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ESQUEMAS DE REFORÇAMENTO

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Nem todas as respostas são reforçadas quando ocorrem, mas nem por isso o comportamento 
deixa de ocorrer. Você não deixa de ir à padaria, por exemplo, porque foi uma vez e não encontrou pão 
quentinho. Isso significa que muitos dos nossos comportamentos são apenas intermitentemente 
reforçados. E, o conceito de esquema de reforçamento corresponde, justamente, a quais critérios uma 
resposta deve atingir para que ocorra o reforçamento. Ou seja, descreve quais condições as respostas 
devem obedecer para que o estímulo reforçador seja liberado. 
Esquema de reforçamento contínuo: nesse esquema, que recebe a sigla CRF, toda resposta é 
seguida da apresentação de um estímulo reforçador. Acontece, por exemplo, no caso do namorado 
que aceita todos os convites da namorada. 
Esquema de reforçamento intermitente: nesse esquema algumas respostas são reforçadas e 
outras não. Um exemplo cotidiano pode ser chegar as notificações de sua rede social, tendo como 
consequência novas curtidas, as quais nem sempre serão encontradas. O comportamento de checar as 
notificações de sua rede social, nesse caso, é mantido por um esquema de reforçamento intermitente. 
Existem quatro tipos principais de esquemas de reforçamento intermitente: razão fixa (FR), razão 
variável (VR), intervalo fixo (IF) e intervalo variável (VI). Nos esquemas de razão, o requisito para a 
liberação da consequência reforçadora é o número de respostas emitidas. Já nos esquemas de 
intervalo, o principal requisito é a passagem de certo período desde o reforçamento da última 
resposta. 
Esquemas de reforçamento intermitente de razão: caracterizam-se por exigirem certo número de 
respostas para a apresentação de cada estímulo reforçador. Ou seja, para que o reforçador seja 
apresentado, é necessário que o organismo emita mais de uma resposta. 
• Razão fixa: nesse esquema, o organismo deve emitir um número sempre igual de respostas 
para que o seu comportamento seja reforçado. Por exemplo, Joãozinho está na aula de 
educação física. Para poder ser liberado para beber água, ele deve dar 10 voltas correndo ao 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
redor da quadra de basquete. Assim, toda vez que completa as 10 voltas, o professor o autoriza 
a ir ao bebedouro. 
• Razão variável: nesse esquema, o número de respostas necessárias para a apresentação 
do estímulo reforçador se modifica a cada nova apresentação. Por exemplo, a pessoa puxa 
a alavanca da máquina 117 vezes e ganha algumas moedas. Depois disso, ela talvez acione a 
alavanca outras 62 vezes até ganhar novamente, e assim por diante. 
o Quando dizemos que um comportamento está sendo reforçado em um esquema de razão 
variável 30 (VR 30), estamos afirmando que, em média, a cada 30 respostas, uma é 
reforçada. 
o Se numa determinada situação houve 800 respostas para 20 reforçadores, por exemplo, o 
VR é 40, pois as 800 são divididas pelos 20. 
Esquemas de reforçamento intermitente de intervalo: nos esquemas de reforçamento de intervalo, o 
número de respostas emitidas não é relevante, bastando a ocorrência de uma única para que o 
estímulo reforçador seja apresentado. No entanto, essa resposta somente será reforçada de 
tempos em tempos. 
• Intervalo fixo: nesse esquema, a primeira resposta emitida após a passagem de um período 
específico é reforçada. O intervalo entre a apresentação do último reforçador e a 
disponibilidade do próximo é sempre o mesmo para todos os reforçamentos. Por exemplo, 
podemos citar um adolescente que tem seu pedido de dinheiro atendido todos os sábados, e que, 
caso ele peça dinheiro nos outros dias, não terá seu comportamento reforçado, pois o intervalo é 
de sábado em sábado, não incluindo o restante dos dias da semana. Vale lembrar que o estímulo 
reforçador somente será apresentado caso o organismo se comporte. Ou seja, se o 
adolescente não pedir dinheiro, não haverá reforçamento em intervalo fixo. 
