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Layne-THEUNIPOLARILLUSION

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THE UNIPOLAR ILLUSION
Christopher Layne
• Em seu artigo, o autor utiliza-se da teoria neo-realista para analisar as implicações da unipolaridade. 
Para ele, há apenas um “momento unipolar” no sistema internacional, isto é, um intervalo de 
mudanças geopolíticas que logo irão ceder para um arranjo multipolar. Para isso, o autor afirma que, 
em caso de unipolaridade, os outros estados irão equilibrar-se, balancear-se contra o hegemon, até 
mesmo aqueles que estão ao seu lado. Para embasar tal teoria, o autor utiliza-se de dois momentos 
unipolares da história: de 1660 a 1714 e de 1860 a 1910.
• Para o autor, a própria unipolaridade contém as sementes para a sua ruína, que é o fato do grau de 
poder desequilibrado do hegemon em relação aos outros estados gerar um ambiente favorável à 
emergência de outras potências, e a entrada dessas novas potências no sistema internacional acaba 
por erodir o poder relativo do hegemon, e por fim, sua própria proeminência.
Why Great Powers Rise – The Role of Systemic Constraints
• O quanto um hegemon consegue se manter no poder dentro do sistema depende diretamente da 
possibilidade de novas potências emergirem. A emergência ou desaparecimento de uma potência 
dentro do sistema tem grande efeito sobre este como um todo, mudando sua estrutura.
• Nesse contexto, superpotências emergem a partir de fenômenos estruturais, sendo as principais: as 
diferentes taxas de crescimento e a anarquia internacional. Apesar de serem provenientes desses 
fatores estruturais, o surgimento de novas potências afeta diretamente a própria estrutura, a nível 
unitário. De modo geral, há uma espiral de custos envolvida nessas mudanças, que são: (1) as 
restrições estruturais pressionam os estados elegíveis a se tornarem potências; (2) esses estados 
fazem decisões em nível estatal a fim de desafiar as potências em resposta a tais restrições e; (3) se 
tais decisões estatais produzem mudanças na polaridade do sistema, elas tem impactos estruturais. 
Nesse contexto, tornar-se uma superpotência é um pré-requisito para se adquirir segurança e 
autonomia no sistema.
• O processo de surgimento de superpotências é sustentado pelo fato de que o poder (econômico, 
militar, etc) dos estados cresce de modo desequilibrado, não crescem paralelamente. De certo modo, 
isso significa que, enquanto alguns estados ganham poder, outros o perdem. Essa diferente taxa de 
crescimento de poder entre estados gera uma redistribuição de poder no sistema. Nesse contexto, a 
unipolaridade tem seus dias contados, uma vez que novas potências irão emergir com diferentes 
níveis de crescimento de poder relativo, o que diminui a lacuna de poder entre o hegemon e os 
outros estados. Com esse crescimento de poder, os estados se tornam cada vez mais ambiciosos 
em relação a sua posição no sistema, e esse crescente poder os leva a almejar ainda mais 
interesses e comprometimentos internacionais.
• Por ser anárquico, o sistema internacional tem o sistema de auto-ajuda, em que os estados 
preocupam-se apenas com sua própria sobrevivência, como principal característica. Os estados, 
então, devem prover sua própria segurança a fim de sobreviverem, e para isso, competem entre si 
por poder. Nesse ambiente competitivo, os estados tendem a seguir dois caminhos: 
(1) Balanceamento  há uma tendência dos estados se equilibrarem no que diz respeito ao seu 
crescimento, a fim de “corrigir” a distribuição de poder no sistema, e isso torna o sistema unipolar 
pouco provável de ser durável, uma vez que grandes pressões estruturais irão decair sobre o 
hegemon. Um hegemon “eficiente” seria aquele que é capaz de evitar a emergência de novas 
potências. Um hegemon, então, declina pois os custos de seu sustento se tornam muito altos ou 
por causa da perda de suas vantagens comparativas frente aos outros estados ;
(2) Igualdade  a competição entre os estados acaba por gerar uma certa igualdade entre eles, ou 
seja, eles acabam por imitar as características bem-sucedidas uns dos outros. Ao temerem por 
sua segurança, os estados imitam as políticas bem-sucedidas dos outros estados, já que um 
simples fracasso no sistema internacional pode significar seu desaparecimento. Os estados, 
então, irão parecer e agir de modo muito parecido. As superpotências também se enquadram 
nesse perfil, sendo similares entre si.
