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Direito Empresarial e a Atividade Intelectual

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· G.UNI.TLE.10 - Tópicos em Legislação e Ética
Esta unidade trouxe questões inerentes ao Direito Empresarial (ou Direito Comercial). Diante da complexidade e extensão do tema, vimos desde a origem até sua aplicabilidade nas questões relacionadas à recuperação de empresas.
Percebemos, assim, que o Direito Empresarial é um dos ramos mais importantes do direito, pois as atividades comerciais estão presentes no cotidiano do indivíduo, sobretudo diante do cenário de globalização que vivenciamos.
Houve, no decorrer do tempo, diversas transformações princípio lógicas que incutiram na alteração do conceito do que podem ser considerados como atos de comércio e que trouxeram reflexos na aplicação prática do Direito Empresarial.
O Direito Comercial cuida do exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. As leis e a forma pela qual são interpretadas pela jurisprudência e doutrina, os valores prestigiados pela sociedade, bem assim o funcionamento dos aparatos estatal e paraestatal, na superação desses conflitos de interesses, formam o objeto da disciplina.
O art. 966 & ÚNICO
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Assim, o Direito Empresarial normatiza relações comerciais habituais e organizadas, que visam regular situações à produção e à circulação de bens e serviços, excetuando as pessoas que exercem profissão intelectual, se esta constituir elemento de empresa. Isto é, uma atividade intelectual que venha ser parte da atividade e não a atividade empresarial em si, será considerada como atividade econômica.
"As atividades excluídas do conceito são aquelas exercidas pessoalmente pelo profissional intelectual, pelo cientista, pelo escritor ou artista. Ao se constituírem elementos de empresa explorada por terceiro que administra e coordena essas atividades, serão necessariamente empresariais. 
Serão empresariais as atividades que tenham as seguintes características: 1) economicidade: criação ou circulação de riquezas e de bens ou serviços patrimonialmente valoráveis; 
2) organização: compreende tanto o trabalho, a tecnologia, os insumos e o capital, próprios ou alheios; 
3) profissionalidade: refere-se à atividade não ocasional e à assunção em nome próprio dos riscos da empresa.
Posto isto, responda o seguinte problema:
 Caio, consultando um advogado, informa que é engenheiro civil e que exerce sua atividade profissional de forma habitual, com alto investimento de insumos e o auxílio de diversos colabores, mas não sabe se é obrigado a se registrar na junta comercial, uma vez que sua profissão é intelectual. Com base no conceito de atividade empresarial adotado no Código Civil de 2002, qual é a orientação correta? Caio deverá se registrar na junta comercial? Justifique sua resposta.
Em um primeiro momento, a atividade intelectual não é empresarial (primeira parte do parágrafo único), mas se presentes todos os elementos de uma empresa, ela será empresarial (segunda parte do parágrafo único). Em outras palavras, a profissão intelectual pode ser empresarial. Caio deverá registrar na junta comercial, pois possuem ás três características): economicidade, organização, profissionalidade.
A OMC iniciou suas atividades em 1º de janeiro de 1995 e, desde então, tem atuado como a principal instância para administrar o sistema multilateral de comércio. A organização tem como objetivos: estabelecer um marco institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos membros que a compõem; determinar um mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais, tendo como base os acordos comerciais em vigor; e, por fim, criar um ambiente que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os membros – que atualmente conta com 160 e o Brasil é um dos fundadores. Sua sede está localizada em Genebra (Suíça) e as três línguas oficiais da organização são o inglês, o francês e o espanhol
Não podemos deixar de mencionar a chamada lex mercatoria, que é um direito surgido dos usos, jurisprudência e costumes internacionais. No âmbito internacional, as pessoas jurídicas são sociedades transnacionais, ou seja, possuem matriz em um país, mas atuam em diversos outros. Transnacional: que ultrapassa os limites das fronteiras de um país
Podemos citar, a título exemplificativo de Direito Público Externo, a Organização das Nações Unidas (ONU); nos casos de Direito Público Interno, a administração pública direta (União, Distrito Federal, estados e municípios) e administração pública indireta (autarquias, fundações públicas, agências reguladoras e agências executivas); por fim, de Direito Privado (associações, sociedades civis e sociedades empresariais).
Existem diversas teorias relacionadas à natureza das pessoas jurídicas de direito privado, e, dentre elas, as mais significativas são a teoria da ficção e a teoria da realidade: a primeira, cujo defensor foi Savigny, informa que é fictícia a figura da personalidade jurídica, pois ela decorre de uma criação legal (sua finalidade seria a de facilitar determinadas funções); já a teoria da realidade técnica, cujo defensor foi Ihering, entende que a pessoa jurídica ocorre em virtude da união de um grupo de pessoas para fins específicos, sendo que, para esta corrente, a pessoa jurídica é uma realidade social.
Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, sociedade de advogados que apresen-tem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fan-tasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proi-bida de advogar. Essa previsão está contida no art. 16 do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei nº 8.906/94).
Ademais, no caso das pessoas jurídicas de direito privado, existem duas hipóteses para a sua criação: por ato constitutivo (escrito e preliminar) e pelo registro em cartório. Para que surta seus efeitos legais, o ato constitu-tivo deve ser levado para registro, pois caso contrário existirá uma “sociedade de fato“. O registro em cartório ocorre na junta comercial, exceto para as sociedades civis de advogados cujo registro ocorre na Ordem de Advogados do Brasil.
O Pacto Colonial era um conjunto de regras, leis e normas que as metrópoles impunham às suas colônias durante o período colonial.
Em 25 de junho de 1850, sancionou-se o Código Comercial Brasileiro.
O Código Comercial Brasileiro possuía fortes influências da legislação francesa, motivo pelo qual foi adotada a teoria dos atos de comércio, corrente superada com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, que adotou a Teoria da Empresa. Para Fabio Ulhôa Coelho.
O Direito Comercial cuida do exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. As leis e a forma pela qual são interpretadas pela jurisprudência e doutrina, os valores prestigiados pela sociedade, bem assim o funcionamento dos aparatos estatal e paraestatal, na superação desses conflitos de interesses, formam o objeto da disciplina.
O Direito Empresarial (anteriormente chamado de Direito Comercial) nasceu como um ramo autônomo do Direito Civil, possuindo princípios e características próprias. Contudo, apesar da adoção da teoria das empresas, corrente que modificou a perspectiva relacionada ao Direito Empresarial (substituiu a figura do comerciantepara 
Introdução ao Direito Empresarial a da empresa), não se incutiu o desaparecimento da autonomia desta disciplina. Este ramo se apresenta como uma matéria cujo objetivo é regular as atividades empresariais.
Podemos notar que o objetivo do Direito Empresarial é regularizar as atividades empresariais e dos agentes que, direta ou indiretamente, são considerados agentes econômicos.
As organizações em que se produzem os bens e serviços necessários ou úteis à vida humana são resultado da ação dos empresários, ou seja, nascem do aporte de capital — próprio ou alheio —, compra de insumos, contratação de mão de obra e desenvolvimento ou aquisição de tecnologia que realizam. [...] Estruturar a produção ou circulação de bens ou serviços significa reunir os recursos financeiros (capital), humanos (mão de obra), Os materiais (insumo) e tecnológicos que viabilizem oferecê-los ao mercado consumidor com preços e qualidade competitivos 
O agente econômico incumbido de organizar as atividades empresariais da sociedade é denominado como empresário, cuja definição está prevista no art. 966 do Código Civil: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Destacamos as palavras a seguir para melhor compreensão do dispositivo legal. Vejamos: Profissionalismo: para o exercício profissional de uma atividade empresarial, deverá existir habitualidade do agente. De mais a mais, outro ponto importante refere-se à pessoalidade: O agente no seu exercício empresarial, deve contratar empregados. São estes que, materialmente falando, produzem ou fazem circular bens ou serviços. Isto é, não se considera profissional quem realiza tarefas de modo esporádico.
