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Módulo I

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23/09/2023, 18:32 Ead.br
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_TOPDIR_21/unidade_1/ebook/index.html#section_1 1/78
TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITOTÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO
II
EIXO DE DIREITOEIXO DE DIREITO
PRIVADO – DIREITO CIVILPRIVADO – DIREITO CIVIL
E DIREITO EMPRESARIALE DIREITO EMPRESARIAL
Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi
Revisora : Lar issa Gonçalves
IN IC IAR
23/09/2023, 18:32 Ead.br
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_TOPDIR_21/unidade_1/ebook/index.html#section_1 2/78
Introdução
Nesta unidade, será tratado o conteúdo sobre as principais disciplinas do
Direito Privado: Direito Civil e Direito Empresarial. Abordaremos os temas
conforme o recorte temático apontado pelos exames da OAB, dando ênfase
aos conteúdos cobrados de forma mais reincidente. Possibilita-se uma macro
revisão sobre todo o conteúdo de Direito Civil estudado na graduação, tais
como a teoria geral, a teoria das pessoas e bens, a teoria contratual, os
negócios jurídicos, a responsabilidade civil, o direito das famílias e o direito de
sucessões. De semelhante modo, apresenta-se o conteúdo de Direito
Empresarial, tratando da teoria da empresa, do direito cambiário e da
recuperação e falência das empresas.
introdução
23/09/2023, 18:32 Ead.br
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_TOPDIR_21/unidade_1/ebook/index.html#section_1 3/78
O Direito Civil é o ramo do Direito próprio para regulamentar, prever e tutelar
os direitos inerentes às atividades da vida privada, desde o momento do
nascimento (estendendo as expectativas ao nascituro), passando pelas
aquisições de obrigações e deveres e encerrando com a morte. Neste
momento, com recorte para preparação e revisão dos assuntos que mais
caem no exame da Ordem dos Advogados, serão abordadas as disposições
sobre as pessoas, suas obrigações e contratos e a responsabilidade pelo
descumprimento.
Teoria Geral do Direito Civil
Tem-se o Código Civil, Lei nº 10.406/2002, como principal diploma normativo
para tratamento dos assuntos ligados à vida privada dos sujeitos. Ele estipula
regras e princípios sobre os fatos jurídicos ocorridos com pessoas naturais e
jurídicas, bens e coisas, negócios jurídicos, contratos, descumprimento dos
contratos, realização de atos ilícitos (responsabilidade civil), fatos jurídicos das
Direito Civil – 1ªDireito Civil – 1ª
ParteParte
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famílias e direito de sucessões. Assim, tutela a vida humana privada desde o
nascimento até as consequências ocorridas após a morte.
Pessoas Naturais e Capacidade (Arts. 1º a 5º, CC)
As pessoas humanas, também chamadas, pelo Direito, de pessoas naturais ,
são o centro da proteção jurídica e os principais atores de transformação da
realidade, em razão de sua capacidade de manifestação de vontade. Sendo
assim, quando se adquire personalidade, torna-se uma pessoa para o mundo
jurídico, possuindo capacidade para ser sujeito de direitos. Em que pese a
vida intrauterina ter natureza humana, exclui-se da capacidade de ser sujeito
de direito quando, no momento do nascimento, não houver respiração
(natimorto). Da mesma forma, enquanto em estado de nascituro (vida
intrauterina), �cam resguardados os direitos, aguardando o nascimento com
vida, quando receberá a personalidade.
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Quadro 1.1 - Cronologia de capacidade de direito e capacidade plena
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer : o quadro tem quatro colunas, sendo nomeada a primeira
como “antes do nascimento”, a segunda como “momento do
Antes do
parto
(nascimento)
Momento do
parto
(nascimento)
Efeito jurídico
Exercício de
capacidade
plena
Nascituro:
expectativa de
direitos.
Direitos
resguardados.
Respirou –
nasceu com
vida.
Adquire
capacidade de
Direito –
recebe os
direitos do
nascituro que
estavam
resguardados.
Quando
completar a
maioridade ou
for
emancipado.
Antes dos 16
anos ou
sobrevindo
alguma causa
prevista em lei
será
plenamente
incapaz.
Não houve
in�amento dos
pulmões – não
respirou –
natimorto.
Não adquire
capacidade de
Direito – os
direitos do
nascituro não
se efetivam,
eram apenas
expectativas.
-
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nascimento”, a terceira “efeito jurídico” e a quarta “exercício de
capacidade plena”. Dessa forma, demonstra, nas três primeiras colunas,
que, antes do nascimento, o nascituro possui expectativas de direitos e
seus direitos devem ser resguardados para quando nascer com vida. Na
segunda coluna, demonstra que, se nasceu com vida, ou seja, se respirou
após o parto, vai adquirir a capacidade de direito, recebendo os direitos
que estavam resguardados. Se nasceu sem vida, não adquiriu capacidade
de direito, portanto, não recebeu direitos civis. Na quarta coluna, explica-
se que o sujeito que nasceu com vida somente terá capacidade plena, ou
seja, a de direito e a de fato juntas, após maioridade ou emancipação.
A capacidade de direito é o nome dado à potencialidade de exercício da
personalidade jurídica (ser reconhecido pelo Direito como uma pessoa),
entretanto, o sujeito de capacidade de direito pode não possuir capacidade
de exercício, não possuir capacidade de fato para exercer os atos da vida civil.
Quem possui tanto capacidade de direito quanto capacidade de fato possui
capacidade plena (plenamente capaz). Quem não é plenamente capaz é
considerado relativamente incapaz ou absolutamente incapaz (TARTUCE,
2020).
Por sua vez, a incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida
civil. Pode ser absoluta ou relativa. A matéria sofreu profunda modi�cação
com a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com De�ciência), que excluiu dos
casos de incapacidade as pessoas com privação parcial ou total de
discernimento ou sem desenvolvimento mental completo.
A incapacidade absoluta (Art. 3º, CC) implica a proibição total do exercício, por
si só, de um direito, que deverá ser praticado pelo representante legal, sob
pena de nulidade (Art. 166, I, CC). Os casos estão previstos no Artigo 3º do CC
e foram, pela lei mencionada, reduzidos a uma única situação: os menores de
16 anos – também chamados de menores impúberes. O fundamento é a falta
de maturidade.
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A incapacidade relativa, abordada no Artigo 4º do CC, faz com que a pessoa
possa praticar atos da vida civil, desde que assistida por um representante
legal, sob pena de anulabilidade (Art. 171, I, CC). Há alguns atos que o
relativamente incapaz pode praticar sozinho: ser testemunha, fazer
testamento, exercer empregos públicos, ser eleitor etc. Os casos previstos no
Artigo 4º, do CC, são: pessoas entre 16 e 18 anos – são os chamados menores
púberes (porque ainda não atingiram a maioridade, mas já completaram a
puberdade); os ébrios habituais e os viciados em tóxicos – é o caso de
alcoólatras e toxicômanos, de maneira rotineira, habitual, constante; os que,
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; pródigos –
são aqueles que dissipam seu patrimônio desmesuradamente; índios – há
legislação especial sobre o tema (tutela administrativa, pela Funai).
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CAUSAS DE CESSAMENTO DE INCAPACIDADE: a incapacidade cessa,
em primeiro lugar, quando cessa a sua causa, prevista por lei. Em
segundo lugar, pode a incapacidade cessar pela emancipação (Art.
5º), que pode ser:
Voluntária:
emancipaçãoconcedida pelos pais,
se o menor já tiver
16 anos, por meio de
escritura pública,
registrada no 1º
Cartório de Registro
Civil da Comarca. A
emancipação é
irrevogável, não
sendo passível de
arrependimento.
Judicial: no caso de
ser necessária a
decisão judicial, se há
divergência entre os
pais ou, ainda, com
relação a menores
que não têm pais,
mas tutores.
Legal: esse tipo de
emancipação
independe de
registro, passando a
produzir efeitos a
partir do evento que
a provoca.
1) Pelo casamento (a
Lei n° 13811/2019
proíbe casamento
para menores de 16
anos de idade);
2) pelo exercício de
emprego público
efetivo (o que está em
desuso, por não haver
editais que permitam
menores);
3) pela colação de
grau em curso de
Ensino Superior
(durante muitos anos
�cou em desuso, por
não ser possível
encerrar o ciclo
estudantil ainda na
menoridade,
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Quadro 1.2 - Causas de cessamento da incapacidade
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer : o quadro demonstra, em três colunas, as causas de
incapacidade. Na primeira coluna, traz a causa denominada “voluntária”,
sendo esta a emancipação concedida pelos pais, se o menor já tiver 16
anos, por meio de escritura pública registrada no 1º Cartório de Registro
Civil da Comarca. A emancipação é irrevogável, não sendo passível de
arrependimento. Na segunda coluna, traz a “causa judicial”, no caso de
ser necessária a decisão judicial, se há divergência entre os pais ou,
ainda, com relação a menores que não têm pais, mas tutores. Na terceira
retornaram alguns
casos em razão dos
cursos superiores de
tecnologia com
duração de 2 anos e a
possibilidade de
adiantamento em
razão de resultados
extraordinários
previstos no Artigo 47
da LDB);
4) pelo
estabelecimento civil
ou comercial com
economia própria;
5) pela existência de
relação de emprego,
em que o menor
tenha economia
própria.
