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Aula 5 A interdisciplinaridade na mediação familiar

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Disciplina: Mediação Familiar
Aula 5: A interdisciplinaridade na mediação familiar
Apresentação
A mediação familiar é um procedimento de socialização de conhecimentos que
pressupõe a interdisciplinaridade, que pode ser definida, por Prado (citado por
BARBOSA, 2007), como uma forma de ampliar a potencialidade do conhecimento
humano, por meio da articulação entre as disciplinas e o estabelecimento de um
diálogo entre as mesmas, para a construção de uma conduta epistemológica.
A conexão entre as disciplinas é um recurso utilizado para descobrir novas formas de
abordagens dos conflitos familiares, ampliando a reflexão e a comunicação. Nesse
sentido, podemos entender a definição de mediação como decorrente da “integração
do saber interdisciplinar”, porque se trata de um conhecimento comum na área de
duas ou mais disciplinas que se complementam nesta prática social.
A interdisciplinaridade apresenta uma visão mais ampla dos conhecimentos humanos,
envolvendo conhecimentos cognitivos, familiares, sociais, biológicos, afetivos e
culturais, onde deverão ser elaboradas estratégias na mediação, pelos olhares de
diversos profissionais, sobre o mesmo conflito na busca da compreensão dos conflitos
familiares, gerados no seio das relações familiares, assim desenvolvendo o
tratamento mais adequado para as situações.
Nesta aula, estudaremos algumas influências importantes na mediação familiar, não
esquecendo que, em outras disciplinas, já analisamos outras áreas de influência para
a construção do procedimento de mediação.
Objetivos
Reconhecer a influência da teoria sistêmica na mediação familiar;
Identificar as diferenças entre a terapia de família e a mediação familiar;
Analisar conceitos da psicologia social na mediação familiar.
Teoria Sistêmica
Karl Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), biólogo austríaco, é o autor da
Teoria Geral dos Sistemas (TGS). Ele notou que a simples soma das partes de
um organismo mostrava-se insuficiente para explicá-lo como um todo e/ou
compreender seu comportamento e suas reações.
Os fatores determinantes de uma situação acontecem dentro de um contexto
e de certos limites. Modificado o contexto e ultrapassados os limites,
modificam-se as soluções que poderiam ser consideradas aceitáveis ou
desejáveis.
 Karl Ludwig von Bertalanffy.
A visão sistêmica tem o objetivo de aperfeiçoar resultados
pela inserção de novos elementos na solução de conflitos
em geral e, em particular, pela via da mediação.
Esse mesmo fenômeno encontra-se presente nas interações humanas: cada
ação, vista isoladamente, não basta para justificar o comportamento das
pessoas.
A psicologia, por exemplo, nos demonstra inúmeras experiências em que se
percebe o aparente paradoxo dos comportamentos humanos. Desta forma, a
aplicação da Teoria Geral dos Sistemas, na mediação familiar, mostra-se
fundamental para que possamos chegar a soluções satisfatórias ou, no
mínimo, de melhor qualidade em casos de maior complexidade, caracterizados
pela riqueza do contexto familiar.
Quando se ampliam os limites de um sistema qualquer, elementos
inexistentes na situação anterior passam a influenciar o todo, surgindo efeitos
não previsíveis através da consideração apenas dos fatores presentes no
estado anterior do sistema menor.

Exemplo
Vamos considerar um exemplo que faz parte do dia a dia das Câmaras de
Mediação e Conciliação: o conflito entre cônjuges.
São discutidas as participações de cada um nos bens do casal.
Independentemente de qualquer outra coisa, chega-se a um consenso na
distribuição dos bens.
Vamos aumentar os limites desse sistema: será inserida na mediação do
conflito dos interesses de uma criança, de nove anos, filha do casal,
verificando-se que o quadro se modifica, porque devem ser assegurados
os seus direitos.
Provavelmente, surge a mediação para a guarda compartilhada (ou não),
da pensão alimentícia e assim por diante.
Aumentando ainda mais esse sistema do casal, encontra-se, também,
uma pessoa idosa, totalmente dependente. Esta situação torna-se ainda
mais complexa.
A solução para a primeira situação, a mais simples, será diferente da
situação intermediária e, por sua vez, a terceira situação necessitará de
outro tipo de acerto.
Neste exemplo, foi aplicada a visão sistêmica, em que os limites foram
ampliados, da primeira para a terceira situação.
