Buscar

Psicanálise-1597080081

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 69 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 69 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 69 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO 
INTENSIVO
PARA RESIDÊNCIAS
P S I C O LO G I A
PSICANÁLISE
PROFESSORAS
 Andrea Dórea Roberta Ferreira Takei 
Mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto 
de Psicologia da Universidade de São Pau-
lo. Especialista em Psicologia Hospitalar 
pelo Hospital das Clínicas da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Pau-
lo. Psicanalista. Atualmente é docente em 
cursos de Graduação e Pós-Graduação e 
atua na clínica, com crianças, adolescentes 
e adultos. 
Possui graduação em psicologia pela Uni-
versidade Federal da Bahia (UFBA). Mes-
tre e Doutora em Psicologia do Desenvol-
vimento pelo Programa de Pós-graduação 
em Psicologia (POSPSI/UFBA). Possui for-
mação em Psicanálise, atendendo princi-
palmente crianças e adolescentes em con-
texto clínico. Professora de Psicologia em 
algumas instituições de ensino privado da 
cidade de Salvador. Também ministra cur-
sos e seminários livres sobre atendimento 
infantil e temas em Psicanálise. Autora do 
blog Freudisplica.
ORGANIZADORA
 Ana Vanessa de Medeiros Neves 
Graduada em Psicologia pela Escola Bahia-
na de Medicina e Saúde Pública. Possui 
Mestrado em Psicologia pela Universidade 
Federal da Bahia, com ênfase em Desenvol-
vimento Humano. Especialista em Terapia 
de Base Analítica pela Associação Paulista 
de Psicologia Analítica. Possui formação em 
Terapia Comunitária Integrativa pela Uni-
versidade Federal do Ceará. Concursada do 
Ministério da Saúde, atuando desde 2010 na 
área de saúde do servidor. Mentora, profes-
sora e autora para concursos e residências 
em diversas disciplinas nas áreas da Psico-
logia e Saúde Pública. Fundadora da Editora 
Concursos PSI e Coordenadora do Núcleo 
de Psicologia da Editora Sanar. 
2020 © 
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, 
de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste 
livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia 
ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características 
gráficas, sem permissão expressa da Editora.
Intensivo para residências em Psicologia: Psicanálise
Fernanda Fernandes
Fabrício Sawczen
Fabrício Sawczen
Karen Duarte
Caio Vinicius Menezes Nunes
Paulo Costa Lima
Sandra de Quadros Uzêda
Silvio José Albergaria da Silva
Título |
Editor |
Projeto gráfico e diagramação|
Capa |
Revisor Ortográfico |
Conselho Editorial |
Editora Sanar S.A
R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & 
Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores
CEP 41820-770, Salvador - BA 
Tel.: 0800 337 6262
atendimento@sanar.com
www.sanarsaude.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
T136ip Takei, Roberta.
 Intensivo para residências em Psicologia: Psicanálise / Roberta Takei. - 1. ed. - Salvador, BA : 
Editora Sanar, 2020. 
 69 p.; il..
 E-Book: PDF.
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 978-65-86246-88-9
 1. Hospital. 2. Medicina. 3. Psicanálise. 4. Psicologia. 5. Residência. I. Título. II. Assunto. III. 
Takei, Roberta.
CDD 150
CDU 159.9
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Psicologia.
2. Psicologia.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TAKEI, Roberta. Intensivo para residências em Psicologia: Psicanálise. 1. ed. Salvador, BA: Editora 
Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-88-9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Modos de funcionamento Sistemas Psíquicos - Autoria Própria.
Figura 2. Classes das neuroses - Autoria Própria. 
Figura 3. Características da pulsão - Autoria Própria.
Figura 4. Resumo das fases do desenvolvimento para Freud - Autoria própria.
Figura 5. Visão geral do Édipo (NASIO, 2005).
Figura 6. Esquema da passagem do Édipo em meninos (autoria propria).
Figura 7. Esquema da passagem do Édipo em meninas (autoria propria).
Figura 8. O processo da metáfora paterna – Autoria propria.
Figura 9. Linha do Amadurecimento de Winnicott - Autoria Própria. 
Figura 10. Esquema do arco reflexo aplicado ao funcionamento psíquico (NASIO, 1999).
Figura 11. Representação dos processos de transferência e contratransferência.
Figura 12. Diferença entre Luto e Melancolia - Autoria Própria.
Figura 13. Fatores para a eclosão da Melancolia - Autoria Própria.
Figura 14. Diferenças de posição entre Medicina e Psicanálise - Autoria Própria.
SUMÁRIO
Apresentação .................................................................................... 6
1. Fundamentos teóricos ................................................................. 7
1.1. Freud ............................................................................................ 7
1.2. Lacan ........................................................................................... 29
1.3. Pós-Freudianos .......................................................................... 35
2. Fundamentos técnicos ................................................................ 46
2.1. A técnica analítica e a resistência ........................................... 46
2.2. Transferência e contratransferência...................................... 47
2.3. Direção do tratamento psicanalítico ...................................... 49
2.4. Luto e melancolia ..................................................................... 55
2.5. Papel do psicanalista no hospital ........................................... 62
Gabarito ............................................................................................. 66
Referências ....................................................................................... 67
APRESENTAÇÃO
 Olá, futuro (a) residente! 
Seja bem vindo à nossa aula sobre Psicanálise. Este é um assunto bastan-
te cobrado nas residências, e muitas vezes aparece de forma transdis-
ciplinar, seja nas questões de Psicologia Hospitalar ou Psicopatologia, 
passando pelas de Desenvolvimento Humano, até aquelas que abordam 
especificamente os conceitos e técnicas psicanalíticas. 
Nossas aulas estão divididas em dois grandes pólos: Fundamentos teó-
ricos, onde traremos os principais conceitos de Freud, Lacan e dos princi-
pais autores pós-freudianos; e Fundamentos técnicos, onde as principais 
técnicas da Psicanálise serão apresentadas, além do campo específico de 
suas aplicações na área hospitalar. 
Aqui você poderá reforçar seu conhecimento sobre os pontos mais impor-
tantes dessa teoria tão cobrada nas provas, a partir de uma leitura fácil e 
com dicas pra você ter sucesso nas provas. No decorrer do texto, também 
é possível testar seu aprendizado fazendo as questões de provas anterio-
res e assisitindo a pocket vídeos, com os conteúdos que não podem sair 
da sua cabeça.
Ah, no final do curso ainda tem uma super revisão de todos os conteúdos 
em uma video aula, além de questões comentadas de provas anteorio-
res, e simulados pra você treinar e gabaritar sua prova de residência. 
Vamos lá?
Clique no ícone para assistir 
a apresentação gravada.
https://sanar.link/aula_psi_6368
7Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
1.1. FREUD
1.1.1. ASPECTOS HISTÓRICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA PSICANÁLISE.
Podemos dizer que a Psicanálise é uma teoria, uma técnica e um méto-
do de investigação que nasce no final do século XIX a partir da prática de 
um grande gênio: o médico vienense Sigmund Freud. A Psicanálise possui 
uma particularidade com relação a outras teorias, pois ela começa com a 
prática clínica para depois formular suas hipóteses e conceitos teóricos. 
E a prática da Psicanálise Freudiana começa com os estudos sobre a his-
teria.
A histeria era um fenômeno que acometia principalmente mulheres e que 
se configurava num problema sério na Europa no final do século XIX. Ca-
racterizava-se basicamente por uma série de sintomas sensoriais, moto-
res e de dissociação, que acometiam o corpo, mas não tinham nenhuma 
espécie de causa orgânica.
Este processoera estudado por alguns médicos, já que muitos conside-
ravam bruxaria ou fingimento. Na França, o médico Jean Martin Charcot 
considerava a origem do sintoma histérico como algo que estava posto 
em um outro lugar que não a consciência, mas sim uma segunda consciên-
cia (second conscience), acessível apenas a partir da hipnose.
Freud começou a tratar a histeria a partir da hipnose, inspirado no traba-
lho de outro médico, o vienense Joseph Breuer. Breuer, a partir do méto-
do catártico, tratou uma jovem paciente que se tornou o caso marco zero 
da Psicanálise: Anna O. A partir da hipnose o paciente voltava ao fato 
que tinha originado o sintoma e era capaz de torná-lo vivo na ideia do que 
8Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
aconteceu e, especialmente, no afeto (a emoção) que foi vivenciada. Esse 
processo era chamado de ab-reação. Depois de algum tempo, Freud aban-
donou o uso da hipnose (ele particularmente tinha dificuldades com esse 
método). 
Após várias tentativas, Freud chegou, pela ajuda de seus pacientes, ao 
método que se tornou primordial da Psicanálise, do qual falaremos quan-
do entrarmos na sessão de fundamentos técnicos: a livre associação. Foi 
fazendo seus pacientes falarem livremente tudo que lhes viesse à mente 
que Freud chegou ao conceito primordial da Psicanálise: o inconsciente.
1.1.2. O INCONSCIENTE (PRIMEIRA TÓPICA E NEUROSES)
1.1.2.1. Primeira tópica: concepção do aparelho psíquico.
O conceito de inconsciente, o mais importante da Psicanálise, sofre trans-
formações ao longo do tempo, desde seu aparecimento no capítulo VII da 
Interpretação dos Sonhos até os textos finais da segunda tópica. 
O pai da Psicanálise descreve os processos psíquicos sob três pontos de 
vista:
• Tópico: localização das instâncias psíquicas.
• Econômico: distribuição dos investimentos pulsionais.
• Dinâmico: conflito das forças pulsionais.
No início, Freud está preocupado em descrever o sentido tópico do in-
consciente, já nos textos após 1915 centra-se mais na relação entre o 
inconsciente e as pulsões. É importante destacar que a segunda tópica 
não substitui a primeira, ou seja, os conceitos de Id, Ego e Superego não 
substituem os conceitos de Inconsciente, Consciente e Pré-consciente. 
9Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Freud, em A interpretação dos Sonhos, postula a primeira tópica freu-
diana, isto é, a concepção do aparelho psíquico formado por instâncias 
ou sistemas: o sistema inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e o 
consciente (Cs).