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coluna, traz a “causa legal”: esse tipo de emancipação independe de
registro, passando a produzir efeitos a partir do evento que a provoca.
São os eventos: 1) pelo casamento (a Lei n° 13811/2019 proíbe
casamento para menores de 16 anos de idade); 2) pelo exercício de
emprego público efetivo (o que está em desuso, por não haver editais
que permitam menores); 3) pela colação de grau em curso de Ensino
Superior (durante muitos anos �cou em desuso, por não ser possível
encerrar o ciclo estudantil ainda na menoridade, retornaram alguns
casos em razão dos cursos superiores de tecnologia com duração de 2
anos e a possibilidade de adiantamento, em razão de resultados
extraordinários, previstos no Artigo 47 da LDB); 4) pelo estabelecimento
civil ou comercial com economia própria; 5) pela existência de relação de
emprego, em que o menor tenha economia própria.
Domicílio (Arts. 70 a 78, CC)
A vinculação territorial para exercício de direitos ocorre regimentada pelas
normas de domicílio, tendo por regra ser o local onde a pessoa natural exerce
residência ou onde a pessoa jurídica tenha estabelecido sua sede.
Havendo multiplicidades de domicílios, em razão de haver vários locais que a
pessoa resida, alternando periodicamente entre eles, são considerados todos.
Não havendo domicílio, será considerado o local onde a pessoa natural for
encontrada.
O local de trabalho, nas relações referentes à atividade laboral, também é
considerado domicílio (LISBOA, 2008).
As pessoas jurídicas de direito público terão domicílio:
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União No Distrito Federal
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Quadro 1.3 - Domicílio das pessoas jurídicas
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer : o quadro tem duas colunas. A primeira traz o nome da
pessoa jurídica e, a segunda, a sede de seu domicílio. A descrição das
linhas é: a União tem sede no Distrito Federal; os estados têm sede em
suas capitais, no centro cívico, onde está sua administração; os
municípios, no local onde funciona a prefeitura; e as demais pessoas
jurídicas de direito público, nos locais em que as respectivas
administrações funcionam.
Pessoas Jurídicas (Arts. 40 a 52, CC)
As pessoas jurídicas são entidades, nacionais ou estrangeiras, a que a lei
empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e
obrigações, sendo sua personalidade diversa da personalidade das pessoas
naturais que as constituem. Ente com personalidade diversa das pessoas que
o compõem.
Podem formar pessoas jurídicas as corporações (associações ou sociedades).
As associações não têm �ns lucrativos, mas religiosos, morais, culturais,
desportivos ou recreativos. Já as sociedades têm �ns lucrativos e podem ser
sociedades simples ou sociedades empresárias : atividades de empresário
Estados Capitais (centro cívico da capital)
Municípios Local onde funciona a
administração municipal (sede da
prefeitura)
Demais pessoas jurídicas de
direito público
Onde funciona sua administração
23/09/2023, 18:32 Ead.br
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(Art. 966 e ss, CC). Também podem formar pessoas jurídicas as fundações,
sendo estas um acervo de bens que, por sua vez, recebem personalidade
para a realização de um �m determinado. Esses são os dois elementos:
patrimônio e �nalidade (�nalidade, que hoje é limitada pelo Código Civil, pode
ser religiosa, moral, educacional, de saúde, ambiental, cientí�ca, cidadania,
nutricional, cultural ou assistencial, evitando-se, assim, a criação de fundação
para �ns menos nobres).
Importante lembrar que as sociedades empresárias de economia mista que
têm o ente público como sócio são regidas pelas regras das pessoas jurídicas
de direito privado, como Correios e Banco do Brasil, por exemplo.
Desconsideração da pessoa jurídica
Para que a personalidade jurídica não seja mal utilizada por seus sócios ou
administradores, o juiz pode desconsiderar a pessoa jurídica e, em caso de
fraude ou má-fé dos seus membros, atingir seu patrimônio pessoal, pelos
danos que causarem (Art. 50 do CC – os requisitos para desconsideração são
desvio de �nalidade e confusão patrimonial , o primeiro implica que o
objeto e a �nalidade social da pessoa jurídica estão sendo desvirtuados, o
segundo, que, de fato, não tem havido respeito na divisão patrimonial entre
sócios e sociedade). A desconsideração da pessoa jurídica não leva à
extinção da sociedade , devendo ser utilizada somente em relação às
obrigações afetadas pelo ato. Isso porque, se não for excepcional, surge o
risco de perder a utilidade do instituto da pessoa jurídica. Sua �nalidade é,
portanto, retirar a divisão patrimonial entre os sócios de uma sociedade
(patrimônio pessoal dos sócios vinculado às pessoas naturais ou jurídicas que
estão na posição de sócios) e o patrimônio da própria sociedade (patrimônio
vinculado ao domínio da pessoa jurídica).
Atualmente, os Artigos 133 e 134 do CPC regulamentam o incidente de
desconsideração de personalidade jurídica, podendo, a qualquer momento,
ser requerido.
Como conhecimento de tese que pode ser utilizada em demandas,
principalmente nas áreas de família, é reconhecida a desconsideração inversa
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de personalidade jurídica, com o mesmo objetivo de desfazer
processualmente a divisão patrimonial entre os sócios pessoas físicas e
pessoa jurídica, mas com a �nalidade de utilizar o patrimônio da pessoajurídica para quitação de dívidas da pessoa física.
Noções sobre Negócio Jurídico: Atos e Fatos
Jurídicos
(Arts. 104 a 188, CC)
As pessoas físicas e as pessoas jurídicas, ao se relacionarem e atuarem em
suas atividades, acabam manifestando fatos e atos jurídicos, que,
oportunamente, em razão da expressão da vontade e do consenso de
vontades, tornam-se negócio jurídico.
Fato é um acontecimento. Se, por esse acontecimento, cria-se, modi�ca-se ou
se extingue uma relação jurídica, então, diz-se que esse fato é jurídico .
Desses acontecimentos com efeitos jurídicos, genericamente falando ( lato
sensu ), alguns são decorrentes de uma força da natureza, ordinária ou
extraordinária ( fatos jurídicos stricto sensu ) e outros são decorrentes da
ação humana ( atos jurídicos ).
Os atos jurídicos são ações humanas a que a lei empresta efeito jurídico,
podendo ser lícitos ou ilícitos . O lícito, se voluntário, ou seja, se
deliberadamente praticado com elemento volitivo – a vontade livre dentro de
uma autonomia privada – para alcançar um determinado efeito jurídico,
então, será um negócio jurídico (a vontade das partes pode ser negociada,
mitigada dentro da autonomia privada, ou seja, entre os limites da liberdade
da vontade e os limites da lei). Se a ação humana provoca tal efeito, mas sem
a intenção deliberada, é chamada de ato meramente lícito, já que está dentro
do direito, mas o efeito decorre da lei.
Já os atos ilícitos são aqueles em que o agente, por meio de ação ou
omissão, com dolo ou culpa, causa um resultado não desejado pelo Direito,
previsto como ilícito, ferindo um dever de conduta.
23/09/2023, 18:32 Ead.br
https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/DIR_TOPDIR_21/unidade_1/ebook/index.html#section_1 15/78
Elementos dos Negócios Jurídicos
Para que os negócios jurídicos surtam os efeitos esperados pelos declarantes,
deverão ser e�cazes; mas, antes disso, é preciso veri�car se são válidos. E,
para serem válidos, da mesma forma, é preciso veri�car, antes, se existem.
Assim, existência, validade e e�cácia são planos distintos que estão dispostos
como uma escada, em que cada degrau transposto dá acesso ao outro plano.
Genericamente, pode-se dizer que são elementos essenciais do negócio
jurídico: a vontade humana , que se revela por meio da declaração ou
manifestação; a idoneidade do objeto , já que um objeto pode até ser lícito,
mas inidôneo para determinado negócio; a forma , pela qual o ato realiza-se,
e a causa, que justi�ca a sua existência.
Por outro lado, esses elementos essenciais, quando quali�cados, tornam-se
os requisitos ou os pressupostos de validade do negócio jurídico, previstos no
Artigo 104, CC:
a) Capacidade do agente – somente pessoas plenamente capazes podem
praticar atos por si. Já os incapazes devem ser representados, no caso de
saibamais
Saiba mais
O artigo Teoria geral dos bens : um ensaio
jurídico trata sobre os bens. A doutrina
estabelece várias classi�cações e formas de
se adquirir bens. Para saber mais sobre o
assunto, acesse o link a seguir.
ACESSAR
https://revista.direito.ufmg.br/index.php/revista/article/view/910
23/09/2023, 18:32 Ead.br
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absolutamente incapazes, e assistidos por seus representantes legais, no caso
dos relativamente incapazes. As regras da representação constam nos Artigos
115 e seguintes, do CC, podendo ela ser: legal (no caso dos �lhos menores,
pupilos e curatelados); judicial, quando determinada em decisão judicial; ou
convencional, no caso de contrato (TARTUCE, 2020).