Como estabelece a Teoria Geral dos Sistemas, a cada novo fator inserido
no sistema, uma nova solução será necessária para que o resultado seja
satisfatório.

Exemplo
Um pai e dois filhos tratam da pensão alimentícia.
O pai não vive com a mãe. O pai quer o fim do pagamento, porque os
filhos terminaram suas faculdades.
Justamente no atendimento seguinte, o pai e a mãe estarão formalizando
o divórcio. Os filhos querem que o valor da pensão seja transformado em
benefício para a mãe, doente e impossibilitada de prover o próprio
sustento.
Isso os ajudaria a cuidar da mãe, levando-se em consideração a situação
atual de seus salários de recém-formados.
O pai, com razoável situação financeira, concorda com o pedido dos filhos
e fica estabelecido no acordo: o pai transfere para a mãe os valores das
pensões alimentícias.
No segundo atendimento, pai e mãe comparecem com o objetivo de
estabelecer o divórcio, oficializando a situação que já existia há algum
tempo. Com esse procedimento, o pai poderá formalizar sua união com a
nova companheira.
O divórcio é realizado nessa sessão e, aparentemente, tudo se resolve.
Contudo, a situação não fica tão simples quando se amplia o sistema,
para incluir mais um elemento: o plano de saúde da ex-esposa, até então
mantida como dependente do marido.
Com o divórcio, a seguradora excluirá a ex-mulher do plano de saúde.
Ocorre que o custo mensal do plano contratado, neste momento, para a
divorciada, é bem superior ao da pensão alimentícia.
A diferença representará um ônus com o qual a senhora e os filhos não
contavam. Fica bastante claro que, para o pai, seria suportável a
permanência do pagamento do plano de saúde (afinal, isso já vinha
ocorrendo), contudo, nos limites de cada atendimento, isso não entra em
negociação.
Pode-se ampliar ainda mais o horizonte do sistema: os filhos, recém-
formados, iniciarão suas novas atividades. Com o passar do tempo,
experimentarão melhoria de poder aquisitivo. Nessa circunstância, o
encargo paterno poderá ser revisto, propiciando aos jovens dividir
responsabilidades com o progenitor.
Portanto, o acordo tanto poderia incluir a questão financeira atual da
mãe, como uma previsão de revisão após um tempo pré-determinado,
quando o pai solicitaria, novamente.
Estas considerações aumentam a complexidade do acordo
criando variáveis e situações com as quais a família não se
encontra acostumada ou que nem mesmo imaginou.
Este pensar sistêmico apresenta algumas vantagens:
01
Melhora a qualidade da decisão, porque coloca em evidência situações que,
provavelmente, acontecerão no futuro.
02
Previne que as situações evoluam para conflitos de maior gravidade
desnecessariamente, caso uma ou outra parte (mediando) sinta-se
prejudicada.
03
Proporciona aos participantes compreensão mais abrangente de situações
futuras, em geral, não pensadas por eles, o que é saudável e faz parte da
missão de conscientizar e responsabilizar no processo de mediação.
04
Em geral, desperta em alguns ou em todos os participantes novas percepções
a respeito do desenvolvimento de suas relações interpessoais.
 Qualidade de decisão
 Gestão de Conflitos
 Compreensão no processo de mediação
 Respeito de relações Interpessoais
De acordo com o Curso de Mediação Familiar, realizado pelo Conselho
Nacional de Justiça (2011), o modelo sistêmico de família é muito utilizado em
mediação familiar, porque facilita a interação dos vários membros da família
dentro do processo de resolução de disputas e porque compartilha a
responsabilidade pela estabilização familiar.
Os processos de resolução de conflitos familiares, no
modelo sistêmico, se tiverem pretensões construtivas,
saem de um padrão de culpapara alcançarem uma
responsabilidade positiva nas relações da família.
Preceitos básicos da Teoria
Sistêmica de Família
01
Um sistema precisa ser estável e, ao mesmo tempo, capaz de absorver
mudanças ou se flexibilizar diante das naturais mudanças que a família será
exposta.
02
Famílias com indivíduos que passam por estágios de desenvolvimento.
03
A família precisa ser um sistema aberto para influências positivas e ao mesmo
tempo fechado para aquelas negativas.
 Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock
04
Membros da família precisam ter sua individualidade, mas, ao mesmo tempo,
sentir que pertencem ao sistema.
