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Distocias do parto

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1 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
DISTÓCIAS DE PARTO 
Qualquer perturbação no bom andamento do parto 
em que estejam implicadas alterações em um dos três 
fatores fundamentais que participam do parto: 
o Força motriz ou contratilidade uterina – distocia 
funcional 
o Objeto – distocia fetal 
o Trajeto (bacia e partes moles) – distocia do trajeto 
 
o Discinesias 
o Alteração na força motriz durante o TP - a 
contratilidade uterina ineficiente para dilatar o 
colo e fazer progredir o parto, ou, ao contrário, a 
atividade exagerada, capaz de determinar 
parturição rápida e precipitada. 
o Presente em até 37% das nulíparas com gestações 
de baixo risco. 
o Os desvios dinâmicos da matriz podem existir 
isolados (distocia funcional idiopática) ou como 
decorrência de outras alterações patológicas 
(desproporção cefalopélvica, toxemia, 
polidrâmnio etc.). 
o Utiliza-se a classificação de Goff para descrever as 
distocias funcionais. 
A onda contrátil do parto normal é caracterizada pelo 
triplo gradiente descendente (TGD). As anomalias da 
contração podem ser quantitativas ou qualitativas. 
Nas alterações quantitativas, as ondas são 
generalizadas e mantêm o TGD, apenas seus valores 
são hipo ou hiperativos. Configuram anomalias 
qualitativas ondas generalizadas com o gradiente 
invertido ou ondas localizadas, assincrônicas, 
incoordenadas. 
DISTOCIA POR HIPOATIVIDADE UTERINA: 
✓ Contração abaixo do normal, gerando um parto 
lento. 
✓ Considera-se o útero hipoativo quando a 
contração tem intensidade inferior a 25 mmHg 
(hipossistolia), a frequência menor que 2 em 10 
min (bradissistolia) e a atividade uterina situa-se 
abaixo de 100 unidades Montevidéu (UM); o 
tônus costuma ser menor que o normal. 
✓ Suas causas não estão bem esclarecidas, e, na 
maioria das vezes, o útero é capaz de se contrair 
normalmente quando se perfunde ocitocina 
intravenosa em doses fisiológicas (1 a 8 mU/min), 
a melhor conduta terapêutica. 
Pode ser dividida em: 
o Hipoatividade primária – diagnosticada desde o 
início do trabalho de parto 
o Hipoatividade secundária – inicialmente normal, 
tornou-se ficou lento ou parou de evoluir 
DISTOCIA POR HIPERATIVIDADE UTERINA: 
✓ As contrações têm intensidade exagerada, 
superior a 50 mmHg (hipersistolia), e frequência 
maior que 5 em 10 min (taquissistolia ou 
polissistolia), de modo que a atividade uterina 
ultrapassa 250 UM. 
✓ A hipersistolia é consequência do aumento da 
força contrátil das fibras uterinas; aparece sem 
causa evidente, após a administração de ocitocina 
em doses elevadas, associada à toxemia ou ao 
parto obstruído. 
✓ A hiperatividade uterina, na ausência de entrave 
mecânico, produz parto precipitado com possível 
laceração do trajeto, traumatismo e sofrimento 
fetal. O tratamento consiste na simples adoção do 
decúbito lateral (na taquissistolia isolada) ou no 
emprego de medicamentos uteroinibidores 
Subdivide-se em: 
o Hiperatividade com obstrução – devido à 
desproporção cefalopélvica, tumor de trajeto 
prévio ou sinequia do colo uterino 
o Hiperatividade sem obstrução – hiperatividade 
intrínseca causando um parto rápido, ao que se 
conceitua um parto em 3 horas ou menos – desde 
o início do trabalho de parto até a expulsão do 
produto conceptual e da placenta e suas 
membranas. 
DISTOCIA POR HIPERTONIA: 
Parto lento causado por: 
o Uso indevido de ocitocina – causa mais frequente; 
deve suspender seu uso imediatamente. 
o Sobredistensão uterina – por gemelidade ou 
polidramnia. Deve-se tentar amniodrenagem ou 
rotura de uma das bolsas amnióticas, se possível. 
o Divide-se em: fraca (12 a 20 mmHg), média (20 a 
30 mmHg) e forte (acima de 30 mmHg). 
o Clinicamente, é fácil distinguir “útero mole” (tônus 
normal, de 10 mmHg) e “duro” (palpação no 
momento de uma contração de intensidade entre 
30 e 40 mmHg). Contrariamente, estando o tônus 
uterino acima de 30 mmHg, torna-se difícil 
perceber as contrações (“útero muito duro”); além 
de 40 mmHg, não se consegue deprimir a parede 
uterina. 
De acordo com o mecanismo de produção, as 
hipertonias são classificadas em quatro tipos: 
• Hipertonia por sobredistensão: existe 
sobredistensão quando o acréscimo anormal do 
conteúdo uterino não é acompanhado de 
crescimento progressivo da massa miometrial. O 
tônus excessivo deve-se ao fato de que as fibras 
uterinas foram estiradas acima do limite 
fisiológico, não sendo mais capazes de se adaptar 
às variações de comprimento. As hipertonias são 
fracas ou médias. O tratamento é o do 
polidrâmnio, corrigindo-se a discinesia pela 
extração do líquido amniótico excedente. 
• Hipertonia por incoordenação: como as 
diferentes partes do útero relaxam-se em tempos 
 
