequências a 
partir da seleção de determinado tipo societário, devendo arcar com as vantagens e 
desvantagens por ele trazidas.21 
Ao optar pela criação da holding familiar, aloca-se o patrimônio familiar para 
esse instituto, no qual estará integralizado. Assim sendo, deve-se ter em mente que 
os membros da família deixam de ser proprietários dos bens utilizados nessa 
integralização, sejam eles móveis ou imóveis ou até materiais ou imateriais, como 
ocorre no caso das quotas e ações, pois a holding se torna a proprietária desses bens. 
Por consequência, esses membros deixam de ser apenas familiares e passam a ser 
sócios. Desta feita, quanto a esse instituto, começa-se a abordar questões não mais 
de Direitos Sucessórios ou de Direito de Propriedade, mas sim de Direito Empresarial, 
precisamente de Direito Societário.22 
Em relação ao seu funcionamento, abordando especificamente o comando da 
gestão de sociedades familiares, o cenário atual demonstra que são utilizados 
princípios hereditários como regra na sucessão da empresa, portanto a gestão se 
passa de uma geração para a seguinte, não levando em conta questões primordiais 
tais quais a capacitação profissional, a competência e a experiência na área 
administrativa. Infelizmente, esse fator influencia negativamente na perpetuação da 
 
20 SILVA, Fábio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do 
planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015, p. 20. 
21 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas vantagens. 12 ed. Brasil: 
Atlas, 2019, 118. 
22 Ibidem, p. 118-120. 
 
 
12 
empresa no mercado, que é uma das principais finalidades dos membros ao 
constituírem uma empresa.23 
Desta forma, o fundador deve deixar de lado essa prática comum e adentrar no 
planejamento patrimonial, buscando proporcionar a profissionalização da gestão da 
empresa familiar. Adotar essa ideia não significa deixar de lado os membros familiares 
na atuação da gestão ou da administração da holding, pelo contrário, caso sejam 
devidamente capacitados, deve-se optar pela atuação deles na empresa. O objetivo 
será sempre perante o melhor funcionamento da empresa e não destinado ao melhor 
interesse dos seus membros, embora aquele não anule este, conforme observado.24 
Ademais, a implementação de boas práticas de governança corporativa na 
gestão garante a ela a qualidade esperada pelo mercado. A governança corporativa 
deve ser entendida como o sistema no qual as sociedades são dirigidas e 
monitoradas, além das relações entre acionistas, conselho de administração, diretoria, 
auditoria independente e conselho fiscal25. Isso posto, seguindo-se essa instrução, 
haverá a melhoria da gestão e, consequentemente, a redução de riscos 
característicos à estrutura da empresa familiar. Por consequência, a transparência, a 
equidade e a responsabilidade pelos resultados estarão em ênfase neste modelo, 
ocasionando um ambiente harmonioso e saudável entre seus membros.26 
Conforme observado, o funcionamento da empresa dependerá de uma correta 
e eficiente atuação do fundador e de seus membros. Explanado o trajeto inicial 
percorrido pela holding familiar, entende-se, portanto, que ela pode desencadear 
vantagens e desvantagens, a depender do objetivo e da finalidade a qual foi dada sua 
criação. 
Os benefícios obtidos pela holding familiar são numerosos. Como regra, ela 
facilita a melhora na gestão de bens móveis e imóveis, proporciona diversificação nas 
participações, assegurando sustentabilidade nos rendimentos. Djalma Oliveira27, 
aponta como outra vantagem a simplificação das soluções referentes a patrimônios, 
heranças e sucessões familiares, através do artifício estruturado e fiscal. Além disso, 
 
23 COSTA, Armando Dalla. Sucessão e sucesso nas empresas familiares. 11. ed. Curitiba: Juruá, 
2006. p. 33-37. 
24 Ibidem, p. 34-37. 
25 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Governança corporativa em empresas de 
controle familiar: casos de destaque no Brasil. São Paulo: Saint Paul, 2006, p. 23. 
26 FLORIANE, Oldoni Pedro. Empresa familiar ou… inferno familiar? 2. ed. Paraná: Juruá, 2008. p. 228. 
27 OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e unidade 
estratégica de negócio: uma abordagem prática. São Paulo, Atlas, 1995, p. 27. 
 