Enunciado 199 do CJF – art. 967: “A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização”.
Atividade econômica: refere-se à busca de lucro pelas atividades empresariais, seja de meio ou fim, da atividade econômica.
Note -se que o lucro pode ser o objetivo da produção ou circulação de bens ou serviços, ou apenas o instrumento para alcançar outras finalidades. Religiosos podem prestar serviços educacionais (numa escola ou universidade) sem visar especificamente o lucro. [...] a escola ou universidade religiosas podem ter objetivos não lucrativos, como a difusão de valores ou criação de postos de emprego para os seus sacerdotes. Neste caso, o lucro é meio e não fim da atividade econômica
Destacamos que o ordenamento jurídico traz exceções para a conceituação de empresário. O art. 966, parágrafo único do Código Civil, informa que:
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Estes profissionais, mesmo que contratem outros empregados, não são considerados empresários: advogados, médicos, dentistas, arquitetos etc. Salientamos que ressalvam-se os casos em que esta atividade se constitua como elemento de empresa, ou seja, seja parte da atividade, e não a atividade empresarial em si.
Podemos citar como exemplo de elemento de empresa o caso de um médico que exerce suas atividades como profissional em seu consultório, com auxílio de enfermeiras. Contudo, no decorrer dos anos, o consultório transforma-se em um hospital, empregando diversos profissionais. Neste contexto, o exercício da atividade empresarial organizada de exploração no ramo de saúde pode ser entendido como elemento de empresa?
Organizada: é aquela que tem os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia) explorados de forma articulada pelo empresário.
 A organização da atividade empresarial é um dos principais elementos da empresa.
Produção ou circulação de bens ou de serviços: ocorre quando as atividades econômicas preenchem os requisitos citados anteriormente, sendo que a produção é a fabricação de produtos ou mercadorias, e a circulação decorre da atividade de prestar serviços ao consumidor, ou seja, é uma atividade intermediaria entre o produtor e o consumidor.
Concluímos, assim, que o exercício empresarial decorre do desenvolvimento das atividades, seja por pessoas físicas ou jurídicas, desde que organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, tendo como suas características: habitualidade, atividade de produção, circulação de bens ou serviços, finalidade lucrativa e organizada.
Características: habitualidade, atividade de produção, circulação de bens ou serviços, finalidade lucrativa e organizada. 
Direito empresarial: autonomia, fontes e princípios
Compete, por oportuno, mencionar que a autonomia do Direito Empresarial decorre da existência de fontes, características e princípios próprios. Dentre outros aspectos, notamos a existência de objetivos próprios, bem como métodos interpretativos inerentes à disciplina, sobretudo diante da existência de atividades que não são reguladas pelas normas civis, mas sim por disposições do Direito Empresarial, tais como registro público de empresas etc. Destacamos como características que diferenciam o Direito Empresarial dos outros ramos do Direito o fato de ele ser cosmopolita, oneroso, informal e fragmentário:
 Cosmopolita por tratar de questões comerciais abrangentes, que transpassam a nacionalidade; oneroso, pois sua principal característica é o cunho econômico, ou seja, o lucro; informal, pois visa à celeridade das transações mercantis; fragmentário, em razão da sua formação advir de diversas origens jurídicas e costumeiras. Por sua vez, fonte do Direito, em linhas gerais, pode ser conceituada como os modos em que surgem as normas e os princípios jurídicos, ou seja, são os componentes que compõem o processo, sistêmico e lógico, de criação do Direito. Nesse contexto, as fontes do Direito Empresarial são aquelas que surgem das praxes comerciais.
O Decreto-Lei nº 4.657/1942, alterado pela Lei nº 12.376/2010, em seu art. 4º, informa que: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
As fontes primárias do Direito Empresarial são: a Constituição Federal, o Código Civil, o Código Comercial, os tratados internacionais, os decretos e as leis especiais e os princípios gerais do Direito Empresarial.
As fontes secundárias do Direito Empresarial são: usos, costumes, analogia, jurisprudência e princípios gerais do Direito. Os usos e costumes decorrem da prática hodierna de determinados atos aceitos por todos no âmbito comercial. A analogia toma como base parâmetros utilizados em outro caso para suprir a lacuna do caso sob análise. Jurisprudência é o conjunto de decisões uniformes dos tribunais sobre determinada matéria. Por fim, os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, haja vista que preveem enunciados de valor genérico e orientam a compreensão do próprio sistema jurídico.
Com a adoção de forma indireta, no Código Civil, da definição do termo jurídico empresa, podemos entender que, não havendo o preenchimento dos requisitos previstos, inexistirá pessoa jurídica?
Anteriormente citamos como fonte secundária do Direito Empresarial “os princípios gerais do direito”. Contudo, é de suma importância destacarmos os princípios gerais do Direito Empresarial, que são:
(I) Liberdade de iniciativa,
(II) Liberdade de Concorrência (ou Competição),
(III) Preservação da empresa, e 
(IV) Função social da empresa. O princípio da livre iniciativa possui previsão constitucional (art. 170, caput, da Constituição Federal), sendo considerado como direito fundamental, ao passo que garante o direito de acesso ao mercado de produção de bens e serviços.
O princípio da livre iniciativa possui previsão constitucional (art. 170, caput, da Constituição Federal), sendo considerado como direito fundamental, ao passo que garante o direito de acesso ao mercado de produção de bens e serviços. Por este princípio, é resguardada a valorizaçãodo trabalho humano como a base da ordem econômica, cujo objetivo é assegurar a existência digna do ser humano. 
O da liberdade de concorrência (ou competição) se traduz no dever de lealdade de competição, ou seja, busca--se estipular parâmetros para a repressão de possíveis abusos de poder econômico. 
A concorrência abusiva ocorrerá todas as vezes em que a atividade econômica gerar um domínio de mercado, com a eliminação da concorrência ou dos lucros arbitrários. Entrementes, o da preservação da empresa visa proteger a empresa de possíveis percalços que possam estar suportando, facilitando sua recuperação e mantendo sua função social junto à sociedade.
 Função social da empresa decorre da necessidade de se respeitar os direitos e interesses decorrentes da atividade empresarial exercida. Em outras palavras, trata-se da superação do individualismo em prol do interesse da coletividade
Teoria dos atos de comércio e Teoria da empresa
Criação do nome desta disciplina sofreu algumas alterações ao longo dos anos. Inicialmente foi chamada de Direito Comercial, pois entendemos que ela estaria vinculada às práticas relacionadas ao comércio. Hoje em dia é chamada de Direito Empresarial, uma vez que a noção de comércio está mais ampla. Em outras palavras, a nomenclatura de Direito Comercial era utilizada em razão de a disciplina se relacionar à análise dos atos praticados puramente de âmbito comercial, motivo pelo qual foi denominada como Teoria dos Atos do Comércio.
Introdução ao Direito Empresarial Esta teoria estava ligada intrinsecamente com as atividades cotidianas dos comerciantes. Assim, qualquer indivíduo que praticasse um ato de comércio estaria vinculado às normas do Direito Comercial, e não do Direito Civil. Para Fabio Ulhôa Coelho: “[...] pela teoria dos atos de comércio. Sempre que alguém explorava atividade econômica que o direito considera ato de comércio (mercancia), submetia-se às obrigações do Código Comercial” (COELHO, 2011, p. 22).
Com a promulgação do Código Civil de 2002, houve a unificação do Direito Civil e Comercial, substituindo a teoria dos atos de comércio para a teoria da empresa. A teoria dos atos de comércio tinha como critério o subjetivismo, ou seja, as atividades econômicas estavam ligadas ao agente que as praticava, uma vez que bastava que tais atos fossem enquadrados como atividades relacionadas ao comércio para que o negócio jurídico fosse submetido às regras do Direito Comercial.