Esses sistemas são concebidos como lugares psíquicos e são marcados 
por uma relação de conflito, o que torna a concepção tópica inseparável 
da concepção dinâmica. Importante frisar que, quando Freud fala em lu-
gares, os lugares aos quais ele se refere são lugares metafóricos e não 
lugares anatômicos.
• Pré-consciente: localizado em uma das extremidades do aparelho psí-
quico, seu conteúdo é acessível à consciência. 
• Consciente: O Cs é localizado numa das extremidades do aparelho psí-
quico e é muito mais um dispositivo de atenção ligado à percepção do 
que propriamente um sistema.
• Inconsciente: inacessível à consciência, a não ser que passe por modi-
ficações, ou melhor, distorções para que se submeta às exigências do 
sistema Cs.
Esse foi o momento, fundamental na Psicanálise, em que a palavra In-
consciente deixou de ser entendida como adjetivo, qualificando aquilo 
que está fora da consciência, para ser usada como substantivo, designan-
do um sistema do aparelho psíquico, com um modo de funcionamento 
diferente do sistema pré-consciente/consciente.
É aqui que entra também o conceito de recalque ou recalcamento. O re-
calque é o operador desta distinção entre os sistemas. É um processo 
psíquico defensivo que consiste em afastar da consciência os conteúdos 
potencialmente desagradáveis, ameaçadores. Isto é, um sistema funciona 
como instância crítica (Pcs/CS) e o outro como instância criticada (Ics).
10Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
ACERTE O ALVO!
Recalque é um conceito-chave da Psicanálise!
A grande divisão, portanto, não é a que separa o que é inconsciente do que 
é consciente, mas a que separa o que pertence ao sistema Ics do que per-
tence ao sistema Pcs/Cs. 
Freud faz uma alegoria bastante ilustrativa a respeito dos sistemas psí-
quicos:
“Comparemos, portanto, o sistema do inconsciente a um gran-
de salão de entrada, no qual os impulsos mentais se empurram 
uns aos outros, como indivíduos separados. Junto a este salão 
de entrada existe uma segunda sala, menor - uma espécie de 
sala de recepção - na qual, ademais, a consciência reside. Mas, 
no limiar entre as duas salas, um guarda desempenha sua fun-
ção; examina os diversos impulsos mentais, age como censor, e 
não os admitirá na sala de recepção se eles lhe desagradarem. 
De pronto, os senhores verão que não faz muita diferença se o 
guarda impede a entrada de determinado impulso no próprio 
limiar ou se ele o faz recuar através do limiar, após o impulso 
ter entrado na sala de recepção. Isto é apenas uma questão de 
grau de sua vigilância e de quão prontamente efetua sua ação 
de reconhecimento. Se mantivermos esta imagem, poderemos 
ampliar ainda mais nossa terminologia. Os impulsos do incons-
ciente, no salão de entrada do inconsciente, estão fora das 
vistas do consciente, que está na outra sala; em princípio, de-
vem permanecer inconscientes. Se já se infiltraram até o limiar 
11Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
e foram afastados pelo guarda, então eles são inadmissíveis 
para a consciência; dizemos que eles são reprimidos. Entretan-
to, os próprios impulsos que o guarda permitiu que cruzassem 
o limiar, não são, também, só por causa disso, necessariamen-
te conscientes; podem vir a sê-lo somente se conseguissem 
chamar a atenção da consciência. Portanto, justifica-se que 
chamemos a esta segunda sala, de sistema do pré-consciente. 
Nesse caso, tornar-se consciente mantém seu sentido mera-
mente descritivo. Para qualquer impulso, porém, a vicissitude 
da repressão consiste em o guarda não lhe permitir passar do 
sistema do inconsciente para o do pré-consciente. Trata-se do 
mesmo guarda que vimos a conhecer como resistência, quando 
tentamos suprimir a repressão por meio do tratamento analíti-
co” (FREUD, 1917, p. 302). 
O que define o inconsciente não são seus conteúdos, mas o modo como 
ele opera.
Figura 1. Modos de funcionamento Sistemas Psíquicos.
ICS
Processo psíquico 
primário
Energia livre
Princípio de prazer
Cs
Processo psíquico 
secundário
Energia ligada 
Princípio de 
realidade
Fonte: Autoria Própria.
12Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1.1.2.2. Características do Inconsciente.
• Princípio da não-contradição: os representantes pulsionais não se 
contradizem, não são incompatíveis entre si. 
• Atemporalidade: o tempo do inconsciente não é o tempo cronológico. 
Seus processos são atemporais → importância dos aspectos infantis.
• Formações do inconsciente: só temos acesso aos processos incons-
cientes através de seus efeitos na consciência: sonhos, sintomas, 
chistes e atos falhos.
1.1.2.3. Formações do Inconsciente.
Em A interpretação do sonho, Freud afirma que nada há de arbitrário nos 
acontecimentos psíquicos, sejam eles conscientes ou inconscientes. To-
dos os atos, vontades, ditos, tendências dos sujeitos são determinados 
inconscientemente: a isso chamamos de determinismo psíquico.
As formações do inconsciente são fruto da ação do recalcamento do de-
sejo inconsciente, inaceitável de algum modo pela consciência, que retor-
na, ainda que deformado sob a ação da censura. Lacan também os chama 
de retorno do recalcado.
1.1.2.4. Sonhos.
O que Freud descobre é que o sonho tem um sentido e através do método 
psicanalítico é possível a decifração desse sentido, através da interpre-
tação. A maneira como interpretamos o sonho é o modelo pelo qual ire-
mos compreender os sintomas, oschistes, os atos falhos. É por isso que 
Freud afirma que o sonho é o pórtico real da psicanálise.
O sonho é sempre uma forma disfarçada de realização de desejos. A cen-
sura deforma o conteúdo dos sonhos para nos proteger do caráter amea-
çador de nossos desejos.
13Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
A função da interpretação é, portanto, conhecer o sentido oculto do sonho. 
São sentidos a serem interpretados: psicanálise e linguagem se articu-
lam. As formações do inconsciente se manifestam através da linguagem.
O inconsciente é estruturado como uma linguagem 
(Lacan).
1.1.2.5. Sintomas.
Assim como o sonho, o sintoma neurótico é a satisfação disfarçada de um 
desejo inconsciente. Determinado simbolicamente, o sintoma é o resul-
tado que expressa um conflito psíquico através da formação de compro-
misso entre o desejo e o recalque.
1.1.2.6. Chistes.
É um gracejo, algo que é dito para produzir o riso. Segundo Freud, são usa-
dos para que possamos expressar aquilo que, de outra forma, não ganha-
ria expressão conscientemente. É o famoso: brincando pode se dizer tudo.
1.1.2.7. Atos falhos.
Podem ser atos falhos de esquecimentos (nomes, palavras), de linguagem 
(lapsos, equívocos na fala, leitura e escrita) ou atos falhos de comporta-
mento. Também são formações de compromisso, ou seja, “foi sem querer, 
querendo”: um ato falho foi sem querer (conscientemente falando), mas 
também foi querendo (inconscientemente).
1.1.2.8. Neuroses.
Freud ao longo de sua obra vai falar de duas classes de neuroses: as Neu-
roses atuais e as Psiconeuroses (ou Neuroses de Defesa). A principal 
14Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
diferença seria a etiologia (causa): enquanto as neuroses atuais eram re-
lacionadas à vida sexual atual do paciente, as psiconeuroses eram relacio-
nadas à sexualidade infantil.
Figura 2. Classes das neuroses.
Psiconeuroses
Histeria
Neurose obsessiva
Neurose fóbica
Neuroses 
atuais
Neurastenias
Neuroses de 
angústia
Hipocondria
Fonte: Autoria Própria.
Freud centra seus estudos nas Psiconeuroses e o faz através da generali-
zação dos achados sobre a histeria. 
Histeria, Neurose Obsessiva e Fobia têm em comum o recalcamento 
como operação formadora de sintomas. Elas se diferenciam pelos dife-
rentes destinos para o afeto que foi separado da representação (que foi 
recalcada): 
• ideia, na neurose obsessiva; 
• objeto fóbico, na fobia;
• corpo, na conversão histérica.
1.1.2.9. Histeria.
Na histeria, há a transformação do afeto em um sintoma somático: a con-
versão.
15Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1.1.2.10. Neurose obsessiva e fóbica.
O afeto não convertido fica no aparato psíquico. A representação é recal-
cada e o afeto, através do deslocamento, se liga a outras representações 
que, por essa falsa ligação, se transformam em representações obsessi-
vas ou fóbicas, transformando o afeto em angústia.
*A angústia é pura expressão da intensidade pulsional. Não há represen-
tação e, por isso, ela se expressa corporalmente, sem que qualquer signi-
ficação possa lhe ser atribuída.
01. Com base no texto de Freud, “O inconsciente” (1915), considere 
as seguintes afirmativas:
1. Os processos inconscientes possuem uma topografia rela-
cionada diretamente à anatomia, ou seja, a localidades ana-
tômicas.
2. A concepção de inconsciente surgiu como uma necessidade 
para dar conta de fenômenos que não estavam abrangidos 
pela equivalência entre psíquico e consciente.
3. A antítese entre consciente e inconsciente não se aplica aos 
instintos, dado que estes nunca podem tornar-se diretamen-
te objeto da consciência.
4. A repressão, apesar de não incidir sobre o afeto, tem como 
finalidade sua supressão.
Assinale a alternativa correta.
 🅐 Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
 🅑 Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
 🅒 Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
 🅓 Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
 🅔 As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
16Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1.1.3. PULSÃO
Agora, vamos para outro conceito fundamental da psicanálise freudiana: 
a pulsão. Ela faz sua entrada conceitual na obra Três Ensaios da Sexua-
lidade (1905) quando Freud aborda a sexualidade infantil. É importante 
frisar que nessa obra Freud vai abordar a pulsão sexual. Mas é no artigo 
Pulsão e suas vicissitudes (1915) que Freud aprofunda sua compreensão a 
respeito do conceito de pulsão (trieb). Esse artigo, junto com outros cin-
co, faz parte da metapsicologia* freudiana.
