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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS PROJETO DE DISSERTAÇÃO OBTENÇÃO DE FIBRAS ULTRAFINAS DE Nb2O5 MODIFICADAS COM TUNGSTÊNIO PARA CONVERSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO Ana Carolina Figueiredo Prado São Carlos-SP 2020 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS OBTENÇÃO DE FIBRAS ULTRAFINAS DE Nb2O5 MODIFICADAS COM TUNGSTÊNIO PARA CONVERSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO Ana Carolina Figueiredo Prado Projeto de Dissertação para Exame de Qualificação ao Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais Orientador: Dr. Márcio Raymundo Morelli Coorientadora: Dra. Elaine Cristina Paris Agência Financiadora: CAPES - Processo: 88887.353014/2019-00 São Carlos/SP 2020 iii DEDICATÓRIA Agradeço à minha mãe Denice e ao meu pai Roberto (in memoriam) por todo o empenho e dedicação a conquistar o impossível para educar de maneira consciente suas filhas, mesmo enfrentando muitas dificuldades. Agradeço à minha irmã Mari por todo o companheirismo ao longo destes longos anos de estudo e também por compartilhar conosco a feliz chegada da Luísa. iv VITAE Bacharel em Engenharia Física pela Universidade Federal de São Carlos (2018). v AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Márcio e coorientadora Elaine, pelo incentivo e pela oportunidade concedida para o meu crescimento, tanto pessoal quanto profissional. Agradeço aos meus amigos, Carmen e Jeff, não apenas por me motivarem a trilhar o caminho da pesquisa, mas também por me fazerem acreditar que eu poderia sim seguir esse caminho. Agradeço ao nosso grupo de pesquisa, Camila, Laiza, Bárbara, Mariana, Bruna, Marcelo e João pela ajuda mútua, pela troca de informações e experiências. Agradeço aos amigos do centro espírita Casa da Prece, sobretudo ao Renato, por me acolherem e me motivarem a desenvolver a empatia. Agradeço ao meu namorado Vinicius por participar deste importante momento, me incentivando, assim como todos a sempre tentar realizar o melhor, em qualquer situação. Agradeço o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), sem o qual não teria condições de continuar e cujo código de financiamento é 88887.353014/2019-00. vi RESUMO O crescente aumento nas taxas de aquecimento global são preocupantes devido aos efeitos nocivos em diferentes ecossistemas. No entanto, há a necessidade em conciliar estes números com a demanda da sociedade industrial por alimentos, saúde, lazer e produção de energia que de modo direto/indireto, contribuem para o aumento da emissão de gases estufa. Poluentes como os compostos NOx, CO2, CH4 entre outros, afetam de maneira significativa a vida dos seres como um todo. Uma maneira de minimizar esses efeitos consiste na remoção e reutilização desses poluentes a partir de processos fotocatalíticos. Dentre os desafios da conversão fotocatalítica consiste na produção com elevada seletividade e rendimento. No caso específico do gás CO2 pode ser obtido ácido fórmico, formaldeído, ácido acético, metano e metanol como produtos. Neste sentido, um dos materiais promissores para aplicação em conversão é o Nb2O5, devido às suas propriedades fotocatalíticas, abundância no Brasil e o baixo custo diante de catalisadores usuais. A fim de melhorar o processo de fotocatálise, modificações estruturais como o processo de dopagem, com o intuito de aumentar o tempo de recombinação dos pares fotogerados. Um possível candidato à dopagem é o tungstênio, uma vez que auxilia na diminuição do bandgap para região do visível. O presente projeto visa o desenvolvimento de sistema fotocatalisador baseado em fibras ultrafinas de Nb2O5 dopadas com tungstênio para a conversão de CO2. Para a obtenção das nanofibras cerâmicas de Nb2O5 será empregado o método de eletrofiação, seguido por tratamento térmico. O uso de nanofibras consiste em uma forma de otimizar o aumento da área superficial dos fotocatalisadores devido ao elevado controle das propriedades das morfologias das fibras. Para as fibras modificadas com tungstênio serão avaliadas diferentes concentrações para inserção entre 0,1 até 4,0% (mol/mol). Para a obtenção das fibras serão otimizadas as concentrações das soluções poliméricas e as condições de tratamento térmico. Para a atividade fotocatalítica na conversão do CO2 com as nanofibras será empregado um reator monitorado por cromatografia gasosa para a quantificação dos produtos gerados. Ao final será avaliada a estabilidade do sistema fotocatalítico perante o número de ciclos em que o sistema se mantém efetivo. Desta forma, será possível verificar o efeito da dopagem do fotocatalisador Nb2O5 com tungstênio, a fim de modular o processo de conversão do CO2 a produtos de valor agregado. Palavras-chave: Nb2O5, conversão de CO2, Fotocatálise; Eletrofiação; Nanofibras; Tungstênio; vii ABSTRACT The global warming rates increasing are worrisome due to the harmful effects on different ecosystems. However, there is a need to reconcile this scenery with the demand of industrial society for food, health, leisure, and energy production, which contribute directly/indirectly to the increase in greenhouse gas emissions. Pollutants such as NOx, CO2, CH4, and others, significantly affect the live beings as a whole. One way to minimize these effects is to remove and reuse these pollutants from photocatalytic processes. Among the challenges of photocatalytic conversion is a production with high selectivity and yield. In the specific case of CO2 gas, formic acid, formaldehyde, acetic acid, methane, and methanol can be obtained as products. In this sense, one of the promising materials for application in conversion is Nb2O5, due to its photocatalytic properties, abundance in Brazil and the low cost compared to usual catalysts. In order to improve the photocatalysis process, structural modifications such as the doping process, in a way to increase the recombination time of the photogenerated pairs. A possible candidate for doping is tungsten, as it helps in reducing the bandgap for the visible region. The present project aims to develop a photocatalyst system based on ultrafine fibers of tungsten-doped Nb2O5 for CO2 conversion. To obtain Nb2O5 ceramic nanofibers, the electrospinning method will be used, followed by heat treatment. The use of nanofibers is a way to optimize the increase in the surface area of the photocatalysts due to the high control of the properties of the fiber morphologies. For fibers modified with tungsten, different concentrations will be evaluated for insertion between 0.1 to 4.0% (mol / mol). To obtain the fibers, the concentrations of the polymeric solutions and the heat treatment conditions will be optimized. For the photocatalytic activity in the conversion of CO2 with nanofibers, a reactor monitored by gas chromatography will be used to quantify the products generated. In the end, the stability of the photocatalytic system will be evaluated in view of the number of cycles in which the system remains effective. In this way, it will be possible to verify the tungsten doping effect on the photocatalyst Nb2O5 in order to modulate the CO2 converting process to value-added products. Keywords: Nb2O5; conversion of CO2; Photocatalysis; Electrospinning; Nanofibers; Tungsten. viii ÍNDICE DE ASSUNTOS 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................13 1.1 Dióxido de carbono e aquecimento global ............................................................ 13 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 16 2.1 Remediação ambiental: Fotocatálise Heterogênea ................................................ 16 2.2 Nióbio e Fotocatálise do CO2 ............................................................................... 23 2.2.1 Modificações estruturais dos fotocatalisadores ................................................... 27 2.3 Nanofibras de Nb2O5 e Nb2O5:W para fotocatálise ............................................... 33 3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 36 3.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 36 3.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 36 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 37 5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 39 5.1 Sequência metodológica ....................................................................................... 39 5.2 Materiais .............................................................................................................. 40 5.3 Métodos ............................................................................................................... 41 5.3.1 Fibras de Nb2O5 ................................................................................................. 41 5.3.2 Fibras de Nb2O5:W ............................................................................................ 44 5.4 Caracterizações .................................................................................................... 45 5.4.1 Análise térmica (TGA)....................................................................................... 45 5.4.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Espectroscopia de energia dispersiva de Raios X (MEV-EDS) ............................................................................. 45 5.4.3 Microscopia Eletrônica de Varredura com fonte de emissão em campo (MEV- FEG) ................................................................................................................................46 5.4.4 Difratometria de raios X (DRX) ......................................................................... 