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Relatório sobre a obra “A Luta pelo Direito” de Rudolf Von Ihering. A Luta pelo Direito. Rudolf Von Ihering, entende o direito como algo que não consiste meramente em uma teoria e sim em uma força viva, de modo que para obter a finalidade do direito, a paz, é necessário que haja luta. Justamente através da mesma, que se dá a vida ao direito, apesar de estar claro que o direito é uma luta que visa a sobrevivência da paz em sociedade, existem ainda aqueles que não o vêem desta forma. A luta por sua vez deve perdurar enquanto o direito estiver sobre as ameaças da injustiça, nenhum cidadão deve abster-se da luta pelo direito. "Todos os direitos da humanidade foram conquistados pela luta [...]". (Von Ihering, p. 27, 2010). Para se concretizar grandes conquistas, foi necessária a luta por elas, sendo este o caráter que torna o direito uma luta pela conquista da paz. Ao comparar o direito com a propriedade, alega que para se chegar a ter direito é necessário a luta, e para se ter a propriedade é necessário o trabalho. Ambiguidade da palavra ‘Direito’. A palavra ‘direito’ deve ser lida com duplo sentido; o direito em seu sentido objetivo, é classificado como um conjunto de normas jurídicas vigentes, criadas e aplicadas pelo Estado à sociedade, o direito objetivo é aquele manipulado, imposto pelo Estado. "[...] o ordenamento legal da vida [...]" (Von Ihering, p.29, 2010). Já o direito, do seu ponto de vista subjetivo, é uma característica inerente ou adquirida pelo indivíduo. Seu objeto de estudo é o direito subjetivo, pois a manutenção da ordem jurídica por parte do Estado só é possível através de uma incessante luta deste contra a anarquia. O Direito ao ser Lesado. A luta pelo direito subjetivo ou concreto é provocada quando este é lesado ou usurpado. Quando um indivíduo tem seus direitos lesados, deve optar por lutar por eles ou então deve abrir mão da luta. Para tanto, tal escolha implica sacrifício, ou o direito será sacrificado em nome da paz, ou a paz será sacrificada pelo direito. Muitas vezes a dor moral por ser injustiçado é muito maior que a vontade de se recuperar o objeto do litígio em questão, trata-se de uma questão de honra fazer valer os seus direitos. Podemos afirmar sem o menor receio que o amor que um povo dedica ao seu direito e a energia despendida na sua defesa são determinados pela intensidade do esforço e do trabalho que ele lhe custou. Os elos mais sólidos entre um povo e seu direito não são forjados pelo hábito, mas pelo sacrifício. (Von Ihering, p. 34, 2010). Porém, há os que consideram mais válido abandonar seu direito em nome da paz, e para Von Ihering, tal postura é condenável e contrária à essência do direito. O direito deve ser defendido como se fosse um dever de cada um para consigo próprio, em nome da conservação moral, para que este se realize perante a sociedade. A Luta pela Defesa do Direito. A luta pelo direito é um dever do interessado para consigo próprio; a luta pela existência se retrata não só pela luta pela vida, mas também pela existência moral, defendida pelo direito. A defesa do direito é um dever da própria conservação moral, para se defender, o homem não precisa utilizar a violência, seja verbal ou física. Na maioria dos casos, pode-se recorrer ao poder público para ter seus direitos garantidos, porém, em um litígio envolvendo duas partes, onde estas não admitem um consenso, após a decisão, uma delas sairá lesada. Uma pessoa, ao ter seu direito transgredido, pode ou não lutar para reavê-lo. Isso dependerá do interesse dela pelo objeto em litígio; lutar ou não por esse direito é legítimo. "[...] o direito objetivo deixa a cada um a opção de fazer valer ou abandonar seu direito subjetivo [...]". (Von Ihering, p.39, 2010). Há uma conexão do direito com a pessoa, que confere a todos os direitos, independente da sua natureza, um valor designado de valor ideal. A defesa do direito é um dever com a