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Comentários ao RESP 1302596, Rel Mins Ricardo Villas Boas Cueva, 3ª turma fundamentado ao tema coisa julgada em ação coletiva

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Comentários ao RESP 1302596, Rel. Mins. Ricardo Villas Boas Cueva, 3ª turma
fundamentado ao tema “coisa julgada em ação coletiva”
Bruna Saraiva da Rocha1
Os interesses e direitos individuais homogêneos, de origem comum, são direitos
subjetivos individuais, unidos pela qualificação de homogeneidade; inicialmente parece não
fazer sentido para a ideia de uma tutela jurisdicional coletiva, contudo neste há uma
pluralidade de titulares.
O processo coletivo é retratado tanto no Código de Processo Civil de 2015, que teve
certa preocupação especial ao articular sobre, quanto no Código de Defesa do Consumidor.
No caso em questão quando se fala de interesses ou direitos individuais homogêneos o que
está sendo qualificado como coletivo não é o direito material tutelado, mas sim o modo como
é tutelado; facilitando o acesso à justiça, priorizando a eficiência e economia processual.
Por fim, o art. 502 do Código de Processo Civil define coisa julgada
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a
recurso.
O Recurso Especial 1302596, Rel. Mins. Ricardo Villas Boas Cueva, 3ª turma, trata
de ação proposta pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DA QUALIDADE DE
VIDA E DO MEIO AMBIENTE PARA FUTURAS GERAÇÕES - QMF, que tem por seu
objeto embargos declaratórios com relação ao recurso especial que foi negado.
A ementa do acórdão embargante refere-se a “processo coletivo; direitos individuais
homogêneos ; ação coletiva julgada improcedente; transitada em julgado”.
1. Cinge-se a controvérsia a definir se, após o trânsito em julgado de decisão que
julga improcedente ação coletiva para a defesa de direitos individuais
homogêneos, é possível a repetição da demanda coletiva com o mesmo objeto
por outro legitimado em diferente estado da federação.
1 Bacharela em Direito pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – IDP.
De acordo com o artigo 16 da Lei n. 7.347/85 (com alterações trazidas pela Lei n.
9.494/97) dispõe que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, contudo, no mesmo artigo há uma exceção: se o
pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, nesse caso, qualquer legitimado
poderá formular outra ação com mesmo objeto, apenas valendo-se de nova prova.
2. A apuração da extensão dos efeitos da sentença transitada em julgado
proferida em ação coletiva para a defesa de direitos individuais homogêneos
passa pela interpretação conjugada dos artigos 81, inciso III, e 103, inciso III e
§ 2º, do Código de Defesa do Consumidor.
O artigo 81, projeta os casos em que será exercida a defesa coletiva - parágrafo
único-, sendo o inciso III os casos de interesses ou direitos individuais homogêneos
(decorrentes de origem comum. O artigo 103, inciso III, em conjunto especialmente com o §
2º coloca em rol exemplificativo que em casos de improcedência do pedido, os interessados
que não estavam envolvidos no processo como litisconsortes poderão propor ação de
indenização a título individual.
3. Nas ações coletivas intentadas para a proteção de interesses ou direitos
individuais homogêneos, a sentença fará coisa julgada erga omnes apenas no
caso de procedência do pedido. No caso de improcedência, os interessados que
não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação
de indenização a título individual.
A rejeição do pedido não acarreta nenhum dano aos direitos individuais dos
integrantes do grupo, “a eficácia subjetiva alargada da decisão nas ações coletivas depende do
desfecho do processo. A isso a doutrina chama de “coisa julgada secundum eventum litis”, em
outras palavras a eficácia erga omnes depende da procedência ou improcedência dos
pedidos. Caso a ação seja julgada improcedente, a eficácia será inter partes, o que possibilita
propor ações individuais.
4. Não é possível a propositura de nova ação coletiva, mas são resguardados os
direitos individuais dos atingidos pelo evento danoso.
As ações com fundamento em direito individual possuem sempre objeto e causa de
pedir diferentes das ações coletivas, dessa forma os direitos individuais estão continuam
garantidos.
5. Em 2004, foi proposta, na 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de
Janeiro/RJ, pela Associação Fluminense do Consumidor e Trabalhador -
AFCONT, ação coletiva com o mesmo objeto e contra as mesmas rés da ação
que deu origem ao presente recurso especial. Com o trânsito em julgado da
sentença de improcedência ali proferida, ocorrido em 2009, não há espaço
para prosseguir demanda coletiva posterior ajuizada por outra associação com
o mesmo desiderato.
Posterior “a coisa julgada em ação coletiva”, não é permitido que haja outra proposta
de demanda com mesmo objeto e contra mesmo réu em ação coletiva por outro grupo,
categoria ou classe interessada, apenas a possibilidade ação de indenização a título individual.
O embargante, no final, apresenta o artigos 1º, 5º, inciso LIII, e 92, § 2º, da
Constituição Federal para crítica. Ao analisar estes artigos percebe-se que o embargante
busca pelos direitos e garantias fundamentais, alegando que ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente para e que o STF e os Tribunais Superiores
têm jurisdição sob todo o território brasileiro, e que logo este possui competência para julgar.
Art. 5º
[...]
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
Art. 92
[...]
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm
jurisdição em todo o território nacional.
O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (relator)
fundamentando-se na questão de que no acórdão embargado não há qualquer vício que leve a
propositura dos embargos declaratórios. Ademais, a Corte não possui competência para
examinar dispositivos constitucionais em embargos de declaração.
O artigo 1.022 do Código de Processo Civil (antigo artigo 535 CPC/73) exibe as
possibilidades para a apresentação de embargos de declaração:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
O Ministro descreve que o recurso foi negado com a presença de uma fundamentação
“completa, clara e coerente”, sem a presença de obscuridade, contradição ou omissão,
requisitos necessários ao tratar de embargos declaratórios.
Além disso, o Ministro relata que a presente Corte não examina dispositivos
constitucionais em embargos de declaração, (artigo 105, inciso III) sendo este competência
do Supremo Tribunal Federal.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal.
O EXMO. SR. MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (relator) rejeita os
embargos de declaração.

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