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Caderno Processo Penal - Ponto 1 ao 11 e o 16 do edital esquematizado

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CADERNO DE PROCESSO PENAL
Ponto número 01: 1.1 Princípios gerais, conceito, finalidade, características. 1.2 Fontes. Lei processual penal: fontes, eficácia, interpretação, analogia, imunidades. 1.4 Sistemas de processo penal.
1. Conceito de direito processual penal
Conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da polícia judiciária , e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional.
Fala-se ainda em processo penal justo, em que deve haver a observância dos direitos fundamentais e dos princípios constitucionais atinentes a matéria. Nesse ponto, deve haver um equilíbrio entre o jus puniendi estatal e jus libertatis do réu.
2. Finalidades do direito processual penal
a) Finalidade imediata ou direta: em uma visão clássica é a necessidade do Estado fazer valer o jus puniendi estatal. Em uma visão moderna, soma-se a esta necessidade a função de tutela dos direitos fundamentais do cidadão, com vistas a protegê-lo contra a força, por vezes opressora, do Estado.
b) Finalidade mediata ou indireta: confunde-se com a própria finalidade do Direito Penal, qual seja de “proteção da sociedade, a paz social, a defesa dos interesses jurídicos, a convivência harmônica das pessoas no território da nação.”
3. Características do Direito Processual Penal
a) autonomia: não é hierarquicamente inferior ao Direito Penal, possuindo regras e princípios próprios, tanto é assim que mesmo que inexista este, como no caso de ser proferida uma sentença absolutória ao final do processo.
b) instrumentalidade: é meio de aplicação do direito material penal.
c) normatividade: constitui disciplina normativa, inclusive com codificação própria.
* o Direito Processual Penal integra o Direito Público.
4. Fontes do Direito Processual Penal
a) Fonte de produção ou material: refere-se ao ente federativo responsável pela elaboração da norma, sendo no caso do Direito Processual Penal de competência privativa da UNIÃO. Lei complementar pode autorizar os Estados a legislatr sobre questões específicas dessa matéria.
* É vedada a edição de medidas provisórias sobre Direito Processual Penal (e Direito Penal também).
	Art. 62, CF/88: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: […] b) direito penal, processual penal e processual civil; 
b) Fonte formal ou de cognição: refere-se ao meio pelo qual uma norma jurídica é revelada no ordenamento jurídico.
b.1) fontes primárias ou imediatas ou diretas: são aquelas aplicadas imediatamente. Condideram-se fontes primárias do Direito Processual Penal: a lei, os tratados , convenções e regras do direito internacional.
b.2) fontes secundárias ou mediatas ou indiretas ou supletivas: São aquelas aplicadas na ausência de fontes primárias, no Direito Processual Penal: costumes, princípios gerais de direito e analogia.
Costumes :regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniforme (elemento interno), com a consciência de sua obrigatoriedade (elemento externo). Imperioso ressaltar que costumes não revogam dispositivos legais!
Princípios gerais do direito: são premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico em geral.
Analogia: forma de autointegração da norma. Na lacuna involuntária desta, aplica-se ao fato não regulado expressamente por dispositivo que disciplina hipótese semelhante. No Direito Penal a analogia pode ser, inclusive, in malam partem, o que se difere do Direito Penal, pois neste a analogia permitida é unicamente em favor do réu.
Difere-se da interpretação analógica, pois esta é forma de interpretação da norma processual penal, sendo que a própria lei autoriza o seu complemento, não havendo o que se falar em lacuna. Pode ser feita in malam partem e bonam partem tanto no CPP como no CP.
5. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
a) Princípio da presunção de inocência ou do estado de inocência ou da situação jurídica de inocência ou da não culpabilidade (artigo 5º, LVII, CF):
“LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
Por interpretação do STF da norma acima exarada, cabe execução provisória da pena após condenação no 2º grau.
Há algumas consequências quando se analisa o princípio da presunção de inocência:
I. Ônus da prova: é dever da acusação comprovar a culpa lato sensu do réu; o in dúbio pro reo na condenação nunca é pro societate; Porém a defesa deve provar excludentes, circunstâncias atenuantes, causas de diminuição de pena, causas de extinção de punibilidade.
II. Excepcionalidade das Prisões cautelares: é compatível com o princípio na medida que força a assumir como regra a liberdade, devendo a prisão ser utilizada em ultima ratio. Na verdade, toda medida constitiva de direitos individuais só pode ser decretada excepcionalmente.
No Brasil, não há modalidade de prisão automática. Não é possível condicionar recurso à prisão do réu, não sendo obrigatório que o réu preso na instrução seja obrigado a continuar preso após a sentença recorrível.
	Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
	Relativizando a súmula, o STJ decidiu que é possível afastar o benefício legal previsto no artigo 33, § 4º da Lei 11.343/06 utilizando IP e ações em andamento, pois não se trata de agravação de pena base, mas de concessão de benefício de causa de diminuição.
b) Princípio da igualdade processual ou paridade de armas – par conditio (artigo 5º, caput, CF): 
As partes devem receber tratamento igualitário, sendo que pela igualdade substancial devem os desiguais terem tratamento diferenciado, a fim de que possam igualar poderes. Ex. favor rei; prova ilícita pro reo, mas não pro societate; revisão criminal exclusiva da defesa; prazos mais longos para a defensoria pública, entre outros.
*Na ação penal pública, o princípio da igualdade das armas é mitigado pelo princípio da oficialidade. 
c) Princípio da ampla defesa (artigo 5º, LV, CF):
	“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
É o direito do réu se defender da forma mais ampla possível, sendo dividido em dois aspectos:
I. Autodefesa: é a defesa promovida pelo próprio réu, sendo esta facultativa (direito ao silêncio). Pode ser exercida pelo direito de audiência, direito do réu em ser ouvido e pelo direito de presença (direito do réu de estar presente ao atos processuais, geralmente audiências, seja de forma direta, seja de forma indireta, como por exemplo nas videoconferências).
II. Defesa técnica: absolutamente indispensável e indisponível, assegurada inclusive ao réu revel, que deve contar com profissional habilitado atuando em juízo na defesa dos seus direitos.
Segundo o artigo 263, caput, do CPP, é assegurado ao réu direito de constituir seu defensor a qualquer tempo, e apenas na sua omissão o juiz deve nomear defensor:
	Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
Nesse sentido, o STF editou a súmula 707: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.”
São consequências diretas do princípio da ampla defesa o fato de apenas o réu ter direito à revisão criminal e de que o juiz deve sempre fiscalizar a eficiência da defesa do réu.
* Súmula 523, STF: “no processo penal a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará dde houver prova de prejuízo parao réu.”
d) princípio da plenitude de defesa (artigo 5º, XXXVIII, alínea “a”, CF):
	XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
 É princípio aplicado especificadamente para o Tribunal do Júri, permitindo que o réu se utilize de todos os meios lícitos de defesa, de argumentos técnicos a argumentos sentimentais.
Consequências desse princípio: 1) maior atenção do juiz acerca da efetividade da defesa; 2) possível réu apresentar nova defesa na tréplica; 3) ampliação do tempo de debate do réu, sem que igual direito seja conferido ao MP.
e) Princípio da prevalência do interesse do réu ou favor rei, favor libertatis, in dubio pro reo, favor inocente (artigo 5º, LVII, CF):
“LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
É princípio que decorre ontológicamente do princípio da presunção de inocência, com aplicação clara no artigo 386 do CPP, em seus incisos VI e VII, havendo absolvição do réu quando: “VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação.”