• Intervalo variável: nesse esquema, os intervalos entre a apresentação do último estímulo 
reforçador e a do seguinte não são os mesmos. Acontece, por exemplo, quando alguém troca 
a estação de rádio do carro até encontrar uma música bacana. Às vezes a resposta de trocar de 
estação somente é reforçada após se terem passado cinco minutos desde a última música que 
agradou, às vezes após 13 minutos, e assim por diante. 
Nos experimentos com esquemas de reforçamento existem dois tipos de dados principais: 
• Dados de transição: são aqueles observados quando o comportamento do organismo acabou 
de ser submetido a um novo esquema de reforçamento. Nesse caso, o padrão comportamental 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
terá características da contingência anterior e da nova contingência. Dizemos, portanto, que o 
seu comportamento ainda não está adaptado ao novo esquema de reforçamento, mantendo 
características do padrão comportamental do esquema anterior. Os dados de transição são 
úteis para estudar os efeitos de história de reforçamento. 
• Dados em estado estável: são aqueles observados quando há pouca diferença entre os padrões 
comportamentais das sessões experimentais nas quais o mesmo esquema é utilizado. Para se 
obter dados em estado estável é necessário que o comportamento do organismo seja 
submetido a várias sessões com o mesmo esquema de reforçamento. 
Razão fixa: o padrão comportamental gerado por esquemas de razão fixa é caracterizado por pequenas 
pausas pós-reforçamento (tempo decorrido entre a apresentação do estímulo reforçador e o reinício 
do responder) e alta taxa de respostas (calculada dividindo-se o número de respostas ocorridas pelo 
intervalo de tempo no qual ocorreram. Quanto mais respostas ocorrerem em um dado período, maior 
será essa taxa). Quando dizemos que o padrão comportamental de FR é caracterizado por altas 
taxas de resposta, estamos dizendo que muitas respostas ocorrem em um curto intervalo de 
tempo. Os termos “muito” e “alta” são utilizados em comparação às taxas de respostas produzidas por 
outros esquemas. 
Considerando as características do padrão comportamental gerado por esquemas de FR, podemos fazer 
duas análises com relação às situações cotidianas. Primeiramente, temos uma ferramenta útil para 
entendermos por que certos comportamentos ocorrem em altas taxas de respostas, bem como a 
razão para a ocorrência de pausas após a apresentação do reforço, mesmo que estas resultem 
em menos reforçadores em longo prazo. Em segundo lugar, temos um referencial teórico e empírico 
para arranjarmos condições visando que um comportamento ocorra em alta frequência quando isso, por 
algum motivo, for importante. Tomemos como exemplo o ato de fazer exercícios físicos. Em muitos 
casos, é importante que as pessoas façam exercícios físicos com certa frequência. Esquemas de FR 
podem ser eficazes nesse sentido. 
Pela sua eficácia em produzir altas taxas de respostas, os esquemas de FR têm sido utilizados na 
indústria, dada a importância da alta produtividade para maximizar os lucros. São comuns casos 
em que uma certa quantia é paga após a execução de um número específico de peças. 
Razão variável: o padrão comportamental gerado por esquemas de razão variável é caracterizado por 
altas taxas de respostas e pausas pós-reforçamento praticamente ausentes e/ou irregulares. Em 
um esquema de razão variável, o reforçamento pode ocorrer após a emissão de uma ou várias 
respostas. Dessa forma, a apresentação do estímulo reforçador dificilmente adquirirá a função de 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
estímulo delta para o responder. Essa é uma possível explicação para a ausência de pausas pós-
reforçamento ou para a ocorrênciade pausas irregulares nos esquemas de razão variável. 