A 1ª resposta à Unipolaridade: de 1660 a 1714
• Nesse período, a França detinha o poder no sistema internacional, com a ascensão de Luis XIV. O 
país chegou a esse estágio através da mobilização total de seus recursos estatais, econômicos e 
militares, passando também por uma revolução militar que o fortaleceu ainda mais. Ainda sim, em 
1713, Inglaterra, Áustria e Rússia emergiram como grandes potências, transformando o sistema em 
multipolar, o que acabou por gerar os efeitos acima citados: o balanceamento e a igualdade. Esse 
processo iniciou-se com a própria imagem da França como hegemon, que serviu como exemplo para 
os outros estados e forçou a ocorrência de mudanças para que estes se equiparassem ao hegemon. 
Assim, a Inglaterra foi a que mais se destacou através da mobilização de seus recursos e do 
conseqüente aumento de seu poder, tornando-se concorrente direta da França.
A 2ª Resposta à Unipolaridade: de 1860 a 1910
• Em 1860, a Inglaterra estava em posição hegemônica no sistema internacional, caracterizando-o 
novamente como unipolar. Sua hegemonia era proveniente, principalmente, de sua superioridade 
naval e de seu império colonial. Já em 1880, outras potências começaram a emergir, afetando 
profundamente a política internacional, e, por conseguinte, a distribuição relativa de poder entre os 
estados. Nesse contexto, a Inglaterra acabou por servir de modelo para o crescimento das outras 
potências, o que causou o efeito da igualdade sobre elas. Por volta de 1860, a Alemanha (Weltpolitik) 
se destacou nesse cenário, tendo grande crescimento econômico e igualando-se, em muitos 
aspectos, à rival Inglaterra. A Alemanha, então, teve esse espantoso crescimento econômico em 
resposta à proeminência britânica no sistema.
• Nesse cenário, os EUA podiam ser caracterizados como uma “potência embrionária”, que detinha 
grandes capacidades econômicas e militares, e assim, começava a ter um papel muito importante no 
sistema internacional. Para escalar tal subida para o topo, os EUA teriam que “imitar” as capacidades 
britânicas nos âmbitos naval e colonial, principalmente. Então, a predominância britânica foi tolerada 
pelos EUA só até o momento em que este reuniu capacidades o suficiente para desafiá-la.
• O Japão, por volta de 1870, começou a escalada para o topo do sistema, sendo que esta não era de 
fato uma resposta direta à unipolaridade, porém, a preeminência da Inglaterra teve sim efeito sobre 
tal ascensão. Sua emergência foi acompanhada pelo “efeito da igualdade”, que fez com que o país 
se desenvolvesse militar e economicamente para que assim pudesse garantir sua sobrevivência no 
sistema e competir com as outras potências.
History, Unipolarity and Great Powers Emergence
• Há uma forte correlação entre unipolaridade e a emergência de superpotências. Como visto nos 
períodos citados, novas potências emergiram a fim de contrabalançar com o hegemon, e mesmo 
quando a emergência da potência não foi orientada por tal objetivo, este acabava por se tornar um 
fator importante no crescimento das potências. Uma tendência muito observada nesses períodos 
unipolares foi a ascensão de muitas novas superpotências no sistema internacional, geralmente em 
resposta ao pólo dominante já existente. Vemos então que momentos unipolares acabam por causar 
recuos geopolíticos que levam o sistema à multipolaridade.
After The Cold War: America in a Unipolar World?
• O colapso da URSS transformou o sistema internacional da bipolaridade à unipolaridade, 
encabeçada pelos EUA, sendo que este não impôs uma “monarquia universal” no sistema. Mas sim, 
este detém força o suficiente em todas as categorias para ser capaz de se mantercomo única 
superpotência do sistema, exercendo assim, um importantíssimo papel dentro deste.
• Nesse caso, pensamos que os EUA deveriam, então, adotar uma nova política que teria como 
objetivo perpetuar sua posição hegemônica no sistema, de modo a manter os mecanismos que 
dissuadissem a emergência de novas potências, aspirando então uma posição mais ampla num 
âmbito regional e global. 
