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Edson Samuel Manhoso Telvina Manuel Damas Qualidade de ensino antes e depois da independência (licenciatura em ensino de Matemática) Universidade Rovuma Extensão de Niassa 2021 Edson Samuel Manhoso Telvina Manuel Damas Qualidade de ensino antes e depois da independência Trabalho da cadeira de Pratica Pedagógica Geral a ser entregue e apresentado no Departamento de Ciências Naturais, Tecnologia e Engenharia para fins avaliativos, leccionado por: MSc: Licínio Mirasse Universidade Rovuma Extensão do Niassa 2021 Índice 1.Introdução .................................................................................................................. 4 1.1. Objectivos .............................................................................................................. 4 1.1.2. Geral .................................................................................................................... 4 1.1.3. Específicos .......................................................................................................... 4 1.2. Metodologias ......................................................................................................... 4 2. Qualidade de ensino em Moçambique antes e depois de independência. .................... 5 2.1. Ensino em Moçambique antes da independência .................................................. 5 2.1.2 A educação tradicional ..................................................................................... 5 3.Educação colonial .......................................................................................................... 6 3.1.Organização do sistema de ensino a partir dos anos 30 ............................................. 6 3.1.2.Os objectivos da educação colonial visavam: .................................................. 6 3.1.3.O sistema educativo colonial português era organizado de seguinte modo: .... 7 4.Educação nas Zonas Libertadas ..................................................................................... 8 4.1. O sistema educativo nas zonas libertadas (1969/70) foi definido para responder aos seguintes objectivos: ............................................................................................... 8 5.Educação em Moçambique Depois da Independência .................................................. 9 5.1.objectivos, conteúdos/ programas. ........................................................................ 10 5.1.2. Os aspectos gerais do processo de reestruturação do SNE em Moçambique abrangem: ................................................................................................................ 11 6.Introdução do Sistema Nacional de Educação ............................................................ 11 6.1.O Sistema Nacional de Educação orienta-se pelos seguintes princípios gerais: .. 12 6.1.2.O processo educativo orienta-se pelos seguintes princípios pedagógicos: .... 12 6.1.3.Estrutura do Sistema Nacional de Educação .................................................. 14 6.1.4.Diferenças entre o sistema de ensino colonial e o sistema nacional de educação .................................................................................................................. 15 7.Reforma do Sistema Nacional de Educação ................................................................ 15 8.O processo de transformação curricular em Moçambique: Novo Currículo do Ensino Básico ............................................................................................................................. 17 8.1.Promoção semi-automática ou progressão normal: .............................................. 20 9.Conclusão .................................................................................................................... 21 10.Referencias Bibliográfica .......................................................................................... 22 4 1.Introdução O presente trabalho de pesquisa de Pratica Pedagógica Geral que tem como o tema Qualidade de Ensino antes e depois da independência, nele vai se abordar sobre como funcionava o ensino antes e depois da independência, caracterizando cada detalhe de como o sistema de ensino funcionava e como funciona actualmente, descrevendo os objectivos implementados naquela época e o novo sistema de ensino , mostrando a diferença entre os dois sistemas o antes e depois da independência. Em termos de estrutura o trabalho apresenta a seguinte organização: Índice, Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e suas respectivas Referencias Bibliográficas. 