05
A comunicação mantém o sistema por consistir na retroalimentação
(feedback) que fornece a troca de informações necessária para a estabilidade
deste sistema.
06
Um sistema familiar é composto por subsistemas com papéis que logicamente
se complementam.
Acreditamos, pois, que o pensamento sistêmico enriquece e valoriza o
processo de mediação. Essa maneira de pensar contraria o imediatismo de
muitas soluções, porém, aumenta a consistência dos acordos.
Trabalhando na organização básica do sistema, construindo as regras de
convivência, vai-se estruturando o empoderamento dos pais. Vai sendo
confirmada a sua capacidade de desempenhar o papel de responsáveis pelos
filhos, com direito a respeito e satisfações.
Para exemplificar a compreensão do modelo sistêmico dos diferentes tipos
de relacionamentos familiares, apresentamos a esquematização a seguir:
Terapia Familiar
Muitas pessoas acreditam, de forma distorcida, que a mediação apresenta
algum tipo de aconselhamento para a reconciliação do casal ou que é uma
terapia. Muito embora, os mediadores familiares possam ser, por vezes,
psicólogos ou terapeutas familiares, no momento em que estão realizando a
mediação apresentam funções diferentes.
É importante entender que o conhecimento e a experiência adquirida na sua
profissão de origem são de grande valor para a compreensão dos fenômenos
que acontecem na mediação familiar.
De acordo com Parkinson (2016), algumas diferenças podem ser
esquematicamente apresentadas entre o terapeuta familiar, o conselheiro e o
mediador familiar, assim como entre o terapeuta de família e o mediador
familiar.
Vamos estudá-las a partir de agora.
Diferenças entre terapeutas clínicos e
conselheiros em relação aos mediadores
familiares
TERAPEUTAS E
CONSELHEIROS
MEDIADORES
FAMILIARES
Podem atender apenas uma das partes.
Comprometem-se com ambas as
partes.
A reconciliação pode ser um objetivo. Separa os fatos das especulações.
Sem ligação ao processo legal. Podem complementar processos
legais.
Os procedimentos são muitas vezes
iniciados sem contrato escrito.
Os procedimentos são normalmente
iniciados com contrato escrito.
O procedimento pode ser a longo prazo.
O procedimento é, normalmente, a
curto prazo.
Exploram a história pessoal e familiar e a
experiência passada como importante
para o presente.
Concentram-se mais no presente e
no futuro do que no passado.
Concentram-se em sentimentos,
percepções e relações complicadas.
Concentram-se mais em aspectos
práticos, incluindo finanças e
tomadas de decisões.
As perspectivas e as necessidades dos
adultos são, muitas vezes, o principal
foco.
As relações pais-filhos e as funções
parentais são, muitas vezes, os
principais focos.
Procuram aumentar o esclarecimento
pessoal.
Procuram ajudar as partes a atingir
um consenso.
Podem usar várias teorias da Psicologia e
da Psicanálise.
Usam a Teoria dos conflitos e a
Teoria da mediação.
Facilitam a reflexão.
Estruturam discussões e exploram
opções.
A relação entre cliente-conselheiro /
terapeuta pode envolver dependência
durante algum tempo.
Procuram capacitar as partes e
aumentar a autonomia, desde o
início.
Os procedimentos terminam muitas
vezes sem um acordo escrito.
Em geral, o procedimento termina
com um acordo escrito.
 Fonte: PARKINSON, L. Mediação Familiar.
Belo Horizonte: Del Rey, 2016. p.43-4.
Diferenças entre os terapeutas familiares e os
mediadores familiares
TERAPEUTAS FAMILIARES MEDIADORES FAMILIARES
Orientados para o tratamento. Não orientados para o tratamento.
Trabalham, em geral, com famílias sem
o processo de separação.
Trabalham em processos de
separação e divórcio, na sua maioria.
Incluem crianças, desde o início. Raramente há crianças participantes.
Trabalham sem qualquer contrato por Começam o procedimento com um
escrito. contrato de mediação assinado.
Sem ligação com o processo legal. Ligados ao processo legal.
A comunicação não está estruturada,
observam como ocorre a comunicação
entre os membros da família.
Facilitam e estruturam a
comunicação para garantir uma
participação equilibrada.
Foco nos processos familiares.
Foco em soluções e acordos
familiares.
Levam em consideração os problemas
subjacentes.
Foco nos problemas e tarefas
manifestados pelas partes.