A teoria dos atos do comércio, de construção francesa, teve vigência até a promulgação do Código Civil de 2002.
A teoria da empresa, presente no Código Civil, entende que as atividades econômicas devem ser analisadas com base na sociedade organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.
Em 1942, na Itália, surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Nele, alarga- se o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis aos comerciais, bancárias, securitárias e industriais. Chamou-se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa. O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou serviços, a empresarial.
Em outras palavras, a teoria adotada no Código Civil prevê que o importante é que a atividade econômica seja organizada para a produção e circulação de bens ou serviços. A base legal que representa a adoção da teoria da empresa se encontra no art. 966 do Código Civil e transcrevemos a seguir:
Art. 966 Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. De acordo com a norma legal, não basta o indivíduo praticar atos de cunho comercial, pois esta mesma atividade econômica deverá preencher os requisitos previstos na lei.
A atividade empresarial deve ser organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
 Empresário é aquele que exerce profissionalmente esta atividade. Neste sentido, qualquer profissional que exerça atividade organizada será um empresário?
Assim, para que seja entendido que existe uma atividade comercial, devemos constatar a ocorrência de uma atividade econômica exercida com habitualidade e organização, visando à produção e circulação de bens e serviços, seja por pessoa física ou pessoa jurídica.
Percebemos, na atual codificação, que não existe divisão entre atos civis e comerciais, uma vez que o importante é a forma em que a atividade econômica é exercida.
Contudo, é de suma importância destacar que os atos de comércio não desapareceram, mas sim a sua dimensão jurídica, ou seja, o ato de comprar e vender permanecem os mesmos, contudo, houve uma dicotomia entre atos comerciais civis e mercantis.
 Esta conclusão podemos extrair do art. 2.037 do Código Civil sobre autorização à aplicação das normas que não foram revogadas, do Código anterior. Vejamos:
 Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como a atividades mercantis. Ou seja, as sociedades empresariais estão submissas ao regramento mercantil, quando constatado o exercício de atividade econômica de forma profissional e organizada, visando à produção e circulação de bens e serviços (ainda que não fosse enquadrada como atividade mercantil pela teoria dos atos de comércio).
 Nas palavras de Fabio Ulhôa Coelho: [...] pela teoria dos atos de comércio. Sempre que alguém explorava atividade econômica que o direito considera ato de comércio (mercancia), submetia-se às obrigações do Código Comercial (escrituração de livros, por exemplo) e passava a usufruir da proteção por ele liberada (direito à prorrogação dos prazos de vencimento das obrigações em caso de necessidade, instituto denominado concordata). A insuficiência da teoria dos atos do comércio forçou o surgimento de outro critério identificador do âmbito de incidência do Direito Comercial: a teoria da empresa. [...] O Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de determinadas atividades (as de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produção e circular bens ou serviços (COELHO, 2011, p. 25-27, grifos do autor).
Concluímos esta unidade e, em especial, o tema das teorias das atividades econômicas.
 Pela leitura dos artigos relacionados às atividades mercantis e constatando-nos sobre a superação da teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa, verificamos que esta privilegia a sociedade empresarial (teoria objetiva), em vez do agente que pratica as atividades econômica (teoria subjetiva). Essa evolução vem ao encontro da própria transformação global das relações comerciais.
Noções gerais do Direito Empresarial.
• Compreendemos o conceito de Direito Empresarial e seu respectivo objetivo: fomentar e regulamentar as práticas comerciais. 
• Passamos, em seguida, a estudar suas características e peculiaridades, dentre elas a sua autonomia prática e acadêmica frente aos outros ramos do Direito, suas fontes (primarias e secundárias) e, finalmente, seus princípios gerais.
 • Vimos ainda a origem e o conceito da teoria dos atos de comércio e sua superação pela teoria da empresa pelo Código Civil de 2002.
Exercícios
1) O Direito Comercial cuida do exercício dessa atividade econômica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. As leis e aforma pela qual são interpretadas pela jurisprudência e doutrina, os valores prestigiados pela sociedade, bem assim o funcionamento dos aparatos estatal e paraestatal, na superação desses conflitos de interesses, formam o objeto da disciplina.
 
Com base no conceito apresentado pelo autor e as disposições legais previstas no Código Civil de 2002, assinale a afirmação correta acerca do conceito de empresa
Grupo de escolhas da pergunta
É qualquer atividade econômica cuja receita bruta mínima é estipulada em lei.
Nenhuma das alternativas.
É a representação jurídica do empresário.
É a atividade econômica organizada para a produção e/ou a circulação de bens e de serviços.
É a sociedade com ou sem personalidade jurídica.
Segundo os requisitos do art. 966, do Código Civil, “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
2) Mévio, em caráter profissional, exerce advocacia consultiva com diversos colaboradores, sendo que o exercício da profissão constitui elemento de empresa, contudo não possui registro no órgão competente.
Segundo os requisitos do art. 966, do Código Civil, “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
 
Posto isso, assinale a afirmativa correta:
Grupo de escolhas da pergunta
Mévio, por exercer atividade intelectual, não é empresário.
Mévio, por ser advogado, não exerce atividade organizada em caráter profissional.
Mévio, por exercer profissão que constitui elemento de empresa, é empresário.
Nenhuma das alternativas.
Mévio, por não possuir registro no órgão competente, não é empresário.
Conforme art. 966, parágrafo único do Código Civil: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”.
3) Surge um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares. Nele, alarga-se o âmbito de incidência do Direito Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se submeterem às mesmas normas aplicáveis os comerciais, bancárias, securitárias e industriais. Chamou-se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa.
 
A teoria da empresa está prevista no art. 966, do Código Civil de 2002, que informa: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Neste sentido, assinale a afirmação correta quanto à fase que vige o Direito Empresarial:
Grupo de escolhas da pergunta
Cosmopolita.
Subjetiva.
Objetiva.
Mista.
Nenhuma das alternativas.
Na fase objetiva, ocorre a superação da teoria dos atos de comércio para a teoria da empresa, que corresponde à aplicação das normas sempre que se constatar o exercício profissional de qualquer atividade econômica organizada destinada à produção e à circulação de bens e serviços
Unidade 2
Da empresa e das pessoas que a exercem
• Conceitos de empresa e empresário. 
• Função social de empresa e empresário. 
• Agentes, prepostos e auxiliares do comércio e do empresário.
Durante anos, empresários e comerciantes eram considerados distintas classes profissionais, e isso se dava em razão da superada “Teoria de Atos de Comércio”, entendida no revogado Regulamento 737, de 1850, que em seu artigo 19, §§ 1º ao 5º, considerava como ato de comércio: 
1) a compra e a venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; 
2) as operações de câmbio, banco e corretagem; 
3) as empresas de fábricas; com missões; de depósitos; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos; 
4) os seguros, fretamentos, risco e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; e
 5) a armação e expedição de navios. Podemos perceber como a Teoria dos Atos de Comércio era uma teoria limitada, restritiva, que deixava de considerar diversas figuras empresariais, mas, com os passar dos anos e o surgimento de novas atividades profissionais, os legisladores, em 2002, entenderam por bem superar a Teoria dos Atos de Comércio para substituí-la pela Teoria da Empresa. A Teoria da Empresa foi materializada pelos legisladores no Novo Código Civil, de 2002, que unificou formalmente a figura do comerciante e do empresário. Dessa forma, as expressões conhecidas como atos de comércio e comerciante foram substituídas para teoria da empresa e empresário.
