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Interações: microrganismo e hospedeiro Interações benéficas: corpo humano (aproximadamente 1013 células – microrganismos 1014) Interações prejudiciais: patógenos invadem e causam danos ao hospedeiro, utilizando por ex. estruturas especializadas de ligação, fatores de crescimento, enzimas e toxinas, Microbiota: a microbiota normal é o conjunto de microrga- nismo que habita o hospedeiro e não produz doença em con- dições de homeostase (estado de equilíbrio). A presença desses microrganismos é importante devido a proteção ao hospedeiro contra colonização por microrganis- mos potencialmente patogênicos (antagonismo microbiano) Colonização: ocupação de nichos específicos por microrga- nismo que podem ou não gerar dano. Inicia-se à medida que os animais são expostos aos microrganismos (após o nascimento). Muitos fatores determinam a distribuição e a composição da microbiota normal ao longo da vida do indivíduo. Fatores como nutrientes disponíveis, fatores físicos, químicos, defesa do hospedeiro, hábitos de vida, dieta. Microbiota normal representativa: O corpo humano NÃO é uniforme: há uma variedade de nutrientes orgânicos (pH, pressão osmótica, etc). Existem condições variadas que vão favorecer o crescimento de um determinado grupo de microrganismos. A microbiota normal não coloniza os órgãos internos, san- gue, linfa ou o sistema nervoso. Microbiota normal na cavidade oral: habitat microbiano complexo e heterogêneo, que possibilita colonização por uma ampla capacidade de microrganismos, apesar da sa- liva conter substâncias antimicrobianas, como a lisozima, por exemplo. Quando o indivíduo é bebê, os microrganismos predomi- nantes são anaeróbios facultativos (e alguns aeróbios). A partir da erupção dos dentes, os microrganismos predo- minantes são colonizados pelos anaeróbios – adaptados para o crescimento em biofilme na superfície dos dentes e sulcos gengivais. Microbiota normal do trato gastrointestinal: é um sítio anatômico com muitos nutrientes disponíveis. Possui cerca de 400m2 e abriga em média 1014 células micro- bianas, principalmente no intestino grosso. e mecanismos de patogenicidade Microbiologia, Tortora, 12ª edição, Artmed (Grupo A), 2016. O estomago possui pH ácido, por isso tem uma diversi- dade menor. O intestino delgado possui pH levemente ácido, e encontramos microrganismos em comum com o estomago. À medida que descemos para o intestino grosso, o ambiente se torna mais anóxico, favorecendo crescimento de uma maior variedade e quantidade de mi- crorganismos anaeróbios facultativos e estritos. Microbiota normal do trato respiratório: o trato respira- tório é dividido em superior e inferior, As bactérias pe- netram no trato respiratório superior, através da res- piração, porém ficam presas no muco e, devido ao movi- mento ciliar, dificilmente eles chegam ao trato respira- tório inferior. O trato inferior de uma pessoa saudável apresenta poucos microrganismos ou nenhum. Trato urogenital: embora existam microrganismos na uretra, o trato urinário (bexiga, uretra e rins) é estéril em indivíduos saudáveis. No entanto, bactérias como Es- cherichia coli e Proteus mirabilis, normalmente presentes em pequeno número no ambiente local, podem multipli- car-se na uretra, tornando-se patogênicos diante de condições alteradas, como alterações do pH. Mecanismos de patogenicidade Patogenicidade: é a capacidade de um microrganismo causar doença. Virulência: refere-se ao grau de patogenicidade do mi- crorganismo. Fatores de virulência: estruturas, produtos ou estraté- gias que contribuem para o agente aumentar sua capa- cidade de causar doença. Hospedeiro: organismo que abriga um patógeno. Doença: é o dano ou lesão tecidual que prejudica as fun- ções do hospedeiro. A patogenicidade difere consideravelmente entre os pa- tógenos, assim como a resistência ou suscetibilidade do hospedeiro ao microrganismo. Patógeno oportunista: causa doenças apenas na ausência de resistência normal do hospedeiro. As doenças bacterianas podem ser: ▪ Endógenas: bactérias oportunistas, presentes na microbiota do hospedeiro. ▪ Exógenas: bactérias provenientes do meio ex- terno. Uma doença infecciosa implica que o patógeno deve: ▪ Instalar-se no hospedeiro; ▪ Multiplicar-se nos tecidos do hospedeiro; ▪ Resistir às defesas do hospedeiro por um período de tempo; ▪ Prejudicar o hospedeiro. Aderência bacteriana: capacidade de um microrganismo de se ligar a uma célula ou superfície. As moléculas de superfície em um patógeno, chamadas de adesinas ou ligantes, ligam-se especificamente a re- ceptores de superfície