46 5.4.5 Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) .......................................................................................................................................46 ix 5.4.6 Fissorção/Dessorção de N2 ................................................................................. 46 5.5 Imobilização e Análise fotocatalítica .................................................................... 47 6 CRONOGRAMA.................................................................................................. 48 7 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................. 48 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 50 x ÍNDICE DE TABELAS Pág. Tabela 5.1 - .....................................................................................................................40 Tabela 6.1 - ......................................................................................................................48 xi ÍNDICE DE FIGURAS Pág. Figura 2.1- ......................................................................................................................17 Figura 2.2 - .....................................................................................................................21 Figura 2.3 - .....................................................................................................................24 Figura 5.1 - .....................................................................................................................39 Figura 5.2 - .....................................................................................................................41 Figura 5.3 - .....................................................................................................................42 Figura 5.4 - .....................................................................................................................47 xii SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ANM Agência Nacional de Mineração CBMM Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração CMOC China Molibdenium Company IEA International Energy Agency IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change ONU Organização das Nações Unidas POAs Processos de oxidação avançados pH Potencial Hidrogeniônico CH4 Metano CO Monóxido de Carbono CO2 Dióxido de Carbono DME Éter Dimetílico H2O2 Peróxido de Hidrogênio N2O Óxido nitroso N2O5 Pentóxido de Nióbio PVA Polivinil álcool W Tungstênio O3 Ozônio OAN Oxalato Amoniacal de Nióbio ERD Espectroscopia de Reflectância Difusa xiii DRX Difração de raios X EDS Espectroscopia de Energia Dispersiva (Energy-Dispersive X-Ray Spectroscopy) MEV Microscopia eletrônica de varredura TGA Análise Termogravimétrica UV-vis Ultravioleta – visível XPS Espectroscopia de fotoelétrons por raios X (X-Ray Excited Photoelectron Spectroscopy) 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Dióxido de carbono e aquecimento global Apesar de ser um processo natural, o aquecimento em escala global vem se intensificando ao longo dos anos e tem sido alvo de muitas discussões relacionadas às contínuas emissões dos gases de efeito estufa provenientes das atividades comerciais e industriais. A mudança climática reflete um problema ambiental de difícil solução, além de ser um problema de longo prazo, visto que os gases de efeito estufa podem permanecer na atmosfera por centenas de anos 1 Dentre os maiores responsáveis pelos altos níveis de emissão estão a produção de eletricidade para o aquecimento/refrigeração, liderando o número de emissões com 41%, os transportes representam 26%, o setor de manufatura e construção são responsáveis por 20% e a agricultura por 11% (IEA, 2018) (ONU, 2018). Tais atividades exercem um alto grau de importância para a manutenção da vida humana na atualidade e implicam em sérias consequências para os grandes centros urbanos e demais regiões (IPCC, 2018) 1. Na tentativa de minimizar estes efeitos a comunidade científica tem somado esforços para diminuir os efeitos negativos associados ao aquecimento global, em especial, por meio do desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a conversão de gases estufa (CO2, CH4, N2O entre outros) em produtos ambientalmente menos nocivos. Neste contexto, o Brasil se destaca pelo interesse em mitigar estes efeitos, como o caso do CO2, que vem sendo continuamente liberado pelas atividades industriais e em quantidades elevadas durante a queima dos combustíveis de origem fóssil 2,3. Atualmente existem duas possibilidades para a redução eficiente do CO2: i) A captura e o armazenamento de CO2 sob o oceano ou subsolo, sendo desvantajoso sob a perspectiva do alto custo e do transporte e ii) A conversão do CO2 em produtos de maior valor agregado 4. O campo de pesquisa mais estudado para a diminuição das emissões de CO2 está relacionado à conversão deste em alguns produtos químicos e combustíveis úteis, tais como o metano, metanole outros produtos químicos 5. Dentre esses produtos, a demanda mundial por ácido fórmico (HCOOH) continua crescente, especialmente no contexto de energia renovável a partir da sua produção por meio da hidrogenação catalítica direta de dióxido de carbono, sendo consideravelmente mais sustentável do que as rotas existentes. O ácido fórmico é muito utilizado na indústria têxtil auxiliando na fixação de corantes dos tecidos, na limpeza removendo incrustações minerais das 14 superfícies e também como conservante impedindo o crescimento de bactérias na alimentação animal, por exemplo. Suas qualidades não tóxicas e não corrosivas têm sido aplicadas desde silos de alimentação à poços de petróleo, além de ser útil como energia alternativa. O formaldeído (HCHO) também é reconhecido por suas propriedades conservantes e antibacterianas, além disso ele pode ser utilizado para produzir uma ampla gama de produtos com valor agregado. Pode ser utilizado na construção civil por meio das resinas utilizadas em móveis, pisos e revestimentos, além disso as resinas à base de formaldeído são insumos da indústria automobilística pois são utilizadas na fabricação de componentes moldados que auxiliam na redução de peso dos veículos, fazendo com que o desempenho seja mais eficiente do ponto de vista de performance e economia, uma vez que possibilita a redução no consumo de combustível. O formaldeído pode ser empregado ainda na fabricação de vacinas e medicamentos anti-infecciosos, como por exemplo na inativação do vírus influenza 5. O metanol (CH3OH) ou álcool metílico, por sua vez é considerado um dos compostos químicos mais úteis, além de ser considerado um combustível de queima limpa, com alta octanagem. Sabendo que o CO2 e o H2 estão entre os precursores na síntese de metanol, vale ressaltar que a conversão de CO2 em metanol pode ser considerada um método promissor para reduzir significativamente as emissões de CO2. Entre as mais interessantes e recentes aplicações para o metanol, as mais promissoras futuramente consistem na produção de éter dimetil (DME), produção de hidrogênio e células a combustível direta de metanol (DMFC) 5,6. Diferentes métodos estão sendo desenvolvidos para a redução do CO2 em metano e outros compostos, como os processos eletroquímicos e termoquímicos 6, sendo estes as rotas fotoeletrolíticas 7 e os processos fotocatalíticos 8. Além disso, a posterior conversão de CO2 pode ser empregada nas rotas de síntese de combustíveis, produtos químicos e materiais, incluindo metanol, éter dimetílico (DME), metano, ácido fórmico, poliuretanos, carbonatos, amônia e ureia, bem como se utilizar das propriedades físico- químicas do CO2 em outros processos industriais 9. Esta iniciativa global poderia oferecer um mercado anual estimado de 0,8 a 1,1 trilhões de dólares em produtos à base de carbono utilizando apenas 10% do CO2 liberado no ambiente. Portanto, a captura de CO2, a utilização e armazenamento poderiam ser consideradas como um substituto de médio prazo para reduzir as emissões globais. Melhorias tecnológicas para minimizar o consumo de energia e a modernização das plantas industriais existentes para utilização do CO2 podem se caracterizar como promissoras nos próximos anos 9. 15 Nas últimas décadas foram desenvolvidas algumas técnicas eficientes e rápidas para a degradação de contaminantes, denominados como processos de oxidação avançados (POAs)10. Os POAs podem se utilizar de fortes agentes oxidantes, como o ozônio (O3) e o peróxido de hidrogênio (H2O2), na degradação homogênea ou heterogênea dos contaminantes orgânicos presentes em água 11. Estes processos podem ser influenciados por muitos fatores de caráter cinético, como temperatura, pH, concentração do catalisador e concentração do efluente. Neste contexto, a fotocatálise heterogênea atua como alternativa promissora para a conversão do CO2 em condições mais amenas 12, além de possibilitar o reuso em novos ciclos e facilitar a separação do meio reacional da fotorredução de CO2 aos produtos de interesse comercial. Assim a fotocatálise vem sendo cada vez mais adotada no processo de conversão química de moléculas inertes e de baixo custo em produtos de maior valor agregado 13. A partir dos anos 90 surgiram trabalhos na área de catálise heterogênea que se utilizavam de materiais como o nióbio, sendo verificando ao longo destes estudos que pequenas quantidades deste material proporcionaram um aumento considerável na atividade catalítica, seletividade e estabilidade química dos catalisadores 14. A vasta variação das ligações entre Nb-O, estrutura e combinação com outros óxidos fornecem propriedades únicas, de maneira que podem atuar como catalisadores de diversas reações químicas 15. Desta forma, fotocatalisadores à base de óxido de nióbio tornam-se promissores candidatos para estudos na aplicação da conversão fotocatalítica do CO2. Assim o presente projeto visa a obtenção de um sistema fotocatalítico na forma de fibras de Nb2O5 dopadas com tungstênio a fim de promoverem a maior eficiência a partir do maior tempo de recombinação do par elétrons e na diminuição do bandgap, possibilitando o uso na região do visível 16. Ao final espera-se que o fotocatalisador permita uma maior eficiência de seletividade e rendimento de produção de produtos com valor agregado, com estabilidade de reuso. 