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Judaísmo, Cristianismo e Islamismo são chamados de religiões abraâmicas porque suas origens remontam ao patriarca Abraão e à sua busca pela terra prometida. As religiões abraâmicas partem do princípio da linearidade da existência terrena. Todas elas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) creem em profecias que sinalizam que um dia o mundo como nós o conhecemos irá acabar e um novo surgirá, onde haverá prosperidade, paz e justiça divina. Judaísmo A maior característica do Judaísmo é o rito litúrgico, seguindo a tradição milenar ensinada e discutida em hebraico nas sinagogas. Quando entendemos isso, percebemos que a cultura é uma das bases do nascimento e da conservação das tradições religiosas. Sem a cultura não existiria a difusão dos conhecimentos, crenças e rituais que mantêm as tradições religiosas vivas, pois elas têm todo um simbolismo que norteia o crente e distingue sua fé, sua religiosidade , conseqüentemente, proporciona a ele uma identidade cultural religiosa própria. O hebraico é a língua litúrgica do judaísmo tanto no Brasil como em qualquer outro lugar no mundo, é a língua oficial nas sinagogas praticantes dessa religião. Conservar o hebraico como idioma litúrgico foi o meio usado pelos judeus para manter sua cultura religiosa. A oração judaica remonta à sua herança ancestral, expressa a visão de mundo e reforça a fé do crente. Além de ser um ato religioso, a oração é uma reafirmação da sua cultura. A tradição religiosa judia se mescla à própria história do povo judeu. Quando o crente faz suas orações, ele relembra a história do seu povo e expressa o que anseia para o futuro: a manutenção da eterna Aliança entre o povo e seu Deus Yaweh. De acordo com a tradição judaica, a Torá (livro sagrado judeu) expressa a vontade de Deus. Segundo a tradição, Deus entregou a Moisés a Torá, sua lei, e disse para ele difundi-la pela Terra. Esse é o motivo da sua proeminência. A Torá é a vontade de Deus escrita, e, por isso mesmo, ela é a fonte do ordenamento social e religioso no Judaísmo. Outro motivo de a Torá ser o livro guia do Judaísmo é a presença da narrativa que trata da Aliança feita por Deus com os homens. É na Torá que há a comprovação, de acordo com a tradição judaica, que os judeus são o povo escolhido por Deus. Cristianismo O Cristianismo tem origem na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Deus e o rei dos judeus. Ele foi perseguido, traído, e condenado à morte por desafiar os doutores da Lei (sacerdotes judeus que interpretavam a Torá). Antes de ser morto, foi torturado e obrigado a carregar a própria cruz em que seria crucificado. Depois de agonizar por horas na cruz, morreu e foi sepultado. Passados três dias, ressuscitou. Apareceu para seus discípulos e os enviou pelo mundo para levar sua mensagem. Quarenta dias após sua ressurreição ascendeu ao céu, e lá espera o momento do juízo final, quando julgará todas as pessoas vivas e mortas. Os cristãos acreditam que Jesus é filho de Deus e veio à Terra para morrer pelos homens e, assim, expiar seus pecados. Essa narrativa bíblica foi difundida e se espalhou rapidamente. Em menos de quatro séculos chegou ao coração do Império Romano e cem anos depois tinha se tornado a religião oficial de Roma. Nesse curto espaço de tempo o Cristianismo expandiu-se pelo mundo ocidental e o virou de ponta-cabeça. O Cristianismo aceita como verdade incontestável a existência de um Deus único que criou o mundo e o entregou ao homem. Também acredita que Deus fez uma aliança com os homens e enviou vários profetas para relembrar o povo escolhido da aliança firmada. APÓSTOLO PAULO Paulo de Tarso foi o principal evangelizador e difusor do Cristianismo. Ele foi o grande nome do Cristianismo primitivo demarcando, em suas pregações, a ruptura entre o passado do homem e a mensagem cristã. Sua doutrina era apoiada no pecado original e na redenção do pecado. A mensagem presente em sua doutrina era clara: Cristo nasceu, sofreu e morreu pelos homens e basta crer nele, e nos seus ensinamentos, para se alcançar a salvação da alma. Acreditar na existência de um único Deus onipresente e onisciente foi um dos motivos que levaram à perseguição dos primeiros cristãos pelos romanos. Os cristãos negavam a divindade do imperador, e isso era visto como uma forma de deslealdade ao império. Eles também não faziam distinção entre as classes sociais, e isso era visto como uma posição revolucionária, capaz de rebelar os escravos, porque a maioria dos cristãos era pobre ou escravo. Por último, mas não menos importante, os romanos viam o discurso de igualdade entre os homens, pregado pelos cristãos, como uma forma de questionamento sobre a estrutura aristocrática romana. Os cristãos foram perseguidos e mortos pelo império romano, entretanto, quanto