2 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
diversos, a pressão amniótica nunca pode descer 
ao nível do tônus normal, havendo sempre área 
em contração. A incoordenação, em geral, produz 
hipertonias fracas. 
• Hipertonia por taquissistolia: o aumento 
anormal da frequência das contrações, acima de 
5 em 10 min, causa elevação do tônus porque, 
encurtando-se o intervalo entre as metrossístoles, 
o útero não tem tempo para completar o seu 
relaxamento. As hipertonias por taquissistolia 
costumam ser fracas ou médias. A primeira 
medida terapêutica é a postura lateral da paciente 
completada por medicamentos inibidores da 
contratilidade uterina. 
• Hipertonia autêntica ou essencial: aqui, a 
hipertonia não pode ser explicada por nenhum 
dos mecanismos conhecidos (sobredistensão, 
incoordenação, taquissistolia) e depende do 
aumento do tônus primário. As hipertonias são 
fortes e geralmente estão associadas ao 
descolamento prematuro da placenta, à perfusão 
de ocitocina em doses maciças e à hipertonia por 
incoordenação. Parece não haver nenhum 
tratamento eficaz. 
As hipertonias ativas (autêntica, taquissistólica e por 
incoordenação) são as que produzem mais hipoxia no 
feto, reduzindo muito o afluxo de sangue à placenta; 
as passivas (por sobredistensão), por sua vez, 
diminuem em menor grau a circulação 
uteroplacentária. 
DISTOCIA POR HIPOTONIA UTERINA: 
✓ A hipotonia uterina (tônus inferior a 8 mmHg) 
ocorre muito raramente e, em geral, está 
associada à hipoatividade. 
✓ Sem relevância clínica durante a dilatação ou no 
período expulsivo, mas pode acarretar uma 
dequitação retardada. 
✓ Deve ser corrigida com medidas ocitócicas. 
DISTOCIA DE DILATAÇÃO: 
✓ Diagnóstico por eliminação. 
✓ A atividade uterina e o tônus são normais, mas a 
evolução não é favorável. 
Quadro clínico pode se apresentar de duas formas: 
o Paciente poliqueixosa, ansiosa – a liberação de 
catecolaminas na circulação decorrente do 
estresse pode levar à incoordenação uterina. 
Deve-se orientar a paciente e oferecer, se 
possível, analgesia peridural. 
o Inversão de gradiente ou incoordenação de 
primeiro grau idiopáticos – deve-se adotar 
medidas ocitócicas, visto que a ocitocina 
sensibiliza o marcapasso uterino. 
 