Devemos ficar atentos na diferença entre pulsão (trieb) e instinto (ins-
tinkt):
• Instinto nos remete a algo fixo, a um comportamento pré-estabeleci-
do visando um fim específco (necessidades biológicas). Corresponde 
a comportamentos inatos e adaptativos e apresenta certa rigidez na 
relação finalidade – objeto.
• A pulsão não está relacionada a comportamentos pré-formados ou 
inatos e não tem um objeto específico para sua satisfação. Isto é, os 
meios e os fins são extremamente variáveis na pulsão, ao contrário do 
instinto. 
Um exemplo para demarcar essa distinção é o próprio comportamento 
sexual de nós humanos e de um animal. O animal, de um modo geral, tem o 
instinto sexual de procurar um parceiro, que é de sua mesma espécie e do 
sexto oposto, com objetivo de reprodução, e seu ritual de corte e acasa-
lamento é fixo. Já o ser humano, não precisamos dizer, quase sempre não 
tem como objetivo final a reprodução, nem sempre procurará parceiros 
do sexo oposto (quiçá nem da própria espécie!) e seu ritual de sedução é o 
mais variado possível!
Metapsicologia: como Freud vai chamar uma coleção de artigos cujo objetivo é fazer, ao mesmo tempo uma revisão e aprofunda-
mento teórico de seus principais conceitos.
17Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Ou seja, para Freud, nós somos seres pulsionais e não mais instintuais, 
ainda que a pulsão possa ter, em sua origem, se apoiado no instinto (con-
ceito de apoio*). Nos tornamos pulsionais quando o prazer se torna autô-
nomo em relação à satisfação da necessidade biológica. Ou seja, quando 
o recém-nascido busca não mais repetir o bem-estar da nutrição, mas o 
prazer autoerótico oriundo da mucosa bucal (fase oral) e o acalento da 
mãe. 
A pulsão é um conceito-limite, situado na fronteira entre o somático e 
o psíquico. Isto é, a pulsão se origina a partir de estímulos do corpo que, 
por sua vez, fazem uma exigência de trabalho para o aparelho psíquico. O 
trabalho do aparelho psíquico é exatamente (tentar) satisfazer a pulsão. 
A energia de trabalho da pulsão (sexual) é a libido. 
Vamos apresentar agora 4 características da pulsão que ajudam na com-
preensão do conceito:
• Pressão: A pulsão, ao contrário do instinto, exerce uma pressão cons-
tante, ou seja, nunca cessa sua exigência de que o aparelho psíquico 
trabalhe. Assim, ela é impossível de ser completamente satisfeita, ou 
melhor dizendo, ela pode ser satisfeita apenas parcialmente. Como 
bem ilustra a música de Chico Buarque e Milton Nascimento, O que será 
– à flor da pele “o que não tem descanso nem nunca terá, o que não tem 
cansaço nem nunca terá, o que não tem limite”.
• Fonte: por fonte da pulsão entendemos o órgão ou parte do corpo de 
onde provém a pulsão sexual, que Freud chamou de zona erógena. Ele 
ainda diz que qualquer área da pele ou mucosa pode se transformar em 
uma zona erógena, ainda que existam zonas predestinadas, que são as 
zonas das quais partem as pulsões parciais descritas por Freud no de-
Conceito de apoio: hipótese apresentada por Freud em Os três ensaios da sexualidade, em que ele afirma que a pulsão, em sua 
origem, se apoia em uma função biológica. 
18Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
senvolvimento psicossexual. Pelo fato de a pulsão ser externa à mente, 
só pode ser conhecida por nós quando capturada pelo aparelho psíqui-co a partir de seus representantes psíquicos: representação (ou re-
presentante ideativo) e afeto.
• Alvo ou Finalidade: A finalidade da pulsão é sempre a satisfação. Essa 
satisfação nunca pode ser completa uma vez que, pelo fato de a pressão 
ser constante, não é possível cancelar totalmente o estímulo, que con-
tinua demandando. Isto é, quando falamos de satisfação da pulsão, es-
tamos falando de uma satisfação parcial. Há diferentes caminhos para 
cada um de nós em busca da satisfação da pulsão. Quando a pulsão é 
desviada em sua finalidade (sexual), chamamos de sublimação. De um 
modo geral, todos nós temos alta capacidade em sublimar, desde que a 
atividade para a qual a pulsão foi desviada seja socialmente valorizada. 
Assim, quando trabalhamos, estudamos, produzimos cultura, estamos 
em grande parte sublimando pulsões e, obtendo assim, satisfações par-
ciais. Mas não nos enganemos, se estivéssemos investindo essa pulsão 
em sua finalidade original, ainda assim seria uma satisfação parcial, já 
que isso é inerente à própria natureza da pulsão. 
ACERTE O ALVO!
O conceito de sublimação da pulsão costuma ser figuri-
nha carimbada em provas de concurso! 
• Objeto: é através do objeto que a pulsão pode atingir sua finalidade, a 
satisfação. O objeto é o que há de mais variável na pulsão, podendo ser 
uma pessoa do sexo oposto, do mesmo sexo, uma coisa, ou até parte de 
si. O objeto não é inato ou pré-determinado e sim construído através 
de nossa trajetória libidinal e pode sofrer variações ao longo da vida. 
19Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Como já aprendemos, nenhum objeto satisfará completamente a pul-
são. É a partir dessa ideia que Lacan postula o “objeto a”: objeto causa 
do desejo. Esse “objeto a” marca a falta, mola propulsora para o desejo. 
É aqui que Lacan também faz uma distinção importante entre desejo 
e gozo. O desejo faz referência ao trabalho, fruto da insatisfação, em 
busca do “objeto a”. Já o gozo seria um tipo particular de satisfação, que 
se articula com a pulsão de morte a partir da repetição de sintomas ou 
comportamentos.
Figura 3. Características da pulsão.
Pressão
Exigência de 
trabalho
Constante
Fonte
Órgão ou parte do 
corpo
Zonas erógenas
Alvo
Satisfação Parcial
Objeto
Através do que a 
pulsão se satisfaz
Variável
Fonte: Autoria Própria.
Na primeira formulação da teoria das pulsões, Freud vai fazer uma distin-
ção entre as pulsões sexuais e as pulsões do ego, ou autoconservadoras, 
que estariam a serviço da sobrevivência do indivíduo. É quando Freud in-
troduz o conceito de narcisimo que o conceito de pulsões do ego sofre 
um abalo, uma vez que, com o narcisismo, o que se descobre é que há um 
investimento pulsional também dirigido ao ego, isto é, as pulsões egóicas 
seriam, ao mesmo tempo, sexuais. Ou seja, perde-se o sentido da distin-
ção entre pulsões sexuais e pulsões egoicas. Ainda assim, Freud continua 
reafirmando tal dualismo pulsional até 1920 quando formula o conceito 
de pulsão de morte em seu texto Além do princípio do Prazer (1920) e a 
partir daí se inaugura um novo dualismo pulsional: pulsões de vida (englo-
bando aqui as pulsões sexuais e as pulsões egoicas) e a pulsão de morte.
É a partir da observação do fenômeno de compulsão a repetição que 
Freud postula a existência da pulsão de morte. O que Freud nota é que 
seus pacientes repetem de forma impositiva situações, comportamentos 
20Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
que, longe de trazer prazer, trazem ao contrário dor, sofrimento e despra-
zer. Isto reforça a ideia de que há algo para além do princípio do prazer. 
A pulsão de morte “é uma tentativa inerente à vida orgânica de restaurar 
um estado anterior de coisas; ela é a expressão da inércia inerente à 
vida orgânica (Freud, 1920, p. 37). Há, portanto, em todo ser vivo uma 
tendência para a morte.
Ao falar em pulsão de morte, Freud prefere falar no plural destacando a 
diversidade de expressões dessa pulsão. É importante destacar que as 
pulsões de vida e as pulsões de morte podem se misturar, se associar e 
se desassociar em proporções variáveis. A esses processos, Freud dá o 
nome de fusão e desfusão pulsional.
A pulsão de morte de Freud é um de seus conceitos mais controversos 
e polêmicos. Muitos psicanalistas pós-freudianos discordam do Pai da 
Psicanálise. Lacan, ao contrário, radicaliza a noção de pulsão de morte ao 
afirmar que todas as pulsões são manifestações dela. Segundo Lacan, a 
pulsão presentifica a falta, falta esta que é inerente ao humano. 
02. Sobre o conceito de pulsão, considere as seguintes afirmativas:
1. A força, a fonte, o objeto e a transformação no contrário são 
elementos da pulsão.
2. A pulsão é um estímulo de força constante proveniente de 
fora do organismo.
3. A sublimação, o recalque, a reversão a seu oposto e o retorno 
em direção ao próprio “eu” do indivíduo são considerados de-
fesas contra a pulsão.
4. O amor é uma forma de pulsão parcial.
21Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Assinale a alternativa correta.
 🅐 Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
 🅑 Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
 🅒 Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
 🅓 Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
 🅔 As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
Assista agora a Pocket Aula 
sobre o conceito de pulsão 
clicando no ícone ao lado
1.1.4. SEGUNDA TÓPICA
A explicação topográfica trazida por Freud quando ele postulou a existên-
cia do inconsciente parecia, a princípio, bastante eficiente para explicar 
fenômenos como os sonhos ou os sintomas histéricos. No entanto, a me-
dida em que Freud ia desenvolvendo sua clínica, ela começou a apresentar 
algumas limitações. A Primeira tópica não foi eficiente para explicar:
• O caráter inconsciente do recalcamento.
• O fato do inconsciente ser simultaneamente recalcamento e recalcado.
https://sanar.link/aula_psi_6373
22Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
• O eu (ego) enquanto uma instância mista, na qual coexistem partes e 
funções ao mesmo tempo conscientes, pré-conscientes e inconscien-
tes.