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – o objeto não
poderá atentar contra a lei, a moral ou os bons costumes. O negócio deve ser
possível, física e juridicamente. Além disso, o objeto deve ser determinado
(descrito, inclusive quanto à espécie), ou ao menos determinável (há de�nição
de quantidade e gênero, e do modo como ele será determinado, a seu
tempo).
c) Forma prevista em lei ou não defesa em lei – pela regra geral, a forma é
livre, não prevista na lei, a não ser nos casos em que haja previsão especí�ca
em sentido contrário, como no caso do Artigo 108, do CC. A forma prevista é
exceção (Art. 107, CC), o que ocorre por diversos fatores: facilitar prova,
garantir autenticidade, impedir vontade viciada, possibilitar publicidade. As
formalidades podem ser ad solemnitatem (necessárias ao perfazimento do
ato) ou ad probationem (para sua prova).
23/09/2023, 18:32 Ead.br
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Elementos acidentais
Quando altera-se a expectativa de que o negócio jurídico tenha
e�cácia tão logo seja realizado, operam-se elementos acidentais,
condicionando a e�cácia ao seu cumprimento.
Condição : Artigo 121,
CC – condiciona a
e�cácia do negócio
jurídico a evento
FUTURO e INCERTO,
por cláusula criada
pela vontade das
partes.
Termo : subordina a
e�cácia do negócio
jurídico a evento
FUTURO e CERTO
(ainda que seja incerta
a data exata, é certo
que o evento irá
acontecer).
Encargo ou modo :
limita um negócio de
mera liberalidade
(como a doação) ao
cumprimento de um
ônus obrigacional pelo
bene�ciário. É causa
de revogação da
liberalidade, ainda
que ela já tenha
gerado efeitos, o não
cumprimento. O
Código Civil, Artigo
137, determina que se
considere não escrito.
Mas se for o motivo
determinante da
liberalidade, então,
invalida o negócio.
a) Condição
suspensiva : a que
impede o ato de
produzir seus efeitos
até o implemento do
evento futuro e
incerto. Artigo 125, CC.
a) inicial ( dies a quo ):
momento em que
inicia a e�cácia de um
negócio jurídico;
b) �nal ( dies ad quem
): momento em que
23/09/2023, 18:32 Ead.br
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Quadro 1.4 - Elementos acidentais do negócio jurídico
Fonte: Elaborado pelo autor.
Enquanto ela não
ocorre, a condição é
pendente. Com o seu
implemento, surge o
direito para o titular.
Se não se realizar,
ocorre a frustração da
condição;
b) condição
resolutiva – a que
gera a extinção, a
resolução do efeito
jurídico do negócio,
assim que ocorrer seu
implemento. Se
frustrar-se a condição,
então, o direito
passará a ser exercido
em sua plenitude.
Caso da condição
maliciosamente
obstada ou provocada
pelo interessado – no
primeiro caso, a lei a
considera
implementada e, no
segundo, não ocorrida
(Art. 129).
termina a e�cácia do
negócio. Importante
veri�car que ao termo
inicial e �nal o Código
Civil estabelece que
cabem, no que for
possível, as mesmas
disposições referentes
à condição resolutiva
e suspensiva (Art. 135,
CC).
23/09/2023, 18:32 Ead.br
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#PraCegoVer : o quadro traz os tipos de elementos acidentais do
negócio jurídico, sendo eles a condição, o termo e o encargo, também
chamado de modo. Na primeira coluna, trata da condição: Artigo 121, CC
– condiciona a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e INCERTO,
por cláusula criada pela vontade das partes. Pode ser: a) condição
suspensiva – a que impede o ato de produzir seus efeitos até o
implemento do evento futuro e incerto. Artigo 125, CC. Enquanto ela não
ocorre, a condição é pendente. Com o seu implemento, surge o direito
para o titular. Se não se realizar, ocorre a frustração da condição; b)
condição resolutiva – a que gera a extinção, a resolução do efeito jurídico
do negócio, assim que ocorrer seu implemento. Se frustrar-se a
condição, então, o direito passará a ser exercido em sua plenitude. Caso
da condição maliciosamente obstada ou provocada pelo interessado – no
primeiro caso, a lei a considera implementada e, no segundo, não
ocorrida (Art. 129). Na segundacoluna, trata do termo, que subordina a
e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e CERTO (ainda que seja
incerta a data exata, é certo que o evento irá acontecer). Pode ser: a)
inicial (dies a quo): momento em que inicia a e�cácia de um negócio
jurídico; b) �nal (dies ad quem): momento em que termina a e�cácia do
negócio. Importante veri�car que, ao termo inicial e �nal, o Código Civil
estabelece que cabem, no que for possível, as mesmas disposições
referentes à condição resolutiva e suspensiva (Art. 135 CC). A terceira
coluna trata do encargo ou modo, que limita um negócio de mera
liberalidade (como a doação) ao cumprimento de um ônus obrigacional
pelo bene�ciário. É causa de revogação da liberalidade, ainda que ela já
tenha gerado efeitos, o não cumprimento. O Código Civil, Artigo 137,
determina que se considere não escrito. Mas, se for o motivo
determinante da liberalidade, então, invalida o negócio.
Invalidade dos Negócios Jurídicos – Nulidade, Anulabilidade
Nulidade absolut a é o vício que atinge o ato jurídico por inteiro,
plenamente, tratando como nulos quaisquer de seus efeitos. Por serem vícios
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graves e contrários ao interesse público, podem ser alegados por qualquer
interessado, Ministério Público ou reconhecido de ofício pelo juiz. O ato nulo
não se convalida pelo tempo nem por rati�cação. A ação cabível é
imprescritível, sendo o seu provimento meramente declaratório, com efeitos
retroativos ( ex tunc ). Ocorre nos casos elencados nos Artigos 166 e 167, do
CC: ato praticado por pessoa absolutamente incapaz; objeto ilícito, impossível
ou indeterminável; quando o motivo de ambas as partes for ilícito; quando
não obedecer a forma prevista em lei; quando preterida alguma solenidade
essencial para sua validade; quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa
(norma de ordem pública); quando a lei o declarar nulo (nulidade expressa ou
textual); ou proibir-lhe a prática, sem cominar uma sanção (nulidade implícita
ou virtual); também a simulação (que antes gerava somente anulabilidade,
mas foi tratada dentro da nulidade com o Código de 2002) (TARTUCE, 2020).
A parte viciada não invalida a parte do negócio, que pode continuar existindo
(por exemplo, comprou uma fazenda com os maquinários, mas descobriu que
um trator não era propriedade do vendedor, assim, isso não deve invalidar
toda a compra, apenas a parcela do trator).
Quando houver negócios subordinados (principal e acessório), a nulidade do
principal afeta o acessório, mas a nulidade do acessório não deve afetar o
principal. Por �m, o Artigo 170, do CC, permite ao juiz que aproveite o
negócio, em caso de ser nulo, mas contiver requisitos de outro. Esse outro
será mantido, se for possível supor que as partes o teriam querido se
soubessem da nulidade.
A anulabilidade (nulidade relativa) , diferentemente da nulidade que atinge
uma causa de interesse público, atinge apenas o interesse particular,
portanto, enquanto o interessado não buscar sua anulação (dentro do prazo
decadencial), o negócio surtirá efeitos ou, até mesmo, será convalidado. Por
esse motivo, a ação deve ser a anulatória, possuindo provimento constitutivo
de direito ao interessado, com efeito ex nunc .
A anulabilidade, via de regra, está ligada a um problema no consentimento do
manifestante ou à sua capacidade. Assim, o Artigo 171, do CC, determina que
são anuláveis: atos praticados por relativamente incapaz (salvo no caso do
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menor púbere, em que ele queira invocar anulação para se bene�ciar dela,
mas, no momento do ato, tenha ocultado sua idade propositadamente; o
Artigo 181, do CC, ainda informa que o incapaz só deverá restituir o que a
outra parte provar que reverteu em seu proveito); atos eivados de vício
resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra
credores, analisados, a seguir; outros atos que a lei expressamente prever
como anuláveis.
Sendo anulado o ato, as partes voltarão ao estado inicial, salvo nos casos em
que isso não seja mais possível, quando serão indenizadas. Essa é a hipótese
de prejuízo a terceiro de boa-fé.
Defeitos dos Negócios Jurídicos
Quando a manifestação da vontade, no momento da realização do negócio
jurídico, não for direta, plena e livre, esse negócio jurídico estará revestido de
defeito. O Código Civil, nos Artigos 138 e 165, traz previsões de como o
negócio pode ser defeituoso, prevendo os tipos de defeitos, que serão
apresentados a seguir.
Erro ou ignorância – o erro é o caso de uma falsa noção da
realidade, em que o agente acredita, sozinho, em um fato enganoso,
não há interferência de terceiros para que ele acredite no erro. A ele
equivale a ignorância (total desconhecimento). Para que o ato seja
anulável, o erro deve ser: substancial (139); escusável; real. Também
se considera erro a transmissão equivocada da vontade por sistemas
de tecnologia (clicar sem saber). O falso motivo para o negócio
também vicia a declaração, se for seu fator determinante. Erro
acidental não gera anulabilidade do negócio, assim como o erro de
cálculo, que deverá ser reti�cado. Também não invalida o negócio o
erro, quando a outra parte se oferecer para executar o negócio nos
termos que �cou manifestada a vontade do negociante (TARTUCE,
2020).