Consequência direta do princípio é que quando havendo dúvida na interpretação de determinado artigo, deve ser interpretado em favor do réu. STJ entende que na fase de denúncia prevalece o princípio in dubio pro societate.
f) princípio do contraditório ou da bilateralidade da audiência (artigo 5º, LV, CF):
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
As partes devem ter a ciência dos atos do processo, e a possibilidade de se manifestar sobre qualquer ato realizado pela parte contrária.
Contraditório diferido, retartado ou postergado: quando há perigo de perecimento de prova relevante, esta pode ser produzida de plano, inclusive de ofício pelo juiz, relegando o contraditório para momento posterior. Ex. Perícia em lesão corporal, realiza a perícia e, após, as partes se manifestam do laudo.
Contraditório antecipado: também na possibilidade de perecimento da prova. Ex. Produzo antecipadamente a oitiva de testemunha em estado terminal.
Regra: NÃO há contraditório em procedimento investigatório. Exceção: há contraditório na investigação para expulsão de estrangeiro e no procedimento para apurar falta disciplinar do servidor público.
g) Princípio do Juiz Natural (artigo 5º, LIII, CF) 
“LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;”
No processo penal, o julgador ao atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou Constituição Federal. Veda-se com isso a ciração de Tribunal de Exceção, que seria aquele escolhido após a ocorrência de um crime. (Ex. Tribunal de Nuremberg).
Todavia, não configura violação ao juiz natural: 1)convocação de juiz de 1ª instância para compor órgão julgador de 2ª instância; 2) redistribuição da causa, decorrente de criação de nova vara com finalidade de igualar os acervos jurídicos; 3) atração de continência do corréu ao foro especial do outro denunciado (súmula 704, STF); 4) fundamentação per relatione.
h) Princípio da Publicidade (artigo 5º, LX e XXXIII, artigo 93, IX, CF e Artigo 792, caput, CPP):
“LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;”
“XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”
93, IX, CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
792, caput, CPP: As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos […].
Os atos processuais devem ser praticados publicamente, como forma de fomentar o controle social dos atos processuais.
	Publicidade geral: regra geral, permitido cesso público irrestrito aos atos e autos processuais.
	Publicidade específica: Se a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem, apenas o juiz, o Ministério público, o assistente de acusação e o defensor têm acesso aos atos e autos processuais.
Exceções: quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem, poderá ser restringida a publicidade.
i) Princípio da vedação das provas ilícitas (artigo 5º, LVI, CF):
“LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;”
Art. 157, CPP: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
Registre-se que se a prova permanecer nos autos, mas ela não for utilizada de nenhuma forma para a prolação da sentença, não haverá qualquer nulidade nesta decisão. Não obstante, caso utilize de prova ilícita na sentença, esta será declarada nula.
A doutrina entende que há existência do gênero prova proibida ou vedada ou inadmissível, tendo como espécies a prova ilícita: violadora de regra de direito material e a prova ilegítima: aquela obtida mediante violação de regra de direito processual.
No artigo 157, do CPP em seu §1º ficou consagrada a teoria dos frutos da árvore envenenada ou do efeito a distância – fruits of the poisonous tree – que são aquelas provas que decorrem de uma prova ilícita originária, sendo que tal ilicitude só restará caracterizada se houver nexo causal entre as provas ou quando as derivadas não puderem ser obtidas de uma fonte independente das primeiras: “[...] aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.”
Por fim, imperioso destacar a teoria da proporcionalidade (ou teoria da razoabilidade ou teoria do interesse predominante) na apreciação da prova ilícita, admitindo-a excepcionalmente em benefício do réu inocente que produziu tal prova para sua absolvição.
j) Princípio da economia processual, celeridade processual e duração razoável do processo (artigo 5º, LXXVIII, CF):
“LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
Incube ao Estado dar a resposta jurisdicional no menor tempo e custo possíveis. Porém, o princípio em questão não pode impedir que a parte produza o acervo de prova necessário e busque a verdade real do processo.
Consequências: 1) princípio da duração razoável das prisões cautelares; 2) possibilidade de utilização de carta precatória itinerante; 3) A suspensão do processo, havendo questão prejudicial, somente deve ser feita quando há caso de difícil solução, para que não se procrastine inutilmente o término da instrução.
Sobre a duração razoável do processo, duas teorias buscam reger sua aplicação,a saber: a teoria do não prazo e a teoria do prazo fixo. a teoria do não prazo leciona que a duração razoável do processo deve ser vista no caso concreto, atendendo a critérios e parâmetros legais. Já a teoria do prazo fixo dispõe que a não fixação de prazo pela lei deixa a questão sujeita a critérios abertos, vagos, imprecisos e indeterminados, que na realidade escondem, caso a caso, a predileção de quem decide sobre razoabilidade. 
l) Princípio do devido processo legal (artigo 5º, LIV, CF):
“LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”
Possui dois aspectos: 1) material ou substancial: ninguém deve ser processado senão por crime previsot e definido em lei; 2) processual ou procedimental: atribiu aos envolvidos na relação jurídica processual a garantia de um processo justo.
m) inexigibilidade de autoincriminação – nemo tenetur se deterege
É princípio que apesar de se encontrar implícito na CF/88, está explícito no artigo 8º da CIDH tendo status supralegal. Junto com o direito ao silêncio está nos direitos de Miranda, que são os avisos que devem ser dados quando o acusado é detido.
O princípio incide em sua plenitude no interrogatório de mérito, em que o réu pode permanecer em silêncio sem que haja qualquer consequência. Todavia, no ato de qualificação a doutrina majoriária entende não haver direito ao silêncio, em razão de ser considerada a recusa de informações a autoridade contravenção penal, nos moldes do artigo 68 da Lei 3.688/41.
Consequências: réu pode negar a colaborar ativamente em qualquer produção probatória, bem como de participar de exames invasivos, como colheita de sangue.
n) princípio do duplo grau de jurisdição
Em regra, as decisões judiciais são passíveis de revisão. É princípio que apesar de se encontrar implícito na CF/88, está explícito no artigo 8º da CIDH tendo status supralegal. Exceção: competência originária do STF.
o) princípio da comunhão ou aquisição da prova
É princípio segundo o qual, uma vez produzida, a prova pertence ao juízo e pode ser utilizada por qualquer das partes e pelo juiz, ajudando na busca da verdade real, mesmo que tenha sido requerida por apenas uma das partes.
p) dignidade da pessoa humana
A teoria dos cinco componentes, ao proteger a integridade física e espiritual do homem, bem como a Fórmula Objeto de Dürig, ao dizer que a dignidade humana é violada sempre que o homem for coisificado, são importantes contribuições teóricas para a compreensão das dimensões da dignidade e sua repercussão sobre o processo penal, notadamente no que diz respeito às provas. 
DURIG (1956) apresenta a fórmula do homem-objeto ao afirmar que a Dignidade da Pessoa Humana poderia ser considerada atingida sempre que a pessoa concreta (o indivíduo) fosse rebaixada a objeto, a mero instrumento, tratada como uma coisa, ou seja, fosse descaracterizada e desconsiderada como sujeito de direitos.
1° Componente - Integridade física e espiritual.
2° Componente - Mínimo existencial (Libertação da angústia da existência)
3° Componente - Identidade e desenvolvimento da personalidade
4° Componente - Autonomia frente ao Estado
5° Componente - Igualdade de tratamento perante a Lei
6. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
Na atividade de persecução criminal, o Estado pode atuar basicamente com três sistemas: Inquisitivo, Acusatório e Misto.
A) SISTEMA INQUISITIVO
De origem romana, é o sistema no qual o poder de acusar e julgar se encontra nas mãos de um único órgão.