Presença de anormalidades ósseas ou de partes 
moles – gera um estreitamento do canal de parto e 
dificulta ou até impede a evolução normal do trabalho 
de parto e a passagem do feto. 
o Distocia do trajeto mole 
o Distocia do trajeto duro – vícios pélvicos 
DISTOCIAS ÓSSEAS: 
Anormalidades no formato, no tamanho ou nas 
angulações da pelve – torna difícil ou até impede o 
parto por via vaginal. 
A pelve viciada apresenta acentuada redução de um 
ou mais de seus diâmetros, ou modificação apreciável 
de forma. 
Diagnóstico: avaliação clínica, através de pelvimetria, 
apesar da possibilidade de realização de radiografias 
de quadril ou ressonância magnética da pelve. 
Causam transtornos já durante as últimas fases da 
gravidez – a cabeça se mantém alta, provocando 
dificuldades respiratórias. Esses distúrbios são mais 
acentuados nas cifoescolióticas, porque o espaço 
abdominal apresenta-se diminuído devido à descida 
do tórax; não é raro o nivelamento das costelas com 
os rebordos da pelve. Em tais circunstâncias, há 
comprometimentoda circulação e diminuição da 
ventilação pulmonar, motivos de mau prognóstico. 
Defeitos mais discretos costumam ser rastreados 
somente no decurso do trabalho, que não progride, 
apresenta-se distócico, sendo incapaz de se resolver 
pelas vias naturais. 
 
DISTOCIAS DE PARTES MOLES: 
Alterações do canal de parto (colo, vagina, vulva) e 
por tumorações prévias, genitais ou extragenitais que 
impede a progressão do trabalho de parto, 
excetuando-se as distocias ósseas: 
o Vulva e períneo – varizes, estenose ou edema de 
vulva, condiloma acuminado de grande extensão. 
Geralmente não impedem o parto, mas podem 
gerar mais sangramentos vaginais e/ou infecções 
pós-parto. 
o Vagina – septos vaginais (transversos ou 
longitudinais) 
o Colo – hipertrofia, estenose cervical pós-cirúrgica 
(conização, cerclagem) ou cicatriciale edema de 
colo 
o Tumores prévios – interpõem-se à apresentação 
fetal, como miomas ou neoplasias de colo uterino. 
 
Distocias do colo: 
 
3 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
Rigidez: 
✓ Dureza e inextensibilidade do colo 
✓ Observada em primigestas idosas, pacientes de 
cervites 
✓ Consequência de operações plásticas e 
cauterizações 
✓ Dificulta ou impede a dilatação 
✓ Pode levar à amputação espontânea do órgão. 
✓ As contrações uterinas comprimem a 
apresentação e produzem zona isquêmica 
intravaginal do colo. 
Aglutinação: 
✓ Decorre de processos infectuosos que destroem 
os epitélios da cérvice e determinam a 
justaposição das bordas do orifício externo. 
✓ Ao toque, no parto adiantado, percebe-se 
tubérculo ou depressão punctiforme, circunscrito 
por anel resistente. 
✓ É delgado, permitindo, muitas vezes, a percepção 
de suturas e fontanelas, o que leva a suposição de 
que a dilatação esteja completa. 
✓ A pressão do dedo, seguida de movimentos em 
espiral, para desfazer bridas e deslocar o polo 
inferior do ovo, é uma técnica singela, mas capaz 
de resolver a maioria dos casos. 
✓ Em casos de conglutinação, a operação cesariana 
é a melhor opção. 
Distopias: 
✓ As alterações da estática uterina, espontâneas ou 
determinadas pelas operações corretoras de 
prolapso ou retroversão, podem acarretar 
expansão desigual do segmento inferior 
originando saculação que produz desvio do colo 
para trás, para frente ou para os lados. 
✓ Trata-se da dilatação saciforme, confundida com 
a bolsa das águas e a dilatação completa. 
✓ Por meio do segmento, muito fino, é possível 
notar suturas e fontanelas. 
 