Assim, de acordo com o atual artigo 966, do Código Civil, de 2002, considera-se empresário quem: Exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
“Parágrafo único Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
A partir do conceito legal de empresário do artigo 966 do CC, podemos destacar como principais requisitos para ser empresário:
1) Profissionalmente e habitualidade: segundo o entendimento do artigo, para ser empresário é requisito obrigatório a habitualidade profissional, ou seja, que esta seja a profissão e não um simples trabalho autônomo. 2) Efetivo exercício de atividade econômica organizada: significa que há uma finalidade lucrativa, mas é importante que a atividade seja organizada, do contrário teríamos a figura do profissional autônomo, como por exemplo, Ana é professora particular de inglês e dá classes de inglês na residência do aluno. Ana não exerce atividade organizada, mas individual, não sendo por isso considerada empresária, mas uma trabalhadora autônoma. Mas vejamos se Ana, professora de inglês, possuir 50 alunos que mensalmente deslocam-se até sua casa onde são ministradas aulas de inglês. E ao chegarem os alunos são atendidos por uma recepcionista, realizam a matrícula e recebem os materiais didáticos elaborados por uma equipe técnica que presta serviços para Ana Cursos, nome registrado. As aulas ocorrem em um espaço ambientado e os alunos também são acompanhados por tutores. No segundo exemplo vemos que a atividade deixou de ser individual e autônoma para ser organizada, e neste caso Ana é considerada empresária. 
3) Produção ou a circulação de bens ou de serviços – esse terceiro requisito previsto no caput do artigo 966 do C.C afasta-se do revogado artigo 19 do Regulamento 737, de 1850, pois como sabemos havia uma restrição da incidência comercial a determinadas atividades, mas com a teoria de empresa em regra não há restrição à atividade econômica de cunho empresarial. Aqui recordemos este requisito como base para configuração de uma empresa. (BRASIL, 2002). Mas, o que dizer dos profissionais que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística? Por que não são considerados empresários?
 Espécies de empresários
A empresa pode ser explorada por pessoa física, denominada empresário individual, indivíduo que exerce profissionalmente atividade econômica organizada (art. 966, do C.C.). Também poder ser explorada por uma sociedade empresária, ou seja, uma pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada, conforme prevê a primeira parte do artigo 983, do Código Civil, em destaque:
Figura 2.1 – Considerados e não considerados como empresários Recordemos: A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092, do C.C. Classificados como espécies de empresários Desconsiderados como espécies de empresários Empresário individual(art. 966, do C.C) Sociedade empresária (art. 983, do C.C) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (artigo 980-A, do CC) Quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (§ único, art. 966, do C.C). Faculta-se a esses profissionais a constituição de empresa individual de responsabilidade limitada (art. 980-A, § 5º, do C.C) Associações (art. 53, do C.C), fundações (art. 62, do C.C) e sociedade simples (art. 982, 987 a 1.038, do C.C) Legenda: Considerados e não considerados como empresários. Fonte: Elaborada pela autora (2017).
Classificados como espécies de empresários
Empresário individual (art. 966, do C.C)
Sociedade empresária (art. 983, do C.C)
Desconsiderados como espécies de empresários
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (artigo 980-A, do CC)
Quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (§ único, art. 966, do C.C). Faculta-se a esses profissionais a constituição de empresa individual de responsabilidade limitada (art. 980-A, § 5º, do C.C)
Associações (art. 53, do C.C), fundações (art. 62, do C.C) e sociedade simples (art. 982, 987 a 1.038, do C.C)
Um ponto importante a destacar é o de que, na sociedade empresária, os sócios não são os empresários, mas o empresário é a própria sociedade que, ao possuir o patrimônio próprio, possui a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações.
 Desse modo, em caso de execução, primeiro serão executados os bens da sociedade empresária 
(art. 1.024 CC) e, no caso de empresário individual, este responderá com todos os seus bens, até mesmo os pessoais, pois o patrimônio pessoal do empresário individual confunde-se com o da empresa. 
Assim, podemos dizer que a responsabilidade da sociedade empresária é subsidiária e, segundo o tipo social, poderá ser limitada; já a responsabilidade do empresário individual é direta e ilimitada.
Com relação à responsabilidade do empresário individual casado, há divergência doutrinária. De acordo com o Código Civil, em seu artigo 978, “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real” (BRA-SIL, 2002). Seguindo a interpretação do artigo, caso o imóvel seja o local da empresa e residência do casal, será necessária a autorização, concordância do cônjuge, visto que o imóvel não é destinado unicamente à atividade--fim de empresa, mas também, antes disso, constitui residência conjunta do casal. Nos contratos de prestação de serviços nos quais as partes contratantes são empresários e a função econômica do contrato está relacionada com a exploração de atividade empresarial, é lícito às partes contratantes pactuarem, para a hipótese de denúncia imotivada do contrato, multas superiores àquelas previstas no art. 603 do Código Civil. (Lei n. 10.406/2002).
O empresário não pode opor os bens não registrados contra terceiros (C.C., art. 980). A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis).
Da capacidade e do registro
De acordo com o artigo 972, do Código Civil, “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”
Incapaz pode ser empresário individual e responder com os seus bens em caso execução? Veja o que disciplina o caput do artigo 974, do Código Civil:
Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
Segundo a leitura do caput do artigo 974, do C.C., fica clara a regra de continuidade, assim, o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, pode continuar a empresa, logo, não é permitido a este iniciar a empresa.
 § 2oNão ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
Além disso, perceba que § 2odo mesmo artigo é uma exceção à regra geral, pois, como sabemos, em caso de execução, o empresário individual responderá com os seus bens, inclusive os pessoais, no entanto, segundo o § 2odo art. 974, do C.C., no caso do empresário individual incapaz, haverá uma separação patrimonial, não fazendo parte os bens que o incapaz já possuía ao tempo da sucessão ou da interdição.
O § 3º do artigo 974, do C.C., lista alguns pressupostos a serem cumpridos no caso de sócio incapaz. É ainda oportuno observar o que diz a Lei nº 11.101/2005 sobre a falência e o Enunciado 197 da CJF em relação ao menor emancipado ser empresário. Vale destacar que a palavra concordata, prevista no Enunciado 197 da CJF, deve ser lida como recuperação, haja vista as alterações do Código Civil e do Código de Processo Civil
Com relação aos impedidos, o Código Civil não admite o exercício da atividade empresarial, mas também não afasta a sua responsabilidade, respondendo os impedidos pelas obrigações assumidas, incidindo inclusive em falência (Lei nº 11.101/05). Além disso, os impedidos, desde que não exerçam o cargo de administração, poderão integrar os quadros sociais como acionistas ou sócios. São impedidos de exercer empresa:
Funcionários públicos civis da União, estados, municípios e Distrito Federal (Lei nº 8.112/90, art. 117, inciso X);
• Militares das Forças Armadas e os militares da Polícia Militar que estejam na ativa; 
• Corretores, tradutores juramentados, leiloeiros, despachantes aduaneiros, cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados, falidos, enquanto não reabilitados; Estrangeiros sem visto permanente;
• Magistrados, exceto como acionista ou quotista, e membros do MP;
• Chefes do Poder Executivo e membros do Poder Legislativo; 
• Etc. (vide Registro Público de Empresas Mercantis).
Para que uma empresa seja considerada empresa, é indispensável o seu registro na Junta Comercial, antes do início de sua atividade, pois, do contrário, a atividade empresarial será considerada atividade irregular.
 Em razão da referida irregularidade, haverá a incidência das regras das sociedades em comum, ensejando responsabilidade ilimitada, conforme prevê o artigo 986 e seguintes do Código Civil.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade
Quando tratamos de registro de empresa, outras normas legais também devem ser observadas, como o Decreto nº 1.800/96, a Lei nº 10.406/02 e a Lei nº 8.934/94 que, acordo com o seu artigo 32, incisos I ao III, determina que o registro compreenda três etapas: a matrícula e seu cancelamento, o arquivamento e a autenticação.
A matrícula trata dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais (inciso I do art. 32, da Lei nº 8.934/94).