Características: I) confissão do réu é considerada “rainha das provas”; II) Predominam procedimentos exclusivamente escritos; III) Julgadores não estão sujeitos à recusa; IV) Procedimento sigiloso; V) ausência de contraditório e ampla defesa; VI) há impulso oficial e liberdade processual.
B) SISTEMA ACUSATÓRIO
De origem grega e romana, é o sistema no qual a nítida separação de poder de acusação e de julgamento, sendo este imparcial.
Características: I) há liberdade de acusação, reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer cidadão; II) prevalece a oralida nos procedimentos; III) prevalece a liberdade de defesa e a isonomia entre as partes no processo; IV) Publicidade; V) Contraditório e ampla defesa presentes; VI) Existe a possibilidade de recusa do legislador; VII) há livre sistema de produção de provas; VIII) liberdade do réu é a regra; IX) Predomina maior participação popular na justiça.
C) SISTEMA MISTO
Surge após a revolução francesa, sendo uma mescla dos dois sistemas anteriores, existindo uma fase de instrução preliminar, com os elementos do sistema inquisitivo – procedimento secreto, escrito e sem contraditório – e a fase do julgamento: predominância do sistema acusatório.
Opção do sistema brasileiro: a doutrina majoritária entende que o Brasil adotou o sistema acusatório
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
“Art.3º, CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.”
A) Quanto ao sujeito que a realiza ou à origem:
A.1) Autêntica ou Legislativa: é aquela que procede da mesma origem da lei e tem força obrigatória. Caso ela seja inserida na própria legislação interpretada, ela será contextual. Exemplo: o conceito de Flagrante Delito vem expresso no CPP, porém lei posterior poderia esclarecer ponto controverso da lei, sendo de efeito retroativo.
A.2) Jurisprudencial ou judicial: conjunto de manifestações judiciais sobre determinado assunto legal. Em regra não possuem força obrigatória, porém as súmulas vinculantes vinculam a administração e os órgãos do judiciário, com exceção do próprio STF (lembrar que não vinculam legislativo, sob pena de fossilização da Constituição).
A.3) Doutrinária ou científica: é espécie de interpretação tida como o “entendimento dado aos dispositivos legais pelos escritores ou comentadores de Direito”.
B) Quanto aos meios empregados ou ao modo
B.1) Gramatical ou Literal ou Sintática: é aquela que se espelha no exato significado das palavras constantes no texto legal. Examina-se a “letra fria” da Lei.
B.2) Sistemática: sendo a interpretação gramatical insuficiente, deve ser realizado um confronto lógico entre as normas, o que resulta em uma interpretação sistemática. Nesse sentido, como regra de hermenêutica, um parágrafo único só deve ser interpretado de acordo com seu respectivo caput.
B.3) Lógica: é aquela realizada de acordo com as regras de raciocínio e conclusão para chegar ao real espírito da lei. 
B.4) Histórica: analisa o contexto histórico da votação do diploma legislativo, a fim de entender qual era o objetivo e a cultura da época em que foi editada a lei.
B.5) Teleológica: é aquela por meio da qual se preocupa o sentido e o alcance da norma.
B.6) Teleológica-sistemática: busca compor o sentido da norma em comparação com as demais que compõem o ordenamento jurídico no qual está inserida, sendo uma junção da interpretação teleológica e da sistemática.
C) Quanto aos resultados
C.1) Declarativa: ocorre quando o texto examinado não é ampliado ou reduzido, encontrando-se apenas o significado oculto ou expresso nos termos da lei.
C.2) Restritiva: quando a restrição do alcance dos termos utilizados na lei, a fim de que seja alcançado seu real significado. Destaca-se que toda exceção deve ser interpretada de forma restritiva.
C.3) Extensiva ou ampliativa: alarga-se o sentido dos termos legais para dar eficiência à norma.
C.4) Interpretação analógica: é espécie de interpretação mediante a qual o interprete vale-se de um processo de semelhança com outros termos constantes na mesma norma para analisar o conteúdo de algum termo duvidoso ou aberto.
C.5) Progressiva ou adaptativa ou evolutiva: ocorre para que sejam abarcadas novas concepções ditadas pelas transformações sociais, científicas, jurídicas ou morais que devem permear a lei processual estabelecida. Exemplo: quando o CPP fala Tribunais de Apelação, deve-se ler Tribunal de Justiça.
OBS: o artigo 3º do CPP também permite a utilização de analogia (não é forma de interpretação, mas simprocesso de auto integração da norma), suprindo lacunas, sendo fonte secundária de direito. Destaca-se que, diferentemente do Direito Penal, a analogia pode ser realizada in malam partem no Direito Processual Penal, desde que não se trate de norma mista/híbrida.
7. IMUNIDADES
A. IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS
	As sedes diplomáticas são invioláveis, o que não quer dizer que elas sejam extensão do território de outro país, elas continuam sendo território brasileiro.
	Essas imunidades não podem ser renunciadas pelo diplomata, apenas pode ser renunciada pelo Estado acreditante (que envia o diplomata para o Estado acreditado)
	Natureza jurídica: 1ª corrente: Causa pessoal de exclusão de pena (majoritária); 2ª corrente: Causa de exclusão da jurisdição nacional.
A.1) de Caráter Absoluto: são excluídas da jurisdição penal nos países que estão desempenhando a sua função, não importando qual a natureza do crime cometido, nem se há relação com a função, não podendo sequer serem presas em flagrante (pode haver a condução, só não pode prender). Estão inclusos os Chefes de Estado; representantes de governo e agentes diplomáticos (embaixadores, pessoal técnico e administradores das respectivas representações e seus familiares e funcionários do organismo em serviço).
A.2) de Caráter Relativo: o Cônsul só não será submetido a jurisdição penal brasileira caso o crime tenha relação com os atos praticados no exercício da sua função.
B. IMUNIDADES PARLAMENTARES
B.1) Material (absoluta ou inviolabilidade): abrange questões de direito material (civil ou penal), sendo que os deputados e senadores não respondem em relações as suas opiniões, palavras e votos, desde que em razão da função. Os Vereadores gozam de inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município (art. 29, VIII, CF).
B.2) Formal (processual ou relativa): aplicam-se aos senadores e deputados, os vereadores não possuem imunidade formal. O prefeito apenas possui foro por prerrogativa de função, sendo do TJ ou do TRF o foro inicial, a depender da natureza do crime (estadual ou federal).
Posição do STF sobre foro de prerrogativa de função, STF:
1) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
2) Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar as ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
i) fixar a competência do STF para processar e julgar os membros do Congresso Nacional exclusivamente quanto aos crimes praticados após a diplomação, independentemente de sua relação ou não com a função pública em questão;
ii) fixar a competência por prerrogativa de foro, prevista na CF, quanto aos demais cargos exclusivamente quanto aos crimes praticados após a diplomação ou a nomeação, quando for o caso, independentemente de sua relação ou não com a função pública em questão;
iii) serem inaplicáveis as regras constitucionais de prerrogativa de foro quanto aos crimes praticados anteriormente à diplomação ou nomeação, conforme o caso, hipótese em que os processos deverão ser remetidos ao juízo de 1ª instância competente, independentemente da fase em que se encontre;
iv) reconhecer a inconstitucionalidade de todas as normas previstas em constituições estaduais, bem como na lei orgânica do DF, que contemplem hipóteses de prerrogativa de foro não previstas expressamente na CF, vedada a invocação de simetria. Nestes casos, os processos deverão ser remetidos ao juízo de 1ª instância competente, independentemente da fase em que se encontram;
v) estabelecer, quando aplicável a competência por prerrogativa de foro, que a renúncia ou a cessação, por qualquer outro motivo da função pública que atraia a causa penal ao foro especial após o encerramento da fase do art. 10 da lei 8.038/90 com a determinação de vista às partes para alegações finais, não altera a competência para o julgamento da ação penal.