 
13 
ele destaca a atuação da holding como procuradora de todas as empresas do grupo 
empresarial junto a órgãos de governo, entidades de classe e, principalmente, 
instituições financeiras, reforçando seu poder de barganha e sua própria imagem. 
Demonstra também a facilitação da administração do grupo empresarial, 
principalmente quando se tratar da holding pura, e a facilitação do planejamento fiscal-
tributário. Por fim, ele aponta a otimização da atuação estratégica do grupo 
empresarial, mormente na consolidação de vantagens competitivas reais e 
sustentadas. 
Como em qualquer cenário, a holding pode também apresentar desvantagens 
no seu funcionamento. João Bosco Lodi28 exemplifica como desvantagens da holding 
o fato de ela não pode usar prejuízos fiscais, em se tratando de holding pura, ou de 
possuir carga tributária maior, no caso de um planejamento fiscal inadequado, 
entretanto, conforme já observado, essa é uma prática que pode ser evitada caso 
opte-se por um modelo de gestão adequado. Outra desvantagem é a tributação no 
ganho de capital, quando ocorre venda de participações nas afiliadas. Ele destaca 
também que pode haver o aumento do volume de despesas com funções 
centralizadas na holding, provocando dificuldades nos sistemas de rateio de despesas 
e custos nas empresas afiliadas. Além disso, há a possibilidade da imediata 
compensação nos lucros e perdas das investidas, pela equivalência patrimonial e 
diminuição da distribuição de lucros por um processo de sinergia negativa, no qual o 
todo pode ser menor do que a soma das partes. Inclusive, a partir da elevação da 
quantidade de níveis hierárquicos há o aumento dos riscos inerentes à qualidade e à 
agilidade do processo decisório. Por fim, ele cita a possibilidade de nível de motivação 
inadequado nos diversos níveis hierárquicos, na perda de responsabilidade e 
autoridade, provocado pela maior centralização do processo decisório na empresa 
holding. 
Outro aspecto negativo possível ocorre caso haja alguma ilegalidade, contudo, 
vale ressaltar mais uma vez que depende da gestão da empresa. Nesse caso, é 
possível a utilização da desconsideração da personalidade jurídica por terceiros, com 
a finalidade de alcançar os bens dos sócios, ou da desconsideração da personalidade 
jurídica inversa, atingindo os bens da sociedade. Desta forma, cumpre salientar que a 
formação da holding não deve se dar para fins ilícitos. Mesmo não havendo má-fé 
 
28 LODI João Bosco. Holding. 4. ed. São Paulo: Cengage Lerning, 2011, p. 23. 
 
 
14 
perante a holding, é possível haver confusão patrimonial quando há ingerência, ou 
seja, outra possibilidade de utilização por terceiros dos mecanismos jurídicos citados.Conforme já debatido muitas vezes nesse estudo, deve-se haver planejamento e 
organização na criação e no funcionamento das empresas, porque a boa gestão não 
desencadeia os problemas descritos.29 
Contextualizada toda a problemática envolvendo a holding familiar, faz-se 
mister pontuar questões sobre sua extinção. Quando se tratar de uma sociedade 
limitada, simples ou empresária, a extinção ocorre através da dissolução, conforme 
dispões o artigo 1.087 cominado aos artigos 1.033 e 1.044 do Código Civil, que pode 
ocorrer através do vencimento do prazo de duração, da deliberação unânime dos 
sócios, da deliberação favorável da maioria absoluta dos sócios, da unicidade social, 
ou seja, empresa formada por apenas um sócio, e quando for extinta sua autorização 
para funcionar, na forma da lei.30 
Quando a holding se constituir sob a forma de sociedade por ações, o artigo 
206 da Lei 6.404/76 se encarrega de esclarecer as três hipóteses de dissolução da 
companhia. Destarte, a primeira situação é a da dissolução de pleno direito, podendo 
ocorrer quando há o término do prazo de duração, nos casos previstos no estatuto, 
por deliberação da assembleia geral, pela existência de um único acionista ou pela 
extinção da autorização para funcionar, na forma da lei. A segunda hipótese é a da 
dissolução por decisão judicial, ocorrendo quando anulada a sua constituição, quando 
provado que não pode preencher o seu fim ou em caso de falência. Já o último caso 
prevê a dissolução por decisão de autoridade administrativa competente. Em todas 
essas hipóteses, deve haver também a quebra do elemento subjetivo que é um dos 
requisitos da formação da sociedade, qual seja a affectio societatis.31 
 