Dolo – no dolo, a pessoa é enganada por outrem, que utiliza artifícios
para ludibriá-la. Ela também realiza a negociação com falsa
percepção da realidade, mas em razão de outro ter induzindo-a a
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isso. Esse outro pode ser a outra parte do contrato ou terceiro. Nesse
segundo caso, só anulará o negócio se a parte bene�ciada soubesse
ou devesse saber que a atitude era dolosa. Caso contrário, o negócio
não se anula, mas o prejudicado pode exigir perdas e danos do
terceiro responsável. Se ambos os contratantes estão como dolo, não
se anula o negócio. Quando for o dolus bonus um mero exagero
(exemplo, melhor hotel da cidade, melhor hambúrguer da cidade),
não se invalida o negócio. O dolo não deve ser acidental, mas
principal. No caso de dolo acidental, em que o negócio se realizaria
de qualquer forma, só se obriga a parte dolosa à satisfação das
perdas e danos. O dolo pode ser: positivo, quando se tratar de ação;
ou negativo, quando se tratar de omissão que seja relevante. Quando
o dolo for praticado por representante legal, só obrigará o
representado a responder civilmente até a importância do proveito
que teve; se, porém, tratar-se de representante convencional,
respondem solidariamente por perdas e danos.
Coação – macula a vontade de realizar o negócio jurídico por esta ser
dirigida, por temor de, não realizando o negócio, recair mal sobre a
sua pessoa ou sua família (existe reconhecimento de coação quando
praticado temor de mal grave contra amigo íntimo, em estado de
namoro ou até mesmo pessoa desconhecida que lhe atribua
responsabilidade) ou aos seus bens. É caso de violência psicológica.
Se for caso de força física, estaremos diante de ato inexistente,
porque não houve manifestação de vontade (quando alguém força o
braço da pessoa para assinar contrato bancário por reconhecimento
da digital, por exemplo). Para que exista a coação, é preciso que: a
coação seja a causa do ato; deve ser grave, pelo critério concreto, ou
seja, pelo que representa gravidade para aquela pessoa (Art. 152);
não se inclui no fundado receio de causar desgosto a quem se deve
obediência e respeito (GONZAGA, 2017).
Estado de perigo (Art. 156, CC) – con�gura-se o estado de perigo
quando alguém, premido da necessidade de se salvar, ou a uma
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte
(mas não provocadopor ela, pois seria coação), assume obrigação
excessivamente onerosa. Dois critérios devem ser veri�cados:
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objetivo – a obrigação deverá ser excessivamente onerosa; subjetivo
– a realização devido à necessidade salvar-se, o que gera um desvio
psicológico conhecido pela parte bene�ciada.
Lesão (Art. 157, CC) – hipótese em que uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, obriga-se à prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, o
que se veri�ca em função dos valores vigentes à época da celebração
do negócio. Difere-se do erro, na situação em que o vício de lesão,
por inexperiência, não traz a certeza da crença em algo equivocado
(exemplo, vendeu um quadro acreditando que ele era uma imitação,
e não um original – erro – vendeu um quadro por um preço de
mercado, mas não sabia que ele era uma obra rara – lesão por
inexperiência).
Fraude contra credores – aqueles negócios realizados com o
objetivo de diminuição do patrimônio do devedor e impedimento de
que seu credor tenha fundos, para perseguir o recebimento do
crédito, devem ser anulados. Para se con�gurar a fraude contra
credores, é necessário que, pelo(s) ato(s), o devedor se torne
insolvente; o credor deverá provar a má-fé do terceiro, para poder
anular o negócio, que se presume nos negócios gratuitos ou nos
onerosos, em que a insolvência seja notória (basta a ciência da
fraude), ou em remissão de dívida ou pagamento de dívida não
vencida; o crédito deve ser anterior ao ato fraudulento. Os atos de
negociação normais das atividades e da subsistência não constituem
fraude. Também deixa de ser fraude se o adquirente �zer o
pagamento em juízo, chamando os interessados a se manifestarem.
Ocorrendo a fraude contra credores, caberá a eles a ação chamada
pauliana ou revocatória.
C h i t
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Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Lúcio, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da
sucessão deste último, todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de
antiguidades. Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das primeiras
providências de Lúcio foi alienar uma pintura antiga que sempre esteve exposta na
sala da casa, por um valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. Lúcio,
semanas depois, leu nos jornais a notícia de que havia reaparecido no mercado de
arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi
enorme ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara por um valor
milhares de vezes maior do que o por ela era cobrado. Por isso, pretende pleitear a
invalidação da alienação. Assinale a alternativa correta sobre o caso descrito.
a) O negócio jurídico de alienação da pintura, celebrado por Lúcio, está
viciado por lesão e chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de
sua celebração.
Feedback: alternativa correta , de acordo com o Artigo 157, do CC. Por
necessidade e inexperiência nesse tipo de negociação, houve prestação
desproporcional entre a entrega do objeto e o valor. Assim, o negócio será
anulado. Até a anulação, produzirá efeitos.
b) O direito de Lúcio de obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de
alienação da pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional.
Feedback: alternativa incorreta , pois seria caso de erro se Lúcio oferecesse o
quadro acreditando que ele seria uma obra de arte caríssima e, na verdade,
fosse uma reprodução barata.
c) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se,
necessariamente, à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua
necessidade de obter dinheiro rapidamente.
Feedback: alternativa incorreta , porque não é esse o caso, pois seria dolo.
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d) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo
com o valor de mercado da obra, Lúcio poderá optar entre aceitar a oferta ou
invalidar o negócio.
Feedback: alternativa incorreta , pois, oferecido o suplemento, perde-se a
razão do defeito, convalidando o negócio. Não há direito subjetivo à invalidação
por Lúcio, se ele decidir encerrar o negócio, responderá pelos ônus de rescisão
contratual.
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Neste ponto, serão tratadas as divisões didáticas do Direito Civil: Direito das
Obrigações, Direito dos Contratos e Responsabilidade Civil. Todas as três
vertentes estão interligadas, em razão de operacionalizarem e determinarem
os limites volitivos das obrigações, assim como suas consequências pelo
descumprimento.
Direito das Obrigações (Arts. 233 a
420, CC)
As pessoas capazes realizam negócios jurídicos e assumem obrigações.
Eventualmente, pelo descumprimento da obrigação ou pela realização de ato
ilícito, assumem obrigação de ressarcimento, de indenizar ou de desfazer o
anteriormente realizado, sendo essa obrigação do descumprimento regulada
pela Responsabilidade Civil.
Noções sobre Direito Obrigacional
Direito Civil – 2ªDireito Civil – 2ª
ParteParte
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O conceito de obrigação nada mais é do que o vínculo jurídico pelo qual o
devedor se compromete a realizar, em favor do credor, uma prestação em
caráter de dar, fazer ou não fazer (conceito de Washington de Barros
Monteiro). Trata-se de uma relação jurídica transitória existente entre o
sujeito ativo e o passivo, denominado credor e devedor. Con�gura um
conjunto de atividades necessárias à satisfação do credor, seja ela positiva ou
negativa, a �m de se levar ao adimplemento da obrigação. São suas espécies
as obrigações de dar (coisa certa ou incerta), fazer (com o devedor
personalíssimo ou fungível) ou não fazer . Podem ser classi�cadas em
obrigações solidárias (com dever solidário entre os devedores), divisíveis
(quando a prestação da obrigação pode ser dividida), indivisível (quando a
prestação deve ser aperfeiçoada de única vez), quesível (cumprimento no
domicílio do devedor) ou portável (cumprimento no domicílio do credor ou
outro lugar informado).
Do pagamento e adimplemento das obrigações (Arts. 344 a 359, CC)
Conforme se veri�ca na doutrina, a principal forma de extinção da obrigação é
o pagamento direto, que também detém, como expressão sinônima de
solução, cumprimento, adimplemento, implemento, satisfação obrigacional e
remição (do verbo remir). Tal situação exonera totalmente o devedor do
vínculo obrigacional.
O pagamento é condição sine qua non da estabilidade social, pois toda
obrigação tem sua orientação direcionada à conclusão, ou seja, ninguém é
vinculado à necessidade de contratar, porém, uma vez fazendo essa escolha,
deve assumir sua posição obrigacional. Assim, ao buscar o efetivo
adimplemento, existem duas modalidades de pagamento: o direto, que se
realiza com o pagamento propriamente dito, bem como o pagamento
indireto, que tem algumas regras especiais, que serão analisadas (GONZAGA,
2017).
O inadimplemento causa consequências contratuais ou extracontratuais
(aquiliana). Normalmente, as consequências contratuais pelo inadimplemento
são a mora (quando não há o pagamento no tempo, lugar e forma devida), a
cláusula penal (obrigação adicional prevista para responsabilizar civilmente o
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descumprimento) e a própria possibilidade de perdas e danos
(responsabilidadecivil não prevista, extracontratual ou aquiliana).