16 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Remediação ambiental: Fotocatálise Heterogênea Nos anos 60, muitos grupos de pesquisa começaram a estudar os fenômenos de foto interação nos sólidos semicondutores sob a radiação ultravioleta. A partir destes estudos, foram verificados que algumas moléculas sofriam adsorção, ou seja, ficavam aderidas em uma superfície sólida. Além de sofrerem também dessorção, no qual são posteriormente liberadas da superfície dos semicondutores sólidos, fenômenos que podem ser explicados pela Teoria de Bandas 17. A fotocatálise consiste na conversão de energia luminosa em energia química, sendo essa a principal diferença entre as reações fotocatalíticas e catalíticas, a utilização da radiação eletromagnética ativando o catalisador. O processo de fotocatálise possui duas classificações, homogênea quando os fotocatalisadores e os reagentes estão presentes na mesma fase e heterogênea quando a fotocatálise não ocorre na mesma fase que o meio aquoso, contando com a utilização de semicondutores, como por exemplo, o TiO2, WO3, Nb2O5 entre outros 18–20. Pesquisas acerca de fotocatálise heterogênea estão sendo realizadas para que sejam empregadas em uma ampla variedade de aplicações, dentre elas a transferência de hidrogênio, a remoção de poluentes gasosos, no tratamento de água e na desinfecção bacteriana 21–23, uma vez que possibilita a recuperação do meio reacional. Quando fótons de energia igual ou superior à energia do intervalo entre bandas (bandgap), ou seja, com energia suficiente para fazer com que o elétron salte da banda de valência (BV) para a banda de condução (BC), incidem sobre a superfície do fotocatalisador, ocorre a absorção do fóton pelo semicondutor (SC), o que resulta na formação do par elétron-vacância. Assim que excitado por uma fonte de energia, o elétron (e-), carregado negativamente, salta para a banda de condução, gerando uma vacância (h+), carregada positivamente, na banda de valência, como pode ser apresentada na Equação 2.1 23 e observado na Figura 2.1. 𝑆𝐶 + ℎ𝜈 → 𝑒− + ℎ+ (𝟐. 𝟏) 17 Figura 2.1 - Excitação, recombinação, oxidação e redução do sólido semicondutor. Adaptado de 24. A partir do momento em que há a geração do par elétron-vacância, muitos fenômenos podem ocorrer, dentre estes: a) A recombinação do par elétron-vacância na superfície e consequente liberação de energia; b) A recombinação do par elétron-vacância no interior da partículasemicondutora e consequente liberação de energia; c) A redução de uma molécula aceitadora de elétrons, ao receber um elétron do semicondutor; d) A oxidação de uma molécula doadora de elétrons, ao transferir o elétron para a vacância presente na banda de valência do fotocatalisador. Na década de 70, Fujishima e Honda [30] observaram, em uma pesquisa inédita, que uma suspensão de TiO2 em meio aquoso, quando irradiada em uma célula eletroquímica, promovia a sua oxidação, gerando H2 e O2. Desde esse período muitas pesquisas foram direcionadas ao entendimento de processos fotocatalíticos que envolviam a oxidação da água e, posteriormente, de compostos orgânicos, a partir do uso dos semicondutores, sobretudo os materiais em escala nanométrica, por conta de sua elevada área superficial específica. De modo geral, a degradação dos contaminantes orgânicos por fotocatálise heterogênea se baseia na formação de radicais com alto poder oxidante, tais como ∙OH e O2 ∙-, catalisado por um semicondutor irradiado por uma fonte luminosa, responsáveis pela degradação de diversos compostos orgânicos 25. 18 O mecanismo de foto-oxidação que explica o processo de water splitting, é muito conhecido e difundido na literatura. As Equações 2.2 e 2.3 descrevem este mecanismo. 𝐻2𝑂 + ℎ +⟶ 𝑂𝐻• +𝐻+, 𝐸0 = 2,32 𝑉 (𝟐. 𝟐) 2𝐻2𝑂 + 4ℎ +⟶ 𝑂2 + 4𝐻 +, 𝐸0 = 0,82 𝑉 (𝟐. 𝟑) Contrastando com as pesquisas acerca do water splitting, a fotorredução de CO2, como o próprio nome diz, consiste no mecanismo de redução, que envolve elétrons, evidenciando a maior complexidade do processo. Contudo, o destino das vacâncias fotogeradas, as quais também migram para a superfície e frequentemente mais rápido que os elétrons, não pode ser negligenciado. Na superfície, as vacâncias podem reagir com água adsorvida ou íons hidróxido OHads - para gerar oxigênio. Segundo Maeda e Domen [119], este processo é termicamente viável, pois a banda de valência da maioria dos semicondutores se situa muito abaixo do potencial de oxidação da água (Eq. 2.2 e 2.3), no entanto, ainda existem poucos trabalhos em que isso tenha sido alcançado. Esta dificuldade é atribuída à necessidade de quatro vacâncias por molécula de oxigênio, associada as dificuldades na dessorção dos produtos. Uma alternativa para a produção de oxigênio reside na formação de radicais hidroxila fortemente oxidantes, OH•. O ambiente oxidativo pode afetar o mecanismo de redução de CO2, pois alguns produtos intermediários podem ser mais facilmente oxidados do que reduzidos, o que pode interromper o processo antes que os produtos da redução, de seis ou oito elétrons, sejam obtidos. Processos de fotorredução catalítica do CO2 denotam a complexidade da reação. Essas divergências em uma ampla diversidade de trabalhos são atribuídas à variedade de resultados obtidos nos estudos em que um mesmo tipo de fotocatalisador apresenta diferentes produtos 26–30. Um exemplo disso são os fotocatalisadores à base de TiO2 em que alguns estudos são obtidos como produto principal metano (CH4) e em outros, metanol (CH3OH). Em 1979, Inoue et al. 31 estudaram vários tipos de semicondutores na forma de partículas, como o TiO2, ZnO, CdS, SiC e WO3, suspensos em água saturada em CO2 para avaliar a fotorredução, utilizando uma lâmpada de Xenônio como fonte de irradiância e por um período de 7 horas. Foram obtidos da fotorredução do CO2, pequenas quantidades de metano, formaldeído, ácido fórmico e álcool metílico. Dentre estes semicondutores, o TiO2 apresentou rendimento de 5,0.10 -4 M para o formaldeído (HCHO) 19 e 1,9.10-4 M para o metanol (CH3OH). O catalisador SiC apresentou rendimento de 5,0.10-4 M para o formaldeído e 4,5.10-3 M para o metanol. No trabalho foi sugerido que as taxas de transferência dos pares fotogerados nos semicondutores e as espécies em solução fossem dependentes de uma correlação dos níveis de energia entre eles, ou seja, a espécie mais positiva com relação ao nível da banda de condução é melhor reduzida nos semicondutores. Assim sendo, estima-se que no processo de transferência de carga para catalisadores semicondutores, os elétrons foto-excitados na banda de condução mais negativa possuem maior capacidade de reduzir o CO2 em solução. De maneira que a reação fotocatalítica ocorre através da redução pelos elétrons, que acontece na BC e da oxidação pelas vacâncias, que ocorrem na BV 32. Uma importante observação consiste no fato de que a fonte de energia utilizada não deve produzir mais CO2, uma vez que se pretende reduzir esse composto, de maneira que para resolver essa questão muitos métodos fotocatalíticos têm sido desenvolvidos utilizando energia solar 33–35. Mecanismos propostos por Inoue et al. 31 e os diferentes produtos de redução se formam nesta sequência, apresentadas pelas reações de 2.4 a 2.8: 𝐶𝑂2 + 2𝐻 + + 2𝑒−⟶ 𝐶𝑂⏟ 𝑀𝑜𝑛ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 +𝐻2𝑂, 𝐸 0 = −0,53 𝑒𝑉 (𝟐. 𝟒) 𝐶𝑂2 + 2𝐻 + + 2𝑒−⟶ 𝐻𝐶𝑂𝑂𝐻⏟ Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝐹ó𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜 , 𝐸0 = −0,85 𝑒𝑉 (𝟐. 𝟓) 𝐻𝐶𝑂𝑂𝐻 + 2𝐻+ + 2𝑒−⟶ 𝐻𝐶𝐻𝑂⏟ 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙𝑑𝑒í𝑑𝑜 +𝐻2𝑂 , 𝐸 0 = −0,72 𝑒𝑉 (𝟐. 𝟔) 𝐻𝐶𝐻𝑂 + 2𝐻+ + 2𝑒−⟶ 𝐶𝐻3𝑂𝐻⏟ 𝑀𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 , 𝐸0 = −0,62 𝑒𝑉 (𝟐. 𝟕) 𝐶𝐻3𝑂𝐻 + 2𝐻 + + 2𝑒−⟶ 𝐶𝐻4⏟ 𝑀𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜 + 𝐻2𝑂,𝐸 0 = −0,48 𝑒𝑉 (𝟐. 