Trapicheiro – aquele que guarda ou administra trapiches, ou seja, armazéns.
O arquivamento se refere aos itens previstos nas alíneas, a, b, c, d e e do inciso II, do art. 32, da Lei nº 8.934/94, quais sejam:
 Dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
 Dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; 
Dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; 
Das declarações de microempresa;
 De atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis. O artigo 35 da Lei nº 8.934 prevê hipóteses proibitivas para o arquivamento. Veja
IMPEDIMENTOS EM RAZÃO DA PESSOA QUE CONTRATA
• O titular ou administrador condenado pela prática de crime cuja pena vedeo acesso à atividade mercantil (art. 35, II).
• O titular casado que não tiver juntado a outorga uxória ou marital, em havendo a incorporação de imóveis à sociedade (art. 35, VII, b). IMPEDIMENTOS EM DEFESA DOS SÓCIOS CONTRATANTES
• Alterações societárias por decisão majoritária, quando houver cláusula restritiva (art. 35, VI). IMPEDIMENTOS EM DEFESA DE TERCEIROS
• Atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente (art. 35, V). IMPEDIMENTOS INTRÍNSECOS AO CONTRATO
• Atos de prorrogação do contrato social das empresas mercantis, uma vez findo o prazo nele fixado (art. 35, IV)
.• Atos que colidirem com os respectivos estatutos ou contrato não modificado anteriormente (art. 35, I final).
IMPEDIMENTOS FORMAIS
• Documentos que não obedecerem à forma legal, ferirem os bons costumes e a ordem pública (art. 35, I)
• Atos constitutivos que não designarem o respectivo capital ou não declararem precisamente seu objeto (art. 35, III)
• Documentos relativos à incorporação de imóveis, quando não houver descrição e identificação do imóvel, área, dados relativos à sua titulação e número de matrícula no Registro de Imóveis (art. 35, VII, a).
• Contratos, estatutos e alterações de empresas ainda não aprovadas pelo governo, quando esta for necessária (art. 35, VIII).
Segundo o professor Rubens Requião (2013, p. 161), “[...] a proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades ou de suas alterações (art. 1.666, do C.C.) ”. Já com relação à autenticação, esta ocorre nos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria (inciso III do artigo 32, da Lei nº 8.934/94) e das cópias dos documentos assentados. Importa destacar que a autenticação é feita na folha de rosto do respectivo termo de abertura.
OBS: Os empresários deverão valer-se do livro mercantil para registro de atividades da empresa, conforme preveem os artigos 1.179 e 1.180 do Código Civil (art. 1.179 “O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico”; art. 1.180 “Além dos demais livros exigidos por lei é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica”). 
Segundo a doutrina, os livros dividem-se em duas categorias obrigatórias: 
Comuns e especiais; havendo também os livros facultativos ou auxiliares, sendo que o empresário não é obrigado a instituir esses últimos em sua contabilidade.
 Já o obrigatório comum deverá ser utilizado por todos os empresários, para registrar os atos da empresa, sob pena de sanção penal, processual ou administrativa escriturar. Nesse sentido, observe a figura a seguir: 
LIVROS EMPRESARIAIS/COMERCIAIS
Livro comum e obrigatório: Diário
 Livros obrigatórios especiais:
Livro de balancetes diários e balanços dos estabelecimentos bancários (Lei nº 4.843/65), livro de registro de duplicatas para quem as emite (Lei nº 5.474/68, art. 19), livro de registro de inventário, livro de entrada e saída de mercadoria dos armazéns-gerais (Lei nº 1.102/03, art. 7º), livros societários obrigatórios (sociedades anônimas - art. 100, Lei nº 6.404/76) e outros
Livros facultativos ou auxiliares:
Livro Caixa, Razão, o borrador, estoque, obrigações a pagar e obrigações a receber o livro contracorrente e qualquer outro livro de criação do empresário
A exibição dos livros de modo parcial pode ser determinada de ofício ou a requerimento da parte interessada, sendo cabível em qualquer ação judicial. Contudo, a exibição integral somente poderá ser determinada pelo juiz a requerimento da parte interessada, sendo, por exemplo, cabível em ações de falência, liquidação, entre outras (artigo 382, do CPC) 
Importa destacar que o pequeno empresário, também chamado de microempresário, é dispensado da escrituração, podendo valer-se do livro Caixa e registro de inventário (art. 11, da Lei nº 8.864/94). Lembrando ainda que:
Art. 969 O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
Do registro do empresário rural
O Brasil é um país de significativa exploração rural, assim, atento ao empresário rural, o legislador concedeu-lhe especialidades para o registro da empresa, vejamos:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
Ao produtor rural foi concedida a oportunidade de escolher a condição de empresário ou de não empresário.
 Caso a firma individual, ou atos constitutivos, esteja inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis, será o trabalhador rural considerado empresário individual ou sociedade empresária.
 Mas, caso o trabalhador rural opte por não se registrar no Registro Civil de Pessoas Jurídicas e nem se sujeitar à Lei de Falência e recuperação, ou outros processos, será considerado como não empresário.
OBS: Atente para as definições de empresa rural e empregador rural das Leis nº 4.504/64 e nº 5.889/73. 
Considerando o privilégio concedido ao trabalhador rural, importa mencionar que os artigos 971 e 984 do Código Civil somente lhe serão aplicáveis caso opte por ser originariamente empresário, do contrário, não terão efeitos os artigos 971 e 984 do Código Civil.
Segundo o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504 de 1964), que define categorias para classificar os bens imóveis rurais, empresa rural é “o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente o imóvel rural”.
3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
Função social da empresa e empresário
A questão da função social da empresa e do empresário ainda é um tema bastante polêmico nos dias atuais, principalmente tendo em vista a violação das garantias trabalhistas, a corrupção pública e privada, os interesses econômicos em abuso ao acordo estabelecido na ata de formação da empresa e a finalidade para a qual é constituída a empresa.
 Neste sentido a função social da empresa nos leva a refletir sobre elementos como:
 a solidariedade ou altruísmo, pois a doutrina moderna defende que assim como o Estado as sociedades empresárias ao promover emprego assumem a responsabilidade de garantir os direitos sociais e individuais de seus trabalhadores. Assim nesta visão mais moderna as sociedades empresárias teriam grande impacto de atuação como, por exemplo, em solidarizar na construção de casas e melhora na qualidade de vida de famílias que em consequência de dano ambiental causado por alguma entidade empresarial venham a padecer necessidade. 
 A empresa, ao ser estabelecida, não visa tão somente ao patrimônio e ao lucro, sendo esses dois dos fatores de interesse para a sua constituição, mas também busca trabalhar em prol de uma responsabilidade social que não deve ser confundida com a finalidade social da empresa e do empresário.
O empresário, ao constituir uma empresa, deve buscar a obtenção do lucro, que é a função social da empresa, pois, quando esta cumpre com as normativas legais, principalmente os direitos trabalhistas e fiscais, geralucro, fomenta a criação de postos de trabalho e, consequentemente, beneficia a coletividade na produção, distribuição de bens e prestação de serviços de cunho social, ambiental, tecnológico, entre outros.
 A maioria dos doutrinadores, hoje, entende que não se analisa a propriedade separada da empresa, pois estas caminham juntas, sendo que a função social consiste na produção de feitos dos direitos fundamentais.
Vejamos alguns artigos que tratam da função social. 
• C.F. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
 I - soberania nacional; 
II - propriedade privada;
 III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência;
 V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego;
 IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. 
• Lei nº 6.404/76. Artigo 116, § Único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social.
 • C.C. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. • Lei nº 6.404/76. Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa.
 • C.F. Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
 IV - exploração que favoreça o bem--estar dos proprietários e dos trabalhadores.