1.1. Objectivos 1.1.2. Geral Conhecer a qualidade de ensino antes e depois da independência. 1.1.3. Específicos Conhecer a história de educação em Moçambique, Estabelecer diferenças entre o ensino no sistema colonial e sistema nacional de educação e Compreender o papel da escola no tempo colonial. 1.2. Metodologias Para a concretização do presente trabalho, usou-se o método de consulta bibliográfica e a pesquisa pela Internet. 5 2. Qualidade de ensino em Moçambique antes e depois de independência. 2.1. Ensino em Moçambique antes da independência Segundo Rachide,(2015), Em Moçambique muito antes da chegada dos português as comunidades nativas tinham o seu sistema de educação dos seus filhos, designada de educação tradicional. Todos os membros das comunidades tradicionais eram responsáveis pela boa conduta das novas gerações, devendo por isso reprimir qualquer comportamento incorrecto de qualquer criança, independentemente de ser parente ou não. 2.1.2 A educação tradicional É aquela que ocorre nos meios sociais ou comunidades de modo informal, caracterizada pela ausência pré-determinada dos objectivos, conteúdos e das formas de organização específicas, pelo que não reúne o padrão de educação formal, (Idem). Existem vários tipos de educação tradicional de acordo com as comunidades, variando segundo o género (masculina e feminina), momento (ritos de passagem ou iniciação por exemplo a circuncisão), etc, desempenhando as funções: informativa, instrutiva e formativa. Em geral a educação tradicional tem carácter pragmático, pois destina-se essencialmente, a ensinar a saber fazer coisas concretas como: Praticar as actividades sócio económicas, como cultivar, praticar a caça, construir as suas casas, montar armadilhas para os animais, aves, peixe, etc. Actividades culturais como: a dança, a arte, os ritos de passagem e de iniciação a vida adulta; assistência e o comportamento perante a mulher, durante a gravidez, o nascimento de bebés, a realização de cerimónias fúnebres e outras importantes naquelas comunidades como o coroamento do régulo ou assistência às cerimónias religiosas, etc. Técnicas de autodefesa perante o perigo de pessoas ou animais ferozes e tratamento de casos de mordedura de cobras venenosas; Noção de medicina tradicional para o tratamento de doenças mais comuns nas sociedades em causa. A educação nesta fase, transmitia conhecimentos e técnicas acumuladas na prática produtiva, indultava o seu código de valores políticos, morais culturais e sociais e dava uma visão idealista do mundo e dos fenómenos da natureza, isto é, pela iniciação e rito, 6 pelo dogma e superstição, pela religião e magia, pela tradição, o indivíduo era preparado para aceitar a exploração como uma lei natural e assim reproduzi-la no seu grupo etário, na sua família, na sua tribo, etnia e raça (Boletim da República, 1983). 3.Educação colonial Um dos períodos históricos da educação em Moçambique deu-se no tempo colonial, marcado pela existência de um sistema escolar com objectivos, conteúdos e métodosde ensino propícios ou adequados para o sistema político vigente, (Rachide, 2015) 3.1.Organização do sistema de ensino a partir dos anos 30 Ao contrário do que aconteceu nas áreas de influência de outros países europeus, o sistema escolar colonial constituiu em Moçambique uma possibilidade formativa só para uma mínima parte da população. A educação tinha por função modelar o homem servil, despersonalizando alienado das realidades do seu povo; ela devia favorecer a formação de um homem tão estranho ao seu próprio povo que pudesse vir a ser, mais tarde, instrumento do poder colonial para a dominação dos seus irmãos; também estava confiada a formação de mão-de-obra barata (GOMEZ, 1999). O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as circunstâncias histórico económicas e a conjuntura política internacional. A formação do indígena e a criação da figura jurídico-político ”assimilado” impunham-se como necessidade de força de trabalho qualificada para a maior exploração capitalista. A necessidade de educação dos povos/população originária de Moçambique, foi desde o princípio da colonização portuguesa, bastante conflituosa; pois era tida como absurda, não só pela história, como também perante a capacidade mental dos moçambicanos, considerados de inferiores. Considerava-se de “uma ilusão pensar em civilizar os “negros” com a bíblia, educação e panos de algodão (Martins, 1920) 3.1.2.Os objectivos da educação colonial visavam: Assegurar a hierarquia política, cultural da classe