Fig: Dilatação saciforme do segmento inferior. A. 
Desvio do colo para a frente. B. Desvio posterior. 
Edema: 
✓ Observado nos partos prolongados 
✓ Por compressão do colo entre a apresentação e a 
pelve 
✓ Abrange toda a cérvice e é predominantemente 
encontrado no lábio anterior 
✓ A infiltração edematosa dificulta a dilatação, 
chegando a impedi-la; caso a situação se 
prolongue, pode ocorrer necrose dos tecidos 
cervicais. 
✓ Nos casos simples, com dilatação avançada, a 
conduta consiste em arregaçar o lábio anterior, 
levando-o para cima da apresentação. Quando a 
dilatação permanece estacionária, é preciso 
realizar operação cesariana. 
Distocias da vagina: 
Septos: 
✓ Geralmente congênitos 
✓ Podem ser longitudinais ou transversais, 
completos ou incompletos. 
✓ Os septos longitudinais totais quase sempre se 
associam ao útero duplo, havendo dois orifícios 
cervicais e duas cavidades uterinas 
independentes. 
✓ Poderá surgir gravidez em um ou em outro 
hemiútero (a ocorrência em ambos é rara) e o 
parto evoluir normalmente. 
✓ Quando distocia se interpõe, geralmente é 
motivada pelo hemiútero vazio e não pelo septo 
vaginal 
✓ O septamento incompleto cria obstáculo ao 
parto, indicando a cesariana. 
Distocias da vulva: 
Em geral, são resolvidas pelas episiotomia. 
Varizes: 
✓ Necessário atenção quanto a rupturas, que 
ocasionam hematomas vulvovaginais, próprios 
do sobreparto, embora também ocorram na 
gravidez. 
Cistos e abscessos da glândula de Bartholin: 
✓ Caso estejam muito desenvolvidos, devem ser 
extirpados ou incisados. 
Condilomas acuminados: 
✓ Acarretam rupturas complicadas, difíceis de 
reparar. 
✓ A episiotomia será feita em local livre de 
vegetações; conforme a extensão, indica-se a 
cesárea. 
Linfogranulomatose venérea: 
✓ a infiltração e a reduzida elasticidade dos tecidos 
vulvoperineais e perirretais dificultam a 
progressão e a expulsão; esta ocorre à custa de 
rupturas importantes, cuja cicatrização é lenta 
devido à infecção. 
✓ O traumatismo do parto é também desfavorável à 
evolução da doença, o que facilita a 
disseminação. 
✓ A operação cesariana evita esses agravos e outras 
complicações. 
Hímen: 
✓ Casos de parturiente com hímen normal e íntegro 
são exceções. 
✓ Não há razões médicas para indicar cesariana. 
✓ O hímen anormal é uma condição que oferece 
considerável resistência ao desprendimento da 
apresentação e constitui ponto de origem de 
grandes rupturas, sendo necessário seccionar o 
anel fibroso ou desinseri-lo à ponta de tesoura. 
Tumorações prévias: 
 
4 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
Que ficam à frente da apresentação fetal e, por sua 
localização, dificultam ou impedem a progressão do 
móvel. Distinguem-se em genitais e extragenitais, 
sendo as primeiras mais frequentes. 
Miomas uterinos: 
✓ Os nódulos que se desenvolvem no segmento 
inferior, por sua situação mais baixa que a 
apresentação, costumam prejudicar ou impedir o 
parto transpélvico. 
✓ Não é rara a ascensão do tumor durante a 
gravidez ou no decurso do trabalho, tornando 
possível a passagem da cabeça fetal. No parto, 
deve-se atentar para a possibilidade de ocorrer 
ruptura uterina quando a parturição é obstruída. 
✓ Nos miomas prévios bloqueantes, a via única é a 
abdominal, cesárea seguida ou não de ablação 
do tumor (miomectomia ou histerectomia), 
conforme o caso. 
Cistos e tumores do ovário: 
✓ Ocasionalmente, podem tornar-se bloqueantes, 
impedindo o parto pela via natural. 
✓ Ao contrário dos miomas, apenas 
excepcionalmente sofrem deslocamento 
espontâneo para cima. 
✓ A ruptura dos cistos papilíferos pode causar a 
disseminação das papilas epiteliais pela cavidade 
peritoneal; elas aderem ao peritônio e proliferam. 
A indicação adequada é a laparotomia, para 
histerotomia e ooforectomia parcial. 
 