Responsabilidade Civil (Arts. 927 a
954, CC)
Neste tópico, será abordada a responsabilidade civil extracontratual, aquela
que não tem previsão contratual pelo seu descumprimento, mas surge da
própria proteção da lei contra atos que provoquem danos ou sejam ilícitos,
uma cláusula geral de tutela. Para tanto, primeiramente, será tratado do ato
ilícito.
O ato ilícito é o ato humano que, praticado com infração a um dever legal,
viola direito e causa dano à outra pessoa. O dever de indenizar surge da
existência do ato ilícito e de elementos da responsabilidade civil (TARTUCE,
2020):
a) ação ou omissão – conduta do agente que gere a lesão ao direito ou ao
interesse jurídico;
b) nexo de causalidade – relação lógica que determina que a ação foi a
causadora do dano;
c) existência de dano – deve haver dano a ser ressarcido. Do contrário, não,
já que a indenização equivale ao retorno ao estado anterior. O dano pode ser
material (dano emergente ou lucro cessante) e/ou moral;
d) dolo ou culpa do agente – dolo: ação intencional que busca causar dano a
outra pessoa. Culpa: negligência, imprudência ou imperícia. É a quebra da
norma de conduta genérica de agir diligente e prudentemente na vida social.
Para efeitos de Direito Civil, o dolo integra as causas de culpa lato sensu . Na
responsabilidade civil subjetiva, é necessário o dolo ou a culpa; na
responsabilidade civil objetiva, é irrelevante a análise de dolo e culpa. Para
�ns de responsabilidade civil pelo dano ambiental na responsabilidade do
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proprietário e pelo dano nuclear de responsabilidade da União, irrelevantes
são a conduta e a culpa, havendo dano, há dever de indenizar.
Elementos ou Pressupostos da Responsabilidade
Civil
Os elementos ou pressupostos da responsabilidade civil estão descritos no
Artigo 186, do CC, que dispõe que aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar um dano, ainda
que exclusivamente moral, pratica ato ilícito. Têm-se os seguintes elementos:
ação ou omissão; culpa; nexo causal e dano, que serão abordados a seguir.
Ação ou omissão – o causador do dano responde por ação (conduta
comissiva) e por omissão quando deixa de praticar um ato que a lei lhe impõe
(lembrando que o dever de boa-fé é inerente aos contratos). Assim, melhor
dizer “conduta humana”, de�nível com o comportamento, positivo ou
negativo, do agente, que desemboca em uma lesão, dano ou prejuízo
(TARTUCE, 2020).
Culpa – decorre da inobservância de um dever de cuidado ou da prática
dolosa. Espécies: a culpa em sentido amplo ou lato sensu inclui o dolo e a
culpa em sentido estrito, ou stricto sensu . Essa culpa, em sentido estrito, é a
conduta não intencional que causa o dano; e o dolo, que é a culpa intencional
que causa o dano. São modalidades de culpa: a imprudência, decorrente da
culpa exteriorizada por uma ação que não respeite o dever de cuidado, por
exemplo, dirigir acima da velocidade permitida; a negligência, que é a culpa
por omissão, por exemplo, fazer a conversão sem sinalizar; e, por �m, a
imperícia, que é a culpa em que o agente assume conduta sem ser
devidamente e formalmente preparado para a realização desta, comum no
exercício de pro�ssão ou ofício, como o motorista que não possui CNH, por
exemplo.
Dolo – constitui uma violação intencional de prejudicar outrem. Referente à
presente modalidade de culpa, é possível a�rmar que, no momento da
indenização, é aplicada a teoria da causalidade, adequada por força do art.
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Artigo 944, do CC, ou seja, somente são consideradas como causadoras do
dano as condições que por si só são aptas a produzi-lo, veri�cando, assim, o
grau de culpa.
Nexo de causalidade – é a relação de causa e efeito entre a conduta do
agente (responsabilidade subjetiva) ou o risco da atividade (responsabilidade
objetiva) e o dano sofrido pela vítima. O rompimento do nexo causal é
excludente de responsabilidade civil. O referido rompimento encontra-se, de
forma muito clara, na teoria dos danos diretos e imediatos: interrupção do
nexo causal, nesse caso, todo antecedente é uma causa, sendo que este só
responde pelo dano se, entre a sua conduta e o prejuízo, não houver três
elementos: a) culpa exclusiva da vítima; b) um ato de terceiro; c) um ato da
natureza, que serão analisados conforme indicado a seguir.
Dispensa ou excludentes do dever de indenizar:
legítima defesa – decorre do ato do agente que atua defensivamente
em face de uma agressão injusta, atual ou iminente. Conforme se
pode notar, o referido ato não constitui ilícito e, assim, não há o
dever de indenizar, pois se trata de uma justi�cativa jurídica para
uma conduta;
estado de necessidade ou remoção do perigo – é a deterioração ou
destruição de coisa alheia, a �m de remover perigo iminente contra
bem jurídico proporcionalmente mais importante;
exercício regular de um direito reconhecido – trata normalmente do
estrito cumprimento de dever legal que está relacionado à função
pública ou, ainda, delegados na função �scalizadora, por exemplo: a)
policial que arromba porta com mandado; b) envio de
correspondência condominial lacrada, informando o valor da dívida;
culpa concorrente bilateral – quando ambas as partes agiram com
culpa, exclui-se a indenização na proporção de cada um.
HIPÓTESES ESPECÍFICAS DE
RESPONSABILIDADE
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#PraCegoVer : o infográ�co apresenta cinco tópicos verticais sobre as hipóteses
especí�cas de responsabilidade. Ao clicar no primeiro tópico “Responsabilidade
civil do incapaz (Art. 928, CC)”, é apresentado o texto “O incapaz só responde
pelos danos que causar quando as pessoas por ele responsáveis não tiverem a
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de dinheiro para tanto. Não haverá
indenização se este privar o incapaz, ou as pessoas que dele dependam, do
necessário para sobrevivência, dessa forma, a responsabilidade civil do incapaz é
mitigada pela equidade e é subsidiária. Os pais respondem objetivamente pelos
atos dos �lhos menores que estiverem sob sua guarda e sua companhia”. Ao
clicar no segundo tópico, “Responsabilidade civil objetiva pelo risco da atividade
(Art. 932, III, IV, CC)”, é apresentado o texto “Se a atividade normalmente
desenvolvida pelo agente implicar risco, por sua própria natureza (atividade
naturalmente perigosa), ele responderá, de forma objetiva, pelos danos que
causar. Por exemplo: transporte terrestre”. Ao clicar no terceiro tópico,
“Responsabilidade civil objetiva por atos de terceiros (Art. 934, CC)”, é apresentado
o texto “Os pais, tutores, curadores e empregadores respondem objetivamente
pelos atos praticados, respectivamente, pelos �lhos menores tutelados,
curatelados e empregados”. Ao clicar no quarto tópico, “Responsabilidade civil
objetiva em razão de danos causados por animais (Art. 936, CC)”, é apresentado o
texto “O dono ou detentor do animal responde objetivamente pelos danos
causados por este, salvo se provar culpa exclusiva da vítima ou força maior”. Ao
clicar no quinto tópico, “Responsabilidade civil objetiva em danos causados por
coisas caídas ou lançadas do prédio (Art. 937, CC)”, é apresentado o texto “Aquele
que habitar o prédio ou parte dele responde objetivamente pelos danos causados
por coisas dele caídas ou dele lançadas. Tem-se, por prédio, toda e qualquer
construção”.
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Noções sobre Contratos (Arts. 421 a
886, CC)
Os contratos são instrumentos em que �cam de�nidas e paci�cadas as
obrigações e os negócios jurídicos realizados com �nalidade especí�ca pela
vontade das partes. Podem dispor sobre direitos sinalagmáticos (com
aperfeiçoamento pela entrega simultânea de prestações entre ambas as
partes), sobre gratuidade (contratos gratuitos sem obrigação de prestação de
uma das partes) e sobre onerosidade (sacrifício patrimonial de ambas as
partes). São regidos pelos seguintes princípios contratuais:
a) Princípio da autonomia privada (Art. 421, CC) – a liberdade de contratar
é relativa, pois sua limitação está nas leis de ordem pública (Art. 170, CF);
b) Princípio da função social do contrato (Art. 421, CC) – atender à função
social do contrato não signi�ca atender ao interesse público do Estado, mas,
sim, atender a valores sociais (respeito ao meio ambiente, aos direitos do
consumidor, aos direitos da personalidade etc.). Os institutos básicos do
direito civil estão sendo funcionalizados, como se deu com o direito à
propriedade, da família, da empresa e do contrato. A essência da função
social é una, mas se desdobra nos diversos institutos jurídicos (Art. 170, CF)
(GONZAGA, 2017);
c) Princípio da boa-fé objetiva (Art. 422, CC) – é a boa-fé da conduta,
devendo esta ser leal e clara, independentemente dos ânimos subjetivos que
possam existir, ou seja, aqueles que todos percebem; junto com a boa-fé
objetiva, surgem deveres, ainda que não escritos (deveres anexos). Por
exemplo, dever de segurança, dever de informação, dever de lealdade, dever
de guarda documental etc. (LISBOA, 2008).