dominante sobre as ditas classes tradicionais ou “primitivas”, consideradas estagnadas no processo histórico; 7 A formação do “indígena” e a criação da figura jurídico-política de “assimilação” impunha-se como necessidade da força de trabalho qualificada para uma maior exploração capitalista; Ensinar a ler, escrever e contar o mínimo necessário para se comunicar com os colonizadores e constituir a força de trabalho; Garantir o processo de assimilação e alienação cultural da população nativa a partir de um conjunto de requisitos nomeadamente: Saber ler, escrever e falar a língua portuguesa; Ter meios suficientes para sustentar a família; Ter a necessária educação, hábitos individuais e sociais de modo a poder viver segundo a lei pública portuguesa; Ter bom comportamento e solicitar por via de um requerimento à autoridade administrativa local para ser aprovado como tal Conteúdos. Desenvolveu-se o sistema de educação paralela, para filhos da classe dominante e para indignas (boletim da República, 1983). 3.1.3.O sistema educativo colonial português era organizado de seguinte modo: a)Ensino Indígena- Destinado a elevar gradualmente a vida selvagem à vida civilizada dos povos cultos a população autóctone das províncias ultramarinas. b)Ensino primário elementar- destinado a populações não indígenas, visando dar nos beneficiários os instrumentos fundamentais do saber e as bases de uma cultura qual, preparando-os para a vida social. 3.1.4.Estrutura de conteúdos de 1962 sem alterar a natureza: 1. Ensino de adaptação – compreendendo três anos, com ingresso aos 10 anos, destinado aos indígenas. 2. Ensino primário comum (oficial, missionário católico, missionário estrangeiro, particular), de 4 anos com ingressos aos 7 anos, destinados a população branca, mestiça e assimilada, subdividida em: Ensino normal indígena – EHPP – 3/4 anos. E em 1964 introduzida a Escola do Magistério, 2 anos com ingresso 5º ano; Ensino Técnico elementar de 2 anos e profissional (industrial/comercial) de 3 anos. 8 Ensino Técnico Profissional, com secções preparatórias aos institutos industrial/comercial. Do nível de Ensino Geral: Ciclo preparatório (2) anos; Ciclo liceal (5) anos; Estudos Gerais Universitários. 4.Educação nas Zonas Libertadas Na sequência do desenvolvimento impetuoso do processo da luta armada de libertação de Moçambique surgiram as zonas libertadas em solo pátrio, no norte do Pais. Nessas zonas a vida das populações era organizada de modo diferente do resto do país ,ainda sob administração colonial. Foram consideradas por zonas libertadas, as regiões do território nacional onde a administração colonial se retirou, as populações abandonaram as suas povoações para escapar à repressão colonial e viver sob a protecção. Progressivamente, este processo desenvolvia-se, surgindo as zonas libertadas e semi-libertadas, isto é, zonas onde a totalidade da vida das populações, onde no quotidiano se aplicavam as palavras de ordem do movimento, constituindo lugares, momento e espaço de ensaio de uma sociedade nova e de exercício do poder, de aprendizagem de novos valores para a formação de uma sociedade, não baseada em racismo, tribalismo, regionalismo e de outros males próprios do regime colonial.(Sabonete, 2015) Nas zonas libertadas um slogan era educar ao homem para ganhar a Guerra, criar nova sociedade e desenvolver o país; A novidade foi de ''criação de novas escolas com centro de Aprendizagem, um espaço onde o conhecimento era sistematizado, elaborado e transmitido'', a educação Colonial era um processo de alienação ou moralização dos indígenas, isto é, preparação de futuros trabalhadores rurais e artífices» (MAZULA,1995). 4.1. O sistema educativo nas zonas libertadas (1969/70) foi definido para responder aos seguintes objectivos: A formação do Homem Novo, com uma nova mentalidade que para além de ser capaz de resolver os problemas imediatos colocados pela revolução quer dizer: 9 Formar o “Homem Novo” com plena consciência do poder da sua inteligência e da força transformadora do seu trabalho na sociedade e na natureza; livre de concepções supersticiosas e subjectivas Rejeitar firme e violentamente todas as tendências do individualismo, bem como da corrupção; Criar (nos alunos) uma personalidade moçambicana sem subserviência (espírito servil) algum, assuma a sua realidade (sócio-cultural), saiba em contacto com o mundo exterior, assimilar criticamente as ideias e experiências de outros povos; Criar uma nova atitude na mulher, emancipá-la na sua consciência e comportamento e no homem um novo comportamento e mentalidade em relação