As mesmas possibilidades de aplicação discutidas quanto ao esquema de FR, em termos de altas taxas 
de respostas, também são válidas para o esquema de razão variável. Entretanto, arranjar condições 
de reforçamento características dos esquemas de razão variável em situações cotidianas pode 
ser consideravelmente mais difícil. Por exemplo, em uma indústria com um sistema de pagamento no 
qual o empregado recebe por unidades produzidas, seria uma situação estranha o empregador não 
especificar quantos pares de sapato o empregado deve produzir para receber o pagamento. Em 
contrapartida, há situações cotidianas não programadas nas quais uma análise das contingências 
de reforçamento revelará o arranjo de condições de reforçamento similares aos esquemas de 
razão variável (VR) e nos ajudará a entender por que certos comportamentos ocorrem em altas taxas. 
Considere o exemplo de um garoto que insiste em continuar telefonando para a sua ex-namorada e o 
faz com alta taxa de respostas. Ocasionalmente, ela atende após cinco ligações, em outro momento, 
após 12 ligações, num terceiro, após duas ligações apenas, e assim por diante. De maneira não 
planejada, a ex-namorada está arranjando condições de reforçamento equivalentes a um VR. Ao 
fazê-lo, ela mantém o comportamento de telefonar do ex-namorado em alta taxa – presumindo-se 
que o simples fato de ela atender o telefone, independentemente do que fale, tenha a função reforçadora 
para esse comportamento. 
Intervalo fixo: o padrão comportamental gerado pelo esquema de reforçamento de intervalo fixo é 
caracterizado por baixas taxas de respostas e por longas e consistentes pausas pós-reforçamento. 
Além disso, após a pausa, a taxa de respostas aumenta rapidamente e, então, se mantém estável 
até a apresentação do estímulo reforçador. Esse aumento na taxa de resposta é chamado de scallop. 
O FI é o esquema que produz as menores taxas de respostas. Possivelmente, isso acontece por duas 
razões: 1) é exigida apenas uma resposta ao final do intervalo, que é sempre o mesmo, para que 
o estímulo reforçador seja apresentado. Ou seja, respostas ao longo do intervalo nunca são 
reforçadas (extinção), o que as torna improváveis; 2) é o esquema que produz as maiores pausas 
pós-reforçamento, uma vez que a discriminação temporal entre o reforçamento e o não reforçamento é 
facilitada pela regularidade das durações dos intervalos entre os reforçamentos. 
Intervalo variável: o padrão comportamental gerado pelo esquema de reforçamento de intervalo variável 
é caracterizado por taxas moderadas e constantes de respostas e ausência de pausas pós-
reforçamento. Uma possível explicação para essa ausência está no fato de que, às vezes, respostas 
ocorridas imediatamente após a apresentação do estímulo reforçador são novamente reforçadas, mas, 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
em outras, só serão reforçadas após longos intervalos. Como o número de respostas não é um dos 
requisitos para o reforçamento, a taxa de respostas é moderada em relação aos esquemas de razão. 
Os esquemas de reforçamento contínuo (CRFs) e intermitente (FR, VR, FI, VI) não diferem apenas 
quanto ao arranjo de condições para o reforçamento, mas também em relação aos seus efeitos sobre o 
comportamento mantido por eles. 
Modelagem e manutenção de um novo comportamento: o CRF é mais eficaz para a modelagem 
de um novo comportamento do que os esquemas intermitentes. Por exemplo, se, no procedimento 
de modelagem da resposta de pressão à barra, a água fosse apresentada após 10 pressões, dificilmente 
esse comportamento seria aprendido. É provável que o animal parasse de pressionar a barra antes de 
emitir a décima resposta que produziria o reforçamento, isto é, observaríamos o processo de extinção. 