Desta forma, começando com Além do Princípio do Prazer (1920) e es-
pecialmente em O Ego e o Id (1923), Freud propôs uma nova topografia 
da personalidade e aparelho mental, a chamada 2ª Tópica, ou Teoria Di-
nâmica, onde ele propõe a existência de três estruturas dinâmicas, que 
transitam entre partes conscientes e inconscientes: Id (Isso), Ego (Eu) e 
Superego (Supereu).
• Id: Seria o equivalente ao que na 1ª tópica era chamado de inconsciente. 
Conjunto de conteúdos de natureza pulsional e de ordem inconscien-
te – abrigo das pulsões. Funciona pelo princípio do prazer, buscando 
sempre uma saída para a satisfação da necessidade e o alívio das ten-
sões.
• Ego: Do ponto de vista tópico, possui partes conscientes e partes in-
conscientes (o que se constitui em uma grande diferença com relação à 
1ª tópica, que considerava o ego totalmente consciente). Representa a 
organização coerente de processos mentais, controlando a descarga 
de excitações para o mundo externo e mediando a relação entre Id e 
Superego. Se desenvolve a partir do Id para permitir a relação com o 
mundo exterior.
• Superego: É a parte moral da mente humana – Censor do Ego – e busca 
impedir a passagem dos conteúdos do Id. Surge a partir da interioriza-
ção das exigências e das interdições parentais. É o Herdeiro do Com-
plexo de Édipo, do qual falaremos a seguir. 
 
23Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
ACERTE O ALVO!
Nas provas tanto pode aparecer os nomes ID, EGO e 
SUPEREGO, como ISSO, EU e SUPEREU. Essa é uma di-
ferença com relação à tradução dos textos de Freud. Na 
dúvida, saiba ambas as terminologias. 
1.1.5. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO E O COMPLEXO DE ÉDIPO
O conceito de sexualidade tem um caráter central na teoria Freudiana e 
fez com que ele criasse uma das teorias do desenvolvimentoinfantil mais 
conhecidas. Apesar de o próprio Freud não atender crianças, (com exce-
ção do pequeno Hans – A fobia de uma criança de cinco anos, onde na ver-
dade Freud atendia o pai do garoto) ele acreditava que a personalidade do 
sujeito já começava a se formar a partir do momento em que ele nascia, e 
estruturalmente estaria completa na adolescência.
Um dos pressupostos mais controversos da teoria freudiana foi admitir 
a existência da sexualidade infantil. Imaginem o que é alguém dizer no 
início do século XX que o corpo de uma criança é erotizado e este busca a 
satisfação de prazer! Um escândalo! Por isso, para compreender porque a 
teoria do desenvolvimento infantil de Freud é importante, primeiramen-
te, é preciso levar em conta que o conceito de sexualidade apresentado 
por ele ultrapassa o nível genital. Complicado? Vamos esclarecer!
Em sua obra “Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, Freud (1905) 
diz que nascemos com um corpo erotizado, e que naturalmente buscamos 
prazer a partir da estimulação desse corpo, e mais ainda, que durante os 
primeiros anos de vida essa satisfação é autoerótica. Este corpo é com-
posto por zonas erógenas, ou seja, partes do corpo que quando estimu-
24Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
ladas provocam prazer (boca, pele, região genital, ânus). Este conceito 
será central para delimitar as fases do desenvolvimento psicossexual de 
Freud. Podemos, de forma esquemática, resumir estas cinco fases da se-
guinte forma:
Figura 4. Resumo das fases do desenvolvimento para Freud.
Fase Idade Zona erógena predominante Alvo da pulsão
ORAL De 0 a 2 anos Boca Autoerótica
ANAL De 2 a 3 anos Ânus Autoerótica
FÁLICA De 4 a 6 anos Órgãos genitais Autoerótica
LATÊNCIA De 7 a 12 anos Não existe Autoerótica
GENITAL Dos 13 em diante Órgãos genitais Outro
Fonte: Autoria Própria.
A fase oral vai dos zero aos dois anos de idade, e tem como zona erógena 
predominante a boca. A princípio, poderia se pensar que esta relação se da-
ria exclusivamente por ser a zona de nutrição, mas o próprio Freud vai obser-
var que o prazer de sugar (ou chuchar, como ele mesmo chama) vai além da 
satisfação da fome. A criança neste período explora o mundo e seu próprio 
corpo a partir da boca. E esta zona erógena é tão importante, que apesar de 
não ser predominante nas outras fases, guarda alguns resquícios de prazer, 
como a satisfação no comer, beber, beijar, entre outras coisas.
Entre os dois aos quatro anos, a zona erógena predominante transfere-
-se da região oral para a mucosa anal, e acontece a chamada fase anal. A 
criança passa a ter um particular interesse no ato de defecar e nas pró-
prias fezes (o que coincide com a fase do desfralde), sentindo prazer no 
ato de contração e relaxamento dos esfíncteres, o que as levam a reter 
as fezes até o limite (o que causa as constantes prisões de ventre típicas 
dessa fase).
25Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Dos quatro aos seis anos a criança passa pela fase fálica. Essa talvez seja 
uma das fases mais críticas do desenvolvimento infantil segundo Freud, 
com o predomínio da zona erógena nas regiões genitais do menino e da 
menina. Nesta fase é comum o comportamento masturbatório, sendo que 
a satisfação pela estimulação da região genital ainda é autoerótica. Esta 
também é a fase onde a criança começará a notar as diferenças entre os 
sexos, desenvolverá a curiosidade sobre o nascimento dos bebês e passa-
rá pelo Complexo de Édipo.
ACERTE O ALVO!
A fase fálica e o Complexo de Édipo são os assuntos 
mais cobrados nas provas com relação ao desenvolvi-
mento psicossexual da criança. 
Após um período de intensas vivências de conflitos inconscientes na fase 
fálica, a criança entra em um período de desinteresse sexual (compreen-
dendo mais ou menos dos sete aos doze anos), onde não existe a predomi-
nância de nenhuma zona erógena específica. É a chamada fase de latên-
cia, onde a pulsão se desloca para o desenvolvimento social e educacional.
Quando a criança adentra o período da adolescência, ela chega na fase 
genital. A zona erógena predominante volta a ser os órgãos genitais, mas 
a busca do prazer é dirigida para o outro, tendo como fim último o ato se-
xual propriamente dito e a reprodução. Ao fim dessa fase, Freud coloca 
como completo o desenvolvimento psicossexual do sujeito. 
Entre todas essas fases apresentadas, a mais importante para Freud é 
a fase fálica, pois nela a criança passará por um processo crucial em seu 
26Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
desenvolvimento: O Complexo de Édipo. Freud utiliza-se dessa metáfora 
para explicar o amor primordial que a criança estabelece com o genitor 
do sexo oposto durante a fase fálica do desenvolvimento. Esse conceito 
é universal para a Psicanálise (acontece com todas as pessoas, indepen-
dente de contexto social ou cultural), determinante para a formação da 
identidade do sujeito, para suas escolhas objetais e para a introjeção da 
lei (a formação do superego).
Esquematicamente, poderíamos resumir a passagem pelo Édipo da se-
guinte forma: 
Figura 5. Visão geral do Édipo. 
SE
NS
AÇ
ÕE
S
DESEJOS
INCESTUOSOS
FANTASIAS
Falo Prazer Angústia
(menino)
Ou
Sofrimento
(meninas)
RENÚNCIA aos pais 
enquanto objetos sexuais
E
INCORPORAÇÃO dos 
pais como objetos de 
identificação
IDENTIADE 
SEXUAL
SUPEREU
REATIVAÇÃO DO ÉDIPO
NA PUBERDADE:
Pudor excessivo, 
intransigência, revolta.
NA IDADE ADULTA:
Neurose comum e 
mórbida. 
NO TRATAMENTO 
ANALÍTICO:
Neurose de transferência.
SEXUALIZAÇÃO DOS PAIS DESSEXUALIZAÇÃO 
DOS PAIS
FRUTOS DO 
ÉDIPO
Fonte: NASIO, 2005.
As curiosidades sexuais típicas da fase fálica levam as crianças a desco-
brir as diferenças entre os sexos. As teorias infantis partem de uma ideia 
de que estas diferenças ocorrem a partir da dicotomia presença/ausên-
cia do falo, ou seja, o órgão sexual masculino carregado de significado. 
Os homens são detentores do falo, as mulheres não. A noção inconscien-
te estabelecida com essa descoberta é de que na verdade as mulheres a 
princípio possuíam um pênis e, por alguma razão, esse foi retirado delas 
– foram castradas. Essa castração vai reverberar de forma diferente nos 
meninos e nas meninas. 
27Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Nos meninos, a falta deste falo no sexo oposto desperta um sentimento 
de angústia inconsciente, um medo de perder também o próprio órgão, ao 
que Freud denomina de angústia de castração. Já as meninas comparti-
lham plenamente a opinião que seus irmãos têm do pênis, desenvolven-
do um vivo interesse por essa parte do corpo masculino, interesse que é 
logo seguido pela inveja (os meninos têm algo que elas não têm). A esse 
sentimento inconsciente, Freud dá o nome de inveja do pênis. Estes dois 
sentimentos geram diferenças significativas em como será a passagem 
do Édipo em meninos e meninas. 
Nos meninos podemos resumir da seguinte forma: 
Figura 6. Esquema da passagem do Édipo em meninos.
Fase pré-edípica O objeto de amor é a mãe
Édipo
O objeto de amor continua sendo a mãe
Rivaliza com o pai - Angústia de castração
Saída do Édipo
Abandona o amor pela mãe
Identificação com o pai. Busca de um objeto de amor semelhante ao 
dele (uma mulher)
Fonte: Autoria própria.
Na fase pré-edípica o objeto de amor do menino é a mãe. Com a entrada no 
Édipo, esse amor se mantém intacto, o que leva naturalmente a uma rela-
ção de rivalidade com o pai. Tomado pela angústia de castração (o medo 
inconsciente que o pai lhe tire o próprio falo) o menino se vê no impasse de 
escolher entre este e sua mãe. Então, resolve o Édipo abandonando o amor 
pela mãe e passando a se identificar com o pai (o masculino), buscando fu-
turamente um objeto de amor semelhante ao que ele tem (uma mulher). 