Vícios Redibitórios (Arts. 461 a 446, CC)
Vícios redibitórios são os vícios ocultos que atingem a coisa, objeto de um
contrato civil, que a desvalorizam ou a tornam imprópria para uso. Havendo
contrato de consumo o vício é chamado “do produto”, com tratamento
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especí�co no Código de Defesa do Consumidor. Assim, caso uma pessoa física
compre de outra pessoa física uma casa e esta tenha problemas ocultos,
aplica-se a regulamentação cível supracitada. Os vícios redibitórios não se
confundem com os vícios do consentimento, principalmente com o erro e o
dolo, pois estes atingem a vontade, já os outros, atingem a coisa, bem como
as citadas disposições estão em planos distintos, ou seja, as de
consentimento estão no plano da validade, já os vícios redibitórios estão na
e�cácia, conforme escada ponteana (TARTUCE, 2020).
As modalidades de vícios ocultos são: a) o vício redibitório, que pode ser
conhecido desde logo; b) o vício redibitório, que pode ser conhecido
posteriormente (Art. 445, §1º, CC). A distinção de ambas as modalidades é a
contagem de prazo que é retardada em decorrência da situação fática do
objeto adquirido. O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode se
valer das ações edilícias, pleiteando: a) abatimento proporcional no preço
(ação quanti minoris ); b) resolução do contrato com a devolução das quantias
pagas e, havendo má-fé do alienante, que sabia do vício, perdas e danos (ação
redibitória).
Extinção dos Contratos (Arts. 472 a 480, CC)
A extinção de um contrato pode ocorrer nas seguintes situações:
a) Extinção normal – ocorre com o cumprimento do contrato;
b) Extinção por fatos anteriores à celebração – I) invalidade contratual: é
problema de formação do contrato, sendo o contrato nulo, anulável ou ainda
inexistente. II) cláusula de arrependimento: é a previsão contratual que dá às
partes um direito potestativo (direito potestativo é aquele que se contrapõe
ao estado de sujeição, pois encurrala a outra parte) à extinção do contrato,
prevista no contrato; III) previsão de cláusula resolutiva expressa: extinção do
contrato devido a evento futuro e incerto (condição também denominada de
implemento);
c) Extinção por fatos posteriores à celebração – existem duas modalidades
básicas: a resolução, que é inadimplemento ou descumprimento contratual; e
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a resilição: que é o exercício de direito potestativo (direito potestativo é
aquele que se contrapõe ao estado de sujeição, pois encurrala a outra parte
), ou seja: distrato ;
d) Extinção por morte – tal situação não ocorre em qualquer contrato, assim,
essa hipótese somente tem incidência nos contratos personalíssimos ou
intuitu personae, sendo denominada cessação contratual.
Assim, encerra-se o conteúdo dessa parte do Direito, que trata dos elementos
formadores dos negócios jurídicos e das relações pessoais e contratuais. Seu
conteúdo é importante para o entendimento de todo o direito privado, que é
pautado na forma livre e desimpedida com que a vontade obedecerá e guiará
as determinações constitucionais e a teoria geral do Direito Civil.
saibamais
Saiba mais
O Código Civil dispõe espécies de contratos
típicos, tais como compra e venda (Arts. 481
a 504, CC), doação, (Arts. 538 a 557), locação
de coisas (Arts. 565 a 578), empréstimo (Arts
579 a 592), prestação de serviço (Arts. 593 a
609), empreitada ( Arts. 610 a 626), depósito
(Arts. 627 a 652) e mandato (Arts. 653 a 692).
Faz-se importante a leitura de todos, mas se
recomenda especial atenção ao de compra e
venda e às cláusulas especiais, como a
retrovenda. Saiba mais sobre esse tema,
acessando o link a seguir.
ACESSAR
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
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Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por �ança
prestada por seu pai, José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura, acerca
de suas di�culdades �nanceiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o
próximo aluguel do imóvel. Compadecida pela situação da irmã, Laura procurou o
locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o
valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do
aluguel daquele mês, assinale a alternativa correta.
a) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o
locador tinha em face de Jacira, inclusive, a garantia �dejussória.
Feedback: alternativa incorreta , pois, nos termos do Artigo 305, do CC, não há
sub-rogação para o terceiro não interessado, que é o caso de Laura, pois não
afeta diretamente o patrimônio pela dívida de seu pai.
b) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em
face de Jacira.
Feedback: alternativa correta . De acordo com o Artigo 304, qualquer
interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser,
dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito
cabe ao terceiro não interessado se o �zer em nome e à conta do devedor,
salvo oposição deste. Artigo 305, do CC: o terceiro não interessado, que paga a
dívida em seu próprio nome, tem direito a se reembolsar do que pagar; mas
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não se sub-roga nos direitos do credor. Sendo assim, por Laura não ter risco de
perda patrimonial, atua como terceiro não interessado.
c) ) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador
tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia �dejussória.
Feedback: alternativa incorreta , pois o enunciado não coloca Laura como
devedora solidária, e sim seu pai.
d) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em
face de Jacira.
Feedback: alternativa incorreta , pois, como não houve oposiçãode Jacira,
Laura ocupa posição de terceiro não interessado, conforme Artigo 304,
parágrafo único, do CC.
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Enfrentando o estudo sobre os desdobramentos das atividades privadas
previstos e tutelados pelo Direito, tem-se as relações ocorridas entre as
pessoas e as coisas, regidas pelo direito das coisas, que garante o poder de
oposição contra terceiros que tentem abalar essa relação; a relação entre as
pessoas e seus laços de parentescos tuteladas pelo direito de família; e os
desdobramentos jurídicos para a sucessão patrimonial, em razão da morte do
antigo sujeito de direitos, tutelado pelo direito de sucessões.
Direito das Coisas
Enquanto os direitos obrigacionais são regidos pela negociação da vontade e
nas relações pessoais, o direito das coisas opera no liame entre o bem e sua
possibilidade de ser tomado o domínio ou a posse pela pessoa, vinculando
seus atos, via de regra, a formalidades previstas em lei, para possibilitar a
oposição contra todos.
Posse (Arts. 1.196 a 1.224, CC)
Direito Civil – 3ªDireito Civil – 3ª
ParteParte
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O direito de posse é a exteriorização da propriedade. Trata-se de uma
situação de fato juridicamente relevante. Muito embora o Código Civil não
de�na o que seja posse, estabelece a identi�cação do possuidor conforme
suas características, relacionando-as às prerrogativas do proprietário. O
Artigo 1196, do Código Civil Brasileiro, estabelece que possuidor é aquele que
exerce um ou mais poderes do proprietário. Pois bem, o Artigo 1228, do
Código Civil, elenca os seguintes direitos do proprietário: usar, gozar e dispor
da coisa, bem como reivindicá-la de quem quer que indevidamente a possua
ou detenha.
A detenção não induz posse, ou seja, não gera efeitos jurídicos próprios da
posse em favor do detentor; trata-se do fâmulo da posse (GONZAGA, 2017).
Por �m, a posse tem classi�cações, podendo ser: plena (quando o possuidor
também é o dono da coisa e exerce todos os direitos da propriedade), direta
(quando o possuidor está com o corpus da coisa), indireta (o proprietário que
não está exercendo o corpus da coisa); pode ser justa (quando tomada
mediante ato jurídico regular, não sendo violenta, clandestina ou precária) ou
injusta; pode ser de boa-fé ou de má-fé; pode ser velha (acima de ano e dia),
ou nova (abaixo de ano e dia).
Propriedade (Arts. 1.238 a 1.259, CC)
A propriedade é o principal direito real existente, do qual derivam todos os
demais direitos reais. Trata-se de um poder que alguém exerce sobre a coisa.
Já o direito de propriedade exterioriza a proteção conferida ao sujeito em
função de seu poder sobre a coisa, correspondendo a um direito fundamental
protegido pelo Artigo 5º, XXII, CF. Embora o Código Civil não conceitue
propriedade ou direito de propriedade, estabelece quais são as faculdades, as
prerrogativas e os poderes do proprietário, em seu Artigo 1228, do CC, de
modo a considerar que o proprietário tem o direito de usar, gozar e dispor da
coisa, bem como de reavê-la de quem quer que indevidamente a possua ou
detenha.
Diferentemente dos direitos pessoais, que decorrem de relações
obrigacionais, os direitos reais estão previstos em lei, não podendo ser
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criados por meio de contratos. Tratam-se de direitos oponíveis erga omnes ,
ou seja, contra todos, possibilitando, assim, o chamado direito de sequela,
que corresponde à possibilidade de buscar a coisa de quem quer que a
possua ou detenha de forma indevida.
Usucapião (Arts. 1.260 a 1.262, CC)
Usucapião é forma originária de aquisição de propriedade que tem como
principais requisitos a posse mansa, pací�ca (incontestada) e contínua
(ininterrupta) pelo prazo �xado em lei e o animus domini , ou seja, a intenção
de ser dono, por quem tenha capacidade aquisitiva. Além desses requisitos,
comuns a todas as modalidades de usucapião, para cada uma delas, o
legislador estabelece outras condições a serem preenchidas.