Tanto em pesquisa quanto em aplicação, novos comportamentos costumam ser modelados e mantidos, 
inicialmente, por CRFs. Quando é necessário que o comportamento seja mantido por esquemas 
intermitentes, a transição de um esquema para o outro é feita gradualmente, utilizando FRs 
intermediários, os quais evitam que o comportamento entre em processo de extinção antes que 
o reforçador seja apresentado. 
Esse tipo de estratégia é bastante comum em intervenções comportamentais com crianças 
diagnosticadas com autismo, por exemplo. A literatura científica tem mostrado que a aprendizagem 
dessas crianças é acelerada quando as condições de ensino são adequadamente planejadas e 
estruturadas em pequenos passos. Para essas crianças, alterações nas contingências de reforçamento, 
ainda que pequenas, podem resultar no enfraquecimento do responder previamente ensinado. Dessa 
forma, quanto menores as alterações nas contingências, maior a probabilidade de os 
comportamentos previamente ensinados continuarem a ocorrer. 
Resistência à extinção: os esquemas de reforçamento intermitente, principalmente os variáveis, 
são ideais para a manutenção do comportamento, ou seja, aumentam a sua resistência à extinção. 
Este termo refere-se ao quanto insistimos em fazer algo que não dá mais certo. Um exemplo cotidiano 
seria o de um controle remoto de alarme de carro com defeito, de modo que não abrisse o carro todas 
as vezes em que o botão fosse apertado. Caso o dispositivo pare de funcionar definitivamente, o 
comportamento de apertar o botão tenderá a se repetir várias vezes antes de deixar de ocorrer. Isso 
acontece porque, quando ainda funcionava, o botão precisava ser apertado algumas vezes antes de o 
carro abrir (ou seja, reforçamento intermitente). Em contrapartida, se o controle remoto estivesse 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
funcionando adequadamente, de modo que o carro abrisse todas as vezes que se pressionasse o botão 
(ou seja, reforçamento contínuo), e parasse de funcionar definitivamente, menos respostas de pressionar 
o botão ocorreriam até a sua frequência chegar a zero. 
No dia a dia, estímulos reforçadores que são liberados em esquemas de reforçamento intermitente 
às vezes não ficam disponíveis por tempo indeterminado. É comum que sua disponibilidade tenha 
duração limitada. Esse tempo é chamado de contenção limitada. Por exemplo, se o estímulo reforçador 
em questão é um dado programa de televisão que passa apenas uma vez por semana e tem duração de 
30 minutos, estamos falando de um esquema de reforçamento intermitente de FI de uma semana com 
uma contenção limitada de 30 minutos. A contenção limitada geralmente produz aumento na taxa de 
respostas, seja em um esquema de intervalo fixo ou variável. 
Esquemas de intervalo e de razão são esquemas de reforçamento contingente. Ou seja, neles, mesmo 
nos de intervalo, o estímulo reforçador é sempre apresentado contingente à ocorrência de pelo menos 
uma resposta. Mas, existem também esquemas não contingentes, os quais o estímulo reforçador é 
apresentado independentemente da ocorrência de uma resposta específica. Nos esquemas 
intermitentes não contingentes o reforçador é apresentado de tempos em tempos, sem a necessidade 
de ocorrência de uma resposta. Os dois principais esquemas de reforçamento não contingente são o de 
tempo fixo e o de tempo variável. 
Tempo fixo (FT): este esquema é caracterizado pela apresentação dos reforçadores em intervalos 
de tempo regulares, mesmo que nenhuma resposta ocorra. Por exemplo, se um adolescente recebe 
uma “mesada” semanal de seus pais, sempre aos sábados e independentemente de qualquer 
comportamento que emita, diríamos que a “mesada” é apresentada em esquema não contingente de 
intervalo fixo (FT 1 semana). 
Tempo variável: acontece quando os reforçadores são apresentados em intervalos irregulares de 
tempo, independentemente da ocorrência de uma respostaespecífica. Esse esquema assemelha-
se ao de intervalo variável (VI), porém sem a necessidade da ocorrência de uma resposta para que o 
reforçador seja apresentado. 