 
4. REPERCUSSÕES DA HOLDING FAMILIAR NO DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Um dos principais objetivos dos fundadores da holding familiar é o impacto 
tributário. Destarte, um dos pilares da formação dessa empresa é o planejamento 
 
29 MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Holding Familiar e suas vantagens. 12 ed. Brasil: 
Atlas, 2019, p. 136. 
30 Ibidem, p. 203. 
31 Ibidem, p. 204. 
 
 
 
15 
tributário, se tornando essencial para alcançar-se a redução dos custos e, 
consequentemente, a perpetuação da empresa no mercado. Ele pode ser entendido 
como um dos métodos de aplicação da elisão fiscal, já que através desse 
planejamento deve-se buscar formas lícitas de abrandar os tributos. 
Toda holding deve ser criada a partir de um estudo tributário único e específico 
para sua finalidade, de acordo com os interesses dos fundadores. Deve-se observar 
os riscos, custos e benefícios quando se opta por adotar estratégias visando a redução 
da carga tributária da empresa.32 
Adentrando no Direito Tributário, a criação da holding familiar provoca a 
incidência, ou não, de alguns impostos. Aqueles que possuem maior relevância para 
o estudo são: o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), o Imposto 
de Transmissão de Bens Intervivos (ITBI) e o Imposto de Renda (IR). 
Quando a finalidade do indivíduo é antecipar a sucessão patrimonial, a fim de 
evitar o desgaste com a sucessão hereditária, há, dentre outros, a incidência do 
Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação. Previsto no artigo 155 da 
Constituição Federal, esse tributo é de competência estadual, havendo como fato 
gerador a transmissão não onerosa de bens ou direitos, seja por ato entre vivos ou 
em razão da morte.33 
Destarte, cada Estado é responsável pela definição da alíquota desse tributo. 
Ao organizar o planejamento tributário, portanto, deve-se analisar qual será o 
pagamento relativo a esse imposto, a partir da verificação da alíquota conferida, que 
deverá corresponder ao seu domicílio tributário. Após isso, deve-se refletir sobre a 
viabilidade dessa medida, ou seja, verificar se a criação da holding será ou não válida, 
a depender dos fins almejados.34 
Outro imposto que merece a atenção dos indivíduos na formação da holding 
familiar é o Imposto de Transmissão de Bens Intervivos. Previsto no artigo 156, II, da 
Constituição Federal, esse tributo é de competência municipal, havendo como fato 
gerador a transmissão, entre pessoas vivas, por ato oneroso, de propriedade ou 
domínio útil de bens imóveis.35 
 
32 SILVA, Fábio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do 
planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015, p. 118. 
33 Ibidem, p. 120. 
34 Ibidem, p. 121. 
35 Ibidem, p. 126. 
 