 C.C. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
 § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
 § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. Segundo Coelho (2013, p. 81), a empresa cumpre a sua função social quando: 
Gera empregos, tributos e riqueza, contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural da comunidade em que atua, de sua região ou do país, adota práticas empresariais sustentáveis visando à proteção do meio ambiente e ao respeito aos direitos dos consumidores. Se sua atuação é consentânea com estes objetivos, e se desenvolve com estrita obediência às leis a que se encontra sujeita, a empresa está cumprindo sua função social; isto é, os bens de produção reunidos pelo empresário na organização do estabelecimento empresarial estão tendo o emprego determinado pela Constituição Federal. 
Podemos perceber que o conceito elaborado por Coelho (2013) engloba a questão da responsabilidade social e a própria função social da empresa e do empresário, demonstrando o quão ainda é polêmica a conceituação do tema, que é tratado por duas teorias.
• Teoria Shareholders – como a finalidade da empresa é o lucro, as atividades empresariais desenvolvidas devem incentivar o lucro que gere retorno aos acionistas
• Teoria Stakeholders – essa teoria entende que a função social é cumprida quando a gestão da empresa engloba todos que contribuem para o desenvolvimento da empresa.
Agentes, prepostos e auxiliares do comércio e do empresário
Para que uma atividade empresarial desenvolva as atividades para as quais foi criada, não basta a figura do empresário, mas de outros trabalhadores que, juntamente com o empresário, possam dar vida à empresa.Com o avanço da tecnologia, as empresas passaram a ter em seus quadros organizacionais novos estilos de auxiliares que, em conjunto com outros trabalhadores, permitem que o fim da empresa seja alcançado. 
Para Requião (2013, p. 237), existem três categorias de auxiliares: os dependentes internos, que estariam sujeitos ao poder hierárquico direto do empresário (gerentes, balconistas, operários de fábricas etc.); 
 Os dependentes externos, aqueles como os viajantes e pracistas que se dedicam a captar clientes fora do estabelecimento empresarial; e
 Os independentes, os corretores que têm a finalidade de aproximar os empresários para que contratem ente si, 
Os leiloeiros cuja função é vender mediante oferta pública as mercadorias a si confiadas e 
Os agentes ou representantes comerciais.
O agente, ou representante comercial, busca fazer com que as partes estabeleçam e concluam negócios. Para tanto, veja o que dispõe a Lei nº 4.886/65.
Mas o que seria preponente?
 De acordo com o artigo 1.178, do Código Civil, “[...] os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito” (BRASIL, 2002). E, segundo o seu parágrafo único, “[...] quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor” (BRASIL, 2002).
O Código Civil destinou os artigos 1.169 ao 1.178 para disciplinar a figura do preposto, que são todos aqueles cujos atos concretizam a atividade empresarial. Segundo Requião (2013, p. 241), os prepostos cuja atividade esteja vinculada ao objetivo da empresa devem: Beneficiar exclusivamente ao preponente, visto que é vedado ao preposto negociar por conta própria, ou de terceiros, e participar de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perda e dados e de serem retidos, pelo preponente, os lucros da operação. De acordo com o Código Civil, em seu artigo 1.169, “O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas” (BRASIL, 2002). Esse artigo segue as regras do contrato de mandato, previstas no artigo 667 do Código Civil. 
Importa destacar que: [...] o preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiros, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. (BRASIL, 2002, art. 1.170). Vale ressaltar que em tal hipótese pode configurar-se o crime de concorrência desleal, previsto no artigo 195 da Lei nº 9.279/96.
 OBS: Caso o preposto, no exercício de suas funções, atue de modo doloso, responderá de modo solidário a seus preponentes, competindo ao terceiro exigir o cumprimento da obrigação contra o preposto ou contra o preponente. Art. 1.178 “Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito”
Já o artigo 1.172 do C.C. designa o gerente como preposto,destacando que os poderes do gerente são amplos, mas que o empresário pode limitá-lo, quando do registro na Junta Comercial, por meio de averbação junto ao ato constitutivo lá arquivado ou provando que a limitação e poderes eram conhecidos daquele que contratou com o gerente (art. 1.174, C.C.).O gerente é aquele que está encarregado de administrar setores, ou outros funcionários de uma empresa, mas não se confunde com o sócio administrador, pois este não é preposto, mas representante da pessoa jurídica, na qualidade de mandatário do sócio ou como seu órgão. Além disso, o gerente recebe o nome de preposto em razão do contrato de preposição mercantil que possui elementos da prestação e do mandato que assina ao assumir a responsabilidade de ser gerente, subordinando-se às ordens do empresário. 
 Importa destacar que quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados (art. 1.173, do C.C). E o preponente responderá de modo solidário ao gerente pelos atos que este realize em seu nome, contudo, à conta do preponente. O contador, por exemplo, é um dos principais auxiliares do empresário, pois é um preposto responsável pela escrituração da empresa (C.C., art. 1.177), sendo admitida sua dispensa caso a localidade não possua contador habilitado: “Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade” (art. 1.174).
1. Vimos que, de acordo com Coelho (2013), segundo Waldirio Bul-garelli, empresa é a “[...] atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo de bens”;
2. A Teoria da Empresa suplantou a Teoria de Atos de Comércio e unificou a figura do comerciante e do empresário;
 3. Empresário, segundo o artigo 966, do C.C., é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços;
4. Vimos que não são considerados empresários, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, os que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores (§ Único, art. 966, do C.C.);
5. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos (art. 972, do C.C.);
6. A empresa pode ser explorada por pessoa física, denominada empresário individual, indivíduo que exerce profissionalmente atividade econômica organizada (art. 966, do C.C.). 
 Também poder ser explorada por uma sociedade empresária, pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada, conforme prevê a primeira parte do artigo 983, do Código Civil; 7. Segundo o artigo 974 do C.C., fica clara a regra de continuidade da empresa pelo incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido. No entanto, não é permitido ao incapaz iniciar a empresa;
8. Para que exista a empresa, é indispensável o seu registro na Junta Comercial, antes do início de sua atividade, pois, do contrário, a atividade empresarial será considerada atividade irregular;
9. O registro compreende três etapas: 
A matrícula e seu cancelamento, o arquivamento e a autenticação;
10. Os livros dividem-se em duas categorias obrigatórios: comuns e especiais, havendo também os livros facultativos ou auxiliares;
11. Ao produtor rural foi concedida a oportunidade de escolher a condição de empresário ou de não empresário (art. 971, do C.C.).
12. A questão da função social da empresa e do empresário ainda é um tema bastante polêmico nos dias atuais.
 No que diz respeito a esse assunto, há duas teorias: 
A dos Shareholders (em que a finalidade da empresa é o lucro e as atividades empresariais desenvolvidas devem incentivar o lucro que gere retorno aos acionistas);
 E a dos Stakeholders (entende que a função social é cumprida quando a gestão da empresa engloba a todos que contribuem para o seu desenvolvimento).
13. Para Requião (2013, p. 237), existem três categorias de auxiliares: 
Os dependentes internos, que estariam sujeitos ao poder hierárquico direto do empresário (gerentes, balconistas, operários de fábricas etc.); 
Os dependentes externos, aqueles como os viajantes e pracistas que se dedicam a captar clientes fora do estabelecimento empresarial;
 E os independentes, os corretores que têm a finalidade de aproximar os empresários para que contratem entre si, os leiloeiros cuja função é vender mediante oferta pública as mercadorias a eles confiadas e os agentes ou representantes comerciais.
Pergunta 1
Considerando que a empresa pode ser explorada por pessoa física, denominada empresário individual, indivíduo que exerce profissionalmente atividade econômica organizada, como se classificam os empresários?
A resposta está correta, pois, segundo os artigos 966 e 983, do Código Civil, empresários se classificam em empresário individual e sociedade empresária.
Grupo de escolhas da pergunta
Autônomos, sócios e prepostos.