Teorias acerca da natureza jurídica das imunidades (exclusão do crime):
1) Causa de excludente de crime.
2) Causa que se opõe a formação do crime.
3) Causa pessoal de exclusão de pena.
4) Causa funcional de exclusão ou isenção de pena.
5) Causa de exclusão de criminalidade.
6) Causa de irresponsabilidade
7) Causa de incapacidade penal por razões políticas.
8) Causa de exclusão de tipicidade formal (posição majoritária). É a posição do STF.
*Analisar melhor as imunidades no caderno de Constitucional.
Comentários aos artigos 01 ao 03 do CPP:
DO PROCESSO EM GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art.1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
	A regra é a aplicação do princípio da territorialidade e da extraterritorialidade.
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);
	Trata-se de jurisdição política: são condutas analidas pelo legislativo.
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, nº17);
	Encontra-se revogado.
V - os processos por crimes de imprensa.(Vide ADPF nº 130) – 
	A lei de crimes de imprensa não foi recepcionada pela constituição de 1988, daí por isso que está escrito para olhar essa ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), ela não foi declarada inconstitucional porque é anterior a CF/88, por isso que se diz NÃO foi recepcionada).
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
	Obs: apesar do brasileiro nato não poder ser extraditado, ele pode ser entregue ao Tribunal Penal Internacional, subsidiariamente (ou seja, quando o país não estiver fazendo valer a norma interna. O TPI julga os crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Art.2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
	Uma lei não pode retroagir pra prejudicar o réu no Código Penal, mas aqui as leis são aplicadas de imediato, mesmo que prejudique o réu. 
	Em relação à lei processual penal o CPP brasileiro adota a teoria do isolamento dos atos processuais, ao estabelecer que a lei nova será aplicada imediatamente, inclusive aos processos em curso, mas somente aos atos futuros, sem prejuízo da validade dos atos processuais já praticados sob a vigência da lei anterior (art. 2º do CPP). 
	Exceção: se a lei nova de processo penal, tiver alguma ligação com uma matéria que seja de direito penal, e acabe causando prejuízo ao réu, não retroage – se dá o nome dessa norma de PROCESSUAL MATERIAL OU MISTA OU HÍBRIDA. Ex. Uma norma que fale sobre prescrição, porque altera o direito material penal também.
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
	Aqui no CPP cabe mesmo in mallam partem (quando tem prejuízo pro réu). No penal a interpretação extensiva (a própria lei da os meios pra você ampliar o alcance da norma), pode normalmente, mesmo in mallam partem, mas a analogia não pode no Código Penal, tem vedação expressa.
	Impossibilidade de Lex Tertia: Súmula 501, STJ - É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. 
Ponto número 02: Inquérito policial. 2.1 Histórico. 2.2 Conceito e finalidade. 2.3 Características: administrativo,dispensável, forma escrita, o caráter sigiloso e o acesso do advogado ao inquérito policial à luz da Lei n° 8.906/94 com suas alterações, o caráter inquisitivo e a atuação do advogado no inquérito policial à luz da Lei n° 8.906/94 com suas alterações, indisponível, oficial, oficiosidade, temporalidade, discricionário, informativo e sistemático. 
INQUÉRITO POLICIAL
1. Conceito
É um procedimento administrativo instaurado por ato próprio/privativo do Delegado de Polícia destinado a obter elementos de provas acerca da materialidade delitiva e da autoria, possibilitando a propositura da respectiva ação penal, ou ainda, juntando aos autos elementos de prova que demonstrem a não ocorrência do resultado, que não configura crime, ou que não houve indicíos de autoria, ou que se encontre extinta a punibilidade.
Natureza jurídica: Procedimento Administrativo de preparo para ação penal.
Valor probatório: obter dictum, atua como argumento de reforço, com exceção para os elementos migratórios (provas cautelares, não repetíveis e antecipadas). 
Destaca-se que até final de 2018 no tocante a pronúncia, era permitido que fosse utilizado o IP como único fundamento. Todavia, no fim de 2018 a 5ª turma do STJ entendeu que “Não se admite a pronúncia de acusado apenas com base em indícios derivados do inquérito policial.”
*Nulidades no IP? Por se tratar de procedimento administrativo, entende-se que eventuais vícios no inquérito não afetam a ação penal. Significa dizer que um vício nele existente gerará efeitos apenas no âmbito do inquérito policial, jamais contaminando a ação penal.
2. Características do IP
2.1. Procedimento escrito
Art.9º, CPP: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
2.2. Sigiloso
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único.Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
No inquérito policial prevalece o sigilo, necessário a elucidação do fato criminoso em benefício de toda a sociedade. Tal sigilo, porém, não se estende ao poder judiciário ou ao Ministério Público a quem se confere, em relação a esse último, a faculdade de acompanhar o IP.
Em relação ao advogado, o artigo 7º, inciso XIV do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94) traz que é direito do advogado “examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;”
A esse respeito, o STF editou a Súmula Vinculante 14 afirmando que: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
Nesse viés, caso as provas já estejam documentadas e seja negado ao advogado o acesso amplo a estas, cabe reclamação constitucional devido ao descumprimento da súmula vinculante. Inclusive, tal negativa trata-se de abuso de poder por parte do agente público. Ademais, é possível atacar a ofensa por meio de Mandado de Segurança e Habeas Corpus.
2.3. Indisponibilidade
ART. 17, CPP: A AUTORIDADE POLICIAL NÃO PODERÁ MANDAR ARQUIVAR AUTOS DE INQUÉRITO.
A indisponibilidade se refere a impossibilidade da autoridade policial em arquivar o IP já instaurado, providência que só pode ser tomada pela autoridade judicial, após requerimento do MP.
Ocorre que há certa discricionariedade da autoridade policial em verificar se instaurará o IP. De fato que se presentes os requisitos a autoridade policial é obrigada a instaurar o IP, mas seguirá com os procedimentos a serem realizados de forma discricionária.
Ressalte-se que cabe recurso do despacho que indefere o pedido de abertura do IP, nos moldes do artigo 5º do CPP:
	§2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
2.4. Instrumentalidade qualificada
Se o processo é instrumento para aplicação da pena, o IP é o procedimento (instrumento) para a aplicação do processo.
Cumpre ressaltar que também possui caráter informativo, na medida que tem por objetivo subsidiar eventual ação penal, não podendo por si só, embasar uma condenação, nos termos do artigo 155 do CPP, salvo se forem provas cautelares, não repetíveis ou antecipadas.
2.5. Dispensabilidade
Apesar da maiorias das ações penais ser precedida de um IP, a verdade é que ele não é indispensável. Isto porque, é possível uma ação penal que não seja embasada em um IP.
2.6. Inquisitoriedade
Art. 14, CPP. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
O artigo 14 do CPP é consequência, não causa da inquisitoriedade, segundo o qual a ampla defesa e o contraditório surgem como faculdades a serem permitidas pela autoridade policial, diferente do que se opera no processo judicial, em que estes são obrigatórios.
O artigo 7º, XXI do Estatuto da OAB incide quando o indiciado tiver defensor, o que lhe é facultado nos termos do artigo 5º, LXIII da CF/88, mas não é obrigatória a defesa técnica, como é no processo judicial.