complementares nas células de determinados tecidos do hospedeiro. A maioria é com- posta de glicoproteínas ou lipoproteínas. Como consequências da aderência, temos os biofilmes. São comunidades formadas por uma grande quantidade de microrganismos. Por exemplo: placa dentária, algas nas paredes das piscinas, etc. Eles podem ser compostos por várias camadas e podem conter diversos tipos de microrganismos. Multiplicação é o aumento do número de bactérias no organismo, imprescindível para causar doença. As bacté- rias enfrentam uma variedade de ambientes nutricionais nos organismos. Ex: captação de ferro. Invasão bacteriana: capacidade de um patógeno entrar nas células e/ou tecidos do hospedeiro, propagar-se e causar doença. O modo de invadir e grau de invasão va- riam entre diferentes espécies bacterianas. As invasinas rearrajam os filamentos de actina do citoesqueleto da célula do hospedeiro, facilitando a invasão. Como os microrganismos ultrapassam as defesas: ▪ Cápsula: → Glicocálice (Streptococcus pneumo- niae, Klebisiella pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae) ▪ Componentes da parede celular: → Proteínas M (Streptococcus pyoge- nes): fixa a bactéria às células epite- liais do hospedeiro e auxilia a bactéria a resistir à fagocitose. → Cera (Mycobacterium tuberculosis): resiste à digestão pelas células fago- cíticas. Mecanismos de escape: variação antigênica – Neisseria gonorrhoeae: capacidade de variar a estrutura dos antí- genos de superfície para escapar da resposta de anti- corpos. Ser intracelular é uma vantagem, pois os patógenos in- tracelulares possuem habilidade de sobreviver dentro da célula do hospedeiro. ▪ Facultativos (ex.: Samonella spp., Mycobacte- rium tuberculosis) ▪ Obrigatórios (ex.: Rickettsia sp, Chlamydia, Mycrobacterium lepare) Os patógenos lesam as células do hospedeiro através de: ▪ Lesão direta: → Patógenos retiram nutrientes das células do hospedeiro e produzem subprodutos tóxicos; → A replicação ocorre dentro da célula do hospedeiro (lise celular); → Ação de enzimas - hialuronidases (de- gradação do ácido hialurônico), es- treptoquinases (dissolvem os coágu- los de fibrina), coagulases (protegem os patógenos das defesas do hospe- deiro). ▪ Toxinas: → Exotoxinas: toxinas citolíticas, toxinas do tipo AB, superantígenos. → Enterotoxinas: exotoxinas cujas ativi- dades afetam o intestino delgado, provocando vômitos e diarréia. Geral- mente adquiridas pela ingestão de ali- mentos ou água contaminados (toxina colérica – toxina A-B) → Toxinas citolíticas: danificam a mem- brana citoplasmática da célula do hospedeiro, provocando lise e morte celular. → Toxinas que inibem a síntese protéica (toxinas A-B): toxina botulínica age na junção neuromuscular inibindo a libe- ração de acetilcolina. Mais potente entre as exotoxinas; toxina tetânica é uma neurotoxina que age no sis- tema nervoso central bloqueando a via de relaxamento muscular. → Superantígeno: proteínas capazes de provocar uma resposta imune muito intensa. São produzidos por muitos vírus e bactérias, estimulando as cé- lulas T a liberar enormes quantias de citocinas(ex.: as toxinas estafilocóci- cas que toxinose alimentar e sín- drome do choque tóxico.) São fatores de disseminação da doença infecciosa: re- servatórios das infecções, portas de entrada/saída e mecanismos de transmissão. Reservatórios podem ser humanos (portadores), animais (zoonoses) e inanimados (solo, água e alimentos). Mecanismos de transmissão por contato (direto, indireto, por gotículas), por veículo (água, ar, alimentos), por veto- res (mecânicos, biológicos). Estágios de uma doença infecciosa: Portadores são fontes em potencial de infecção para outros indivíduos. Indivíduos que se encontram no período de incubação da doença ou portadores crônicos, que po- dem disseminar a doença por um longo período. Doenças veiculadas por alimentos: infecções (células viá- veis e microrganismos invasivos), toxi-infecções (células viáveis, colonização e produção de enterotoxinas) e toxi- noses (toxinas pré-formadas no alimento). Tríade epidemiológica: ▪ Fatores do agente: resistência ao ambiente, vi- rulência e dose. ▪ Fatores do hospedeiro: resistência inata, vaci- nação, sexo, idade, estado reprodutivo, gené- tica. ▪ Fatores ambientais: densidade populacional, condições sanitárias, nutricionais, clima. Interações entre os microorganismos e o hospedeiro: ▪ Comensalismo: um organismo beneficia-se e o outro não é afetado. ▪ Mutualismo: ambos os organismos se benefi- ciam. ▪ Parasitismo: um organismo beneficia-se à custa do outro.
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