Anormalidades que ocorrem no trabalho de parto 
atribuídas ao feto e às relações materno-fetais. 
TAMANHO FETAL: 
o Mais de 4000g pode prejudicar a boa evolução 
do trabalho de parto; 
o A bacia materna não apresenta diâmetros que 
permitam a passagem – desproporção 
cefalopélvica. 
Deve-se tentar identificar preferencialmente antes do 
trabalho de parto – pode ser evidenciado de diversas 
maneiras: 
o Altura uterina acima do percentil 95 para idade 
gestacional 
o Presença de edema suprapúbico e membros 
inferiores sem insinuação do polo cefálico no 
estreito superior da bacia 
o Estimativa do peso fetal por meio de 
ultrassonografia obstétrica 
o Prova de trabalho de parto – caracteriza-se a 
parada secundária de dilatação pelo partograma. 
Desproporção 
cefalopélvica: 
Nas apresentações cefálicas, a desproporção decorre 
do volume demasiado ou da atitude viciosa da 
cabeça. 
Mulheres de pequena estatura com fetos grandes 
correm o risco de desenvolver o problema, além de 
fraturas prévias da pelve ou doenças ósseas 
metabólicas. 
 
Fig: As relações da cabeça com a sínfise púbica. A. 
Boa proporcionalidade cefalopélvica. B. Pequena 
desproporção. C. Grande desproporção. 
 
 
Fig: Cabeça passando pelo estreito inferior normal. B. 
Bacia afunilada: ângulo subpúbico angustiado, 
deslocando a cabeça para trás; o diâmetro sagital 
posterior do estreito inferior é amplo e possibilita a 
parturição. C. Ângulo subpúbico muito estreitado, 
não compensado pela amplitude do diâmetro sagital 
posterior; o parto não ocorre. 
Avaliação clínica da insinuação da cabeça fetal: 
o Na primípara, caso a cabeça não se insinue antes 
ou até a proximidadedo parto, fica caracterizada 
a suspeita de desproporção cefalopélvica. 
o Na multípara, o polo costuma se encaixar no 
período expulsivo. 
o onsidera-se a cabeça insinuada quando o vértice 
alcança ou ultrapassa a altura das espinhas 
ciáticas, plano “0” (zero). 
o O aprofundamento da cabeça na escavação é 
anotado pelo número de centímetros que se 
distanciam desse ponto ao ápice da 
apresentação. Para cima: “–1”, “–2” etc., para 
baixo: “+1”, “+2” etc. 
Suspeita-se de desproporção cefalopélvica se: 
• O progresso do parto for lento e arrastado, apesar 
da eficiente contratilidade uterina 
• Não houver insinuação da cabeça fetal (nas 
primíparas) 
• O toque vaginal revelar moldagem acentuada da 
cabeça e bossa serossanguínea 
• A cabeça estiver deficientemente aplicada ao colo 
 
Sinal de Farabeuf para o diagnóstico da insinuação. 
A. A cabeça está apenas adaptada ao estreito 
superior: três dedos podem ser introduzidos entre o 
vértice da apresentação, o plano do cóccix e o do 
períneo. B. Apresentação insinuada: apenas dois 
dedos podem ser colocados. C. Cabeça 
profundamente insinuada: somente um dedo. 
Diagnóstico: 
 