Segundo o artigo 7º, inciso XXI, é direito do advogado: “assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente[...]”.
Nesse viés, não é obrigatória a presença de advogado na oitiva do acusado no IP. Todavia, caso o patrono esteja presente, deve o delegado de polícia permitr a presença deste na oitiva, mesmo que não seja obrigado a permitir que o advogado diligencie.
Há duas exceções quanto à necessidade de contraditório no IP, qual seja para apuração de falta administrativa e da expulsão de estrangeiro. Segundo Rogério Sanches da Cunha, esta última exceção foi revogada, por não haver mais previsão na Lei de Migração de 2017.
2.7. Oficialidade
O inquérito policial deve ser presidido por órgão oficial do Estado, no caso, a polícia judiciária.
2.8. Oficioso
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial tem o dever de ofício de proceder à apuração do fato delitivo.
2.9. Temporalidade
Preliminarmente, cabe relembrar que o inquérito policial é procedimento e não processo, haja vista não haver partes ou as garantias do contraditório e ampla defesa. Todavia, é entendimento dominante na doutrina e jurisprudência que o procedimento inquisitorial deve desenrolar-se dentro de um lapso de tempo coerente. 
A doutrina entende que o art. 5º, inc. LXXVIII, da CF (direito fundamental à celeridade processual), não se aplica apenas os processos, mas também ao inquérito policial.
Em relação ao tema, o STJ já determinou o trancamento de um inquérito policial que se arrastava à época há mais de cinco anos sem solução, por força da garantia da razoável duração do processo (HC 114.593/SP, Rel. Min. Jorge Mussi). 
Renato Brasileiro afirma que diante da inserção do direito à razoável duração do processo na Constituição Federal (art. 5°, LXXVIII), já não há mais dúvidas de que um inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão prorrogado indefinidamente. As diligências devem ser realizadas pela autoridade policial enquanto houver necessidade.
Evidentemente em situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo para a conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez verificada a impossibilidade de colheita de elementos que autorizem o oferecimento de denúncia,deve o Promotor de Justiça requerer o arquivamento dos autos. 
O desrespeito dos prazos só traz consequências imediatas em relação às medidas cautelares restritivas de liberdade, quando o excesso de prazo poderá levar a libertação do suspeito.
Todavia, em relação ao próprio inquérito eventual descumprimento de tais prazos não implicará o arquivamento precoce do inquérito policial, uma vez que se trata de vício em um procedimento administrativo e voltado, principalmente, para o bom andamento da atividade policial. 
2.10. Sistemático
A investigação busca a reconstrução histórica do fato com o objetivo de elucidar as circunstâncias e autoria do crime. Assim, o procedimento deve ser organizado de forma lógica, seguindo a ordem cronológica de modo à facilitar a compreensão dos fatos lá organizados como um todo. 
Momento Lei Seca
Art. 4º, CPP: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
	Aqui quer dizer que não é só a polícia que vai ter competência para realizar investigações, por exemplo, as CPIs, que são Comissões Parlamentares de Inquérito, tem competência pra investigar.
Edital ponto 03 e 04: 2.4 Formas de instauração e a notitia criminis: ação penal pública incondicionada, ação penal pública condicionada e ação penal privada natureza; conceito; finalidade; características. 2.5 Procedimento do inquérito policial: liberdade procedimental, prazos para a conclusão do inquérito, relatório conclusivo e destinatários dos autos de inquérito. 
1. Formas de instauração e noticia criminis dentro da lei
Momento Lei Seca
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício; 
	A autoridade policial realiza de forma espontânea. O nome aqui é noticia criminis espontânea/ de cognição direta/imediata ou inqualificada, pois a própria autoridade policial, investigando, ou por qualquer meio, toma conhecimento da prática do delito.
	Só permite a instauração do inquérito de ofício se for ação penal pública incondicionada.
	A autoridade, nesses casos, tem o dever de instaurar o IP, sob pena de incorrer no crime de prevaricação, previsto no artigo 319, CP.
	Abertura do IP por portaria, em regra.
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
	Tem uma diferença aqui importante, quem REQUISITA (ORDENA) é o MP e o Juiz, daí o delegado é obrigado a instaurar o inquérito, salvo se a ordem for manifestamente ILEGAL, nesse caso ele pode recusar.
	No caso do ofendido (vítima), é um REQUERIMENTO (PEDIDO), podendo a autoridade recusar a instaurar o IP.
	Aqui é noticia criminis de cognição indireta/mediata ou qualificada, posto que o delegado toma conhecimento da prática por meio de provocação de terceiros.
	Abertura do IP por portaria, em regra.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
	Essa é a DELATIO CRIMINIS, é feita por qualquer pessoa do povo, qualquer pessoa pode delatar um crime de Ação Penal Pública.
	Em alguns casos, essa delação será obrigatória, como no caso de agente público no exercício da função que tem obrigação de delatar o crime, sob pena de ocorrer em contravenção penal e dos funcionários no exercício da medicina ou outra profissão sanitária que devem realizar a comunicação, caso cientes de crime praticado de ação penal pública incondicionada.
	Também de cognição indireta/mediata.
	Abertura do IP por portaria, em regra.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
[…]
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. 
	Chama-se NOTICIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA, aquela quando o acusado é preso em flagrante delito.
	A prisão em flagrante pode ser de cognição direta (realizada pela própria polícia); como indireta, se realizada pelo particular.
	Abertura do IP por APFD.
	Pode ter denúncia anônima (delação apócrifa/notícia criminis inqualificada)? Pode sim, mas a polícia só pode abrir inquérito se pesquisar antes, pra verificar a veracidade. STF afirmou que a denúncia anônima, por si só, não serviria para apurar a veracidade das informações obtidas anonimamente, mas que a partir dela a polícia poderia realizar diligências preliminares para apurar a veracidade das informações.
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
2. Procedimento do IP: liberdade procedimental artigos do CPP
Lei seca com comentários
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial DEVERÁ: (não é poderá, é deverá).
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
	É providência obrigatória, dada a importância da atuação dos peritos na elucidação do crime.
	Em caso de acidente de trânsito, em caráter excepcional, a autoridade policial pode autorizar a remoção de pessoas e dos veículos envolvidos, antes mesmo da chegada dos peritos, desde que estejam no leito da via pública e prejudiquem o tráfego. Tal medida deve ser aplicada com cautela, mero prejuízo ao trânsito deve ser superado com medidas que facilitem o escoamento de veículos.
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
	Trata-se de outra diligência obrigatória.
	Segundo o STJ, é possível que a autoridade policial realize a apreensão de veículos ligados à infração penal mesmo antes de instaurado o IP.
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
	A autoridade policial deverá se preocupar em colher todos os elementos de prova que interessem tanto à acusação como à defesa.
	A apreensão de provas prescinde de prévia autorização judicial, sob pena de perda de oportunidade.
IV - ouvir o ofendido;
	Apesar de não prestar o compromisso de dizer a verdade, ele pode ser conduzido coercitivamente caso se trate de crime de ação penal pública;
	Entende-se pela impossibilidade de condução coercitiva do ofendido na Ação Penal Privada, tendo em vista o princípio da disponibilidade, devendo a inércia ser entendida como verdadeira renúncia.
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
	Não precisam ser duas testemunhas que presenciaram o fato, pode ser quaisquer testemunhas que estejam presentes na leitura da oitiva.
	Garante-se ao indiciado o direito de ser acompanhado por advogado, desde que indique a presença do defensor, posto que o ato pode ser realizado sem a presença de advogado, que caso não o indique, não será necessária a nomeação de defensor dativo, talqual seria no processo judicial.