Comportamento supersticioso: embora não seja necessária a ocorrência de uma resposta em 
esquemas não contingentes, o reforçador ocasionalmente é apresentado temporalmente próximo à 
ocorrência de alguma resposta. Chamamos essa relação temporal entre resposta e reforçador de 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
contiguidade, a qual pode ser suficiente para fortalecer um determinado comportamento. Por exemplo, 
se uma pessoa evita passar debaixo de escadas e, ao mesmo tempo, nada de ruim lhe acontece, essa 
relação de contiguidade pode reforçar seu comportamento de evitar passar debaixo de escadas. Esse 
processo é chamado de reforçamento acidental, em que não há uma relação de contingência entre 
uma resposta e uma consequência, mas, sim, uma relação de contiguidade temporal, ou seja, a 
resposta e a apresentação do estímulo reforçador estão próximas no tempo. Esse comportamento é 
chamado de supersticioso porque a sua relação com a consequência é apenas de contiguidade, e não 
de contingência. Ou seja, o que ocorreu foi apenas uma coincidência. 
*É importante lembrar que o conceito de comportamento supersticioso não se destina a descrever e, 
muito menos, explicar a superstição ou os ritos religiosos. Mesmo que a origem de algumas superstições 
ou de alguns ritos religiosos tenha relação com o reforçamento acidental, a sua disseminação entre 
múltiplas gerações compreende outros processos comportamentais. 
Existem esquemas de reforçamento desenvolvidos para controlar quão rápidas devem ser as respostas 
do organismo. Nesses esquemas, não se trata de uma resposta específica que é selecionada, mas 
da velocidade (taxa de respostas) com que ela é emitida. Ou seja, neles, o responder rápido ou lento 
é que é reforçado. Em outras palavras, neles são selecionados (reforçados) intervalos entre respostas 
(IRT). O intervalo entre respostas é o tempo decorrido entre a ocorrência de uma resposta e a 
ocorrência da seguinte. 
Reforçamento diferencial de altas taxas de respostas (DRH): corresponde a um esquema 
desenvolvido para produzir um responder rápido. Em outras palavras, somente taxas altas de 
respostas serão reforçadas. Seu funcionamento é parecido com um esquema de razão, ou seja, um 
número de respostas deve ser emitido para a liberação do reforço. Entretanto, o DRH possui um requisito 
extra: esse número de respostas deve ocorrer dentro de um tempo predeterminado para que o 
reforço seja apresentado (nesse caso existem prazos). Por exemplo, em uma prova de datilografia, um 
certo número de toques deveria ser dado por minuto para que o candidato não fosse eliminado do 
concurso, o que produzia um responder muito rápido. Exemplificando, o DRH pode ser utilizado, quando 
se deseja que um funcionário produza mais peças por hora em uma fábrica. 
Outra maneira de se implementar um esquema de reforçamento de DRH é reforçar respostas que 
ocorram com intervalo entre respostas menor que X segundos desde a última resposta. Por 
exemplo, considere que uma criança diagnosticada com autismo leva comida à boca durante as refeições 
com intervalos muito longos (p. ex., uma colher a cada 5 minutos em média). Nesse caso, podese reforçar 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
a resposta de levar a colher à boca apenas se ela ocorrer menos de 5 minutos depois da última; 
posteriormente, apenas se ocorrer com no máximo 4 minutos, e assim por diante, até que se chegue ao 
intervalo entre respostas (IRT) desejado. 