𝟖) Inicialmente é possível observar ocorrência da redução do CO2 para o monóxido de carbono e água por meio da reação 2.4. Para a formação dos produtos oriundos da fotorredução, primeiramente, há a ocorrência da hidrogenação da molécula de CO2 para ácido fórmico (reação 2.5), situação na qual o CO2 sofre simultaneamente o ataque de um hidreto de metal nucleofílico em um átomo de carbono, ou seja, uma vez que o núcleo é carregado positivamente, há uma região ao seu redor com alta densidade eletrônica negativa (δ-) e um ácido H+ de Bronsted no átomo de oxigênio, o que resulta em um processo heterolítico, ou seja, na ruptura das ligações químicas, cujos produtos finais são íons de carga positiva ou negativa, adicionando-se H- ao carbono e H+ ao oxigênio. O 20 passo seguinte consiste na desoxigenação do ácido fórmico para formar o formaldeído (reação 2.6), ocorrendo por meio de um mecanismo parecido no qual há adição de um H- no átomo de carbono e um H+ no grupo OH do ácido fórmico. O terceiro passo consiste na redução do formaldeído a metanol (reação 2.7), em que acontece de maneira distinta, no qual poderia fazer com que o hidrogênio se ligasse diretamente ao C=O, implicando em uma clivagem/formação de ligação dupla. Sendo assim, verifica-se que o design do catalisador influencia em sua performance, uma vez que a reatividade do H+ pode ser fundamental durante a escolha do material certo para a reação de fotorredução de CO2. Assim é possível observar que durante o processo de conversão do CO2 podem ser formados uma gama de produtos, como o ácido fórmico, formaldeído, metanol e metano. Sendo estes produtos com um valor comercial agregado uma vez que podem ser aplicados desde a indústria têxtil, construção civil, setor alimentício, farmacêutica e na produção de energia 5,6. O grande desafio consiste na conversão com seletividade e elevado rendimento para aumento da produção. No processo de conversão o fotocatalisador precisa superar importantes obstáculos nos mecanismos, dentre eles: i) As transformações químicas; ii) As reações de transferência de elétrons e átomos; iii) Processos cinéticos muito endotérmicos; iv) inter- relações com diferentes sítios catalíticos. Para que essa complexidade seja superada é preciso de uma série de materiais catalíticos, o que inclui sistemas híbridos, nanoestruturados e com múltiplos sítios. Diferentes semicondutores têm sido avaliados quanto às aplicações como fotocatalisadores heterogêneos na degradação de contaminantes orgânicos. Dentre os quais o TiO2, na fase anatásio, tem seapresentado com os melhores resultados devido às suas características, entre elas a elevada área superficial específica 36, a fotoestabilidade e a baixa toxicidade, dentre outros fatores 24,36. Outros semicondutores tem apresentado características semelhantes, como por exemplo, o pentóxido de nióbio (Nb2O5) 37,38. O diagrama representado pela Figura 2.2 apresenta os valores de energia de bandgap e os potenciais redox das bandas de valência e condução para os semicondutores TiO2, ZnO, SnO2 e o Nb2O5. 21 Figura 2.2 - Posições relativas ao vácuo e ao eletrodo padrão de hidrogênio (EPH) das bandas de valência e condução de vários semicondutores 15. A principal reação do processo redox que acontece na banda de condução é a redução do O2, contudo, a reação ocorre apenas quando o potencial de redução da banda de condução do semicondutor é suficientemente negativo para reduzir oxigênio molecular presente no sistema reacional (O2/O2 ∙- = -0,33 V vs EPH) 39,40. Muitos óxidos não sofrem foto-oxidação sob irradiação e podem ser utilizados na fotocatálise para a redução de compostos. Existem dois grupos de óxidos metálicos, cujas configurações eletrônicas são completas (closed-shell), ou seja, que não possuem orbitais com elétrons desemparelhados. O primeiro grupo apresenta íons de metais de transição com coordenação octaédrica, na qual o orbital d está completamente vazio, ou seja, d0, como o Ti4+, Zr4+, Nb5+, Ta5+, V5+ e W6+. O TiO2 é o mais estudado, não excluindo-se outros óxidos binários como o ZrO2, Nb2O5, Ta2O5 e uma gama de óxidos mais complexos como os titanatos, niobatos, entre outros 41. Geralmente ocorrem na forma de perovskita (AMO3), são exemplos o BaTiO3, LaFeO3 e etc. O segundo grupo, por sua vez, contém metais com configuração d10, ou seja, com o orbital d completamente ocupado, cuja fórmula geral pode ser representada por MyOz ou AxMyOz, onde o M pode ser Ga, Ge, In, Sn ou Sb e o A pode abranger os metais alcalinos, alcalinos terrosos e terras raras. No início eram utilizados apenas nas reações fotocatalítica de water splitting, reação química em que a água é decomposta em oxigênio e hidrogênio, e atualmente também são empregados na fotorredução do CO2 16. 22 A banda de valência dos óxidos metálicos (d0 e d10) é constituída principalmente por orbitais 2p do oxigênio, o que significa que a vacância foto gerada na banda de valência possui forte caráter oxidante, com capacidade de oxidar a água. Estudos realizados por Scaife et al. 42identificaram que o potencial da banda de valência era de aproximadamente 2,94 V com relação ao eletrodo normal de hidrogênio (NHE) para os óxidos metálicos com banda de valência d0, enquanto Matsumoto 43 sugeriu que o potencial da banda de valência poderia ser estimado em 1,23 V + Eg/2, suficiente para que a banda de condução tenha caráter redutor. Em pH 7, o potencial limite teórico para a redução do CO2 é de -0,24 V, mas na prática é preciso que o bandgap seja maior que 3,0 eV, pois nos materiais semicondutores essa é a energia necessária para promover a migração do elétron da BV para BC. A excitação e consequente transição do elétron da BV para a BC pode ser vista como a transferência de carga do átomo de oxigênio para o metal, levando ao estado excitado, como por exemplo (Ti3+- O-), postulado para o TiO2. Desde Inoue et al. 31, sistemas fotocatalíticos vem sendo propostos para conversão do CO2 exibindo um comportamento ativo sob irradiação solar ou UV 34. Os primeiros semicondutores desenvolvidos se baseavam em GaP e GaAs e produziam misturas de metanol, formaldeído e ácido fórmico como principais produtos, respectivamente. Apesar disso, a maioria das pesquisas estão relacionadas à utilização do TiO2 por conta do baixo custo, boa estabilidade e desempenho 44. Ele é um semicondutor com bandgap direto entre 3,0 e 3,2 eV, capaz de gerar vacâncias muito oxidantes e elétrons com grande poder de redução, no entanto apresenta baixa taxa de fotorredução de CO2. Os valores aproximados de energia das bandas de valência e condução do TiO2 e Nb2O5 são indícios de que o Nb2O5 pode ser utilizado com eficácia em fotocatálise heterogênea. Condição que indica a capacidade de promover as reações de oxirredução pertinentes ao processo fotocatalítico, contudo outros parâmetros devem ser levados em consideração, tal como o tempo de vida dos pares fotogerados, podendo determinar o uso de um dado semicondutor em alguns processos. Além disso, deve ser considerada a velocidade de recombinação, uma vez que sendo rápida impossibilita que as cargas atinjam a superfície do sólido semicondutor, impedindo que as reações de oxirredução aconteçam, bem como a captura de elétrons fotoexcitados feita por compostos capazes de se reduzirem na banda de condução, sendo um importante mecanismo de diminuição da taxa de recombinação 45. 23 2.2 Nióbio e Fotocatálise do CO2 Materiais semicondutores à base de óxido de nióbio são encontrados com grande diversidade para aplicação fotocatalítica. O nióbio apresenta diferentes estados de oxidação, que variam de +5 à -1, sendo o estado de oxidação mais estável o +5. Existem diversas estequiometrias dos óxidos de nióbio, por exemplo, pentóxido de nióbio (Nb2O5), dióxido de nióbio (NbO2) e monóxido de nióbio (NbO), além de existirem como ânions em óxidos ternários como KNbO3, NaNbO3 e LiNbO3 46,47. O NbO2 é um sólido azul escuro e se caracteriza como semicondutor de bandgap indireto de 0,7 eV, possuindo estruturas cristalinas distintas: rutilo, tetragonal e monoclínica 48. Pode apresentar caráter diamagnético, sendo forte agente redutor e insolúvel em água, contudo, suas propriedades físicas ainda não tão conhecidas. A estrutura do NbO2 só existe quando a razão entre O/Nb se mantém muito próximo a 2. A estrutura passa a apresentar alguma fase do Nb2O5 quando esta razão é aumentada. Quando esta razão diminui, forma-se o NbO, um sólido cinza que possui estrutura cúbica de face centrada. Única fase a apresentar comportamento eletrônico de condutor, diferentemente dos outros óxidos que são semicondutores 49. O Nb2O5, por sua vez é um dos mais importantes compostos de nióbio e vem sendo alvo de estudo no campo da catálise. Ele tem sido utilizado como catalisador em muitas reações como hidratação, desidratação, esterificação, hidrólise, desidrogenação, além de diversas outras reações de oxidação que atuam na fotodegradação de contaminantes orgânicos 50–53. Ao longo dos anos, estudos acerca das estruturas polimórficas do Nb2O5 foram desenvolvidos e uma série de resultados foi obtida, comprovando a complexidade de suas estruturas. Brauer et al. 54 demonstraram a existência de três estruturas cristalinas, onde cada uma delas ocorre em uma faixa de temperaturas, baixa – T (até 500 K), média – M (900 K) e alta – H (acima de 1100 K). Schaffer et al. 55também encontraram três fases polimórficas do Nb2O5, contudo em diferentes temperaturas de transição. ZIOLEK e NOVAK citando SHAFER e ROY 56 sintetizaram o Nb2O5 sob alta pressão de vapor e identificaram quatro formas polimórficas de Nb2O5, denominadas I, II, III baixa e I alta, formadas a partir do aumento de temperatura. Assim como Brauer et al. 54, que identificaram a fase ortorrômbica (fase-T) em baixas temperaturas, Frevel e Rinn 57 encontraram, também em baixa temperatura, a fase 24 pseudohexagonal (fase-TT), fases de Nb2O5 que apresentam estruturas cristalinas distintas. A Figura 2.3 apresenta as respectivas estruturas do Nb2O5; a) célula pseudohexagonal da estrutura TT-Nb2O5, contendo metade da fórmula equivalente com defeito em sua constituição, ou seja, ausência de átomos de oxigênio por cela unitária. Apresenta o átomo de nióbio cercado por quatro, cinco ou seis átomos de oxigênio no plano ab e a estrutura da cadeia Nb–O–Nb–O ao longo do eixo c. A deficiênciade oxigênio promove a distorção desses poliedros. A Figura 2.3 b) mostra que a fase T- Nb2O5 é constituída por uma cela unitária ortorrômbica em que cada átomo de nióbio está cercado por seis os sete átomos de oxigênio, produzindo octaedros distorcidos 58. Figura 2.3 – Estruturas das fases de Nb2O5: a) TT- Nb2O5, b) T-Nb2O5 e c) H-Nb2O5 Fonte: Adaptado de 58. O Nb2O5 é um semicondutor do tipo n, ou seja, seu nível de Fermi (nível doador) está mais próximo da banda de