 
16 
Diferentemente do ITCMD, esse imposto é devido ao município onde se é 
encontrado o bem imóvel, independentemente do domicílio do seu proprietário. 
Inclusive, embora a Constituição Federal no artigo 156, §2º, afirma não haver a 
incidência do ITBI na transmissão de bens incorporados ao patrimônio de pessoa 
jurídica em realização de capital, exceto se essa pessoa jurídica tiver como atividade 
preponderante a atividade imobiliária, ou seja, a de compra e venda desses bens ou 
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Dessa feita, conclui-se 
que o ITBI poderá ou não incidir na holding familiar, a depender da atividade 
preponderantemente por ela desenvolvida.36 
O último imposto a ser analisa é o Imposto de Renda, o mais presente no 
cotidiano dos indivíduos e que desperta divergências quando associado a holding 
familiar. Previsto no artigo 153, III, da Constituição Federal, esse tributo é de 
competência federal, havendo como fato gerador a aquisição de disponibilidade 
econômica ou jurídica de renda.37 
Embora incomum, a incidência do IR na holding familiar pode ocorrer. Havendo 
transferência patrimonial, seja através de ato oneroso ou não, há a possibilidade 
dessa incidência quando o bem for transferido com valor superior ao que constar como 
custo de aquisição na declaração do IR do proprietário original, ou seja, quando 
houver ganho de capital. Por consequência, caberá analisar, de acordo com o caso 
concreto, se será mais vantajoso constar o mesmo valor ou o apurar o valor de 
mercado.38 
A partir da análise dessas questões, deduz-se que é necessário haver o correto 
planejamento tributário, verificando os tributos a serem incididos na criação e 
manutenção da holding familiar, a fim de obter um panorama geral sobre esse 
aspecto, para adequar-se, inclusive, ao tipo societário mais vantajoso a depender do 
caso concreto. Além disso, as escolhas devem sempre respeitar a lei, ocorrendo antes 
dos fatos geradores dos tributos, objetivando direta ou indiretamente benefícios fiscais 
através da redução de valores dos tributos. 
 
 
 
36 SILVA, Fábio Pereira da; ROSSI, Alexandre Alves. Holding Familiar: visão jurídica do 
planejamento societário, sucessório e tributário. São Paulo: Trevisan Editora, 2015, p. 128. 
37 Ibidem, p. 128. 
38 Ibidem, p. 135. 
 
 
17 
CONCLUSÃO 
 
O cenário social e econômico vivenciado mundialmente, a partir da pandemia 
provocada pelo Corona Vírus, despertou o interesse geral em questões antes pouco 
debatidas. O planejamento sucessório é um desses temas e merece especial atenção 
da população, pois, embora muito se tema a morte, ela é inevitável. Para tanto, se faz 
necessário organizar e planejar a destinação do patrimônio constituído em vida, 
melhor se adequando aos anseios de quem as construiu. 
O planejamento sucessório funciona como o instrumento ideal para todos 
aqueles que possuam bens, sejam estes de pouco ou grande valor econômico. Para 
pô-lo em prática, é necessário escolher entre os seus institutos, observando qual se 
propõe suprir os seus desejos, inclusive, nada obsta a utilização de todos eles, pois 
as situações despertam interesses distintos. 
Contudo, um desses institutos merece destaque, qual seja a holding familiar. O 
objetivo deste artigo, por consequência, foi no sentido de demonstrara sua 
aplicabilidade e incluí-lo propriamente como um instituto do planejamento sucessório. 
Para tanto, foi analisado como a sociedade patrimonial é criada, ou seja, com a 
participação ativa de seu fundador e dos respectivos descendentes, no qual ela deterá 
o patrimônio do fundador, que almeja operacionalizar a atividade das empresas, além 
de titularizar a participação societária controladora das demais pessoas jurídicas 
incluídas no grupo. 
A holding familiar, portanto, deve ser analisada como um instituto do 
planejamento sucessório, pois ela é constituída usualmente para tal fim, em razão da 
sua função principal, qual seja a titularidade de quotas e ações de determinadas 
empresas ou de bens móveis e imóveis. Sendo assim, como qualquer outro instituto, 
ela abarca vantagens e desvantagens que foram mencionadas no estudo, alertando 
sempre pela necessidade de organização, planejamento e de pautar-se na legalidade 
para evitar problemas desnecessários. 
Além dos aspectos sucessórios, foram trazidos os aspectos societários e 
tributários mais relevantes a serem observados na decisão da criação e manutenção 
da holding familiar. Isso pois é de extrema importância conhecer o instituto, seus 
objetivos e suas características para apreciar se ele se adequa à finalidade almejada 
pelo indivíduo. 
 
 
 
18 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Juruá, 2008. 
 
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Horizonte: Fórum, 2019. 
 
TEIXEIRA, Daniele Chaves. Planejamento sucessório: pressupostos e limites. 2 
ed. Belo Horizonte: Fórum, 2019.

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