à mulher. Estrutura: a) Educação formal – destinada a crianças e adolescentes com 4 níveis (pré-primário, primário, secundário (Bagamoio em Tanzânia), que nunca chegou a funcionar b) Formação de Professores – em cursos nacionais e provinciais – de 3 meses a 1 ano. No Ensino Primário leccionavam-se as seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, Ciências, História, Trabalhos Práticos, Política, Educação Artística e Educação Física. No Ensino Secundário existiam as seguintes áreas curriculares: Língua Portuguesa, Inglês, Política, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Física, Química, Biologia, Trabalhos Práticos, Desenho e Educação Física. Além destes também foram dados cursos de Magistério Primário, Informação e Propaganda, Cooperação e Administração. 5.Educação em Moçambique Depois da Independência Com a celebração da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, Moçambique iniciava o processo de organização do Aparelho do Estado e a extensão das experiencias positivas vividas nas zonas libertadas à escala nacional. Paralelamente a este processo foram sendo concebidos novos instrumentos normativos e de conteúdos de ensino para todos os níveis e tipos de ensino.(Rachide, 2015) 10 Chamamos de reforma ao processo de mudança, transformação que se opera num certo ramo que pode ser: Evolutiva não afectando a estrutura do sistema de educação, introduzindo apenas algumas medidas; Estrutural- aquela que se opera no sistema, alterando-se os 5.1.objectivos, conteúdos/ programas. O sistema de educação – o processo de organizado por cada sociedade para transmitir as novas gerações as suas experiências,conhecimentos, valores culturais, desenvolvendo os aspectos ideológicos da política do Estado. A reforma da educação em Moçambique teve as seguintes etapas características: a) De 1975/77, altura em que ocorreram os seguintes acontecimentos: A nacionalização da educação em 24 de Julho de 1975 e a suspensão consequente de todos os livros e currículos de origem portuguesa; A proclamação do direito a educação para todos os moçambicanos na Constituição da República; b)-Em 1978, iniciou-se com o processo de massificação da educação, intensificação da formação de professores, programas de Alfabetização e Educação de Adultos e o alargamento da rede escolar; c)-Em 1983, procedeu-se a introdução de SNE- Sistema Nacional de Educação, que pela sua natureza, estrutura e objectivos era por si diferente do anterior. A continuação do alargamento da rede escolar e a consequente aumento da população estudantil moçambicana materializando os três grandes objectivos: erradicação do analfabetismo; introdução da escolaridade obrigatória e a formação de quadros para as necessidades da economia e do desenvolvimento. d)-As resoluções do 5º Congresso do Partido Frelimo- 1989l, lançaram as bases ideológicas e económicas para a reforma escolar; Em 1991, foi autorizado o exercício do ensino particular privado e comunitário e da actividade dos explicadores por Dec.- 11/90. 11 Tomando em conta a situação educacional antes da Independência que se caracterizava pela: A existência de dois sistemas de educação (indígena, para brancos, asiáticos e assimilados); Carácter discriminatório e racial; Pouca importância ao ensino técnico e profissional; Inexistência da educação de adultos; Carácter urbano e suburbano da rede escolar; A educação baseada em programas de ensino e cultura portuguesas, a adopção do SNE por si só significaram uma grande viragem; 5.1.2. Os aspectos gerais do processo de reestruturação do SNE em Moçambique abrangem: Descentralização das matrículas, dando a autonomia as autoridades locais quanto a a definição das metas de ingresso, de acordo com as condições, capacidades das escolas, disponibilidades de recursos financeiros e professores. Criação de diferentes tipos de ensino público e privado através do Dec.11/90; Estado deixou de se responsabilizar pela distribuição dos graduados dos diferentes níveis e tipos de ensino; Introdução dos exames de admissão aos Ensinos Médio – Técnico Profissional e Superior; Introdução de vários ramos (A, B, C,) nas duas secções do nível médio do Ensino Secundário Geral. 6.Introdução do Sistema Nacional de Educação A lei n°4/83 de 23 de Março define o Sistema de Educação como processo organizado por cada sociedade para transmitir as novas gerações as suas experiências, conhecimento e valores culturais, desenvolvendo as capacidades e aptidões do indivíduo, de modo a assegurar a reprodução da sua ideologia e das suas instituições económicas e sociais. O SNE, fundamenta-se nas experiências de educação desde a luta armada até a presente fase de desenvolvimento.