condução, que se apresenta promissor do ponto de vista científico por suas promissoras propriedades físico-químicas e que podem ser aplicadas em diversas atividades, de sensores de gases à processos catalíticos, e até componentes eletrocrômicos. Quando utilizados como promotores na fase ativa ou como suporte em aplicações catalíticas, o Nb2O5 pode prolongar a vida útil do catalisador se adicionados em pequenas quantidades, de 1 a 10% em massa. Apresentam grande absorção de energia na região do UV, próximo do comprimento de onda de 365 nm e bandgap de 3,4 eV, características que salientam seu potencial uso em processos fotocatalíticos [58]. Esta ampla faixa de absorção, associada a adequada propriedade eletrônica e textural, o torna um potencial candidato para aplicações em fotocatálise heterogênea 37. De maneira que nos últimos anos muitos estudos foram desenvolvidos a fim de melhorar a eficiência fotocatalítica de uma série de semicondutores, inclusive o Nb2O5, ajustando as vacâncias 25 de oxigênio quanto ao seu número e distribuição, avaliando essa influência no desempenho de fotorredução. Existem diversos sistemas contendo o Nb2O5 como, por exemplo, o uso na forma ácida (Nb2O5.nH2O) como fase ativa do catalisador, Nb2O5 como suporte de outros óxidos, assim como, nióbio suportado em diferentes materiais (Al2O3, SiO2, TiO2 e MgO). Nb2O5 como aditivo, normalmente utilizados em catalisadores de óxidos de metais de transição, peneiras moleculares mesoporosas de óxido de nióbio, sílica mesoporosa dopada com nióbio e perovskitas à base de nióbio 59–61. O Nb2O5 tem sido aplicado como fotocatalisador em processos de remediação, atuando na degradação de moléculas orgânicas 37,62. Assim, a partir do controle das propriedades estruturais de cristalinidade, forma, tamanho e porosidade é possível contribuir e aumentar a atividade fotocatalítica do Nb2O5, tornando-o mais eficiente. Semicondutores à base de nióbio, por sua vez, vêm sendo utilizados nos processos de fotoconversão de CO2. Os materiais lamelares baseados em Ti e Nb, como por exemplo, K2Ti4O9 e HNb3O8, são considerados um tipo único de fotocatalisadores construídos por finas camadas empilhadas, formadas a partir de unidades de poliedros metal-oxigênio 63–66. A construção em camadas favorece o transporte e a separação dos portadores de carga fotogeradas, além disso, os materiais lamelares possuem caráter mesoporoso e, portanto, podem fornecer mais locais ativos de reação no espaço entre camadas. Segundo pesquisas, alguns titanatos e niobatos lamelares são fotocatalisadores mais eficientes do que os óxidos metálicos comuns como o TiO2 e o Nb2O5, para water splitting ou na degradação de compostos orgânicos 67–69. Os materiais lamelares também são potenciais catalisadores para a fotorredução de CO2 em hidrocarbonetos. Li et al. 70 descobriram que o ácido nióbico lamelar (HNb3O8) apresenta boa atividade para a fotorredução de CO2 em metano na fase gasosa. Em trabalho posterior, os pesquisadores utilizaram o HNb3O8 lamelar, propositalmente empilhado em uma coluna de sílica (SiO2-HNb3O8) para a fotorredução do CO2. Por conta de sua estrutura em camadas e acidez protônica, o HNb3O8 apresentou atividade três vezes maior para a fotorredução de CO2 em CH4 do que o Nb2O5 comum. O SiO2-HNb3O8 lamelar possui um comportamento único de intercalação com as moléculas de água através das ligações de hidrogênio, o que contribui significativamente para a atividade fotocatalítica da amostra. Maiores teores de água favorecem a redução fotocatalítica de CO2 sobre a amostra de SiO2-HNb3O8. 26 Contudo, os fotocatalisadores apresentam uma baixa taxa de conversão de CO2 para produtos. Para essa correção foram propostas três estratégias para a melhoria de desempenho: i) Aumento na área superficial do catalisador para promover a eficiência dos portadores de carga fotogerados para a superfície; ii) Adaptação do bandgap dos semicondutores para melhorar a absorção da luz; iii) Modificar o catalisador com co- catalisadores para permitir a absorção dos reagentes e auxiliar nos processos redox. Lee et al. 71 investigaram os efeitos de co-catalisadores, NiO e Co3O4, e das condições de pré-tratamento na atividade fotocatalítica do InNbO4 para a fotorredução do CO2. O In2O3 e o Nb2O5 foram os materiais precursores para a reação de estado-sólido para a formação do InNbO4. As amostras de NiO-InNbO4 e Co3O4-InNbO4 foram pré-tratadas por redução à 500°C durante 2 horas e posteriormente oxidadas à 200°C por 1 hora. Os resultados da amostra de NiO-InNbO4 após o pré-tratamento mostraram a presença de NiO altamente cristalino e Nb2O5 monoclínico. O NiO-InNbO4 apresentou atividade fotocatalítica mais elevada, devido à presença do tipo core-shell Ni0 e NiO sobre a superfície, além da presença de uma pequena quantidade de Nb2O5 como um promotor. Citando Zou et al. 72 relataram uma correlação de propriedades estruturais com as propriedades fotocatalíticas e fotofísicas das amostras de InNbO4 e InTaO4, reiterando a importância de se utilizar catalisadores com gap de baixa energia, pois quanto menor o gap, mais fácil acontece a excitação do fóton. O que motivou o estudo do InNbO4 para a fotorredução de CO2, pois com um bandgap estreito, 2,5 eV, tem capacidade para ser bom catalisador para a fotorredução de dióxido de carbono. E para obter alta atividade fotocatalítica, foi necessário carregar um co-catalisador na superfície do fotocatalisador como um aceitador de elétrons, que neste caso, foram escolhidos o NiO e Co3O4. Os resultados demonstraram que o NiO-InNbO4 é um catalisador promissor para a fotorredução de CO2 sob irradiação com luz visível. Silva et al. 73 realizaram de forma inédita o estudo da atividade fotocatalítica de partículas de Nb2O5 com superfície modificada por grupos peroxo para a fotorredução de CO2, as amostras foram tratadas termicamente a temperaturas de 150, 200, 300, 400 e 600°C por duas horas, a uma taxa de aquecimento de 10°C min-1. Observaram que a seletividade e a atividade fotocatalítica estavam diretamente relacionadas à acidez superficial das nanopartículas de Nb2O5, no qual a alta acidez superficial solicitou a conversão de CO2 em CO, HCOOH e CH3COOH e a baixa acidez superficial levou à conversão de CO2 em CH4. Além disso, identificaram que o CO é uma das principais 27 espécies intermediárias provenientes da fotorredução de CO2 adsorvido na superfície do Nb2O5, em todas as condições. Uma forma de promover o aumento das propriedades fotocatalíticas é por meio de alterações estruturais como dopagem, visando a minimização da recombinação dos pares fotogerados e diminuição no valor do bandgap do material 74. 2.2.1 Modificações estruturais dos fotocatalisadores O processo de dopagem consiste em uma maneira eficiente de melhorar as propriedades dos semicondutores. A adição de íons estranhos à estrutura do fotocatalisador, podem acarretar em mudanças na estrutura cristalina, estrutura eletrônica, morfologia e propriedades ópticas em detrimento ao tipo e concentração do dopante e das rotas de dopagem. Nos semicondutores tipo n, como o Nb2O5, a dopagem acontece devido à adição de átomos com maior número de elétrons de valência do que o semicondutor. A dopagem resulta na inserção de um nível doador de elétrons localizado próximo à BC, ao passo que para semicondutores do tipop, como o ZnO, o dopante apresenta menor número de elétrons do que o semicondutor, originando a formação de um nível aceitador de elétrons próximo a BV. Em ambos os casos, a introdução de níveis intermediários de energia leva à redução do valor do bandgap, alterando as propriedades elétricas do semicondutor 75. Além dos defeitos eletrônicos, defeitos de outra origem podem originar mudanças nas propriedades elétricas dos sólidos. Apesar dos sólidos cristalinos possuírem estruturas cristalinas altamente ordenadas, nem sempre apresentam arranjo atômico perfeito, irregularidades são comuns e exercem influência sobre as propriedades dos materiais. Os defeitos mais importantes nos óxidos são os chamados defeitos pontuais, o qual se caracterizam pela ausência (vacâncias) ou presença (intersticiais, substitucionais) de átomos em relação à configuração normal da estrutura cristalina 76,77. As vacâncias formadas pela ausência tanto de cátions, como de ânions são designadas como defeitos do tipo Schottky 78. Essa desordem na rede aumenta as taxas de difusão de átomos no interior dos sólidos cristalinos. A origem de um par formado por uma vacância e um átomo intersticial é denominado como defeito do tipo Frenkel, no qual consiste em um deslocamento de átomos/íons de seus sítios da rede para posições intersticiais, mantendo o balanço eletrônico total no interior do cristal 79. Temos ainda que a substituição de um 28 átomo da matriz consiste em um tipo de defeito pontual, controlado pelo aspecto geométrico e eletrônico. A dopagem em semicondutores óxidos têm sido amplamente empregado e com uma diversidade de dopantes, a fim de melhorar propriedades como densificação, tamanho de grão e condutividade. Contudo, o número de publicações sobre o efeito dos dopantes em Nb2O5 para aplicações fotocatalíticos é pequeno 75. Existem uma série de trabalhos difundidos na literatura referentes à dopagem realizada com cátions, entre eles o Nb5+80, Ti4+81, Ce3+82, La3+83, Cu2+ 84, Zn2+85, Ni2+ 86 e etc. Para a manutenção da neutralidade da carga, vacâncias de oxigênio são criadas quando os metais de baixa valência são dopados, podendo beneficiar o desempenho fotocatalítico. Dessa maneira, os íons metálicos dopados na superfície do Nb2O5 podem fazer com que os elétrons se localizem ao redor deles, aumentando