Empresário individual e Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
Sociedade empresária e sócio.
Sócio e gerente.
Preponente e empresário individual
 
Sinalizar pergunta: Pergunta 2
Pergunta 20 pts
De acordo com o artigo 966, do Código Civil, considera-se empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Contudo, de acordo com o Código Civil, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, quais profissionais não serão considerados empresários?
A resposta está correta, pois, de acordo com o artigo 966, Parágrafo único, do Código Civil, não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Grupo de escolhas da pergunta
Os que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística.
Os que exercem profissão intelectual, de natureza científica, cambiária ou de contador.
Os que exercem profissão intelectual, de natureza remunerada, literária ou artística.
Todos podem ser empresários.
Os que exercem profissão empresarial, de natureza científica, literária ou artística.
 
Sinalizar pergunta: Pergunta 3
Pergunta 30 pts
De acordo com artigo 974, do Código Civil, poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. Assim, é correto afirmar que:
A resposta está correta, pois é o que prevê o C.C., art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, o juiz nomeará um ou mais gerentes.
Grupo de escolhas da pergunta
o sócio relativamente incapaz deve ser representado, e o absolutamente incapaz deve ser assistido por seus representantes legais.
o incapaz pode iniciar a empresa.
o empresário individual incapaz, em caso de execução, responde com os bens que já possuía ao tempo da sucessão ou da interdição.
o sócio incapaz pode exercer a administração da sociedade.
se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, o juiz nomeará um ou mais gerentes.
 Estabelecimento comercial
Primordialmente, esclarecemos o que vem a ser o estabelecimento comercial, ou seja, o conjunto de bens reunidos para a prestação da atividade econômica. Para Coelho (2007, p. 77-78, grifos do autor):
O estabelecimento empresarial é a reunião dos bens necessários ao desenvolvimento da atividade econômica. Quando o empresário reúne bens de variada natureza, como as mercadorias, máquinas, instalações, tecnologia,prédio etc., em função do exercício de uma atividade, ele agrega a esse conjunto de bens uma organização racional que importará em aumento do seu valor enquanto continuarem reunidos. [...] O complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade econômica é o estabelecimento empresarial. É importante não confundir estabelecimento comercial com os bens que o integram, pois estabelecimento é onde existe um conjunto de bens agrupados de forma organizada para o fim econômico. Por seu turno, os bens seriam o valor patrimonial isolado dele. A valorização dos bens decorrentes de seu agrupamento organizado é denominada de aviamento ou fundo de comércio/empresa, ou seja, é a sobrevalorização do estabelecimento.
O art. 1.142 do Código Civil informa que “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. 
 Os bens podem ser corpóreos e incorpóreos:
 Bens corpóreos são os que possuem existência concreta (livros, estantes etc.), ou seja, são passiveis de serem tocados.
 Já os incorpóreos são os que não possuem existência concreta (patentes de invenção, marca empresarial, entre outros).
O estabelecimento comercial pode ser alienado como garantia creditória, para tanto deve seguir o procedimento previsto em lei, isto é, o contrato deve ser celebrado por escrito, averbado no registro público de empresas mercantis e publicado na imprensa oficial, conforme informa o art. 1.144 do Código Civil:
 
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial para que possa ser arquivado.
Podemos perceber que, nos termos do artigo citado anteriormente, a alienação do estabelecimento comercial é um direito inerente ao empresário, desde que existam bens suficientes para solver o passivo ou haja anuência dos seus credores, seja ela expressa ou tácita. Não sendo cumpridos os requisitos legais, a alienação poderá ser considerada ineficaz e ter sua falência decretada.
Por fim, mas não menos importante, nos termos do art. 1.147 do Código Civil, “Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”.
 Estabelecimento comercial e ponto comercial são institutos que não devem ser confundidos:
 Ponto comercial é o local físico dotado de valor econômico, ou seja, integra o conjunto de bens reunidos para a atividade empresarial que compõe o estabelecimento comercial. estabelecimento comercial e gênero, parte física sozinha é o ponto comercial.
Segundo os ensinamentos de Coelho (2007, p. 83), Dentre os elementos do estabelecimento empresarial, figura o chamado “ponto”, que compreende o local específico em que ele se encontra. Em função do ramo de atividade explorado pelo empresário, a localização do estabelecimento empresarial pode importar acréscimo, por vezes substantivo, no seu valor.
 O ponto comercial se refere ao local em que se explora a atividade comercial.
Estabelecimento comercial é mais amplo e se refere a todos os bens utilizados no desenvolvimento da atividade empresarial.
Ademais, quando ocorre a cessão ou alienação do estabelecimento comercial, tal transação é chamada de trespasse – o qual exige que a venda do estabelecimento seja em sua totalidade, e não de determinadas coisas singulares (que integram o estabelecimento comercial). Outrossim, não podemos confundir trespasse com cessão de cotas da sociedade empresarial:
 Trespasse busca a venda do conjunto de bens que integram o estabelecimento comercial;
 Cessão busca a veda da participação societária. Além disso, para que surtem efeitos junto a terceiros, obrigatoriamente, deverá ocorrer a averbação da alienação no contrato social da empresa com a respectiva publicação na imprensa oficial.
Ocorrendo o trespasse, o respectivo adquirente torna-se responsável solidário pelos débitos contabilizados anteriores à transferência. De mais a mais, os credores decaem no direito de cobrar o alienante se não o fizerem no prazo de um ano, contados da data do vencimento das dívidas vincendas, ou da publicação da alienação quando os créditos ainda não estiverem vencidos.
Existe obrigação do adquirente do estabelecimento comercial em pagar por uma dívida não contabilizada pelo alienante? 
 
É importante mencionarmos que existem duas exceções:
• Débitos Trabalhistas (art. 10 e 448 da CLT): o adquirente é responsável por sucessão nas obrigações trabalhistas.
• Débitos Tributários (art. 133 do CTN): caso o alienante continue a explorar a mesma atividade econômica, ele será responsável legal pelas dívidas fiscais relacionadas ao estabelecimento, exceto se a compra ocorreu em sede de processo de falência ou recuperação judicial, casos em que o adquirente não responderá pelas dívidas tributárias, trabalhistas ou decorrentes de acidente de trabalho, conforme disposto no art. 141, II, da Lei nº 11.101/05. É oportuno salientarmos que o trespasse não sub-roga o adquirente nos contratos vigentes, pois com a alienação ocorre a cessão dos créditos, negócio jurídico que produz efeitos desde a publicação do trespasse no órgão oficial.
Enunciado 234 da III Jornada de Direito Civil: “Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente”.
Por fim, não existindo autorização expressa, o alienante não poderá fazer concorrência ao adquirente no prazo mínimo de cinco anos, contados do trespasse, hipótese chamada pela doutrina de cláusula de não restabelecimento
 Contudo, a referida obrigação pode ser revista pelo poder judiciário quando abusiva ou estipulada por prazo indeterminado, conforme enunciados 490 do CJF e informativo 554 do STJ:
Enunciado 490 do CJF: A ampliação do prazo de 5 (cinco) anos de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva. Informativo 554 – STJ: É abusiva a vigência, por prazo indeterminado, da cláusula de “não restabelecimento” (art. 1.147 do CC), também denominada “cláusula de não concorrência”. Portanto, o trespasse pode ser entendido como uma venda especial, pois deve cumprir determinados requisitos previstos legalmente.
Matriz, filial, sucursal e agência
A bem da verdade, as nomenclaturas matriz, filiais e sucursais não possuem distinção jurídica, mas sim administrativa, ao passo que importa somente para fins de estrutura administrativa.