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
	O reconhecimento está previsto nos artigos 226 a 228 do CPP. Entende-se reconhecimento como ato pelo qual alguém verifica e confirma a identidade de pessoa e coisa que lhe foi apresentada.
	Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I -a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
	Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
	Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.
	A acareação por seu turno, é o ato probatório através do qual são colocadas cara a cara, pessoas que apresentaram versões diferentes sobre o mesmo fato.
	Art.229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
	Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
	Nas infrações penais que deixam vestígios o exame de corpo de delito é obrigatório, embora possa ser suprido por prova testemunal.
	Para a lavratura de prisão em flagrante é suficiente o laudo de constatação provisória da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou pessoa idônea, para a comprovação da materialidade do delito, nos termos da Lei nº 13.343.
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
	Nos termos do artigo 5º, inciso LVIII da CF “o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. A lei é a lei de identificação criminal que será vista mais a frente.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
	Não tem cláusula de reserva de jurisdição aqui, o delegado pode realizar de ofício, ou sob requisição do MP ou do Juiz. Ademais, o ofendido ou a defesa podem requerer a diligência, podendo o delegado conceder a realização ou não
	A realização da diligência não é obrigatória, cumprindo à autoridade analisar a necessidade e conveniência.
	O indiciado não é obrigado a se submeter à reconstituição, em razão do princípio da “não autoincriminação” (nemo tenetur se deterege).
	A reprodução simulada no inquérito não requer contraditório, inexistindo obrigação de intimação pessoal do defensor do acusado. Todavia, a reconstituição na fase judicial deve fidelidade ao princípio do contraditório, devendo ser oportunizado as partes sua participação.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
	Com base nessa regra o Delegado e seus agentes podem servir como testemunha, sendo que suas oitivas poderão ser realizadas sobre o crivo do contraditório. Ressalte-se apenas que a oitiva do delegado como testemunha deve ser realizada de forma subsidiária, ou seja, quando não houverem outras provas suficientes que corroborem com o fato a ser provado pela oitiva do delegado.
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
	Trata-se de requisição, ou seja, o Delegado tem o dever de cumprir com as diligências requisitadas, salvo quando estas forem manifestamente ilegais.
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.
	Destaca-se que o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício no curso do Inquérito policial, devendo haver representação pela autoridade policial, ou por requerimento dos legitimados da ação penal.
	Embora não mencionado no dispositivo, também cabe à autoridade policial a representação ou ao MP o requerimento, não podendo o juiz decretar de ofício.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
	Os crimes são de sequestro ou carcére privado; redução à condição análoga a de escravo; tráfico de pessoas; sequestro relâmpago e extorsão mediante sequestro, respectivamente;
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizemimediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
Art.14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
	Entende-se que esse dispositivo não foi recepcionado.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
3. Prazos para a conclusão do IP e Relatório conclusivo
	Art.10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
	Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
	Art.12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Perante a justiça estadual, em se tratanto de investigado solto, o IP deve ser concluído em 30 dias, mas se o fato for de difícil elucidação, será possível que a autoridade policial requeira a dilação desse prazo ao magistrado, que poderá ser concedida ou não, após a oitiva do MP.
Se porém, o investigado está preso, o prazo é de 10 dias, contados da data da prisão em flagrante ou do dia em que se executar a ordem da prisão preventiva, nesse caso não poderá o prazo ser dilatado. Se há necessidade de novas diligências, deverá o juiz relaxar a prisão do investigado por excesso de prazo para que elas sejam efetuadas.
Esclareça-se que se for decretada a prisão temporária do investigado, o prazo do IP será de 05 dias, prorrogáveis por mais 05. Se for crime hediondo a ser investigado, o prazo é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
A doutrina majoritária entende que se for respeitado o computo global do prazo (10 dias de IP + 05 dias de oferecimento da denúncia, caso preso), não há espaço para relaxamento da prisão, em razão do princípio do prejuízo.
3.1. Outros prazo de IP
Crime federal: 15 dias se preso, duplicável; 30 dias se solto, prorrogáveis sem limite, desde que com autorização judicial e demonstrada a necessidade.
Crime na Lei de Tóxicos: 30 dias para interrogado preso; 90 dias se solto. Ambos são duplicáveis pelo juiz, ouvindo-se previamente o MP, mediante pedido justificado da autoridade judicial.
Crimes contra a economia popular (artigo 10, §1º e 2º da Lei 1.521/51): Prazo de 10 dias, esteja o investigado preso ou solto, não cabendo prorrogação. Para a denúncia o prazo é de 02 dias.
Inquérito militar: 20 dias se o investigado estiver preso, improrrogável; 40 dias se solto, prorrogável por 20 dias.
3.2. Relatório final
A autoridade policial, ao final do IP, deve relatar tudo quanto apurado nas investigações, como forma de prestação de contas do Estado-investigação à sociedade. Nesse relatório, o delegado poderá indicar testemunhas que não tenham sido ouvidas, mencionando o local onde podem ser encontradas.
Ao longo do relatório, o delegado não deve proferir juízo de valor, salvo nos crimes da Lei 11.343/06, segundo a qual, no relatório, deve a autoridade policial justificar as razões que levaram a classificação do delito. A falta do relatório, porém, configura mera irregularidade.
É possível ainda que o Delegado proceda ao indiciamento, conforme será visto posteriormente.
3.3. Destinatários dos autos do IP
	Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
	Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Após ser concluído e devidamente relatado, o IP deverá ser remetido ao juízo criminal competente. Se o delito estiver sujeito a ação penal privada, os autos, em regra, serão igualmente encaminhados ao juízo, onde ficam aguardando a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, mas podem ser também entregues a ele, se o pedir, mediante traslado.
Parte da doutrina entende que a remessa do IP ao juiz competente é inconstitucional, posto que sendo adotado o sistema acusatório, não mais se cogita essa intermediação, devendo haver trâmite direto entre a polícia e o MP. Todavia, esse não é o entendimento dos Tribunais Superiores, devendo ser levado para a prova objetiva o entendimento da necessidade de envio do IP para o juízo primeiramente, até mesmo porque se trata de controle judicial previsto em lei.
Ponto 05 edital: 2.6 Arquivamento do inquérito policial 
	ART. 17, CPP. A AUTORIDADE POLICIAL NÃO PODERÁ MANDAR ARQUIVAR AUTOS DE INQUÉRITO.
	Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
1. Vedação de arquivamento do IP pela autoridade policial/ Arquivamento nos moldes do artigo 28 CPP
A decisão que ordena o arquivamento do IP é privativa do poder judiciário a quem cumpre a função de julgar.
Se esgotadas todas as diligências cabíveis, percebendo o órgão do MP que não há indícios suficientes de autoria e/ou prova da materialidade delitiva, ou, em outras palavras, em sendo caso de futura rejeição da denúncia (artigo 395, CPP) ou de absolvição sumária (artigo 397, CPP), deverá ser formulado ao juízo pedido de arquivamento de IP.
Ademais, entende-se que o arquivamento é um procedimento de jurisdição voluntária, pois o juiz não emite pronunciamento que tenha carga decisória, sendo um ato judicial complexo e não jurisdicional.
Isto porque, na divergência com o promotor de justiça, aplicará o artigo 28 do CPP, remetendo à controvérsia ao Procurador-geral. Se este insistir no arquivamento, o magistrado deverá homologá-lo.
Cumpre ressaltar que na hipótese de o IP tramitar perante a Justiça Federal, se o juiz discordar do pedido formulado pelo MPF, deverá remeter os autos à Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
Se o órgão superior concordar com o magistrado, surgem três hipótese: 1. pode ser determinada a realização de novas diligências, nos moldes do artigo 16 do CPP; 2. O próprio órgão superior pode oferecer a denúncia; 3. o órgão superior pode designar novo membro para oferecer a denúncia.