Já nas meninas esse processo ocorre de forma um pouco diferente:
28Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Figura 7. Esquema da passagem do Édipo em meninas.Fase pré-edípica O objeto de amor é a mãe
Édipo
O objeto de amor passa a ser o pai
Rivaliza com a mãe - Inveja do pênis
Saída do Édipo
Abandona o amor pelo pai
Identificação com a mãe. Busca de um objeto de amor semelhante ao 
dela (um homem)
Fonte: Autoria própria.
Na fase pré-edípica, assim como o menino, a menina tem seu amor volta-
do para a mãe. Ao adentrar no Édipo e se perceber castrada como a mãe, 
inverte seu objeto de amor para o pai (detentor do falo) e passa a rivali-
zar com a mãe. Diante da impossibilidade da concretude deste amor, abre 
mão do pai e passa a se identificar com a mãe (o feminino), buscando futu-
ramente um objeto de amor semelhante ao dela (um homem). 
03. Para Freud (1905), na sua obra Três ensaios sobre a teoria da sexua-
lidade, as fases de desenvolvimento psicossexual caracterizam-se pela 
concentração da libido em zonas erógenas. Considerando essa obra, 
qual afirmativa corresponde a uma premissa que Freud quis transmitir 
sobre a sexualidade infantil? 
 🅐 A fase genital sucede a fase anal e inicia-se por volta do quinto ano 
de vida.
 🅑 Na formação reativa ocorre o desvio da pulsão dos objetivos sexuais 
e sua orientação para objetivos relacionados às realizações culturais.
 🅒 A suposição de que todos os seres humanos têm a mesma forma 
(masculina) de órgão genital é a primeira das muitas teorias sexuais 
das crianças.
 🅓 A sexualidade infantil surge ligada às necessidades sociais e acaba 
se apresentando auto-erótica, procurando a satisfação de seus desejos 
em seu próprio corpo.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
29Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Assista agora a Pocket 
Aula sobre as fases 
do desenvolvimento 
psicossexual clicando no 
ícone ao lado
1.2. LACAN
1.2.1. OS QUATRO CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE
Depois de Freud, o francês Jacques Lacan é considerado o maior nome da 
psicanálise, ao estabelecer uma teoria que retoma o conceito de incons-
ciente freudiano a partir da apropriação da linguística, trazendo a máxima 
de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Para tal feito, 
Lacan se apropria dos estudos da linguística, principalmente os de Saus-
sure. Este considerava o signo enquanto articulação de duas instâncias 
– significante e significado. O signo linguístico une não uma coisa a uma 
palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.
Lacan inverte a lógica Saussuriana, que colocava o significado como do-
minante sobre o significante. Desta forma, o algoritmo lacaniano é: S/s 
– significante sobre significado, apontando a primazia do significante, e 
com isso um refinamento da técnica de acesso ao inconsciente a partir 
da investigação da cadeia de significantes trazidas pelo paciente. Para 
Lacan, o significante é puro, não significa nada ou pode significar qualquer 
coisa. Desta forma, aparecem em cadeias, e só possuem sentido quando 
inseridos nessas. Por fim, o significante só possui significado para um su-
jeito.
https://sanar.link/aula_psi_6369
30Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Lacan inova em diversos aspectos a Psicanálise, mas considera-se sem-
pre um Freudiano. Em seu Seminário 11 – Os quatro conceitos fundamen-
tais da Psicanálise – Lacan busca reforçar a partir de uma leitura crítica, 
os seguintes conceitos da teoria de Freud: inconsciente, repetição, trans-
ferência e pulsão. 
• Inconsciente: tanto Lacan quanto Freud (em sua 2ª tópica) trazem o 
inconsciente como um sistema dinâmico, um lugar, que não tem exa-
tamente um correlato anatômico, mas sim, funções e manifestações 
específicas. Para Lacan, mais do que um lugar psíquico, o inconsciente 
é um lugar de uma linguagem. Para explicar melhor isso, ele traz o con-
ceito de Outro (o grande outro, em letra maiúscula). O Outro é o lugar 
da alteridade, o inconsciente formado a partir do discurso significativo, 
da cadeia de significantes de uma série de “outros” que ocuparam ou 
ocupam um lugar de destaque na vida psíquica do sujeito. 
• Repetição: em sua obra Recordar, repetir e elaborar, Freud traz a re-
petição como um mecanismo que acompanha o paciente no ato de 
recordar. A repetição, para Lacan, abre caminho para o “acting out”, a 
atuação, e de alguma forma traz à tona o elemento reprimido. Lacan 
também associa a repetição a um gozo, que não necessariamente está 
ligado à ótica do prazer, e inclusive pode trabalhar na via oposta, a do 
desprazer, que já havia sido postulado por Freud a partir do conceito de 
Pulsão de morte.
• Transferência: Lacan explica a transferência no processo analítico 
através do conceito de Sujeito suposto saber. Esta posição em que o 
analisando coloca a figura do analista (aquele que sabe sobre mim o que 
não sei) é da ordem inconsciente, e possibilita o transcorrer da análise. 
É importante destacar que esta posição não é ocupada pela pessoa do 
analista, mas sim pelo efeito da cadeia de significantes que ele des-
perta, o lugar de um Outro.
31Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
• Pulsão: Lacan reitera a diferenciação entre pulsão e instinto colocada 
por Freud e já apresentada aqui anteriormente. Ele traz o conceito de 
objeto a para reforçar essa diferença, ou seja, aquele objeto que move 
e causa o desejo (objeto faltoso, uma metáfora).
04. Jaques Lacan, em seu 11º Seminário, indica na relação de su-
jeito com o analista, pelo ideal do eu, uma experiência de análise. 
Considerando o exposto, assinale o item que corresponde ao que 
Lacan nomeou de os quatro conceitos fundamentais da Psicanálise.
 🅐 A histeria, a neurose, a perversão e a foraclusão.
 🅑 O inconsciente, a transferência, a pulsão e a repetição.
 🅒 O inconsciente, a associação livre, a pulsão e o sujeito suposto 
saber.
 🅓 A associação livre, as entrevistas preliminares, o diagnóstico 
diferencial e a transferência.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
1.2.2. ESTRUTURAÇÃO DA PERSONALIDADE
1.2.2.1. O estádio do espelho
Com relação ao desenvolvimento infantil propriamente dito, Lacan tam-
bém destaca a importância da passagem do Édipo para a criança, trazen-
do a retomada do objeto fálico como ponto nodal de sua teoria. A referên-
cia ao falo, para Lacan, não é a castração via pênis, mas a referência ao pai, 
ou seja, a referência a uma função que mediatiza a relação mãe-criança. 
Ele também traz outra novidade com relação à teoria freudiana, que é o 
chamado estádio do espelho.
32Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
O estádio do espelho acontece a partir de uma experiência de identifi-
cação fundamental, durante a qual a criança faz a conquista da imagem 
de seu próprio corpo. Promove a estruturação do EU, terminando com a 
vivência específica singular de fantasma do corpo esfacelado. A experi-
ência da criança na fase de espelho organiza-se em torno de três tempos:
• Primeiro tempo: a criança percebe a imagem de seu corpo como a de 
um ser real de quem ela procura se aproximar ou apreender – confusão 
entre si e o outro.
• Segundo tempo: a criança percebe que o outro do espelho não é um 
outro real, mas uma imagem – distinção entre a imagem do outro da 
realidade do outro.
• Terceiro tempo: a criança reconhece que a imagem no espelho na ver-
dade é dela. A imagem do corpo é então estruturante para a identidade 
do sujeito, que através dela realiza sua identificação primordial (DOR, 
2003).
A passagem pelo estádio do espelho é considerada um momento pré-edí-
pico da criança. Quando sai do estádio do espelho, apesar da criança já se 
reconhecer, ela mantém uma relação quase fusional com a mãe, buscando 
identificar-se com o que supõe ser o objeto do seu desejo.
05. Sobre o “Estádio do espelho” (1949), considere as seguintes 
afirmativas:
1. Trata-se de uma identificação, ou seja, uma transformação 
produzida no sujeito quando ele assume uma imagem.
2. Ocorre entre os 6 e 18 meses de idade.
3. A função do estádio do espelho está fundamentada na noção 
de prematuração como característica específicado nasci-
mento no homem.
4. Fabrica para o sujeito a fantasia de imagem despedaçada do 
corpo até uma forma de totalidade ortopédica alienante.
33Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Assinale a alternativa correta.
 🅐 Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
 🅑 Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
 🅒 Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
 🅓 Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
 🅔 As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
Acesse aqui o comentário das cinco 
questões anteriores
1.2.2.2. A metáfora paterna.
Lacan retoma a importância do Complexo de Édipo de Freud, mas agora 
trazendo a leitura da linguística, que coloca o inconsciente estruturado 
como linguagem. Por isso, para Lacan, a passagem pelo Édipo marca a in-
trojeção da metáfora do Nome-do-pai, ou seja, a lei, ou como o próprio 
Freud tinha destacado, o desenvolvimento do superego. O menino, que 
renuncia a ser o falo materno, engaja-se na dialética do ter, identifican-
do-se com o pai, que supostamente tem o falo. A menina depara-se com 
a dialética do ter sob a forma do não ter. Ela encontra assim uma identifi-
cação possível na mãe, pois como ela, “ela sabe onde está, ela sabe onde 
deve ir buscá-lo, do lado do pai” (DOR, 2003).
https://sanar.link/aula_psi_6291
34Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Figura 8. O processo da metáfora paterna.
Retomada do 
objeto fálico
Mãe e criança - 
relação fusional
Dialética entre 
ser ou não ser o 
falo.
Introdução do 
registro de 
castração: 
dimensão 
paterna.
Encontro com 
a lei - 
Pai simbólico: 
Nome-do-pai
Fonte: Autoria própria.
O pai representa enquanto metáfora a lei, o corte que impede que o su-
jeito viva sob o princípio do prazer, numa relação simbiótica com a figura 
materna. Este corte também apresenta a criança ao campo do simbólico, 
fazendo com que ela não fique presa ao real, e possa se relacionar com o 
mundo a sua volta a partir de signos. A passagem pelo Édipo também é um 
divisor de águas, segundo Lacan, para a estruturação da personalidade. 