Procuram aumentar o esclarecimento
pessoal.
Procuram ajudar as partes a atingir
um consenso.
Transmitem mais mensagens do que
informações.
Transmitem informações neutras e
imparciais.
Desenvolvem hipóteses para explicar o
funcionamento familiar.
Procura ajudar as partes a negociar
de forma eficaz.
Em diálogos individuais, a comunicação
não deve ser ouvida pela família.
Em diálogos individuais, a
comunicação pode ser aberta para a
família, após autorização da parte.
Podem dar instruções paradoxais sem
explicar a razão.
Analisam e combinam tarefas com as
partes.
Trabalham estrategicamente em
matérias que envolvem os membros da
família.
Fundamentalmente, ajudam os pais
a conversar e ouvir os seus filhos.
Terminam, muitas vezes, sem um
acordo escrito.
Preparam um memorando de
entendimento.
 Fonte: PARKINSON, L. Mediação Familiar. Belo
Horizonte: Del Rey, 2016. p.44-5.
Quando escolher terapia ou
mediação?
Há algum tempo, a terapia era a primeira indicação em casos de conflitos
familiares. Hoje, a mediação surge como opção possível.
Mas, como e quando escolher terapia ou mediação?
Existe um debate entre diversos autores em que se questiona até que ponto a
mediação familiar envolve um componente terapêutico.
Alguns dizem que mediação e terapia são bastante diferentes (KELLY, 1983,
citada por FONKERT, 1998) e outros as integram, propondo que, em geral,
uma mudança terapêutica é parte do processo de mediação (GADLIN;
OUELLETTE, 1986-7, citados por FONKERT,1998).
A terapia e a mediação têm particularidades e indicações
próprias. No entanto, existem casos em que suas técnicas podem
ser utilizadas de forma complementar e ainda há situações que
se beneficiam com ambos os processos, cada um por sua vez e
com diferentes profissionais.
Atividade
Vamos ver se você entendeu a diferença entre a mediação familiar e a
terapia familiar, fazendo este exercício.
O crescente número de divórcios e rupturas conjugais, nas
últimas décadas, aumentou a procura por meios alternativos de
resolução de conflitos. Nesse contexto, a mediação familiar é
usada, basicamente, para ajudar casais em vias de separação, a
chegarem a um acordo mutuamente aceitável.
Dentre as diferenças entre mediação familiar, aconselhamento e
terapia, encontra-se que conselheiros/terapeutas podem
aconselhar apenas uma das partes, procurando aumentar o
esclarecimento pessoal, facilitando a reflexão, explorando a
história pessoal e familiar e a experiência passada como uma
chave para o presente, enquanto mediadores familiares
comprometem-se com ambas as partes desde o início.
A partir disso, marque a opção que apresenta o papel do mediador:
 a) Iniciar o processo sem contrato escrito, já que a relação entre
cliente-mediador pode envolver dependência durante algum tempo.
Concentra-se mais no passado e no presente, podendo utilizar técnicas
complementares, como, por exemplo, a confecção de uma autobiografia.
 b) Fornecer informação sobre o aconselhamento, usando teorias
psicanalíticas. Concentra-se mais no passado para a compreensão da
disputa atual, realizando interpretações focais.
 c) Obter a conciliação. Já que não possuiligação com processo legal,
concentra-se mais no passado recente para a compreensão dos impasses
do presente, podendo utilizar técnicas complementares, como por
exemplo, role playings.
 d) Ajudar as partes a atingir um acordo, estruturando discussões e
explorando opções. Concentra-se mais no presente e no futuro do que no
passado, podendo utilizar diversas técnicas complementares, como, por
exemplo, dividir os problemas em partes menores.
 e) Priorizar as perspectivas e as necessidades dos adultos em
detrimento de focar o plano parental. Pode utilizar teorias
psicodinâmicas, concentrando-se mais no futuro do que no presente,
podendo até utilizar técnicas complementares, como, por exemplo, foto-
linguagem.
Psicologia Social
A mediação familiar, pode ser definida como uma área de intervenção social
que, por meio do recurso a várias técnicas e, apoiando-se em um
conhecimento aprofundado das formas de interação social, visa assegurar a
realização de acordos céleres e ajustados ao estabelecimento do equilíbrio das
relações familiares durante e após a fase de divórcio, muito em particular
quando nele estão envolvidas crianças.