(Idem) a) A erradicação do analfabetismo; 12 b) A introdução da escolaridade obrigatória; c) A formação de quadros para as necessidades do desenvolvimento económico e social e da investigação científica, tecnológica e cultural. Princípios gerais. As línguas nacionais, foram excluídas do SNE e foram expostas ao confinamento das ideias. A educação nacionalista, contribuiu para dar ao moçambicano ''uma dimensão metafísica e ao mesmo tempo ter tentado concretizar estas qualidades numa realidade concreta e enquadrá-las numa luta pela liberdade'' (CASTIANO, 2005). 6.1.O Sistema Nacional de Educação orienta-se pelos seguintes princípios gerais: a) A Educação é um direito e um dever de todo o cidadão, o que se traduz na igualdade de oportunidades de acesso a todos níveis de ensino e na educação permanente e sistemática de todo o povo; b) A Educação reforça o papel dirigente da classe operária e a aliança operário - camponesa, garante a apropriação da ciência, da técnica e da cultura pelas classes trabalhadoras, e constitui um factor impulsionador do desenvolvimento económico, social e cultural do país; c) A Educação é o instrumento principal da criação do Homem Novo, homem liberto de toda a carga ideológico e política da formação colonial e dos valores negativos da formação tradicional capaz de assimilar e utilizar a ciência e a técnica ao serviço da Revolução d) A Educação na República de Moçambique baseia-se nas experiências nacionais, nos princípios universais do Marxismo-Leninismo, e no património científico, técnico e cultural da Humanidade; e) A Educação é dirigida, planificada e controlada pelo Estado, que garante a sua universalidade e laicidade no quadro da realização dos objectivos fundamentais consagrados na constituição. 6.1.2.O processo educativo orienta-se pelos seguintes princípios pedagógicos a) Desenvolvimento das capacidades e da personalidade de uma forma harmoniosa, equilibrada e constante, conferindo uma formação integral nas áreas político-ideológica 13 e moral, da comunicação, das ciências matemáticas, das ciências naturais e sociais, politécnica e laboral, estético-cultural e da educação física; b) Unidade dialéctica entre a educação científica e a educação ideológica, devendo os programas e conteúdos do ensino reflectir a orientação política e ideológica; c) Desenvolvimento de iniciativa criadora, da capacidade de estudo individual e da assimilação crítica dos conhecimentos; d) Ligação entre a teoria e a prática, que se traduz no conteúdo e método de ensino das várias disciplinas, no carácter politécnico da educação conferida e na ligação entre a escola e a comunidade; e) Ligação do estudo ao trabalho produtivo socialmente útil como forma de identificação com as classes trabalhadoras, de aplicação dos conhecimentos científicos a produção e de participação no esforço de desenvolvimento económico e social do país; f) Ligação estreita entre a escola e a comunidade, em que a escola actua como centro de dinamização do desenvolvimento socioeconómico e cultural da comunidade e recebe desta a orientação necessária para a realização de um ensino e formação que respondam as exigências da edificação socialista no país. São objectivos gerais do Sistema Nacional de Educação: a) Formar cidadãos como uma sólida preparação política, ideológicos, científicos, técnica, cultural e física e uma elevada condição patriótica e cívica; b) Erradicar o analfabetismo de modo a proporcionar a todo povo o acesso ao conhecimento científico e o desenvolvimento pleno das suas capacidades; c) Introduzir a escolaridade obrigatória e universal de acordo com o desenvolvimento do país, como meio de garantir a educação básica a todos os jovens moçambicanos; d) Assegurar a todos os moçambicanos o acesso a formação profissional; 14 e) Formar o professor como educador e profissional consciente com profunda preparação política e ideológica, científica e pedagógica, capaz de educar os jovens e adultos nos valores da sociedade socialista; f) Formar cientistas e especialistas altamente qualificados que permitam o desenvolvimento da investigação científica; g) Difundir, através do ensino, a utilização da língua portuguesa contribuindo para a consolidação da unidade nacional; h) Desenvolver a sensibilidade estética e capacidade artística das crianças, jovens e adultos educando-os no amor pelas artes e no gosto pelo belo; i) Fazer das instituições de ensino bases revolucionárias para a consolidação do poder popular, profundamente inseridas na comunidade. 