Neste último caso, entende-se o novo membro designado pelo órgão superior como longa manus, motivo pelo qual não pode se negar a oferecer a denúncia. Todavia, corrente minoritária entende que essa posição viola qa independência funcional do promotor, sendo inconstitucional.
Em regra, não há recurso contra a decisão de arquivamento. Entretanto, nos crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, haverá recurso de ofício. Ademais, alei 1.058/51 prevê Recurso em sentido estrito nos casos de arquivamento nas contravenções do jogo do bicho e de aposta de corrida de cavalo em hipódromos por qualquer pessoa do povo. Embora, nesse último caso, a doutrina seja firme em entender pela não recepção do artigo.
No mesmo sentido do artigo 28 CPP, aplica-se à suspensão condicional do processo:
	Súmula 696, STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. 
2. Arquivamento originário
Nos casos de competência originária, como é o próprio PGR que formula o pedido de arquivamento do IP ou peças de informação, não há aplicação sistemática do artigo 28 do CPP, pois o tribuna é obrigado a homologar este arquivamento.
3. Tipos de arquivamento
3.1. Quando ao objeto
Objetivo: quando recai sobre circunstâncias práticas (injustos).
Subjetivo: quando recai sobre os indiciados.
3.2. Quanto à forma
Explícito: os Tribunais superiores entendem que o pedido de arquivamento sempre deve ser explícito, entendendo-se ao contrário em aberto as investigações.
Caso o promotor não denuncie todas as partes ou crimes no prazo da denúncia, abre-se prazo para a Ação penal privada subsidiária da pública, posto que se não houver arquivamento, tem-se a inércia a permitir o ajuizamento da ação penal privada subsidiária da pública.
Implícito: apesar de não ser aceito, convém destacar que se trata de espécie de arquivamento em que, havendo vários investigados ou vários crimes, o promotor de justiça promove arquivamento ou denúncia apenas parte deles, não se manifestando sobre a exclusão dos demais crimes ou investigados.
Em continuidade, o arquivamento implícito ou tácito se aperfeiçoa com a omissão do juiz a respeito do fato e/ou agente delitivo, no momento do recebimento de denúncia.
Obs: não há o que se falar em arquivamento em ação penal privada, pois caso a parte não ajuize a ação, basta que permaneça inerte pelo prazo de 06 meses para que se opere a decadência do seu direito de agir, o que provoca a extinção da punibilidade do investigado. Já caso o pedido de extinção seja expresso, entende-se que operou o direito de renúncia.
3.3. Arquivamento indireto
Essa modalidade de arquivamento ocorre no caso de o juízo perante o qual atue o órgão do MP que requereu o arquivamento do inquérito ser incompetente para processar e julgar futura ação penal envolvendo o crime ali tratado
Nessa hipótese, não tendo o órgão do MP atribuições para atuar no feito, deverá requerer a remessa dos autos ao juízo competente, onde atuará o promotor com atribuição para o caso. Assim, há apenas o arquivamento do juízo onde foi proposta a ação em primeiro lugar, mas no juízo derivado a ação continuará com seu trâmite normal, razão pela qual é chamado de arquivamento indireto.
Cumpre ressaltar que caso o juízo originário entenda ser competente para julgar a ação, poderá invocar a regra do artigo 28 do CPP.
3.4. Arquivamento provisório
É a nomenclatura dada a hipótese de ausência de causa de procedibilidade da ação, como nos casos de ação pública condicionada à representação em que a vítima se retrata da represenção, ficando a ação “arquivada” provisoriamente enquanto não decorre o prazo decadencial de 06 meses. Passando o prazo, o arquivamento é definitivo.
3.5. Desarquivamento do IP
Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Em regra, a decisão de arquivamento do inquérito não gera coisa julgada material, podendo ser revista a qualquer tempo, desde que na presença de novas provas, ou seja, provas não conhecidas anteriormente e que possibilitem o desarquivamento.
Nesse sentido, é o teor da súmula 524 do STF: “arquivado o IP, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”.
Todavia, o STF e o STJ possuem algumas hipóteses de impossibilidade do desarquivamento da ação penal, sendo que criam essas hipóteses a partir de uma ponte entre o arquivamento e a rejeição da denúncia e da queixa, pois ambos pautam-se em cognição sumária fulminando a pretensão punitiva.
Assim, se a rejeição da denúncia faz coisa julgada, este regramento se aplica por analogia ao arquivamento, em apreço também ao princípio da legalidade.
I. Fundamento na atipicidade da conduta; causa de extinção de punibilidade ou coisa julgada material: não incide a súmula 524 do STF, afim de evitar eventual revisão pro societate.
Mas se o fundamento for a justa causa ou outro argumento processual, teremos a coisa julgada formal e, portanto, aplica-se a súmula 524 do STF.
II. Fundamento excludente de ilicitude ou de culpabilidade: nas hipóteses supracitadas, o entendimento do STJ e do STF convergem. Todavia, quando da presença de excludente de ilicitude ou de culpabilidade, o STF e o STJ adotam posições diametralmente opostas.
STJ: para esse órgão, a decisão de arquivamento sob o fundamento de excludente de ilicitude ou culpabilidade faz coisa julgada material, impedindo mesmo que o juízo que tenha sido promovido por juízo absolutamente incompetente, impedindo o desarquivamento da ação.
STF: não reconhece a existência de coisa julgada material quando do arquivamento por excludente de ilicitude ou de culpabilidade, permitindo-se pois o desarquivamento quando da existência de novas provas.
Isto porque, para o pleno do STF, a excludente de ilicitude e culpabilidade exigem prova oral, reconhecendo que estas excludentes demandam de cognição exauriente, sob essa premissa acaba com a possibilidade de analogia com rejeição da denúncia ou queixa, abrindo-se campo para incidência da súmula 524 do STF.
* Obs: no caso de extinção de punibilidade pelo óbito, se a certidã for falsa, entendem o STF e o STJ que a extinção nunca ocorreu, é materialmente inexistente. Assim, possível a denúncia ou retomada do processo arquivado.
3.6. Trancamento do IP
É possível o trancamento do IP por meio de Habeas Corpus quando, de modo flagrante e que não demande o exame aprofundado dos elementos probatórios, ficar evidenciada a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a ausência de elementos indiciários demonstrativos de autoria e prova da materialidade, ou seja, falta de justa causa para a ação penal.
Ponto 06 edital: 2.7 Elementos de informação no inquérito policial e grau de cognição. 2.8 Condução coercitiva.
1. Elementos de informação do IP e grau de cognição
A doutrina, de forma unânime, confere pouco valor probatório ao IP. Significa dizer que as provas nele reunidas não se prestam, por si só, para fundamentar uma sentença condenatória, sendo necessária, portanto, a repetição em juízo das provas, em regra, produzidas no IP. Isto porque, o IP tem forte caráter inquisitivo, ou seja, não vigoram princípios como da ampla defesa, contraditório e da publicidade.
Nesse viés, o valor do IP é de obter dictum, atua como argumento de reforço, com exceção para os elementos migratórios (provas cautelares, não repetitíveis e antecipadas). 
Por exemplo, a prova pericial, embora realizada no IP tem enorme influência para o julgamento da causa, de modo que o contraditório realizado na prova será o diferido.