Entender a mediação familiar como uma técnica de
intervenção social pressupõe conceituar a família como
uma trama relacional. Esta, sendo foco de potencial
conflito, inconstância e ambiguidade, comporta
implicações significativas sobre a vida dos indivíduos,
como o desenvolvimento e a afirmação das suas
identidades nos espaços privados e públicos, temas
estudados pela Psicologia Social.
A partir de um contexto histórico evolutivo, a família pode ser reconhecida
como uma instituição primária de socialização. Apresenta-se como um
representante de um espaço privado e autêntico, em que podem ser
encontrados solidariedade e consenso.
A mediação vem assumir, de forma explícita, esse universo “privado”, quando
ocorre um foco de conflito, privação e agressão. Os universos culturais e
simbólicos apresentam uma força preponderante na estruturação dos
comportamentos, mas são caracterizados por uma mudança lenta, que
envolve movimentos de alteração de caráter estrutural e intergeracional.
No que se refere aos contextos sociais e culturais envolvidos, a mediação,
tanto na sua vertente mais social como emocional e legal, enfrenta modelos
de comportamento e de representações que afetam o próprio curso da
mediação, tendo tido já influência sobre as rupturas conjugais.
Algumas dessas implicações estão ligadas à(ao):
1
Importância das crianças.
2
Grau de abertura para conversar/dialogar entre pais e filhos.
3
Grau de rigidez dos hábitos e rotinas diárias.
3
Ideias sobre o lugar da mulher e do homem no espaço doméstico.
5
Importância dada ao trabalho e ao lazer.
6
Representações sobre os papéis e as legitimidades da mãe e do pai.
7
Julgamentos sobre o que define o “necessário à sobrevivência.
8
Importância atribuída à imagem e ao papel social, entre outros.
A linguagem
Ao se falar de interação social, também, a linguagem, sob o aspecto
discursivo, não representa apenas algo dado, acabado em si mesmo, mas,
parte de uma construção social. Portanto, a linguagem se constitui na
interação social.
Os indivíduos usam e manipulam a linguagem e o discurso para fins
específicos. Desse modo, os discursos, sob a forma de repertórios, não
pertencem aos indivíduos, são uma espécie de recurso social, disponível para
todos os que partilham uma linguagem e uma cultura.
Compreende-se, portanto, que cada sujeito irá utilizar-se de diferentes
repertórios de acordo com o lugar que ocupa na interação social.
LINGUAGEM
➨
➨
INTERAÇÃO SOCIAL
Posicionamentos
Em relação a esses posicionamentos, nos diversos lugares que ocupam, as
pessoas tanto se autoposicionam — posicionamento reflexivo — como
também posicionam o outro — posicionamento interativo.
Assim, podemos compreender que uma pessoa ao estabelecer relações com
outras se encontra em um constante jogo de posicionamento que assume
diferentes características de acordo com os diferentes espaços que ocupa.
Um exemplo claro, é o posicionamento dos pais em relação aos filhos. É clara
a percepção de como, em geral, os pais se posicionam como mais experientes
na relação discursiva com os filhos.
Posicionamento reflexivo = Autoposicionamento
Posicionamento interativo = Posicionam o outro
Desse modo, cabe a reflexão acerca de que, na mediação, à medida que
desenvolvemos um questionamento, várias modalidades de posicionamentos
estão sendo articuladas para que os objetivos previstos sejam alcançados.
Os estudos realizados pela Psicologia social sobre as diferentes famílias
encontradas, na atualidade, e as influências sociais na comunicação, tornam-
se aliados importantes na formação do mediador familiar.
Atividades
1 - Um dos papéis importantes da Psicologia, quando inserida na área do
Direito, é apresentar métodos para a solução de conflitos. De acordo com
Pinheiro (2016), há a possibilidade de utilizarmos cinco métodos, a
saber:
1) O julgamento;
2) A arbitragem;
3) A negociação;
4) A conciliação;
5) A mediação.