Lacan organiza a personalidade a partir de três possibilidades de estru-
tura: neurose, psicose e perversão.
ACERTE O ALVO!
As estruturas de personalidade em Lacan costumam 
cair bastante nas questões de Psicopatologia. 
1.2.2.3. Estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão.
Para Lacan, o neurótico é aquele que consegue aceitar a metáfora pa-
terna, ou seja, introjeta a lei e recalca a pulsão, apresentando a culpa e a 
35Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
angústia. Com isso adentra ao campo do simbólico, o que representa a 
normalidade da estruturação da personalidade.
Já o psicótico foraclui a metáfora paterna, ele não consegue estabelecer 
contato com ela, ficando então preso à relação simbiótica primitiva. Com 
isso, ele não adentra o simbólico, sua relação com o mundo é sempre pela 
instância do real, o que o conduz aos sintomas típicos de alucinações e 
delírios.
O perverso, por sua vez, entra em contato com a metáfora paterna, mas 
a ignora, denega. Para ele, a lei é ele, sua satisfação é o que importa. Nor-
malmente, elege um objeto de substituição à falta materna e apresenta 
comportamento transgressor, marcado pela ausência da empatia. 
1.3. PÓS-FREUDIANOS
Muitos foram os autores que se dedicaram à psicanálise, seguindo os 
passos de Freud, fazendo modificações no arcabouço teórico e técnico 
da psicanálise. Aqui serão apresentados três autores que contribuíram 
fortemente tanto com o avanço da Psicanálise como para a Psicologia do 
Desenvolvimento.
1.3.1. MELANIE KLEIN (1882-1960)
Melanie Klein foi uma das primeiras mulheres psicanalistas e se une a 
Freud ao romper com a ilusão da “inocência das crianças” (crença na as-
sexualidade infantil) e o “paraíso da infância”. Para Klein, as crianças apre-
sentam, desde muito novas, impulsos sexuais e ansiedade, assim como 
frustrações. Exatamente por isso é que, mais que possível, é necessária a 
análise infantil. 
36Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Klein se dedica a descrever os estágios primitivos do desenvolvimento e 
assim inaugura uma nova psicologia do desenvolvimento. 
Para Klein, o conflito edípico se instala já na segunda metade do primei-
ro ano de vida e, portanto, já a partir daí que a criança começa a cons-
truir o seu superego. Assim, a ansiedade e os sentimentos de culpa que 
a criança sente desde muito cedo têm sua origem nas tendências agres-
sivas derivadas desse conflito edípico. Segundo a autora, só mais tarde 
(no segundo momento do complexo de édipo, aquele descrito por Freud) 
é que os impulsos libidinais aparecem. Nesse início, é contra os impulsos 
destrutivos que a criança precisa se defender. 
Na década de 1920, três psicanalistas se dedicam ao tratamento de crian-
ças: Anna Freud, Melanie Klein e Hermine Hug-Hellmuth. Esta, foi a pri-
meira psicanalista a usar o brinquedo no tratamento de crianças, mas é 
Klein quem vai tornar possível a aplicação do método psicanalítico ao 
tratamento de crianças, através da sistematização da teoria e técnica 
do brincar, a ludoterapia. 
Para Klein, a criança, desde muito cedo, se expressa através de brincadei-
ras, jogos e também desenhos. É através destes recursos que a criança 
demonstra, de maneira simbólica, suas fantasias, conflitos e desejos. A 
criança, ao se expressar através da brincadeira, emprega o mesmo modo 
de expressão, a mesma linguagem, presente nos sonhos. 
Concluindo, Klein desenvolveu os fundamentos da técnica para trabalhar 
com crianças, que consistem:
• Na equivalência do brincar com as associações livres do paciente adulto;
• no uso de interpretações do material inconsciente, como Freud ensina 
em Interpretação dos sonhos;
• na convicção de que a criança estabelece relação transferencial.
37Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1.3.2. DONALD W. WINNICOTT (1896-1971)
Como pediatra, Winnicott observava em sua clínica diversos bebês e 
crianças que apresentavam sintomatologias sem apresentar uma lesão 
ou disfunção orgânica. Por esse motivo, ele se aproxima da psicanálise. 
Ele acredita que a maioria dos problemas de seus pacientes eram relati-
vos ao início da vida e a um mal-estar da relação mãe-bebê, ou seja, em 
estágios muito iniciais do desenvolvimento e, portanto, antes do com-
plexo de édipo, conceito fundamental e fundante, tanto para Freud como 
para Klein. É a partir daí que Winnicott começa a elaborar a Teoria do ama-
durecimento. 
A Teoria do Amadurecimento é o elemento central de seu trabalho teórico 
e clínico. Ela consiste na descrição e conceituação das necessidades hu-
manas fundamentais e as condições ambientais que favorecem a consti-
tuição psíquica, incluindo aí a capacidade de estabelecer relacionamentos.
Para Winnicott, o amadurecimento começa em algum momento após a 
concepção e, quando há saúde, não cessa até a morte. A ênfase da teo-
ria recai sobre os estágios iniciais, pois é nesse período que estão sendo 
constituídos as bases da personalidade e da saúde psíquica. Todo indiví-
duo possui uma tendência inata ao amadurecimento. 
Para que esta tendência se concretize, o bebê depende de um ambiente 
facilitador que forneça cuidados suficientemente bons. Se liguem: para 
Winnicott, o sujeito só pode ser constituído se o ambiente lhe der condi-
ções para que esse processo possa ocorrer!
No início, esse ambiente é quase exclusivamente relacionado à mãe, ou 
a figura que exercerá a função materna. É aqui que entra o conceito mais 
famoso de Winnicott: a mãe suficientemente boa. A expressão suficien-
temente boa refere-se à capacidade da mãe de reconhecer a dependên-
38Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
cia do bebê, através de sua identificação com ele, e assim ser capaz de 
se adaptar e atender as necessidades do filho. Ela é suficientemente boa 
porque atende ao bebê, na medida das necessidadesdele, e não de suas 
próprias, como a de ser muito boa, por exemplo! Portanto, cuidado, não 
tem nada a ver com boa, muito boa ou má! 
ACERTE O ALVO!
O conceito de mãe suficientemente boa, junto com o de 
objeto transicional, é o mais importante e conhecido de 
Winnicott. 
Winnicott descreve os estágios do amadurecimento humano sempre com 
referência à dependência humana, ou seja, ao fato de que sempre depen-
demos do outro. Os estágios são: dependência absoluta, dependência 
relativa, rumo a dependência e independência relativa. 
No início, a dependência do bebê para com a mãe é absoluta. A mãe neste 
início precisa exercer uma adaptação ativa e absoluta às necessidades do 
filho. Para tanto, a mãe suficientemente boa exerce três funções: holding 
(sustentação), handling (manejo) e apresentação dos objetos. O hol-
ding traduz-se na forma como a mãe sustenta o bebê no colo. Claro está 
que Winnicott usa o termo também no sentido de uma sustentação não 
somente física, mas simbólica. O bebê seguro pela mãe, sente-se ampa-
rado, protegido e amado. Já o handling diz respeito aos cuidados básicos 
para que o bebê sobreviva, isto é, como ele é manipulado, trocado, cuida-
do. Tais funções permitem a integração psicossomática do bebê, dão a no-
ção de externo e interno, de “eu” e “não-eu”. Na apresentação de objetos, 
a mãe vai apresentar o mundo para seu bebê, através de outros objetos. 
39Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Está aí o início das relações objetais.
Na dependência relativa, a mãe vai realizando uma desadaptação grada-
tiva na medida em que vai apresentando ao bebê o princípio de realidade. 
Tanto a mãe como o bebê têm outros interesses e se inicia um processo 
de separação. Aqui aparece o fenômeno da transicionalidade. O objeto 
transicional, que pode ser um brinquedo, paninho ou bicho de pelúcia, é 
então usado como substituto da mãe e, assim, permite o bebê suportar o 
progressivo afastamento da mesma. Por ser um símbolo da mãe, o objeto 
transicional, introduz o universo simbólico no bebê.
A próxima fase, rumo a independência, a dependência do bebê em rela-
ção à mãe é relativa. Aqui o bebê se dá conta da sua ambivalência de sen-
timentos (amor/ódio) por seus pais e cabe a ele integrar tais sentimentos. 
O sentimento de culpa tem sua origem nesse estágio, que Winnicott tam-
bém denomina de fase do concernimento. 
O último estágio é a independência relativa. A base da personalidade 
está sedimentada. O ambiente já não tem a mesma importância que tinha 
nas etapas anteriores, mas ainda é fundamental para que o indivíduo pos-
sa continuar seu amadurecimento. 
40Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Figura 9. Linha do Amadurecimento de Winnicott.
NASCIMENTO
tendência inata 
ao amadureci-
mento
DEPENDÊNCIA 
ABSOLUTA
adaptação ativa
holding, handling, 
apresentação de 
objetos
DEPENDÊNCIA 
RELATIVA
desadaptação 
gradativa
transicionaldade
relações objetais
RUMO A 
INDEPENDÊNCIA
fase do concer-
nimento, inte-
gração, posição 
depressiva
INDEPENDÊNCIA 
RELATIVA
Édipo, latência, adoles-
cência, idade adulta, velhi-
ce, morte base da perso-
nalidade sedimentada
Fonte: Autoria Própria.
1.3.3. JOHN BOWLBY (1907-1990)
Bowlby se dedica a estudar a formação de vínculos emocionais e sua 
principal contribuição nessa área foi a construção da Teoria do Apego. 
Por vínculo emocional ou afetivo, entendemos o laço entre duas pessoas 
em que o parceiro é visto como único e insubstituível. 
Já o apego trata-se de uma variedade de vínculo afetivo no qual o sen-
so de segurança de uma pessoa está ligado ao relacionamento. Tanto o 
vínculo afetivo como o apego são estados internos, isto é, não podem ser 
observados diretamente. Assim, o objeto de estudo centra-se nos com-
portamentos de apego. 