Reforçamento diferencial de baixas taxas de respostas (DRL): em um DRL, as respostas serão 
reforçadas apenas se forem espaçadas por um tempo mínimo. Em outras palavras, o estímulo 
reforçador somente será apresentado se um houver um tempo mínimo entre uma resposta e outra. No 
DRL, caso o organismo responda antes do final desse intervalo, o cronômetro é zerado e o intervalo é 
reiniciado. O padrão comportamental de DRL é caracterizado por um responder pouco frequente, 
podendo ser utilizado, por exemplo, quando uma criança diagnosticada com autismo costuma levar à 
boca pedaços de comida tão rapidamente que a abarrota ou se engasga. Nesses casos, é possível 
utilizar o DRL para que a criança leve comida à boca em intervalos de tempo suficientes para mastigar 
cada pedaço. 
O reforçamento diferencial de outro comportamento (DRO) é uma alternativa comportamental 
bastante utilizada para reduzir a frequência de um comportamento sem a utilização de punição 
ou de extinção somente, pois produz menos respostas emocionais. O DRO consiste em reforçar a não 
ocorrência de um determinado comportamento em um certo período. 
Esse tipo de esquema de reforçamento é bastante utilizado para, por exemplo, reduzir a frequência de 
comportamentos autolesivos (bater a cabeça contra a parede, morder-se, etc.) de crianças 
diagnosticadas com autismo e de comportamentos inadequados, como birras, em crianças com e sem 
algum diagnóstico psiquiátrico. Se a criança apresenta comportamentos agressivos a cada cinco 
minutos, pode-se utilizar o DRO apresentando um estímulo reforçador caso ela fique esse período sem 
emiti-los. Após a criança ficar consistentemente cinco minutos sem emitir comportamentos agressivos, 
pode-se aumentar esse tempo para sete minutos, depois para 10, 15, e assim por diante. 
Existem esquemas de reforçamento que envolvem a combinação de mais de um esquema de 
reforçamento. São os chamados esquemas de reforçamento compostos, como os esquemas múltiplos, 
mistos etc. Estes tentam simular de forma mais fidedigna as diversas contingências das quais o 
comportamento faz parte. 
Esquema múltiplo: nesse esquema ocorre a alternância de mais de um esquema simples de 
reforçamento. Cada um deles permanece em vigor por um período, por um número de respostas 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
ocorridas ou por um número de reforçadores apresentados. É utilizado principalmente para estudar o 
controle de estímulos antecedentes sobre o comportamento operante em situações que envolvem 
discriminações sucessivas. 
Um exemplo de esquema múltiplo na vida cotidiana pode ser observado na relação de uma criança com 
seus pais divorciados. Por exemplo, pedidos por doces e brinquedos raramente são atendidos pela mãe, 
que passa toda a semana com a criança por ser a detentora de sua guarda. Porém, os mesmos pedidos 
são continuamente atendidos por seu pai, que vê a criança apenas nos fins de semana. A presença da 
mãe é um estímulo discriminativo que sinaliza um esquema de intervalo variável, isto é, na sua presença, 
em intervalos variáveis, os pedidos serão atendidos. Já a presença do pai é um estímulo discriminativo 
que sinaliza um esquema de reforçamento contínuo, uma vez que, na sua presença, os pedidos da 
criança são sempre reforçados. O esquema sinalizado pela mãe dura cinco dias, e o sinalizado pelo pai, 
dois. É provável que a criança faça pedidos para o pai com uma frequência maior do que os faz para 
mãe, apresentando comportamento compatível com o componente do esquema múltiplo em vigor. 
Esquema misto: nesse esquema, assim como no múltiplo, ocorre a alternância de mais de um 
esquema simples de reforçamento. No entanto, ao contrário do que ocorre no múltiplo, no 
esquema misto não há estímulos discriminativos que sinalizam qual esquema está em vigor. O 
organismo deve discriminar o esquema em vigor pelo próprio contato com a contingência do componente 
do esquema em atividade. 
Esquema encadeado: os esquemas encadeados foram desenvolvidospara estudar cadeias 
comportamentais. Ilustram situações discriminativas, nas quais cada resposta intermediária da 
cadeia é reforçada por produzir condições de estímulos para a resposta (ou requisito de resposta) 
posterior. A maioria de nossos comportamentos compõe longas cadeias de respostas. O ponto crucial 
nessas cadeias é que o reforçador de um comportamento é o estímulo que serve de ocasião para o 
comportamento da contingência seguinte. 