6.1.3.Estrutura do Sistema Nacional de Educação O Sistema Nacional de Educação é constituído pelos seguintes subsistemas, estruturado em quatro níveis: Primário; Secundário; Médio e Superior: 1-Subsistema de Educação Geralque compreende o Ensino Primário com dois graus 1° de 1ª à 5ª classe e 2° de 6ª à 7ª classes e Secundário que compreende cinco classes e subdividido em dois ciclos: 1° Ciclo, de 8ª à 10ª classe e 2° Ciclo, 11ª à 12ª classe. 2-Subsistema de Educação de Adultos que funciona com dois níveis – 1 e 2 graus. 3-Subsistema de Educação Técnico Profissional que compreende os níveis: Elementar; Básico e Médio comercial, agrário e industrial. 4-Subsistema de Formação de Professores; A formação de professores estrutura-se em três níveis: A formação de professores estrutura-se em três níveis: 1-Nível básico: destinado a formação de professores do ensino primário do 1o grau do SNE, 2-Nível médio: realiza a formação inicial dos professores do ensino primário e dos professores de prática de especialidades do ensino técnico-profissional. 15 3-Nível superior: realiza a formação dos professores para todos os níveis e tipos de ensino. 4-Subsistema de Educação Superior. 6.1.4.Diferenças entre o sistema de ensino colonial e o sistema nacional de educação Sistema educação colonial Sistema nacional de educação Ensino oficial e ensino indígena; Estrutura fragmentaria: multiplicidade de curso profissionais, depois dos quatro primeiros anos de escolaridade; Falta de coordenação entre os diverso cursos profissionais, depois dos quatros anos de escolaridade; Sistema de ensino de 11 anos com a seguinte estrutura:4-2- 3-universidades; Sem possibilidade simultânea de saída para a vida activa e ingresso num novo nível ou subsistema ; Objectivos e conteúdos diferentes não articulados. Sistema único de ensino: laico e publico; Escolaridade primária de 4 para 7 anos sem primeiro ciclo; Subsistemas articuladas e integrados; Unicidade dos sistemas; Ensino secundário geral, ensino técnico e formação de professores de 3 níveis; Sistema de ensino de 12 anos, com a seguinte estrutura:7-3-2 universidades; Possibilidade de saída para a vida activa, no fim de cada nível, ou ingresso num novo; Definidos objectivos e conteúdos gerais do conteúdo do sistema; carácter politécnico do ensino primário. Fonte: Sabonete, (2015) 7.Reforma do Sistema Nacional de Educação 16 Nos termos da lei 6/92, foi reajustado o quadro geral do sistema educativo e adequar as disposições contidas na lei 4/83, as condições sociais e económicas do Pais, tanto do ponto de vista pedagógico como organizacional. A educação moçambicana tem por objectivos erradicar o analfabetismo, garantir o Ensino Básico a todos os cidadãos de acordo com o desenvolvimento do Pais, através da introdução progressiva da escolaridade obrigatória e formar quadros para as necessidades do desenvolvimento socioeconómico.(Rachide, 2015) O ingresso a escola o Sistema Nacional de Educação estabelece a idade mínima de seis (6) anos, seguindo a seguinte estrutura: a) Ensino Pré-escolar aquele que se realiza em creches e jardins de- infância para crianças de idade inferior a 6 anos; b) Ensino Escolar – que compreende o Ensino Geral, Ensino Técnico Profissional e Superior. Este tipo de Ensino integra também as seguintes modalidades especiais seguintes: Ensino Especial, destinado a crianças portadoras de deficiências físicas, sensoriais e mentais: Ensino Vocacional, visado atender as crianças que tendo vocação para determinadas profissões ou artes. Ensino de Adultos, destinado a atender aqueles que já não se encontram em idade formal de escolarização. Ensino a distância, destinado a satisfazer as necessidades de ensino para alunos que não estejam perto dos estabelecimentos de ensino que deseje frequentar. Formação de professores para os Ensino geral e Técnico profissional, c) Ensino Extra-Escolar e aquele que engloba actividades de alfabetização e de aperfeiçoamento, actualização cultural e científica e realiza-se fora do sistema regular do ensino. Este tipo de escolarização visa essencialmente assegurar que aqueles que por alguma razão abandonaram precocemente a escola completem o ensino de base. 17 O Ensino Geral compreende dois níveis: O Ensino Primário subdivido em dois graus 1 ( 1 a 5 classes ᵒ ᵃ ᵃ ) e 2ᵒ grau de (6ᵃ a 7ᵃ Classes) tem como objectivo proporcionar a formação básica nas áreas de comunicação, ciências matemáticas, das Ciências naturais e sociais, da Educação .Física, Estética e Cultural; O Ensino Secundário que compreende dois ciclos, sendo o 1ᵒ de 8ᵃ a 10ᵃ Classes e o 2ᵒ de 11ᵃ a 12ᵃ Classe, visando a consolidação e ampliação dos conhecimentos dos alunos nas Ciências Matemáticas, Ciências Naturais e sociais e nas áreas de cultura, da estética e ed. Física. Ensino Técnico profissional subdividido em três níveis: Elementar, Básico e Médio, integrando formações das áreas Comercial, Industrial e Agrária. Este tipo de ensino constitui o principal instrumento para a formação de profissional da forca de trabalho qualificada necessária para o desenvolvimento económico e social dos pais. Ensino Superior – que compete assegurar a formação superior de técnicos e especialistas nos diferentes domínios de conhecimento científico. 