sociedade, aquele que defende seu direito, defende também na esfera estrita todo o direito. O interesse e as consequências do seu ato vão além de sua pessoa, atingindo toda a nação, todos aqueles que usufruem dos benefícios do direito devem também contribuir para sustentar o poder e a autoridade da lei. Cada qual é lutador nato, pelo direito, no interesse da sociedade, mesmo os que lutam pelo direito sem a visão do todo, ou seja, sem a noção de que é um dever para com a sociedade, também contribuem para a luta contra o arbítrio”[...] todo homem é um combatente pelo direito, no interesse da sociedade [...]“ (Von Ihering, p. 62, 2010). Só não é vantajoso lutar pelo direito, quando estiver, a vida do titular, sob ameaça. “ [...] A luta pelo direito é a poesia do caráter” (Von Ihering, p. 54, 2010). O direito violado, leva-nos a uma reação de defesa pessoal, sendo então, o direito ligado ao idealismo, constituindo um direito para si próprio, pois a essência do direito é a ação. E essa essência pode ser entendida como aquele idealismo que na lesão do direito não vê somente um ataque à propriedade, mas a própria pessoa. A defesa é sempre uma luta, portanto, a luta é o trabalho eterno do direito. Simbologia Jurídica. A simbologia do direito, representada pela Deusa Têmis é retomada na obra. Ihering diz que a balança e a espada usadas pela Deusa representam, quando utilizadas com a mesma habilidade, o verdadeiro estado de direito. A espada significa o poder de coerção, já a balança o equilíbrio. Direito Público e Criminal. Ihering classifica o direito público e o direito criminal como dever das autoridades estatais, já o direito privado como faculdade das pessoas privadas, ou seja, depende da iniciativa individual das pessoas. Sendo assim, o direito privado fica sujeito ao desconhecimento e à covardia, já que nem todos fazem valer seu direito. Surge aí, no direito privado, a luta contra a injustiça. "[...] no campo do direito privado há de ser travada uma luta do direito contra a injustiça, uma luta comum de que participa toda a nação e que exige a união indefectível de todos os indivíduos [...]".(Von Ihering, p. 59, 2010). Comparação entre o Direito Romano e o Direito Brasileiro Atual. O autor traça uma breve comparação entre o direito romano e o direito atual, no direito romano havia uma distinção entre a antijuridicidade subjetiva e a objetiva, já nos tempos atuais isso não existe. O cidadão romano não aceitava receber apenas uma indenização pela irregularidade cometida contra sua pessoa, pena aplicada pela transgressão ao direito objetivo. As penalidades iam além de bens materiais, o criminoso estava sujeito a outras penas, isto é, às penas aplicadas pela transgressão ao direito subjetivo, dentre as quais, segundo Ihering, destaca a da infâmia. Nos dias atuais, as penalidades aplicadas ao transgressor são as mesmas, tanto para o direito subjetivo como para o objetivo, geralmente, uma quantia de dinheiro e/ou a prisão, “[...] Mantendo-se num plano equidistante do direito antigo, que aplicava a mesma medida na avaliação da lesão objetiva e subjetiva do direito, e do extremo oposto encontrado no direito moderno, onde a lesão subjetiva ficou relegada a nível idêntico ao da objetiva [...] a lesão de direito põe em jogo não apenas um valor pecuniário, mas representa uma ofensa ao sentimento de justiça, que exige reparação [...]” (Von Ihering, p. 83-86, 2010). Conclusão. Por fim, o autor volta a fazer um clamor à luta pelo direito, comparado a luta e o direito ao trabalho e à propriedade. "[...] A luta representa o trabalho externo do direito. Sem luta não há direito, da mesma forma que sem trabalho não há propriedade [...]" (Von Ihering, p.34, 2010). O direito conquistado pela luta é valorizado tal como a propriedade conquistada pelo trabalho. Referências. IHERING, Rudolf Von. A luta pelo Direito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010
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