• Os EUA, nesse contexto, estariam praticando a estratégia da preponderância de poder no sistema 
internacional, incorporando economias como Alemanha e Japão, a fim de criar uma economia na 
qual ele seria o mais poderoso, tendo essas outras potências como aliados. Porém, segundo o 
próprio autor, essa estratégia, apesar de prolongar a unipolaridade por algum tempo, irá falhar, pois 
qualquer tipo de tentativa de hegemonia sobre os outros, por mais benigna que seja, não irá impedir 
que novas potências emirjam do sistema, além do fato da própria imagem de sistema liderado pelos 
EUA irá levar à emergência de novas potências. Na verdade, uma estratégia de hegemonia benigna 
irá apenas aceitar “free riders”, militar e economicamente, o que acarretará num desgaste interno do 
hegemon.
• Essa estratégia não é puramente agressiva, mas sim, preventiva. Isto é, essa política preveniria uma 
nova potência de emergir. Uma das maneiras que os EUA exerceram tal política foi a influência, 
principalmente, sobre o Japão e Alemanha, afirmando que estes estariam mais “seguros” se 
estivessem sob a órbita norte-americana, ou seja, a estratégia do “bandwagon”.
• O autor explicita as alianças norte-americanas com Alemanha e Japão, que teriam como objetivo: (1) 
prevenir rivalidades multipolares; (2) desencorajar a ascensão de novos hegemons e; (3) preservar a 
cooperativa e saudável economia mundial.
• Outra opção de estratégia que poderia ser utilizada pelos EUA seria a de influência, que consiste em 
utilizar-se de seu poder militar para convencer outros estados a ceder em certas áreas em que se é 
mais fraco. Em suma, é uma estratégia mais coerciva que tem por objetivo tirar vantagem nas 
assimetrias de poder que favorecem o hegemon, no caso, os EUA.
• Analisemos então a questão da unipolaridade. Como visto antes, houveram outros 2 momentos 
unipolares na história, sendo que ambos acabaram se tornando multipolares, por uma diversidade de 
motivos. Logo, segundo o autor, a incontestada hegemonia dos EUA, possivelmente, um dia será 
desafiada.
Back To The Future: The Political Consequences os Structural Change
• Desde 1945, o Ocidente tem desfrutado de um momento de paz, que tem sido mantido, 
principalmente, pela hegemonia norte-americana que se mantém desde o fim da 2ª Guerra Mundial. 
Hegemonia essa que impediu Alemanha e Japão de se tornarem superpotências mundiais, que 
estabeleceu uma ordem econômica cooperativa e disseminou os ideais democráticos pelo sistema. 
Nesse contexto, a estratégia de preponderância dos EUA tem por objetivo manter seu status quo, 
geopoliticamente.
• Segundo o autor, para os neorealistas, essa longa paz pós-2ª Guerra tem suas origens na estrutura 
bipolar que foi gerada após esse conflito, embora o fator em nível unitário da ‘deterrence’ nuclear 
também teve importante papel. Para eles, as mudanças estruturais levariam às mudanças políticas.
• A estrutura bipolar da Guerra Fria foi completamente destruída, o que faz com que os EUA devam 
pensar sobre política internacional de um ponto de vista completamente diferente. O país deve se 
proteger de significativas perdas de poder frente a seus aliados (e aos inimigos também), o que 
tornaria a gestão do sistema muito mais difícil num ambiente em que a distribuição de poder é mais 
proporcional.
• Pela a multipolaridade ser inevitável, os EUA devem estabelecer uma estratégia que garanta seus 
interesses durante a transição unipolaridade-multipolaridade e que permita que os EUA e saiam o 
melhor possível num mundo multipolar. O ideal seria, então, que os EUA estabelecessem uma 
política equilibrada: nem muito forte, para não ameaçar os outros estados, e nem muito fraco, para 
não correr o risco de ser explorado, apenas forte o suficiente para defender seus interesses.
• Uma opção estratégica dos EUA seria a reparação dos fatores internos que o levaram à decadência, 
o que seria visto como menos agressivo / ameaçador pelos outros estados do que uma estratégia de 
preponderância. Uma certo grau de independência, que é chamado pelo autor de “independência 
estratégica”, deve ser alcançado, visando tirar proveito das vantagens geopolíticas do país.
• Nessa transição de unipolaridade para multipolaridade, os EUA devem estabelecer uma política que 
minimize os efeitos de seu declínio, ao mesmo tempo em que diminua as chances de uma 
superpotência desregular completamente a balança de poder do sistema. Não é produtivo para os 
EUA evitar a emergência de novas superpotências. 
Resumo feito por Érica Araripe
RIiscool/11

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