5 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
o Os possíveis efeitos ominosos decorrentes dos 
raios X e a constante prática da operação 
cesariana tornaram o método obsoleto. A 
ultrassonografia, inócua, fornece apenas, com 
exatidão, a conjugata vera e o diâmetro biparietal 
(DBP) do feto. 
o Atualmente, o diagnóstico da DCP baseia-se na 
observação de trabalho de parto protraído ou das 
“paradas de progressão” durante a fase ativa. 
o O uso do partograma é indispensável para 
monitorar o progresso do parto, tornando 
possível a identificação de anormalidades e a 
realização de intervenções adequadas. Em geral, 
as alterações de parada secundária da dilatação e 
parada secundária da descida auxiliam na 
suspeita da possibilidade de DCP, especialmente 
quando o feto não está insinuado. 
Tratamento: 
o Pode ser permitida a prova de trabalho, embora a 
cesariana seja o procedimento de escolha. 
o É importante ressaltar: o fórceps é péssimo 
instrumento na desproporção cefalopélvica. 
DISTOCIA BIACROMIAL: 
o Distocia de ombros 
o Complicação grave – pode ocorrer quando a 
apresentação é cefálica e, após o 
desprendimento do polo cefálico, os ombros não 
se soltam e não há outros fatores que impeçam 
seu desprendimento. 
o Na maioria dos casos, a distocia ocorre no ombro 
anterior impactado na sínfise materna. 
o Sinal da tartaruga – a cabeça fetal se exterioriza e 
se retrai. 
o Associa-se frequentemente a obesidade materna, 
ao pós-datismo e à diabetes gestacional. 
o Pode causar graves consequências à parturiente – 
como lacerações, atonia uterina, rotura uterina ou 
disjunção da sínfise púbica – e ao feto – lesões de 
plexo braquial, fratura de clavícula ou úmero, 
podendo evoluir para óbito intraparto ou 
neonatal. 
o A complicação fetal mais frequente é a paralisia 
do plexo braquial, seguida da fratura de clavícula 
e do úmero. Praticamente todas as paralisias se 
resolvem em 6 a 12 meses, mas 10% se tornam 
definitivas. 
Predição e prevenção: 
✓ É imprevisível 
✓ Macrossomia fetal é o principal fator de risco, mas 
não é bom preditor. 
✓ A maioria dos bebês > 4.500 g não desenvolve a 
distocia de ombros e quase 50% dos bebês com 
essa complicação pesam menos de 4.000 g. 
✓ Além disso, a ultrassonografia de terceiro 
trimestre tem apenas 60% de sensibilidade para 
macrossomia (peso > 4.500 g). 
 
A cesárea eletiva para evitar a distocia de ombros 
somente está indicada em pequeno grupo de 
mulheres com diabetes e suspeita de macrossomia 
fetal (peso estimado > 4.500 g). Igualmente, a cesárea 
eletiva está indicada sempre que o peso estimado 
fetal for maior que 5.000 g. 
 
Diante de uma distocia biacromial, deve-se adotar as 
seguintes medidas iniciais, em ordem – protocolo 
ALEERTA, orientado pelo ALSO (Advanced Life 
Support of Obstetrics): 
 
 
Diante da impossibilidade de alcançar os ombros, 
deve-se indicar resolução da gestação por via alta, 
reintroduzindo a cabeça na pelve materna até as 
espinhas isquiáticas – manobra de Zavaneli. 
 
Tratamento: 
É emergência obstétrica e são necessárias manobras 
imediatas para solucioná-la. 
As técnicas obstétricas podem ser divididas em: 1ª 
linha, 2ª linha e 3ª linha. 
São consideradas medidas preliminares: 
• Requisição de obstetra mais experiente, auxiliares, 
anestesista e neonatologista 
• A episiotomia por si só não soluciona a distocia de 
ombros, que é problema ósseo; no entanto, ela pode 
ser necessária para manobras internas 
• Não deve ser aplicada força em excesso sobre a 
cabeça ou o pescoço nem exercer pressão no fundo 
 
6 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
do útero, porque essas manobras não deslocam o 
ombro impactado e podem lesionar a mãe e o feto 
• Colocar as nádegas da paciente na borda da mesa. 
 
Manobras de 1ª linha: 
✓ Manobra de McRoberts: Flexão e abdução das 
coxas em direção ao abdome materno. Essa 
posição retifica o ângulo lombossacro e roda a 
sínfise púbica em direção cefálica, fazendo com 
que o ombro posterior caia na concavidade do 
sacro. A manobra de McRoberts é a intervenção 
isolada mais efetiva, com taxa de êxito de 90%, e 
deve ser a primeira a ser tentada. 
✓ Pressão suprapúbica: simultaneamente com a 
manobra de McRoberts. Reduz o diâmetro 
biacromial e o roda para um dos diâmetros 
oblíquos da pelve; assim, o ombro é capaz de 
deslizar por baixo da sínfise com a ajuda da tração 
de rotina. A pressão suprapúbica externa é 
aplicada para baixo e para o lado, de modo a 
empurrar o ombro anterior em direção ao tórax 
fetal. 
 
fig: Manobra de 
McRoberts. Hiperflexão e abdução das coxas sobre o 
abdome materno (seta horizontal) e pressão 
suprapúbica simultânea (seta vertical). 
 