8.O processo de transformação curricular em Moçambique: Novo Currículo do Ensino Básico Estas necessidades impõem desafios, mudanças para o sector da educação, nomeadamente da necessidade de rever os conteúdos de ensino tanto para o Ensino Primário como para o Secundário. Constituem inovações deste currículo, a introdução dos ciclos de aprendizagem; o Ensino Básico integrado; o currículo local; um novo critério de distribuição dos Professores no 3º ciclo; a promoção semi-automática e a introdução de Línguas Moçambicanas durante o ensino, a integração do Inglês, de Ofícios e de Educação Moral e Cívica como disciplinas curriculares. Em seguida vamos detalhar os aspectos atrás referidos. 1-Ciclos de aprendizagem O novo currículo do Ensino Básico é constituído por três ciclos de aprendizagem: o 1º (1ª e 18 2ª classes) é de dois anos; o 2º (3ª, 4ª e 5ª classes) dura três anos; e o 3º e último (6ª e 7ª classes) de dois anos, como se pode ver no quadro seguinte: Grau 1◦ 2◦ Ciclo 1◦ 2◦ 3◦ Classe 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Idade 6 7 8 9 10 11 Fonte: Rachide, 2015 Os ciclos de aprendizagem são unidades de aprendizagem com o objectivo de desenvolver habilidades e competências específicas. Assim, o 1º ciclo desenvolve habilidades e competências de leitura e escrita, contagem de números e realização das operações básicas: somar, subtrair, multiplicar e dividir; observar e estimar distâncias, medir comprimentos; dar noções de higiene pessoal, de relação com as outras pessoas, consigo próprio e com o meio; O 2º ciclo aprofunda os conhecimentos e as habilidades desenvolvidos no 1º ciclo e introduz novas aprendizagens relativas às Ciências Sociais e Naturais, bem como ao cálculo de superfícies e volumes; O 3º e ultimo ciclo, para além de consolidar e ampliar os conhecimentos e habilidades adquiridos nos ciclos anteriores, prepara o aluno para a continuação dos estudos e/ou para a vida. Note-se que é necessário ter em conta que os ritmos de aprendizagem e desenvolvimento são variáveis de pessoa para pessoa, e isto também se deve poder aplicar ao nível da escola, principalmente nos primeiros anos de escolaridade (INDE, 1999). Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento cognitivo não é uniforme para todas as crianças e depende de vários factores, é de considerar a hipótese de providenciar mais tempo para que as crianças nos diferentes estágios de crescimento atinjam diferentes estágios de desenvolvimento em diferentes momentos. 19 O Ensino Básico Integrado, em Moçambique é de sete classes, articulado sob o ponto de vista de estrutura, objectivos, conteúdos, material didáctico e da própria prática pedagógica.Caracteriza-se por desenvolver no aluno conhecimentos, habilidades e valores de forma articulada e integrada de todas as áreas de aprendizagem, que compõem o currículo, conjugados com as actividades extra-curriculares e apoiado por um sistema de avaliação que integra as componentes sumativa e formativa. Através do Ensino Básico Integrado, espera-se proporcionar ao educando um conjunto de conhecimentos e competências sobre/em diferentes áreas e matérias de uma forma integrada e harmoniosa.(Rachide, 2015) A abordagem integrada das diferentes matérias, versadas pelos livros, apoia consideravelmente o processo de ensino-aprendizagem na sala de aula, isto é, a prática pedagógica. Poder-se-ão integrar matérias ou disciplinas que, não necessariamente dentro dos padrões do currículo tradicional, em que as matérias ou disciplinas são leccionadas de forma isolada ou compartimentada, guardam entre si algum relacionamento. Assim, poderíamos, se a escola entendesse que os seus alunos “aprenderiam melhor”, fazer integração de duas, três ou mais matérias seleccionadas por sua significância. Assim, tomando como ponto de partida um tema particular de Ciências Sociais, “Estudo da comunidade onde os alunos são originários”, por exemplo, pode-se