Para todas as modalidades são pressupostos o ânimo de dono (intenção e
modo de agir do possuidor sobre a coisa), a posse mansa e pací�ca e o lapso
temporal (posse contínua) (TARTUCE, 2020). São modalidades de usucapião:
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Modalidade Fundamento Prazo
Requisitos
especiais
Usucapião
extraordinária
Artigo 1238,
caput, do CC.
Prazo de
posse é de
15 anos.
Independentemente
de justo título ou
boa-fé.
Usucapião
extraordinária
habitacional/pró-
labore
Artigo 1238,
parágrafo
único, do CC.
Prazo de
posse é de
10 anos.
Possuidor precisa
ter estabelecido
moradia habitual ou
realizado obras ou
serviços de caráter
produtivo.
Usucapião
constitucional
pró-labore
Artigo 191, da
CF, e Artigo
1239, do CC.
Posse pelo
prazo de
cinco anos.
Área rural não
superior a 50
hectares, tornada
produtiva pelo
trabalho do
possuidor ou de sua
família, nela
estabelecida a
moradia, desde que
não seja
proprietário de
nenhum outro
imóvel rural ou
urbano.
Usucapião
especial urbana
Artigo 183, da
CF, Artigo 1240,
Posse pelo
prazo de
Caráter
habitacional,  para
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individual do CC e Artigo
9º, do Estatuto
da Cidade (Lei
nº 10.257/2001).
cinco anos. �ns de moradia do
possuidor ou de sua
família, em área
urbana não
superior a 250 m ,
desde que não seja
proprietário de
nenhum outro
imóvel rural ou
urbano. Atenção,
pois, nessa
modalidade, o
possuidor não será
contemplado mais
de uma vez (Art. 9º,
§ 2º, do Estatuto da
Cidade e Art. 1240, §
2º, do CC).
Usucapião
especial urbana
coletiva
Artigo 10, do
Estatuto da
Cidade (Lei nº
10.257/2001).
Cinco anos. A propriedade é
atribuída à
população de baixa
renda que possua
área urbana
superior a 250 m ,
para �ns de
moradia, sem se
identi�carem os
terrenos ocupados
por cada possuidor,
desde que não
sejam os
possuidores
proprietários de
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imóvel urbano ou
rural, aplicando-se
as regras de
condomínio.
Usucapião
familiar: cuja
pretensão é a
aquisição da
meação do ex-
cônjuge ou ex-
companheiro que
tenha
abandonado o
imóvel.
Artigo 1240-A,
do CC.
O prazo
aquisitivo
dessa
modalidade
é de dois
anos.
Imóvel urbano de
até 250 m comum
do casal, desde que
o utilize para sua
moradia ou de sua
família e que não
seja proprietário de
outro imóvel
urbano ou rural.
Usucapião
ordinária
Artigo 1242,
caput , do CC.
Prazo de
posse é de
10 anos.
Desde que haja
justo título e boa-fé.
Entende-se, aqui,
por justo título, todo
documento hábil a
transferir direitos e
deveres.
Usucapião
ordinária
habitacional/pró-
labore
Artigo 1242,
parágrafo
único, do CC.
Prazo é de
cinco anos.
Se o registro de
aquisição onerosa
tiver sido cancelado
e o possuidor
houver estabelecido
no imóvel a sua
moradia ou
realizado
investimentos de
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Quadro 1.5 - Usucapião e suas modalidades
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer : o quadro traz as modalidades, fundamentos, prazos e
requisitos para concessão da usucapião. Na primeira linha, traz a
usucapião extraordinária, com fundamento no Artigo 1238, caput,Código
Civil, cujo prazo de posse é de 15 anos, independentemente de justo
título ou boa-fé. Na segunda linha, traz a usucapião extraordinária
habitacional ou pró-labore, que possui fundamento no Artigo 1238,
parágrafo único, do Código Civil, cujo prazo de posse é de 10 anos. O
possuidor precisa ter estabelecido moradia habitual ou realizado obras
ou serviços de caráter produtivo. Na terceira linha, trata da usucapião
constitucional pró-labore, que possui fundamento no Artigo 191, da CF, e
Artigo 1239, do Código Civil. Necessita de posse pelo prazo de cinco anos
e é cabível para área rural não superior a 50 hectares, tornada produtiva
interesse social e
econômico.
Artigo 1071, do
CPC, inseriu o
Artigo 216-A à
Lei de Registros
Públicos (Lei nº
6015/73),
permitindo o
reconhecimento
extrajudicial de
usucapião
diretamente em
cartório de
registro de
imóveis.
Citação dos
con�nantes,
conforme o Artigo
246, NCPC, e ampla
publicação de
editais, conforme o
Artigo 259, NCPC,
além de
participação do
Ministério Público,
nos termos do
Artigo 178, III, NCPC.
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pelo trabalho do possuidor ou de sua família, nela estabelecida a
moradia, desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural
ou urbano. Na quarta linha, traz a usucapião especial urbana individual,
que possui fundamento no Artigo 183, da CF, Artigo 1240, da CC e Artigo
9º, do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Precisa de prazo na posse
pelo prazo de cinco anos, com caráter habitacional, para �ns de moradia
do possuidor ou de sua família em área urbana não superior a 250 m2,
desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural ou
urbano. Atenção, pois, nessa modalidade, o possuidor não será
contemplado mais de uma vez (Artigo 9º, § 2º, do Estatuto da Cidade e
Artigo 1240, § 2º, do CC). Na quinta linha, trata da usucapião especial
urbana coletiva, que tem fundamento no Artigo 10 do Estatuto da Cidade
(Lei nº 10.257/2001), possui prazo de posse mansa de 5 anos e a
propriedade é atribuída à população de baixa renda que possua área
urbana superior a 250 m2 para �ns de moradia, sem se identi�carem os
terrenos ocupados por cada possuidor, desde que não sejam, os
possuidores, proprietários de imóvel urbano ou rural, aplicando-se as
regras de condomínio; Na sexta linha, expõe a usucapião familiar, cuja
pretensão é a aquisição da meação do ex-cônjuge ou ex-companheiro
que tenha abandonado o imóvel. Tem fundamento no Artigo 1240-A, do
CC, e o prazo aquisitivo dessa modalidade é de dois anos. É destinada
para imóvel urbano de até 250 m2 comum do casal, desde que o utilize
para sua moradia ou de sua família e que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural. Na sétima linha, fala da usucapião ordinária, cujo
fundamento é o Artigo 1242, caput, do CC, cujo prazo de posse é de 10
anos, desde que haja justo título e boa-fé. Entende-se, aqui, por justo
título, todo documento hábil a transferir direitos e deveres. Na oitava
linha, a usucapião ordinária habitacional/pró-labore, com fundamento
legal no Artigo 1242, parágrafo, do CC, necessita de prazo de cinco anos;
se o seu registro de aquisição onerosa tiver sido cancelado e o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia ou realizado investimentos
de interesse social e econômico. Na nona linha, a usucapião
administrativa, com fundamento no Artigo 1071, do CPC, que inseriu o
Artigo 216-A à Lei de Registros Públicos (Lei nº 6015/73), permitindo o
reconhecimento extrajudicial de usucapião diretamente em cartório de
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registro de imóveis. Necessita da citação dos con�nantes, conforme o
Artigo 246, do NCPC, e ampla publicação de editais, conforme o Artigo
259, do NCPC, além de participação do Ministério Público, nos termos do
Artigo 178, III, do NCPC.
Apontamentos sobre Direito de
Família
(Arts. 1.511 a 1.783-A)
A Constituição Federal tratou expressamente do casamento civil, da união
estável e da família monoparental (entidade familiar formada por um dos
genitores e seus ascendentes), mas, recentemente, a jurisprudência brasileira
vem reconhecendo situações familiares que não estão expressamente
previstas na lei, mas que ocorrem e são reconhecidas de fato pela nossa
sociedade. Como foi o caso do reconhecimento de união estável entre
pessoas do mesmo sexo, por meio de decisão do STF, na ADI 4277 e ADPF
132, julgadas em maio de 2011. Atualmente, podemos elencar, entre muitos,
alguns princípios que são elementares para o direito de família: a) igualdade
entre �lhos e entre homem e mulher; b) respeito à dignidade humana; c)
afeição; d) liberdade na constituição familiar; e) solidariedade familiar.
A relação de parentesco se estabelece por parentesco natural (consanguíneo)
ou civil (a�nidade, adoção e reprodução humana assistida). O parentesco
natural pode ser estipulado por duas linhas, a linha reta e a linha colateral. A
linha reta determina os parentes que são ascendentes e descendentes uns
dos outros (exemplos: pais e �lhos; avós e netos). A linha reta é in�nita, ou
seja, não tem limites, já a linha colateral é limitada até o quarto grau e
estabelece a relação de parentesco de pessoas que possuem um ascendente
em comum e que, portanto, não são nem ascendentes nem descendentes
umas das outras. São parentes na linha colateral: os irmãos (2º grau), tios (3º
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grau), sobrinhos (3º grau), tios-avós (4º grau), sobrinhos-netos (4º grau) e
primos (4º grau) (LISBOA, 2008).