Manobras de 2ª linha: 
✓ Manobras de rotação interna: tentam manipular 
o feto e rodar o ombro anterior para um plano 
oblíquo da bacia, a fim de desvencilhá-lo da 
sínfise materna. Compreendem a manobra de 
Rubin II, que consiste em inserir os dedos atrás 
do ombro anterior, tentando rodá-lo em direção 
ao tórax fetal, e a manobra de saca-rolha de 
Woods, na qual o parteiro coloca a mão atrás do 
ombro posterior do feto, tentando rodá-lo a 180°. 
 
Figura 83.10 Manobra de Rubin II. A. O diâmetro 
biacromial é mostrado como a distância entre as duas 
setas pequenas. B. O ombro anterior é empurrado em 
direção ao tórax fetal, reduzindo o diâmetro 
biacromial e liberando o ombro anterior encravado. 
 
Fig: Manobra de Woods. A mão é colocada atrás do 
ombro posterior do feto, que é então rodado 
progressivamente a 180°, de maneira similar ao 
movimento de um saca-rolha, de modo a desencravar 
o ombro anterior. 
 
✓ Extração do braço posterior: A mão do 
operador é introduzida na vagina. O cotovelo fetal 
é flexionado e o antebraço é liberado em 
movimento de varredura sobre a parede anterior 
do tórax fetal. A mão é segurada e o braço é 
estendido ao longo da face fetal, liberando-o da 
vagina. Isso encurta o diâmetro biacromial e 
possibilita que o feto caia na concavidade sacra, 
liberando o ombro anterior impactado. 
 
Fig: Remoção do ombro posterior. A. A mão do 
operador é introduzida na vagina e segura o braço 
posterior, mantendo o cotovelo flexionado, trazendo 
o braço fletido em movimento de varredura sobre o 
tórax. B. A mão fetal é apreendida e o braço é 
 
7 Laís Flauzino | HABILIDADES MÉDICAS | 4°P MEDICINA 
estendido ao longo da face. C. O braço posterior é 
extraído da vagina. 
 
✓ Manobra da posição de 4: colocar a paciente em 
posição de 4, resultando frequentemente no 
desencravamento do ombro anterior. 
Certamente, essa manobra é mais apropriada em 
mulher magra e móvel, sem o efeito de anestesias 
de condução. 
 
Manobras de 3ª linha: 
Manobras heroicas, de exceção, última tentativa de 
evitar o óbito fetal. 
✓ Clidotomia – fratura deliberada da clavícula 
anterior 
✓ Manobra de Zavanelli – recolocação da cabeçafetal no útero, seguida de cesárea 
✓ Sinfisiotomia – secção da cartilagem fibrosa da 
sínfise sob anestesia local. 
A manobra de Zavanelli talvez seja mais apropriada 
para os casos raros de distocia de ombros bilateral, 
quando ambos os ombros estão impactados – 
anteriormente acima do púbis e posteriormente sob 
o promontório sacro. 
 
Fig: Manobra de Zavanelli. Sob tocólise, é o polo 
cefálico rodado para OP ou OS, flexionado e 
impulsionado para refazer o caminho pela fieira 
pélvica. A cesárea é o próximo passo. 
 
Algoritmo para o tratamento da distocia de ombros: 
 
 
Não são tão frequentes no trabalho de parto quanto 
as distocias. 
 
 
 
https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/184-
distocias 
Barbosa, MONTENEGRO, Carlos, A. e REZENDE 
FILHO, Jorge de. Rezende Obstetrícia, 13ª edição. 
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2016. 
 
https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/184-distocias
https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/184-distocias

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