Os comportamentos de apego são todos aqueles comportamentos que 
permitem que uma criança ou adulto alcance e mantenha proximidade 
física com outra pessoa a quem ela está apegada. São exemplos de com-
portamentos de apego: sorrir, fazer contato visual, chamar a pessoa, to-
car, segurar, chorar. São comportamentos manifestados quando o indiví-
duo necessita de cuidado, apoio ou conforto. Quando há o apego, a criança 
pode usá-lo como base segura para explorar o mundo.
41Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Bowlby vê o comportamento de apego como uma estratégia de sobrevi-
vência, porque garante que o bebê receba os cuidados necessários. Para 
ele, há um potencial inato para desenvolver o apego, mas que só é possível 
de acontecer na interação com um cuidador. 
Assim como o vínculo dos pais com o bebê, o apego surge gradualmente. 
O autor refere três fases no desenvolvimento do apego:
• Fase 1 – Orientação e sinalização não focada ou pré-apego (0 a 3 me-
ses): Nesta fase, há pouca evidencia de que o bebê esteja apegado aos 
pais. O bebê apresenta comportamento inatos como o chorar, fazer 
contato visual, que sinalizam suas necessidades e o orientam na di-
reção dos outros. 
• Fase 2 – Foco em uma ou mais figuras (3 a 6 meses): Início da forma-
ção do apego. O bebê começa a usar seus comportamentos de apego 
de forma mais específica: tende a sorrir mais para as pessoas que cui-
dam dele e pode não sorrir facilmente para um estranho. Ainda não há 
o estabelecimento da base segura e, portanto, a criança não apresenta 
medo de estranhos nem ansiedade ao ser separada de seus pais. 
• Fase 3 – Comportamento de base segura (a partir dos 6 meses): For-
mação do apego bem definido. É nesta época em que também adquire a 
noção de permanência de objeto, isto é, a compreensão de que objetos 
e pessoas continuam a existir mesmo fora de vista. O bebê usa sua base 
segura (cuidador) como uma base a partir da qual explora o mundo à sua 
volta. É também aqui que surgem o medo de estranhos e a ansiedade de 
separação, chamada também de angústia ou ansiedade do 8º mês.
42Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
1.3.4. VARIAÇÕES NA QUALIDADE DOS APEGOS
Mary Ainsworth (1978), aluna e discípula de Bowlby, descreve padrões de 
apego entre bebê e cuidador, através de um método experimental deno-
minado Situação Estranha, que consiste na observação das reações da 
criança (de 12 a 18 meses) na interação com seu cuidador em uma situação 
de separação. Foram identificados três padrões principais de apego: 
• Padrão seguro: a criança usa a mãe (ou cuidador) como base segura 
e é facilmente consolada pela mesma. A criança consegue explorar o 
ambiente de forma tranquila e, quando estressada, mostra confiança 
em receber cuidado e proteção da figura de apego. O elemento funda-
mental para o apego seguro é a disponibilidade emocional do cuidador. 
A crianças segura se incomoda quando separada de sua mãe, mas é fa-
cilmente consolada.
• Padrão resistente ou ambivalente: a criança resiste à separação e tem 
dificuldade de ser tranquilizada pelo cuidador. Alterna seu comporta-
mento entre a busca por consolo e a raiva. Apresenta falta de confiança 
nos cuidadores, que mostram pouca responsividade e disponibilidade 
emocional. 
• Padrão evitativo: a criança se mostra pouco inibida com estranhos e, 
quando reunida com os cuidadores, mantêm distância. São crianças 
menos propensas a procurar o cuidado e a proteção das figuras de ape-
go. São crianças que podem ter sofrido alguma rejeição.
43Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
06. Gabbard ao falar sobre a teoria do vínculo de Bowlby, escla-
rece que ele compreende o vínculo da criança com sua mãe como 
necessário para a sobrevivência. Quando o vínculo é rompido pela 
perda de um dos pais ou quando o vínculo é instável com um dos 
pais, o que pode ocorrer com a criança segundo a teoria do vínculo 
de Bowlby?
 🅐 Dependendo da idade da criança, o vínculo ausente ou instável 
não interfere na psique infantil. A criança na vida adulta, pode vir a 
se tornar independente e criativa com potencial a assumir riscos.
 🅑 A criança passa a registraras figuras parentais como ameaça-
doras e ter sentimento de insegurança que irão acompanhá-la ao 
longo de toda sua vida adulta. Podendo vir a desenvolver sintomas 
ansiosos e sentimento de persecutoriedade.
 🅒 A criança passa a considerar que não pode depender de suas 
figuras parentais, o que a impulsiona a desenvolver defesas manía-
cas. E na vida adulta, pode vir a sentir-se independente e segura 
para cuidar de si mesmo. 
 🅓 A criança passa a se considerar não merecedora de amor e 
vê sua cuidadora como pessoa da qual não pode depender e que 
abandona. E na vida adulta, pode vir a deprimir sempre que vivenciar 
uma perda, por essa reativar os sentimentos de ser um fracasso 
e de abandono.
 🅔 A criança passa a considerar sua cuidadora como pessoa da qual 
não pode depender e que abandona. E na vida adulta, pode desen-
volver defesas maníacas com a finalidade de salvar e restaurar os 
objetos amados perdidos e negar os objetos internos maus.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
44Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Assista agora a Pocket Aula 
sobre pós freudianos clican-
do no ícone ao lado
ANOTAÇÕES
https://sanar.link/aula_psi_6565
45Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
2. FUNDAMENTOS TÉCNICOS
2.1. A TÉCNICA ANALÍTICA E A RESISTÊNCIA
Se toda a prática analítica se dá em busca de compreender e manejar me-
lhor as questões do inconsciente, há de se convir que é necessário formas 
específicas de acesso a seus conteúdos, procurando ao máximo minimi-
zar os efeitos da resistência. Freud começou a perceber o poder da re-
sistência ainda no início de sua clínica, quando passou a observar alguns 
comportamentos de seus pacientes em análise, que diziam que não con-
seguiam recordar alguns eventos. As recordações esquecidas não haviam 
se perdido, mas mantinham-se detidas por uma força, a qual ele denomi-
nou de resistência. E esta resistência trabalhava em prol da barreira do 
recalcamento.
Figura 10. Esquema do arco reflexo aplicado ao funcionamento psíquico.
Representante
da pulsão
Con
des
açã
o De
slocame
nto
TENSÃ
O X D
ESPRA
ZER
I
N
C
O
N
S
C
I
E
N
T
E
DENTRO
PRÉ-CONSCIENTE/
CONSCIENTE
FORA
Representante
da ação
Atividade intelectual
Formações do inconsciente
Descarga com
pleta
ideal
RECALCAMENTO
Prazer parcial
e substitutivo
Prazer absoluto
e impossível
Prazer moderado
Fonte: NASIO, 1999.
46Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Para tentar manejar a resistência, Freud precisou aperfeiçoar sua técnica. 
Aquilo que começou com a hipnose, foi aos poucos (e com a participação 
direta de seus próprios pacientes) evoluindo até chegar à técnica primor-
dial da Psicanálise: a livre associação. Freud percebeu que os pacientes 
eram capazes de contar fatos importantes mesmo sem estarem em esta-
do alterado de consciência (como na hipnose). Bastava arrumar formas de 
diminuir suas resistências. Então ele saiu de um modelo mais estrutura-
do de trabalho para uma forma mais livre, baseada em um único comando 
dado ao paciente: “fale livremente sobre o que lhe vier à mente”.
2.2. TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA
Todo esse trabalho técnico só era possível, no entanto, a partir do estabe-
lecimento daquilo que Freud denominou de transferência. Freud foi des-
cobrindo a transferência ao longo de sua clínica, principalmente quando 
algumas pacientes começaram a se apaixonar por ele. Este sentimento 
despertado, na verdade não era direcionado ao homem Freud, mas sim ao 
psicanalista e tinham a ver com outras figuras de destaque na vida dessas 
mulheres. Freud percebeu que algum tipo de sentimento seria desperta-
do no processo analítico, fosse ele positivo ou negativo. E ao invés de evi-
tá-lo, era importante utilizá-lo como instrumento de trabalho em prol da 
análise. Ou seja, parte do processo analítico consiste no manejo da trans-
ferência. 
A transferência no setting analítico consiste basicamente nos sentimen-
tos (positivos ou negativos) do paciente que são deslocados para a figura 
do analista. Como já foi dito anteriormente, é a base da relação terapêuti-
ca, mas não se limita a ela. Possuímos relações transferenciais com pes-
soas nos mais diversos contextos, simpatizamos, antipatizamos, criamos 
aproximações e distanciamentos muitas vezes baseados em sentimentos 
que “aparentemente aquelas pessoas nos despertam”, mas que na verda-
de encobrem questões do nosso próprio inconsciente.
47Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Na análise, a transferência não ocorre apenas por parte do paciente. O 
analista também é tomado por sentimentos despertados por seus anali-
sandos. Este movimento inverso, o qual também deve ser cuidadosamen-
te manejado (para que não interfira no processo analítico) é chamado de 
contratransferência. Transferência e contratransferência são partes in-
tegrantes tanto da análise com adultos, quanto com crianças.
Figura 11. Representação dos processos de transferência e contratransferência.
07. A partir do texto “A dinâmica da transferência” e da nomeação 
feita por Freud de médico àquele que exerce a psicanálise, consi-
dere as seguintes afirmativas:
1. A transferência para o médico é apropriada para a resistência 
ao tratamento apenas na medida em que se tratar de trans-
ferência negativa ou de transferência positiva de impulsos 
eróticos reprimidos.
2. Para remover a transferência, o médico a torna consciente 
comunicando-a ao paciente.
3. A transferência só aparece na psicanálise e não em outras 
formas de tratamento.
4. Devido à ambivalência dos neuróticos, a transferência nega-
tiva é amiúde encontrada ao lado da transferência afetuosa, 
e pode ser dirigida simultaneamente para a figura do médico.
48Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Assinale a alternativa correta.