 Matriz: pode ser entendida como a sede principal na qual as filiais, sucursais ou agências estão subordinadas
 Filial: refere-se ao estabelecimento e possui o poder de representação da matriz, mas não tem poder deliberativo autônomo. É importante mencionarmos que ela deve adotar a mesma denominação da matriz, e a sua criação e extinção ocorrem por meio de alteração contratual. Possui responsabilidade no campo jurídico
 Sucursal: possui mais autonomia administrativa, uma vez que tem como característica realizar determinada atividade da matriz com mais eficiência. 
Agência: é o estabelecimento que busca promover as atividades comerciais e pode representar um escritório comercial da matriz.
Nos termos do art. 75, inciso X do Código de Processo Civil, a pessoa jurídica estrangeira será representada em juízo, ativa e passivamente, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil.
Outrossim, ao estabelecer uma das modalidades anteriores, existe a obrigatoriedade de averbar tais alterações no contrato social da matriz que consta no registro público de empresa, bem como no local em que o respectivo estabelecimento será instalado. Ou seja, haverá o registro no órgão de competência do novo endereço e a averbação destainscrição no local da sede da empresa.
Nome empresarial, clientela e concorrência
O nome empresarial é usado para fins de apresentação nas relações comerciais, sendo diferente de título do estabelecimento e marca de produtos ou serviços, devendo atender aos requisitos exigidos pela lei e ao tipo jurídico da sociedade. Conforme escreve Coelho (2011, p. 95-96), [...] 
 Nome empresarial, que é aquele com que se apresenta nas relações de fundo econômico. 
 Quando se trata de empresário individual, o nome empresarial pode não coincidir com o civil; e, mesmo quando coincidentes, têm o nome civil e as empresariais naturezas diversas. A pessoa jurídica empresária, por sua vez, não tem outro nome além do empresarial. O Código Civil reconhece no nome, civil ou empresarial, a manifestação de um direito da personalidade da pessoa física ou jurídica (arts. 16, 52 e 1.164). Como elemento de identificação do empresário, o nome empresarial não se confunde com outros elementos identificadores que habitam o comércio e a empresa, os quais têm, também, proteção jurídica, assim a marca, o nome de domínio e o título de estabelecimento.
 Enquanto o nome empresarial identifica o sujeito que exerce a empresa, o empresário, a marca identifica, direta ou indiretamente, produtos ou serviços, o nome de domínio identifica a página na rede mundial de computadores e o título do estabelecimento, o ponto. Na maioria das vezes, por conveniência econômica ou estratégia mercadológica, opta se pela adoção de expressões idênticas ou assemelhadas, o que, a rigor, não tem nenhuma relevância jurídica, posto que nome empresarial, marca, nome de domínio e título de estabelecimento continuam a ser considerados institutos distintos, ainda quando possuírem um mesmo conteúdo e forma. Cada um destes elementos de identificação recebe, do direito, tratamentos específicos, próprios, decorrentes de sua natureza, dos quais se cuida no momento oportuno (Cap. 5, itens 5 e 6; Cap. 7, item 3.2). Por ora, basta ressaltar que o nome empresarial não se confunde com esses outros designativos empresariais. Dependendo do tipo societário, o nome empresarial pode ser designado como firma ou denominação, que se distinguem em dois planos: quanto à estrutura (ou seja, aos elementos linguísticos que podem ter por base) e quanto à função.
 Ocorrerá a adoção da razão social (também conhecida como firma empresarial) usa também o nome do empresário, nos casos em que terá empresário, seu nome civil, completo ou abreviado, podendo, facultativamente, ser seguida da designação do gênero da atividade empresarial.
 A denominação, por seu turno, é a essência do objeto da empresa, ex: distribuidora ou seja, o ramo de atividade desenvolvida, podendo haver a combinação da atividade desenvolvida com nomes civis. 
Ademais, a proteção do nome empresarial decorre do exercício regular da empresa, isto é, da inscrição na junta comercial do estado, podendo admitir sua extensão desde que registrada nas demais juntas comerciais do país. Assim, ocorrendo o falecimento de um sócio, deverá seu nome ser excluído no nome empresarial, exceto nos casos de sociedade anônima.
Destacamos o que estabelece o art. 1.164 do Código Civil e seu parágrafo único:
 O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Contudo o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
 O registro do nome empresarial impedirá o uso idêntico ou semelhante por terceiros, sendo que, constatada a violação desta premissa, poderá o prejudicado requerer a anulação da inscrição do nome empresarial feita ao arrepio da lei.
Por fim, poderá se perder a exclusividade do uso do nome empresarial quando:
• Expirado o prazo de vigência da sociedade por tempo determinado, devendo a prorrogação da vigência, se for o caso, ocorrer antes do seu vencimento.
• Ocorrer a ausência de arquivamento no período de dez anos consecutivos, salvo comunicação à junta comercial. Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento do registro, sendo que a reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos requeridos para sua constituição.
Cliente, freguês e consumidor
Cliente: pode ser entendido como uma situação de fato, ou seja, um conjunto de pessoas que mantém relações contínuas com o estabelecimento comercial. A denominação de cliente e freguês no Brasil possui diferença significativa, uma vez que ambas se referem à pessoa que possui relação contínua com o estabelecimento comercial.
Não obstante, para parte da doutrina, podemos definir freguês como um consumidor definido por sua posição geográfica, ou seja, é aquele que trânsita perto do estabelecimento comercial. Nesse sentido, as questões relacionadas à freguesia fazem ilação com as normas protetivas do ponto comercial. Já as questões inerentes à clientela devem ser tratadas pelas normas de direito concorrencial. Por seu turno, consumidor pode ser entendido como a atual maneira de identificar o indivíduo que mantém relação com o estabelecimento comercial. 
Os arts. 2, 17 e 29, todos do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8078/90), informam que: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Logo, podemos entender que consumidor é toda pessoa física ou jurídica, mesmo por equiparação, que adquire comercialmente bens ou serviços como destinatário final.
Nesse contexto, a proteção ao nome empresarial busca proteger a clientela e, consecutivamente, o lucro de determinado estabelecimento comercial, pois a utilização de nome empresarial idêntico com outro pode confundir o consumidor. Nesse sentido, escreve Coelho (2011, p. 104): o direito protege o nome empresarial com vistas à tutela de dois diferentes interesses do empresário: de um lado, o interesse na preservação da clientela; de outro, o da preservação do crédito. Com efeito, se determinado empresário, conceituado no meio empresarial, vê um concorrente usando nome empresarial idêntico, ou mesmo semelhante ao seu, podem ocorrer consequências, que devem ser prevenidas, em dois níveis. Quanto à clientela, pode acontecer de alguns mais desavisados entrarem em transações com o usurpador do nome empresarial, imaginando que o fazem com aquele empresário conceituado, importando o uso indevido do nome idêntico ou assemelhado em inequívoco desvio de clientela. 
Quanto ao crédito daquele empresário conceituado, poderá ser, parcial e temporariamente, abalado com o protesto de títulos ou pedido de falência do usurpador.
Destacamos que a proteção ao nome empresarial não veda a livre concorrência entre os estabelecimentos comerciais, apenas regra parâmetros que devem ser seguidos. Para Coelho (2011, p, 45), A Constituição Federal, ao dispor sobre a exploração de atividades econômicas, vale dizer, sobre a produção dos bens e serviços necessários à vida das pessoas em sociedade, atribuiu à iniciativa privada, aos particulares, o papel primordial, reservando ao Estado apenas uma função supletiva (art. 170). A exploração direta de atividade econômica pelo Estado só é possível em hipóteses excepcionais, quando, por exemplo, for necessária à segurança nacional ou se presente um relevante interesse coletivo (art. 173).
Estabelecimento Comercial Tais mecanismos protetivos visam coibir práticas empresariais ao arrepio da lei, uma vez que a Constituição Federal estabeleceu parâmetros para o exercício da liberdade de competição e de iniciativa. As infrações contra a ordem econômica [...] é necessário conjugarem-se

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