Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 – Bases farmacológicas da terapia analgésica; Farmacologia dos opioides; Bases farmacológicas da terapia da dor neuropática e da enxaqueca. Bases Farmacológicas da Terapia Analgésica Classes terapêuticas e químico-funcionais dos fármacos utilizados na analgesia Analgésicos: São a principal classe de fármacos para o combate da dor. São eles: opioides, ergots, triptanos, paracetamol e dipirona. Fatores que afetam o uso e a escolha de fármacos analgésicos - Intensidade da dor (escada analgésica) - Duração da dor (aguda ou crônica) - Etiologia da dor (inflamatória, neuropática ou nociplástica) - Apresentação da dor (em queimação, ao toque, ao frio, etc) - Idade do paciente (de neonatos a idosos) - Comorbidades (hipertensão, insuficiência renal, etc) - Condições coexistentes (gravidez ou lactação) - Uso de outros fármacos (interações medicamentosas) - Variabilidades genéticas (farmacogenética) IASP A IASP é a associação internacional para o estudo da dor, ela define a dor em três grandes tipos, sendo elas: Dor nociceptiva: Dor que surge de ameaça ou de danos reais ao tecido não neural e é devida à ativação de nociceptores. Ex: pós-cirúrgica, artrite... Dor neuropática: Dor causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial. Ex: pós-herpética, neuralgia do trigêmeo... Dor nociplástica: Dor que surge da nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara de ameaça ou dano tecidual real causando a ativação de nociceptores periféricos ou evidência de doença ou lesão do sistema somatossensorial causando a dor. Ex: Enxaqueca, fibromialgia, transtornos da articulação temporomandibular... Terapia da dor baseada na etiologia Alguns pacientes podem ter uma mistura de dores neuropática, nociplástica e nociceptiva. Locais de ação de vários fármacos utilizados no controle da dor A lesão a tecidos periféricos causa lesão a vários tecidos mediadores que induzem dor, como substâncias inflamatórias especialmente as prostaglandinas e neurotrofinas que são liberadas por células residentes do tecido lesionado como os mastócitos ou células que infiltram nesse tecido após a lesão como os macrófagos. Essas substâncias irão estimular terminações periféricas de subtipos de neurônios sensoriais que detectam estímulos dolorosos, os nocioceptores. Um exemplo é a prostaglandina agindo em seus receptores específicos nociceptores irão ativar canais iônicos geradores de potencial, como o receptor TRPV1 e posteriormente, canais iônicos que causam despolarização como os canais de sódio ativados por voltagem, os NAVI, essa ação dos nocioceptores irá causar a liberação de neuropeptídeos como o CGRP que induz vasodilatação e também pode levar a informação dolorosa ao corno dorsal da medula espinhal. Alguns fármacos podem agir perifericamente para produzir analgesia, como os inibidores da síntese de substâncias inflamatórias, como os anti-inflamatórios não esteroides e os corticoides, inibidores da liberação de neuropeptídeos como a toxina botulínica, bloqueadores de canais de sódio como a carbamazepina e a lidocaína e outros sensibilizadores do receptor TRPV1 como a capcicina. Se a informação nocioceptiva chegar ao corno dorsal da medula espinhal irá ocorre a ativação de canais de cálcio neuronais os CAV2 pré-sinapticos e ocorrerá a liberação de glutamato que atuará pós sinapticamente ativando o seu receptor MDA e irá estimular canais de sódio gerando uma despolarização que vai enviar a informação dolorosa para região do tronco e do córtex cerebrais por vias chamadas de ascendentes, onde ocorrerá o processamento e a somatização dos aspectos sensoriais e afetivos da dor. Fármacos que espinalmente inibem canais de cálcio como a gabapentina, antagonizam o receptor MDA com a acetamina ou impede a neurotransmissão como faz os opioides, causam importante efeito analgésico. Vias descendentes inibitórias, também serão ativadas combinando com a liberação de noradrenalina e serotonina no tronco cerebral e na medula espinal, que agem sobre seus receptores específicos e irão impedir a neurotransmissão da informação dolorosa. Fármacos que inibem a receptação da noradrenalina e da serotonina, como os fármacos antidepressivos, irão potencializar o efeito das vias descendentes inibitórias. Além disso, terapias farmacológicas ou não farmacológicas também podem induzir analgesia por estimular estruturas encefálicas. Intensidade da dor e eficácia de diferentes analgésicos Escala visual analógica (EVA) é utilizada para medir a intensidade da dor, que vai de 0 a 10 onde 0 é sem dor e 10 pior dor imaginável. É perguntado para o paciente para ele classificar sua dor de 0 a 10. A intensidade da dor irá alterar a eficácia de diferentes fármacos e analgésicos. O ibuprofeno e o paracetamol conseguem reduzir a intensidade da dor, mas até chegar ao ponto de platô, que seria seu efeito máximo. Então eles possuem uma eficácia parcial comparado com o efeito de analgésicos totais como a morfina, que não possuem o platô. Farmacoterapia baseada na escada analgésica da OMS Baseada na intensidade da dor e na eficácia de diferentes fármacos analgésicos, a OMS desenvolveu a farmacoterapia baseada na escada analgésica. Princípios da OMS para administração de analgésicos na dor relacionada ao câncer Pela escada: Escolher o degrau conforme a intensidade da dor Pela boca: Preferir a via oral em relação as vias parenterais Pelo relógio: Tomar as doses continuamente para prevenir a dor Para o indivíduo: Analgesia sob medida para as necessidades e circunstâncias individuais Atenção aos detalhes: Explorar todas as fontes de dor e os efeitos adversos do tratamento Farmacologia do tratamento da dor
Compartilhar