 🅐 Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
 🅑 Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
 🅒 Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
 🅓 Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
 🅔 As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
2.3. DIREÇÃO DO TRATAMENTO PSICANALÍTICO
Freud tinha relutância em escrever sobre a técnica psicanalítica. Em Estu-
dos Sobre Histeria (1895) apresentou um relato completo do procedimen-
to psicanalítico, mas só volta a escrever sobre a técnica depois de 15 anos. 
O material sobre o procedimento clínico da psicanálise está descrito em 6 
artigos: O manejo da interpretação de sonhos na psicanálise (1911), Dinâ-
mica da transferência (1912), Recomendações aos médicos que exercem 
a psicanálise (1912), Sobre o início do tratamento (1913), Recordar, repetir 
e elaborar (1914) e Observações sobre o amor transferencial (1915).
Sua hesitação em publicar esse tipo de material se dava primeiro por seu 
ceticismo com relação a qualquer tipo de manual e, em segundo lugar, por 
acreditar que os fatores psicológicos envolvidos são complexos e variá-
veis demais para tornar possíveis regras rígidas e firmes.
49Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
Freud não cansou de enfatizar que o domínio técnico só pode ser adqui-
rido pela experiência clínica e não através dos livros. Experiência clínica 
como analista, mas principalmente através de sua própria análise.
2.3.1. INÍCIO DO TRATAMENTO
Antes de o paciente entrar na análise propriamente dita deve haver um 
tratamento de ensaio, ou entrevistas preliminares, como Lacan deno-
minou. Este período prévio é necessário para conhecer o caso e decidir se 
ele é apropriado ou não para a psicanálise.
Devemos deixar o paciente livre para escolher por qual tema começará, 
se com sua a história de vida ou de sua doença. Importante destacar que 
Freud afirma existir apenas uma regra fundamental da psicanálise, a as-
sociação livre. As demais são apenas recomendações que ele faz a partir 
de sua experiência.
O paciente procura um psicanalista com uma queixa, isto é, com algo que 
conscientementeo incomoda. É um pedido de ajuda e, nas entrevistas 
preliminares, se faz a apuração deste pedido. Nem sempre é análise o que 
o paciente demanda, uma vez que demanda de análise tem a ver com a 
implicação do sujeito em seu sofrimento, questionando seu sintoma, sua 
posição diante de si e do outro. A entrada do paciente em análise, marca-
da simbolicamente pelo uso do divã, é realizada quando há a retificação 
subjetiva. Retificação subjetiva, conceito descrito por Lacan, é a res-
ponsabilização do sujeito por sua doença. 
ACERTE O ALVO!
Questões técnicas são recorrentes. Fiquem atentos!
50Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
• Associação livre: exigência feita ao paciente para que comunique tudo 
que lhe passe a cabeça, sem crítica ou seleção do assunto.
• Atenção flutuante: contrapartida da associação livre, a atenção flutu-
ante é a técnica do analista de não dirigir sua atenção para algo especí-
fico, ou seja, manter a mesma “atenção uniformemente suspensa” para 
tudo que escuta. Segundo Freud, assim que alguém deliberadamente 
foca a atenção, começa a selecionar o material que lhe é apresentado e 
negligencia outros e, ao fazer essa seleção, segue suas expectativas ou 
inclinações, ou seja, a escuta fica enviesada. O analista, portanto, deve 
escutar sem se preocupar se irá se lembrar. Freud acredita que atuando 
dessa forma, a tarefa de lembrar-se de todos os dados do paciente 
e não confundir com os demais fica facilitada, pois o que parece que 
está esquecido vem rapidamente à lembrança assim que o paciente 
traz algo que se relaciona.
• Não anotar durante o atendimento: ao anotar corremos o risco de 
fazer uma seleção do material, prejudicando nossa compreensão do 
caso. Além disso, é bastante desconfortável para o paciente que pode 
se sentir intimidado. 
• Neutralidade e Abstinência: Freud faz uma analogia entre o analista e 
o cirurgião, que devem pôr de lado seus sentimentos, para que não haja 
o risco de um viés na compreensão e manejo do caso.
• Análise pessoal: o analista deve estar em condições de poder escutar 
e trabalhar com tudo que é dito pelo paciente, não censurando qualquer 
tema. Para tanto, é fundamental que o analista faça sua análise pessoal 
para conhecer e manejar seus possíveis “pontos cegos”. 
• Não apresentar sua individualidade: para Freud, o analista “deve ser 
opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não lhes mostrar nada, 
exceto o que lhe é mostrado” (Freud, 1913, p. 157). Falando de si, o analis-
ta pode acabar por induzir o paciente.
51Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
• Atividade pedagógica e cooperação intelectual: não devemos teori-
zar com e para o paciente. Ele não quer ou precisa de uma aula sobre a 
psicanálise. Além de não solucionar, essas teorizações podem fortale-
cer as resistências do paciente.
• Questão do tempo:
 » Frequência e duração da sessão: são propostas pelo analista 
que segue seus próprios critérios. O tempo do inconsciente não 
corresponde o tempo cronológico e, portanto, tais regras são 
arbitrárias. Mas é importante uma hora determinada para que o 
paciente seja responsável por ela, mesmo que não faça uso da 
mesma. As faltas ocasionais tendem a diminuir desta maneira. La-
can traz um conceito muito interessante a respeito do tempo, que 
é o tempo lógico. A proposta é de pensar a duração das sessões 
conforme o que está sendo verdadeiramente dito. A interrupção da 
sessão seria uma maneira do analista fazer o paciente continuar tra-
balhando e elaborando o que foi dito em sessão. Não se prende à ho-
rários pré-determinados, portanto, mas ao tempo do inconsciente. 
 » Duração do tratamento: devido a própria atemporalidade do in-
consciente e a consequente demora nas mudanças de nossos pro-
cessos mentais, a análise é quase sempre demorada. Freud acredi-
ta por isso que é nosso dever alertar o paciente para que ele possa 
se decidir quanto a iniciar ou não o tratamento.
• Questão do dinheiro:
 » Meio de autopreservação do analista.
 » Relação com fatores sexuais: segundo Freud, as questões relacio-
nadas a dinheiro são tratadas da mesma maneira que as questões 
sexuais, ou seja, como um tabu. O analista, portanto, deve tratar 
deste tema, como trata de todos os outros, com franqueza. 
 » Tratamento gratuito: para Freud, a ausência do efeito regulador 
oferecido pelo pagamento compromete a análise, uma vez que o 
52Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
paciente é privado de um forte motivo para esforçar-se para termi-
nar o tratamento. No entanto, sabemos que os esforços do pacien-
te podem se dar por outros caminhos.
 » Análise como investimento: fazer análise aumenta a eficiência e 
capacidade do paciente. “Nada na vida é tão caro quanto a doença 
- e a estupidez” (Freud, 1913, p. 148).
• Uso do divã: por ser um dispositivo da época do método hipnótico, tem 
um caráter histórico. Freud também o usa por motivos pessoais: não 
queria ser encarado por tanto tempo por tantos pacientes, até para que 
suas expressões não influenciassem e induzissem os pacientes. Além 
disso, o divã favorece a regressão do paciente, bem como o estabele-
cimento da transferência, dispositivos fundamentais para a análise. A 
ida para o divã tem também um caráter simbólico, pois marca a entrada 
em análise. No entanto, é importante destacar que o divã é apenas um 
móvel, ou seja, ele não determina o sucesso ou fracasso da análise e vai 
depender de como o analista o maneja.
• Interpretações: devem ser feitas somente após a transferência ter 
sido estabelecida. Devemos ter cuidado em não ter pressa em inter-
pretar, pois corremos o risco de aumentar as resistências do paciente.
53Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
08. Em um dos seus “Artigos sobre a técnica”, Freud faz uma série 
de recomendações aos praticantes da psicanálise. A respeito do 
assunto, assinale a alternativa correta.
 🅐 O psicanalista deve, a bem do rigor e da fidelidade, tomar notas 
integrais do que dizem os pacientes em sessão.
 🅑 A atenção flutuante é a técnica empregada pelo psicanalista 
em consonância com a associação livre proposta ao paciente.
 🅒 O tratamento psicanalítico deve ser conduzido respeitando-se 
a regra da abstinência por parte do paciente.
 🅓 O tratamento psicanalítico será beneficiado com a postura de 
incentivo do analista à recuperação do paciente.
 🅔 O tratamento será tão mais efetivo quanto mais houver uma 
troca sincera de confissões entre analista e paciente, o que con-
duzirá a uma sintonia terapêutica benéfica à cura.
Clique aqui para ver o 
gabarito da questão.
Assista agora a Pocket 
Aula sobre a direção do 
tratamento psicanalítico 
clicando no ícone ao lado
https://sanar.link/aula_psi_6563
54Curso Intensivo para Residências | Psicologia | Psicanálise
2.4. LUTO E MELANCOLIA
No texto Luto e Melancolia (1915), último texto dos artigos que compõem 
a metapsicologia freudiana, Freud busca esclarecer a essência da melan-
colia comparando com o processo normal do luto. A relação entre ambos 
se dá na perda do objeto.
2.4.1. LUTO
O processo de luto é uma reação normal, natural e esperada após uma 
perda importante ou rompimento de vínculo (perda do objeto), que 
pode ser por morte, afastamento, perda de capacidades físicas ou psico-
lógicas, do ambiente conhecido ou ainda por experiências que envolvem 
mudanças (PARKES, 1998). 
Importante lembrar que no luto não se trata somente da perda do objeto, 
mas também da perda do lugar que ocupávamos junto a ele.
Ainda que cada perda seja única e singular, o processo de luto apresenta 
características comuns:
• Sentimentos de tristeza.
• Isolamento.
• Humor depressivo.
• Desinteresse pelo mundo externo.
• Afastamento.
• Desânimo pelas atividades relacionadas ao trabalho, ao lazer e da vida 
diária.
É possível também que algumas pessoas, ao contrário do esperado, se 
envolvam mais em suas atividades, podendo mostrar um aumento no 
nível de atividade costumeiro. Tais

Continue navegando