*Nos esquemas múltiplos, cada componente está em vigor em um dado momento, e um não depende 
do outro. Já nos esquemas encadeados, apesar de cada esquema também estar em vigor em um dado 
momento, eles ocorrem sempre na mesma ordem. 
*Quando os esquemas encadeados podem ser realizados sem a utilização de estímulos discriminativos, 
recebe-se o nome de esquemas tandem. 
Esquemas concorrentes: consistem em duas ou mais fontes de reforçamento disponíveis ao 
mesmo tempo (dois ou mais esquemas de reforçamento disponíveis simultaneamente). Como 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7) 
exemplos cotidianos desse esquema, podemos citar abrir o Facebook ou o WhatsApp e encontrar novas 
postagens. Abrir esses aplicativos pode ser um comportamento reforçado por encontrar novas postagens 
em esquemas de intervalo variável. Teríamos, então, dois esquemas concorrentes de intervalo variável 
em vigor (para quem passa o dia alternando acessos a esses dois aplicativos). 
Estes são utilizados para investigar o comportamento de escolha. Estudá-los nos ajuda a 
compreender como os fatores ambientais interferem nas escolhas dos organismos. O 
comportamento de escolha é medido de dois modos: pela distribuição do número de respostas em cada 
uma das alternativas de reforçamento e pela distribuição do tempo que o organismo permanece 
respondendo em uma dessas alternativas em relação às demais. Tanto a distribuição do número de 
respostas quanto a do tempo em cada alternativa podem ser descritas em termos de razão e proporção. 
Lei da igualação: incluída nos esquemas concorrentes, prevê que a distribuição de respostas entre 
duas ou mais alternativas de reforços tende a igualar a distribuição de reforçadores das 
alternativas. 
Esquemas concorrentes encadeados: envolvem a apresentação de duas ou mais alternativas de 
reforçamento que se constituem em cadeias de respostas. Nos esquemas concorrentes encadeados 
as respostas em uma das alternativas, quando reforçadas, resultam na entrada no elo seguinte na cadeia 
de respostas, até chegar-se ao reforçamento final. Eles têm sido utilizados para estudar 
experimentalmente respostas de autocontrole e impulsividade. Rachlin e Green (1972) definem 
autocontrole não como uma determinação interna do próprio indivíduo, mas, sim, como uma frequência 
maior de respostas em alternativas de reforçamento cujas consequências são de maior 
magnitude, ainda que atrasadas, em detrimento daquelas cujas consequências apresentam 
menor magnitude, porém imediatas. 
Por exemplo, uma jovem pode ceder aos pedidos que as amigas lhe fazem, como o empréstimo de 
roupas, livros e a ajuda nos trabalhos de faculdade. Em curto prazo, ao atendê-los, ela não entra em 
contato com a expressão de descontentamento de suas amigas que surgiria caso os negasse 
(consequências imediatas). Além disso, negar poderia implicar o risco de perder as amizades. Mas, como 
as amigas não fazem o mesmo por ela, a jovem se afasta delas e, assim, evita seus pedidos abusivos. 
Portanto, em longo prazo, a jovem fica sozinha de qualquer modo e ainda perde seus livros, suas roupas 
e seu tempo fazendo os trabalhos. Nesse exemplo, classificamos o comportamento de ceder às 
solicitações como alternativa impulsiva, já que produz consequências aversivas imediatas de menor 
magnitude. Negar, por sua vez, pode ser considerado a alternativa de autocontrole, porque produz 
consequências aversivas imediatas de menor magnitude e evita as atrasadas de maior magnitude. 
REFERÊNCIA: 
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. de. Princípios Básicos de Análise 
do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2008. (Capítulo 7)

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