motivar os alunos permitir-lhes que relacionem este tema com conteúdos de Português tais como descrição, relato, etc. A situação de aprendizagem, neste exemplo, decorrerá ou desencadear-se-á a partir da integração de conteúdos destas disciplinas, à qual outras matérias ou disciplinas poderão eventualmente agregar-se. Entretanto, o ensino integrado não consiste apenas na contemplação de matérias ou conteúdos doutras disciplinas, compreende também a transformação das experiências dos alunos, do senso comum, em ciência com que eles possam interpretar fenómenos e desenvolver o mundo que os rodeiam. Currículo Local Um dos grandes objectivos do presente currículo é formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, a vida da sua família, da comunidade e do país, tomando em consideração os saberes, práticas relevantes e necessidades das comunidades onde a escola se situa. Para o efeito, os programas de ensino devem prever 20 uma carga horária de 20% do total do tempo do currículo nacional para a acomodação do currículo local (CL). 8.1.Promoção semi-automática ou progressão normal: A principal inovação no sistema de avaliação consistirá na adopção de um sistema de promoção por ciclo de aprendizagem dos alunos que consiste na transição destes, de um ciclo de aprendizagem para o outro. Para que isso aconteça, é necessários que se criem condições de aprendizagem para que todos os alunos atinjam os objectivos mínimos de um determinado ciclo, o que lhes possibilita a progressão para estágios seguintes. Estas condições assentam, fundamentalmente, numa avaliação predominantemente formativa, onde o processo de ensino-aprendizagem esteja centrado no aluno, o que permite que se obtenha uma imagem com a maior fiabilidade possível do desempenho do aluno em termos de competências básicas descritas no currículo.(Idem) Uma vez assegurada a avaliação formativa, o que significa que se providenciou a recuperação dos alunos com problemas na aprendizagem, existem condições de base para os promover para os estágios seguintes, mesmo que ainda existam algumas dificuldades de percurso. Excepcionalmente, poderá haver casos de repetência no final de cada ciclo de aprendizagem. No entanto, isso somente acontece nos casos em que o professor, o Director da Escola e os Pais/Encarregados de Educação cheguem à conclusão que acriança, apesar de todo o esforço desencadeado por todos eles, não atingiu as competências mínimas e, por isso, não beneficiará da progressão para o estágio seguinte. 21 9.Conclusão Chegado a este ponto conclui-se que Em Moçambique muito antes da chegada dos português as comunidades nativas tinham o seu sistema de educação dos seus filhos, designada de educação tradicional, e educação tradicional é aquela que ocorre nos meios sociais ou comunidades de modo informal, caracterizada pela ausência pré- determinada dos objectivos, conteúdos e das formas de organização específicas, pelo que não reúne o padrão de educação formal, Um dos períodos históricos da educação em Moçambique deu-se no tempo colonial, marcado pela existência de um sistema escolar com objectivos, conteúdos e métodos de ensino propícios ou adequados para o sistema político vigente Na sequência do desenvolvimento impetuoso do processo da luta armada de libertação de Moçambique surgiram as zonas libertadas em solo pátrio, no norte do Pais. Nessas zonas a vida das populações era organizada de modo diferente do resto do país ,ainda sob administração colonial, com a celebração da Independência Nacional a 25 de Junho de 1975, Moçambique iniciava o processo de organização do Aparelho do Estado e a extensão das experiencias positivas vividas nas zonas libertadas à escala nacional. Paralelamente a este processo foram sendo concebidos novos instrumentos normativos e de conteúdos de ensino para todos os níveis e tipos de ensino 22 10.Referencias Bibliográfica RACHIDE, Fernando, Universidade Pedagógica de Moçambique, Maputo,(2015) Boletim da República, 3º Suplemento, Publicação Oficial da República Popular de Moçambique, (1983). GÓMEZ, Miguel B., Educação de Moçambique História de um Processo: 1962-1984, Livraria Universitária, Maputo, Moçambique,(1999). SABONETE, Crisália Maria Pascoal , Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância (IAPED) manual de tronco comum, (2015). MAZULA, Brazão, Educação, Cultura, e Ideologia em Moçambique: 1985, Edições Afrontamento e Fundamento bibliográficas de Língua Portuguesa, (1995). INDE/MINED, Plano Curricular de Ensino, INDE/MINED Moçambique, (2003).
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