a densidade de elétrons fotoinduzidos nos locais ativos, melhorando a capacidade de doação de elétrons nas reações fotocatalíticas, como a fotorredução do CO2 87. Alguns trabalhos sugerem que as distribuições de vacâncias de oxigênio, no bulk ou na superfície, são muitos importantes e contribuem de maneiras diferentes para a atividade fotocatalítica 88–91. Contudo, um excesso de vacâncias de oxigênio pode ser um fator negativo, pois promoveria o aumento excessivo da recombinação dos elétrons e vacâncias fotogeradas, diminuindo a atividade fotocatalítica do semicondutor 88,89,92. Wang et al. 89 relataram que as vacâncias no bulk promovem significativamente a captação de luz visível, contudo permitem que alguns elétrons e vacâncias se recombinem, diminuindo o intervalo de bandgap de 2,41 para 2,25 eV. As vacâncias na superfície, por sua vez aumentam de maneira muito eficiente a separação das cargas fotogeradas, diminuindo a borda da banda de valência. Estudos envolvendo vacâncias em semicondutores podem ser introduzidas por diferentes maneiras, dentre elas o tratamento térmico em atmosferas com deficiência em oxigênio (como por exemplo, nitrogênio, hidrogênio, vácuo e ar sintético) 91,93, tratamentos com peróxido de hidrogênio 94, além de outras rotas 95–97. O tratamento térmico é comumente utilizado e para o ajuste no número e distribuição de vacâncias é preciso atentar-se à temperatura, tempo de permanência e atmosfera da mufla. Geralmente quanto maior o tempo de tratamento térmico e mais redutora for a atmosfera, mais vacâncias estarão difundidas no material. As vacâncias de oxigênio costumam se propagar da superfície para o volume (bulk) durante o tratamento térmico, ainda podem ser adicionadas a partir da calcinação sob o ar, pois dependendo da estrutura do cristal e 29 da temperatura utilizada, a transição de fase crítica e a deformação podem fomentar a formação de novas vacâncias 98. Os íons adicionados podem ocupar apenas duas posições na rede do Nb2O5, nos locais onde há Nb ou O (substitucionais) ou nos interstícios do Nb2O5 (intersticiais). A efetividade do processo de dopagem depende quase que exclusivamente das diferenças no raio, nos estados de valência e nas diferenças de eletronegatividade entre os átomos do material hospedeiro e do material dopante. Geralmente um dopante cujo raio seja semelhante ao raio do átomo hospedeiro, além de facilitar a dopagem, influencia na solubilidade da estrutura do hospedeiro, resultando em distorções mais leves e menores alterações na morfologia 99. Oliveira et al. 95 avaliaram o Nb2O5 dopado com Zn, em concentrações de 0,1 e 0,2% em mol, sintetizados pelo método do peróxido oxidante com cristalização em condições hidrotérmicas, identificando que os materiais são possíveis fotocatalisadores ativados pela luz visível. Os materiais desenvolvidos apresentaram estrutura semicristalina com a formação da fase ortorrômbica do Nb2O5 e parte amorfa. Após a dopagem das amostras verificaram uma melhor cristalinidade, alta área de superfície específica e baixos valores de bandgap, de 2,67 para 1,70 eV, diminuindo a energia necessária para a ativação do fotocatalisador, melhorando consideravelmente a atividade fotocatalítica do Nb2O5 sob irradiação visível pois possibilitou o aumento de sítios ativos disponíveis para reação. As amostras sintetizadas apresentaram grande fotoatividade na degradação da rodamina B e do ácido cafeico. Os materiais com 0,1% e 0,2%mol de Zn permaneceram degradando cerca de 80% e 87%, respectivamente o ácido cafeico, após três ciclos consecutivos de reuso, comprovando que os compostos orgânicos foram realmente degradados e não apenas adsorvidos. O tungstênio é um elemento que apresenta características de um semicondutor do tipo n que tem apresentado bons resultados em processos de conversão fotoquímica em fase gasosa, sendo a fase monoclínica especificada como a mais estável e fotoativa 100. As propriedades ópticas presentes quando associadas à presença de vacâncias de oxigênio 101,102 otimizam a difusão dos elétrons fotogerados. Além disso, materiais à base de tungstênio tem apresentado resultados promissores em processos de fotocatálise, inclusive na conversão de CO2 103. O WO3 apresenta potencial na aplicação fotocatalítica de compostos orgânicos devido ao seu valor de bandgap de 2,75 eV, permitindo que possa ser excitado na região visível do espectro solar 104. Além disso, os elementos W e Nb apresentam mesma estrutura cristalina, ou seja cúbica de corpo centrado (CCC), raios https://www.sciencedirect.com/topics/physics-and-astronomy/rhodamine 30 atômicos similares, 0,141 nm e 0,146 nm, respectivamente, além disso os raios iônicos também apresentam valores próximos, W6+ (0,60 Å), W4+ (0,66 Å) e Nb+5 (0,64 Å) viabilizando sua entrada na rede cristalina do Nb2O5. Portanto, o tungstênio pode ser considerado um excelente candidato para a dopagem quando aplicado em compostos híbridos 105. No trabalho de Cardoso et al. 103 foi sintetizado material à base de Nb2O5 quimicamente modificado por dopagem com tungstênio para oxidar compostos orgânicos em meio aquoso, na presença de H2O2, por meio da fotocatálise heterogênea, com o intuito de potencializar suas propriedades oxidativas. Os autores investigaram a formação dos produtos gerados pela oxidação do azul de metileno no qual identificaram que o corante foi sucessivamente oxidado e produziu compostos intermediários. A sucessiva hidroxilação durante o processo oxidativo indica a alta reatividadedos radicais hidroxilas que são gerados, envolvendo H2O2 sobre a superfície dos grãos de Nb2O5 dopados com W, resultados que sugerem que o H2O2 pode regenerar in situ o grupo peróxido, permanecendo ativo no sistema, a adição do tungstênio pareceu facilitar a geração destes grupos peroxo na superfície do catalisador. São encontrados diversos estudos relacionados à dopagem do TiO2 com tungstênio, indicando a eficiência da dopagem nas suas propriedades intrínsecas 41,106,107. Zhang et al. 106, por exemplo, realizaram dopagem, pelo método sol-gel, de W (VI) no semicondutor TiO2, os pesquisadores avaliaram que a estrutura cristalina anatásio foi preservada com dopagens que variaram de 0,1% a 5%, para a aplicação em células solares. Verificaram que banda de condução se deslocou para baixo gradualmente, ou seja, houve a ocorrência da diminuição de bandgap, à medida que o teor de dopante foi aumentado de 0,1% para 2%. No entanto, constataram que quando o acréscimo de W supera o valor de 2% e vai até 5%, a banda de condução permanece inalterada. O estudo confirmou que o TiO2 dopado com W apresenta vantagens interessantes, além da diminuição da BC, também há a diminuição da recombinação das cargas fotogeradas, aumentando a vida útil dos pares. Avilez et al. 107 realizaram a degradação e mineralização de poluentes orgânicos em água e também no ar por fotocatálise com TiO2. Os autores avaliaram que a atividade fotocatalítica do TiO2 é altamente dependente de sua estrutura cristalina e de sua capacidade de gerar pares elétron-vacância na superfície catalítica, além disso, o TiO2 em sua fase cristalina anatásio é ativado somente com luz ultravioleta (UV), assim como o Nb2O5, com energias de bandgap de 3,2 e 3,4 eV, respectivamente. Assim, a modificação do TiO2 por dopagem com metais de transição tem sido de grande interesse na busca por 31 aumento de atividade fotocatalítica para ampliar sua capacidade de absorção de luz em direção à região visível da luz. Além disso, a dopagem pode promover a diminuição da taxa de recombinação entre pares foto-excitados. No estudo desenvolvido pelo grupo os fotocatalisadores de TiO2 foram dopados com W e Mo (1, 2 e 3% em peso) pelo método auto-montagem induzida por evaporação (EISA). A fotoatividade desses materiais foi avaliada pela degradação do 4-clorofenol sem suprimento de oxigênio. Os catalisadores exibiram apenas a fase cristalina da anatásio e áreas superficiais específicas elevadas de cerca de 179 m2g-1. Os pesquisadores avaliaram que a quantidade de cátions dopantes no TiO2 foi um parâmetro chave para aumentar a fotoatividade, onde os resultados obtidos mostraram que com baixas concentrações de dopante, ou seja 1% em peso, a degradação é melhorada, fator que pode ser atribuído a um aumento na vida útil das cargas fotogeradas, uma vez que cátions dopantes podem facilmente capturar elétrons, diminuindo a taxa de recombinação dos pares. Foi observado também um aumento na área superficial específica ao aumentar a carga de W, mas neste caso o diâmetro médio dos poros diminuiu de 6,1 para 4,6 nm quando a quantidade de W aumentou de 1 para 2% em peso. Essa tendência sugere que um aumento no conteúdo de dopante na estrutura de TiO2 poderia aumentar a área superficial específica e reduzir o diâmetro médio dos poros. Sathasivan et al. 41 desenvolveram filmes de dióxido de titânio dopados com 2,25% de W em peso e avaliaram suas propriedades fotocatalíticas. A análise de XPS indicou a presença de W6+ e W4+ na matriz do TiO2, com a dopagem substitucional de W4+ induzindo uma expansão da célula unitária anatásio, confirmado pelo difratograma. Os filmes também mostraram boa atividade fotocatalítica sob iluminação com luz UV, com degradação do corante Resazurina a uma taxa maior do que com TiO2 não dopado. A utilização do W como dopante é uma alternativa interessante, pois permite a liberação de até dois elétrons para cada átomo dopante, o que é vantajoso, pois permite o uso de baixos níveis de dopante que por sua vez reduzem as concentrações de defeitos e, portanto, reduzem a dispersão dos transportadores de carga. Os autores consideram que