Com relação ao papel do conciliador e do mediador, analise as
afirmativas abaixo:
I. O conciliador envolve-se na busca de soluções, além de interferir e
questionar os litigantes;
II. Tanto o conciliador quanto o mediador, não têm o poder de decisão;
III. Na conciliação, busca-se identificar razões ocultas que geraram o
conflito;
IV. O mediador propõe sugestões.
Estão corretas as afirmativas:
 a) I e II apenas
 b) IV apenas
 c) I, II e III apenas
 d) III apenas
 e) Todas estão corretas
2- O mediador pode assumir vários papéis para ajudar as partes na
resolução de disputas, entre eles o de agente de realidade, ou seja, ele:
 a) Pode assumir certa responsabilidade ou culpa por uma decisão
impopular que as partes, apesar de tudo, estejam dispostas a aceitar
 b) Ajuda a elaboração de um acordo razoável e viável e questiona e
desafia as partes que têm objetivos radicais e não realistas
 c) Toma a iniciativa de prosseguir as negociações por meio de
sugestões processuais ou fundamentais
 d) Proporciona assistência às partes encaminhando-as a especialistas e
a recursos externos (por exemplo: advogados, psicólogos) que podem
capacitá-las a aumentar as opções aceitáveis de acordo
 e) Instrui os negociadores iniciantes, inexperientes ou despreparados
no processo de barganha
3- Em relação à intervenção do mediador familiar, em caso de dissolução
conjugal, considere as atribuições abaixo:
I - Contribuir, através da possibilidade de diálogo, para o incremento do
repertório comportamental das partes;
II - Evitar que as pessoas briguem em sua presença;
III - Preservar a autonomia da vontade das partes;
IV - Facilitar a comunicação entre as partes que se opõem;
V - Avaliar o conflito estabelecido e redigir laudo pericial a ser anexado
ao processo.
Quais são consideradas, no âmbito jurídico, atribuições desse mediador?
 a) Apenas I
 b) Apenas I, III e IV
 c) Apenas III, IV e V
 d) Apenas I, II, III e IV
 e) I, II, III, IV e V
Referências
ARAÚJO, E.; RODRIGUES, C.; FERNANDES, H.; RIBEIRO, M. S. Porque o tempo
conta: elementos para uma abordagem sociológica da mediação familiar. Análise
Social, vol. XLVI (199), 2011, 283-308.
BARBOSA, A. A. Estado da arte da mediação familiar interdisciplinar no Brasil. In:
Revista brasileira de direito de família. São Paulo: IOB Thompson; Belo Horizonte:
IBDFAM, 2007.
FONKERT, R. Mediação familiar: recurso alternativo à terapia familiar na resolução de
conflitos em famílias com adolescentes. Disponível em:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32725-40312-
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32725-40312-1-PB.pdf
1-PB.pdf
<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32725-
40312-1-PB.pdf> . Acesso em 02 jul. 2018.
PARKINSON, L. Mediação Familiar. Belo Horizonte: Del Rey, 2016. p.44-5.
PISANI, E. M.; PEREIRA, S.; RIZZON, L. A. Temas de Psicologia Social. 2. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
Próximos Passos
•Moderna teoria do conflito.
• Aspectos positivos e negativos do conflito.
• Gestão do conflito na mediação familiar.
Explore mais
Leia os seguintes textos:
• “Psicologia e mediação familiar em um núcleo de assistência judiciária”
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-
59432012000200004> , por Sabrina Baiana Cúnico; Borian Mônica Arpini; Caroline
de Oliveira Mozzaquatro; Milena Leite Silva; Maria Ester Toaldo Bopp.
• “A mediação familiar como mecanismo de pacificação social”
<http://www.ibdfam.org.br/_img/congressos/anais/165.pdf> , de Juliane
Mayer Grigoleto.
• “A importância da mediação nas Varas de Família”
<https://jus.com.br/artigos/40067/a-importancia-da-mediacao-nas-varas-
de-familia> , por Fernanda Macedo.
• “Cartilha de mediação” <http://www.oabrj.org.br/arquivos/files/-
Comissao/cartilha_mediacao.pdf> .
• “Cartilha do divórcio para pais”
<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/f26a2
1b21f109485c159042b5d99317e.pdf> .
Sugestão de vídeo:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32725-40312-1-PB.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-59432012000200004
http://www.ibdfam.org.br/_img/congressos/anais/165.pdf
https://jus.com.br/artigos/40067/a-importancia-da-mediacao-nas-varas-de-familia
http://www.oabrj.org.br/arquivos/files/-Comissao/cartilha_mediacao.pdf
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/f26a21b21f109485c159042b5d99317e.pdf
• “Teoria Geral dos Sistemas” <https://www.youtube.com/watch?
v=EDt_Gai5Mzw> .
https://www.youtube.com/watch?v=EDt_Gai5Mzw

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