mais eram perseguidos, mais cresciam em quantidade de adeptos e de nações alcançadas pelo evangelismo cristão. Para sanar diversas discussões e divergências de cunho teológico, o imperador romano Constantino convidou os bispos cristãos a participarem de uma reunião, depois chamada Concílio, na cidade de Niceia. Compareceram mais de 300 bispos. No Concílio, realizado no ano 325 d.c. os bispos deveriam resolver questões teológicas e sacramentar as bases dogmáticas da nova religião. A Igreja Católica se afirmou como Igreja no Concílio de Niceia. Constantino proclamou que tudo o que foi decidido em Niceia seria legitimado também pelo império Romano. Depois desse fato, a Igreja Católica passou a ser a única com poderes para interpretar os textos sagrados do Cristianismo. Islamismo Como os judeus e cristãos, os mulçumanos são monoteístas e acreditam que os profetas são os homens escolhidos por Deus para lembrar ao povo que Ele é o único Deus que existe e que seus ensinamentos devem ser seguidos pelos crentes. Abraão foi o primeiro dos profetas. Foi com ele que Deus fez a primeira Aliança. Mas, depois, de acordo com a fé mulçumana, vieram outros homens, escolhidos por Deus, para relembrar a Aliança Sagrada: Moisés, Jesus e Maomé. Estes foram escolhidos para lembrar aos homens da Aliança feita com Deus e cobrar obediência às suas leis. Os islâmicos acreditam que Maomé foi o último dos profetas. Como surgiu a Hégira A Hégira ocorreu porque Maomé começou a cobrar dos líderes tribais árabes o respeito aos preceitos sagrados, e isso incluía o respeito a ancestralidade, a família, lembrando de que esse é um dos 10 mandamentos. De acordo com a cultura mulçumana, Deus enviou um anjo para falar com Maomé. Na conversa, ele foi informado que Deus o havia escolhido para ser um mensageiro, um profeta que devia lembrar o povo árabe da Aliança divina, e cobrar o cumprimento da sua lei. Na tradição islâmica, isso aconteceu à noite, que passou a ser conhecida como a Noite do Poder ou Noite do Destino, dentro da cultura mulçumana. Desse dia em diante, o profeta passou a pregar, a cobrar o cumprimento da lei de Deus. Os árabes não concordavam com a forma como suas ideias eram apresentadas. Maomé afirmava que só existia um Deus, chamado Alá, que julgaria todas as pessoas. Garantia que se todos que obedecessem às suas leis teriam uma vida plena e feliz depois que abandonassem o plano terreno. Quem acreditou em sua mensagem passou a ser chamado de mulçumano, e a religião que florescia na cidade de Medina, onde Maomé passou a ser visto como profeta, passou a ser conhecida como Islã. O Islamismo seguiu os preceitos judaico-cristãos porque, segundo a tradição, Maomé foi escolhido por Deus para ser seu mensageiro depois que Cristo morreu. O Islamismo, como o Cristianismo e o Judaísmo, tem, em sua origem, o discurso de que Deus escolheu homens para levar sua mensagem e também possui, como acontece nas outras religiões, um livro Sagrado para guiar o crente. No Islamismo, esse livro é conhecido como Alcorão. É ele que diferencia o judeu e o cristão do mulçumano. Os cinco princípiosque norteiam o islamismo A Chahada ou Shahada - É o ato de afirmar a fé do mulçumano no Islamismo. Salat ou Salah - É o ritual de fazer as cinco orações públicas ao longo do dia, seja onde estiver, e sempre voltado para a cidade de Meca. Zakat ou Zakah - É o ato de pagar um tributo religioso anual para ajudar a comunidade. Saum ou Siya - É o ato de jejuar durante o nascer e o pôr do sol no Ramadã. Hajj ou Hadj - a obrigação que todo mulçumano tem de fazer ao menos uma vez a peregrinação a cidade de Meca. A principal divergência entre judeus e cristãos com relação aos árabes islâmicos reside na questão do filho primogênito de Abrão. O Islamismo se distanciou do Judaísmo ao redefinir a origem do profeta Abraão. Para os islâmicos, Abraão não é um descendente comum das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. O outro ponto que as distanciou foi a discussão sobre o filho primogênito de Abraão. De acordo com a Bíblia a descendência de Abraão seria o povo escolhido por Deus. De acordo com as tradições da época, Ismael seria o filho primogênito de Abraão, entretanto, como ele era o filho de Abraão com uma serva, os judeus interpretam que Ismael não foi o primeiro filho de Abraão, e sim Isaque. Essa discussão sobre a primogenia está no cerne do distanciamento das duas religiões porque segundo a tradição Ismael é o ancestral do povo árabe e Isaque o ancestral do povo judeu. Os islâmicos afirmam que o primeiro filho de Abraão foi Ismael, nascido de sua serva, Agar, e seu segundo filho foi Isaque, nascido de sua esposa, Sara. Aceita essa interpretação, a descendência de Abraão, o povo escolhido por Deus, seriam os árabes, não os judeus.
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