o W é um dopante ideal pois é solúvel na matriz de TiO2, que geralmente ocorre no estado de oxidação 6+ e nesse estado possui um raio iônico menor que o Ti4+. Devido às semelhanças nos raios iônicos de W6+ (0,60 Å) e Ti4+ (0,605 Å), os autores concluíram que a dopagem substitucional do Ti4+ pelo W6+ deve resultar em pouca alteração na cela unitária do TiO2. Os pesquisadores confirmaram que a presença do W nos filmes de TiO2 realmente melhoram as propriedades fotocatalíticas, contudo constataram que o excesso 32 de dopantes pode ser prejudicial. O aumento inicial nas propriedades fotocatalíticas dos filmes com dopagem provavelmente ocorreu devido ao aumento da microestrutura da superfície, além da diminuição dos limites de grãos que são locais de recombinação dos portadores de carga, devido a partículas maiores e com forma melhor definida. Isso facilita uma área de superfície alta e mais locais fotoativos para a degradação do corante durante a iluminação UVA. Com concentrações excessivas de dopante (4,47 e 4,65 % em peso de W) um aumento na área superficial é compensado pela presença de mais locais de recombinação de portadores de carga fotoinduzidos que no total reduzem a fotoatividade. Song et al. 16 pesquisaram a degradação fotocatalítica do azul de metileno em meio aquoso usando nanofibras de TiO2 dopadas com W, preparadas por eletrofiação derivada de sol-gel e subsequente calcinação. Diferentes concentrações de dopante W na faixa de 0 a 8% em mol foram sintetizados para avaliar o efeito da concentração de W na atividade fotocatalítica do TiO2. Os resultados de DRX indicaram que o TiO2 não dopado é composto pelas fases anatásio e rutilo. A dopagem, por sua vez, contribuiu para que a fase rutilo fosse transformada completamente em fase anatásio. Entre os catalisadores dopados, o catalisador com a porcentagem de 2% em mol de W apresentou a maior taxa de degradação em MB. Os autores avaliaram também que a constante cinética de degradação aumentou de 1,04 x 10-3 min-1 para 3,54 x 10-3 min-1 com o aumento da dopagem de W de 0 a 2 mol%, mas apresentou diminuição dessa constante para 1,77 x 10-3 min-1 quando o teor de W era de 8 mol%. Assim, a dopagem com tungstênio no Nb2O5 pode ser um promissor sistema fotocatalítico para promover um aumento das propriedades fotocatalíticas possibilitando maior rendimento dos produtos com seletividade a partir da aplicação na região do espectro no visível. Apesar de existirem uma gama de estudos acerca da fotodegração de contaminantes orgânicos pelo semicondutor Nb2O5, há uma escassez de trabalhos relacionados à obtenção deste sistema fotocatalisador Nb2O5:W e da aplicação para a fotorredução do CO2, não sendo encontrados nenhum trabalho no banco de dados da Web of Science. Assim, além da melhor compreensão dos mecanismos de fotorredução do CO2, seletividade na formação de produtos de valor agregado, do ponto de vista comercial e produtividade, o presente sistema de fotocatalisador torna-se de grande interesse para contribuir de forma inédita. Associado à busca de fotocatalisadores com maior eficiência de aplicação, podem ser desenvolvidos na forma de fibras, possibilitando uma melhor preservação das 33 propriedades fotocatalíticas. Ademais, vale ressaltar que existem poucos relatos na literatura referentes a fibras destes semicondutores 108,109. 2.3 Nanofibras de Nb2O5 e Nb2O5:W para fotocatálise As fibras cerâmicas podem ser formadas por óxidos ou outros compostos inorgânicos, não metálicos, além disso, podem apresentar estrutura policristalina, semicristalina ou amorfa. São utilizadas, principalmente, em aplicações que necessitem de estabilidade oxidativa e alta resistência emtemperaturas elevadas, como por exemplo, em materiais estruturais para compósitos cerâmicos (CMC) e metálicos (CMM) 110. A partir dos anos 70 foram desenvolvidas fibras cerâmicas com diâmetros micrométricos para aplicações comerciais, consistiam em materiais baseados em Si-C 110,111. As fibras cerâmicas, assim como as fibras de vidro podem ser sintetizadas a partir de materiais fundidos, por um processo conhecido como fiação por fusão no estado sólido (Solid State Melt Spinning). No entanto, este processo inviabiliza a produção de fibras de alto ponto de fusão, fibras contínuas à base de alumino-silicatos e alumina são alguns dos exemplos, sendo produzidas por processos sol-gel, no qual sua utilização inicial havia sido empregada em isolamentos refratários de até 1600°C, mas agora também são produzidas como reforços para compósitos de matriz metálica para resistirem acima de 1000°C 112. Para estes casos, processos baseados em soluções, sóis ou suspensões dos materiais precursores são mais comumente utilizados, podendo ser classificados em diretos e indiretos 113,114. Enquanto a produção direta é constituída por algum método de fiação de precursores cerâmicos, como, por exemplo, fiação por fundido (melt spinning), fiação por solução, (solution spinning), fiação por sopro de fundido (melt blowing). A produção indireta por sua vez, consiste em fibras cerâmicas que não são obtidas por fiação, mas sim pelo revestimento das fibras de outros materiais, como por exemplo, o processo de Deposição Química de Vapor (CVD), em que moléculas na fase gasosa se depositam na superfície de outros materiais fibrosos e o processo “Relic”, no qual as fibras orgânicas são mergulhadas em soluções ou sois saturados com sais do material desejado 110. Atualmente, existe uma ampla variedade de fibras cerâmicas, tais como fibras de alumina, mulita, ZrO2, SiC, BN, Si-B-N, Si-C-N, YAG (Y3Al5O12), Nb2O5 além de outras, que são produzidas por diferentes tecnologias e possuem diâmetros que variam entre 1 e 20 μm 115. No entanto, observa-se que uma das formas de se melhorar esse tipo 34 de sistema é o controle de morfologia com a crescente busca por fibras nanométricas, devido ao controle do tamanho, da porosidade, de modo a obter elevada razão área superficial/volume, desejável em um vasto número de aplicações, tais como, catálises, biossenssores, baterias de hidrogênio, células solares e combustíveis, materiais estruturais que exigem alta resistência mecânica e engenharia de tecidos 114,116,117 As nanofibras são de grande interesse tecnológico por conta de sua alta razão de aspecto, extrema flexibilidade e anisotropia, por esse motivo apresentam propriedades superiores as de suas respectivas fibras micrométricas 118. Nas reações catalíticas, por exemplo, quanto menor for o diâmetro das fibras do catalisador, maior pode ser a taxa reacional, pois a presença de sítios ativos está condicionada ao aumento da área superficial, o que possibilita o aumento da reatividade do sistema sem o surgimento de aglomerados de partículas 119. Assim, é possível observar buscas por tecnologias para o desenvolvimento de nanofibras de materiais cerâmicos, sejam para aplicações estruturais ou funcionais como em ferroelétricos, magnéticos ou semicondutores, como o TiO2, SnO2, ZnO, WO3, MoO3, conhecidos pela capacidade de detectar concentrações vestigiais de espécies gasosas, normalmente nos níveis de partes por milhão (ppm) ou superiores 120–122. As nanofibras podem ser desenvolvidas a partir dos materiais óxidos pelo método de eletrofiação sendo essa a principal técnica utilizada no processamento de fibras 123. Isto ocorre devido à alta razão de aspecto, produzindo fibras contínuas com diâmetros que variam de dezenas de nanômetros até poucos micrômetros, com vários centímetros de comprimento 124. Segundo revisão literária, a primeira publicação em síntese de nanofibras cerâmicas, viabilizada pelo processo de eletrofiação, foi obtida em 2002 por Dai et al. 125, o qual sintetizaram fibras de borato de alumínio, a partir de uma solução aquosa de poli (vinil álcool) (PVA), contendo seus devidos precursores (acetato de alumínio e ácido bórico). Posterior ao processo de eletrofiação, as fibras sofreram tratamento térmico a uma temperatura de 1400ºC, obtendo ao final um diâmetro médio de 550 nm. Recentemente os óxidos semicondutores à base de nióbio vem sendo alvo de pesquisas como no trabalho realizado por Viswanathamurthi et al. 126, um dos primeiros estudos relacionados a produção de nanofibras de Nb2O5 por meio do processo de eletrofiação utilizando solução polimérica de PVAC (polivinilacetato) e etóxido de nióbio molecular por meio da síntese por sol-gel, seguidos de tratamento térmico em diferentes temperaturas para a obtenção das fibras cerâmicas. Nos resultados observou-se que tanto 35 a morfologia quanto a cristalinidade das fibras são dependentes da temperatura de calcinação. Qi et al. 127 também desenvolveram estudos relacionados ao desenvolvimento de fibras de Nb2O5 para a fotodegradação do composto laranja de metila, mas utilizaram PVP na solução polimérica precursora. Após o tratamento térmico, verificaram que o diâmetro médio das fibras havia sido reduzido de 500 nm para valores de 340 a430 nm. Além disso, obtiveram a fase pseudohexagonal (TT-Nb2O5) das fibras calcinadas à 500°C e a fase ortorrômbica (T-Nb2O5) para as fibras calcinadas a 700°C. Nos resultados fotocatalíticos a fase TT-Nb2O5 foi a que mostrou maior eficiência na degradação de 62%, ao passo que para a fase T-Nb2O5 a taxa de degradação foi de 37%. Os autores explicam que isso se deve ao fato de que as fibras calcinadas a uma temperatura menor apresentam maior absorção de luz UV, com gap de 3,37 eV, além de a área superficial específica ser oito vezes superior às fibras calcinadas a uma temperatura maior. Consideram que as razões para a maior eficiência de degradação do TT-Nb2O5 podem ser atribuídas à maior propriedade de oxidação, maior