Destaca-se que até final de 2018 no tocante a pronúncia, era permitido que fosse utilizado o IP como único fundamento. Todavia, no fim de 2018 a 5ª turma do STJ entendeu que “Não se admite a pronúncia de acusado apenas com base em indícios derivados do inquérito policial.”
2. Da (im) possibilidade de condução coercitiva
	Art. 260, CPP - Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395 e ADPF 444) 
 
Em 29 de março de2017 foi deferida liminar vedando a condução coercitiva do investigado/acusado, sendo a decisão confirmada em junho de 2018, baseada no princípio da não culpabilidade, direito de liberdade e dignidade da pessoa humana.
O STF declarou que a expressão para “interrogatório” prevista no artigo supracitado não foi recepcionada pela Constituição Federal, assim, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu com o objetivo de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos.
Caso seja determinada a condução coercitiva do investigado/acusado para interrogatório, os agentes responsáveis pelo ato podem sofrer sanções de natureza disciplina, civil e penal. Ademais, haverá a ilicitude das provas obtidas e a responsabilidade civil do Estado.
Ressalte-se que na decisão proferida na ADPF, o STF modulou os efeitos da decisão, afirmando que as conduções coercitivas realizadas em data anterior a decisão naõ seriam invalidadas.
Em relação à condução da vítima e da testemunha, essas não foram abarcadas na ADPF, sendo válidas até os dias atuais.
Ponto 07 edital: 2.9 Indiciamento.
Indiciamento
1. Conceito
Consiste na imputação de alguém feita durante o IP, da prática de uma infração penal objeto da ação, sendo ato privativo do Delegado de Polícia. Havendo indícios suficientes que o investigado perpetrou crime de que é alvo, cumpre à autoridade policial proceder ao indiciamento. Desde que não se verifique qualquer abuso por parte da autoridade, o indiciamento é entendido como desdobramento natural da investigação criminal.
2. Consequências do indiciamento
Se frágil a prova colhida, levando a pessoa a ser considerada mera suspeita, não cabe o indiciamento, sob pena de constrangimento ilegal, passível de reparação por Habbeas corpus.
A revelar a importância do ato, recomenda-se extrema cautela em sua determinação, posto que a partir do seu indiciamento nos dados do indiciado passam a constar a notificação do IP, informando que este é suspeito da prática de crime, trazendo consequências que vão além do mero abalo moral, posto que os investigados terão registro do indiciamento nos institutos de identificação, tornando assim público o ato de investigação.
O STF entende que o mero indiciamento em Inquéritos policiais não configura maus antecedentes do agente, não podendo ser utilizado para aumentar a pena base.
Todavia, cumpre ressaltar que as investigações e processos em curso podem indicar que o acusado se dedique à atividades criminosas, não para aumentar a pena base ou agravar a pena, mas para vedar o benefício da causa de diminuição no tráfico privilegiado.
Ademais, na Lei de lavagem de capitais, o artigo 17-D preve que “em caso de indiciamento do servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada seu retorno”.
3. Cabimento do indiciamento
O indiciamento de alguém, por suposta prática delituosa, somente se justificará, se e quando houver indícios mínimos, que apoiados em base empírica e idônea, possibilitem atribuir-se ao mero suspeito, a autoria do fato criminoso.
	Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
O indiciamento não pode, nem deve, constituir um ato de arbítrio do Estado, especialmente se condideradas as graves implicações morais e jurídicas que derivam da formal adoção dessa medida.
Destaca-se que o ato de indiciamento é privativo do delegado, não podendo o MP ou mesmo o juiz requisitar o indiciamento ao Delegado de Polícia.
Em regra qualquer pessoa pode ser indiciada, mas há duas exceções: 1) Membros do MP; 2) Membros da magistratura.
Há ainda que se falar do indiciamento complexo, que se caracteriza nas situações em que a pessoa investigada dispõe de foro por prerrogativa de função. Nos termos da decisão exarada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, firmou-se o entendimento de que o delegado de polícia não poderia indiciar parlamentares sem prévia autorização do Ministro-Relator do inquérito, ficando a própria instauração do procedimento investigativo vinculada à esta autorização. Conclui-se, pois, que o mesmo raciocínio deve ser aplicado às demais autoridades com prerrogativa de foro, como Governadores e Prefeitos, por exemplo. 
Ao analisar a referida decisão, Renato Brasileiro concluiu o seguinte:
A partir do momento em que determinado titular de foro por prerrogativa de função, nos crimes praticados em razão da função e após a diplomação, passe a figurar como suspeito em procedimento investigatório, impõe-se a autorização do Tribunal (por meio do Relator) para o prosseguimento das investigações. Assim, caso a autoridade policial que preside determinada investigação pretenda intimar autoridade que possui foro por prerrogativa de função, em razão de outro depoente ter afirmado que o mesmo teria cometido fato criminoso, deve o feito ser encaminhado previamente ao respectivo Tribunal, por estar caracterizado procedimento de natureza investigatória contra titular de foro por prerrogativa de função.
Ora, se a decisão acerca do indiciamento não pode ser tomada de forma direta pelo delegado de polícia, dependendo de manifestação do Poder Judiciário sobre os elementos coligidos durante o IP para se perfazer, pode-se afirmar que estamos diante de um indiciamento complexo, numa analogia com a classificação adotada em relação aos atos administrativos.
Nesse contexto, pode-se falar em um efeito prodrômico do indiciamento, na medida em que a manifestação do delegado de polícia faz surgir o dever da autoridade judicial também se manifestar para que o ato se aperfeiçoe. Como o surgimento desse dever ocorre antes do aperfeiçoamento do indiciamento, é possível sustentar a existência do efeito prodrômico ou preliminar. 
Todavia, há discussão acerca da constitucionalidade dessa decisão, posto que a decisão de indiciamento implica em um juízo de probabilidade em relação à autoria, juízo este que não cabe ao Poder Judiciário nesta fase de investigação, constituindo, nesse contexto, verdadeira antecipação da análise do mérito.
Como é cediço, os requisitos para o indiciamento são semelhantes aos exigidos para o oferecimento da denúncia, ou seja, prova da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria. Assim, a representação do delegado de polícia para o indiciamento, na prática, teria quase a mesma força da denúncia, uma vez que propiciaria uma antecipação na análise do Poder Judiciário sobre os seus requisitos, deixando transparecer, ainda na fase de investigação, o destino final daquele caso, qual seja, um inevitável processo.
Por outro lado, no indiciamento complexo, que depende de prévia autorização judicial, uma eventual “decisão positiva” resultará num legítimo “sinal verde” para que o Ministério Público ofereça a denúncia, gerando uma indesejável confusão entre as etapas que constituem a persecução penal. 
Frente ao exposto, pode o indiciamento complexo ser considerado inconstitucional por ferir os princípios da isonomia (se a Constituição não fez distinção, não cabe ao intérprete fazê-la) e da imparcialidade do juiz (que proferirá uma análise de mérito durante a investigação), ofendendo, outrossim, o sistema acusatório, que veda posturas ativas do Poder Judiciário antes da fase processual.
4. Indiciamento após a deflagração do processo-crime
A jurisprudência, inclusive a do STF, entende que uma vez recebida a denúncia e deflagrado o processo-crime não é mais cabível o indiciamento do réu.
Sendo o IP instrumento de investigação destinado à formação da opnio delicti, ou seja, do convencimento por parte do MP a respeito da autoria do crime e suas circunstâncias, com intuito de formulação da acusação nos casos de ação penal pública, caracteriza constrangimento ilegal o formal indiciamento do paciente que já teve contra si oferecida a denúncia.
Ponto 08 do edital: 2.10 Identificação criminal (Lei n° 12.037/09).

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