O parentesco por a�nidade é aquele que se estabelece entre um cônjuge ou
companheiro com os parentes do outro cônjuge ou companheiro. A a�nidade
também se divide em linha reta e linha colateral e é determinada por lei, não
se trata de um parentesco natural, e sim um parentesco civil (legal). O
parentesco por a�nidade ocorre apenas no casamento e na união estável e
une, por exemplo, um cônjuge com os parentes em linha reta (todos os
ascendentes e descendentes) e colateral (até o segundo grau, ou seja, irmão)
do outro cônjuge.
Salienta-se que a linha reta de parentesco por a�nidade é indissolúvel e gera
impedimento matrimonial, por outro lado, a linha colateral de parentesco por
a�nidade é dissolvida com o término do casamento ou união estável e não
produz impedimento matrimonial, ou seja, se eu dissolver meu casamento,
não posso me casar com meu ex-sogro, mas poderei me casar com meu ex-
cunhado. Portanto, se eu me divorciar do meu marido, os parentes naturais
dele, em linha reta (ascendentes e descendentes), continuarão como meus
parentes por a�nidade e os parentes naturais colaterais de segundo grau, ou
seja, meus(minhas) cunhados(as) não serão mais considerados como meus
parentes após a dissolução da entidade familiar.
Os principais efeitos do parentesco são: a obrigação alimentar , os
impedimentos matrimoniais e o direito das sucessões .
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Neste tópico, foram abordados os principais pontos dos direitos reais
cobrados no exame da Ordem dos Advogados. É importante o conhecimento
e a diferenciação das relações reais para as relações pessoais, conhecendo os
conceitos de posse e propriedade.
Casamento (Art. 1.511, CC)
Aparentemente, restaria um impasse diante da singeleza da Lei 13.811/2019,
que se restringiu a alterar o artigo 1.520 do Código Civil e proibir o casamento
de menores de 16 anos, nada referindo, por exemplo, acerca dos re�exos
jurídicos dos artigos 1.517, 1.518, 1.519, 1.525, II, 1.537, 1.550, I e II, 1.551,1.552, 1.553, 1.555, 1.560, § 1º, e 1.641, III do Código Civil, que
incontestavelmente se encontram tacitamente derrogados diante do atual
artigo 1.520 (Lei 13.811/2019), e do artigo 1.548, II, este também do Código
Civil, que a�rma ser nulo o casamento contraído por infringência de
impedimento e impõe a decretação de nulidade, que inclusive é
saibamais
Saiba mais
É importante conhecer as obrigações
decorrentes dos laços familiares, como os
alimentos, por exemplo. Ainda que cesse a
menoridade, os familiares mantêm-se como
responsáveis para, caso venha a faltar,
suplementar os alimentos em razão do
princípio da solidariedade familiar (Art. 1.694
a 1711). Saiba mais sobre esse assunto
acessando o artigo disponível no link a seguir.
ACESSAR
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imprescritível, e pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer
interessado, ou pelo Ministério Público (CC, art. 1.549).
Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou a
questão da incapacidade das pessoas com de�ciência, determinando que elas
têm capacidade relativa, e reconhece o direito da pessoa com de�ciência ao
casamento ou à formação de qualquer outra forma de entidade familiar (Art.
6º, Lei nº 13.146, de 2015).
Dissolução da Sociedade e do Vínculo Conjugal
(Arts. 1.571 a 1.582, CC)
A dissolução do vínculo conjugal poderá acontecer por morte ou sentença
judicial. A sentença judicial que possibilita a dissolução do casamento pode se
dar por invalidade (nulidade e anulação de casamento) ou por divórcio
(judicial ou extrajudicial). Importante ressaltar que a Emenda Constitucional
66, de 2010, retirou os prazos para o divórcio. Portanto, o único requisito para
o divórcio, atualmente, é a vontade de uma ou de ambas as partes.
A invalidade do casamento deve ser decretada por sentença judicial de
nulidade ou anulação de casamento. Os casos de nulidade são casos graves e
que estão relacionados aos impedimentos matrimoniais (Art. 1548, CC). A
nulidade de casamento é imprescritível, portanto, não há prazo para que seja
declarada a nulidade de casamento por decisão judicial. Importante ressaltar
que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou o Artigo 1548, do CC,
retirando, do rol de causas para a nulidade, o casamento do enfermo mental
sem o necessário discernimento para os atos da vida civil, portanto, a
incapacidade não é mais uma causa de nulidade de casamento. Já os casos de
anulação de casamento, diferentemente da nulidade, têm prazo de acordo
com o Artigo 1560, do CC (prazo de 180 dias a quatro anos, dependendo da
causa).
Assim, a lei determina os casos de anulação e o prazo a ser utilizado para que
o casamento perca sua e�cácia jurídica por meio de sentença. Portanto,
mesmo acontecendo a causa prevista para anulação, se o prazo já se �ndou,
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não poderá mais o juiz invalidar tal casamento. Nesses casos, o casamento é
convalidado pelo tempo. As causas de anulação de casamento são as
seguintes: a) quem não completou a idade mínima para o casamento
(capacidade matrimonial); b) quem não obteve a autorização para o
casamento; c) erro essencial sobre a pessoa do cônjuge (desconhecimento
sobre uma circunstância anterior ao casamento, em relação ao seu marido ou
mulher); d) vício de consentimento (falha na declaração de vontade de casar);
e) revogação de procuração para celebração de casamento; f) incompetência
da autoridade celebrante. Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com
De�ciência alterou o Artigo 1557, do CC, retirando do rol de causas para a
anulação de casamento por erro essencial a pessoa cônjuge com doença
mental grave.
Regime de Bens
O direito brasileiro permite a escolha do regime de bens que será observado
na constância do casamento. Contudo, existem situações em que a lei impõe
que o regime seja o da separação obrigatória de bens. Esses casos estão
previstos no Artigo 1641, do CC. Dentre as causas previstas, está o casamento
daquele com mais de 70 anos de idade, daquele que se casa com uma causa
suspensiva (Art. 1523, CC).
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Outra questão relevante é quanto à possibilidade de alteração do regime de
bens. Permite-se, no Brasil, que as partes alterem o regime de bens do
casamento, após sua celebração, mediante autorização judicial, com pedido
motivado formulado por ambos os cônjuges. Ou seja, não basta a vontade de
alterar o regime, é necessário pedir em juízo e desde que seja a vontade de
ambos os cônjuges (Art. 1639, § 2º, CC).
saibamais
Saiba mais
Os bens de família estão dispostos entre os
Artigos 1711 a 1722, do Código Civil.
Mediante escritura pública, os familiares
podem marcar até um terço do patrimônio
como bens de família, impondo, assim, a
impenhorabilidade deles. Pode o doador
marcar em testamento, como bem de família,
o seu legado. Para saber mais sobre o
assunto, acesse o artigo disponível no link a
seguir.
ACESSAR
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Modalidade Fundamento
Necessidade
de pacto
antenupcial
Comunicação de
bens entre os
cônjuges
Comunhão
parcial de
bens: é a
modalidade
padrão de
regime de
bens, aplicada
também às
uniões
estáveis, salvo
disposição em
contrário (Art.
1.726, CC).
Artigos 1.658 a
1.666, do CC.
Não. Comunicam:
I - os bens
adquiridos na
constância do
casamento por
título oneroso,
ainda que só em
nome de um dos
cônjuges;
II - os bens
adquiridos por fato
eventual, com ou
sem o concurso de
trabalho ou
despesa anterior;
III - os bens
adquiridos por
doação, herança ou
legado, em favor de
ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias
em bens
particulares de
cada cônjuge;
V - os frutos dos
bens comuns, ou
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dos particulares de
cada cônjuge,
percebidos na
constância do
casamento, ou
pendentes ao
tempo de cessar a
comunhão.
Não comunicam os
anteriores ao
casamento.
Comunhão
universal de
bens
Artigos 1.667 a
1.671, do CC.
Sim. Todos os bens,
anteriores ou
posteriores ao
casamento, exceto:
I - os bens doados
ou herdados com a
cláusula de
incomunicabilidade
e os sub-rogados
em seu lugar;
II - os bens
gravados de
�deicomisso e o
direito do herdeiro
�deicomissário,
antes de realizada a
condição
suspensiva;
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III - as dívidas
anteriores ao
casamento, salvo
se provierem de
despesas com seus
aprestos, ou
reverterem em
proveito comum;
IV - as doações
antenupciais feitas
por um dos
cônjuges ao outro
com a cláusula de
incomunicabilidade
V - os bens
referidos nos
incisos V a VII do
Artigo 1.659.
Separação
total
convencional:
qualquer
pessoa hábil
para casar
pode escolher
esse regime.
Artigos 1.687 e
1.688, do CC.
Sim. Não comunica
nenhum bem,
anterior ou
posterior ao
casamento. Não
impede que as
partes sejam
condôminas do
bem, conforme
aferido no registro
ou contrato sobre a
aquisição do
mesmo, podendo
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estipular a fração
ideal de cada um.
Separação
total
obrigatória:
maiores de

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