absorção da luz UV e menor taxa de recombinação dos pares fotogerados. Dai et al. 128 posteriormente realizaram um trabalho para melhorar a eficiência fotocatalítica do Nb2O5 modificando-o com nanofibrilas de carbono (F-C/Nb2O5) para a fotodegradação da rodamina B sob luz visível, sendo sintetizadas pelo método de auto- montagem induzida à vácuo. A estrutura desenvolvida (F-C/Nb2O5) exibiu estrutura tridimensional típica de nanorods com diâmetro médio de 30 nm e muitos poros quando comparada ao C/Nb2O5 comum e ao Nb2O5 comercial, além disso sua área superficial foi três vezes superior à amostra (C/Nb2O5). Além disso, as nanofibrilas apresentaram um bandgap de 3,01 eV, inferior ao da amostra C/Nb2O5, cujo valor foi de 3,19 eV. Os autores averiguaram também a eficiência fotocatalítica das nanofibrilas e constataram que ela atua melhor em pH ácido (pH ≤ 3). Verificaram que após 30 minutos de degradação a F- C/Nb2O5 havia degradado 90% corante, ao passo que C/Nb2O5 apenas 30%. Transcorridos 60 minutos, as nanofibrilas haviam degradado quase que completamente a rodamina B, enquanto a taxa de C/Nb2O5 era de apenas 45%. Eles observaram que essa melhoria na eficiência fotocatalítica tinha sido causada por três principais diferenças. Em primeiro lugar a faixa de absorção da luz visível das nanofibrilas e a alta taxa de utilização da luz visível, em segundo lugar o menor bandgap apresentado por elas, facilitando a transição eletrônica e em terceiro lugar a área superficial específica três vezes superior à área específica de C/Nb2O5. 36 Qi et al. 129 relataram o desenvolvimento de nanofibras de Nb2O5 decoradas com nanoclusters de grafeno, modificação estrutural que permitiu a extensão da região fotocataliticamente ativa do UV para a região do UV-vis (de 380 nm à 800 nm na superfície de adsorção). As nanofibras foram desenvolvidas pelo processode eletrofiação, seguidas de tratamento hidrotérmico. Análises estruturais realizadas atribuem a atividade fotocatalítica principalmente à alteração dos intervalos de banda pelos aglomerados e também à orientação das camadas de grafeno, quase perpendiculares ao Nb2O5. Desta forma, é possível evidenciar que nanofibras cerâmicas tem apresentado resultados promissores para aplicação fotocatalítica a partir do controle das características morfológicas dos semicondutores, tornando passível o desenvolvimento de um sistema seletivo e de rendimento na conversão do CO2 a produtos de valor agregado. 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral O presente trabalho tem como objetivo a obtenção por eletrofiação de nanofibras de pentóxido de nióbio (Nb2O5) puras e dopadas com tungstênio (Nb2O5:W), e avaliar a influência de parâmetros do processo nas características estruturais e na aplicação fotocatalítica do CO2. 3.2 Objetivos específicos Almeja-se obter as nanofibras cerâmicas de Nb2O5 e Nb2O5:W pelo processo de eletrofiação de uma solução polimérica de PVA com o oxalato amoniacal de nióbio. A partir disso, avaliar a influência dos parâmetros na preparação das nanofibras, tais como: a concentração da solução polimérica, condições de eletrofiação, a temperatura de tratamento térmico, bem como a taxa de aquecimento e tempo de permanência com relação às características das nanofibras obtidas. Com base nas melhores condições de síntese e processamento, espera-se caracterizar as estruturas e morfologias a partir das técnicas DRX, MEV-EDS, TGA, FTIR, ERD, além de ensaios fotocatalíticos para a verificação da eficiência do fotocatalisador na conversão do CO2, sob a influência de um reator de alta intensidade de emissão na região UV/Vis, em outros produtos. 37 Objetiva-se também, compreender a conversão de CO2 à produtos através do controle das fases cristalinas, área superficial (na etapa de síntese e processamento), e em especial, das intensidades de emissão espectral, visto que este parâmetro pode otimizar a ação catalítica da estrutura desenvolvida. Além de realizar o estudo de reaplicação das fibras ultrafinas de Nb2O5 puras e dopadas com tungstênio Nb2O5:W na fotodegradação do CO2. 4 JUSTIFICATIVA Atualmente, os materiais à base de nióbio são utilizados em setores de alta tecnologia, desde a indústria aeroespacial à eletroeletrônica, com o desenvolvimento de dispositivos avançados e computadores quânticos. A utilização desses materiais em setores estratégicos reforça que o nióbio provavelmente será o responsável pelo desenvolvimento industrial das próximas décadas e além disso, os materiais à base de nióbio são oficialmente considerados matéria-prima escassa na União Europeia e nos EUA 18,130. O minério é abundante no Brasil, onde estão localizadas cerca de 98% das reservas mundiais de suas jazidas, seguido por Canadá e Austrália. Segundo levantamento realizado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) as reservas brasileiras somam 842,4 milhões de toneladas, onde 75% desse total se concentram em Araxá (MG), 21% estão localizados em depósitos não comerciais na Amazônia e 4% estão em Catalão (GO). A jazida goiana é explorada pela empresa chinesa CMOC Internacional Brasil, subsidiária da mineradora China Molybdenium onde somadas, representam, 82% do nióbio vendido mundialmente, cerca de 120 mil toneladas por ano, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) produz 90 mil toneladas e a CMOC cerca de 9 mil toneladas 131. A aplicação dos óxidos de nióbio em processos oxidativos avançados sob a forma de Nb2O5, tem sido alvo de pesquisa, de maneira que a proposta do trabalho a ser desenvolvido busca ampliar a utilização de um produto nacional, potencialmente capaz de minimizar os problemas inerentes ao aquecimento global. Importante destacar que, a dopagem do semicondutor com tungstênio busca ampliar a fotoatividade do dispositivo para região do visível de emissão espectral, além de minimizar a recombinação do par elétron-buraco pela diferença de bandgap 132. Visa-se também que a dopagem promova uma melhor eficiência na seletividade e rendimento dos produtos formados. Um fator de destaque no trabalho é a utilização de um reator fotoquímico, o qual é uniformemente 38 iluminado em seu interior utilizando uma lâmpada UVC (PHILIPS 5 W) e protegido por um tubo de quartzo com um comprimento de onda máximo comprimento de onda de 254 nm (0,167 mW/cm2). Fator que permite um entendimento do mecanismo de fotorredução do CO2, uma vez que a excitação eletrônica nos diferentes semicondutores pode ser influenciada, não apenas pela faixa de emissão espectral, mas também pela intensidade. Além disso, dentre os desafios da conversão de CO2 consiste na formação de produtos com alto rendimento e seletividade, uma vez que podem ser obtidos ácido fórmico, formaldeído, metano e metanol por exemplo, sendo todos de grande apelo comercial desde farmacêutica, alimentícia e têxtil. A proposta de obtenção do semicondutor na forma de fibras ultrafinas, se justifica em razão de possibilitar o controle das propriedades morfológicas de tamanho e porosidade, além de uma elevada área superficial devido a estruturas contendo orifícios centrais, podendo impactar positivamente no aumento das taxas de adsorção e conversão visando a recuperação do fotocatalisador e o posterior reuso. A escolha pelo semicondutor Nb2O5 é considerada estratégica, visto que o Brasil detém ampla disponibilidade no território e se classifica como o maior produtor de nióbio no mundo. Contudo, o país exporta grande parte desse minério para a comunidade internacional por valores irrisórios, onde transformam todo o processamento dessa matéria-prima em tecnologias de alto valor agregado. A exploração sustentável do minério dentro do setor interno pode impactar positivamente nos aspectos socioeconômicos do Brasil, uma vez que muitas aplicações estão sendo descobertas à medida que a ciência e a tecnologia avançam. Vale ressaltar que não foram encontrados do banco de dados do Web of Science trabalhos envolvendo Nb2O5 com dopagem de tungstênio para a redução fotocatalítica do CO2. Também não foi encontrado nenhuma publicação desse sistema na forma de nanofibras, e nem o uso de fibras para a conversão do CO2, o que possibilita a investigação e compreensão da avaliação da eficiência tanto no processo de obtenção, de modo que o projeto apresenta significativo impacto de inovação quanto na aplicação. 39 5 MATERIAIS E MÉTODOS Nesse tópico serão abordados o processamento das fibras de PVA e PVA: Oxalato Amoniacal de Nióbio (OAN), bem como a caracterização da forma e estrutura das mesmas. 5.1 Sequência metodológica O desenvolvimento experimental que será empregado está representado no fluxograma da Figura 4.1. Inicialmente será identificado, a partir do preparo das soluções, a melhor relação de proporção entre o polímero e o sal precursor, homogeneizados em água deionizada, para a obtenção das nanofibras por eletrofiação. Para a melhor relação de polímero/sal, será realizada a variação dos parâmetros de calcinação (temperatura, taxa de aquecimento e tempo de permanência). Identificada a melhor composição, serão feitas as caracterizações estruturais e morfológicas. Figura 5.1- Fluxograma das atividades a serem desenvolvidas. A caracterização será realizada por meio das técnicas de microscopia eletrônica de varredura (MEV), difratometria de raios X (DRX), espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TGA). A pureza e cristalinidade dos sais e óxidos serão avaliadas pela técnica de difração de raios X (DRX) e espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Após o processo de eletrofiação, as nanofibras serão submetidas às 40
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